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Ciência dos Materiais

Capítulo 5: Difusão

Professor: Vinícius Vieira Costa


Junho, 2017
Fenômenos de Transporte
Condutividade Térmica - transporte de energia.

Viscosidade - transporte de momento.

Difusão - transporte de matéria.

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Difusão
Difusão - é o fenômeno de transporte de matéria por movimento atômico.

Muitas reações e processos importantes no tratamento de materiais


dependem da transferência de massa no interior de um sólido específico quanto
a partir de um líquido, um gás ou uma outra fase sólida. Isso é alcançado
obrigatoriamente por difusão.

Mecanismos de Difusão
• Gases e Líquidos – movimento aleatório (Browniano).
• Sólidos – difusão por lacunas ou difusão intersticial.

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Fenômeno da Difusão
• Interdifusão ou difusão de impurezas: Em uma liga, os átomos tendem a migrar de
regiões de altas concentrações para regiões de baixa concentração. (Os átomos de um metal se
difundem para o interior de um outro metal)

Inicialmente
Após algum tempo

Cu Ni

Par de difusão

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Difusão
• Auto-difusão: Em um sólido elementar (metal puro), os átomos também migram.

Classificação de alguns átomos Após algum tempo


C
C
A D
A
D
B
B

A auto-difusão não está normalmente sujeita a observação pelo


acompanhamento de mudanças na composição, como observado na
interdifusão.

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Mecanismos de Difusão
Difusão por lacunas:
• os átomos em difusão e as lacunas trocam de posição;
• aplica-se a átomos de impureza substitucional; (Os átomos do soluto ou átomos de impurezas tomam o
lugar dos átomos hospedeiros ou os substituem).
• a taxa de difusão depende de:
--número de vacâncias (defeitos); (podem existir concentrações significativas de lacunas em metais a
temperaturas elevadas.
--energia de ativação para movimentação.

Tanto a autodifusão
quanto a interdifusão
ocorrem por esse
mecanismo.

Aumentando o tempo decorrido


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Mecanismos de Difusão
• Difusão Intersticial – pequenos átomos que migram de uma
posição intersticial para uma outra vizinha que esteja vazia.

Mais rápida que a difusão por lacuna.


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Processamento Usando a Difusão

• Endurecimento (cementação):

--Átomos de carbono difundem para dentro dos átomos


hospedeiros de ferro na superfície do material.

--Exemplo de difusão intersticial é um caso de engrenagem


endurecida.

• Resultado: A presença de átomos de C torna o ferro (aço) mais duro.

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Processamento Usando a Difusão
• Dopagem do Si com P em semicondutores.
• Processo:
0.5 mm
1. Depósito de P sobre as
camadas da superfície.
Etapa de
pré-
deposição
imagem ampliada de um chip de computador
silício

2. Aquecê-lo.
3. Resultado: regiões regiões claras: átomos de Si
dopadas no semicondutor
Difusão de
redistribuição

silício Regiões claras: átomos de Al


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Difusão
• Como quantificar a taxa de difusão?
A difusão é um processo que depende do tempo, e frequentemente, é necessário saber a quão rápido ocorre a difusão, ou
seja, a taxa de transferência de massa.

J Fluxodifusional
 nºdeátomos oumassa átomo
 2 ou 2kg
áreatempo ms ms
Massa que está em difusão através e perpendicularmente a uma seção transversal de área unitária do sólido, por
unidade de tempo.

J  M  1 dM
M=
massa J  inclinação
At A dt difundida
tempo
A: área através do qual a difusão
está ocorrendo. Quando a concentração é plotada em função da posição no interior do sólido, a
curva resultante é conhecida por perfil de concentração; a inclinação, ou
t: tempo de difusão coeficiente angular, em um ponto particular sobre esta curva é o gradiente de
decorrido. concentração.
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Difusão no Estado Estacionário
O fluxo difusional não varia com o tempo

A taxa de difusão independe do tempo.


dC
O fluxo é proporcional ao gradiente de concentração =
Parede
imaginária
dx
C1 CA 1ª lei de Fick na difusão

J  DdC
C2
CB
dx
xA xB
x D  coeficiente de difusão (m2/s)
dC 
selinear  C CA CB O sinal negativo indica que a direção da difusão se

dx x xA xB dá contra o gradiente de concentração: concentração


mais alta para concentração mais baixa.

O gradiente de concentração é a força motriz da reação. 11


Exemplo: Roupas de Proteção Química
• O cloreto de metileno é um ingrediente comum de removedores de
tinta. Além de ser irritante, ele também pode ser absorvido pela pele. Ao
utilizar este removedor de tinta, luvas de proteção devem ser usadas.
• Se luvas de borracha butílica (0,04 cm espessura) são usadas, qual o fluxo
difusivo de cloreto de metileno através da luva?

Dados:
– Coeficiente de difusão da borracha:
D = 110 x10-8 cm2/s
– Concentração na superfície:
CA = 0,44 g/cm3
CB = 0,02 g/cm3

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Exemplo (cont).
• Solução – assumindo o gradiente de concentração linear
(estado estacionário atingido).

luva dC
J - D  DC A CB
CA
tb  
2
6D
dx xA xB
Removedor
pele
de tinta
Dados: D = 110 x 10-8 cm2/s
CB
CA = 0,44 g/cm3
xA xB
CB = 0,02 g/cm3
xA – xB = 0 - 0,04 cm = - 0,04 cm

J (110x10 cm/s)(0
-8,44g/cm
2
3
0,02 3
g/cm) 1,16x10-5 g
(0,04cm) cm2s

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Fatores que Influenciam na Difusão

Temperatura: O coeficiente de difusão (D) aumenta com o


aumento da temperatura (T).

 Qd  A temperatura apresenta uma

D  Do exp
influência das mais profundas sobre

 RT  os coeficientes e taxas de difusão.

D = coeficiente de difusão [m2/s]


Do = constante pré-exponencial independente da T [m2/s]
Qd = energia de ativação [J/mol or eV/atom]
R = constante dos gases [8.314 J/mol-K]
T = temperatura absoluta [K]

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Fatores que Influenciam na Difusão

D tem dependência exponencial em T

1500

1000

600

300
T(C)
10-8

D (m2/s) Dintersticial >> Dsubstitucional


C em a-Fe Al em Al
10-14 C em g-Fe Fe em a-Fe
Fe em g-Fe

A espécie em difusão, assim como o


10-20 material hospedeiro, influencia o
0.5 1.0 1.5 coeficiente de difusão.
1000 K/T

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Exemplo: A 300ºC o coeficiente de difusão e a energia de ativação para o Cu em
Si são: D(300ºC) = 7.8 x 10-11 m2/s
Qd = 41.5 kJ/mol
Qual o coeficiente de difusão a 350ºC?

D Dados de ln D
transformação

Temp = T 1/T

D Q  1 1 
 lnD2 lnD1 ln     
2 d
D1 R T2 T1  16
Exemplo (cont.)
 Qd  1 1 
D2 D1 exp   
 R T2 T1 
T1 = 273 + 300 = 573 K
T2 = 273 + 350 = 623 K

 
(7.8 x10 m /s)exp  41
,500 
J/mol 1  1 
8.314J/mol-K 623K 573K
D2 11 2
 

D2 = 15.7 x 10-11 m2/s

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Difusão em Estado Não-Estacionário
(condições transientes)

A maioria das situações práticas envolvendo difusão ocorre em regime não-


estacionário.

• O fluxo difusional e o gradiente de concentração em um ponto específico no interior de


um sólido variam ao longo do tempo, havendo como resultado um acúmulo ou
esgotamento do componente que se encontra em difusão.

• Neste caso a 2ª lei de Fick é usada.

2ª Lei de Fick C D2C Coeficiente de difusão independe da


(equação diferencial parcial) t x2 composição.

Devemos especificar condições de


contorno para obtermos uma
solução para a expressão acima.
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Difusão em Estado Não-Estacionário
• Cobre difundindo numa barra de alumínio.
Conc. superfície.,
Cs de átomos Cu barra
Conc. pré-existente, Co de átomos de Cu

Cs Condições de Contorno

1. Antes da difusão, todos os átomos do soluto em


difusão que estiverem no sólido estão distribuídos de
maneira uniforme, com uma concentração C0.

2. O valor de x na superfície é zero e aumenta com a


distância para o interior do sólido.

3. O tempo zero é tomado como o instante imediatamente


anterior ao início do processo de difusão.
Para t = 0, C = Co para 0  x  
Para t > 0, C = CS para x = 0 (const. surf. conc.)
C = Co para x =  19
Solução:
Cx,tCo 1erf x 
Cs Co  2 Dt
C(x,t) = Conc. no ponto x no
tempo t CS
erf (z) = função de erro de Gauss

 0e dy
2 z y2
C(x,t)

Co
Valores erf(z) são dados na
Tabela 5.1

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Tabela 5.1

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Difusão em Estado Não-Estacionário
• Problema: Uma liga de Fe-C CFC contendo inicialmente 0,20%p de C é
carbonetada a uma elevada temperatura e em uma atmosfera que fornece uma
superfície com concentração de C constante a 1,0%p. Se após 49,5 h a
concentração de carbono é 0,35%p numa posição de 4,0 mm abaixo da
superfície, determine a temperatura em que o tratamento foi realizado.

• Solução: use a Equação. 5.5

C(x,t) Co 1erf x 


Cs Co  2 Dt

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C( x,t ) Co 1erf x 
Solução (cont.):
Cs Co  2 Dt
– t = 49,5 h x = 4 x 10-3 m
– Cx = 0,35%p Cs = 1,0%p (concentração na superfície)
– Co = 0,20%p

C(x,t) Co  0,350,201erf x  1erf(z)


Cs Co 1,00,20  2 Dt
0,18751erf(z)
 erf(z) = 0,8125

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Solução (cont.):
Devemos determinar agora a partir da Tabela 5.1 o valor de z para os
quais a função de erro é 0,8125. Uma interpolação torna-se necessária:

z erf(z) z 0,90  0,81250,7970


0,90 0,7970
0,950,90 0,82090,7970
z 0,8125 z  0,93
0,95 0,8209

Agora para resolver D x x2


z D 2
2 Dt 4z t

 x2  ( 4 x10 3m)2 1h  2.6 x1011m2/s


D  2   2(49.5h)3600
 4z t  (4)(0.93) s
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Solução (cont.):
• Para calcular a temperatura
T Qd
devemos rearranjar a Equação R(lnDo lnD)
(5.9a);

A partir da Tabela 5.2, para difusão de C em Fe CFC


Do = 2,3 x 10-5 m2/s Qd = 148,000 J/mol

 T 148,000J/mol
(8.314J/mol-K)(ln2.3x105 m2/sln2.6x1011m2/s)

T = 1300 K = 1027°C

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Tabela 5.2

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Resumo
Difusão RÁPIDA para... Difusão LENTA para...

• estruturas cristalinas abertas • estruturas empacotadas

• materiais com ligações secundárias • materiais com ligações covalentes

• difusão de átomos pequenos • difusão de átomos grandes

• materiais de baixa densidade • materiais de alta densidade

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