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VALORAÇÃO AMBIENTAL

Leonardo Francisco Figueiredo Neto - UFMS


VALORAÇÃO AMBIENTAL

 Ecossistema significa o sistema onde se vive. É um termo de


origem grega e representa o conjunto formado por todas as
comunidades que vivem e interagem em determinada região e pelos
fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades. São divididos
em terrestres e aquáticos.
VALORAÇÃO AMBIENTAL

 Embora o uso de recursos ambientais não tenha seu preço


reconhecido no mercado, seu valor econômico existe na
medida que seu uso altera o nível de produção e consumo
(bem-estar) da sociedade.

 Diante da presença destas externalidades ambientais, têm-se


uma situação oportuna para a intervenção governamental. Essa
intervenção pode incluir instrumentos distintos, tais como: a
determinação dos direitos de propriedade, o uso de normas ou padrões, os
instrumentos econômicos, as compensações monetárias por danos e outros.
VALORAÇÃO
AMBIENTAL –
Serviços
ecossistêmicos

Regulação do
clima global
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Conservação do solo
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Segundo um estudo do Serviço Florestal dos EUA, cada $1 gasto para plantar
árvores nas cidades tem um retorno de cerca de $5,82 em benefícios públicos.
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos
Conservação da água
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Polinização, dispersão de sementes e controle de pragas


VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Polinização, dispersão de sementes e controle de pragas


VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Polinização, dispersão de sementes e controle de pragas


VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos
Fornecimento de recursos genéticos
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Estímulo à recreação e ao turismo


VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Conservação da diversidade cultural e


do conhecimento tradicional
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Conservação da diversidade cultural e


do conhecimento tradicional

Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs)


VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Esses Serviços devem ser


remunerados ou não ?
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicas

Uma função passa a ser


considerada um serviço
ecossistêmico quando ela
apresenta possibilidade/potencial
de ser utilizada para fins
humanos
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços de regulação
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços de regulação
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços de provisão
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços de suporte
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços Culturais
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços de suporte
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicos

Serviços Culturais
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Funções ecossistêmicas

Em outras palavras, uma função passa a ser considerada um


serviço ecossistêmico quando ela apresenta possibilidade/potencial
de ser utilizada para fins humanos (Hueting et al., 1997).
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Funções ecossistêmicas

Uma função ecossistêmica gera


um determinado serviço
ecossistêmico quando os
processos naturais subjacentes
desencadeiam uma série de
benefícios, direta ou
indiretamente apropriáveis pelo
ser humano, incorporando a
noção de utilidade
antropocêntrica.
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços ecossistêmicas

Serviços Ecossistêmicos Funções Ecossistêmicas


Controle de distúrbios Atenuar flutuações ambientais
Controle da água Controle dos fluxos hidrológicos
Controle de erosão Retenção do solo em um ecossistema
Formação de solo Processo de formação de solo
Armazenamento, ciclagem interna, processamento e
Ciclagem de nutrientes captação de nutrientes.
Controle biológico Controle da dinâmica trófica das populações
Produção de alimento Produção primária de alimentos
Matéria prima Produção primária extraída como matéria prima
Recursos genéticos Fonte de materiais biológicos e produtos
Recreação Oportunidade para atividades recreativas
Cultural Oportunidades para usos não comerciais
Controle do clima Regulação da temperatura e processos climáticos globais
Fornecimento de água Armazenamento e retenção de água
VALORAÇÃO AMBIENTAL
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Serviços Ambientais

Quanto a serviços ambientais, são conceituados como aqueles


prestados pelos diversos agentes econômicos para conservação
e/ou recuperação dos recursos naturais. Dentro os diversos
exemplos, podem ser destacados: recuperação e manutenção da
mata ciliar; construção de terraços; e recuperação de áreas
degradadas.
VALORAÇÃO AMBIENTAL

Costanza et al. (1997) no artigo “O valor dos serviços


ecossistêmicos do mundo e do capital natural” selecionaram 17
serviços dos ecossistemas de 16 biomas no mundo, e chegou à
estimativa de que o valor econômico dos serviços que fluem
diretamente para a sociedade seria da ordem de US$ 33 trilhões. Isto
equivalia, à época, 1,8 vezes o PIB mundial de cerca de U$ 18
trilhões.
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Alguns exemplos

Aproximadamente 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo


sejam polinizadas por alguma espécie de abelha
 19% por moscas,
 6,5% por morcegos,
 5% por vespas, 5% por besouros,
 4% por pássaros e
 4% por borboletas e mariposas.

Estudo realizado por cientistas do INRA (Institut scientifique de


recherche agronomique), do CNRS (Centre national de la
recherche scientifique) e da UFZ ( Helmholtz Association of German
Research Centres), estimou que o valor econômico global dos serviços de
polinização, realizado pelos insetos, principalmente abelhas, foi, em
2005, da ordem de R$ 395 bilhões (153 bilhões de euros).
Isto equivale a 9.5% do valor total da produção agrícola global.
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Alguns exemplos
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Alguns exemplos
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Alguns exemplos

A inexistência de mercados organizados para tais bens e serviços


sugere que sejam calculados valores monetários, uma vez que,
dado o caráter de bem público da natureza, os agentes não são
capazes de apreender corretamente os custos da degradação
ambiental, gerando externalidades que afetam outros agentes da
sociedade.

O trabalho de valorar economicamente o meio ambiente é


determinar a diferença de bem-estar das pessoas após mudanças
na quantidade de bens e serviços ambientais, seja na apropriação
por uso ou não.
VALORAÇÃO AMBIENTAL -

O valor econômico dos recursos ambientais geralmente não


é observável no mercado através de preços que reflitam seu custo de
oportunidade.

Então, como identificar este valor econômico?


VALORAÇÃO AMBIENTAL

Primeiro devemos perceber que o valor econômico dos recursos


ambientais é derivado de todos os seus atributos e, segundo, que
estes atributos podem estar ou não associados a um uso. Ou seja, o
consumo de um recurso ambiental se realiza via uso e não-uso.
O preço de uma unidade j do bem Xi , Pxij, pode ser definido por
um vetor de atributos ou características, aij, tal que:

Pxij = Pxi (aij 1,aij 2,..., aijn)

No caso de um recurso ambiental, os fluxos de bens e serviços


ambientais, que são derivados do seu consumo, definem seus
atributos.
VALORAÇÃO AMBIENTAL

Entretanto, existem também atributos de consumo associados à


própria existência do recurso ambiental, independentemente do
fluxo atual e futuro de bens e serviços apropriados na forma
do seu uso

Assim, é comum na literatura desagregar o valor econômico do


recurso ambiental (VERA) em valor de uso (VU) e valor de não-uso
(VNU).
VALORAÇÃO AMBIENTAL
Valores de uso podem ser, por sua vez, desagregados em:

Valor de Uso Direto (VUD) - quando o indivíduo se utiliza atualmente


de um recurso

Valor de Uso Indireto (VUI) - quando o benefício atual do recurso


deriva-se das funções ecossistêmicas

Valor de Opção (VO) - quando o indivíduo atribui valor em usos direto e


indireto que poderão ser optados em futuro próximo e cuja
preservação pode ser ameaçada..
VALORAÇÃO AMBIENTAL

O valor de não-uso (ou valor passivo) representa o valor de


existência (VE) que está dissociado do uso (embora represente
consumo ambiental) e deriva-se de uma posição moral, cultural,
ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies
não-humanas ou preservação de outras riquezas naturais, mesmo
que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo
Taxonomia dos valores ambientais

De maneira geral, o valor econômico de um recurso ambiental


(VERA) pode ser decomposto da seguinte forma:

VERA = (VUD + VUI + VO) + VE

Onde
VUD = valor de uso direto
VUI = valor de uso indireto
VO = valor de opção
VE = valor de não-uso ou de existência
VALORAÇÃO AMBIENTAL – Fontes de Valor
Taxonomia dos valores ambientais
Valor de Uso Direto

Valor que os indivíduos atribuem a um recurso ambiental pelo


fato de que dele se utilizam diretamente, por exemplo, na
forma de extração, de visitação ou outra atividade de produção
ou consumo direto.

Por exemplo, extrativismo, turismo, recreação e atividades de


pesquisa científica, captação de água
Taxonomia dos valores ambientais
Valor de Uso Indireto

Valor que os indivíduos atribuem a um recurso ambiental


quando o benefício do seu uso deriva de funções
ecossistêmicas.

Por exemplo, a contenção de erosão, controle climático e proteção


de Mananciais.
Taxonomia dos valores ambientais
Valor da Opção

Valor que o indivíduo atribui à conservação de recursos, que


podem estar ameaçados, para usos direto e indireto no futuro
próximo.

Por exemplo, o benefício advindo de terapias genéticas (fármacos)


com base em propriedades de genes ainda não descobertos de
plantas em florestas tropicais.
Taxonomia dos valores ambientais
Valor da Não Uso

Uma expressão simples deste valor é a grande atração da


opinião pública para salvamento de baleias ou sua preservação
em regiões remotas do planeta, onde a maioria das pessoas
nunca visitarão ou terão qualquer benefício de uso.

Preservação da floresta amazônica


Taxonomia dos valores ambientais
Taxonomia dos valores ambientais

Os métodos de valoração econômica do meio ambiente são parte do


arcabouço teórico da microeconomia do bem-estar e são necessários
na avaliação dos custos e benefícios sociais quando as decisões de
investimentos públicos afetam o consumo da população e, portanto
seu nível de bem-estar.

A tarefa de valor economicamente um recurso ambiental consiste em


determinar quanto melhor ou pior estará o bem-estar das pessoas
devido a mudanças na quantidade de bens e serviços ambientais, seja
na apropriação do seu uso ou não
Métodos de valoração econômica

Os métodos de valoração aqui analisados são assim classificados:


métodos da função de produção e métodos da função de demanda.

Métodos da função de produção: métodos da produtividade marginal


e de mercados de bens substitutos (reposição, gastos defensivos ou
custos evitados e custos de controle).

Métodos da função de demanda: métodos de mercado de bens


complementares (preços hedônicos e do custo de viagem) e método
da valoração contingente.
Métodos de valoração econômica
Métodos de valoração econômica
Métodos da função de produção
Produtividade marginal
O método da produtividade marginal assume que um bem ou serviço
ambiental gerado por um recurso ambiental é conhecido e que o
valor econômico, representa apenas valores de uso diretos ou
indiretos relativo a bens e serviços ambientais utilizados na produção.

Busca estimar o impacto que a carência de um determinado


recurso ambiental teria sobre as funções de produção da
economia.
Métodos da função de produção
Produtividade marginal
Este método tem como princípio que alterações no estado de certos
atributos ambientais podem influenciar, direta ou indiretamente, os
custos. Portanto, o valor dessas variações na produtividade serve
como uma estimativa do valor alterado ambiental que as provocou

Exemplificando, um estudo econômico sobre produtividade agrícola,


a “dose” seria a erosão do solo e a “resposta” o correspondente
comprometimento da safra. Um outro exemplo de DR, que permite a
visualização do problema em cadeia pode ser observado na indústria
de produção de álcool. Quando a produção de álcool aumenta o
nível de poluição da água, que por sua vez afeta a qualidade da água ,
comprometendo a produção do setor pesqueiro
Métodos da função de produção
Produtividade marginal
A tarefa de mensurar com precisão a provisão de bens ambientais já é
muito complicada. Maiores dificuldades ainda serão encontradas na
formulação de relacionamentos dose-resposta, que exigem sólidos
conhecimentos sobre as ciências naturais (PEARCE, 1993). Pois, as relações
tecnológicas utilizadas na produção são, geralmente, complexas
(CAVALCANTI, 2002).

É muito difícil interpretar as relações causais ambientais, pois


vários benefícios tendem a ser afetados pela queda da
qualidade ambiental. Para conhecimento dos benefícios ou danos
causados, é necessária profunda informação, adquirida por meio de
estudos dos processos biológicos, capacidades técnicas e suas
interações com as decisões dos produtores e, o efeito da produção no
bem-estar da população (HANLEY; SPACH, 1993).
Produtividade marginal
Caso: Beraca
Beraca é uma empresa brasileira especializada no desenvolvimento de
tecnologias, soluções e matérias primas de alta performance para os
mercados cosmético e farmacêutico.

As atividades da Beraca possuem uma forte relação com o capital


natural, já que atua com elementos da biodiversidade brasileira como
insumos para seus produtos.

A empresa optou por avaliar o serviço ecossistêmico de provisão de


matéria-prima relacionado ao açaí durante 2014, no contexto da
comunidade da Associação de Moradores e Produtores Rurais de
Nazarezinho do Meruu (município de Igarapé-Miri, Pará).
Produtividade marginal
Caso: Beraca
Tal escopo foi selecionado, pois o fruto do açaí, utilizado para
obtenção do óleo comercializado pela empresa, possui um baixo
rendimento, requerendo, portanto, a gestão adequada da extração
deste fruto para obtenção do volume necessário para a produção
desejada de óleo.

Para a valoração da dependência da empresa em relação à provisão


ecossistêmica do açaí utilizou-se o Método de Produtividade Marginal
(MPM), em que se avaliou o valor que a empresa deixaria de arrecadar
com a venda de produtos (no caso, o óleo) caso não houvesse mais a
possibilidade de fornecimento de açaí pelo ecossistema e/ou pela
comunidade, resultando em aproximadamente redução de R$ 260 mil
em seu faturamento anual.
Produtividade marginal
Caso: Beraca
Passou-se a trabalhar com o cultivo orgânico em sistema agroflorestal,
o que resultou em um aumento de 45% da produção gerado pela
melhoria e recuperação do ecossistema local. O aumento da
produtividade de açaí, possibilitado pela mudança das técnicas de
manejo após o início da atuação da Beraca na região, levou ao aumento
de renda para a comunidade fornecedora em aproximadamente R$ 59
mil, o que se constitui como uma externalidade positiva.

Tais técnicas de manejo contribuem não apenas para geração de renda


local, mas também para garantir o provisionamento do açaí para
comercialização pela empresa. Isso porque o uso das técnicas de
manejo convencional representam menor produção de frutos
pela comunidade para a empresa, o que, por extensão, reduziria a
produção e comercialização de óleo pela Beraca, gerando um impacto
negativo
Custos Evitados

Os custos evitados incorporam os gastos preventivos incorridos


pelos indivíduos como medidas indiretas de manutenção, controle e
recuperação da qualidade dos recursos ambientais.

Por exemplo, quando uma pessoa paga para ter acesso à água
encanada, ou compra água mineral em supermercados, supõe-
se que esteja avaliando todos os possíveis males da água
poluída, e indiretamente valorando sua disposição a pagar
pela água descontaminada.
Custo Evitado
Caso: Copel
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) atua nas áreas de geração,
transmissão e distribuição de energia, além de telecomunicações. A
Companhia opera um parque gerador próprio composto por 17 usinas
hidrelétricas e uma termelétrica no estado do Paraná, além de uma
hidrelétrica em construção no Mato Grosso, totalizando 5.044MW
(megawatts) de potência instalada.

Para o estudo de caso, foi selecionada a usina hidrelétrica Governador


Bento Munhoz da Rocha Neto, com 1.676 MW. Localizada no Rio Iguaçu,
esta representa cerca de 35% da capacidade total instalada da empresa.

O Programa Florestas Ciliares com atividades de restauração florestal no


entorno do reservatório desta usina. A área de preservação permanente
deste reservatório é de 2.516 ha. Por meio do Programa Florestas Ciliares,
pretende-se recuperar uma área de aproximadamente 1.000 ha de floresta
Custo Evitado
Caso: Copel
Para o serviço ecossistêmico de prevenção da erosão, foram calculados os
indicadores físicos no cenário de linha de base – solo com pastagem – e
no cenário com vegetação nativa após o restauro. Por meio da aplicação
da Equação Universal de Perda do Solo (EUPS), obteve-se a quantidade
de solo carreada nas duas situações e o resultado indica um impacto
evitado, poupando o carreamento de cerca de 160 ton/ha/ano de solo.

Considerando o custo de dragagem do reservatório – orçado em R$


3.500,00/tonelada – totalizando um valor de cerca de R$ 5 milhões/ano.

Os cálculos realizados no estudo de caso, a Copel pode quantificar os


resultados positivos obtidos pelo Programa Florestas Ciliares em 10 anos,
sendo R$ 50 milhões na prevenção de erosão e R$ 9 milhões
de externalidade positiva na regulação do clima global.
Custos da reposição

No custo de reposição a estimativa dos benefícios gerados por


um recurso ambiental será dada pelos gastos necessários para
reposição ou reparação após o mesmo ser danificado.

É o caso do reflorestamento em áreas desmatadas e da


fertilização para manutenção da produtividade agrícola em
áreas onde o solo foi degradado (custo da erosão).

Inclui o custo de fertilizantes adicionais exigidos para


substituir os nutrientes carreados pelo processo erosivo e a
mão-de-obra para a aplicação destes
Custo de Reposição
Caso: Minerita Minérios Itaúna
A atividade possui uma relação direta com o capital natural, uma
vez que a viabilidade da operação da empresa é condicionada à
disponibilidade de recursos hídricos, os quais são um insumo
imprescindível para a realização da exploração e beneficiamento do
minério de ferro.
A empresa optou por avaliar sua relação com o serviço ecossistêmico
de provisão de água na Unidade Lagoa das Flores, no município de
Itatiaiuçu (MG), considerando o consumo de água no período de um ano
(ano base 2014).
Analisando o custo que a empresa teria para repor toda a água demandada
em seu processo produtivo ao longo de um ano por meio da
construção de uma nova tubulação de captação em outro corpo hídrico e
do pagamento pelo uso deste recurso. Nesse sentido, foi obtido um valor
de aproximadamente R$ 2,3 milhões/ano.
Custo de Reposição
Caso: Minerita Minérios Itaúna
A legislação impôs uma redução de 30% no volume de captação de água
para a indústria, a Minerita calculou qual seria o impacto gerado para a
empresa
Caso essa porcentagem do volume de água se torne indisponível para suas
operações. Neste cenário, a empresa precisaria arcar com um valor de
cerca de R$ 790 mil/ano para repor essa água.

Uma vez que a empresa recircula 80% da água utilizada em seu processo
produtivo, atualmente ela consegue viabilizar sua produção mesmo com a
restrição imposta, o que demonstra a importância de investir em medidas
de ecoeficiência.

Por ser uma atividade intensiva em água, a produção de minério pela


empresa deixa indisponível uma quantidade de água total de 215.844
m³ por ano (externalidade negativa).
Custos de controle

Custos de controle representam os gastos necessários para


evitar a variação do bem ambiental e garantir a qualidade dos
benefícios gerados à população. É o caso do tratamento de
esgoto para evitar a poluição dos rios e um sistema de controle
de emissão de poluentes de uma indústria para evitar a
contaminação da atmosfera.

Por limitar o consumo presente do capital natural, o controle da


degradação contribui para manter um nível sustentável de exploração
(estimação pouco clara), permitindo o aproveitamento dos recursos
naturais pelas gerações futuras
Custos de controle

Por impor limite ao consumo presente de capital natural, o controle


da degradação ajuda na manutenção do nível sustentável de
exploração, permitindo o uso dos recursos naturais pelas gerações
futuras (MAIA et al., 2004). Ou seja, o controle da degradação limita o
consumo presente, porém ele mantém um nível sustentável de
exploração e aumenta os benefícios da população a longo prazo.

O custo de controle reflete os gastos incorridos para evitar a


variação do bem ambiental e manter a qualidade dos
benefícios gerados à sociedade. (CAVALCANTI, 2002).
Custo de oportunidade

Embora desejável do ponto de vista ambiental, a preservação gera


um custo social e econômico que deve ser compartido entre os
diversos agentes que usufruem dos benefícios da conservação. Toda
conservação traz consigo um custo de oportunidade das atividades
econômicas que poderiam estar sendo desenvolvidas na área de
proteção, representando, portando, as perdas econômicas da
população em virtude das restrições de uso dos recursos ambientais.

No caso de um parque ou reserva florestal com exploração


restringida o custo de oportunidade de sua preservação seria dado
pelos benefícios de uma possível atividade de exploração de madeira.
Métodos da função demanda

As técnicas de valoração econômica buscam medir as preferências


das pessoas por um recurso ou serviço ambiental

Portanto, o que recebe “valor” não é o recurso ambiental, mas as


preferências das pessoas em relação a mudanças de qualidade ou da
quantidade ofertada do recurso ambiental.
Métodos da função demanda
Métodos de mercado de bens complementares (preços hedônicos e do
custo de viagem) e método da valoração contingente.

Estes métodos assumem que a variação da disponibilidade do


recurso ambiental altera a disposição a pagar ou aceitar dos agentes
econômicos em relação aquele recurso ou seu bem privado
complementar.

Utilizando-se de funções de demanda, estes métodos permitem


captar as medidas de disposição a pagar (ou aceitar) dos indivíduos
relativas às variações de disponibilidade do recurso ambiental. Com
base nestas medidas, estimam-se as variações do nível de bem-estar
pelo excesso de satisfação que o consumidor obtém quando paga
um preço (ou nada paga) pelo recurso abaixo do que estaria disposto
a pagar.
Método de Valoração Contingente

O método de valoração contingente ( MVC ) é usado para


estimar valores econômicos para todos os tipos de recursos
ambientais. Ele pode ser utilizado para estimar os valores tanto
para uso e não uso, e é o método mais utilizado para estimar os
valores de não uso.

O MVC envolve perguntar diretamente as pessoas, em uma


pesquisa, o quanto eles estariam dispostos a pagar ou receber por
serviços ambientais específicos. Ele é chamado de valoração
contingente, porque as pessoas são convidadas a indicar a sua
disponibilidade para pagar ou receber, dependendo de um
cenário hipotético específico com descrição do serviço
ambiental.
Método Preços Hedônicos

O Método de Precificação Hedônica é usada para estimar valores


econômicos por serviços ecossistêmicos ou ambientais que afetam
diretamente os preços de mercado. É mais comumente aplicado a
variação dos preços de habitação que refletem o valor dos atributos
ambientais locais.

Ele pode ser usado para estimar os benefícios económicos ou os


custos associados com:

 qualidade ambiental, incluindo a poluição do ar, da água, ou


sonora
 amenidades ambientais, como visões estéticas ou proximidade a
locais de lazer.
Método Preços Hedônicos

A premissa básica do método de preços hedônicos é que o preço de um


bem comercializado está relacionado com as suas características, ou os
serviços que presta. Por exemplo, o preço de um carro reflete suas
características: quantos passageiros transporta, conforto, estilo, luxo,
economia de combustível, etc.
Portanto, podemos valorizar determinadas características de um carro ou
outro bem, verificando a disposição das pessoas a pagar pelo carro
quando determinada característica em análise muda.

Por que usar o método de preços hedônicos?


Os preços das habitações na área indicam uma correlação entre a
proximidade com a área preservada e a valorização dos imóveis. Existem
dados sobre as transações imobiliárias da região, tornando essa
abordagem menos dispendiosa.
Método do Custo de Viagem

O método do custo de viagem é usado para estimar valores de uso


econômicos associados a ecossistemas ou localidades que são
utilizados para recreação.

O método pode ser usado para estimar os benefícios ou custos


econômicos resultantes de:

 mudanças nos custos de acesso em um local de lazer


 eliminação de um local de lazer existente
 criação de um novo local de lazer
 alterações na qualidade ambiental de um local de lazer
Método do Custo de Viagem

A premissa básica do método do custo de viagem é que o tempo


e as despesas do custo de viagem que as pessoas incorrem para
visitar um local representa o "preço" de acesso ao local. Assim, a
disposição das pessoas em pagar para visitar o local pode ser
estimado com base no número de viagens que eles fazem em
relação a variação dos custos de viagem. Isso é análogo a estimar a
disposição das pessoas para pagar por um bem comercializado
com base na quantidade demandada a preços diferentes.
Estudo de caso - Produtividade marginal
(produção sacrificada)
Exploração sustentável na Amazônia Peruana

- Proposta inicial: desmatamento para exploração


agropecuária.

- Uso alternativo: exploração sustentável da floresta – frutos,


látex e manejo florestal da madeira

- Conclusão: maior rentabilidade manter a floresta


Estudo de caso (custos evitados)
Impactos da poluição do ar em SP

- Proposta inicial: aplicação do método de custos evitados


para avaliar eventuais benefícios da redução da poluição do
ar em SP.

- Pressuposto básico: é que a redução da poluição preveniria


consequências deletérias a saúde humana, e mortes.

- Conclusão: custo da poluição em SP, da ordem de 3,2


milhões/ano (se houver redução, economiza-se esse valor)
Estudo de caso (Custo de oportunidade)
Conservação da biodiversidade no Quênia

- Objetivos: implicações da conservação de grandes áreas no


território queniano. Os autores buscam estimar os custos de
oportunidade associados à conservação da biodiversidade nessas
áreas e, a partir das estimativas, fazer uma comparação com os
benefícios líquidos gerados pelas atividades compatíveis com a
conservação

- Benefício líquido associado aos usos diretos equivale a US$ 42 milhões


(turismo e silvicultura)

- Custo de oportunidade da conservação, que equivaleria ao benefício


líquido correspondente ao desenvolvimento potencial das áreas que se
encontram hoje preservadas, seria de US$ 203 milhões.
Estudo de caso (Preços Hedônicos)
Poluição do ar na Índia

- Objetivos: Analisar os benefícios da redução da poluição do ar


nos domicílios urbanos em 2 cidades da Índia

- Os resultados mostraram que, independentemente, dos demais fatores


considerados, o valor da residência desvalorizaria, em média, de 0,66%
para cada aumento % na contração do material particulado, 0,14%
parra cada aumento % de SO2, e 0,27% para cada % de NO2.

- Os benefícios totais da redução da poluição do ar do nível atual a


níveis ambientalmente toleráveis , giravam em torno de 92 milhões de
rupees nas duas cidades.
Estudo de caso (custo de viagem)
Avaliação econômica do Parque Nacional da Serra Geral

- Objetivos:
- A valoração econômica foi um recurso da justiça durante o processo
de desapropriação e indenização dos proprietários de terras. Dadas as
peculiaridades do objeto de estudo, o MCV foi uma das propostas de
avaliação

- Os gastos efetivos observados no PNSG com viagem, alimentação,


hospedagem e custo de oportunidade, totalizou um custo individual de
854 reais. Considerando as 29 mil visitas anuais esperadas, há um gasto
efetivo anual de 25 milhões proporcionado pelo parque.
Bibliografia:

GORI, A. M. Valoração de recursos ambientais. Campinas, 2002. 131 p. Dissertação de


mestrado. Universidade Estadual de Campinas
MAIA, A. G.; ROMEIRO, A. R.; REYDON, B. P. Valoração de recursos ambientais: metodologias
e recomendações. Texto para discussão. Campinas, março 2004. Disponível em:
<http://www.eco.unicamp.br/publicações/textos>.
MARGULLIS, S. Economia do meio ambiente. In: MARGULLIS, S. (org.). Meio ambiente: aspectos
técnicos e econômicos. Rio de Janeiro: IPEA, 1990. p. 135-155.
MOTTA, R. S. da. Análise de custo-benefício do meio ambiente. In: MARGULLIS, S. (org.). Meio
ambiente: aspectos técnicos e econômicos. Rio de Janeiro: IPEA, 1990. p. 109-134.
MAY, P.H.; LUSTOSA, M.C.; VINHA V. da. (Orgs.). Economia do Meio Ambiente:
teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003

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