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Muitas vezes não podemos senão ver sombras em nossa vida; as trevas se
avizinham, e não temos nenhuma perspectiva de como ver uma luz no final do
túnel. Muitas vezes sentimos que as coisas podem piorar, e entramos em pânico.
Mas, aqui neste Salmo 6, vemos 4 coisas que aconteceram com Davi, e 4 coisas
que podem acontecer com você, 4 coisas que podem acontecer com um cristão
sincero.
I – MEDO (v. 1-3)
Davi tinha medo da ira divina. Ele orou: “Senhor, não me repreendas na tua
ira, nem me castigues no teu furor.” No salmo 3:6, ele dissera: “Não tenho
medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os
lados!” Mas agora, ele tinha medo da ira de Deus. E isso pode acontecer com
qualquer cristão, que tenha um pouco de sensibilidade espiritual.
De onde vem o medo da ira de Deus? O medo vem por causa do pecado.
Adão e Eva estavam felizes no Jardim do Éden. Então, eles cometeram o
pecado. Mas Deus não tinha abandonado os Seus filhos e foi procurá-los pela
viração do dia, como de costume, mas eles estavam escondidos. E Deus chamou
ao homem e lhe perguntou: “Adão, onde estás?” A resposta veio com muitos
receios: “Ouvi a Tua voz no Jardim e tive medo e me escondi!” (Gn 3:10).
E agora vemos a Davi, um homem “segundo o coração de Deus”, que estava com
medo de Deus! Não é incrível? Um homem que possuía muita luz do
conhecimento do seu Benfeitor, agora estava temendo ser repreendido e
castigado pela ira de um Deus vingador! Mas como podia acontecer isso com
Davi? A razão era a mesma de Adão. Ele havia pecado contra Deus e sabia da
gravidade do seu pecado. Ele sentia uma profunda convicção de pecado e temia
que Deus o castigasse. Ele sabia que a ira de Deus é despertada pelo pecado. Ele
sabia que a ira de Deus era a manifestação da Sua justiça contra o seu pecado.
Ele sentia o peso da culpa, e ele temia a repreensão e o castigo de Deus. Ele foi
repreendido por Natã, ele foi repreendido por sua esposa Mical, ele foi
repreendido por Joabe, o comandante do seu exército. A repreensão humana,
ele podia suportar. Mas tinha medo e grande pavor de ser repreendido e
castigado por um Deus irado por causa dos seus pecados. Portanto, ele tinha
muitos motivos para orar desse modo: “Senhor, não me repreendas na tua ira,
nem me castigues no teu furor”.
A grande pergunta é esta: Será que Deus castiga? Ele nos pune por causa de
nossos pecados? Há muitas pessoas nesse mundo que tem medo de Deus. Elas
foram ensinadas desde a infância a temer um Deus que fica muito irado quando
erramos. E muitos pregadores, para contrapor-se a este sentimento, para
consolar os que são assim atribulados, adquirem a fama de populares pregando
que Deus não castiga a ninguém, porque é um Deus de amor e um pai de amor
não castiga os seus filhos pelos erros que cometem.
Mas qual é a verdade? O que a Bíblia diz sobre esse assunto? A Bíblia diz que
Adão foi punido pelo seu pecado, e a ira de Deus se manifestou, quando eles
foram expulsos do Paraíso. Deus castigou o mundo antediluviano, e destruiu a
todos os pecadores. Deus castigou a Sodoma e Gomorra, e Sua ira se manifestou
com fogo e enxofre. Deus castigou ao povo de Israel, mandando-os para o exílio
assírio e babilônico por causa de seus muitos pecados e transgressões.
Davi conhecia a Deus e teve de ser castigado algumas vezes por seus erros,
porque ele era um rei teocrático, e tinha de ser exemplo de justiça para o povo,
além de ter uma grande luz acerca do caráter divino. E a Bíblia ensina que,
quanto mais luz tivermos, maior será a repreensão e o castigo (Lc 12: 47-48). E
agora, vamos pregar que Deus não castiga, enganando o povo com falsas
insinuações? A resposta não é esta. O consolo é outro. A esperança se encontra
na Cruz de Cristo, porque lá “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e
pelas Suas feridas fomos sarados” (Is 53:5). Jesus Cristo foi castigado por causa
dos nossos pecados, e, portanto, não precisamos mais ser castigados.
Disse ele: “O título de sua conferência me atraiu, e decidi ouvi-lo antes de meter
uma bala na cabeça. Talvez o senhor tenha uma feliz solução para a minha vida
angustiosa. Nos últimos catorze anos venho sofrendo de reumatismo agudo. Às
vezes fico na cama três meses seguidos. Não há remédio que possa curar-me ou
aliviar-me.”
Desesperado, afinal, o pai levou o próprio filho diante dos tribunais, sem
nenhum resultado. Oprimido pela dor, o pai morreu alguns meses depois. O
filho sentiu que havia sido a causa da morte do pai. Depois disto, graças à má
administração, e como uma condenação a suas más obras, perdeu tudo, até
mesmo o que havia ganho licitamente antes de arruinar o pai. Assim privara a
mãe e as irmãs de uma boa herança.
Agora tinha uma grande família. Nos últimos catorze anos, vinha sofrendo de
reumatismo que lhe inutilizara os dedos e causava tanta dor que muitas vezes
ficava meses sem poder sair da cama. Sua culpa o perseguia e atormentava cada
minuto de sua vida.
Acrescentou ele que sua mãe e uma irmã casada estavam vivendo na mesma
cidade, de maneira que o conferencista mandou chamá-las no dia seguinte.
Depois de haver-lhes falado sobre o assunto, conseguiu que o pobre enfermo
fosse recebido. Ali, humildemente pediu perdão à sua mãe e a Deus. Depois de
ouvir as palavras de perdão da mãe, um sorriso aflorou-lhe nos lábios, e ele
disse: “Este é o meu primeiro momento feliz em vinte anos”.
Como resultado, dois dias mais tarde ele pôde andar com o auxílio de uma
bengala e, pouco depois, se locomovia como um jovem! Nunca mais sofreu de
reumatismo. Normalizando a situação de sua consciência, ele conseguiu ver
melhorada sua saúde e começou a encontrar alegria na vida. O que os médicos e
os remédios não puderam fazer, a confissão da culpa logrou alcançar. Agora, ele
leva uma vida contente e próspera. Não tem mais ansiedade ou medo de si
mesmo, dos outros e de Deus.
O desespero de Davi estava esmagando a sua alma, e ele faz uma pergunta
inquietante: “Senhor, até quando?” (v. 3), diz o salmista. “Até quando?” é o
indicador de que as forças do justo estão se exaurindo, se esgotando. “Até
quando?” significa o desespero da alma que não agüenta esperar mais. “Até
quando?” é o clamor do justo que já suplicou muitas vezes, mas não encontrou a
resposta para as suas angústias.
II – SALVAÇÃO (v. 4-5)
A outra coisa que pode acontecer a um cristão em angústia por seu pecado e
pelo seu medo é salvação.
Se aquela teoria popular fosse verdade, a morte seria muito bem-vinda. Mas a
morte não é a libertação da alma que se desprende do corpo para festejar a sua
liberdade, a fim de subir ao Céu, e dar ao crente a oportunidade de louvar a
Deus no Paraíso eternamente. A morte é uma maldição que o pecado trouxe da
qual somos salvos por graça de Deus.
Davi não ensina a imortalidade da alma. A única coisa neste salmo que ele
ensina sobre a natureza do homem é que a sua alma está “profundamente
perturbada”, que o seu espírito está debilitado e que os seus ossos estão
abalados fisicamente. Ele sentia a aproximação da morte, mas não pôde dizer
que logo iria louvar a Deus no Céu, eternamente, porque não cria nisso, e nem
podia crer, por não ser verdade. Portanto, ele ensina muito mais a fragilidade da
alma do que a sua imortalidade.
III – O CANSAÇO (6-7)
1- Davi estava cansado de tanto gemer. Davi sentia a sua alma cansada dos
resultados fatais do pecado, que incluem o gemido da alma. Isso também pode
acontecer com você. O cristão também está cansado de tanto gemer. Disse o
apóstolo Paulo: “Também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente
gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do
nosso corpo” (Rm 8:23).
Os cristãos sentem os impulsos da natureza pecaminosa, as insinuações da
carne e, muitas vezes, cometem pecado e gemem; isso, mesmo possuindo
as “primícias do Espírito Santo”, os Seus primeiros frutos da salvação. Portanto,
aguardamos o dia em que teremos o nosso corpo redimido, transformado.
Estamos cansados de tanto gemer pelos nossos pecados e pelos de outros
irmãos e pelos do mundo? Mas logo virá o Dia de Cristo.
2- Davi estava cansado das noites indormidas. V. 6: “Todas as noites faço
nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago.” Ele tinha insônia, e muitas
vezes era surpreendido com muitas lágrimas. Davi usa uma figura de linguagem,
chamada hipérbole, que ocorre no texto quando o autor fala com exagero,
figuradamente. Como disse Olavo Bilac, certa vez: “Rios te correrão dos olhos,
se chorares!”
“Todas as noites”, disse o salmista. Um famoso artista grego, artista do balé,
festejado em todo o mundo como um dos maiores artistas do balé internacional,
em palavras dramáticas traduziu a angústia de seu espírito, quando ele disse o
seguinte: “Todas as noites me inquieto e não durmo! Jamais tenho me
encontrado sozinho sem que as minhas mãos tremam, sem que os meus olhos
se encham de lágrimas, sem que o meu coração se angustie.” E
completava: “Não tenho paz.”
3- Davi estava cansado de tantas mágoas. Os relacionamentos de Davi
eram muito complicados, porque ele era rei, profeta, pai e esposo. Ele era um
líder espiritual do povo de Deus. Ele certamente, ocupando essa posição, ele
tinha muitos adversários e inimigos. Ele transparecia em seus olhos as mágoas
produzidas por tantos adversários. Ele se sentia amortecido e velho, desprezado
e infeliz, vitimado pela mágoa da ingratidão.
Davi continua a sua queixa, e desabafa, no v. 7: “Meus olhos, de mágoa, se
acham amortecidos, envelhecem por causa de todos os meus adversários.” Os
olhos são um reflexo do corpo inteiro; se o corpo está abatido e fraco,
certamente, isso será visto nos olhos. Davi estava envelhecendo
prematuramente, mais rápido do que ele esperava. Seus olhos não enxergavam
mais com a lucidez da juventude; sua cabeça se enchia de cabelos brancos; seus
braços não tinham mais a força digna de heróis. Ele se sentia fraco, abatido e
velho.
Por que isso? “Por causa dos meus adversários”, diz ele. As suas ameaças, suas
perseguições, as suas calúnias, as suas traições – tudo isso conspirava contra a
saúde de Davi. Mas quantos eram os seus adversários? Ele fala de “todos”. No
Salmo 3:1, ele faz essa declaração: “Senhor, como tem crescido o número dos
meus adversários! São numerosos os que se levantam contra mim.” Como não
envelheceria Davi com tantos inimigos?
Nós também temos uma multidão de inimigos. Lutero enfrentou milhares de
demônios em sua grande obra de Reforma, conspirando contra ele e seu
trabalho. E ele sentiu a presença desses demônios, que procuravam matá-lo. A 6
de março de 1521, Lutero foi intimado a comparecer perante a Dieta Imperial
em Worms, sendo-lhe assegurado salvo-conduto. Então, quando ele ia chegando
àquela cidade, ele disse: “Ainda que houvesse em Worms tantos demônios
como há telhas sobre as casas, contudo lá entrarei.” Nós sabemos que muitos
deles estão prontos para nos desanimar e nos derrotar e até nos fazer envelhecer
prematuramente.
IV – CERTEZA (8-10)
A 4ª coisa que aconteceu a Davi e pode acontecer com você foi a certeza.
Estas palavras tem uma força muito grande para produzir um verdadeiro
arrependimento. Quando uma pessoa está vivendo em pecado, quando um
cristão está acariciando um pecado predileto e ouve estas palavras, e pensa na
triste possibilidade de ficar fora da companhia de Cristo eternamente, ele ainda
tem a oportunidade de voltar atrás e se arrepender para deixar o pecado e
praticar a justiça. “Apartai-vos de Mim todos os que praticais a iniquidade”,
serão as palavras de Cristo, o grande Juiz naquele dia memorável.
3- Certeza de salvação. O salmista termina o salmo com esta certeza: “O
Senhor ouviu a voz do meu lamento; o Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor
acolhe a minha oração.” (v. 8-9). Davi tinha orado: “Senhor, salva-me por Tua
graça!” Agora, ele declara a certeza de sua salvação: “O Senhor me ouviu.” No
início do salmo 5 (5:1), o salmista pede por 3 vezes que a sua oração seja
atendida. No final do salmo 6, ele afirma que Deus atendeu a sua oração e isso
ele repetiu num paralelismo tríplice.
Davi poderia dizer com certeza que Deus atendia as suas orações. Ana podia
dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e eu tive o meu filho Samuel; Daniel
podia dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e nos revelou o sonho de
Nabucodonozor e nos livrou da morte; Pedro podia dizer: “O Senhor ouviu a
minha súplica” e me salvou da fúria da tempestade.
Nós também podemos dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e agora estamos
salvos do pecado e da morte, e temos a esperança da salvação e a certeza da vida
eterna. Porque a oração que Deus atende mais prontamente é a súplica por
salvação pela graça e misericórdia. Você também possui esta certeza? Deus ouve
as suas orações? Se isso não acontece, você pode saber por quê? Há alguma
coisa que você pode mudar, a fim de conseguir as respostas para as suas
orações?
Você tem esta certeza? Você já passou pelo medo, pela salvação, pelo cansaço, e
pela certeza? Você está baseado na graça de Jesus Cristo para a sua salvação?
Tem o sangue de Cristo para libertá-lo? Se não, por que não dizer: “Senhor, tem
compaixão de mim!”, e “Salva-me por Tua graça!”?
Pr. Roberto Biagini
Texto tirado de https://setimodia.wordpress.com/2012/02/08/salvacao-pela-graca/