Aula Agitação e Mistura

Operações Unitárias e Processos – LOB 1217
Aula: Agitação e Mistura

➢ Agitação: refere-se ao movimento induzido de um material em forma determinada,
geralmente circulatório dentro de um recipiente. Em geral se agita uma só
substância homogênea.
➢ Mistura: está normalmente relacionada a duas ou mais fases inicialmente
separadas, aleatoriamente distribuídas dentro ou através uma da outra. Pode ser do
tipo:
▪ Homogênea: gás-gás; líquido-líquido (miscíveis);
▪ Heterogênea: sólido-líquido (farinha + manteiga + leite)
1
➢ Trata-se de uma das operações unitárias mais comuns nas indústrias de processamento
químico, bioquímico, farmacêutico, petroquímico e de alimentos.
➢ Consiste em geral na movimentação de líquidos em tanques por meio de impulsores

giratórios com a finalidade principal de misturar uma ou mais fases, reduzindo o grau de
heterogeneidade, como os gradientes de concentração de um componente, viscosidade ou
temperatura, entre outros.
➢ Os principais objetivos são:
• Acelerar as taxas: de transferência de calor e massa.
• Facilitar a realização de reações químicas.
• Conseguir a suspensão de partículas num meio líquido.
• Misturar componentes com o objetivo de dissolver líquidos miscíveis e sólidos, misturar
fases sólidas e líquidas ou dispersar gases em líquidos.
2
➢ É muito empregada tanto em pequenas quanto em médias e grandes instalações produtivas.
➢ Exemplos de aplicações:
• Mistura de líquidos miscíveis;
• Dispersão de líquidos imiscíveis;
• Mistura de dois ou mais sólidos;
• Mistura de líquidos e sólidos (pastas e suspensões);
• Dispersão de gases em líquidos (aeração);
• Auxiliar na transferência de calor (convecção);
• Auxiliar na transferência de massa (convecção);
• Reduzir aglomerados de partículas;
• Tanques de aeração para tratamento biológico de resíduos líquidos;
• Suspensão de sólidos sedimentados para facilitar seu arraste por bombeamento.
3
AGITAÇÃO
• Descrição de um tanque agitado:
Na agitação de líquidos e pastas semilíquidas é necessário:
1. um tanque ou reservatório com instalações auxiliares

2. um rotor ou impulsor instalado num eixo e acionado por um sistema de motor e
redutor de velocidade (Figura 1).
4
4 defletores
espaçado
igualmente Wb
s
Defletores
Hi
Elevação Plano
Figura 1: Configuração de um tanque agitado
H= altura de líquido no tanque, T= diâmetro do tanque, D= diâmetro do impulsor, N= número de revoluções,

Hi= distância entre impulsor e fundo do tanque, Wb= largura dos defletores.
5
➢ Padrões de Fluxo: escoamento axial
▪ São aqueles cujas pás fazem um ângulo menor que 90o com o plano de rotação do
impulsor. Ex: hélices, turbinas de pás inclinadas.
6
➢ Padrões de Fluxo: escoamento radial
▪ Tem suas pás paralelas ao eixo de rotação. Este fluxo é perpendicular a parede do
tanque. Ex: turbina, pás, âncora, grade.
7
➢ Padrões de Fluxo: escoamento tangencial

▪ Este fluxo atua na direção tangente, o que proporciona um movimento circular ao redor do
rotor.
▪ Em alguns casos a componente tangencial é desvantajosa, pois tem uma trajetória circular e
cria um vórtex na superfície, não possibilitando a mistura longitudinal entre os níveis.
8
9
Figura 2. Agitadores para líquidos.
10
➢ Agitadores para Líquidos de Média ou Baixa Viscosidade:
▪ Agitador de Pás
o Consiste de lâminas chatas e largas, que medem cerca de 50 a 75% do diâmetro do
tanque e giram de 20 a 150 rpm;
o Velocidade de agitação baixa, não há a necessidade de se utilizar chicanas;
o Fluxo radial.
Figura 3. Impulsores para fluidos pouco consistentes

11
➢ Agitadores e número de Reynolds:
12
▪ Agitador tipo turbina

o As lâminas podem ser: retas, curvadas, inclinadas ou verticais;
o Amplo intervalo de viscosidade;
o Altas forças de cisalhamento podem ser desenvolvidas, proporcionando um
escoamento turbulento;
o Fluxos radiais e verticais.
13
Figura 4. Exemplo agitadores tipo turbina.
▪ Disco de Cowles
o Rotação varia entre 1750 – 3500 rpm;
o Líquidos de baixa viscosidade;
o Aplicável na dispersão e dissolução de sólidos;
o Fluxos axiais e radiais.
Figura 5. Exemplo agitador disco de Cowles.
14
▪ Agitador hélice
o Em geral operam na faixa entre 400 a 1500 rpm;
o Mistura de líquidos miscíveis, dilui soluções concentradas, dissolve sólidos e
aumenta a taxa de transferência de calor;
o Pode conter de 1 a 4 hélices;
o Fluxos axiais e radiais.
Figura 6. Exemplo agitador tipo hélice.

15
➢ Agitadores para Líquidos de Alta Viscosidade ou Pastas:
▪ Agitador âncora
o Possui um intervalo de viscosidades entre 5 e 50 Pa.s;
o Típico para uso em transferência de calor.
o Operam na faixa entre 20 a 60 rpm;
o Utilizado em vasos de mistura com aquecimento e lâminas de raspagem;
o Acoplados à âncora para evitar a queima do produto que está em contato com a
superfície quente;
o Fluxo radial.
Figura 7. Exemplo agitador tipo âncora.

16
➢ Agitadores para Líquidos de Alta Viscosidade ou Pastas:
▪ Agitador helicoidal ou espiral dupla

o Possui padrão de escoamento misto devido ao movimento das pás, sendo que a
interna joga o fluido para baixo e a externa para cima.
Figura 8. Exemplo agitador tipo helicoidal e espiral dupla.

17
➢Escolha do tipo de agitador:

• A Figura 9 pode auxiliar no processo de escolha do agitador apropriado, que ainda é considerado uma “arte”.
Amassadeira
Tipo de agitador
Pá em Z
Helicoidal
Âncora
Turbina
Hélice
10-3 10-2 10-1 100 101 102 103 104
Viscosidade (Pa.s)
Figura 9. Tipo de agitador em função da viscosidade do sistema que está sendo agitado.
18
Figura 10. Tipo de agitador em função do volume e da viscosidade do sistema a ser agitado.
19
Tabela 1. Tipo de impulsor em função da viscosidade do sistema a ser agitado.
20
➢ Proporções geométricas para um sistema de agitação normal
21
Consumo de Potência em um Agitador
Curva 1: Turbina de 6 pás planas: D’/W = 5; 4 defletores cada um com Dt/J = 12.
No de Potência Curva 2: Turbina aberta de 6 pás planas: D’/W = 8; 4 defletores com Dt/J = 12.
NP = P
 N3 D5 Curva 3: Turbina aberta de 6 pás a 45o; D’/W = 8; 4 defletores com Dt/J = 12.
Curva 4: Propulsor; inclinação 2D’, 4 defletores com Dt/J = 10; também é válida
para o mesmo propulsor em posição angular e sem defletores.
Curva 5: Propulsor; inclinação D’, 4 defletores com Dt/J = 10; também é válida
para o mesmo propulsor em posição angular e sem defletores.
Número de Reynolds NRe =

D2 N 

Figura 11. Correlações de potência para diversos impulsores e defletores.
22
Número de potência
Outro Exemplo Gráfico que Correlaciona a Potência para a Determinação do Consumo de Potência
em um Agitador
Número de Reynolds
Número de potência
Número de Reynolds
Figura 12 - Número de potência versus Reynolds para diversos tipos de turbina

23
➢ O gráfico Npo x Re lembra o diagrama de Moody. Há uma região laminar (Re < 10), na qual Npo = KL / Re e
uma região de turbulência onde Npo = KT. Os valores KL e KT são constantes e dependem do tipo do
impulsor, das medidas do tanque e das chicanas.
➢ A maioria dos agitadores tem representação gráfica do número de Potência, mas no caso de agitadores para
fluidos de alta viscosidade deve-se usar relações empíricas:
−0,28 −0,53 0,33
150  Hi  p  h  W 
- Helicoidal: NPo =        nb0,54
Re  D  D  D  D 
−0,31 0,48
- Âncora: 85  Hi  h
NPo =    
Re  T  D
onde:
Hi = distância entre agitador e fundo do tanque
D = diâmetro externo do impulsor
p = pitch
h = altura do agitador
W = largura das pás
nb = número de pás
Obs. Essas equações somente são válidas para escoamento em regime laminar.
24
➢ Exigência de Potência nos Agitadores

• Um fator importante no projeto de um agitador é a potência necessária para movimentar o impulsor.
• A potência requerida para um dado sistema não pode ser obtida teoricamente, existem correlações
empíricas para estima-la.
• A presença ou ausência de turbulência num processo de agitação por impulsor, pode ser
correlacionada com o número de Reynolds do impulsor definido por:
D′2 N ρ
𝑁𝑅𝑒 =
μ
onde:
N = velocidade de rotação em rps
D’ = diâmetro do impulsor em m
μ = viscosidade em kg/m.s
ρ = massa específica em kg/m3
25
➢ Exigência de Potência nos Agitadores

• O escoamento no tanque é turbulento quando Re > 10.000. Assim, a viscosidade por si só não é uma indicação
válida do tipo de escoamento a ser esperado.
• Entre os números de Reynolds de 10.000 e aproximadamente 10, existe uma faixa de transição na qual o
escoamento é turbulento no impulsor e laminar nas partes mais afastadas.
• Quando Re < 10 o escoamento é apenas laminar.
• O consumo de potência é relacionada com a densidade do fluido (ρ), sua viscosidade (μ), a velocidade angular
(N) e o diâmetro do impulsor D’, por meio de gráficos do número de potência Np em função de Reynolds.
• O número de potência é:
P
Np =
ρ N 3 D′5
onde:
P = potência em J/s ou W
26
➢ Exemplo 1:
Calcular a potência necessária para a agitação num tanque cilíndrico, mediante uma turbina de lâminas
simples, nas seguintes condições:
- Diâmetro de turbina: D’ = 0,62 m
- Diâmetro do tanque: Dt = 1,80 m
27
➢ Exemplo 1: Solução Apostila página 45
28
➢ Exemplo 1: Solução (cont.)
29
➢ Exemplo 1: Solução (cont.)
30
➢ Exemplo 2:
Em um tanque se instala um agitador de turbina com 6 pás planas. O diâmetro do tanque, Dt = 1,83 m; o
diâmetro da turbina, D’ = 0,61 m; z1 = Dt e a largura das pás, W = 0,122 m. O tanque possui 4 defletores,
todos com largura J = 0,15 m. A turbina opera a 90 rpm e o líquido do tanque possui uma viscosidade de
10 cp e densidade de 929 kg/m3.
a) Calcule a energia requerida para o agitador

b) Considerando as mesmas condições, exceto que a solução possui uma nova viscosidade de 100.000
cp, calcule a potência requerida para este novo fluido.
31
➢ Exemplo 2 Solução:
11
22
32
➢ Exemplo 2 Solução (cont.):
Assim, um aumento de 10.000 vezes na

viscosidade do fluido, faz com que ocorra um
aumento no consumo de potência de 1,324 kW
para 3,71 kW.
33
➢ Agitação de Líquidos Não-Newtonianos

• A agitação de líquidos não-Newtonianos é objeto de considerável investigação.
• Metzner e colaboradores examinaram uma diversidade de líquidos dilatantes e pseudoplásticos e descobriram
que a taxa de deformação é uma função linear da velocidade escalar do agitador.
𝑑𝑣
= 11 N (1)
𝑑𝑟 𝑚é𝑑𝑖𝑎
onde:
11 foi determinado experimentalmente
• Esta expressão pode ser utilizada juntamente com os dados sobre as propriedades reológicas do líquido para
calcular-se a viscosidade aparente sob a tensão de cisalhamento média. Por definição tem-se:
𝜏
𝜇𝑎𝑝 = 𝑑𝑣 (2)
−𝑑𝑟
34

• No caso de líquidos dilatantes e pseudoplásticos
𝑛
𝑑𝑣
𝜏 = −𝐾 (3)
𝑑𝑟
Combinando equações (2) e (3) temos:
𝑛−1
𝑑𝑣
𝜇𝑎𝑝 =𝐾 (4)
𝑑𝑟
A combinação das equações (1) e (4) leva a:
𝜇𝑎𝑝 = 𝐾(11 𝑁) 𝑛−1 (5)
35
• Dados os parâmetros reológicos (K e n) e a velocidade angular N, a viscosidade

aparente pode ser calculada e depois empregada para se ter o número de Reynolds,
que juntamente com a Figura clássica do “AICHE” para agitadores, serve para
encontrar o número de potência.
• Metzner também descobriu que se deve manter um número de Reynolds mínimo, a

fim de assegurar a circulação adequada na zona de mistura. Este valor fica entre 270
e 50.
36
➢ Exemplo 3:
Determinar a potência necessária para a agitação de um fluido com 30% de sólidos totais. O tanque é
cilíndrico com diâmetro de 1,8 m, com turbina = 0,6 m; com 4 chicanas; largura da chicana, W = 0,06 m;
altura do concentrado = z1 = 1,9 m; distância do agitador ao fundo = zi = 0,5 m. A turbina opera a 80 rpm.
37
38
39
40
➢ Exemplo 4:
Calcular a potência necessária para a agitação num tanque cilíndrico, mediante uma turbina de lâminas
simples, nas condições da curva no 4, para cada uma das situações descritas abaixo. A densidade do
líquido é 997,95 kg/m3. O número de Reynolds mínimo para uma mistura adequada , é o vigente da
operação. O diâmetro da turbina é 0,30 m.
a) Líquido pseudoplástico (K = 1,49 Pa.sn; n = 0,9)
b) Líquido Newtoniano (μ = 1,49 Pa.s)
c) Liquido dilatante (K = 1,49 Pa.sn; n = 1,1)
41
42
43
44
45
46

Aula Agitação e Mistura

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Aula Agitação e Mistura

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Operações Unitárias e Processos – LOB 1217

Aula: Agitação e Mistura

➢ Consiste em geral na movimentação de líquidos em tanques por meio de impulsores

➢ É muito empregada tanto em pequenas quanto em médias e grandes instalações produtivas.

Na agitação de líquidos e pastas semilíquidas é necessário:

1. um tanque ou reservatório com instalações auxiliares

Figura 1: Configuração de um tanque agitado

H= altura de líquido no tanque, T= diâmetro do tanque, D= diâmetro do impulsor, N= número de revoluções,

➢ Padrões de Fluxo: escoamento axial

➢ Padrões de Fluxo: escoamento radial

➢ Padrões de Fluxo: escoamento tangencial

Figura 2. Agitadores para líquidos.

➢ Agitadores para Líquidos de Média ou Baixa Viscosidade:

Figura 3. Impulsores para fluidos pouco consistentes

➢ Agitadores e número de Reynolds:

▪ Agitador tipo turbina

Figura 5. Exemplo agitador disco de Cowles.

Figura 6. Exemplo agitador tipo hélice.

Figura 7. Exemplo agitador tipo âncora.

▪ Agitador helicoidal ou espiral dupla

Figura 8. Exemplo agitador tipo helicoidal e espiral dupla.

➢Escolha do tipo de agitador:

10-3 10-2 10-1 100 101 102 103 104

Tabela 1. Tipo de impulsor em função da viscosidade do sistema a ser agitado.

Consumo de Potência em um Agitador

Número de Reynolds NRe =

Figura 11. Correlações de potência para diversos impulsores e defletores.

Figura 12 - Número de potência versus Reynolds para diversos tipos de turbina

➢ Exigência de Potência nos Agitadores

➢ Exigência de Potência nos Agitadores

➢ Exemplo 1: Solução Apostila página 45

➢ Exemplo 1: Solução (cont.)

➢ Exemplo 1: Solução (cont.)

a) Calcule a energia requerida para o agitador

➢ Exemplo 2 Solução (cont.):

Assim, um aumento de 10.000 vezes na

➢ Agitação de Líquidos Não-Newtonianos

➢ Agitação de Líquidos Não-Newtonianos

Combinando equações (2) e (3) temos:

A combinação das equações (1) e (4) leva a:

𝜇𝑎𝑝 = 𝐾(11 𝑁) 𝑛−1 (5)

➢ Agitação de Líquidos Não-Newtonianos

• Dados os parâmetros reológicos (K e n) e a velocidade angular N, a viscosidade

• Metzner também descobriu que se deve manter um número de Reynolds mínimo, a

➢ Exemplo 3 Solução (cont.):

➢ Exemplo 3 Solução (cont.):

Você também pode gostar