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Superintendente
Valéria Mendes da Silva Elias
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Serviço Nacional de aprendizagem do Cooperativismo
SESCOOP/GO
Triênio 2003/2006
Av. Deputado Jamel Cecílio, 3427 2º andar – Jardim Goiás – 74.810-100 –
Goiânia/GO
Telefone: (0XX62) 3440 - 8900
e-mail: sescoopgo@sescoopgo.org.br – site: www.ocbgo.org.br
Suplentes Suplentes
Osmar Luiz Salvalaggio Carlos Henrique Arruda Duarte
João Batista da Paixão Júnior Rubens da Cruz Santana
Luis Tadeu Prudente Santos Danúbio Antônio de Oliveira
Amarildo Moraes de Oliveira
Superintendente
Valéria Mendes da Silva Elias
7ª Edição
Goiânia – GO
2004
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PRIMEIRA PARTE
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O resplendor do progresso instaurado no século XIX não oculta os graves problemas
sociais, enfrentados pela classe trabalhadora, com a exploração do trabalho e das
condições subumanas de vida:
•Extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas;
•Condições insalubres de trabalho;
•Arregimentação de crianças e mulheres como mão-de-obra mais barata;
•Trabalho mal remunerado.
A mecanização da indústria, ao mesmo tempo em que fazia surgir a classe
assalariada promovia o desemprego em massa, conseqüentemente, a miséria
coletiva e os desajustes sociais.
A intranqüilidade social tornou-se campo fértil para a formação das mais variadas
oposições ao liberalismo econômico. Surgiram as primeiras organizações dos
trabalhadores (sindicatos, associações de operários, cooperativas de ajuda mútua,
comitês de fábrica) desencadeando movimentos de reivindicação e reclamando por
uma mudança social, econômica e política.
Estas iniciativas configuravam-se como uma possibilidade de transformação do
contexto de deterioração generalizada da classe trabalhadora. Foram as primeiras
expressões de denúncia, de autodefesa e de sobrevivência diante da condição
social em que viviam.
É neste contexto que nasceu o embrião do cooperativismo moderno. Representou,
sobretudo, a organização dos trabalhadores para fazer frente às conseqüências
sociais e econômicas do capitalismo do século XIX.
Os Precursores do Cooperativismo
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Charles Gide (1847 – 1932). Francês, professor universitário, é conhecido
mundialmente por suas obras sobre economia, política e cooperativismo. Fundador
da “Escola de Nimes” na França, que muito contribui com a produção do
conhecimento sobre o cooperativismo mundial.
Philippe Buchez (1792 – 1865). Nasceu na Bélgica, buscou criar um cooperativismo
autogestionado, independente do governo ou de ajuda externa. Na França ele tentou
organizar “associações operárias de produção”, que hoje são chamadas de
cooperativas de produção.
Willian King (1786 – 1865). Também inglês, tornou-se médico famoso e se dedicou
ao cooperativismo de consumo. Engajou-se em prol de um sistema cooperativista
internacional.
John Bellers (1654 – 1725). Nasceu na Inglaterra e tentou organizar cooperativas de
trabalho, para terminar com o lucro e as indústrias inúteis;
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•Organizar as forças de produção, de distribuição, de educação e desenvolver a
administração democrática e autogestionária do empreendimento.
Os objetivos e forma de organização social do trabalho e economia da cooperativa
de Rochdale transformaram-se, posteriormente, em Princípios do Cooperativismo
Mundial.
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•Na região baixa da Espanha, as cooperativas de Mondragon fazem parte, em
escala nacional, dos maiores fabricantes de refrigeradores e de equipamentos
eletrodomésticos;
•Na Itália, as cooperativas operárias de diversos setores são reconhecidas como o
setor de ação mais eficaz, na luta contra o desemprego;
•No Canadá, um habitante em três é membro de uma cooperativa de crédito, e mais
de 75% da produção de trigo e outros cereais do país passam pelas mãos de
cooperativas de comercialização;
•Nos mercados de distribuição de produtos alimentares da Europa, as cooperativas
de consumo estão na frente em vários países e: Finlândia e Suíça ocupam os
primeiros lugares;
•Entre os cinqüenta maiores sistemas bancários do mundo, cinco são cooperativos.
Destacam-se França, Alemanha, Holanda, Estados Unidos e Japão;
•Nos países escandinavos, as cooperativas agrícolas têm de longe a maior parte do
mercado da maioria dos produtos, às vezes mais de 90%;
•Na França, Polônia e Filipinas funcionam, com muito sucesso as cooperativas
escolares.
O movimento cooperativista internacional conta com mais de 760 milhões de
pessoas: por isso, é um importante movimento sócio-econômico mundial.
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SEGUNDA PARTE
O Que é Cooperação?
O Que é Cooperativismo?
O Que é Cooperativa?
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O Que é Cooperante?
Os Princípios do Cooperativismo
PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO
CONGRESSO DA ACI
TEXTOS DE ROCHDALE CONGRESSO DA ACI 1937
1966
Adesão livre (social, política
1 Adesão livre Adesão livre
e racial)
Distribuição de sobras e do
público em geral.
a) ao desenvolvimento da
2 Gestão democrática Gestão democrática cooperativa
b) aos serviços comuns
c) aos associados “pro rata”
das operações.
Retorno “pro rata” das Taxa limitada de juros ao
3 Retorno “pro rata” das operações
operações capital
Juros limitados ao Taxa limitada de juros ao
4 Juros limitados ao capital
capital capital
Constituição de um fundo
para educação dos
5 Vendas a dinheiro Venda a dinheiro
cooperados e do público em
geral
Ativa de um fundo entre as
Desenvolvimento da educação em cooperativas, em plano
6 Educação dos membros
todos os níveis local, nacional e
internacional
7 Cooperativização global Neutralidade política, religiosa e racial
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Atuais Princípios do Cooperativismo
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DIFERENÇAS ENTRE ASSOCIAÇÃO, COOPERATIVA E
EMPRESA MERCANTIL
ASSOCIAÇÃO COOPERATIVA EMPRESA MERCANTIL
♦ É uma união de ∗ É uma sociedade ◊ É uma sociedade
pessoas simples, regida por empresária
legislação específica
♦ Objetivo sem fins ∗ Objetivo principal é a ◊ Objetivo principal é
econômicos prestação de serviços o lucro
econômicos ou financeiros
♦ Número ilimitado de ∗ Número ilimitado de ◊ Número ilimitado ou
associados associados, salvo não de acionistas
incapacidade técnica
♦ Cada pessoa tem ∗ Cada pessoa um tem ◊ Voto proporcional
um voto voto ao capital
♦ Assembléias: ∗ Assembléias: quorum é ◊ Assembléias:
quorum é baseado no baseado no número de quorum é baseado no
número de associados associados capital
♦ Não tem quotas de ∗ Não é permitida a ◊ Transferência das
capital transferência das quotas- ações a terceiros
partes a terceiros,
estranhos à sociedade
♦ Não gera ∗ Retorno dos excedentes ◊ Lucro proporcional
excedentes proporcional ao volume ao capital
das operações
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ascendente dos pinheiros que se projetam para o alto, procurando crescer cada vez
mais.
Bandeira — a bandeira, que leva as cores do arco-íris, constitui o símbolo
internacional do cooperativismo, aprovado pela Aliança
Cooperativa Internacional — ACI, em 1932. o cooperativismo, ao adotar essa
bandeira, leva a mensagem de paz e da unidade, que supera as diferenças políticas,
econômicas, sociais, raciais e religiosas de povos e nações. Luta por um mundo
melhor, onde a liberdade individual, a dignidade e justiça social sejam os valores
norteadores da sociedade humana.
REPRESENTAÇÃO INTERNACIONAL
REPRESENTAÇAO NACIONAL
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Três ou mais cooperativas podem constituir uma Federação ou Cooperativa Central.
Cooperativa
Vinte ou mais pessoas podem constituir uma cooperativa. As cooperativas podem
filiar-se a uma ou mais Centrais ou Federações.
O Cooperativismo Goiano
Breve Histórico
As Primeiras Experiências
Duas outras cooperativas foram fundadas nesse mesmo período e tinham em seu
quadro os imigrantes poloneses, que em maio de 1949 fundaram, na cidade de
Itaberaí a Cooperativa Agropecuária de Itaberaí. Essa cooperativa assentou 51
famílias de "deslocados de guerra". Em outubro de 1957 a entidade deixou de
existir. Em 1949 foi fundada outra cooperativa de imigrantes poloneses na fazenda
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Córrego Rico, situada na região entre as cidades de Inhumas e Itaberaí, com o
nome de Cooperativa Rural de Córrego Rico, que durou até 1957.
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terra. O movimento surgiu em 1950 e terminou com o advento do Governo Militar
em 1964.
Não podemos nos esquecer que em Goiás, existem cerca de 1500 associações de
pequenos agricultores familiares que, se incentivados ao cooperativismo poderão se
constituir em uma grande força política do movimento, pois representam mais de 20
mil associados. Um outro aspecto são os assentamentos rurais que abrigam mais
de 25 mil famílias de agricultores que se organizam, independentemente, em suas
cooperativas e se encontram fora do sistema OCB.
Atualmente o cooperativismo goiano conta aproximadamente com 500 cooperativas
registradas na Junta Comercial do Estado agrega cerca de 80 mil cooperantes e
oferece cerca de sete mil empregos diretos. Destas cooperativas 161 estão
registradas na OCB-GO
A representação do sistema cooperativista em Goiás
Goiás é um Estado que vem tendo participação cada vez mais importante na
agricultura nacional e as cooperativas agropecuárias do Estado, como era de se
esperar, devem seguir nessa linha: ganhando importância e se solidificando.
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relações de trabalho e emprego. Assim os ramos trabalho e crédito vêm se
destacando nos últimos anos não só em termos de crescimento, mas, sobretudo,
em organização e estruturação.
O cooperativismo no Brasil
O Direito Cooperativo Brasileiro teve seu marco inicial em 1903, com o Decreto n0
979, que tratando dos Sindicatos Agrícolas, fez referência, no Artigo lº, sobre a
organização das cooperativas. Em 1907, através do Decreto nº 1637, foi dado início
ao tratamento legislativo das sociedades cooperativas, contudo, sem as efetivas
previsões filosóficas e doutrinárias do cooperativismo mundial.
O marco de maior importância para a consolidação jurídica das sociedades co-
operativas, data de 1932, com o Decreto n0 22.239, assim expresso no Artigo
Segundo: as sociedades cooperativas, qualquer que seja sua natureza, civil ou
comercial, são sociedades de pessoas e não de capital, de forma jurídica “sul
genens”.
Durante o período de centralismo estatal (‘964 a 1971), o Decreto-Lei n0 59/ 1966
define a Política nacional de Cooperativismo e modifica as legislações anteriores.
Neste período, regulamentado por vários Decretos-Leis, instituiu-se o Sistema
Financeiro de Habitação, conseqüentemente o cooperativismo habitacional; criou-se
as Cooperativas Integrais de Reforma Agrária (Estatuto da Terra); sujeitou as
cooperativas de crédito, quanto à parte normativa, ao Conselho Monetário Nacional
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e, quanto à fiscalização, ao Banco Central do Brasil e; tratou de isenção do Imposto
de Renda para as cooperativas.
A Lei N0 5.764/71 caracteriza, para o direito cooperativo, as sociedades cooperativas
como sociedades civis e não comerciais. Em 1982, a Lei no 6.981/82 alterou o Artigo
42 da Lei n0 5.764/71, ao vedar a representação por procuração, facultando uma
abertura à organização de delegados e representantes dos associados, organizados
em núcleos, comitês, pequenas comunidades, para melhor participarem das
decisões da cooperativa
Em sucessivos encontros e seminários, os cooperativistas brasileiros tentam
assegurar maior autonomia, notadamente política, administrativa e financeira.
Antecedendo a realização do X Congresso Brasileiro de Cooperativismo, promoveu-
se em todo país uma ampla consulta às bases cooperativas, em relação às
principais aspirações dos cooperados.
Entre as mais de 4.000 propostas apresentadas, a grande maioria dizia respeito a
uma maior participação dos associados, em suas cooperativas, e ao fim da
interferência estatal no setor.
O desejo das cooperativas, aprovado no X congresso, foi levado e defendido pelas
lideranças do cooperativismo na Assembléia Nacional Constituinte que, em con-
seqüência, fez referência às cooperativas.
O cooperativismo brasileiro, pela primeira vez na sua história, figura na nova
Constituição Brasileira. Trata-se de um grande avanço no que se refere à
organização social e econômica da sociedade civil, em especial, à organização
cooperativa.
Capítulo I — Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos — Artigo 50 - item XVIII-
“A CRIAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES E, NA FORMA DA LEI, A DE COOPERATIVAS,
INDEPENDEM DE AUTORIZAÇÃO, SENDO VEDADA A INTERFERÉNCIA
ESTATAL EM SEU FUNCIONAMENTO”.
O cooperativismo não postula privilégios; quer, sim, tratamento justo, por constituir
uma grande expressão social e econômica na estrutura da sociedade, ao lado dos
demais setores como bancos, indústria, comércio, trabalho profissional etc. E natural
que seja regulado por lei, assim como todos os demais setores o são, dentro da
ordem jurídica nacional.
E a Lei n0 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a política nacional de
cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Vale aqui
transcrever alguns de seus artigos, aqueles diretamente relacionados com as
orientações deixadas neste livro:
Art. 40 - As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica
próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços
aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes característi-
cas:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade
técnica de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social, representado por quotas-partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado,
facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for
mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;
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IV - inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e
confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito,
optar pelo critério da proporcionalidade;
VI - “quorum” para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no
número de associados e não no capital;
VII - retomo das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações
realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral;
VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica, Educacional e
Social;
IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X - prestação de assistência aos associados e, quando prevista nos estatutos, aos
empregados da cooperativa;
XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,
operações e prestação de serviços.
Art. 5º - As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de
serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindo-
se-lhes a obrigação do uso da expressão “cooperativa” em sua denominação.
Parágrafo único - É vedado às cooperativas o uso da expressão “Banco”.
Art. 6º - As sociedades cooperativas são consideradas:
I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas,
sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por
objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou,
ainda, aquelas sem fins lucrativos;
II - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no
mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados indivi-
duais;
III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três)
federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes
modalidades.
Parágrafo lº - Os associados individuais das cooperativas centrais e federações de
cooperativas serão inscritos no Livro de Matrícula da sociedade e classificados em
grupos, visando à transformação, no futuro, em cooperativas singulares que a elas
se filiarão.
Parágrafo 2º - A exceção estabelecida no item U, in fine, do “caput” deste artigo não
se aplica às centrais e federações que exerçam atividades de crédito.
Art. 7º - As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de
serviços aos associados.
Art. 8º - As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar,
em comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistências de interesse
das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utili-
zação recíproca dos serviços.
Parágrafo único - Para a prestação de serviços de interesse comum, é permitida a
constituição de cooperativas centrais, às quais se associem outras cooperativas de
objetivo e finalidades diversas.
Pode-se ver, através desses poucos dispositivos legais aqui transcritos, a inserção
de normas rochdaleanas, aquelas chamadas de imutáveis, caracterizadoras de uma
cooperativa. Os próprios estudantes, como se fizessem um exercício, podem
descobri-las naturalmente, sublinhando palavras e expressões.
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Não transcrevemos a totalidade da Lei n0 5.764/71 porque, no momento desta
edição, nova legislação está sendo discutida e votada no Congresso Nacional para
substituí-la. Não trará inovações de essência, não modificará a doutrina
cooperativista, apenas atualizará o trato das relações internas e externas da
cooperativa dentro do universo jurídico que hoje regula a sociedade brasileira.
É importante lembrar que desde outubro de 1988 o Brasil possui uma nova
Constituição. Essa nova Carta trouxe algumas disposições que repercutem
profundamente no ambiente cooperativista.
Eis as principais:
Artigo 5º
(1) - Inciso XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funciona-
mento.
Artigo 21 - Compete à União:
(3) - Inciso XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade
de garimpagem, em forma associativa.
Artigo 146 - Cabe à lei complementar:
Inciso III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, es-
pecificamente sobre:
c - adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas.
Artigo 174
(2) - Parágrafo 20 - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de
associativismo.
(3) - Parágrafo 40 - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão
prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e
jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas
fixadas de acordo com o art. 21, XXY na forma da lei.
(4) - Artigo 187 - A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com
a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores
rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de trans-
porte, levando-se em conta, especialmente:...
VI — o cooperativismo.
(5) - Artigo 192 - O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, será
regulado em lei complementar que disporá, inclusive, sobre:
VIII - o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam
ter condições de operacionalidade e estruturação própria das instituições finan-
ceiras.
Destaquemos agora as principais referências constitucionais sobre o cooperativismo
e seu significado, acompanhando a numeração (1) a (5) assinalada à esquerda do
texto aqui transcrito:
(1) É livre a constituição de cooperativas. Antes não era; era necessário obter
o “referendum” ou chancela do Estado sobre os documentos constitutivos, através
de órgãos do governo (SENACOOP - Secretaria Nacional de Cooperativismo e,
anteriormente, do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A
SENACOOP é hoje um órgão extinto.
Àqueles órgãos cabia também fiscalizar as cooperativas. Hoje, não. Não há mais
tutela do Estado sobre as cooperativas. Estas são livres para nascer e tomam-se
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plenamente responsáveis pelos seus atos - êxitos ou fracassos, como as demais
organizações também livres. É o que chamamos de AUTOGESTÁO.
(2) O Estado não apenas deixa de tutelar o cooperativismo; confere-lhe liberdade
para existir e vê nele um instrumento útil ao reordenamento sócio-econômico. Daí as
expressões “apoiará e estimulará” constantes na Constituição.
(3) O Estado deseja uma atividade garimpeira bem ordenada em relação às pessoas
e ao meio ambiente, e favorecerá a garimpagem organizada em sociedades
cooperativas. As cooperativas de garimpo precisam, pois, mostrar ao Estado e à
sociedade que elas podem de fato reordenar o setor garimpeiro, corrigindo as
mazelas e desordens que os meios de comunicação tanto divulgam.
(4) A política agrícola do Brasil não poderá mais ser um conjunto de normas de cima
para baixo. Ela será discutida com representantes de vários segmentos, entre eles
os produtores, os trabalhadores rurais e, é claro, as cooperativas, por constituírem
dissociações organizadas de produtores e trabalhadores;
(5) As cooperativas de crédito serão reguladas em lei (ainda se espera a lei que
regulamentará o dispositivo constitucional), de modo que passem a ter condições de
operacionalidade e estruturação própria das instituições financeiras. Isso deixa
antever que as cooperativas de crédito no Brasil venham a poder realizar outros
serviços que somente à atual rede bancária são permitidos. E as condições de
funcionamento devem ficar mais claras para permitir às cooperativas de crédito
maior segurança na descrição de suas atribuições e melhor estruturação para
desempenhar seu papel em favor de seus cooperados.
Nem todos os países do mundo conferem ao seu cooperativismo interno tanta
autonomia como o Brasil. É bem verdade que ainda dependemos de leis
regulamentadoras da nova Constituição, mas algumas conseqüências já estão bem
claras:
•O cooperativismo é livre e o Estado assegura-lhe apoio e estímulo;
•Sendo livre, torna-se muito mais responsável perante a sociedade. Precisa adquirir
cada vez mais a credibilidade do público pelos serviços que presta;
•Tem de gerir-se a si mesmo (AUTOGESTÃO) com todas as ferramentas da
eficiência e eficácia utilizadas no mundo moderno. A autogestão passou a ser a
palavra de ordem no cooperativismo, a qual deve ser bem assimilada por todos os
cooperados, a fim de que as cooperativas, agora plenamente responsáveis pelos
seus próprios destinos, cumpram seus objetivos com a total participação de seu
quadro social e sejam bem administradas pelos seus dirigentes.
Autogestão é Responsabilidade
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Por que a cooperativa é um empreendimento autogestionado?
Assembléia Geral
É realizada obrigatoriamente uma vez por ano, no decorrer dos três primeiros meses
após o termino do exercício social, deliberará sobre os seguintes assuntos, que
deverão constar da Ordem do Dia:
a)A Prestação de contas dos órgãos de administração, acompanhada do parecer do
Conselho Fiscal, compreendido: relatório da gestão; balanço geral; demonstrativo
das sobras apuradas, ou das perdas; plano de atividade da cooperativa para o
exercício seguinte.
b)Destinação das sobras apuradas ou o rateio das perdas, deduzindo-se, no
primeiro caso, as parcelas para os fundos obrigatórios.
c)Eleição e posse dos componentes do Conselho de Administração, do Conselho
Fiscal e de outros, quando for o caso.
d)Fixação de honorários, gratificações ou cédulas de presença para os componentes
do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal.
e)Quaisquer assuntos de interesse do quadro social.
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Assembléia Geral Extraordinária (AGE)
Será realizada sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto da
cooperativa, desde que mencionado no edital de convocação. E de competência
exclusiva da AGE a deliberação sobre os seguintes assuntos:
a)Reforma do Estatuto Social;
b)Fusão, incorporação ou desmembramento;
c)Mudança de objetivo da sociedade;
d)Dissolução voluntária e nomeação do liquidante;
e)Contas do liquidante.
Conselho de Administração
Conselho Fiscal
Os direitos do cooperante
Os deveres do cooperante
1.Não freqüente a sede da cooperativa, e quando for lá, procure algo para reclamar.
2.Ao participar de qualquer atividade, encontre apenas falhas no trabalho de quem
está lutando para acertar.
3.Nunca aceite uma incumbência, pois é muito mais facial criticar do que fazer.
4.Quando a Diretoria solicitar sua opinião, diga que não tem nada para falar, e
depois fale tudo o que lhe vem na cabeça para outras pessoas.
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5.Faça apenas o absolutamente necessário e quando outros fizerem algo mais, diga
que a cooperativa é dominada por um grupinho.
6.Não leia as comunicações da cooperativa, alegando que elas não trazem nada de
interessante ou diga que não as recebeu.
7.Caso seja convidado para algum cargo eletivo, diga que não tem tempo e depois
afirme que têm pessoas que não querem largar o poder.
8.Quanto houver qualquer divergência na Diretoria, opte logo por uma facção e crie
toda ordem de fofocas.
9.Sugira, insista e cobre a realização de eventos pela cooperativa, mas não participe
deles. Depois diga que tinha pouca gente.
10. Não preencha qualquer questionário da cooperativa, quando ela solicitar
sugestões. Caso a Diretoria não adivinhar as suas expectativas, chame-a de igno-
rante.
Quando a cooperativa fracassar “com essa cooperação fantástica”, estufe o peito e
conclua com o orgulho de quem sempre tem razão: “Eu não disse?”
Obs: Quem tiver esse tipo de procedimento, deve ser afastado de imediato, pois
inviabiliza qualquer cooperativa. Na cooperativa só deve entrar e nela permanecer a
pessoa que se comprometer a dela participar efetivamente.
Os ramos do cooperativismo
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Produção, construído por cooperativas dedicadas à produção de um ou mais tipos
de bens e produtos, quando detenham os meios de produção, cuja denominação
deve ser: Cooperativa Produtora de Eletrodomésticos.., ou Cooperativa Produtora
de..., etc.
Saúde, constituído por cooperativas que se dedicam à preservação e promoção da
saúde humana, cuja denominação deve ser: Cooperativa de Médicos... Cooperativa
de odontólogos... ou Cooperativa de Psicólogos.., ou Cooperativa de Usuários de
Serviços médicos e Afins.., etc.
Infra-Estrutura, constituído por cooperativas, que têm como objetivo é atender
direta e prioritariamente o próprio quadro social com serviços de infra-estrutura, cuja
denominação deve ser: Cooperativa de Eletrificação Rural... ou Cooperativa de
Limpeza Pública..., etc.
Trabalho, constituído por cooperativas que se dedicam à organização e
administração dos interesses inerentes à atividade profissional dos trabalhadores
associados para prestação de serviços não identificados com outros ramos já
reconhecidos, cuja denominação deve ser: Cooperativa dos Taxistas... ou
Cooperativa de Artesãos..., etc.
Especial, constituído por cooperativas de pessoas que precisam ser tuteladas ou se
encontram em situação de desvantagem nos termos da Lei 9.867, de 10 de
novembro de 1999, cuja denominação deve ser: Cooperativa de Alunos da Escola...
ou Cooperativa de Deficientes Mentais..., etc.
Turismo e Lazer, constituído por cooperativas que prestam serviços turísticos,
artísticos, de entretenimento, de esportes e de hotelaria, ou atendem direta e
prioritariamente seu quadro social nessas áreas, cuja denominação deve ser:
Cooperativa de Trabalho, Cultura e Turismo ........; Cooperativa de Lazer ..............;
Cooperativa de formação e Desenvolvimento de Produto Turístico............., etc.
Transporte, constituído por cooperativas que atuam no transporte de cargas e
passageiros, cuja denominação deve ser: Cooperativa de Transporte de ........., etc.
TERCEIRA PARTE
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•Reunião de um grupo de pessoas — vinte pessoas no mínimo — interessadas em
criar a cooperativa com as seguintes finalidades:
•Determinar os objetivos da cooperativa;
•Escolher uma comissão para tratar das providências necessárias à criação da
cooperativa, com indicação de um coordenador dos trabalhos.
•Realizar reuniões com todos os interessados em participar da cooperativa, a fim de
verificar as condições mínimas necessárias, para que a cooperativa seja viável.
Achar respostas para os seguintes questionamentos:
a)A necessidade é sentida por todos os interessados?
b)A cooperativa é a solução mais adequada?
c)Já existe alguma cooperativa na região que poderia satisfazer as necessidades
dos interessados?
d)Os interessados estão dispostos a entrar com o capital necessário para viabilizar a
cooperativa?
e)O volume de negócios é suficiente para que os cooperantes tenham benefícios?
f)Os interessados estão dispostos a operar integralmente, com a cooperativa?
g)A cooperativa terá condições de controlar pessoal qualificado para administrá-la e
fazer a contabilidade?
•Escolha da denominação social e o nome comercial
•Elaborar uma proposta de Estatuto Social da cooperativa.
•Formulação da chapa dos componentes dos Conselhos de Administração e Fiscal.
•Definir data de realização da Assembléia de Constituição da Cooperativa, com a
participação de todos os interessados.
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•03 (três) vias da Ata da Assembléia Geral de Constituição e 03 (três) vias do
Estatuto Social da Cooperativa (assinadas por todos os fundadores).
•Ficha cadastral da cooperativa — preenchimento dos formulários de Cadastro
Nacional de Empresas — CNE.
•Preenchimento da capa do processo para JUCEG ( site: www.juceg.go.gov.br)
•Certidões civil e criminal dos sócios diretores.
•Carteira de Identidade — Cl — (cópia autenticada) dos diretores.
•Cadastro de Pessoa Física — CPF — (cópia autenticada) dos diretores.
•Pagamento das taxas: a) Taxa cadastro nacional (DARF); b) Taxas JUCEG.
•Entrada no processo.
Observações:
1.Os Estatutos, antes de serem levados à junta Comercial, deverão ser apreciados
pela OCG, a fim de verificar se não conflitam com a legislação cooperativista
vigente.
2.A cooperativa deve providenciar visto de advogado na última página das três vias
da Ata e do Estatuto.
3.Deve constar na Ata a seguinte cláusula: “Os sócios eleitos, sob pena da lei,
declaram que não estão incursos em quaisquer crimes previstos em lei ou nas
restrições legais que possam impedi-los de exercer atividades mercantis”.
31
OCB-GO e SESCOOP/GO:
32
filiadas. Contando para isso com uma Frente Parlamentar Cooperativa –
FRENCOOP, na Câmara dos Deputados;
10 – Programa de Autogestão: programa desenvolvido para promover o
fortalecimento empresarial e associativo das cooperativas, bem como a manutenção
de sua atuação dentro das bases legais e doutrinarias, preconizadas na legislação,
nos instrumentos legais do programa e na doutrina cooperativista;
POR ESTADO
POR RAMO
Por Regiões
1270 708
1634
3161 582
CENTRO-OESTE NORDESTE NORTE SUDESTE SUL
REGISTROS EM GOIÁS
RAMOS JUCEG OCB-GO
AGROPECUÁRIO 122 43
CONSUMO 42 5
CRÉDITO 38 27
EDUCAIONAL 23 12
ESPECIAL 0 0
HABITACIONAL 34 3
34
INFRA-ESTRUTURA 13 13
MINERAL 22 0
PRODUÇÃO 1 1
SAÚDE 39 21
TRABALHO 90 23
TURISMO E LASER 0 0
TRANSPORTE 56 13
TOTAL 480 161
Fonte OCB-GO 2004
ANEXO I
Anexo II
Aos ... dias do mês de ... do ano de ........, às ... horas, em ... (indicar a
localidade), Estado de ..., reuniram-se com o propósito de constituírem uma
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sociedade cooperativa, nos termos da legislação vigente, as seguintes pessoas
(nome por extenso, nacionalidade, profissão, idade, estado civil(se solteiro, informar
data de nascimento, se casado informar regime de bens), RG e órgão emissor-UF,
CPF, residência, número e valor das quotas partes subscritas de cada fundador. Foi
aclamado, para coordenar os trabalhos, o Senhor ... (nome do coordenador), que
convidou a mim ... (nome do secretário), para lavrar a presente Ata, tendo
participado ainda da Mesa as seguintes pessoas: (nome e função das pessoas).
Assumindo a direção dos trabalhos, o coordenador solicitou que fosse lido, explicado
e debatido o projeto de estatuto da sociedade, anteriormente elaborado, o que foi
feito artigo por artigo. O estatuto foi aprovado pelo voto dos associados fundadores,
cujos nomes estão devidamente consignados nesta Ata. A seguir, o Senhor
Coordenador determinou que se procedesse à eleição dos membros dos órgãos
sociais, conforme dispõe o estatuto recém-aprovado. Procedida à votação, foram
eleitos para compor o Conselho de Administração (ou Diretoria, conforme o caso), os
seguintes associados: Presidente: (colocar os demais cargos e respectivos
ocupantes), para membros do Conselho Fiscal, os Senhores, ... para seus suplentes,
os associados ... todos já devidamente qualificados. Nesta data, todos os
associados eleitos declaram, sob as penas da Lei, de que não estão impedidos de
exercer a administração da sociedade, por lei especial, ou em virtude de
condenação criminal, ou por se encontrarem sob os efeitos dela, a pena que vedem,
ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular,
contra o sistema financeiro nacional, contra normas de defesa da concorrência,
contra as relações de consumo, fé pública, ou a propriedade (artigo 1.011 parágrafo
1º, CC/2002) e que não existe parentesco até segundo grau em linha reta ou
colateral entre os membros da diretoria executiva, bem como para o conselho fiscal
e conselho de ética. Dando seqüência à assembléia o senhor coordenador propôs
que não haverá remuneração a título de pró-labore para os componentes do
conselho de administração, nem valor de célula de presença para os conselheiros
fiscais (ou que a remuneração dos componentes do conselho de administração, a
título de pró-labore fosse de .............reais, bem como o valor da cédula de presença
dos conselheiros fiscais fosse de.......... reais, por presença efetiva em reuniões); a
proposta foi discutida pelos associados fundadores e aprovada, após votação pela
assembléia . Prosseguindo todos foram empossados nos seus cargos e o presidente
eleito do conselho de administração, assumindo a direção dos trabalhos agradeceu
a colaboração de todos os membros nesta tarefa e declarou definitivamente
constituída, desta data para o futuro, a cooperativa................(nome) com sede em
(localidade), localizada à..................(endereço completo) Estado ..............., que tem
por objeto: .....................(acrescentar um resumo dos objetivos transcritos do
estatuto). Ainda, conforme estatuto aprovado, todos os associados subscrevem as
quotas partes acima elencados, as quais são integralizadas neste ato, à vista, (ou
em ....... parcelas mensais sucessivas, tendo todos os associados integralizados a
primeira parcela neste ato). Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente da
cooperativa deu por encerrados os trabalhos e eu, (nome do secretário), que servi
de Secretário, lavrei a presente Ata que, lida e achada conforme, contém as
assinaturas de todos os associados fundadores, como prova da livre vontade de
constituir essa cooperativa (local a data)
(Assinatura do Secretário da Assembléia)
(Assinatura de todos os associados fundadores)
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Observações:
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