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Dinâmica de Sistemas Lineares e Controle

Aula 2

Thiago G. Ritto

Departamento de Engenharia Mecânica (POLI/COPPE)


Universidade Federal do Rio de Janeiro

Agosto/2020

Thiago G. Ritto (UFRJ) DSL-Controle Agosto/2020 1 / 35


Tópicos

1 Aplicações

2 Modelo

3 Números complexos

4 Exemplos

5 Hipóteses básicas

6 Classificação de sistemas

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Livros de Referência

Há diversas referências disponı́veis na literatura. As referências básicas


usadas nesse curso são as seguintes:
Nise (2012), Engenharia de Sistemas de Controle, 6a edição, LTC.
Ogata (2010), Modern Control Engineering, 5th edition, Prentice
Hall.
Inamn (2001), Engineering Vibration, Prentice Hall.

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Aplicações

As aplicações de interesse são diversas, tais como:


Máquinas
Robôs
Epidemias∗
...
*https://spectrum.ieee.org/biomedical/diagnostics/
how-control-theory-can-help-control-covid19
*https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.05.30.20117556v1.full.pdf

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Modelo

Modelo é uma representação simplificada da realidade, usada para


entendê-la.

*pensamos através de modelos

Dicionário (http://www.aulete.com.br/modelo):
15. Fı́s. Conjunto de hipóteses, de ideias, sobre a estrutura de um
sistema fı́sico, pelo qual podem ser explicadas as propriedades desse
sistema.
16. Inf. Representação simplificada de um fenômeno, que serve
de referência para análise e estudo.

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Modelo computacional
Modelo computacional usa equações e o computador para fazer as
análises (numéricas).

Entradas Saídas
Modelo
(inputs) (outputs)

Estudamos modelos durante todo o curso de engenharia (MECSOL, DIN,


VIB, TERM, MECFLU,...).
Sistema
Mecânico

Modelo

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Modelo

x(t)
k
d io m f(t)
é c
Pr

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Números complexos

O número z é complexo se z = a + bj, sendo j = −1, e a, b ∈ R. Veja o
plano complexo (Re, Im) na figura abaixo.
Im

θ
a Re

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Números complexos

O complexo conjugado de z é z = a − bj, e



O módulo de z é |z| = a2 + b 2 ,
Re(z) = a ,
Im(x) = b , (1)
) z = atan ba .

θ=<

Usando a fórmula de Euler e jθ = cos θ + j sin θ, chegamos à:

z = |z|(cos θ + j sin θ) = |z|e jθ ,


(2)
z = |z|e −jθ .

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Números complexos

Por que trabalhar com números complexos?


Porque aparece (naturalmente) nas nossas formulações (ex.
vibrações).
Porque pode facilitar a formulação/solução do problema.

Exemplo de um sistema com 2-DOF:

mẍ(t) + c ẋ(t) + kx(t) = fx (t) ,


(3)
mÿ (t) + c ẏ (t) + ky (t) = fy (t) .
Se fizermos z = x + yj e f = fx + fy j, chegamos à

mz̈(t) + c ż(t) + kz(t) = f (t) . (4)

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Exemplos

Exemplo de um sistema com 2-DOF (Ground resonance, Coleman):


c k
ẍ(t) − 2ω ẏ − ω 2 x + m ẋ(t) + m x(t) = 0,
(5)
c k
ÿ (t) + 2ω ẋ − ω 2 y + m ẏ (t) + m y (t) = 0.
Se fizermos z = x + yj, chegamos à

c k
− ω2 z = 0 .
 
z̈(t) + 2ωj + m ż + m (6)
Abra as contas e verifique!

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Exemplos

Exemplo de um sistema com 1-DOF:

mẍ(t) + kx(t) = 0 . (7)


Propondo a solução x = Xe λt , chegamos à
q q
k k
λ2 m + k = 0 λ = ± −m = ±j m = ±jωn , (8)
q
k
sendo m, k > 0, e ωn = m é a frequência natural do sistema. Então
chegamos a duas soluções. Como o sistema é linear, podemos escrever a
solução geral como combinação linear das soluções obtidas:

x(t) = Ae jωn t + Be −jωn t . (9)

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Exemplos

Podemos escrever x(t) = Ae jωn t + Be −jωn t usando senos e cossenos:

x(t) = C cos(ωn t) + D sin(ωn t) . (10)


sendo as constantes A, B, C , e D obtidas a partir das condições iniciais do
problema x(0) e ẋ(0).

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Exemplos

*Inman (2001), Engineering Vibration, Prentice Hall.

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Exemplos

Exemplo de um sistema com 1-DOF:

mẍ(t) + c ẋ(t) + kx(t) = 0 . (11)


Propondo a solução x = Xe λt , chegamos à

−c± c 2 −4mk
λ2 m + λc + k = 0 λ= 2m . (12)

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Exemplos

Se (c 2 −
√ 4mk) = 0 → λ1,2 = −c/2m, e definimos o amortecimento crı́tico
ccrit = 4mk = 2mωn . Se (c 2 − 4mk) > 0 → λ1,2 < 0. Finalmente, se
(c 2 − 4mk) < 0 → λ1,2 = −c/2m ± jωd , e a solução pode ser escrita
como:
c c
x(t) = Ae − 2m +jωd t + Be − 2m −jωd t , (13)

sendo jωd = c 2 − 4mk/2m a frequência de oscilação do sistema
amortecido. Temos também a taxa de amortecimento
ξ = c/ccrit = c/(2mωn ).

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Exemplos

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Exemplos

Exemplo de um sistema com 1-DOF:

mẍ(t) + kx(t) = f (t) . (14)


Fazendo f = Fe jωt , e propondo a solução x = Xe jωt , chegamos à

(−ω 2 m + k)X = F X = (−ω 2 m + k)−1 F , (15)


sendo H = (−ω 2 m + k)−1 a função resposta em frequência (FRF).
1
*se o sistema for matricial nunca fazer (−ω 2 m+k)
!

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Hipóteses básicas

Em DSL consideramos duas importantes hipóteses simplificadoras: sistema


linear e invariante no tempo.
Para um sistema linear vale o princı́pio da superposição:

f (αu) = αf (u) (homogeneidade - grau 1)


(16)
f (u1 + u2 ) = f (u1 ) + f (u2 ) (aditividade) .

Ou f (α1 u1 ± α2 u2 ) = α1 f (u1 ) ± α2 f (u2 ) .

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Sistema linear

Resposta de um sistema linear no tempo (integral de convolução):


Rt
y (t) = (g ∗ u)(t) = −∞ g (t − τ )u(τ )dτ , (17)
sendo u(t) a entrada e g (t) a resposta ao impulso unitário.
u(t)

g(t)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Convolu%C3%A7%C3%A3o

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Sistema linear

A função g (t) é a resposta ao impulso unitário.


u(t)
y(t)

(t-t*)
g(t)

t* t t* t

*podemos modelar um impulso a partir das c.i. x0 = 0 e v0 = F ∆t/m, sendo


I = G2 − G1 = F ∆t = mv0 − 0.

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Delta de Dirac
Estamos interessados no limite, ε → 0.

*Inman (2001), Engineering Vibration, Prentice Hall.

Z +∞
δ(t − τ )dt = 1 ,
−∞
(18)
Z +∞
δ(t − τ )f (t)dt = f (τ ) .
−∞

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Sistema linear
Se um sistema é linear, para um carregamento qualquer u(t), t > 0:

∆y (ti ) = u(ti )g (t − ti )∆t


y (tj ) = ji=1 u(ti )g (t − ti )∆t
P
(19)
Rt
y (t) = 0 u(t)g (t − τ )dτ ,
sendo g (t − τ ) a resposta de um impulso unitário aplicado no tempo τ .
Estamos superpondo a resposta do sistema (linear) para vários impulsos.

*Inman (2001), Engineering Vibration, Prentice Hall.


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Sistema linear

Se L{f (t)} é a transformada de Laplace da função f (t), veremos que


Rt
L{y (t)} = L{ −∞ g (t − τ )u(τ )dτ } = g (s)u(s).

Essa transformada será revista na próxima aula. É bem mais simples lidar
com um sistema algébrico do que com um sistema diferencial ou integral.

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Algumas funções

funcoes.m

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Classificação de sistemas

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Sistema estático vs. dinâmico

Um sistema dinâmico varia com o tempo t (evolui com o tempo), e a


reposta depende das entradas atuais e das respostas passadas,
y (t) = f (u(t), y (t − τ )), sendo 0 < τ < t; ex. mÿ (t) + ky (t) = u(t).

Em um sistema instantâneo a reposta depende apenas das entradas


atuai,s y (t) = f (u(t)); ex. ky (t) = u(t).

Um sistema estático não envolve o tempo t, então y = f (u); ex. ky = u.

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Sistema linear vs. não-linear

Para um sistema linear, vale o princı́pio da superposição.

Para um sistema não-linear, não vale o princı́pio da superposição, e a


resposta pode ser mais rica, incluindo caos.

Nota 1: um sistema não-linear pode ser linearizado em torno de uma


configuração de interesse.

Nota 2: um sistema linear pode ser bastante complicado e apresentar


respostas pouco intuitivas.

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SISO vs. MIMO

Entradas u(t) ∈ Rn e saı́das y(t) ∈ Rm .

u(t) y(t)
SISO

u1(t) y1(t)
u2(t) y2(t)
... MIMO
...
un(t) ym(t)

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Sistema invariante no tempo
Um sistema invariante no tempo tem a saı́da independente do instante
da aplicação da entrada, i.e., se y (t) é a resposta para a entrada u(t),
então y (t − t ∗ ) será a resposta para a entrada u(t − t ∗ ). Caso contrário o
sistema é variante no tempo.
u(t)
y(t)

t t

u(t)
y(t)

t* t t* t

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Sistema causal

Um sistema dito causal é aquele para o qual a saı́da atual depende das
entradas atuais/passadas e das saı́das passadas (não antecipativo), isto
significa que y (t) ∈ R é realizável para todo u(t) ∈ R. Caso a relação
normal de causa e efeito seja violada, o sistema é classificado como não
causal.

Nota: estamos interessados apenas em sistemas fı́sicos que são causais.

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Sistema discreto vs. contı́nuo

Um sistema é t-contı́nuo se todos os sinais são expressos em termos de


uma variável contı́nua t ∈ R.

Um sistema é t-discreto se todos os sinais são expressos em termos de


uma variável discreta z ∈ Z.

Nota: o sinais são contı́nuos, mas, quando amostrados, se tornam


discretos.

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Sistema de controle com malha aberta vs. fechada

Em um sistema de controle com malha aberta, a saı́da não é comparada


com um sinal de referência, para que seja definida uma ação de controle.
Ex. ventilador de casa, forno de casa.

Em um sistema de controle com malha fechada, a saı́da é comparada


com um sinal de referência para que seja definida uma ação de controle
que torne a saı́da o mais próxima possı́vel da desejada. Ex. ar
condicionado, geladeira.

*controle manual: aceleração do carro, temperatura da água do chuveiro.

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Sistema de controle com malha aberta vs. fechada
Sistema em cascata, paralelo, e com malha fechada.

*Ogata (2010)

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Sistema determinı́stico vs. estocástico

Um sistema determinı́stico não considera modelos probabilı́sticos


(estocásticos).

Um sistema estocástico envolve modelos probabilı́sticos (estocásticos).

u(t) y(t)
Sist.

U(t) Y(t)
SIST.

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