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2.1 - Apresentação
O presente módulo apresenta alguns dos fundamentos acústicos que explicam
como funcionam as flautas. Após apresentar alguns fundamentos acústicos
básicos sobre o que são e como são produzidos os sons, trataremos da
produção sonora (paleta de ar e embocadura livre), assim como dos
mecanismos responsáveis pela emissão de diferentes notas e registros (tubos
acústicos e alturas) e suas consequências para a afinação do instrumento.
Para os seres humanos o principal meio de transmissão dos sons é o ar. No ar, a
transmissão da energia acústica ocorre através da movimentação e do choque
entre as moléculas do ar. Na ciência, os sons geralmente são representados
como um gráfico em forma de onda, o qual representa os pontos de maior e
menor pressão das moléculas.
(Fonte: https://hearinghealthmatters.org/waynesworld/2016/an-upper-
limit-to-sound/)
(Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-onda.htm)-
(Fonte; https://bandworld.org/pdfs/TubaProject.pdf)
(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Palheta_(sopros))
(Fonte: https://flutecase.ru/wp-content/uploads/2019/09/Flute-Tone-
Improvement.pdf)
Vamos agora explicar como ocorrem estes distúrbios causados pela palheta de
ar em uma flauta transversal, detalhando quatro fases que ocorrem neste
processo:
Fase 1: O jato de ar que sai dos lábios do flautista é dividido pela aresta na
parte exterior do orifício do bocal (a "quina" do orifício do bocal que fica mais
longe dos lábios). A parcela do jato de ar que entra no instrumento faz com que
a pressão na área interna do orifício do bocal aumente, e fique gradualmente
maior do que a pressão no exterior do bocal.
Com o desvio do jato de ar para fora do bocal, a pressão dentro do bocal não
vai mais ter energia para se direcionar para fora do orifício do bocal. Esta
pressão vai então se dirigir para o corpo do instrumento, fazendo a pressão na
área do orifício do bocal diminuir gradualmente. É como se a “tampa” de ar no
bocal fosse abrindo, permitindo o ar soprado entrar no instrumento.
Fase 3: Nesta fase o jato de ar é novamente dividido pela aresta, porém neste
momento o deslocamento da pressão do ar na direção do corpo do
instrumento - criado na fase 3 - cria uma zona de baixa pressão no orifício do
bocal.
(Fonte: https://prceu.usp.br/noticia/cafe-cientifico-matematica-e-musica/)
O exemplo mais antigo que temos de uma flauta - 40.000 anos (rever Módulo 1:
As flautas nos contextos históricos e culturais) - é de um instrumento com um
tubo único, mas com orifícios que permitem a emissão de diferentes notas.
A figura abaixo mostra como tubos com o mesmo comprimento vão produzir
notas (Ls) diferentes, a depender do diâmetro dos orifícios. As notas produzidas
(os diferentes Ls) vão equivaler às notas produzidas por tubos com os
comprimentos diferentes (como numa flauta de Pan), sendo que os orifícios têm
o efeito de "encurtar" o comprimento de um tubo único, produzindo notas
equivalentes às de tubos menores. No exemplo (a) o tubo não é furado e a nota
produzida (L) equivale a seu comprimento total, ou seja, uma nota mais grave.
Na figura (b) um orifício de diâmetro reduzido não altera a nota produzida (L),
que ainda equivale ao comprimento total do tubo, a nota produzida é a mesma
que o tubo sem o furo produz. No exemplo (c) um orifício com um diâmetro
maior, mas não ainda muito grande, resulta em uma nota (L), que equivale a
nota de um tubo menor, porém com um comprimento maior do que um tubo
que fosse "cortado" no local do orifício, produzindo uma nota mais aguda do
que a produzida pelo tubo sem o furo. Na figura (d), um orifício de diâmetro
maior resulta em uma nota (L) equivalente aquela que seria produzida por um
tubo que fosse "cortado" no local do orifício, produzindo uma nota mais aguda
do que a produzida pelo tubo sem furo, e da nota produzida pela furação com
diâmetros menores.
Theobald Boehm propôs então um novo sistema de furações, em que cada nota
da escala cromática (12 notas para completar uma oitava) tem o seu orifício
específico, e com isto este tipo de flauta alcança uma grande homogeneidade
sonora entre as notas, além de uma melhor afinação e maior volume de som.
Uma flauta moderna produz muitas outras notas além daquelas 12 resultantes
da furação demonstrada acima. A figura abaixo apresenta o registro tradicional
da flauta.
Na flauta, as diferentes notas são produzidas tanto pelo efeito das furações,
como também pelo efeito dos parciais harmônicos.
Existem instrumentos de sopro que mesmo sem ter chaves ou pistos - ou seja,
com um tubo único sem furos - conseguem tocar diversas notas. Um exemplo
deste tipo de instrumento são os clarins militares.
https://youtu.be/i0g6yhhVTso
(Fonte: Autor)
Uma última observação em relação aos parciais harmônicos é que estes podem
ser produzidos através de diferentes maneiras: pelo aumento da pressão do ar
expirado ("soprar mais forte"), pela modificação do formato e da abertura dos
lábios, e pela mudança do ângulo em que o jato de ar alcança o porta-lábios
(aresta), como veremos no Módulo 9: Embocadura II - exercícios para registro e
flexibilidade.