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Fisioterapia Ser • vol.

7 - nº 3 • 2012

Artigo Original

Prevalência de Sinais e Sintomas


Musculoesqueléticos em Músicos da Orquestra
Sinfônica do Theatro da Paz

Prevalence of Musculoskeletal Signs and Symptoms


in Musicians Symphony Orchestra of the Theatre of Peace

Carolina Betânia de Jesus Mardock1, Sara Pinto da Costa de Moraes1, Yasmin Rodrigues Sampaio1,
Wellington Pinheiro de Oliveira2

1. Autoras. Acadêmicas do curso de Fisiote- Resumo


rapia do Centro Universitário do Pará
(CESUPA), Belém (PA), Brasil. Introdução: A performance musical é uma atividade de grande habilidade
2. Orientador. Mestre em Genética e Biolo- neuromuscular que requer velocidade, precisão e resistência, exigindo do intérprete
gia Molecular (UFPA). Professor do Curso um alto grau de desempenho que muitas vezes ultrapassa seu limite físico, levando ao
de Fisioterapia e Medicina do Centro Uni- desenvolvimento de lesões no sistema musculoesquelético. Portanto, o presente
versitário do Pará (CESUPA), Belém (PA),
Brasil. estudo objetivou identificar a prevalência dos sinais e sintomas musculoesqueléticos
em músicos da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP). Metodologia: Partici-
param da pesquisa 44 músicos da OSTP, que concordaram em responder o Nordic
Endereço para correspondência: Musculoskeletal Questionnaire, um questionário desenvolvido para padronizar a
Wellington Pinheiro de Oliveira – Tv.
Lomas Valentinas, 1412, apto. 701 – Pe- mensuração de relato de sintomas osteomusculares. Resultados: verificou-se que
dreira – Belém – PA – Cep 66087-441 – 95,45% (42) músicos referiram dor ou desconforto em ao menos uma das regiões
Fones: (91) 88447927 – (91) 82139244. corporais, estes sintomas foram frequentes em 95,45% (42) dos músicos no último
E-mail: wellfisio@yahoo.com.br ano, dos quais 81,81% (36) sentiram dor na última semana, os punhos, mãos e dedos
foram a região mais afetada, tanto pra os último ano (65,91%) quanto para a última
semana (50%). A maior correlação com o instrumento tocado foi observada nos violistas
(19,23%) com sintomas nos ombros e a menor entre os trompetistas (3,55%) nos
Recebido para publicação em 08/03/2012 e punhos, mãos e dedos. Conclusão: O trabalho evidencia que as regiões acometidas
aceito em 30/05/2012, após revisão.
estão relacionadas ao instrumento tocado e demonstra uma grande prevalência de
sintomas musculoesqueléticos nos músicos da OSTP.

Palavras-chave: prevalência, sinais e sintomas, musculoesqueléticos, questionário


nordic.

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Abstract
Introduction: The musical performance is a great skill neuromuscular activity that requires speed, precision and endurance,
requiring a high degree of interpreter performance that often exceeds its physical limit, leading to the development of lesions in
the musculoskeletal system. Therefore, this study aimed to identify the prevalence of musculoskeletal symptoms and signs in
musicians of the Symphony Orchestra of Peace Theater (SOPT). Methodology: There were 44 musicians of the SOPT, who agreed
to answer the Nordic Musculoskeletal Questionnaire, a questionnaire developed to standardize the measurement of reported
musculoskeletal symptoms. Results: We found that 95.45% (42) players reported pain or discomfort in at least one of body parts,
these symptoms were prevalent in 95.45% (42) Musicians in the last year, of which 81.81% (36) felt pain during the last week,
wrists, hands and fingers were the most affected region, both for the last year (65.91%) and for the last week (50%). The highest
correlation with the instrument played was observed in violists (19.23%) with symptoms in the shoulders and lower among the
trumpeters (3.55%) wrists, hands and fingers. Conclusion: This study shows that the regions involved are related to the
instrument played and demonstrates a high prevalence of musculoskeletal symptoms in the musicians of the SOPT.

Keywords: prevalence, signs and symptoms, musculoskeletal, nordic questionnaire

Introdução soas que não tenham sido preparadas para realizá-los, ou que
O trabalho dos profissionais de música tem riscos físicos tenham uma capacidade funcional insuficiente6.
e mentais que estão relacionados aos hábitos particulares Como observado por Leão e Silva7, a dor musculo
dos músicos e dos estresses que estes encontram1. esquelética é um dos mais importantes problemas de saúde
A performance musical é uma atividade de alta habilidade pública enfrentado pelos países ocidentais. Os custos rela-
neuromuscular que requer velocidade, precisão e resistência cionados com aspectos médicos e sociais têm crescido in-
podendo ocasionar uma variedade de problemas médicos2. cessantemente nas últimas décadas e atingem atualmente
Para Fragelli, Carvalho e Pinho3, o alto grau de desempenho cifras da ordem de bilhões de dólares em vários países. O
exigido, dada a evolução e a técnica dos instrumentos, solicita tratamento que busca a reversão desse quadro é
muito do intérprete, que na tentativa de conseguir a perfeição multiprofissional e as medidas não farmacológicas consti-
exigida e o total domínio técnico, muitas vezes ultrapassa seu tuem forma importante de intervenção.
limite físico. O instrumentista, seja solista, músico de orquestra O Nordic Musculoskeletal Questionnaire (NMQ) foi
ou integrante de qualquer outro tipo de agrupamento musical, desenvolvido com a proposta de padronizar a mensuração de
arca com uma demanda muito grande de exigências, considera- relato de sintomas osteomusculares e assim, facilitar a com-
velmente aumentadas por pressões musicais (o próprio estu- paração dos resultados entre os estudos. Os autores desse
dante, o professor, maestro, colegas de profissão, a mídia na questionário não o indicam como base para diagnóstico clíni-
busca de intérpretes sempre perfeitos e muito jovens e a alta co, mas para a identificação de distúrbios osteomusculares e
competição existente no meio) e financeiras. como tal, pode constituir importante instrumento de diag-
Cada instrumento tem um formato específico, que produz nóstico do ambiente ou do posto de trabalho. Há três formas
seu som típico. Causas históricas, artísticas e estéticas con- do NMQ: uma forma geral, compreendendo todas as áreas
tribuíram para que essa forma não sofresse maiores modifica- anatômicas, e outras duas específicas para as regiões, lom-
ções ao longo dos últimos séculos. A adaptação do corpo bar, pescoço e ombros8.
humano a essas características, no entanto, é feita à custa do Justifica-se esse estudo pelo alto índice de sintomas
movimento fisiológico. Em geral, a postura em relação ao ins- musculoesqueléticos em músicos, fazendo com que esta pes-
trumento é assimétrica e não-ergonômica4. quisa sirva como alerta, fonte de conhecimento aos músi-
De acordo com Cintra, Vieira e Reis 5 , existe um cos e auxilie na prevenção destas alterações. Pode-se ob-
distanciamento do músico com as medidas de prevenção dis- servar também, que a existência de literaturas brasileiras
poníveis e aplicáveis à sua realidade que atingem diretamen- sobre este assunto é bastante escassa, o que também justi-
te a formação da performance musical, visto que os currícu- fica a sua realização.
los dos cursos de licenciatura em instrumento musical, res- Diante dessa situação, este trabalho procurou verificar a
ponsáveis pela formação de professores, não incluem ne- prevalência de sinais e sintomas musculoesqueléticos em
nhuma disciplina que abranja conteúdo sobre músicos da orquestra sinfônica do Theatro da Paz. Verifican-
anatomofisiologia geral, conceitual ou aplicada. Estes exem- do o local corpóreo mais afetado de acordo com o instrumen-
plos corriqueiros de sobrecarga de trabalho geram, sem dúvi- to utilizado pelos músicos e as áreas de alterações musculo
das, o desconforto, as dores localizadas, as tensões muscu- esqueléticas referidas no questionário Nordic.
lares, fadiga, stress e distúrbios que fogem do equilíbrio na-
tural do organismo. Estas são manifestações ligadas ao Metodologia
funcionamento do aparelho locomotor do corpo humano. A pesquisa foi realizada nas dependências do Theatro
A manutenção de movimentos repetitivos por tempo pro- da Paz (Associação dos Amigos do Theatro da Paz) em Belém
longado, principalmente quando é necessário força para (PA), após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
executá-los, representa um sério risco para a saúde das pes- Centro Universitário do Pará (CESUPA) sob o CAAE -

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4673.0.000.323-10. Inicialmente os pesquisados assinaram o Tabela 1: Distribuição dos músicos da OSTP de acordo com o
termo de consentimento livre e esclarecido concordando em naipe dos instrumentos.
participar da pesquisa, em seguida foi aplicado o questioná- Naipes dos Instrumentos n %
rio Nordic individualmente nos intervalos dos ensaios da Cordas Violino 10 22,73
Orquestra, totalizando 44 músicos. A coleta de dados foi rea- Viola 6 13,64
lizada nos meses de setembro a novembro de 2010. Violoncelo 5 11,36
O questionário Nordic trata dos seguintes aspectos: I. Contrabaixo 4 9,09
Dados pessoais: gênero, idade, estado civil; II. Atividades pro- Madeira Flauta 3 6,82
fissionais: tempo na orquestra, tipo de instrumento e carga Clarinete 2 4,55
horária no trabalho; III. Sintomatologia: ocorrência de dores Oboé 2 4,55
ou desconforto, relacionados ao trabalho, em 10 regiões cor- Fagole 2 4,55
porais em relação aos últimos 12 meses e últimos 07 dias prece- Metais Trompete 2 4,55
dentes à aplicação do questionário, diagnóstico médico, trata- Trompa 3 6,82
mento realizado, dias de trabalho perdidos, incapacidade de Trombone 1 2,27
realizar alguma atividade e mudanças nas atividades8. Tuba 1 2,27
Após o registro dos dados obtidos com os 44 questioná- Percussão Percussão 3 6,82
rios, as informações foram digitadas e tabuladas em banco de
Total 44 100
dados para análise estatística descritiva dos mesmos. O ban-
co de dados, bem com as tabelas e os gráficos foram
construídos e analisados no programa BioEstat 5.0. Tabela 2: Prevalência de sintomas musculoesqueléticos em
músicos da OSTP.
Resultados Dor musculoesquelética
A pesquisa contou com a participação de 44 músicos da Últimos Últimos
Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, dos quais 30 (68,18%) 12 meses 07 dias
foram do gênero masculino e 14 (31,82%) do gênero feminino. Região de Dor n % n %
A idade variou de 20 a 58 anos, com média de 29,15 anos. Pescoço/Região Cervical 26 59,09 16 36,36
Dos músicos pesquisados 37 (84,09%) relataram tocar Ombro 26 59,09 19 43,18
até 6 horas por dia, 7 (15,91%) tocam até 8 horas e nenhum Braços 22 50,00 12 27,27
toca mais de 8 horas por dia. Cotovelos 6 13,64 5 11,36
De todos os músicos que responderam o questionário 42 Antebraços 19 43,18 15 34,09
(95,45%) referiram sentir dor ou desconforto em no mínimo Punhos/Mãos/Dedos 29 65,91 22 50,00
uma das regiões e apenas 2 (4,55%) não relataram dor em Região Dorsal 24 54,55 13 29,55
região alguma. Região Lombar 26 59,09 17 38,64
Dos 44 pesquisados, 42 (95,45%) sentiram dor nos últi- Quadril e Membros Inferiores 14 31,82 9 20,45
mos 12 meses e apenas 2 (4,55%) não sentiram nenhuma dor
durante esses 12 meses. Desses pesquisados 36 (81,81%) os violoncelistas tanto nos cotovelos quanto na região
sentiram dor nos últimos 7 dias e 8 (18,19%) não relataram dor
durante esses 7 dias, provavelmente pelo fato de a última
dorsal (16,67%), os violinistas nos braços (31,82%),
semana não ter havido um estresse extra em comparação a antebraços (31,58%) e região dorsal (29,17%), os
períodos anteriores durante o ano. oboístas nos punhos, mãos e dedos (6,90%) e região
Os naipes dos instrumentos que os músicos da Or- lombar (29,17%), os clarinetistas nos cotovelos
questra Sinfônica do Theatro da Paz referiram tocar foram: (16,67%), trombonistas nos ombros (3,85%), trompistas
cordas, madeiras, metais e percussão, no qual o instru-
mento mais prevalente foi o Violino com 10 (22,73%)
nos cotovelos (16,67%), os violistas nos ombros
instrumentistas (Tabela 1). (19,23%), tubistas no pescoço e região cervical (3,85),
As regiões anatômicas mais acometidas foram fagotistas tanto no pescoço e região cervical quanto nos
punhos, mãos e dedos, tanto com referência aos ombros (3,85%) e trompetista nos punhos, mãos e dedos
últimos 12 meses (65,91%), quanto aos últimos 7 dias e região lombar (3,45%) (Tabela 3).
precedentes a aplicação do questionário (50%) como Com relação aos últimos 07 dias, ao comparamos
pode-se observar na Tabela 2. a presença de dor por instrumento, observou-se que
Quando comparamos a presença de dor por os músicos que tocam flauta transversal sentiram dor
instrumento nos últimos 12 meses, observamos que os predominantemente no pescoço e região cervical
instrumentistas de flauta transversal apresentaram maior (12,50%), os que tocam percussão sentiram dor nos
presença de dor no pescoço e região cervical (7,69%), cotovelos (20%), os contrabaixista no quadril e
os que tocam percussão sentiram mais dor nos cotovelos membros inferiores (22,22%), os violoncelistas nos
(16,67%), os contrabaixistas nos antebraços (15,79%), cotovelos (20%), os violinistas nos braços (33,33%),
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Tabela 3: Prevalência de sintomas musculoesqueléticos em músicos da OSTP nos últimos 12 meses por instrumento.

os oboístas nos antebraços (13,33%), clarinetistas na os violistas na região dorsal (23,07%), fagotistas no
região dorsal (7,69%), trombonista nos ombros (5%), pescoço e região cervical (6,25%) e trompetistas nos
trompistas no quadril e membros inferiores (22,22%), ombros (5%) (Tabela 4).
Tabela 4: Prevalência de sintomas musculoesqueléticos em músicos da OSTP nos últimos 07 dias por instrumento.

Como muitos dos músicos avaliados apresentaram dor em (68,18%) com média de idade de 29,15 anos, como observado
mais de uma variável, a resposta obtida corresponde ao total no trabalho de Trelha et al9 com um grupo de músicos da
das regiões onde foi referido dor e não ao total de músicos. Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina
em que 82,2% são do gênero masculino com média de idade
Discussão de 39,56 anos.
A amostra da presente pesquisa contou com um grupo Em uma pesquisa realizada por Oliveira e Vezzá10, mos-
de músicos da OSTP preferencialmente do gênero masculino trou que apenas 5 (7%) dos 69 músicos afirmaram não sentir

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nenhuma dor nos 12 meses ou nos 7 dias precedentes. Este Sinfônica do Theatro da Paz, composta na sua maioria por ho-
estudo corrobora com o presente artigo, pois apenas 2 entre- mens, com faixa etária média de vinte e nove anos, que chegam
vistados (4,25%) não relataram nenhuma dor. a tocar cerca de seis horas por dia e alguns até oito horas e que
No estudo de Texeira et al11, as análises apontaram que os instrumentos mais tocados foram o violino e a viola.
90% dos instrumentistas relataram dores nos últimos 12 me- Quase todos os músicos estudados referiram dores em
ses em alguma região do corpo, concordando com os acha- alguma região do corpo ou em mais de uma, das quais foram
dos deste estudo, pois foi encontrada a presença de dor nos mais intensas durante os últimos doze meses do que os últi-
músicos em 95,55% durante os últimos 12 meses, mas dife- mos sete dias.
rente dos achados de Trelha et al9 com 77,8% para o mesmo Este estudo evidenciou ainda que as regiões acometidas
período. Quanto aos últimos 7 dias, 45% dos músicos estu- estão correlacionadas com o instrumento tocado, devido à exi-
dados por Texeira et al11 referiram queixas, 81,88% referiram gência dos mesmos, dentre as quais a mais prevalente tanto a
quadro álgico neste estudo, enquanto Trelha et al9 encontra- curto, como à longo prazo foram os punhos, mãos e dedos.
ram dor em 71,1% dos pesquisados nos últimos sete dias, Estudos como este, deixam evidente a necessidade de mais
demonstrando um quadro agudo importante nestes músicos. pesquisas a cerca desse tema, visando a proposição de pro-
Trelha et al9, identificaram na Orquestra Sinfônica da gramas de prevenção desses sinais e sintomas, como forma de
Universidade Estadual de Londrina que tanto nos último 12 amenizar os problemas inevitavelmente presentes e propor um
meses quanto nos últimos 7 dias as regiões mais acometidas tratamento mais efetivo aos músicos da Orquestra Sinfônica
foram ombro (48,9% - 44,4%). Os resultados da presente pes- do Theatro da Paz e das demais orquestras pelo Brasil.
quisa demonstraram diferença em relação a esses achados,
pois tanto nos últimos 12 meses quanto nos últimos 7 dias as Referências
regiões anatômicas mais acometidas foram punhos, mãos e 1. Gaál E. Medical problems of musicians: a survey of the research. ARTA The
dedos (65,91% - 50%). No entanto podemos observar valores Recorder Education Journal. 2001; n.7.
2. Fragelli TBO, Carvalho GA, Pinho DLM. Lesões em músicos: quando a
relativamente altos no trabalho de Trelha et al9, como na colu- dor supera a arte. Revista Neurociências. 2008; 16(4): 303-309.
na cervical (46,7% - 40,0%) e coluna dorsal (46,7% - 40,0%) e 3. Moura RCR, Fontes SV, Fukujima MM. Doenças ocupacionais em músi-
neste estudo também, no pescoço/região cervical (59,09% – cos: uma abordagem fisioterapêutica. Revista de Neurociências. 2000; 8(3):
36,36%) e região dorsal (54,55% – 29,55%) respectivamente 103-10.
4. Frank A, Mühlen CA. Queixas musculoesqueléticas em músicos: prevalência
para 12 meses e 07 dias. e fatores de risco. Revista Brasileira de Reumatologia. 2007; Mai/Jun.
Marques, Freitas e Chiarelli12, disseram que para o músi- 47(3): 188-196.
co violinista e violista estabilizar seu instrumento, ele precisa 5. Cintra S, Vieira M, Ray S. Relações da performance musical com a
biomecânica do movimento humano. In: Anais do IV Seminário Nacional
fazer uma rotação e flexão da região cervical e que devido a De Pesquisa Em Música da UFG, Goiânia. 2005.
esse mecanismo 12 músicos (70,59%) dos 17 de seu estudo 6. Nicoletti S. Exame clínico do paciente com distúrbios musculoesqueléticos
relataram dor nesta região. Essa pesquisa demonstrou resul- ocupacionais. Centro Brasileiro de Ortopedia Ocupacional. 1996; Dez. 4.
7. Leão ER, Silva MJP. Música e dor crônica musculoesquelética: o potencial
tados diferentes destes autores, pois os violinistas durante
evocativo de imagens mentais. Revista Latino-Americana de Enfermagem.
os últimos 12 meses e 7 dias sentiram dores nos braços (31,82% 2004; Mar/Abr. 12(2): 235-241.
– 33,33%) e os violistas apresentaram dor nos cotovelos e 8. Pinheiro FA, Tróccoli BT, Carvalho CV. Validação do questionário Nórdi-
região dorsal (16,67%) durante os últimos 12 meses e na re- co de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Revista de
Saúde Pública. 2002; apud Kuorinka I, Jonsson B, Kilbom A. Standardised
gião dorsal (23,07%) nos últimos 7 dias. Nordic questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Appl
Texeira, Merino e Lopes13, observaram que os músicos de Ergon, 1987; 18: 233-237.
sopro apresentaram queixas principalmente na região dos an- 9. Trelha CS, Carvalho RP, Franco SS, Nakaoski T, Broza TP, Fábio TL,
Abelha TZ. Arte e Saúde: frequência de sintomas musculoesqueléticos em
tebraços, punhos e mãos. O presente trabalho concorda em
músicos da Orquestra Sinfônica Estadual de Londrina. Semina: Ciências
parte, pois as regiões mais prevalentes nos músicos desse gru- Biológicas e da Saúde. 2004; Jan/Dez. 25: 65-72.
po de instrumentos foram pescoço e região cervical (11,54%) e 10. Oliveira CFC, Vezzá FMG. A saúde dos músicos: dor na prática profissional
punho, mãos e dedos (10,45%). Estes mesmos autores afirmam de músicos de orquestra no ABCD paulista. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional. 2010; 35(121): 33-40.
que aos músicos de cordas relataram maiores desconfortos 11. Teixeira CS, Kothe F, Pereira EF, Gontijo LA, Merino EAD. O trabalho
nos ombros, braços, pescoço e costas. Concordando também dos músicos: análise das queixas musculoesqueléticas e suas relações com
parcialmente, visto que os músicos de cordas dessa pesquisa a prática instrumental. Associação Brasileira de Engenharia de Produção.
2010; Jun. 10 (2): 325-341.
sentiram mais dor nos ombros (19,23%), braços (31,82%), coto- 12. Marques K, Freitas D, Chiarelli V. Prevenção da disfunção temporomandibular
velos (16,67%), antebraços (15,79%) e região dorsal (16,67%). em violinistas e violistas da Orquestra Petrobras Sinfônica. Revista Eletrô-
nica Novo Enfoque. 2010; 10 (10): 58-67.
Conclusão 13. Teixeira CS, Merino EAD, Lopes LFD. A atividade do músico de orques-
tra: prática instrumental e desconforto corporal. In: Anais do Congresso
O presente estudo demonstrou uma grande prevalência Brasileiro de Ergonomia, Fórum Brasileiro de Ergonomia e Congresso
de sintomas musculoesqueléticos nos músicos da Orquestra Brasileiro de Iniciação em Ergonomia. Porto Seguro. 2008.

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