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Como Nós
I
Animais
Como Nós
Primeira versão criada inteiramente durante o evento RPGénesis,
7 dias de escrita ao correr da pena entre 14 e 20 de Agosto de 2011.
Este texto não se encontra revisto, testado ou completado.
Agradecimentos
E a todos os patrocinadores
e participantes neste evento
Obrigado.
- Fernando Pessoa
Apresentação
Animais Como Nós é um jogo para três pessoas com uma
duração aproximada de trinta minutos por volta. Em cada
volta, há três vozes que rodam entre os três jogadores: o
Animal, o Coração e o Vento. O Animal quer viver, o Coração
quer sentido e o Vento quer mudança. Uma volta termina
quando todos os jogadores tiverem tido a sua vez como
Animal, Coração e Vento. Ao fim de cada volta, os jogadores
podem dar o jogo por terminado ou podem dar outra volta. Se
terminarem o jogo, podem continuar a jogar mais tarde a
partir das voltas que já deram ou podem simplesmente
começar um novo jogo.
Mundo
No início do século XV em Portugal, a vida nos matos,
trilhos, vilas e quintas desta terra cresce e floresce à
custa de muito sacrifício. Há sempre aqueles que sofrem e
aqueles que prosperam, mas ninguém sabe ao certo de que
lado estará amanhã. Dia e noite, cada animal à sua maneira
enfrenta os desafios que lhe cabem: encontrar comida,
acasalar, fazer um ninho, resguardar-se do frio, marcar
território, cuidar dos filhos, sobreviver a predadores, lamber
as feridas, evitar a crueldade dos homens e eventualmente
aprender a viver debaixo deles. Pequenos e grandes, do mato
ou das quintas, do céu ou da terra, todos os animais teem a
sua própria perspetiva sobre o mundo e, se alguns só
procuram a companhia daqueles que são da sua raça, outros
conseguem entender-se com vários animais apesar de falarem
línguas diferentes. Talvez até com os homens e com as pedras
seja possível falar.
Azulejos
Para o jogar começar, as pedrinhas são postas todas no
meio da mesa e cada jogador fica com uma ficha de
azulejos à sua frente. A voz do Animal será primeiro do
jogador mais jovem, seguindo-se a ele o menos jovem e, por
fim, o mais velho, pelo que os jogadores devem sentar-se nesta
ordem seguindo os ponteiros do relógio. O jogador à esquerda
do Animal será o seu Coração e o jogador à sua direita será o
seu Vento. Na ficha, os jogadores podem escrever o seu nome
em baixo, e verem representados nove azulejos dispostos em
grelha, nove quadrados com os símbolos que representam as
três vozes ordenados de acordo com a sequência de uma volta.
Pedras
O monte de doze pedrinhas postas no meio da mesa
chama-se Mosteiro e dele, no início do jogo, cada
jogador retira um Espólio de três pedrinhas que coloca
ao lado da sua ficha. Durante o jogo, cada jogador poderá
dar ou receber pedrinhas do Mosteiro para o seu Espólio.
Estas pedrinhas representam a força que cada jogador tem
para suportar esta abóbada de histórias que é construída pelas
vozes dos três jogadores. Se o jogo parar para ser recomeçado
mais tarde, os jogadores podem manter o registo do número
de pedrinhas que o seu Espólio tem colocando um X por cada
pedrinha à frente do seu próprio nome.
Vozes
A voz do Animal é a voz mais importante deste jogo. As
histórias nele criadas nunca seriam verosímeis se o instinto e a
natureza dos animais não determinasse o seu comportamento.
Qualquer Animal, acima de tudo, quer estar vivo amanhã, de
preferência com a barriga cheia e satisfeito por ter acasalado.
Por outro lado, se estiver a sofrer, só quer que a dor pare e, se
o seu sofrimento não tiver fim, talvez só queira morrer, mas,
acima de tudo, um animal é uma criatura simples. Quer beber
se tiver sede, quer calor se tiver frio, quer fugir se tiver medo,
quer seguir a sua natureza pois é ela que tem garantido a
sobrevivência da sua espécie durante gerações. Cada animal
tem também o seu modo de experimentar o mundo, a sua
maneira de nele brincar, os seus gostos e os seus pequenos
prazeres guiados pelos seus sentidos apurados e pelas suas
capacidades naturais. Com o pragmatismo que num piscar de
olhos o transporta através da lufa-lufa do seu dia-a-dia, um
animal não costuma parar para pensar.
Palavras do autor
Talvez a história da criação deste jogo tenha começado quando
folheei as primeiras páginas do livro “Batalha” de David Soares:
http://www.saidadeemergencia.com
Seja como for, espero ter aqui uma primeira versão em bruto de
um jogo que venha a ser merecedor da inspiração que recebeu,
da confiança que me foi dada e do apoio da nossa espetacular
comunidade de RPGistas em língua portuguesa.
Força AliançaRPG!