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Curso de Licenciatura em Artes Visuais

MEU CONFORTO
Marina Inês de Luna Cardoso
Juliana Copetti Hickmann

INTRODUÇÃO

Na matéria de Cor e Forma, fomos introduzidos ao estudo teórico e prático


dos fundamentos de pintura, com diversas possibilidades plásticas para a organização
de elementos visuais em uma obra (repetição de formas, relação figura-fundo), para
esquemas compositivos (proporção áurea, regra dos terços), para uso de materiais e
de cores (matiz, temperatura, iluminação, saturação). Essas alternativas estéticas
permitem aos alunos uma enorme variedade de criação, portanto, foram selecionadas
apenas algumas a serem utilizadas.
Este trabalho se apresenta em forma de uma série de estudos e
experimentos de composição e pintura, utilizando uma variedade de materiais para tal
realização.
Essa pesquisa tem como objetivo a produção de uma obra final contendo o
que de melhor foi aproveitado ao longo das experimentações.
Além da prática, também foram feitos levantamentos bibliográficos, os
principais autores utilizados para tal sustentação teórica foram: GOETHE (1993) e
OSTROWER (2013).

DESENVOLVIMENTO

Dando início aos experimentos, a primeira coisa a se fazer é a escolha de


um tema e esboçar as ideias para as possíveis ilustrações. Assim que determinei que a
obra seria uma representação de uma paisagem figurativamente, realizei pequenos

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rascunhos de esquemas compositivos em uma folha para observar com um certo


distanciamento os caminhos que poderiam ser seguidos.
Fiz a escolha do esboço visando qual me agradou mais e também qual não
seria tão complicado de ser realizado, para poder ter maior foco no processo de
pintura. Minha intenção com a pintura era que fosse algo simples, porém agradável,
bonito e de certa forma, aconchegante. Antes ainda de tomar a decisão sobre o tema
que gostaria de trabalhar, já tinha em mente que gostaria de criar algo que remetesse
ao estilo de arte do animador Hayao Miyazaki, conhecido principalmente por seu
longa-metragem Mononoke Hime.
O arranjo compositivo escolhido é a Regra dos terços, definida no livro
Observações sobre a sociedade rural (1797) de John Thomas Smith, princípio baseado
em dividir imagens em terços (nove partes equivalentes) e posicionar o elemento de
interesse da pintura no ponto em comum de duas linhas concorrentes ou próximo a ele,
muito utilizado em fotografias.

MATERIAIS

● Papelão;
● Folha sulfite;
● Papel paraná
● Tinta guache;
● Aquarela;
● Lápis de cor supersoft;
● Lápis de cor aquarelável;
● Giz de cera;
● Pincel Língua de Gato;
● Pincel chato.

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1 ESTUDO COM CORES FRIAS

No primeiro estudo, optei por utilizar um esquema de cores


predominantemente frias, segundo o polímata Johann Wolfgang von Goethe, pois foi
ele o precursor da divisão entre cores quentes (magenta, vermelho, amarelo, laranja) e
cores frias (azul, violeta, verde).
Primeiramente, passei duas camadas de tinta branca no suporte de papelão
para que as cores pegassem com mais facilidade, pois a cor do fundo poderia
atrapalhar o fundo, foi o que pensei me lembrando da teoria de contraste sugerida por
Chevreul e reforçada por PEDROSA (2009):
Sobre um fundo branco, ou neutro homogêneo, sem suporte químico, obtive a
coloração complementar (inexistente) da cor dominante pintada, perceptível ao
primeiro contato visual, sem necessidade de saturação retiniana, e detectável
por qualquer câmera fotográfica. ( p. 9)

Após isso, coloquei as cores principais evitando a área que a nuvem estaria
posicionada, utilizando um pincel grande e macio. Quando percebi que estava seco o
suficiente para uma segunda demão, misturei um azul com um pouco de vermelho para
pintar a parte superior do céu e fazer um degradê até um azul mais claro e com um
pouco menos de saturação na parte mais inferior. Para a grama, misturei azul e uma
quantidade maior de amarelo, e minha intenção era que quanto mais perto do do canto
inferior direito, mais escura e “azulada” seria.
Novamente com o pincel grande, coloquei um pouco de laranja na tinta azul
para diminuir um pouco da saturação e pintei uma sombra na nuvem, dando a
impressão de que a iluminação venha do sol do lado esquerdo. Quando a tinta secou, a
sombra ficou mais clara do que quando apliquei a tinta, mas decidi não mudar isso,
para manter um contraste menor entre a parte mais iluminada e um contraste maior
com a silhueta do gato que fiz, dando então mais destaque para esse ele. Misturando
azul com um pouco de branco, fiz mais detalhes na sombra, para poder em seguida
realçar a parte iluminada com branco puro.

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Adicionei detalhes com um pincel menor, como a grama, os pássaros e


detalhes em branco no céu. Com o mesmo tom de verde usado para fazer a grama, fiz
pequenos riscos no gato, para integrá-lo no espaço também. Por fim, passei uma cor
mais clara por cima da silhueta do gato, para além de trazer o elemento da iluminação
e dimensão, também ser uma forma de integração, ou seja, na tentativa de deixá-lo
mais pertencente daquele ambiente.
Por não ter muita familiaridade com o material, principalmente sendo pintura
a guache no papelão, o resultado não me deixou satisfeita no quesito de detalhes e
finalização. Percebi também que é preciso esperar a secagem total antes de aplicar
uma segunda camada, caso contrário a camada de baixo sai durante a aplicação.
Outra coisa que vale a pena apontar é que o tom da tinta sofre grande mudança após
ficar seca. No entanto, as cores saíram como eu quis e acho que a paleta ficou muito
bonita. Gostei de usar esses materiais para o primeiro estudo, mas definitivamente é
preciso de mais prática.
Figura 1 - Primeiro experimento

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2 ESTUDO COM CORES QUENTES

Para essa experimentação, decidi testar outra paleta de cores e mudar


minimamente a composição para deixar o espaço mais harmônico. Dessa vez, fiz com
que o gato olhasse para a mesma direção que vem a principal fonte de iluminação e
para a mesma direção que a grama curvada aponta, com o objetivo de passar a
sensação de um vento estar atingindo o ambiente. Também mudei um pouco o formato
da nuvem e a forma de pintá-la, e adicionei mais chão atrás da grama em primeiro
plano para dar mais profundidade.
Nesse experimento, já entendendo melhor como o material se comporta, tive
mais facilidade com o manuseio. Optei por usar uma cor menos saturada no céu para

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ter mais equilíbrio, e ao invés de usar verde para a grama, pintei com um amarelo
misturado com preto. Na silhueta do gato, ao invés de usar a tinta preta pura, misturei
com um pouco de amarelo, para além de combinar e harmonizar com o chão, ter
contraste com o vermelho da nuvem por dar uma aparência mais esverdeada.
Após um tempo analisando a obra, cheguei a conclusão de que estava muito
satisfeita com o resultado, mesmo tendo gostado da paleta de cores anterior,
inesperadamente gostei mais desse estudo. A forma como trabalhei com os materiais
também foi bem menos complicada. Poderia ter parado por aqui, mas tinha curiosidade
em testar outras coisas.

Figura 2 - Segundo experimento

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3 ESTUDO COM CORES COMPLEMENTARES

O terceiro experimento foi realizado com uma mistura de lápis aquarelável e


aquarela no papel. A paleta de cores foi fundamentada em laranja e azul, sendo o
laranja usado na nuvem para maior destaque e mantendo o gato como elemento mais
escuro na composição. Usei os lápis para ter mais textura na obra, variei um pouco o
tom das cores principais e coloquei pouca água na diluição da tinta para poder
pigmentar melhor os detalhes.
A troca de material influenciou para que novamente eu tivesse dificuldades
em fazer uma finalização melhor para a obra. As cores saíram dos limites que havia
determinado no início do processo com um lápis, no entanto, não achei que isso fosse
um problema, porque a aquarela, por sua natureza técnica, faz com que a cor diluída,
desafie o contorno ditado pelo desenho, de acordo com o livro A Doutrina das Cores de
Goethe. Gostei de pintar com aquarela e da escolha de cores, mas o resultado não se
encontra com as minhas experiências.

Figura 3 - Terceiro Experimento

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4 ESTUDO COM MATIZES

Para essa composição, além de usar lápis de cor no papel, decidi usar uma
paleta de cores ainda mais variada. Explorei o uso de mais matizes, porém mantive a
composição original.
Percebi que com os lápis de cor tenho muito mais facilidade em detalhar da
forma que desejo, especialmente por ter mais prática a ferramenta, todavia, não
consigo ter controle das cores, e não tem opção para caso sinta vontade de mudar a
coloração de algum elemento, não é possível criar uma camada acima de uma camada
já bem preenchida. De todos os estudos, esse foi o que menos me agradou e o que

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menos gostei de trabalhar com o material, e analisando por um tempo percebi que os
valores da pintura também foi o que me fez desgostar do resultado.

Figura 4 - Quarto Experimento

5 ESTUDO COM CORES MONOCROMÁTICAS

Pelo resultado anterior ter me causado confusão no quesito dos valores de


claro e escuro, optei por usar a monocromia de cores para focar mais nesse assunto. O
material selecionado foi o giz de cera e a folha sulfite.
Segurei o giz em diferentes ângulos durante o manuseio do giz, na tentativa
de ter mais variedade de textura. Cheguei ao resultado desse estudo tão rapidamente

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que resolvi fazer duas vezes, mas usando outra cor e buscando deixar mais evidente
as relações de claro e escuro que eu gostaria de apresentar, já sabendo que o
resultado seria espelhado na obra final.
De todos os materiais usados, o giz de cera com certeza é o mais fácil de
manusear e rápido para a obtenção de um resultado. Apesar dos dois serem usados
unicamente como um teste para o próximo trabalho, sem intenção de ser a obra final
desta série e sendo tão simples, fiquei agradada pela forma como saíram. O primeiro
feito com giz vermelho teve uma folha com uma gramatura maior como suporte, mas
acredito que a folha sulfite permite um deslizamento melhor no papel e facilitou o
processo para mim, por isso usei a sulfite no segundo.

Figura 6 - Quinto experimento

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Figura 7 - Sexto Experimento

6 OBRA FINAL

Antes de dar início a esta última etapa, não tinha certeza se essa seria de
fato a obra final, minhas únicas pretensões eram que os valores determinados
anteriormente seriam usados nele e que desta vez a paleta de cores seria análoga.
Também estava curiosa para experimentar o papel paraná como suporte e voltar a
trabalhar com tinta guache.
A primeira coisa que fiz foi passar algumas camadas de tinta branca na
superfície, assim como fiz no papelão nos estudos anteriores. Misturando magenta e

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azul, usei a variedade de roxos que pude obter para usar na grama e nuvem. No céu
acabei aplicando um azul chamativo demais, então diluí um pouco de laranja para
passar por cima e neutralizar a cor. A nuvem foi pintada pensando na técnica de
repetição de formas para criar uma semelhança, harmonia. Adicionei os detalhes ainda
usando guache, mas após a secagem total, usei lápis de cor para texturizar a pintura.
O resultado dessa obra me surpreendeu por me satisfazer muito, e por
possuir uma composição de cores bem distante do que me propus a fazer durante a
série. Acredito que o papel paraná como suporte facilitou muito no manuseio de tinta e
cores, e me auxiliou a obter uma finalização agradável. Devo confessar que ao longo
da execução acabei me confundindo e adicionando a cor laranja em alguns pontos da
pintura, porém ao meu ver isso não tornou o resultado menos agradável. Cumpriu com
os meus objetivos citados no início, portanto resolvi ter esse como meu resultado final.
O nome escolhido para o trabalho significa que esse lugar que criei é onde
eu me sentiria em paz, como o meu próprio paraíso, quis traduzir de forma imagética a
meu desejo por estar confortável e segura. Ao meu ver, as cores pouco saturadas
conseguiram mostrar bem como eu gostaria de me sentir.

Figura 8 - Resultado

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CONCLUSÃO

Em síntese desse trabalho, é importante mencionar os impactos positivos


que a disciplina de Cor e Forma causou na minha produção artística. Por ora, a prática
constante do que foi aprendido em aula me possibilita estar em constante mudança e
continuar em contato com a minha arte, assim estou podendo conhecer melhor as
ferramentas de criação que me satisfazem e se encaixam no meu processo criativo, até
porque ter um espaço e tempo dedicado a minha produção artística é muito útil, pois
muitas vezes não tenho tempo ou disposição para realizar essa atividade em casa.
Ainda assim, pretendo continuar treinando as propostas dadas em aula por conta
própria, imagino que isso me auxilie na familiarização com os materiais e aprimorar as

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minhas habilidades. Por fim, a longo prazo, o conhecimento que me foi concebido
teoricamente e posto em prática é a base para que futuramente eu possa me tornar
profissional nessa área e trabalhar com isso.

REFERÊNCIAS

GOETHE, J.W. Doutrina das Cores. São Paulo: Nova Alexandria, 1993.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. São Paulo: Unicamp, 2013

PEDROSA, Israel. Da cor a cor inexistente. São Paulo: Editora SENAC–SP, 2009.

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