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INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
1.DESENHO COM LÁPIS GRAFITE I
1.DESENHO COM LÁPIS GRAFITE I
APRESENTANDO OS MATERIAIS
1.1 - GRADAÇÃO
• O primeiro passo para se conseguir um bom resultado nos exercícios de
desenho, é ter um controle do lápis. Ele deve ficar no meio da mão para
facilitar a mobilidade da mesma e a flexão dos dedos, controlando
melhor a pressão que se exerce sobre a superfície do papel, para
desenvolver uma tabela em escala de tons de acordo com a gradação
de cada grafite. Os grafites das gamas B, são os mais utilizados para o
desenho artístico.
2B 4B 6B 8B
2.3 - PAISAGEM
• O professor deve pedir que o aluno escolha uma fruta para desenhar
individualmente e fazer as hachuras com o pastel oleoso; em seguida
observa uma composição de frutas sobre a mesa e repete a mesma
técnica, desenhando as frutas e aplicando uma combinação de tons
claros e escuros, para conseguir o degradê desejado.
• O professor poderá entregar dois papéis de texturas diferenciadas para
aplicação de cada exercício.
5.DESENHO COM CARVÃO
5.DESENHO COM CARVÃO
APRESENTANDO OS MATERIAIS
TIPOS DE CARVÃO
APRESENTANDO OS MATERIAIS
LÁPIS DE COR
7.3 - PAISAGEM
• Desenhar uma paisagem com água (mar, cachoeira, rio, etc.) com a
técnica do lápis de cor aquarelado.
• Criar através desta técnica uma água com tom homogêneo, com uma
direção a ser seguida pela pincelada (a mesma pincelada num mesmo
sentido) e deixar partes em branco para demonstrar o brilho da água.
8.DESENHO COM NANQUIM HACHURAS
8.DESENHO COM NANQUIM HACHURAS
APRESENTANDO OS MATERIAIS
TINTA NANQUIM
9.DESENHO COM TINTA NANQUIM II (AGUADA)
9.2.PERSPECTIVA II
10.1.DESENHO CONTEMPORÂNEO
Edith Lotufo*
A cor luz
Luz colorida está presente no espectro solar. Da mesma forma que a luz
branca pode ser refratada em seus componentes coloridos, as cores luz podem ser
justapostas, fazendo a sínetese aditiva, tendo como resultado novamente a luz
branca.
As cores luz podem ser reduzidas nas primárias azul, vermelho e verde que,
quando sobrepostas de duas em duas, pruduzem as cores secundárias luz cyan
(azul e verde), magenta (vermelho e azul) e amarelo (vermelho e verde), já a soma
das três primárias luz produz a luz branca. A síntese aditiva significa a adição
máxima de luminosidade. (O sistema RGB designa as cores luz nos programas de
computação, sendo red, green e blue).
______________________
* Edith Lotufo, formada e licenciada em Educação Artística/Comunicação Visual pela Universidade de Kassel, Alemanha,
especialista em Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás e mestre em Arte e Cultura Visual pela
Universidade Federal de Goiás. Citações de livros em alemão foram traduzidas pela autora deste texto. Goiânia, 2008, revisto
em 2016. Este texto foi produzido para a disciplina Cor e Comunicação do Curso de Design da PUC Goiás.
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A cor pigmento
Cor pigmento são todas as cores que enxergamos a partir da reflexão da luz
sobre os objetos e ambientes. O que define essas cores são as substâncias dos
materiais contidas na superfície dos objetos e sua capacidade de absorver, refratar e
refletir os raios luminosos da luz que incide sobre eles. Depende da composição
quimica dos materiais, quais componentes da luz absovem e quais refletem.
As cores primárias pigmento, quando misturadas entre si, produzem o preto.
A síntese subtrativa pode ser entendida como um acréscimo de pigmento que faz
com que a tinta ou a cor dos objetos perde a capacidade de refletir a luz. Na
presença simultânea das três cores primárias pigmento os objetos se apresentam
como pretos. Na mistura de cyan com amarelo obtemos o verde, o magenta com o
cyan forma o azul violeta e amarelo e magenta produzem o vermelho alaranjado.
(No computador trabalhamos com as cores pigmento no sistema CMY, cyan,
magenta e yellow)
Enquanto na natureza os objetos e materias contam com substâncias ou
propriedades que produzem os estímulos coloridos quando expostos à luz, na
representação do mundo por artistas, são os pigmentos das tintas e dos materias
sintéticos que criam e recriam imagens e objetos.
No início da expressão do homem através da pintura existia uma limitada
oferta de pigmentos encontradas na natureza. Atualmente as possibilidades de
produzir e reproduzir estímulos coloridos se tornou quase infinita.
A indústria gráfica é uma das áreas onde a gestão da côr é de extrema
importância. Além da produção das imagens o processo de reprodução das mesmas
exige conhecimentos amplos da cor pigmento nas diferentes tintas de impressão e
sua aplicação sobre os mais diversos suportes.
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Contrastes de cores
Até aqui tratamos das característcas que cada cor apresenta isoladamente e
suas posições em sistemas de representação. Para usar as cores adequadamente
precisamos nos ocupar de suas interrelações, de como as cores se comportam
numa mescla ou combinação, situações onde uma cor interfere na expressão da
outra.
O que ajuda nesta investigação são os contrastes de cores definidos por
diversos autores. Leonardo da Vinci, Goethe, Chevreul, Hoelzel, Itten, Pedrosa e
outros estudaram estas relações entre as cores exaustivamente.
Chevreul (1786-1889) descreveu em seus estudos sete formas de contrastes
que foram adotados por Adolf Hoelzel e depois por seu aluno Itten (1987), que
mostra exemplos de cores de forma sistematizada em seu livro “Kunst der Farbe”.
De acordo Parramón (1993) o contraste aparece quando comparamos duas
cores ou tonalidades com diferenças perceptíveis. Estas diferenças podem ser
mínimas ou extremas, formando um contraste “duro” ou suave. Nem todos os
autores concordam hoje com o termo contraste para as relações e polarizações
entre as cores.
Apresentamos em seguida um resumo dos sete contrastes de cores
exemplificados por Itten (1987), complementando sua descrição a partir de outros
autores.
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Contraste claro-escuro
De acordo Itten (1987) claridade e escuridão são de fundamental importância
para a vida humana e para toda natureza. O preto e o branco são sempre citados
entre as cores, apresar de não fazerem parte dos matizes, por isso são definidas
como sensações “acromáticas”, que não tem “cromacidade”.
Branco e preto é o maior contraste claro-escuro que podemos produzir, tons
intermediarios são todos os tons de cinza possíveis. A capacidade de diferenciar
tons de cinza ou outras tonalidades depende das condições do olho de cada pessoa
reagir a estímulos. O limite de percepção de tonalidades pode ser ampliado através
de treino.
Acrescentado branco ou preto aos matizes podemos aumentar e reduzir sua
luminosidade. Uma composição muito usada é a monocromática, quando uma única
cor contrasta com tonalidades da sua modulação com branco e preto, formando um
contraste claro-escuro simples.
Contraste quente-frio
O contraste quente-frio é descrito de forma muito semelhante pelos autores.
Guimarães (2000) fala de polaridades entre as cores e cita a cor e temperatura com
um princípio facilmente observável.
Quando separamos as cores quentes e frias no círculo cromático definimos os
azuis e verdes enquanto frias e os laranjas e vermelhos como quentes. Nossas
referências neste caso são as sensações experimentadas na nossa vivência com a
natureza. A similaridade com o mundo natural onde água e ar são relacionados com
o esfriamento e o fogo e o sol com o aquecimento, são conceitos universais. A
posição de cada cor depende, porém, de seu entorno. Assim um verde amarelado
pode passar a sensação de quente entre os azuis e um violeta pode passar uma
sensação de frio entre os vermelhos.
As sensações frio/quente associadas às cores podem ser comprovadas em
laboratório. Diversos testes científicos foram feitos mostrando que a sensação
têrmica pode variar em três graus dependendo das cores dos ambientes. (Itten,
1987). Um outro fenômeno é atribuído às cores frias e quentes. Percebemos num
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quadro ou numa fotografia as cores frias como mais distantes e as quentes como
mais próximas. Itten associa ao caráter do contraste frio – quente outros pares em
oposição: sombrio – ensolarado, transparente – opaco, acalmante – excitante, aéreo
– terroso, leve – pesado, úmido – sêco.
Contraste complementar
O contraste simultâneo
Chamamos de contraste simultâneo o fato do nosso olho “pedir” a cor
complementar ao estímulo visual recebido. Diferentes testes com cores tentam
visualizar este mecanismo que é um dos fenômenos mais complexos e intrigantes
da percepção da cor.
Goethe criou o termo “cor fisiológica” para reforçar sua teoria de que cor é em
primeiro lugar um fenômeno da percepção humana, visão central da polêmica criada
por ele contra as teorias de Newton, baseadas nas leis da física.
Albers explica as interações das cores assim: “Na percepção visual a cor
quase nunca é percebida como aquilo que é na verdade, quer dizer, o que ela é
fisicamente. Assim a cor é o meio mais instável da arte” (apud Gekeler, 2000).
Gekeler explica alguns aspectos do contraste simultâneo assim:
“Quando impulsos de diferentes cores vizinhas encontram nosso olho, elas se influenciam
mutuamente... O olho tem a tendência de reforçar os contrastes. Neste caso a área maior
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influncia a menor. A mudança das cores se dá em três direções (que podem ocorrer de forma
combinada).1. Diferças aumentadas entre as cores no círculo cromático ou no spectro do que
na observação isolada de cada cor. 2. Diferenças aumentadas de claridade. A mesma cor
aparece mais escura num fundo claro do que num fundo escuro. Isso é válido também para
os tons de cinza. 3. Uma cor levemente dessaturada parece mais viva num fundo cinza,
enquanto num fundo de cor saturada ela parece mais dessaturada.” (2000, p.48)
O contraste de qualidade
A qualidade da cor é um termo que significa seu grau de limpeza ou
saturação. O contraste de qualidade acontece no uso concomitante de cores
saturadas e dessaturadas. Os matizes são os tons de maior saturação. Como vimos
anteriormente tons vivos podem ser “rompidos” ou dessaturados de diversas formas.
Acrescentando gradativamente cinza a um matiz obtemos tons menos vivos, mas
que ainda mostram a origem das cores que os geraram. Uma outra forma de
dessaturar a cor é a mistura com pequenas quantidades de sua complementar.
Todas as combinações que associam tons rompidos entre si ou em contraste
com as respectivas cores saturadas são escalas cromáticas elaboradas, menos
vibrantes, mais calmas e reflexivas.
O contraste de quantidade
As observações deste contraste dão respostas às dúvidas de como lidar com
as diferentes luminosidades dos matizes. Foi Goethe quem sugeriu uma proporção
numérica para definir a luminosidade das cores. É claro que não podem ser valores
absolutos, porque as expressões das cores variam muito, dependendo das tintas e
dos suportes utilizados.
Itten(1987) utiliza os valores de luminosidade de Goethe, que são os
seguintes: Amarelo : laranja : vermelho : violeta : azul : verde
9 : 8 : 6 : 3 : 4 : 6
Junto com a proporção de luminosidade das cores, Goethe criou uma relação
dos espaços que as cores podem ocupar, marcando a força de expressão pela sua
luminosidade. Assim 1/4 de amarelo corresponde a 3/4 de violeta, enquanto 1/3 de
laranja equivale a 2/3 de azul. O par verde e vermelho se equilibra numa proporção
de 1/2 para 1/2.
Na aplicação destas proporções pode-se supor que o resultado de trabalhos
que usam as quantidades das cores indicadas, seja equilibrado na presença de
diferentes cores.
Por outro lado o contraste de quantidade é muito usado para realçar uma
determinada cor justamente pela pequena quantidade usada no meio de muitas
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outras cores. Assim uma pequena quantidade de uma cor quente, num fundo com
presença predominante de cores frias, pode chamar a atenção para uma
mensagem, atraindo o olhar exatamente para este pequeno intruso num ambiente
contrário.
Conclusão
Bibliografia:
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. São Paulo: EDUSP, 1980.
CHIJIIWA, Hideaki. Color Harmony. Massachusetts: Rockport Publishers, 1986.
CRAIG, James. Produção Gráfica. São Paulo: Nobel, 1987.
DOYLE, Michael E. Color Drawing. New York: John Wiley & Sons, 1999
DREW, John e MEYER, Sarah. Color Management. Mies/Suiça: Roto Vision, 2005
a
FARINA, Modesto. A psicodimâmica das cores em comunicação. 4 Ed. São Paulo,1990.
GEKELER, Hans. Handbuch der Farbe. Koeln: DuMont, 2000.
GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação. São Paulo: Ed.ANNABLUME, 2002.
HELLER, Eva. Wie Farben wirken (Como as cores atuam). Hamburg: Rowohlt, 1989.
____ Psicologia das cores. Barcelona:Ed.Gili,2012.
HICKETHIER, Alfred. Ein-mal-eins der Farbe (Guia da cor). Ravensburg: Otto Maier, 1969
ITTEN, Johannes. Kunst der Farbe (Arte das cores). Ravensburg: Otto Maier, 1987.
10
KÜPPERS, Harald. Das Grundgesetz der Farbenlehre (A lei básica da teoria da cor). Köln: Dumont,
1997.
____ Harmonielehre de Farben (Teoria da harmonia das cores). Köln: DuMont, 2000.
LORENZO. Produção Gráfica. São Paulo: SENAC, 2000.
PARRAMÓN, José M. Das grosse Buch der Farben (O grande livro das cores). Stuttgart: Ed. Michael
Fischer, 1993
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2000.
a
RIBEIRO, Milton. Planejamento visual gráfico. 7 Ed., Brasília: Linha Gráfica Editora, 1998.
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TINTA GUACHE
TIPOS DE PINCÉIS
APRESENTANDO OS MATERIAIS
TINTA AQUARELA
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4.2 COMPOSIÇÃO
• O acrílico é uma tinta sintética solúvel em água que pode ser usada em
camadas espessas ou finas, sobre tela ou em tipos diferentes de papéis.
• A tinta acrílica possui uma secagem muito rápida, ao contrário da tinta
óleo que demora a secar completamente em trabalhos com camadas
espessas. Possui um odor menos intenso e não causa tantos danos a
saúde por não possuir metais pesados, como o cobalto da pintura a
óleo.
• A tinta acrílica possui uma praticidade, já que não depende de secantes,
e tem como diluente a água, ou seja, não é nociva ao pintor e seca
rápido e a matriz cromática é ampla, tornado-a muito popular entre
artistas contemporâneos.
TINTA ACRÍLICA
EXEMPLOS DE TELAS
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ENTENDENDO O ABSTRATO
• O termo abstrato é usado para designar algumas obras de arte do
século XX. O artista tem a liberdade de exercitar o grau de abstração
com uma dimensão que lhe é peculiar, isto quer dizer, que os artistas
podem criar em suas pinturas formas e cores que não estão
relacionadas com as formas e cores dos objetos, ou seja, quando
observamos uma obra abstrata, não identificamos de imediato um objeto
ou uma cena.
Resumo
O presente artigo apresenta o histórico da arte, vista como uma ciência que,
para ser reconhecida institucionalmente, percorreu um longo caminho, a
importância de se trabalhar as Artes Visuais dentro da sala de aula, fazendo
uma reflexão sobre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança
através das diferentes linguagens artísticas presentes nas Artes Visuais,
identificando e mostrando como a criança se desenvolve na aprendizagem
através das Artes Visuais (pintura, desenho, arte tridimensional (modelagem),
recorte e colagem). Neste trabalho, usamos aportes teóricos ligados a Artes
Visuais, Arte e Educação, Psicologia (desenvolvimento infantil), Educação,
Documentos Legais que abordam a questão do ensino da Arte para a criança
e, no contexto atual de um mundo globalizado, a questão da Mídia como
divulgadora e influenciadora da produção artística.
Considerações Finais
Ricardo Fabbrini1
1
Professor de Estética do Departamento de Filosofia da USP e autor, entre outros, de A arte depois das
vanguardas (Ed. Unicamp).
que ocorreria, portanto, não apenas em Almeida Júnior, mas também em Eliseu
Visconti, Belmiro de Almeida ou Artur Timóteo da Costa.
Nos anos 1990 e 2000, houve um interesse crescente pelo sentido desse processo
formativo em pintura e por essa tradição crítica. Surgiram interpretações que
compartilharam o pressuposto de que a implantação de uma “estética normativa” pela
Semana de Arte Moderna de 1922 impediu, durante décadas, o reconhecimento de
elementos de modernidade na pintura brasileira do século XIX aos anos 1910 do século
XX.
Paulo Herkenhoff, por exemplo, denunciou, em 2002, nessa direção, o “projeto
geopolítico” de Mário de Andrade que, na intenção de legitimar a pintura da
“paulicéia”, teria ignorado a “diversidade do ambiente moderno carioca”, e poupado a
arte acadêmica de São Paulo. Daí a necessidade de se reavaliarem, segundo Herkenhoff,
pinturas como Maternidade em círculos, de 1908, de Belmiro de Almeida, que, sem se
referir ao cubismo ou futurismo, já revelaria uma “consciência moderna da superfície”
(da pintura), mais radical do que tudo que seria exposto na Semana de 1922.
Cardoso também interpreta, na contramão da “leitura modernista”, a formação da
pintura brasileira, sem estabelecer, contudo, uma linha clara a partir de nexos entre
artistas. Diferentemente da fortuna crítica, aqui resumida, não identificou os elos de
transmissão no processo de formação: mestres ou obras do século XIX que seriam
“precursores” da ruptura modernista dos anos 1920. O autor não buscou os vínculos que
assegurariam um nexo cumulativo por influxo interno, da renovação temática à
inovação formal, na tradição de Mário de Andrade; tampouco procurou identificar, na
análise formal de obras, a referida “diferença brasileira”, no sentido de Mello e Souza: o
modo singular de figurar nossa experiência social sem se emancipar da tradição
européia.
Sua intenção foi pensar na chave da recepção crítica nosso processo de formação,
enriquecendo por esse motivo essa fortuna crítica; foi analisar, a partir de documentação
de época, a função do meio artístico na construção de uma idéia de arte moderna
brasileira. Não investiu, por isso, na análise das obras em que supostamente a realidade
brasileira se configuraria em formas artísticas de referência; mas no exame do gosto
socialmente produzido, em diferentes contextos, que tomou certas obras como
“modernas”: obras que eram “propícias, para impressionar o homem de seu tempo”,
como dizia Gonzaga Duque, em Arte brasileira, de 1888.
Além de examinar pinturas de referência – como A primeira missa no Brasil (1860),
de Victor Meirelles, A batalha de Avahy (1877), de Pedro Américo, O importuno
(1898), de Almeida Júnior, ou Antropofagia (1929), de Tarsila do Amaral –, Cardoso,
visando a uma reparação historiográfica, destacou tanto obras de “pouca originalidade”,
que não inovaram na linguagem pictórica, mas que seriam representativas do imaginário
do período, como obras que, embora consagradas pelo “juízo institucional” de sua
época, acabaram, no curso do tempo, relegadas a um “silêncio constrangedor”.
Examina, por exemplo, Flor, de data desconhecida, do pintor praticamente ignorado
José dos Reis Carvalho, considerado pelo autor um dos mais importantes pintores de
natureza morta do século XIX. Seus “registros”, ao modo das expedições dos
naturalistas, revelariam o “domínio do sistema de codificação visual” (como os gêneros
da retórica) de sua época. Cardoso seleciona essa pequena aquarela de Carvalho não por
seus inegáveis méritos artísticos, mas por representar a conquista de uma técnica, até
então restrita aos “profissionais estrangeiros”. Sua relevância consistiria, assim, em
operar como índice de autonomia, no plano da fatura, do meio artístico local em relação
à matriz intelectual européia.
Destaca, também, o quadro Redenção de Cã (1895), de Modesto Brocos, premiado
pelo júri da Escola Nacional de Belas Artes e que acabou arquivado como acadêmico,
pois não se alinhava ao impressionismo ou simbolismo, associados pela crítica de arte
dos anos 1910 e 1920 à modernidade artística. Cardoso mostra, entretanto, que essa
pintura em que figuram quatro personagens – uma avó negra, uma filha mestiça, um pai
de tipo ibérico e uma alvíssima criança – confirmaria o senso comum da época de que o
influxo de imigrantes europeus melhoraria a raça. Por isso, o quadro não foi
considerado pelo júri e público de seu tempo como acadêmico, mas como moderno:
como expressão do que havia de mais científico no pensamento brasileiro – um
sociologismo evolucionista a Herbert Spencer. A figuração de tipos físicos da dita
realidade brasileira, com indumentária caipira em casa de taipa – no momento em que o
fervor republicano clamava por identidade nacional –, foi interpretado como
progressista, como “civismo pictórico”, índice de modernidade, nesse contexto de
recepção.
Do mesmo modo, a pintura Boemia (1903), de Hélios Seelinger, embora não seja um
“primor pictórico” do ponto de vista da realização plástica, como reconhece Cardoso,
foi considerada emblema da modernização da arte brasileira. A figuração de
personagens conhecidos do meio boêmio carioca do início dos anos 1900 – esses
“vampiros elegantes do vício” no fraseado colorido de Gonzaga Duque – seria outro
índice de modernização: a liberação dos costumes.
Essa pintura com o tema da “lascívia”, senão da “perversão”, herdadas do fin-de-
siècle, ainda na dicção de Duque, também foi premiada pela Escola Nacional de Belas
Artes e bem acolhida pelo público. A ousadia de Seelinger, contudo, não resultava
apenas da escolha do tema – como em Brocos –, mas de aspectos da fatura, como as
pinceladas largas que modelam máscaras grotescas; por isso, certo crítico da época,
mesmo interpretando esse aspecto caricatural como “falta de definição técnica”,
destacava seu “caráter original e expressivo”. É claro que essa suposta originalidade, se
comparada com a pintura européia de então, mostrar-se-ia acanhamento, uma espécie de
simbolismo tardio; mas, para o gosto do público e do senso comum historiográfico,
Boemia era obra “avançada”.
Essas pinturas que foram acolhidas como modernas, menos por sua “forma” – apesar
da ousadia de um Seelinger – do que por seus “temas”, constituíam pouco a pouco,
segundo Cardoso, um “retrato do Brasil” moderno. Só posteriormente, com a
institucionalização do modernismo de 1922, é que seriam consideradas acadêmicas e,
conseqüentemente, relegadas ao esquecimento. Essa reparação historiográfica não
decorre, assim, de juízos retroativos que interpretam o passado na perspectiva do
presente, visando a relevar obras que em virtude de sua inovação formal não foram
devidamente valorizadas por seus contemporâneos, mas da tentativa de compreender os
motivos pelos quais certas pinturas recebidas como modernas acabaram apagadas como
acadêmicas.
A razão, segundo o autor, é que com a ascensão do meio artístico de São Paulo, a
partir dos anos 1910, firmou-se uma interpretação que desconsiderou sistematicamente
a maturidade das instituições culturais da antiga capital federal capaz de assimilar
linguagens que contestavam as “normas acadêmicas”. Numa palavra: a geração paulista
de 1922 construiu uma narrativa de gênero encomiástico, auto-referente, que relegou ao
esquecimento desmerecido pintores relevantes, sobretudo do Rio de Janeiro, do fim do
século XIX aos anos 1910. Fundando-se na oposição entre artistas acadêmicos e
modernos, gerações de críticos de arte teriam ignorado, a partir de então, obras “atuais e
instigantes” para os padrões da belle époque, que se mantiveram alheias ao ideário de
vanguarda.
Cardoso apresenta outros exemplos, nessa direção, ao mostrar que no erotismo e
arrebatamento de “Baile à fantasia” (1913), de Rodolpho Chambelland, e em temas
tabus como aborto e infanticídio de La faiseuse d’anges (1908), de Pedro Weingärtner,
temos “algo de moderno”, no sentido de uma “sensibilidade para as experiências da vida
urbana, das classes operárias, da boemia e da multidão”.
Pinturas que, apesar da atualidade dos temas e, em alguns casos, da fatura inovadora
– ao menos para o público brasileiro da década de 1910 –, foram, posteriormente,
consideradas conservadoras pelo cânon da crítica modernista de São Paulo.
Recuperando que “Baile à fantasia”, feita de pinceladas curtas e cores puras, foi
percebida em seu tempo como pintura moderna tanto pelo tema quanto pelo estilo, o
autor se pergunta, em tom polêmico, se essa pintura não possuiria inovação formal
suficiente para ser considerada “progressista” segundo o cânon modernista; e se pinturas
denominadas modernistas – como as expostas na Semana de 1922 – não poderiam ser
consideradas “retrógradas”, face à arte de vanguarda européia como o dadaísmo ou o
construtivismo russo.
Nossa pintura modernista, de todo modo, é marcada pelo “retorno à ordem” da
Escola de Paris, que se seguiu ao radicalismo das vanguardas dos anos 1910. Atirador
de arco (1925), de Vicente do Rego Monteiro – analisado por Cardoso –, é um exemplo
dessa acomodação do modernismo a uma pintura art déco: um “estilo moderno”
baseado em motivos geométricos. Em Atirador de arco, entretanto, essa tendência
decorativa, de formas ziguezagueantes, então em voga em Paris, adquire cor local, pois
o artista emprega motivos marajoaras. Sendo ao mesmo tempo modernista, ornamental
e arcaizante, essa pintura foi bem acolhida pela crítica e pelo público – como documenta
o autor –, despertando, até mesmo, orgulho cívico. Se, por um lado, Cardoso mostra
traços modernizantes em pinturas consideradas acadêmicas dos anos 1890 a 1910, como
nos exemplos citados acima, por outro lado, evidencia aspectos academizantes em
pinturas modernistas dos anos 1920, como essa de Rego Monteiro, mostrando o caráter
convencional dos termos “arte acadêmica” e “arte moderna”.
Mas Cardoso também visa a uma reparação historiográfica no interior do próprio
modernismo. Destaca, por isso, no final do livro, obras como Subúrbio (1930), de
Oswaldo Goeldi, que figurando uma cena corriqueira da vida brasileira, sem qualquer
exotismo ou primitivismo, escapa ao padrão normativo da brasilidade modernista.
Goeldi – “o outro do modernismo” – preservaria a dualidade entre ser moderno e ser
brasileiro, entre o nacional e o estrangeiro, ao figurar a paisagem brasileira em
“linguagem expressionista”, sem recorrer à dimensão mítica da nacionalidade; ou seja,
sem conciliar melancolia e carnaval.
Seria, contudo, em “Antropofagia”, do ano anterior, de Tarsila do Amaral –
repisando o autor, aqui, lugar comum da historiografia –, que o anseio do meio artístico
por identidade cultural teria sido plenamente atingido. Diferentemente de Anita
Malfatti, Lasar Segal e Oswaldo Goeldi – que teriam aplicado à temática brasileira
tratamento moderno de extração européia –, Tarsila teria criado uma linguagem
pictórica caracterizada na época como o “jeito brasileiro de pintar moderno”. Fiel ao
pressuposto de que o significado de uma pintura resulta do “olhar da época”, Cardoso
mostra que crítico e público atribuíram à Antropofagia valor de brasilidade – “tema
obsessivo” desde o início do século XIX, “desde que o Brasil é Brasil”.
Como sua atenção, contudo, está voltada para o contexto da recepção, e não para a
análise formal da pintura, Cardoso não acentua a apropriação por Tarsila da arte
européia, sobretudo de Fernand Léger, ainda que o cubismo apareça nela camuflado
pela mata virgem – o que a aproxima, nesse particular, de Goeldi e Segal. Cabe, assim,
um senão: o de que a análise formal de cada pintura, longe de desviar o autor de seu
objetivo, facilitaria a reconstituição do olhar (sempre parcial) que atualiza uma das
potencialidades inscritas na materialidade da forma artística. O autor, no entanto,
enfatizando cada obra pelo que supostamente “significava para seu público”, acabou por
descuidar da análise da forma artística, inclusive enquanto mediação entre a realidade
social no Brasil e as referências artísticas sabidamente européias.
Ressalte-se, antes de concluir, que a maior contribuição desse livro talvez seja o
modo como o autor, com dosada erudição, especifica singularidades do meio artístico,
de d. João a Getúlio Vargas. Destaco dois exemplos. O primeiro é sua interpretação do
Retrato de El-Rei d. João VI (1817), de Jean-Baptiste Debret, baseado no Retrato de
Luís XIV (1701), de Hyacinthe Rigaud. Não é, contudo, a indicação das semelhanças na
composição dessas pinturas, sempre referidas, que conquista o leitor, mas o
detalhamento no modo de circulação das imagens no início do século XIX. Se o quadro
de Debret tem 60 x 42 centímetros e o de Rigaud, 279 x 190 centímetros, é porque o
primeiro, seguindo prática corrente dos pintores do período, deveria servir de estudo
para outros trabalhos, não necessariamente do mesmo artista; por isso, a finalidade
desse “esboceto a óleo” seria de operar como modelo a ser emulado por gravadores,
permitindo a disseminação da “imagem real”, principalmente nos centros do poder
mundial, como comprovaria, aliás, a gravura Dom João, rei do Reino Unido de
Portugal, do Brasil e de Algarves, do mesmo ano, de autoria de Charles Simon Pradier.
A análise cuidadosa do processo de produção e circulação da imagem é visível
também no ensaio dedicado à Dolorida (1911), de Antônio Parreiras. Cardoso mostra
que o êxito obtido por esse artista – que, ligado aos Salões franceses, manteve-se
indiferente aos debates em torno do modernismo – deve-se ao fato de que a arte
moderna até os anos 1910 não alcançara ainda o grande público. O sucesso desse nu
feminino – que, exposto inicialmente no Salão de Paris, suscitou “exploração comercial
intensiva”, como tiragens de quase cem mil exemplares – tornou Parreira, segundo
publicação de época, mundialmente conhecido.
É possível que essa pintura tenha circulado não como fina estampa no circuito
artístico, mas enquanto reprodução para consumo em massa, tornando-se, na conjectura
de Cardoso, uma das imagens mais populares da pintura brasileira do início do século
XX. O sucesso de Dolorida teria ocorrido menos por qualidades plásticas, como suas
ricas texturas, e mais em função do apelo visual do nu feminino, justificado pela
remissão a um poema de Alfred de Vigny capaz de suscitar, como nota o autor, “desejos
proibidos numa sociedade em que as representações do nu causavam debates morais”.
Esse procedimento de mobilizar a literatura – ou ainda a história, como em A
pompeiana (1876), de João Zeferino da Costa, também comentada no livro – era, de
fato, corriqueiro, pois o artista, para conquistar a cumplicidade do público, não podia
exceder as convenções dos gêneros. Do mesmo modo, a gradação do tratamento
pictórico que tornava, por exemplo, a figuração do sexo enevoada – seja em Dolorida,
em A pompeiana ou, ainda, em Gioventù, de Eliseu Visconti –, como bem observa o
autor, era efetuação visada para não chocar as “sensibilidades vigentes”.
São diversos, portanto, os méritos do livro que o senão citado há pouco não macula.
Cardoso ressalta, em síntese, que a noção de arte moderna brasileira é, acima de tudo,
um construto resultante de disputas institucionais que acabaram por encobrir o fato de o
Rio de Janeiro ter sido por décadas o pólo irradiador de certa modernidade artística; daí
a urgência, reafirmada em diversos ensaios do livro, de se investigar esse “outro lado da
modernidade”, que acabou encoberto pela parcialidade da historiografia da arte. Rejeita,
assim, a interpretação simplista da arte brasileira do século XIX como sendo apenas
acadêmica, ou como pura imitação da arte européia, no sentido das histórias da arte de
caráter positivista que encadeiam obras ditas primas numa mesma narrativa baseada
numa lógica evolutiva da forma, da arte acadêmica à arte moderna.
Registre-se, também, entre as virtudes do livro, a bela prosa do autor que, além de
ensaísta, é ficcionista e tradutor. Seus ensaios de escrita fluente, escorreita, que
comentam com igual cuidado 25 quadros destinam-se, segundo a apresentação do livro,
ao público leigo, mas logo se percebe que ele atende também ao público afeito, que dele
tira grande proveito. Como o livro intencionalmente evita perfil acadêmico, seu projeto
gráfico visando à informalidade optou por diagramação em dupla coluna, bibliografia
em box, diagramas, capa e formato próprios aos livros didáticos; o que, de início, não é
problema, desde que esse livro – que não faz sistema, mas enriquece, como vimos,
fortuna sobre o tema – não se afaste de seus reais destinatários, o leitor ilustrado e o
público universitário. Ressalte-se, enfim, o método indiciário do autor que, evitando
generalizações, revela acuidade para o detalhe revelador.