Você está na página 1de 32

WASHINGTON CARLOS DE ALMEIDA

DIREITO CIVIL
OBRIGAÇÕES

7.ª edição
Londrina/PR
2019
© Direitos de Publicação Editora Thoth. Londrina/PR.
www.editorathoth.com.br
contato@editorathoth.com.br
Diagramação e Capa: Editora Thoth e Nabil Slaibi
Revisão: o autor. Editor chefe: Bruno Fuga
Coordenador de Produção Editorial: Thiago Caversan Antunes

Conselho Editorial

Prof. Me. Anderson de Azevedo • Me. Aniele Pissinati • Prof. Me. Arthur Bezerra de Souza
Junior • Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia • Prof. Me. Bruno Augusto Sampaio Fuga • Prof.
Dr. Carlos Alexandre Moraes • Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan • Prof. Dr. Clodomiro José
Bannwart Junior • Prof. Me. Daniel Colnago Rodrigues • Profª. Dr. Deise Marcelino da Silva
Prof. Dr. Elve Miguel Cenci • Prof. Me. Erli Henrique Garcia • Prof. Dr. Fábio Fernandes Neves
Benfatti • Prof. Dr. Fábio Ricardo R. Brasilino • Prof. Dr. Flávio Tartuce • Prof. Dr. Gonçalo
De Mello Bandeira (Port.) • Prof. Me. Henrico Cesar Tamiozzo • Prof. Me. Ivan Martins Tristão
Profª. Dra. Marcia Cristina Xavier de Souza • Prof. Dr. Osmar Vieira da Silva • Esp. Rafaela
Ghacham Desiderato • Profª. Dr. Rita de Cássia R. Tarifa Espolador • Prof. Me. Smith Robert
Barreni • Prof. Me. Thiago Caversan Antunes • Prof. Me. Thiago Moreira de Souza Sabião •
Prof. Dr. Thiago Ribeiro de Carvalho • Prof. Me. Tiago Brene Oliveira • Prof. Dr. Zulmar Fachin

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A447d Almeida, Washington Carlos de, 1961- Direito civil: obrigações /


Washington Carlos de Almeida. 7. ed. – Londrina, PR: Thoth, 2019.
306 p.

Inclui índice.
Bibliografia: p. [291] - 294.
ISBN 978-85-94116-75-8

1. Direito civil - Brasil. 2. Obrigações (Direito) - Brasil. 3. I. Título.


CDD 346.8102

Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Rafaela Ghacham Desiderato


CRB 14/1437

Índices para catálogo sistemático


1. Direito civil : Obrigações : 346.8102

Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização.


Todos os direitos desta edição reservardos pela Editora Thoth. A Editora Thoth não se
responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra por seu autor.
SOBRE O AUTOR

WASHINGTON CARLOS DE ALMEIDA


Tem pós-doutoramento em Direito pela Universidade de Salamanca - USAL
(2018). Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo(2008); Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (2004); Especialista em Processo Civil pela Pontifícia Universidade
Católica de Porto Alegre - RS (2002); Especialista em Docência do Ensino
Superior da Universidade Federal do Rio Janeiro - RJ, (2001); Graduado
em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo - SP
(1999) e Graduado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Reverendo
José Manuel da Conceição, São Paulo - SP (2002). Atualmente é Professor
Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Vice-presidente da Comissão de Direito Agrário da OAB/SP. Tem
experiência na área de Direito Civil (Obrigações, Contratos, Direitos Reais
e Família), Direito Ambiental, Direito Agrário, Direito Imobiliário e Direito
Militar. Advogado militante.
SUMÁRIO

SOBRE O AUTOR ...............................................................................................5

CAPÍTULO 1
A POSIÇÃO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO CI-
VIL .........................................................................................................................11
1.1 Noção geral do direito das obrigações ....................................................15
1.1.1 Conceito de obrigação..........................................................................19
1.2 Características do direito das obrigações ................................................24
1.3 Obrigação: evolução histórica ..................................................................29
1.4 Fontes das obrigações ................................................................................36
1.5 Elementos que compõem a relação obrigacional ..................................46
1.6 Obrigação civil ............................................................................................54
1.7 Obrigação moral .........................................................................................55
1.8 Obrigação natural .......................................................................................56
1.8.1 No direito romano ................................................................................56
1.8.2 No direito brasileiro..............................................................................59
1.9 Obrigação propter rem ..............................................................................61
1.10 Resumo estruturado: conceito de obrigação e sua evolução históri-
ca .........................................................................................................................65
1.11 Resumo estruturado: fontes das obrigações e seus elementos..........65
1.12 Resumo estruturado: obrigação civil e moral.......................................66
1.13 Resumo estruturado: obrigação natural e propter rem ......................66
Questões.............................................................................................................67

CAPÍTULO 2
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES. CLASSIFICAÇÃO ...................73
2.1 Classificação das obrigações em geral .....................................................73
2.2 Obrigações de dar coisa certa .................................................................80
2.3 Obrigação de dar coisa incerta ...............................................................89
2.4 Obrigação de fazer ...................................................................................95
2.5 Obrigação de não fazer .........................................................................100
2.6 Descumprimento das obrigações de fazer e de não fazer ...............105
2.7 Obrigações alternativas..........................................................................106
2.8 Obrigações divisíveis e indivisíveis ......................................................112
2.9 Obrigações solidárias .............................................................................115
2.9.1 Da solidariedade ativa .......................................................................118
2.9.2 Da solidariedade passiva ..................................................................121
2.10 Resumo estruturado: obrigação de dar coisa certa .........................127
2.11 Resumo estruturado: obrigação de dar coisa incerta ......................127
2.12 Resumo estruturado: obrigação de fazer ..........................................128
2.13 Resumo estruturado: obrigação de não fazer ..................................128.
2.14 Resumo estruturado: obrigações alternativas...................................129
Questões.........................................................................................................129

CAPÍTULO 3
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES......................................................143
3.1 Cessão de crédito ....................................................................................143
3.2 Assunção de dívida.................................................................................148
3.3 Resumo estruturado: cessão de crédito...............................................154
3.4 Resumo estruturado: assunção de dívida ............................................154
Questões.........................................................................................................155

CAPÍTULO 4
ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES...................165
4.1 Adimplemento/pagamento ..................................................................165
4.2 De quem deve pagar ..............................................................................170
4.3 Daqueles a quem se deve pagar............................................................175
4.4 Do objeto do pagamento e sua prova .................................................179
4.5 Do lugar do pagamento ........................................................................185
4.6 Do tempo do pagamento ......................................................................187
4.7 Pagamento em consignação ..................................................................188
4.8 Pagamento com sub-rogação ............................................................... 192
4.9 Imputação do pagamento ..................................................................... 194
4.10 Dação em pagamento .......................................................................... 195
4.11 Novação ................................................................................................. 197
4.12 Compensação ........................................................................................ 203
4.13 Confusão................................................................................................ 210
4.14 Remissão das dívidas............................................................................ 214
4.15 Resumo estruturado: pagamento em consignação.......................... 216
4.16 Resumo estruturado: pagamento com sub-rogação ....................... 216
4.17 Resumo estruturado: imputação do pagamento.............................. 217
4.18 Resumo estruturado: dação em pagamento ..................................... 217
4.19 Resumo estruturado: novação ............................................................ 218
4.20 Resumo estruturado: compensação................................................... 218
4.21 Resumo estruturado: confusão .......................................................... 219
4.22 Resumo estruturado: remissão das dívidas....................................... 219
Questões......................................................................................................... 221

CAPÍTULO 5
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES .......................................... 229
5.1 Inadimplemento absoluto e relativo .................................................... 231
5.2 Mora – inadimplemento relativo .......................................................... 234
5.3 Perdas e danos ........................................................................................ 246
5.4 Dos juros legais....................................................................................... 255
5.5 Da cláusula penal .................................................................................... 257
5.6 Das arras ou sinal ................................................................................... 264
Questões......................................................................................................... 268

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 281


GABARITO ..................................................................................................... 285
ÍNDICE REMISSIVO ................................................................................... 291
CAPÍTULO 1

A POSIÇÃO DO DIREITO DAS


OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL

As disposições legais, as regras jurídicas devem se harmonizar de


forma que não surjam incompatibilidades entre elas.
No Império Romano, o Imperador Justiniano reuniu todo o direito
num único livro intitulado Corpus Juris Civilis.
Na Europa, no século XIX, houve uma mudança que consistiu num
grande movimento em favor da codificação. Cada país procurou sintetizar
suas regras jurídicas relativas aos diversos ramos do direito em Códigos.
Entretanto, a necessidade dessa codificação advém da sistemática
de potencial interatividade com a qual o homem deparou-se no seu
desenvolvimento e com seu semelhante, de forma que seu relacionamento
não se resumiu apenas à esfera familiar, ampliando-se para diferentes
caminhos, como o profissional, religioso, dentre outros.
Por tal razão, a pulsante necessidade de criação de meios de convivência
socialmente aptos passou pela elevação ao plano do Direito, posto ser um
conjunto de direitos e obrigações reguladores da ordem privada nas mais
variadas e complexas relações humanas.
A amplitude desse vínculo jurídico gerado pela fluidez do direito
obrigacional aportou na legislação dos Estados como um sistema composto
de elementos que ora ampliam, ora diminuem em diferentes graus o plano
concreto da liberdade humana na realização de atos jurídicos.
Dentre os atos jurídicos originados de fatos do mundo cotidiano,
existem aqueles que circundam no âmbito patrimonial dos indivíduos,
ocasionando repercussões imediatas na ordem econômica. Com vistas a
proliferar sua tarefa precípua de regulamentação da vida social, evitando
abusos ou arbitrariedades nas relações entre os homens, o Estado destinou
parcela de sua atuação legislativa para organizar um emaranhado de leis
12 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

capazes de estruturar harmonicamente relações jurídicas entre pessoas cujo


objeto esteja intimamente centrado em bens ou valores econômicos.
Em sendo assim, no Brasil, o Código Civil, após a longa tramitação
de mais de duas décadas, foi sancionado em 10 de janeiro de 2002 pelo
Presidente da República.
Durante a sua tramitação recebeu: 1063 emendas na Câmara
dos Deputados e 332 emendas no Senado Federal. De 1972
até 1984 tramitou na Câmara dos Deputados e de 1985
a 1997 no Senado, retornando a Câmara dos Deputados
novamente face as modificações sofridas, lá permanecendo
até agosto de 2001, quando foi aprovado e encaminhado
para sanção presidencial, sendo sancionado em 10/01/02,
transformando-se na Lei 10.406 (ARNOLDI, 2002).
Ao longo dessa tramitação, ocorreram muitas modificações na vida
política, econômica e social do Brasil e do mundo, conforme menciona Paulo
Roberto Colombo Arnoldi em matéria divulgada:
a) Alterações Políticas – passagem de regime autoritário
(militar) para democrático;
b) Instalação da Assembleia Nacional Constituinte, que
redundou na elaboração da Constituição Federal de 1988;
c) Revolução dos meios de comunicação e da tecnologia, que
desembocou no processo de globalização de economia em
curso;
d) Regionalização da Economia, com a formação de blocos
econômicos como a União Europeia, Nafta, Mercosul este
que nos interessa mais de perto, constituído em 1991 e
consolidado em 1995 com o Protocolo de Ouro Preto.
Miguel Reale (2002), sobre este novo Código, antes mesmo de entrar
em vigor, prelecionou magistralmente:
Quando entrar em vigor o Código Civil, a 10 de janeiro de
2003, perceber-se-á logo a diferença entre o código atual,
elaborado para um País predominantemente rural, e o que
foi projetado para uma sociedade, na qual prevalece o sentido
da vida urbana. Haverá uma passagem do individualismo e
do formalismo do primeiro para o sentido socializante do
segundo, mais atento às mutações sociais, numa composição
equitativa de liberdade e igualdade.
O Código Civil sofreu mudanças importantes, principalmente porque
essas mudanças procuraram acompanhar a evolução das ideias atuais de
nossa sociedade. É fato que os princípios gerais existentes no Código de
1916 pouco mudaram.
Comparativamente a períodos pretéritos de nossa história, o Código
Civil comportou inegáveis e até então impensáveis avanços, haja vista que até
então todas as aspirações teóricas do direito obrigacional estavam estagnadas
Washington Carlos de Almeida 13

no adimplemento irrestrito do débito, alavancando, por consequência, um


estatuto normativo capaz de guarnecer os anseios exclusivamente do credor.
Nessa linha de raciocínio, o núcleo arraigado do adimplemento cedeu
parcela de sua soberania teórica para o acolhimento de uma formulação
dualista capaz de compreender a relação obrigacional como um verdadeiro
“processo” composto de uma consecução de atos tendentes a articular
uma multiplicidade de pretensões e interesses dinâmicos. Percebe-se, dessa
maneira, que o almejado adimplemento não sofre restrição em seu conteúdo,
até porque este figura como um dos objetivos nucleares do adimplemento.
Apenas se desencadeia uma operosidade de situações que não venham a
resultar num desequilíbrio entre as partes figurantes da relação jurídica.
Sobre o assunto, Emilio Betti alude a uma tríplice dimensão do direito
obrigacional, ordenado inicialmente sob o enfoque de uma “conduta de
operação”, afinada com a atitude do devedor em não olvidar esforços em
realizar a prestação positiva ou negativa a que se comprometera. Ressalta-
se igualmente a “utilidade” da prestação, aqui plasmada como a relação
economicamente apreciável da relação obrigacional, contando também com
seus respectivos efeitos (deveres anexos inseridos em cláusulas contratuais).
Por fim, e não menos importante, faz-se menção ao “adimplemento”,
momento ápice do inter-relacionamento dos membros da comunidade e
consistente no predisposto cumprimento do que fora avençado pelas partes
pactuantes (BETTI, 1969, p. 37-43).
Tendo em vista a proliferação de figuras consideradas mais abrangentes
no ambiente econômico pátrio, mormente em setores outrora em processo de
evolução, como o direito do trabalho, direito contratual e direito comercial, a
declaração de vontade como essência do vínculo jurídico formado entre credor
e devedor para a realização de uma dada prestação forma, conjuntamente com
o adimplemento, partes de um todo orgânico e mais apurado especificado sob
a rubrica do direito obrigacional.
Nessa esteira, no Código Civil, na Parte Especial, pertencente ao Direito
das Obrigações, foram mantidos os conceitos básicos referentes a esta teoria;
no entanto, matérias que antes não estavam regulamentadas por lei, mas que
faziam parte da discussão no campo jurídico, fazem agora parte desse novo
Código.
O Código Civil abarca as atividades essenciais da pessoa humana e da
sociedade civil. O Direito das Obrigações, e toda a sua estrutura, é disciplinado
no primeiro livro da Parte Especial.
O primeiro Livro da Parte Especial se refere ao Direito das
Obrigações, sendo disciplinadas unificadamente as civis
e as comerciais, fato que, de resto, praticamente já ocorre
atualmente, devido ao obsoletismo do Código Comercial
de 1850. Esse Livro é enriquecido com novos modelos de
14 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

contratos-tipo, reconhecendo-se sempre a sua função social


(REALE, 2002).
O legado trágico deixado para humanidade pela 2ª Guerra Mundial
despertou o legislativo para tomada de medidas urgentes acerca do respeito
aos Direitos Humanos, por conseguinte o Estado teve que adotar uma postura
mais voltada ao social.
Obviamente, que essa nova postura não surtiu efeitos instantâneos, a
assimilação desse novo modo de pensar foi moroso e gradual, seus reflexos
no campo do direito privado, podem ser identificados no nas normas que
regulam os contratos, os quais, atualmente, não se limitam mais ao interesse
individual, o contrato ganhou status de instrumento que viabiliza pacificamente
as relações sociais, ou seja, os contratos tornaram-se importantes meios de
realização de negócios, instituindo obrigações entres as partes, mas sua função
passou a ser vista em prol do social.
Os Direitos Sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal
de 1988, tais como, a moradia, educação, saúde, trabalho, lazer, segurança,
previdência social, proteção a maternidade e a infância, assistência social
entre outros, por sua própria natureza assumem características de interesse
preponderantemente coletivos, cujo objetivo é o conceber de uma vida digna
em sociedade.
Nesse sentido expressa Luiz Neto Lôbo que a evolução da teoria dos
contratos, se deu, principalmente pela necessidade da relação obrigacional,
acompanhar a Formação do Estado Social.
...o Estado Liberal assegurou os direitos do homem de
primeira geração, especialmente a liberdade, a vida e a
propriedade individual. O Estado Social foi impulsionado
pelos movimentos populares que postulam muito mais que
a liberdade e a igualdade formais, passando a assegurar os
direitos do homem de segunda geração, ou seja, os direitos
sociais ( LÔBO, nº 722, p.42).
Ainda para Lôbo, o reconhecimento dos direitos
Transindividuais foi o que deu cabo ao Estado Liberal. De
maneira que, a inserção dos direitos difusos, coletivos ou
individuais homogêneos, direitos passaram a se sobrepor aos
interesses particulares das partes da relação contratual.
Esse movimento contínuo e progressivo de mudanças interpretativas
do direito obrigacional comportou inclusive a contemplação de valores e
princípios alheios num plano preliminar à realização privada de interesses
meramente negociais das partes envolvidas. Relações de índole moral ou de
conduta pessoal meritoriamente reconhecidas mereceram detida atenção do
legislador, que entrelaçou a dignidade da pessoa humana, direito fundamental
rotulado pela Constituição Federal, com a estipulação de um conteúdo
minimamente ético no plano obrigacional, capaz de conferir confiabilidade
Washington Carlos de Almeida 15

desde o nascedouro do desenlace jurídico. Ocorrendo na pratica uma


constitucionalização do direito privado.
Logo, a grande novidade do Código em relação ao Direito das
Obrigações brasileiro foi a adoção do princípio da boa-fé objetiva. Esse
princípio deverá guiar todo o ordenamento privado, provocando alterações
profundas na lógica que presentemente reside no campo das obrigações.
A disciplina das obrigações sofreu algumas alterações, e a adoção
do princípio da boa-fé no Direito das Obrigações deverá dirigir todo o
ordenamento privado.
Tanto, a função social, quanto, o princípio da boa-fé foram consignados
como normas de ordem pública, conforme expresso no artigo 422 do Código
Civil. Vale ressaltar que a boa-fé, a qual a lei se refere, trata-se da boa-fé objetiva,
e não, a boa-fé subjetiva, esta segunda é evocada pela intencionalidade do
indivíduo em gerar, ou não, a lesão ao direito de outrem, deste modo, temos
que a intenção de provocar o dano a outrem é nada mais, nada menos que
a má-fé. Todavia, a boa fé subjetiva não é descartada, ela apenas é analisada
com foco no possível desconhecimento acerca do ilícito do ato.
Em que pese, à nova lei simplesmente se referir ao termo como o
princípio da boa-fé, a doutrina passou a nomear nas relações contratuais,
como a boa-fé objetiva, tendo em vista, seu escopo ser o de impor aos
contratantes uma conduta de acordo com os ideais de retidão e lealdade, dito
de outra forma, não se considera o subjetivismo do agente, uma vez que as
partes contratuais devem agir conforme um padrão de conduta social, sempre
respeitando a confiança e o interesse do outro contratante. Nessa espécie, não
pode prevalecer à intenção de prejudicar, desta forma, tal ato violador de um
dever anexo ao contrato contraria a busca da vida em harmonia dentro da
comunidade.
Depreende-se, da inserção da boa-fé objetiva e da função social nas
relações contratuais que ambos os conceitos estão imbricados entre si e
coligados aos ideais do Estado Social, e que as partes contratantes se obrigam
a embasar seus atos em todos os momentos da relação contratual nesses
princípios.

1.1 NOÇÃO GERAL DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

O Direito das Obrigações é matéria que pertence ao Direito Civil, e é


aquela que disciplina as relações jurídicas patrimoniais, em que são tratadas as
relações obrigacionais que ligam um sujeito ao outro.
A significação da palavra obrigação, sem prejuízo de seu contexto
histórico, que será mais pormenorizadamente explorado, transmite-nos a
noção de vínculo jurídico ao qual o sujeito se submete, obrigando-o a uma
16 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

dada prestação. O esclarecimento do vocábulo considera um conceito mais


restritivo; eis que o senso comum atribuído ao ideal de obrigação converge
para entendimentos segundo os quais condutas moralmente recomendadas
e uniformizadas no seio da sociedade, como aquelas dedicadas ao cenário
familiar, social, cultural, religioso, filial etc., também agasalham a amplitude
do conceito de obrigação.
Apegando-se, por conseguinte ao sentido jurídico da palavra obrigação, a
abstração das mais variadas formas de sua manifestação promove uma distinta
matriz de compreensão agora fomentada pelo conjunto de normas jurídicas
associadas ao tema. Tem-se inicialmente, uma relação que por ser tutelada
pela legislação de regência admite o status de relação jurídica, estabelecida
entre credor e devedor que, dada a natureza de sua constituição, fixa um
caráter transitório de duração, tendo ao final, como objeto, uma prestação
pessoal econômica que, como igualmente se verá adiante, vem a ser positiva
ou negativa em favor do credor.
Em síntese, graças ao vínculo, ao liame que une as partes gestoras
da relação obrigacional, surge para nós o compromisso fecundado por
intermédio da sujeição do devedor, importando com efeito um direito de
crédito em prol do credor, este dotado de mecanismos judiciais hábeis a exigir
a prestação, consistente na entrega de um bem, pagamento do preço ou a
simples abstenção da prática de um determinado ato.
Ainda em suas linhas inaugurais, se o direito das obrigações ocupa-se
das relações entre dois sujeitos, um ativo (credor) e outro passivo (devedor),
podemos dizer que é uma disciplina que cuida das relações de caráter pessoal,
em que um sujeito ativo, mediante uma conduta positiva ou negativa do
devedor, tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação. Esta obrigação
deverá ser lícita, possível, determinada ou pelo menos determinável.
A volatilidade dos mecanismos econômicos colide muitas vezes com
a noção romântica do direito das obrigações e sua necessidade incansável
e estática de adimplemento ou de quitação. Pelo contrário, apenas com a
colaboração para nós considerada como intersubjetiva por parte do devedor,
é que a satisfação do interesse legítimo do credor em satisfazer-se será
alcançada (LARENZ, 1958, p. 21-22).
Novamente coloca-se à prova para discussão a relevância de tratamento
da noção geral de obrigação como um processo dinâmico e plural, em que a
participação do devedor e de outros co-obrigados porventura participantes
da relação obrigacional capacita a satisfação do credor (extinção da dívida) de
outra forma, consentida por este ou prevista em lei.
Devemos observar, portanto, que o Direito das Obrigações não
coaduna com a noção de imobilidade, não se circunscrevendo a postulados
cuja supremacia não mereça um reparo graças à evolução da sociedade. A
Washington Carlos de Almeida 17

noção geral de obrigação sofre uma variação no decorrer do tempo e do


espaço para atender, dentre outras, às particularidades que uma vida social
harmônica demanda para sua competente consolidação. O evolucionismo
dos protagonistas da sociedade há de ser observado para que o direito como
um todo encontre sua razão de ser.
Este vínculo obrigacional, que se dá em razão de um negócio realizado
entre o credor e o devedor, é de caráter transitório, pois, uma vez a obrigação
cumprida, a mesma se extingue.
Percebemos que essa singela menção ao vocábulo “negócio” por si só
representa certo distanciamento que a noção atual de obrigação guarda em
comparação ao direito romano. Nestes termos, importante lembrarmos a
lição de Orozimbo Nonato:
Para realçar como desconvizinhos estamos dos romanos,
baste lembrar não admitiam estes a possibilidade de
verdadeira alienação da obrigação e para atender a reclamos
imperiosos, ligados à cessão de créditos, recorriam, como
lembram os autores, aos conceitos de representação, da
procuratio in rem suam, da subrogatio e da ex-promissio. Hoje,
neste aspecto, o laço obrigacional como se despersonalizou;
mudáveis se mostraram as figuras do sujeito ativo e do sujeito
passivo da obrigação: o elemento econômico sobrelevou ao
pessoal (NONATO, 1959, p. 56).
A estruturação do Código Civil vigente condensou em bases claras
de interpretação a liberdade concedida aos sujeitos de livremente pactuarem
a criação de relações normativamente tuteladas dentro de uma autonomia
privada, limitada por disposições de ordem pública, coligadas, sobretudo aos
traços característicos de cada uma das modalidades das obrigações.
Entretanto, mostra-se de observância obrigatória que a evidência
econômica decorrente das modalidades triviais das obrigações como dar,
fazer ou não fazer não esgota a multiplicidade de relações fáticas em que o
direito das obrigações também merece respaldo, ainda que não concentradas
no Livro I, da Parte Especial, do Codex. Dessa forma, dado que as obrigações
provêm substancialmente do parâmetro das mais diversas condutas do ser
humano, visualizam-se outras prestações que também conferem notoriedade
à relação credor-devedor espraiadas em outros dispositivos do Código Civil.
Uma bem delineada noção de obrigação é capaz de conceber a
generalidade que o vínculo jurídico de um sujeito para com outro pode
acarretar. Resta, por hora, saber discernir com precisão em que instante nos
defrontamos com normas de natureza dispositiva, passíveis de acatamento ou
não pelos particulares contratantes, daquelas cuja observância e obediência
simbolizam o anseio da coletividade na defesa de valores e princípios.
18 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

Por essa visão é que o estabelecimento da relação obrigacional recebe


nítida contribuição do conceito de dever jurídico, aqui concebido como a
observância compulsória de uma relativa conduta, ordenando a conduta dos
respectivos destinatários.
Apenas para circunscrevermos alguns exemplos extraídos do Código
Civil, considere-se a repercussão do artigo 1.696 na seara do direito de família.
Por esse dispositivo positiva-se o mútuo dever de se prestar alimentos aos
parentes, sem contar outros deveres inatos à edificação da relação familiar.
Como se percebe nesse exemplo, o legislador milita em favor de aspectos
notoriamente pertencentes à estrutura da relação obrigacional, ponderando,
contudo, que a obrigatoriedade de conduta pelo alimentante advém de um
dever jurídico mais amplo até do que a própria obrigação.
Com salutar primazia, Arnaldo Rizzardo completa o entendimento
já esposado por Antunes Varela acerca do dever jurídico, afirmando que
certas condutas (como a que fora exemplificada no artigo 1.696), embora
sejam erigidas como obrigações, não integram o conteúdo técnico do
direito obrigacional, pois em geral a obrigação corresponde a um conteúdo
patrimonial em sua composição, enquanto que o dever jurídico privilegia uma
conduta (RIZZARDO, 2009, p. 6).
Uma revista balizada no contexto do Código Civil de 2002 encontra no
princípio da boa-fé objetiva preceito típico que atua como norma de conduta
entre os contraentes. Essas normas de comportamento das partes devem
estar presentes desde o momento da negociação inicial até o término do
contrato. Os contraentes devem atuar com lealdade e cooperação, mantendo a
segurança jurídica das relações obrigacionais. O art. 422 manifesta claramente
o preceito:
Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão
do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.
A conveniência legislativa de edificação do princípio da boa-fé como
norma jurídica positivada, emancipa um postulado que até então fora recluso
a uma acepção subjetiva e análise de estado psicológico, sempre com vistas
a aferir, com um mínimo de razoabilidade, circunstâncias que pudessem
identificar vícios ou expediente maliciosos que invalidassem o negócio
jurídico.
Essa jornada de integração da boa-fé aos traços característicos do
direito das obrigações colaborou ativamente para a conscientização do que
fora identificado com sapiência por Judith Martins Costa como “elemento
de ponderação axiológica nas regras obrigacionais que instrumentalizam as
relações de mercado” (COSTA, 2005, p. 40).
Washington Carlos de Almeida 19

O posicionamento sustentado pelo legislador na inserção desse salutar


elemento de interpretação consistiu no início de um aperfeiçoamento da
racionalidade na construção da relação obrigacional, possuindo como norte
de atuação a manutenção de um constante equilíbrio contratual.
Sob o plano fático das obrigações, o aprimoramento da boa-fé
defende preferência pelo auxílio na correção de eventuais desequilíbrios
contratuais, capazes de destemperarem as relações de cooperação entre os
sujeitos adstritos à relação obrigacional. Paralelamente, defende-se como
função primordial da boa-fé a coesão social obtida por meio da divulgação
de deveres, como lealdade, confiança, cooperação, vedando-se a imposição
de cláusulas obrigacionais destoantes com as limitações, ou, ainda que silente
a lei, que venham confrontar com os princípios gerais de direito.
Com efeito, pode-se dizer que muitos ordenamentos jurídicos
estrangeiros já adotavam o princípio da boa-fé objetiva e no ordenamento
jurídico brasileiro esse princípio, mesmo não sendo expresso por lei, sempre
foi contemplado. A boa-fé baseia-se em deveres de lealdade entre as partes.
As relações obrigacionais decorrem, além da lei, da vontade das partes,
e a boa-fé, como princípio, apresenta-se como o suporte mais importante na
conservação da teoria contratual moderna.

1.1.1 CONCEITO DE OBRIGAÇÃO

O ser humano possui uma vocação que lhe é própria: viver em grupo. O
cotidiano repleto de normas, deveres e obrigações permite o estabelecimento
de vínculos. Assim, o indivíduo assume compromissos e obrigações, seja na
vida civil, seja na vida política, seja de cunho religioso, político ou social, e
com isso estabelece vínculos.
No tocante ao nosso estudo, a palavra obrigação assumirá um significado
técnico e restringido, lembrando que, quando se trata de definir o conceito
de obrigação, cada autor procura conceituá-la a seu modo.
Depurando-se a palavra obrigação, segundo um conceito aceitável,
temos uma ausência de unicidade, vindo a comportar uma pluralidade
de significações. Seguindo a doutrina clássica, o aparecimento da palavra
obrigação implica o dever que a todo homem impende de respeito aos direitos
alheios, cujas limitações e restrições nos são ofertados pelo ordenamento
jurídico vigente.
A interdisciplinaridade do conceito em tela é notória, o que a rotula
com um significado impróprio, por clara alusão ao direito das coisas, outro
importante tema de apreço do direito privado. Outrossim, a exorbitância
se faz explícita, quando ampliamos este significado de obrigação, para outros
ramos do direito, como o direito público, como se constata no vínculo
20 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

obrigacional que muitas vezes é estabelecido entre o sujeito e o próprio


Estado.
Considerada em seu sentido amplo, a obrigação se vincula com
qualquer espécie de dever, seja ele moral, social, religioso ou jurídico. Vale
lembrar que, à margem de determinados entendimentos que dão conta de
uma equivalência da palavra obrigação com o próprio dever jurídico, não há
correspondência direta entre ambos, pois a noção de dever jurídico é mais
ampla, transferindo-se para outros temas do direito privado, como o direito
de família e o direito real, e até mesmo o direito público.
Ainda sobre a amplitude da palavra obrigação, não nos custa invocar a
lição sempre precisa de Arnold Wald, que, buscando uma acepção técnica
do vocábulo, realiza uma digressão histórica das ações no âmbito do direito
romano, descrevendo-as desta maneira:
Data do direito romano a distinção das ações em pessoais e
reais, da qual decorreu a correspondente divisão dos direitos
até hoje admitida. Os direitos podem ser exercidos sobre a
própria pessoa do titular (direitos da personalidade) ou sobre um
bem exterior de valor econômico (direitos patrimoniais). Estes
últimos, por sua vez, podem importar numa relação jurídica
em que o sujeito ativo exerce um poder de sujeição sobre
uma coisa, exigindo o respeito de todos os outros membros
da coletividade (direito reais), ou podem conceder, ao sujeito
ativo, o direito de exigir de determinada pessoa ou de certo
grupo de pessoas, a prática de um ato ou uma abstenção
(direitos obrigacionais) (WALD, 2015, p. 40).
A palavra obrigação (obligatio) constitui uma ligação jurídica entre o
credor e o devedor, sendo que o primeiro tem o direito de receber do segundo
determinada prestação. São dois elementos: a existência de uma prestação e a
responsabilidade do devedor pelo seu pagamento.
Nas Institutas de Justiniano é assim definida: Obligatio est iuris vinculum,
quo necessitate adstringimur alicuius solvendae rei secundum nostrae civitatis iura (Inst.
3.13 pr.). É a definição mais conhecida sobre obrigações: “A obrigação é o
vínculo jurídico ao qual nos submetemos coercitivamente, sujeitando-nos a
uma prestação segundo o direito de nossa cidade” (PEREIRA, 2015, p. 4).
Através da definição trazida pelas Institutas, abstraímos que a obrigação
implica num vínculo jurídico temporário pelo qual o credor pode exigir do
devedor uma prestação de cunho patrimonial, podendo também o credor
exercer um direito judicialmente reconhecido de agir sobre o patrimônio do
devedor caso a obrigação não venha ser satisfeita.
Normalmente, a obrigação, para existir, exige:
a) um sujeito ativo, o creditor, sujeito passivo, o debitor;
b) um objeto que pode consistir em dar (dare), prestar (pestare)
Washington Carlos de Almeida 21

ou fazer (facere) e não fazer (non facere) alguma coisa;


c) uma sanção decorrente do vínculo jurídico. Actio in personam,
distinta da actio in rem.
Diversos são os conceitos acerca da definição de obrigação. Na
literatura estrangeira, Vittorio Polaco tem um resumido conceito da palavra:
Relação jurídica patrimonial em virtude da qual o devedor
é vinculado a uma prestação de índole positiva ou negativa
como credor (apud PEREIRA, 2015, p. 6).
Na visão de Clóvis Beviláqua (1972, § 1o), a obrigação assume uma
“relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer
alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém,
por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude
da lei, adquiriu o direito de exigir de nós esta ação ou omissão”.
O conceito de obrigação tem característica transitória, pois, se assim
não fosse, as relações obrigacionais estariam sujeitas à servidão humana, o
que não é aceito nas culturas desenvolvidas.
Dentro desta característica transitória, cabe a definição do Prof.
Washington de Barros Monteiro (2003, p. 8): “obrigação é a relação jurídica,
de caráter transitório, estabelecida entre o devedor e o credor e cujo objeto
consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida
pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu
patrimônio” (grifo nosso).
Sobre obrigação, assim se manifesta:
Quando, pois, cogitamos de definir aqui obrigação, é este
o propósito que nos anima. E ao desenvolvermos a sua
dogmática não nos podemos esquecer daquela observação de
Saleilles, a propósito desta parte do projeto do Código Civil
alemão, e que sempre calha bem em qualquer obra sobre o
assunto: de todo o Direito Civil são as obrigações que maior
cunho guardam de elaboração científica, maior expressão ideal
da lógica jurídica apresentam no direito moderno, prestando
maior fidelidade ao Direito romano, pois foi o direito
obrigacional, em decorrência de seu caráter especulativo, a
obra-prima da legislação romana? (MONTEIRO, 2003, p. 8).
Já, para o doutrinador Nelson Rosenvald, a obrigação nos termos
atuais vai além de um mero vinculo jurídico transitório, uma vez que este
vinculo pode até ser temporário, mas seus efeitos repercutem no tempo e
na sociedade, destarte há que ser considerada a inserção dos princípios da
boa-fé e a função social nas relações contratuais geradoras dessas obrigações
na nova lei. Desse modo, para o autor a relação obrigacional entre as partes
consiste em um processo de cooperação mutua e continua para a plena
satisfação dos interesses que geraram o negócio. Tal pensamento consta no
excerto transcrito abaixo:
22 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

A obrigação deve ser vista como uma relação complexa,


formada por conjunto de direitos, obrigações e situações
jurídicas, compreendendo uma serie de deveres de prestação
é tida como um processo - uma série de atos relacionados
entre si-, que desde o inicio se encaminha a uma finalidade:
a satisfação do interesse na prestação. Hodiernamente, não
mais prevalece o status formal das partes, mas a finalidade à
qual se dirige a relação dinâmica. Para além da perspectiva
tradicional de subordinação do devedor ao credor existe
o bem comum da relação obrigacional, voltado para o
adimplemento, da forma mais satisfativa ao credor e menos
onerosa ao devedor. O bem comum na relação obrigacional
traduz a solidariedade mediante a cooperação dos indivíduos
para a satisfação dos interesses patrimoniais recíprocos,
sem comprometimento dos direitos da personalidade e da
dignidade do credor e devedor. (ROSENVALD, 2005, p.
204)
A delimitação e o sentido do conceito de obrigação retratam a perspectiva
dinâmica do direito, desdobrando-se substancialmente a obrigação numa
investigação correspondente à indicação precisa do envolvimento do débito
e crédito, cabendo concomitantemente a frutificação do dever respectivo do
sujeito passivo, qual seja, dar, fazer ou não fazer algo.
Metodologicamente, compete assinalar que o apontamento definidor
da obrigação vem a restringir o ingresso desenfreado de figuras outras
igualmente estatuídas pelo Código Civil, mas que não guardam retrospecto
direto com o surgimento da obrigação, dela apenas se servindo para fazer
surtir seus regulares efeitos, como se dá com os contratos e suas mais variadas
espécies, bem como com a responsabilidade civil.
Ademais, a exigência de condutas próprias sinaliza a especificidade
do direito obrigacional como disciplina, justificando sua natureza de direito
autônomo posto à disposição do sujeito ativo que, reconhecidamente detentor
do crédito inabalável, sofre com a recusa ou impossibilidade financeira do
devedor para seu adimplemento, culminando, via de regra, na conversão
dessa inobservância do dever de adimplir em responsabilidade patrimonial,
que por seu turno veicula/induz ao dever de indenizar.
Finalmente, insta salientar que na vertente do conceito de obrigação
emanam certas características que acompanharão o desenvolvimento do
instituto. Dentre estas diretrizes, encontramos os sujeitos, objeto e o vínculo
jurídico, sendo os primeiros representados pela parte credora e devedora
(ambas compostas por pessoas físicas e jurídicas). O objeto por sua vez
consistirá na prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa, contendo, por
conseguinte, um conteúdo patrimonial, eivado de licitude e complementado
pela necessidade do objeto ser possível, determinado ou determinável.
Washington Carlos de Almeida 23

Destarte, temos que o direito das obrigações consiste num complexo


de normas que rege relações jurídicas de ordem patrimonial, as quais
têm por objeto, prestações de um sujeito, em proveito de outro. O direito
das obrigações disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto
que seu conteúdo é a prestação patrimonial e sua principal finalidade
consiste exatamente em fornecer meios ao credor para exigir do devedor o
cumprimento da prestação.
Cumpre diferenciar alguns termos como: obrigação, dever, ônus,
direito potestativo e estado de sujeição- para melhor compreensão do
que abrange o direito das Obrigações.
a. Obrigação- é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode
exigir de outra prestação economicamente apreciável. Constitui-se segundo
ensinamentos de Francisco do Amaral “situação passiva que se caracteriza
pela necessidade do devedor observar um certo comportamento, compatível
com o interesse do titular do direito subjetivo. (AMARAL, 2004. p. 124)
b. Dever jurídico- O dever jurídico é a necessidade que tem toda
pessoa de observar as ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena
de incorrer numa sanção. Tal dever não se aplica às relações obrigacionais,
mas também abrange as relações de natureza real atinentes ao direito das
coisas e as dos demais ramos do direito, como o direito de família, o direito
das sucessões e o direito de empresa, incluindo os direitos da personalidade.
Os autores Giselda Hironaka e Renato Duarte Franco de Moraes, apontam
que “em sentido mais estrito, situar-se-á a ideia de obrigação, referindo-se
apenas ao dever oriundo à relação jurídica creditória (pessoal, obrigacional)”.
Nesse mote continuam a explanar os autores :
Na obrigação, em correspondência a este dever jurídico de
prestar (do devedor), estará o direito subjetivo à prestação
(do credor), direito este que se violado- se ocorrer a
inadimplência por parte do devedor – admitirá, ao seu
titular (o credor), buscar no patrimônio do responsável pela
inexecução o necessário à satisfação compulsória do seu
credito, ou à reparação do dano causado, se este for o caso
(HIRONAKA e MORAES, 2008. p. 32).
c. Ônus jurídico- Consiste o ônus jurídico na necessidade de se
observar determinada conduta para satisfação de um interesse. Para Orlando
Gomes, ônus jurídico consiste na “necessidade de agir de certo modo para
a tutela de interesses próprios. Exemplos de ônus para o autor citado é a
obrigação de “levar o contrato ao registro de títulos e documentos para ter
validade perante terceiros; inscrever o contrato de locação no registro de
imóveis para impor sub-rogação ao adquirente do prédio” (GOMES, 1997.
p. 6).
Outro exemplo é o ônus de provar vislumbrado no art. 373, I, do CPC.
24 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
Desse artigo extraímos o entendimento que a não observância do
ônus jurídico causa consequências para aquele que detém diversamente do
que ocorre no Dever jurídico que as consequências atingem todas as partes
envolvidas no negócio.
d. Direito potestativo- No entender de Francisco do Amaral Direito
potestativo “é o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de
outrem, sem que este possa fazer algo que não se sujeitar”. (AMARAL, 2004.
p. 196) . Portanto consiste em um poder de produzir efeitos jurídicos mediante
a declaração unilateral de vontade do titular, gerando em outra pessoa um
estado de sujeição. A titulo de exemplo de Direito potestativo temos: os
artigos 1521 do CC, que tratam dos impedimentos matrimoniais, o artigo
1550 também do CC tratando da causas de anulabilidade do casamento,
entre outros exemplos estão os artigos 1647 e 1649 todos do Código Civil.
Esquematizando as principais diferenças dos termos acima temos:

Vínculo jurídico de natureza pessoal e


Obrigação
prestação patrimonial

Observar as ordens do ordenamento


jurídico. Não se restringe ao direito
Dever jurídico das obrigações relaciona-se aos prazos
prescricionais (arts. 205 e 206 do CC), afeta
a todos da relação.

Ação para a satisfação de um interesse,


Ônus jurídico não observância afeta a todos na relação,
gerando responsabilidades.

Poder de produzir efeitos na esfera jurídica


Direito potestativo de outrem, gerando sua sujeição. Relaciona-
se aos prazos decadenciais.

1.2 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

• O objeto- na relação obrigacional o objeto é a prestação a se


transformar em obrigação de dar ou em fato a ser prestado ( obrigação de
fazer ou não fazer). A prestação, que deve ser determinada ou ao menos
determinável, é o objeto direto e imediato da relação; já a coisa ou fato a ser
prestado será o objeto mediato da obrigação, ou seja, o objeto da prestação.
Washington Carlos de Almeida 25

• Sujeitos- Na hierarquia interna relativa aos sujeitos, temos o credor,


que acredita na palavra empenhada pelo devedor e quer satisfazer seu interesse
ao crédito; e o devedor, que consiste na pessoa que se comprometeu a
realizar o comportamento para adimplir a obrigação.
• O vínculo jurídico- constituído pelo contrato que pode ser escrito
ou não, o qual afere ao credor os poderes de receber e ao titular passivo
os correspondentes deveres atribuídos na relação, aqui esta o centro da
obrigação. Maria Helena Diniz, explana acerca do teor patrimonial da
obrigação, da seguinte maneira - diz que o devedor, se deve um grão de
arroz, não deve nada. Depreendemos dessa frase que para a autora o centro
da obrigação deve ser algo que tenha uma valoração econômica, do contrário
o objeto da obrigação será insuscetível de execução. (DINIZ, 2015. p. 51).
• Exigibilidade- O débito ou compromisso assumido é o elemento
substancial econômico da relação, revela a obrigação que deverá ser
espontaneamente cumprida pelo devedor, em consequência da relação de
direito material firmada, corresponde ao direito subjetivo do credor quanto
à prestação;
• Direito relativos- A obrigação corresponde ao dever de adimplir
uma prestação, cujo objetivo é atender um interesse pessoal econômico
do credor, portanto, é uma prestação pessoal, não pode ser imposta para a
coletividade, nem ter efeitos erga omnes. Neste sentido, podemos dizer a titulo
de ilustração que: Não pode ser entendida como obrigação o dever de pagar
tributos.
• Prestação- Atividades do devedor, reconhecido o direito do credor
de reclamar a prestação, deve o devedor agir para satisfazê-la.
A prestação pode ser Positiva ou comissiva, Negativa ou omissiva.
- As positivas compreendem as ações de: Dar Coisa certa ou Coisa
incerta, Restituir e as de Fazer.
- As Negativas ou omissivas: o conteúdo dessa modalidade de obrigação
é abster-se, configurando uma obrigação de não fazer.
• Extensão- estende-se as atividades de natureza patrimonial ou que
possam ser aferido algum valor econômico, essas atividades são ilimitadas
quando se referem as prestações e, são limitadas ao se tratar de direito reais.
• Autonomia privada- Diz-se da capacidade das partes interessadas em
realizar negócios, assumirem compromissos ou obrigações espontaneamente,
ou seja, de forma livre optam como atuar no campo jurídico e, por assim o
fazer, ficam adstritos a estas determinações. Destarte a autonomia é privada,
pois os indivíduos têm ampla liberdade em externar a sua vontade, limitada
esta apenas pela licitude do objeto, pela inexistência de vícios, pela moral,
pelos bons costumes e pela ordem pública.
26 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

• “jus ad rem” e “ius in re”- o objeto no direito obrigacional (jus ad rem)


caracteriza pela exigência de uma prestação, já os direitos (ius in re) reais
incidem diretamente sobre uma coisa;
• Fontes do direito obrigacional - Contrato, a declaração unilateral
da vontade, ato ilícito, lei.
- Nos contratos, a obrigação surge no momento em que as partes
vinculadas no negócio manifestam sua vontade assumindo cada um seu
compromisso para alcançar seus respectivo interesses.
- Na declaração unilateral de vontade, a obrigação nasce assim que
o agente evidencia sua intenção de assumir uma obrigação, é recorrente o
exemplo da promessa de recompensa consagrado nos artigos 854 a 860 do
Código Civil.
- Podemos conceituar o ato ilícito como a infração de um de ver
preexistente e a atribuição do resultado à consciência do agente. Para se
caracterizar ilícito, é imperativo que haja uma ação ou omissão voluntária,
que infrinja norma jurídica protetora de interesses alheios ou de um direito
subjetivo individual. Todavia, ainda para ser considerado ilícito o ato
precisa que o infrator tenha conhecimento da ilegalidade de seu ato, agindo
intencionalmente (dolo) procura lesar outrem, ou culpa, mesmo cônscio dos
prejuízos que sobrevém de seu ato, assume o risco de gerar evento danoso.
Conforme disciplina o artigo 186 do Código Civil.
A Lei, como fonte da obrigação deve embasar as relações, estipulando
limites e obrigações a cada uma das partes.
Denota-se da exposição acima, que as obrigações decorrem tanto de lei,
quanto da vontade humana, no entanto em ambas corrobora o fato humano,
e em ambas atua o ordenamento jurídico, de modo que, de nada valeria a
vontade sem a lei, assim como também nenhuma eficácia teria a lei sem um
ato volitivo, para a criação do vínculo obrigacional. O fato jurídico stricto
sensu não constitui, portanto, fonte mediata de obrigações.
A lei como fonte imediata faz derivar obrigações apenas dos atos
jurídicos stricto sensu, dos negócios jurídicos bilaterais ou unilaterais e dos
atos ilícitos (fontes mediatas). Os contratos e as declarações unilaterais de
vontade têm sua eficácia no comando legal. Nas obrigações oriundas de atos
ilícitos é a lei que impõe ao culpado o dever de ressarcir o dano causado.
Gomes expõe que verdadeiramente, a lei é fonte imediata das obrigações,
porquanto, rege apenas as condições determinantes do aparecimento delas,
atribuindo ao devedor o seu cumprimento, impondo-lhe uma sanção se
inadimplente; portanto, não cria quaisquer relações creditórias (GOMES,
1976, p. 45).
Washington Carlos de Almeida 27

Entretanto, excepcionalmente, considera-se, em certos casos, a lei


também como fonte mediata de obrigações. Trata-se daquelas hipóteses cuja
obrigação decorre diretamente de lei e não de um fato humano; a título de
exemplificação, podemos citar as obrigações patrimoniais fundadas no risco
profissional, o que institui um dos aspectos da teoria da responsabilidade
objetiva (Lei n. 6.367/76; CC, arts. 734 e 735). Igualmente trazida a Luz pela
Súmula 28 do STF, baseada no risco, imputa ao banqueiro responsabilidade
pelo pagamento de cheques falsificados, independentemente de averiguação
de culpa.
Assim temos esquematizado resumo das características das obrigações:

Imediato → Prestação
1 Objetos
Mediato → a coisa

Ativo - Credor
2 Sujeitos
Passivo - Devedor

3 Vínculos Patrimoniais

4 Exigibilidade Uma prestação de ordem pessoal

Dirigem-se contra pessoas determinadas,


atrelando sujeito ativo e passivo, não sendo
5 Direitos relativos
oponíveis erga omnes, visto que a prestação
apenas poderá ser exigida do devedor.

A prestação pode ser positiva ou negativa.


Reconhecido o direito do Credor em
6 Tipos de prestações
cobrar pressupõe-se certo comportamento
do devedor para adimplir.

Estende-se a todas as atividades de natureza


patrimonial. Numerus apertus (ilimitado),
7 Extensão
enquanto o Direito das Coisas é Numerus
clausus (limitado).

A autonomia é privada, pois os indivíduos


têm ampla liberdade em externar a sua
vontade, sendo requisitos limitadores
8 Autonomia
da autonomia: a licitude do objeto, a
inexistência de vícios, o apelo pela moral,
pelos bons costumes e pela ordem pública.
28 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

9 “jus ad rem” e “ius in re” “jus ad rem” Direito à coisa, enquanto o


Direito real é a coisa “ius in re” .

Contrato, a declaração unilateral da


10 Fontes das obrigações
vontade, ato ilícito, lei.

Diferença entre direitos obrigacionais e reais


Os direitos obrigacionais (jus ad rem) diferem, em linhas gerais, dos reais
(ius in re)
a) quanto ao objeto- Os direitos obrigacionais (jus ad rem) exigem o
cumprimento de determinada prestação, já os direitos (ius in re) reais incidem
sobre uma coisa;
b) quanto ao sujeito- Nos direitos obrigacionais (jus ad rem), o
sujeito passivo é determinado ou determinável, enquanto nos direitos reais
é indeterminado (são todas as pessoas do universo, que devem abster-se de
molestar o titular);
c) quanto à duração- Os direitos obrigacionais (jus ad rem) são
transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios, enquanto
os direitos reais são perpétuos, não se extinguindo pelo não uso, e sim nos
casos expressos em lei (desapropriação, usucapião em favor de terceiro etc.);
d) quanto à formação- Os direitos obrigacionais (jus ad rem), podem
resultar da vontade das partes, sendo ilimitado o número de contratos
inominados (numerus apertus), ao passo que os direitos reais só podem ser
criados pela lei, sendo seu número limitado e regulado por esta (numerus
clausus);
e) quanto ao exercício- Os direitos obrigacionais (jus ad rem) exigem
uma figura intermediária, que é o devedor, enquanto os direitos reais são
exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade da existência de um
sujeito passivo
f) quanto à ação- Nos direitos obrigacionais (jus ad rem), a ação é
dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo
(ação pessoal), ao passo que a ação real pode ser exercida contra quem quer
que detenha a coisa.
Washington Carlos de Almeida 29

Trazemos de forma resumida as diferenças entre direitos obrigacionais


e direitos reais no quadro abaixo:

Direito das obrigações Direito reais


jus ad rem ius in re
quanto ao objeto Prestação Coisa

Determinado ou
quanto ao sujeito Indeterminado
determinável

quanto à duração Transitório Perpétuo

quanto à formação Vontade (ilimitado) Lei (limitado)


Figura intermediária, Sobre a coisa
quanto ao exercício
(o devedor) (ausência de suj. passivo)

1.3 OBRIGAÇÃO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Para realizar um estudo sobre as obrigações, é necessário reportar-se ao


tempo e abordar como se deu a evolução histórica das fontes das obrigações
e também dos princípios gerais do direito das obrigações.
Com a evolução da economia, da política, das culturas, enfim da
sociedade como um todo, foram surgindo novas formas de vínculos
obrigacionais que não estavam classificadas dentro das teorias das fontes
tradicionais.
Na Grécia, apesar de os gregos terem noção da obrigação, não
encontramos nada nos estudos de suas fontes que conceitue este instituto.
No instituto das obrigações, foi Aristóteles quem dividiu as relações
obrigatórias em dois tipos: as voluntárias – que são oriundas de um acordo
entre as partes, e de acordo com este filósofo podem ser enquadradas como
a compra e venda, o mútuo e o comodato (contratos de empréstimos) e o
depósito, entre outras –, e as do tipo involuntárias – oriundas de um fato
do qual nasce uma obrigação. Para as do segundo tipo, Aristóteles ainda
classificou-as como “provenientes de atos cometidos às escondidas” e “atos
ilícitos cometidos com violência”.
Nas relações obrigatórias involuntárias nascidas de “atos ilícitos
cometidos às escondidas” estão, entre outras, o adultério e os furtos, e nas
relações obrigatórias nascidas de “atos ilícitos cometidos com violência”
estão o homicídio e o roubo, entre outras.
Com base na classificação de Aristóteles sobre a obrigação, os romanos
chamaram as relações voluntárias de “obrigações ex contractu” – aquelas
BIBLIOGRAFIA

ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. São


Paulo: Saraiva, 1980.
ALVIM, José Eduardo Carreira. Tutela específica das obrigações de fazer e
não fazer na reforma processual civil. Belo Horizonte: Del Rey, 1997.
ANTUNES VARELA, João de Matos. Direito das obrigações, v. II. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 1978.
ARNOLDI, Paulo Roberto Colombo. O Código Civil de 10 de janeiro de
2002 e o Livro II “Do Direito de Empresa”. Rio Grande do Sul: Revista
Jurídica, 2002.
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria geral das obrigações: responsabilidade
civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
BETTI, Emilio. Teoria geral de las obligaciones. Madrid: Revista de Derecho
Privado, 1969. t. I.
BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria geral do direito civil. 4. ed. Brasília: Ministério
da Justiça. Serviço de Documentação, 1972.
BONFANTE, Pedro. Instituciones de derecho romano. 2. ed. Madri: Editorial
Reus, 1951.
CAMBLER, Everaldo Augusto. Curso avançado de direito civil. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2001. v. 2.
CORREIA e SCIASCIA. Manual de direito romano. São Paulo, 1951. v. 2.
Institutas de Gaio e de Justiniano vertidas para o português em confronto
com o texto latino. São Paulo: Saraiva, 1951.
CRETELLA JÚNIOR, José. Primeiras lições de direito. Rio de Janeiro:
Forense, 1995.
DE RUGGIERO, Roberto. Instituições de direito civil. Campinas: Bookseller,
1999. v. 3.
282 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das
obrigações. 30ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. v. 2.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de
direito civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 2.
__________. Obrigações. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 5. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1978.
________. Direitos reais. 6. ed. Rio de Janeiro, Forense, 1978.
GOMES, Orlando. Obrigações. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 5. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1978.
GOMES, Orlando. Obrigações. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 2: teoria geral
das obrigações, 12ª edição, São Paulo: Saraiva, 2015.
LARENZ, Karl. Derecho de obligaciones. Tradução de Jaime Santos Briz.
Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1958. t. I.
LISBOA, Roberto Senise. Manual elementar de direito civil. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2002. v. 2.
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Direito civil: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2009.
___________. Contrato e mudança social. Revista Forense, n° 722. Rio de
Janeiro: Forense.
_________. Dirigismo Contratual. Revista de Direito Civil, n° 52. São Paulo
: Revista dos Tribunais.
_________. O contrato – exigência e concepções atuais. São Paulo : Saraiva,
1986.
LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito civil: obrigação em geral.
Rio de Janeiro: Forense, 1995.
LOPES, J. R. L. O Direito na história. Lições introdutórias.
São Paulo: Max Limonad, 2000.
MARKY, Thomas. Curso elementar de Direito Romano. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 1995.
MARTINS – COSTA, Judith. Comentários ao Código Civil: do direito das
obrigações, do adimplemento e da extinção das obrigações. Rio de Janeiro:
Forense, 2005. v. 5, t. I.
Washington Carlos de Almeida 283

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. São Paulo:


Saraiva, 1997. v. 4.
____________. Curso de direito civil: direito das obrigações. 30. ed. São
Paulo: Saraiva, 1999. v. 4.
___________. Curso de direito civil: direito das obrigações. Atualização de
Carlos Alberto Dabus Maluf, de acordo com o Código Civil. 32. ed. São
Paulo: Saraiva, 2003. v. 4.
NOBRE JÚNIOR, Edilson Pereira. A proteção contratual no Código do
Consumidor e o âmbito de sua aplicação. Disponível em: <https://core.
ac.uk/download/pdf/79071181.pdf>. Acesso em 05.07.19.
NONATO, Orosimbo. Curso de direito das obrigações. Rio de Janeiro:
Forense, 1959. v. 1.
NORONHA, Fernando. Tripartição fundamental das obrigações: obrigações
negociais, responsabilidade civil e enriquecimento sem causa. Jurisprudência
Catarinense, Florianópolis, v. 72, p. 93-106, 1993.
OLIVEIRA, Eduardo Silva. Taxa Selic na cobrança dos juros moratórios.
Jus navegandi. Disponível em: <http://www1.jus. com.br/doutrina/texto.
asp?id=1972>. Acesso em: 7 out. 2004.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituição de direito civil. Rio de Janeiro:
Forense, 1996.
_____ Instituições de Direito Civil, vol. 2. 27ª ed. Rio de Janeiro, Editora
Forense, 2015.
PONTES DE MIRANDA. Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado.
3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1984.
RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos. São Paulo: Resenha Universitária,
1976. v. 1.
REALE, Miguel. Sentido do Código Civil. Disponível em: <http://www.
miguelreale.com.br/>.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das obrigações. 5. ed. rev e atual: Rio de
Janeiro: Forense, 2009.
RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. Atualizada de
acordo com o Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002). 30. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002. v. 2.
284 DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES

ROSENVALD, Nelson. Direito das obrigações e responsabilidade civil:


teoria e questões. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.
_____. Dignidade humana e boa-fé. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 204.
SARAIVA, Vicente de Paulo. Modalidades das obrigações, Ed. Brasília
Jurídica, 2004.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1987.
SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. Adimplemento e extinção das obrigações. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. v. 7. . Inadimplemento das obrigações.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. v. 7.
TABOSA, Agerson. Direito romano. Fortaleza: Imprensa Universitária, 1999.
TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria
Celina de. Código Civil interpretado. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
THOMAS, Marky. Curso elementar de direito romano. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 1995. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Disponível em: <http://
www.tj.sc.gov.br>.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria
geral dos contratos. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013. v. 2.
WALD, Arnoldo. Direito Civil: direito das obrigações e teoria geral dos
contratos. 22ª. ed.. São Paulo: Saraiva, 2015.
__________. Curso de Direito Civil brasileiro. 7. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1992.

Você também pode gostar