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“O Brasil da Independência a meados do século XIX” de Leslie Bethell e José

Murilo de Carvalho

- Cronologia base: 1808 – 1831: independência e tentativa de construção de


um Estado; 1831 – 1840: crise pós independência e período regencial; pós
1850: estabilidade (prosperidade da economia cafeeira, consolidação entre os
interesses da elite), mas ainda a falta de uma “nação”: pouca comunicação
entre províncias, população majoritariamente escrava; (p. 768/769);

- A “nacionalização” só começa a partir do Segundo Reinado;

- Processo de independência: sociedade rural com grande percentual de


escravos; sociedade urbana com uma pirâmide social mais complexas; política
regional, províncias um pouco conectadas economicamente, mas “mundos
quase isolados” (p. 698)

- 1822: não havia uma unidade econômica e política no Brasil, não há um


senso de identidade nacional; 1822 não foi o fim do processo de
independência, foi “incompleto” (p. 699)

- D. Pedro I: garantir os interesses da elite e manter a unidade nacional x


simbolizar uma ideia de dependência com Portugal; Primeiro Reinado momento
de muito conflito político e ideológico: o avanço das ideias liberais no Brasil,
mas, em sua maioria, de caráter moderado: não contestava-se a monarquia;

- Polarização política: absolutismo se restaurando na Europa x ideias liberais; o


desentendimento entre José Bonifácio e D. Pedro I mostra a tendência
absolutista do imperador

- (p. 700): a rapidez de D. Pedro em redigir uma constituição que não limitasse
seus poderes: criação do poder moderador (“invenção maquiavélica”, p. 701),
eleições indiretas, escolha de senadores, mandatos vitalícios;

- A existência de uma oposição liberal, que futuramente tomará o poder na


regência após a renúncia de D. Pedro e a crise do Primeiro Reinado; a
Confederação do Equador e a repressão violenta de D. Pedro I.
- A ligação de D. Pedro com a comunidade portuguesa ameaçava sua
autoridade; a criação do sentimento anti-lusitano como pilar fundamental da
identidade nacional brasileira;

- A questão da escravidão: ceder às pressões inglesas seria ir contra os


“interesses nacionais”, que queriam a escravidão; a abolição deveria ser um
processo, que teria como grande objetivo o embranquecimento; a economia
brasileira não podia se sustentar sem o trabalho escravo. (p. 704); “Uma
questão a ser pensada no futuro e não no presente” (p. 746);

- A Guerra da Cisplatina: fiasco, enfraqueceu ainda mais a figura de D. Pedro,


que não conseguiu manter sua dominação sobre a área; criação do Uruguai.

- A monarquia possuía grande apoio popular; a mentalidade brasileira era


monarquista. Isso se originou, principalmente, no período joanino, o qual o
Brasil experimentou a liberdade e a autonomia; a expectativa de um “herói
nacional” em D. Pedro (p. 706)

- O afastamento dos principais grupos políticos do poder (SP, MG e RJ), o ódio


aos portugueses, o ressentimento militar e a quebra de expectativas no mundo
urbano depois da independência derrubou D. Pedro;

- A influência do avanço liberal na Europa com as revoluções liberais do século


XIX (1830);

- A noite das garrafadas e o aumento das tensões entre liberais e centralistas;


o aumento da pressão em cima de D. Pedro, a preocupação com a crise de
sucessão do trono português e o “impulso” da renúncia (1831); a nação
brasileira aclamava D. Pedro II, mostrando a mentalidade monarquista da
população; a esperança de um governo mais aliado aos interesses brasileiros e
menos ligado a Portugal, pois D. Pedro II era brasileiro: nacionalização do
trono, dando fim ao processo de independência, pois representava o “fim”
definitivo da ligação Brasil-Portugal (p. 709/710)

- A determinação rápida de uma regência trina provisória com representantes


liberais e o início do “O Brasil pertence aos brasileiros”, ou, nesse caso, o Brasil
pertence à classe dominante brasileira (p. 710);
- Período Regencial: liberal – Ato de 1834 e a crise nas medidas liberais –
conservador (regresso) – golpe da maioridade (restauração);

- O caráter conturbado e violento do período regencial: revoltas nativistas, em


prol da restauração monárquica, anti-lusitanos; em sua maioria, urbanas e anti-
portuguesas, com exceção da Guerra dos Cabanos, que foi rural e reagiu
contra a abdicação de D. Pedro (p. 712);

- O crescimento dos liberais moderados: apoiaram D. Pedro em 1822, mas se


tornaram cada vez mais críticos à centralização do poder. No entanto, não se
entendiam como radicais, como os farroupilhos, que defendiam o
republicanismo (p. 713);

- “Descentralização, mas sempre dentro do regime monárquico” (p. 713),


inspirados pelos ideais liberais franceses e norte-americanos; sua maioria não
defendia o federalismo estadunidense, pois estavam ligados ao Rio de Janeiro,
então, garantir a unidade nacional e o RJ como capital, traria segurança para
seus interesses;

- O liberalismo brasileiro era limitado pela necessidade de se manter a


escravidão (p. 714); até os anos 1830, o tráfico de escravos estava estagnado,
fazendo com que os liberais defendessem e apoiassem o tratado anglo-
brasileiro de 1826 que limitava o tráfico e criar leis punitivas para praticantes de
tráfico negreiro. Porém, nenhuma dessas leis foi duramente aplicada após
1830, quando o comércio de café e algodão crescem e a demanda de escravos
reaparece; “Lei pra inglês ver” (p. 714)

- A questão militar: aversão dos liberais ao exército, por simbolizar um


“absolutismo”, porém a criação da Guarda Nacional aos moldes do exército
burguês europeu: “confiar a defesa do país aos cidadãos abastados” (p. 715); a
“milícia cidadã”, que servia para conter conflitos, conter agitação popular e
garantir as fronteiras;

- Código Criminal Liberal (1830), Código de Processo Criminal (1832), Lei da


Regência (1831), o surgimento do habeas corpus e dos juízes de paz
simbolizam o caráter liberal moderado da regência; “Não houve nenhum outro
período na história brasileira em que o legislativo exerceu tanta influência” (p.
716);

- No entanto, a repressão não diminuiu, apenas “mudou de lugar”: antes,


estava nas mãos do poder central e, agora, dos poderosos locais; desilusão e
desapontamento com a regência, eclodindo em revoltas como sabinada,
cabanagem, farroupilha;

- A questão popular na cabanagem: a participação da população indígena e


cabocla, o ódio já existente pela estrutura de poder elitista e a crise regencial
como a “gota d’água”, que favoreceu a revolta popular devido ao
enfraquecimento da elite, por conta das disputas ideológicas (p. 722);

- O caráter elitista da Farroupilha, diferenciando-se da Cabanagem;

- O fracasso das reformas liberais e do ato de 1834 e a eclosão de revoltas


trouxe de volta a polarização política e ideológica, originando dois partidos,
fundamentais pro segundo reinado: Liberal x Conservador;

- “Vemos a anarquia tomar conta do Império” (p. 728): a transição rápida e


desorganizada de um Brasil praticamente absolutista (primeiro reinado) para
um Brasil liberal (regência) criou uma crise política no país;

- O apoio popular da ideia de “regresso breve e racional” e a renúncia de Feijó,


um regente liberal, para Pedro de Araújo Lima, um conservador. (p. 729);

- Reforma dos Códigos decretados pela regência liberal e a devolução do


poder ao governo central; a tentativa de restaurar o poder moderador,
suspenso durante a regência liberal;

- O crescimento do café: ocasionou um crescimento da economia brasileira,


gerando uma estabilidade e prosperidade que vai gerar o “sucesso” do
segundo reinado;

- O fortalecimento de um Brasil agroexportador; a falta de condições para


estabelecer uma industrialização: falta de combustível, escassez de meio de
transporte; quantidade limitada de capital, sistema bancário rudimentar,
mercado de trabalho dominado pela escravidão, pouco poder aquisitivo,
ausência de mercado nacional, falta do estimulo do governo (p. 743);

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