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EJES TEMÁTICOS:
3- Recursos naturales, medioambiente y desarrollo rural. Sostenibilidad del
desarrollo agrario. Agroecología.
RESUMO
O trabalho procurou analisar o ambiente institucional da suinocultura e os fatores
que impedem maior utilização do biogás a partir dos dejetos suínos para geração
de energia e renda, e redução do impacto ambiental. O trabalho usou o suporte
teórico da Nova Economia Institucional. Para tal, utilizou como metodologia a
estatística descritiva e comparativa. A pesquisa mostrou a existência de vários
estrangulamentos no processo de produção do biogás, desde o número
insuficiente de animais para a viabilização até a comercialização das Receitas
Certificadas de Emissões por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Observou-se que o maior problema é a escala de produção, sendo que seria
necessária uma planta produtiva maior do que a média observada entre os
produtores, já que a maioria das propriedades é de pequeno porte, não possuindo
estrutura financeira suficiente para tal investimento. Também a baixa adesão à
produção de energia a partir do biogás está ligada aos altos custos de
implantação do negócio que será comercializado em um mercado de alto risco.
Finalizando, outro aspecto relevante é o valor cobrado pelas certificadoras para
intermediar a compra e venda de créditos de carbono.
1. INTRODUÇÃO
Também é o quarto maior exportador de carne suína em 2011, com 582 mil t,
ficando atrás dos Estados Unidos (2.246 mil t), União Europeia (2.000 mil t) e
Canadá (1.660 t) (ABIPECS, 2013). Em todo o território brasileiro mais de 730 mil
pessoas estão diretamente ligadas à suinocultura, sendo que esta atividade foi
responsável pela renda de mais de 2,7 milhões de pessoas, além de possibilitar o
aumento de divisas com as exportações da carne suína (GONÇALVES;
PALMEIRA, 2006).
Nos últimos anos, a produção tem apresentado considerável aumento, já
as exportações vêm oscilando e tem diminuído em decorrência da valorização do
real, das mudanças de procedimentos nos mercados e pelas crises externas. Isso
faz com que o mercado interno encontre-se em fase de fortalecimento, uma vez
que as vendas domésticas se tornem uma opção atrativa em relação às
exportações, tendo atingindo, em 2011, o nível de consumo per capita de 15,1 kg
(ABIPECS, 2011). Na região Sul do país se encontra o maior plantel de suínos,
correspondendo a 47,85% do rebanho nacional (cerca de 18.643.470 cabeças), e
onde o setor industrial associado à atividade está mais avançado (ABIPECS,
2011). A suinocultura se destaca nos aspectos econômicos e sociais, pela
geração de renda e trabalho, mas apresentas desafios relevantes como o passivo
ambiental resultante desta atividade, a qual agride significativamente os
mananciais e bacias hidrográficas onde se desenvolve esta atividade, uma vez
que o processo e produção e criação de animais exigem que o plantel seja
confinado e fique próximo a uma fonte de água, a qual é degrada pela atividade.
(ASSIS; MURATORI, 2007).
De acordo com Oliveira (2005), o tipo de produção é classificado em: (1)
unidade produtora de leitões (UPL) – formada pela maternidade e creche, cujos
animais permanecem desde o nascimento até atingirem média de 25 kg; (2)
unidade de criação e terminação (UCT) – fase de engorda dos suínos com peso
compreendido em média de 25 Kg a 100 kg; e (3) unidade de ciclo completo
(UCC) – no qual ocorrem tadas as fases de produção, desde o nascimento dos
leitões, passando para o crescimento e engorda até a saída para o abate.
A população de suínos em uma UCT gera por dia, em média, 7 litros de
dejetos por unidade animal. Dados estes também confirmados por Lindemeyer
(2008), que encontrou em suas pesquisas que uma UCT gera por dia, em média
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Este índice é uma proxy para o nível geral de qualidade institucional e mede o efeito combinado
de instituições políticas e econômicas.
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de modo mais rápido, mas isso não significa que elas de fato passarão a vigorar.
De acordo com Roland (2004) as instituições informais são de mudança lenta
enquanto as formais tendem a ser mais rápidas. A direção das mudanças
institucionais depende das interações entre instituições e organizações.
Para o surgimento do mercado de carbono foi necessária a criação de
regras. Nesse trabalho busca-se investigar se essas regras estão claras e se elas
incentivam as empresas brasileiras a participarem desse mercado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
para gerá-las e, uma vez emitidas, a oferta e a procura que guiam sua
comercialização no mercado financeiro (RATHUNDE, 2009).
Nas propriedades, a produção de biogás dá-se pelo uso de biodigestores
que “consistem, basicamente, em uma câmara fechada onde a biomassa – o
volume de esterco suíno produzido – é fermentada anaerobicamente, isto é, sem
a presença do ar atmosférico, produzindo biogás e biofertilizante” (GASPAR, 2003
p. 3). O biodigestor funciona como um reator que degrada materiais orgânicos
complexos e produz compostos simples como metano (CH 4) e dióxido de carbono
(CO2) (RATHUNDE, 2009). A maioria dos biodigestores é composta basicamente
por um tanque para abrigar os dejetos, o qual é vedado com lona impermeável
capaz de conter o gás resultante da fermentação, que se transforma em um
gasômetro, de onde o gás é canalizado até o local de sua utilização.
Na sequência, pode ser utilizado como combustível para a movimentação
de geradores ou simplesmente para sua queima e transformação em créditos de
carbono, bem como pode ser convertido em energia e utilizado na propriedade,
reduzindo assim parte dos custos de produção com aquisição de energia elétrica.
Outra alternativa ao uso da eletricidade produzida a partir do biogás é a
venda à concessionária de energia local. Contudo, neste caso, a venda se dá a
um preço reduzido, uma vez que a concessionária não paga ao produtor os
impostos que lhe são cobrados na condição de consumidor. Esse fator aumenta a
necessidade de escala de produção ou o tempo de recuperação do investimento,
interferindo na decisão do produtor.
De acordo com a ANEEL – Agencia Nacional de Energia elétrica, de cada
R$ 100 cobrados na conta de luz, R$ 33,45 são destinados a pagamento de
encargos e tributos, R$ 35,23 com transmissão e distribuição e R$ 31,33 com a
compra de energia. (ANEEL, 2008).
Ou seja, quando se paga pela conta de energia mensal uma parcela
relevante são tributos. Por sua vez, quando a produção de energia da propriedade
for vendida à concessionária local, esse valor (dos tributos) evidentemente não
será pago ao produtor, apenas o custo efetivo da energia. Por conta disso,
quando a geração é toda utilizada sem a necessidade de venda à concessionária,
o valor correspondente tributos se torna um ganho ao proprietário se comparado
ao custo que teria em comprá-la. LINDEMEYER (2009, p. 83)
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elevadas o ano todo tem um potencial de geração muito maior e trazem muito
mais resultados do que aquelas em que a temperatura cai consideravelmente no
inverno (RATHUNDE, 2009). A digestão anaeróbia “em processos termofílicos
geram até 41% mais de biogás que os processos mesofílicos e 144 % a mais que
os processo psicrofílicos” (REICHERT, 2005), o que faz com que nesses locais
onde é mais quente os produtores se sobressaiam quando comparados a
localidades de clima mais frio.
Por sua vez, alguns fatores com relação ao registro e à comercialização
dos créditos de carbono também desestimulam os produtores a utilizarem a
produção de biogás nas propriedades. Acerca disso RATHUNDE aduz:
CO2 no ano. Isso mostra que a escala para se atingir o contrato mínimo é
essencial.
Recentemente foram iniciadas tentativas de reunir a produção de biogás de
vários pequenos produtores de suínos em uma central, denominada Condomínio
de Agroenergia. (ITAIPU BINACIONAL, 2013). Essa possibilidade pode superar
algumas barreiras ligadas à escala mínima de produção e acesso à assistência
técnica. Também poderão ficar mais factíveis o acesso ao mercado de créditos de
carbono, eventualmente com paramentos proporcionalmente menores aos
intermediadores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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