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À LUZ DO CPC 29
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A PECUÁRIA
2.2 ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUÇÃO AGRÍCOLA – CPC 29
2.3 CLASSIFICAÇÃO DE ATIVOS BIOLÓGICOS IMATUROS E MADUROS
2.4 VALOR JUSTO E VALOR DE CUSTO
3. METODOLOGIA
4. CONTABILIZAÇÃO NA PECUÁRIA BOVINA DE CORTE
4.1 COMPRA DOS REPRODUTORES
4.2 DEPRECIAÇÃO DOS REPRODUTORES
4.3 NASCIMENTO DE BEZERROS – CRIA
4.4 CRESCIMENTO DE BEZERROS – RECRIA
4.5 ESTÁGIO FINAL – ENGORDA
4.6 PERDAS
4.7 VENDA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
JULIANO GARRETT GALVÃO
ARTIGO ORIGINAL
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A PECUÁRIA
Segundo Ferreira (2014), a palavra pecuária vem do latim “pecus”, que significa
“cabeça de gado” e gado é o nome que se dá ao conjunto de animais (carneiros,
cavalos, bois, cabritos etc.) criados para fins diversos.
1. Cria A atividade básica é a produção do bezerro que só será vendido após o desmame.
2. Recria A atividade básica é, a partir do bezerro adquirido, a produção e a venda do novilho magro para a
engorda.
3. A atividade básica é, a partir do novilho magro adquirido, a produção e a venda do novilho gordo.
Engorda
Para Barcellos et al. (2005), no sistema produtivo de criação, um produto tem atraído
atenção especial, a saber, vacas abandonadas, pois possui grande potencial de
acúmulo de peso. Talvez esta seja uma das maneiras rápidas e eficazes de
aumentar a produtividade do sistema, aumentando o peso de abate. O mesmo autor
afirma ainda que o período reprodutivo, desde o desmame das fêmeas até a
puberdade ou o início da engorda dos machos, deve refletir as metas de produção e
proporcionar a taxa e composição necessárias para o aumento da produção. Essa
fase dura de 100 a 200 dias, mas depende da qualidade da dieta, do tipo de animal
e dos objetivos do sistema, podendo levar um tempo relativamente longo. Nesse
período, os animais criados apenas a pasto (sem alimentação e estratégias de
manejo) apresentaram perda de peso lenta ou nula. Essas etapas do processo
possuem maior flexibilidade na tecnologia de processo e são mais competitivas em
termos de custo de oportunidade de terreno do que sua capacidade de criação,
porém requerem tecnologias mais intensivas, como adição de suplementos, cultivo
de pastagens ou o grão produzido pela própria terra.
Garrote Macho inteiro (não castrado) desde o desmame até a entrada na reprodução.
Touro O garrote passa para a categoria de touro em torno de dois a três anos após o nascimento, onde neste
último ano passa pela experimentação. Recomenda-se que a permanência no rebanho não ultrapasse a
faixa de três a quatro anos. A era do touro começa no 25.º ao 35.º mês, desde que apresente um bom
desempenho como reprodutor. Caso não tenha bom desempenho, permanece na categoria de garrote
onde será descartado (abate) ou passa para a categoria de boi.
Boi Bovino adulto acima de três anos, castrado e manso, pode ser empregado nos serviços agrícolas.
Vaca É a denominação dada à novilha após a primeira parição. Assim como o touro, a vaca passa por um
período de experimentação, e à medida que demonstra ser uma boa matriz reprodutora continua no
rebanho. Caso contrário, é descartada.
Para Barroso; Cabral e Santos (2016), por ser o agronegócio brasileiro muito
importante e difícil de mensurar, os ativos biológicos são um tema discutido na
comunidade científica por serem biológicos e, portanto, sofrerem transformações
biológicas, como além das condições climáticas, o que, além disso, pode afetar
seriamente seu valor.
Segundo Prata e Nogueira (2017), desde 2009 a contabilidade brasileira passa por
um processo de integração, combinando as normas internacionais de contabilidade
com a realidade brasileira. De acordo com o IAS 41, foi divulgado o CPC 29 (2009)
relativo a Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas, com o objetivo de dar tratamento
adequado aos ativos biológicos e produtos agrícolas. A principal mudança na nova
regulamentação é a nova forma de medição, que antes era medida com valor
histórico. Os autores Lefter e Roman (2007) acreditam que a nova mensuração deve
ser realizada através do valor justo. De acordo com o comunicado, os ativos
biológicos são “animais e/ou plantas vivos” (CPC 29, 2009). Ativos biológicos são
transformados, resultando em novos produtos. O mesmo CPC fornece alguns
exemplos, conforme mostrado na Tabela 3:
Produto Agrícola Lã
Os ativos biológicos considerados imaturos são os animais que ainda não atingiram
o peso ideal, enquanto os ativos biológicos maduros são os animais que atingiram o
peso ideal para serem abatidos ou vendidos na geladeira. Segundo o CPC 29 no
item 43, a entidade é incitada a fornecer uma descrição da quantidade de cada tipo
de ativo biológico para distinguir entre consumíveis e produção, ou para distinguir
entre maduros e imaturos, conforme apropriado. Por exemplo, a entidade pode
divulgar o total de ativos biológicos que podem ser consumidos e os ativos
biológicos que podem ser usados para produção em grupo. Além disso, a entidade
também pode dividir o total em ativos maduros e ativos imaturos. Essas diferenças
são úteis para determinar o impacto do tempo nos fluxos de caixa futuros. A
entidade deve divulgar a base para fazer tal distinção. Além disso, o gado pode ser
dividido em ativo circulante (estoque programado para venda) ou ativo não circulante
(ativo imobilizado) representando criadores (RIBEIRO e SILVA, 2015).
Considera-se valor justo o preço a ser recebido por uma venda de um ativo ou pago
por uma transferência de um passivo, sendo uma transação voluntária entre os
participantes do mercado na data de mensuração.
O item 30 do CPC 29 menciona que existe uma premissa de que o valor justo dos
ativos biológicos pode ser mensurado com segurança. Entretanto, no caso de ativos
biológicos cujo valor deva ser cotado pelo mercado, essa premissa pode ser
rejeitada, mas essa premissa não está disponível, e o método alternativo de
mensuração desses ativos obviamente não é confiável. Nesse caso, os ativos
biológicos devem ser mensurados ao custo menos qualquer depreciação e redução
ao valor recuperável acumuladas. Ou seja, caso o valor justo não possa ser
confirmado, em casos raros, os ativos biológicos podem ser mensurados ao custo de
produção ou criação.
3. METODOLOGIA
Neste capítulo será abordado o exemplo de uma contabilização, desde a compra dos
reprodutores, a depreciação, o nascimento do bezerro, a engorda, possíveis perdas
até a venda de um boi maduro.
Neste estágio, são lançadas as aquisições dos reprodutores, não sendo necessário
fazer nenhum ajuste a valor justo, uma vez que não houve ganho ou perda. Ou seja,
seus valores de mercado não foram alterados.
C Ativo Circulante
Sob a ocorrência dessa classificação no Ativo Imobilizado, esses bens correm risco
à depreciação, quando se estiver em condições de produzir, ou em funcionamento
ou uso.
b) rebanho de renda: representado por bovinos, suínos, ovinos, equinos e outros que
a empresa explora para produção de bens que constituem objeto de suas atividades;
Assim, tomando por referência um bovino reprodutor, na fase inicial da vida não
haverá como determinar a depreciação. Com o início da fase adulta, será possível
aplicar a depreciação sobre este animal. Com critérios elaborados por veterinário
será possível aplicar uma taxa maior na fase de reprodução, e com a redução da
produção aplicar taxas menores, considerando ainda o valor final (residual) que este
animal terá quando for destinado ao abate por sua não utilização na reprodução.
Para estabelecer o valor residual do bovino, ainda deverá considerar que este
poderá fornecer sêmen, devendo este valor integrar a vida para efeitos de
determinação da taxa de depreciação.
Além disso, quando o valor justo não for possível de ser mensurado com
confiabilidade, devem ser avaliados pelo seu valor de custo diminuindo a
depreciação acumulada ou a perda por irrecuperabilidade conforme mencionado no
item 30 do CPC 29.
Por exemplo: considere um touro reprodutor avaliado em R$ 50.000,00, com vida útil
de oito anos para permanecer com as vacas (matrizes) para procriação (monta), e
mais dois anos de coleta de sêmen (utilizado em inseminações artificiais), ou seja,
uma vida produtiva de 10 anos. Considerando um peso de 1.000 kg, no caso de
abate (vendido para corte no frigorífico) o valor de mercado chega a R$ 5.000,00.
Logo, o valor depreciável é de R$ 45.000,00, como demonstrado a seguir na Tabela
8:
Depreciação R$
Valor Contábil 50.000,00
C Ativo Circulante
Contas R$
Assim sendo, de acordo com a Tabela 12, o Lançamento contábil será o seguinte:
C Resultado
Novilhos de 13 a 24 meses
Ativos Biológicos Imaturos 1.500,00
Bezerros de 0 a 12 meses
Convém ressaltar que deverão ser lançados na contabilidade os novos custos dos
novilhos em fase de crescimento, reconhecendo também um novo Ajuste a Valor
Justo.
Novilhos de 25 a 36 meses
Bezerros de 25 a 36 meses
4.6 PERDAS
D Resultado
D Resultado
4.7 VENDA
D Ativo Circulante
C Resultado
C. Ativo Circulante
D Resultado
C. Ativo Circulante
Caso o valor de mercado seja maior ou menor do que o reconhecido até o momento
na contabilidade, deverá ser feito um novo ajuste positivo ou negativo conforme a
situação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo efetuar um estudo a fim de identificar a correta
contabilização no setor bovido de corte de acordo com o CPC 29. Conforme já
explanado anteriormente, o item 30 deste CPC menciona a existência de uma
premissa que constata a possibilidade do valor justo dos ativos biológicos ser
mensurado de maneira confiável. No entanto, identificou-se que quando o ativo
biológico não apresentar o valor e as alternativas, nos quais devem ser cotados pelo
mercado, a fim de permitir a mensura destes, de modo claro e confiável, tal premissa
pode ser rejeitada. Nestes casos, deve-se mensurar o ativo biológico ao custo,
menos qualquer depreciação e perda por irrecuperabilidade acumulada. Ou seja,
caso o valor justo não possa ser reconhecido, em raros casos, o Ativo Biológico
pode ser mensurado pelo custo de produção ou criação.
Conclui-se, portanto, que os objetivos foram cumpridos com êxito, visto que o
problema foi identificado e foram dadas sugestões de contabilizações desde a
compra dos reprodutores até as vendas ou possíveis perdas.
Para novos estudos, sugere-se um maior aprofundamento no campo da
Contabilidade Rural, com base no CPC 29 e em estudos de caso em situações reais.
REFERÊNCIAS
BARROSO, Elane dos Santos Silva; CABRAL, Augusto Cézar Aquino; SANTOS,
Sandra Maria dos. Reconhecimento e mensuração do ativo biológico e produtos
agrícolas sob a visão da contabilidade: Um estudo da produção científica
brasileira entre os anos de 2011 e 2015. In: Anais do Congresso Brasileiro de Custos
– ABC. 2016. Disponível em:
<https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4210>. Acesso em 28 ago.
2020.
BRASIL, RFB RECEITA FEDERAL DO. Instrução Normativa RFB N.º 1700, de 14 de
março de 2017. Dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a
renda e da contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina
o tratamento tributário da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no que se
refere às alterações introduzidas pela Lei, n. 12.973.
SILVA, Flávia Ferrari Flores da; GUSE, Jaqueline Carla; FREITAS, Luiz Antônio
Rossi de; ROSSATO, Marivane Vestena. O controle contábil na atividade
pecuária em localidades da região central do RS. In: Revista Eletrônica de
Contabilidade Revista Eletrônica de Contabilidade, Santa Maria, RS, v. 6, n.1, p. 92
jan./jun./2012.