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Propósito, ocasião e contexto

A carta aos Romanos fornece a mais completa exposição da teologia de Paulo, embora
haja dúvidas de que ele a tenha feito como um resumo teológico completo. Por
exemplo, Romanos não apresenta um estudo detalhado da doutrina paulina de Cristo
(Fp 2:5-11; Cl 1:15-20), da igreja (Veja Efésios) ou das últimas coisas (Veja 1Ts
4:14-5:11: 2Ts 2:1-12)

É provável que Paulo tenha escrito a carta para tratar de questões de interesse
particular da igreja de Roma. Especificamente, ele abordou assuntos que
interessavam a uma igreja que incluía tanto cristãos judeus quanto cristãos
gentios: (1) é possível ser justo diante de Deus por meio da obediência à lei (Rm
1:1 -3:20)?; (2) o que se pode aprender de Abraão? Será que ele é pai tanto dos
cristãos judeus quanto dos cristãos gentios (cap 4)? (3) qual é a função da lei no
tocante ao pecado (5:20;7:1-25)? O que a salvação dos gentios indica sobre o futuro
de Israel como povo de Deus (9:1-11:36)? Os cristãos precisam mesmo observar as
leis alimentares do AT? Como eles devem se relacionar com outros crentes acerca
dessas questões(14:11-15:13)?

O foco em questões relativas a judeus e gentios sugere que havia tensões entre
estes dois grupos na igreja de Roma. Esta provavelmente iniciara com uma igreja
judaica, embora não se saiba exatamente em que momento fora fundada. É possível ter
sido fundada pelos judeus de Roma que voltaram a Jerusalém após o Pentecostes (At
2:10), ou talvez tenha sido fundada posteriormente. Alguns sugerem que Pedro fundou
a igreja de Roma, mas nenhuma evidência significativa apoia esta premissa.

Naturalmente, com o passar do tempo, gentios de Roma também se tornaram cristãos. O


historiador romano Suetônio registra que o imperador romano Cláudio (que reinou
entre 41 – 54 d.C.) expulsou os judeus de Roma em 49 d.C. devido a uma contenda a
respeito de “Cresto”. Suetônio provavelmente entendeu o nome equivocadamente, de
modo que a contenda era, com quase toda certeza, sobre “Cristus” (Latim para
Cristo). A expulsão dos judeus de Roma foi confirmada por At 18:21. Devido à
expulsão, as igrejas gentias desenvolveram-se, por vários anos, sem a presença dos
judeus. Com o passar dos anos, os cristãos judeus voltaram lentamente às igrejas
romanas. Não é difícil imaginar que gradualmente surgiriam tensões entre cristãos
judeus que observavam a lei e cristãos que se viam livres das restrições da lei
mosaica. Tudo indica, contudo, que a igreja era constituída principalmente de
cristãos gentios (Veja Rm 1:5-6,13; 11:13; 15:15-16)

A seleção dos tópicos (evangelho e lei; a importância de Abraão; o futuro de


Israel) sugere tensões significativas entre judeus e gentios em Roma. Paulo
escreveu esta carta para os romanos estarem unidos no evangelho que lhes fora
pregado e para que compreendessem a forma com o evangelho tratava as questões que
os dividiam.

Um olhar mais atento para Romanos revela ainda outro objetivo. Paulo queria que os
cristãos de Roma se unissem em torno do evangelho que lhes pregara a fim de que
Roma fosse a sua base de operações, por meio da qual ele poderia proclamar o
evangelho na Espanha(15:22-24). Se os cristãos romanos não concordassem com a
mensagem do evangelho de Paulo, especialmente nas questões de debate entre judeus e
gentios, então eles não apoiariam sua pretensa missão à Espanha. Paulo precisava
explicar mais detalhadamente o evangelho para que os cristãos de Roma se tornassem
a base a partir da qual ele pudesse proclamar o evangelho em novas regiões.

E, certamente, o grande objetivo da pregação do evangelho é a glória de Deus. Paulo


anseia que os gentios cheguem à obediência da fé por amor do nome de Cristo (1:5).
Deus planejou toda a história da salvação para trazer glória e louvor ao seu nome
(11:33-36).

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