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CHORUS LINE - O Musical

Personagens:

Zach - GIL
Maggie - SOFIA
Sheila - CLARA
GREG - RONALD
Judy - BEATRIZ
Val - GABI
Bibi -
Cassie - MAJU

Abertura - i hope i get it


Cena 1

(Em um estúdio de dança, vários bailarinos se preparam para uma audição. Eles estão ansiosos e
nervosos. O diretor da audição, Zach, entra na sala.)

ZACH - (Batendo palmas para chamar a atenção) Boa tarde a todos. Meu nome é Zach e eu serei o
diretor dessa audição. Vocês estão aqui porque querem fazer parte do elenco de um grande
espetáculo de dança.(Sério) Mas, antes de começarmos, quero deixar claro que essa audição será
diferente de tudo o que vocês já viram. Não queremos apenas ver suas habilidades de dança, mas
também conhecer a história e o coração de cada um de vocês.(Continuando) A partir de agora,
cada um de vocês terá a oportunidade de se apresentar e contar sua história. Queremos saber
quem são vocês, vão me dizer que o seu nome artístico e o verdadeiro também. Preciso que me
falem um pouco, Nada muito longo, mas pensem em algo que defina quem vocês são. Quem vai
ser o primeiro?

MAGGIE - Maggie Winslow...também me chamam de Margie, Peggy ou Margareth mesmo. Mas o


meu nome mesmo é Maggie. Eu nasci em São Mateus, Califórnia no dia 17 de agosto de 1957. Eu
fiz ballet a minha vida inteira! Quer dizer...meu pai se separou da minha mãe quando eu era muito
pequena e ela não tinha onde me deixar e acabou me colocando no ballet. Olha só o que resultou!
Eu sou uma dançarina. É isso que eu faço. É quem eu sou. Mas não é fácil ser dançarina. Não é
fácil manter-se no topo da carreira. A competição é feroz. Existem centenas de dançarinos
talentosos lá fora, lutando pelo mesmo papel, pelo mesmo emprego. Eu já estive lá em cima. Eu já
fui a estrela. Eu já fui a que todos olhavam e aplaudiam. Mas isso não dura para sempre. A indústria
do entretenimento é implacável. Ela não se importa com o que você fez no passado. Ela só se
importa com o que você pode fazer agora.Eu já fiz sacrifícios por essa carreira. Já abri mão de
relacionamentos, de momentos importantes com a família e amigos, de conforto e estabilidade
financeira. Tudo para seguir meu sonho de dançar. Mas às vezes eu me pergunto: será que valeu a
pena? Será que tudo isso foi em vão?Mas então eu penso nas vezes em que estive no palco,
sentindo o ritmo da música e a energia da plateia. Penso nas vezes em que me movi com tanta
graça e paixão que senti como se estivesse voando. E eu lembro por que faço o que faço. Porque é
isso que eu amo. É isso que me faz sentir viva.Então eu continuo lutando. Continuo tentando.
Continuo dançando. Porque não sei fazer outra coisa. E porque, no fundo, acredito que um dia vou
conseguir. Um dia vou estar lá em cima novamente, brilhando como nunca antes. E tudo terá valido
a pena.
GREG - Oi, meu nome verdadeiro é Sidney Kenneth BeckenStein. Meu nome judeu e Rochmel
Levy Ben Yokov Meyer BeckenStein. Meu nome artístico é Gregory Gardner. Nasci dia 13 de
Agosto de 1950. O momento mais significativo da minha vida foi quando descobri que era gay. Eu
estava saindo com uma garota e dando uns amassos no banco de trás do carro. Eu pegava nos
peitos e dava uns chupões até que ela perguntou , "O Greg, você não quer pegar nada mais?" e eu
pensei, não, não quero. Eu sou um homem gay. E eu enfrento preconceito todos os dias, na
indústria do entretenimento e fora dela.Eu já perdi oportunidades por causa da minha sexualidade.
Já ouvi comentários homofóbicos de diretores, produtores e até mesmo de outros dançarinos. Já fui
julgado, discriminado e menosprezado. Mas eu me recuso a me esconder. Eu sou quem eu sou. E
eu não vou deixar que o preconceito dos outros me defina. Eu tenho orgulho de quem eu sou e de
quem eu amo. E eu acredito que a diversidade é o que torna o mundo um lugar melhor.Eu danço
para me expressar, para me conectar com os outros, para me libertar. E eu sei que a minha
sexualidade não tem nada a ver com isso. Eu sou um dançarino talentoso, apaixonado e dedicado.
E isso é o que importa. Então, para aqueles que acham que eu não sou bom o suficiente por ser
gay, para aqueles que me julgam antes de me conhecer, eu digo: eu não vou desistir. Eu vou
continuar dançando, eu vou continuar lutando, eu vou continuar sendo quem eu sou. Porque eu sei
que, um dia, a diversidade será celebrada em todos os lugares. E eu vou estar lá, dançando, com
orgulho e sem medo.

ZACH - Muito bem...próximo!

SHEILA - Sou Sheila Bryant. Na verdade Sheila Rosemary Bryant...Nome que eu não suporto Nasci
no dia 8 de agosto de 1953 e sou de Leão, como vocês podem perceber. Comecei a dançar bem
cedo porque tinha muito talento, mas principalmente porque fazia de tudo pra não ficar em casa.
Meu pai...Um imbecil que traia a minha mãe e transformava minha casa no ambiente mais tóxico e
infernal do mundo.

ZACH - Você segue com a mesma energia de quando mais nova?

SHEILA - Quando eu comecei a dançar, eu nunca imaginei que chegaria a este ponto. Eu ainda me
sinto jovem, forte e cheia de energia. Mas a verdade é que eu já passei dos 30 anos e, na indústria
do entretenimento, isso é quase como ser velha.Eu já vi muitas dançarinas serem deixadas de lado
por causa da idade. Elas são substituídas por garotas mais novas, com menos experiência, menos
técnica, menos tudo. É o que chamam de idadismo. Como se, de repente, toda a minha trajetória,
todo o meu trabalho, toda a minha paixão pela dança fosse apagada por um número na minha
certidão de nascimento.Mas eu não vou deixar que isso aconteça comigo. Eu ainda tenho muito a
oferecer. Eu ainda sou capaz de executar os movimentos mais complexos, ainda sou capaz de
transmitir emoções genuínas com a minha dança. E não vou deixar que ninguém me diga que eu
não sou mais relevante.Eu sei que a indústria pode ser cruel, mas eu também sei que existe uma
beleza na maturidade. Uma beleza que só vem com a experiência, com as batalhas vencidas, com
as histórias para contar. Eu sou uma dançarina madura e experiente, e estou orgulhosa disso.
Então, se alguém aí estiver me ouvindo, se você é um coreógrafo, um produtor, um diretor, eu quero
que saiba que estou aqui. Eu ainda tenho muito a oferecer. E eu não vou desistir até que minha
dança seja reconhecida pelo que ela é: uma forma de arte atemporal, que transcende a

ZACH - Obrigado Sheila. Próximo.


JUDY - OI! Meu nome é Judy Tuner e nasci em El Paso, Texas no dia 22 de julho de 1953. Enfim,
tive uma infância bem conturbada porque minha irmã era infernal! Minha mãe também me
envergonhava demais quando ia me buscar na escola com aquelas bobs na cabeça... e ainda me
dizia, "que foi, ta com vergonha da sua própria mãe?" Mas meu pai era um doce e adorava me ver
dançar no quintal. Um dia me colocou no ballet e eu acabei seguindo esta carreira. E tornou-se a
minha única forma de escapar da realidade. Eu vinha de uma família disfuncional, com muitas
brigas e pouca estabilidade emocional. Mas a dança era algo que sempre esteve presente na minha
vida. Era a minha paixão, a minha salvação.Mas eu também enfrentei muitos obstáculos. Eu não
era a típica dançarina perfeita. Eu não tinha o corpo esguio, as pernas longas, a postura ereta. Eu
tinha curvas, eu tinha cicatrizes, eu tinha medo. E isso sempre me deixou insegura.Mas eu nunca
desisti. Eu sabia que a dança era a minha vida. E, aos poucos, fui descobrindo que a minha
individualidade, a minha história, a minha luta, eram o que faziam da minha dança algo único. Eu
comecei a me aceitar como sou, a valorizar a minha história, a honrar as minhas cicatrizes.E foi
assim que eu encontrei o meu caminho na vida. Através da dança, eu consegui superar os meus
medos, as minhas inseguranças, as minhas dores. Eu consegui transformar a minha história em
algo bonito, em algo que me trouxe alegria e realização.Mas isso não significa que foi fácil. Eu tive
que lutar muito para chegar até aqui. Tive que superar a adversidade, as críticas, as rejeições. Tive
que enfrentar os meus demônios internos e aprender a lidar com eles.Mas tudo valeu a pena.
Porque, hoje, eu sei que a dança é mais do que apenas uma forma de arte. Ela é uma ferramenta
poderosa para a cura, para a transformação, para a conexão com os outros. Eu vi a dança mudar a
vida de tantas pessoas, assim como mudou a minha.E, apesar de todas as dificuldades que
encontrei no caminho, eu sou grata por ter encontrado a dança. Ela me deu um propósito, uma
paixão, uma razão para continuar lutando. E eu sei que, não importa o que aconteça, a dança
sempre será parte de mim.

ZACH - Obrigado! Próximo.

VAL - Oi, meu nome é Valerie Clark, mas todo mundo me chama de Val mesmo. Venho de uma
cidadezinha no meio do nada chamada Arlington. Olha, o que mudou realmente a minha vida foi ter
colocado peitos e bunda! Ah, eu era muito feia! Uma tábua de passar roupa! Em todos os testes eu
arrasava demais, mas aí sempre chegava na última fase e acabava voltando pra casa. Ai, eu
percebi que na verdade era porque eu era desprovida de atributos… Mas enfim, minha vida mudou
depois que eu siliconei e hoje sou julgada. Vocês estão olhando para mim. Vocês estão julgando o
meu corpo, o meu jeito de andar, a minha roupa. Vocês acham que me conhecem, que sabem
quem eu sou. Mas eu sou muito mais do que isso.Eu sou uma dançarina. Eu amo a dança, eu
respiro a dança, eu vivo a dança. Mas eu também sou uma mulher. E eu luto todos os dias contra o
sexismo, contra o machismo, contra a objetificação.Eu não quero ser vista apenas como um objeto
sexual. Eu não quero que as pessoas me julguem pelo tamanho dos meus seios ou pelo tamanho
da minha bunda. Eu quero ser reconhecida pelo meu talento, pelo meu esforço, pela minha
paixão.Eu trabalho duro para chegar onde estou. Eu me esforço todos os dias para ser a melhor
dançarina que eu posso ser. E eu não vou deixar que o sexismo dos outros me desvie do meu
caminho.Então, para aqueles que acham que me conhecem, que acham que sabem quem eu sou,
eu digo: vocês estão enganados. Eu sou muito mais do que um corpo, muito mais do que um
estereótipo. Eu sou uma dançarina talentosa, apaixonada e dedicada. E eu quero ser vista como
tal. Não como um objeto, não como um brinquedo, não como um pedaço de carne. Mas como uma
artista, como uma profissional, como uma mulher. E eu sei que um dia, o sexismo não terá mais
lugar na dança. Um dia, as mulheres serão reconhecidas pelo seu talento, pelo seu esforço, pelo
seu amor pela arte. E eu vou estar lá, dançando, com orgulho e sem medo.
ZACH - Obrigado a todos vocês …

CASSIE - Oi Zach, será que eu posso fazer o seu teste? Eu preciso voltar a trabalhar. Eu tentei a
vida de atriz em Hollywood, mas a única coisa que eu consegui foi um papel num filme vagabundo
num comercial de papel higiênico. Tem dois anos que eu não trabalho e que venho só engordando
e ficando neurótica! Eu preciso voltar pra linha do coro e fazer aquilo que eu amo porque eu não
quero ensinar pros outros aquilo que eu deveria estar fazendo. Eu costumava ser uma estrela em
ascensão. Todo mundo achava que eu ia ser a próxima grande coisa, a próxima estrela da
Broadway. Mas então, alguma coisa mudou. Eu não sei exatamente o que foi. Talvez eu tenha
parado de trabalhar tão duro. Talvez tenha sido apenas uma questão de sorte. O fato é que eu caí
do topo. E agora eu estou lutando para voltar lá.Mas eu sei que posso fazê-lo. Eu sei que ainda
tenho talento, ainda tenho paixão. Eu só preciso trabalhar mais duro do que nunca. E eu vou fazer
isso. Eu vou me dedicar completamente a isso. Vou dançar até meus pés sangrarem, se for preciso.
Porque é isso que eu amo fazer. É o que me faz sentir viva.E eu não vou deixar ninguém me dizer
que não posso fazer isso. Eu não vou deixar ninguém me dizer que não sou boa o suficiente.
Porque eu sei que sou. Eu sei que posso ser a melhor. E eu vou provar isso para todos. Vou voltar
ao topo, mesmo que leve anos. Por isso que nasci. E eu não vou desistir até que consiga.

ZACH - OK Cassie.
Vou dizer uma coisa. Os selecionados neste teste deverão ser bem fortes e ter uma aparência
esplêndida! Preciso que sejam pessoas que consigam trabalhar juntas e representar pequenos
papéis como grandes atores. Eu já tenho as fotos e o currículo de vocês, mas eu preciso ver
como se entendem e trabalham juntos. São essas pessoas que eu quero contratar! E por favor
relaxem e sejam vocês mesmos. Se puderem. Seguiremos agora com a coreografia e canção da
audição!

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