COMO CITAR: WENDT, G.W. ; RUSCH, S. G. S. ; MALLET, Luciana Gulles ; ARGIMON, Irani Iracema de Lima .
Adaptação
do Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II) para a População Brasileira. In: IX Salão de Iniciação Científica da PUCRS,
2008, Porto Alegre. Anais do IX Salão de Iniciação Científica da PUC-RS.. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2008. p. 1-3.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS
Grupo de Pesquisa Avaliação e Intervenção no Ciclo Vital
Adaptação do inventário de depressão de Beck-II (BDI-II) para
a população brasileira
Guilherme Welter Wendt¹, Sabrina Gomes de Souza Rusch², Luciana Gulles Mallet²,
Irani Iracema de Lima Argimon³.
Introdução
Os transtornos depressivos vem sendo considerados
na atualidade como um desafio à saúde pública, tendo
em vista sua alta prevalência e sua repercussão negativa
na qualidade de vida como um todo, sendo que estima-se
uma prevalência de até 5% na população geral (Baptista
el al, 2006; Hays et al., 1995).
Desta forma, tem sido muito ressaltada a importância
das escalas, tanto no âmbito clínico como na pesquisa,
inclusive de instrumentos de auto-relato. Para garantir
um grau satisfatório de mensuração, tais instrumentos
têm que ser avaliados e adaptados, principalmente
quando originários de diferentes contextos sócio-
culturais.
Uma dos instrumentos mais utilizados para a
mensuração de sintomatologia depressiva é, sem dúvida,
o Inventário de Depressão de Beck. Foi elaborado na
década de sessenta, com o intuito de criar uma medida
escalar, com itens descritivos de atitudes e sintomas que
podem ser encontradas em diferentes categorias
nosológicas. Cada um de seus 21 itens permite diferentes
alternativas de respostas que correspondem a níveis
crescentes de gravidade de sintomas depressivos, com
escore de zero a três.
Objetivo
Após a revisão do BDI nos Estados Unidos,
pesquisadores de diferentes países passaram a fazer a
tradução e adaptação para diferentes comunidades, tais
como Porto Rico, Alemanha, paises árabes, Espanha,
Argentina (Alansari, 2006; Kuhner, Burger, Keller &
Hautzinger, 2006; Rodriguez, Davila & Collazo, 2006).
Com base nestes e demais estudos, objetivamos
realizar a adaptação do BDI-II para a população brasileira,
considerando os aspectos particulares de nossa cultura,
a fim de fornecer à comunidade científica uma versão
mais precisa do instrumento, como ocorre em diversos
outros países.
Método
Os participantes serão selecionados por conveniência,
sendo tanto advindos da população em geral quanto
grupos clínicos. Será constituída uma amostra
independente de cada grupo clínico, isto é, cada grupo
clínico será objeto de um estudo normativo. A meta, em
termos numéricos, para cada amostra será de 100
sujeitos, sempre que possível com proporcionalidade
dos dois sexos. Adicionalmente, algumas amostras serão
combinadas em uma amostra maior, para estudos de
validade discriminante e de constructo. Dados
demográficos dos sujeitos serão identificados para
caracterização posterior de cada amostra e como
subsídio para estudos complementares.
Resultados
A amostra, até o presente momento, é constituída por
309 sujeitos, sendo que a maioria (67,63%) é do sexo
masculino. A idade média foi de 31,80 anos (dp=16,69),
variando de 12 a 81 anos. Em relação à escolaridade,
verificou-se uma média de anos de 6,08 (dp=2,37),
sendo o mínimo de 1 e máximo de 10 anos de estudo.
A média de pontuação no BDI-II foi de 9,88 pontos
(dp=9,41).
A tabela abaixo apresenta os dados referentes à
classificação da intensidade dos sintomas:
No teste de correlação de Pearson, por sua vez,
quando analisado a escolaridade e o escore total do
BDI-II, verificou-se uma correlação fraca, porém
significativa (r=-,201, p<0,05).
Considerações Finais
Embora o estudo esteja em fase de desenvolvimento
ainda, alguns comentários podem ser feitos. Primeiro,
em linhas gerais, a amostra situo-se dentro de uma
classificação considerada “mínima”, segundo os
padrões americanos.
Segundo que, de acordo com a literatura pesquisada,
a escolaridade parece exercer uma função “protetiva”
ao aparecimento de sintomas depressivos, geralmente.
Nesta amostra, por exemplo, quanto mais escolarizado
o sujeito era, menor era sua pontuação no instrumento
de sintomatologia depressiva.
Referências:
Alansari, B. M. (2006). Internal consistency of an Arabic adaptation of the
Beck Depression Inventory-II with college students in eighteen Arab
countries. Social Behavior and Personality, 34 (4), 425-430
Baptista, M.N., Morais, P. R., Rodrigues, T. et al. (2006). Correlação entre
sintomatologia depressiva e prática de atividades sociais em idosos. Aval.
psicol., 5 (1), 77-85.
Hays, R. D.; Wells, K. B.; Sherbourne, D. et al (1995). Functioning and well-
being outcomes of patients with depression compared with chronic
general medical illnesses. Arch Gen Psychiatry, 52,11-19.
Kuhner, C., Burger, C., Keller, F., & Hautzinger, M. (2006). Reliability and
validity of the revised Beck Depression Inventory (BDI-II): Results from
German samples. Nervenarzt, Jul 11.
Rodriguez-Gomez, J. R., Davila-Martinez, M. G., & Collazo-Rodriguez, L. C.
(2006). Factor structure of the Beck Depression Inventory-Second Edition
(BDI-II) with Puerto Rican elderly. P R Health Sci J., 25 (2), 127-132.
¹ Acadêmico de Psicologia, PUC-RS. Bolsista PIBIC/CNPq.
² Acadêmica de Psicologia, PUC-RS.
³ Doutora em Psicologia, PUC-RS, Coordenadora do Grupo
de Pesquisa Avaliação e Intervenção no Ciclo Vital e
Pesquisadora Produtividade em Pesquisa/CNPq.