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A educação cristã como princípio

Muitas são as preocupações que têm abatido os cristãos nestes últimos anos e, talvez,
a maior delas seja o futuro que espera as crianças que vivenciam a era da informática
e da tecnologia.

Diante de muitas atividades que nos tomam o tempo, às vezes, nos esquecemos de
rever nossas atitudes para com aqueles que estão, de alguma forma, debaixo de
nossa responsabilidade espiritual.

É certo afirmar que a educação vem do lar e que o primeiro lugar em que uma criança
deve ouvir a Palavra de Deus é dentro do abrigo proporcionado por seus pais e,
principalmente, vivenciar desde muito pequena a vida cristã em sua plenitude.

Porém, não é por isso que vamos jogar toda a responsabilidade nos pais, nós – como
educadores cristãos, como possuidores de um dom maravilhoso e único de ensinar e
transmitir o que temos recebido de Deus – temos a obrigação de orientar nossos
alunos para viverem uma vida sadia e edificante.

Uma pesquisa realizada pela APEC aponta que 85% dos cristãos aceitou a Jesus com a
idade de 4 a 14 anos, porém a Igreja atual despende a maior parte de seus recursos
com a evangelização de adultos. Não que não seja válido buscar as almas perdidas
que estão no mundo, porém seria muito mais fácil trabalhar com as crianças desde
cedo, pois assim estaríamos nos certificando de que elas conheçam o Pai antes
mesmo que tenham a oportunidade de encontrar o mundo.

Já foi constatado que trabalhar com crianças é muito gratificante, pois se desde
pequena ela for motivada a conhecer e a confiar em Deus aprenderá que Ele sempre
estará com ela, seja em que situação for.

Acreditamos que as crianças têm grande interesse em conhecer a Deus, são sensíveis
ao Espírito Santo, gostam de ouvir as histórias da Bíblia e prontamente reconhecem
que são pecadoras. Elas estão sempre prontas a receber a Cristo como seu Salvador.
É comum ouvirmos uma criança de apenas cinco anos afirmar como Deus é bom.

O Senhor Jesus deu ênfase à criança. Ele jamais a desprezou ou a colocou num
patamar inferior ao dos adultos. Afinal, são os adultos que devem se tornar como
crianças e não o contrário.

A Igreja está deixando de lado a preocupação com os pequeninos e tem colhido os


frutos de seu lapso.

Se muitas vezes os líderes da Igreja não tomam atitudes que venham a contribuir
para o evangelismo das crianças, os professores devem tomar a frente, como
interessados diretos dessa missão. Sabemos não é justo que somente os professores
carreguem toda a carga da educação cristã, porém se em nosso meio as coisas
acontecem assim devemos nos conscientizar da responsabilidade a nós conferida e
fazermos de nosso trabalho algo de valor, que honre o Senhor e leve muitas crianças
a confiarem no Pai.

Algumas medidas podem ser tomadas para que as crianças possam ouvir com maior
entusiasmo sobre a verdade do Reino e a bondade de Deus para com a humanidade:

 Saber o máximo sobre a vida do aluno, principalmente a situação de seus


pais com o Senhor, a situação dos pais entre si, se são casados, divorciados,
quantos irmãos o aluno tem, quantas pessoas moram na casa com ele, sua
relação com a família. São informações que separadamente podem parecer
irrelevantes, porém em seu conjunto nos ajudam a ver a realidade daquele
aluno que, na maioria dos casos, só vemos no domingo pela manhã.
 Manter um espaço físico na Igreja em que as crianças possam ser
colocadas juntas para ouvir sobre Deus. Muitas Igrejas mantém cultos
separados para as crianças que estão numa certa idade. Isso contribui para
estimular a criança, pois ela está com outras da sua idade, ouvindo sobre a
salvação numa linguagem própria para ela. A maioria dos cristãos não quer
admitir, mas o culto é extremamente maçante para uma criança pequena.
Muitos pais e líderes acham que a criança deve participar dos cultos
juntamente com a família para aprender a cultuar a Deus de forma certa.
Porém, a verdade é que a criança se sente muitas vezes atemorizada diante de
palavras que são dirigidas aos adultos. Palavras como “inferno” e “diabo”
podem trazer um medo inexplicável porque geralmente quando as ouvem
ainda não conhecem seu significado verdadeiro. Este deve ser ensinado numa
linguagem que a criança possa entender e não temer, pois aí aprenderá a
confiar no poder de Jesus contra o mal.
 Os educadores devem, na medida do possível, trabalhar com os pais
para a formação de uma convicção e devoção pessoal das crianças em
relação a Deus. Não adianta impor a Igreja ou tentar enfiar Deus em suas
mentes sem que haja nelas o interesse para que isso aconteça. Foi-se o tempo
em que se acreditava que uma criança não tinha vontade própria. Ela deve ser
respeitada, pois tem grande valor para Jesus que também morreu por ela. A
atitude positiva de respeito e interesse pelo pensamento da criança fará brotar
naturalmente sua devoção a Deus. Explicar-lhe que certas atitudes deixam
Deus feliz estimula nelas uma vontade de sempre fazer o que é certo. Porém,
quando impomos determinados comportamentos, “porque senão Deus vai te
castigar”, podemos ter a certeza de que há uma probabilidade considerável de
que ela se torne num jovem rebelde, que escapará das garras da Igreja na
primeira oportunidade que lhe aparecer.
 Procurar explicar tudo para as crianças. Quando elas, às vezes, falam
alguma palavra indevida devemos explicar-lhes o sentido e porque não devem
dizê-la. Não basta dar um grito e mandar que nunca mais repitam tal palavra.
Aí é que mora o perigo. Ela provavelmente irá repetir essa palavra até que
alguém a explique. Para ela é emocionante ver os adultos desconcertados
diante de uma palavra que ela, toda poderosa, pronuncie. Um pouco de tempo
numa conversa sadia não é desperdiçado. Deus se agrada quando fazemos o
nosso trabalho bem feito e ensinar o conceito certo sobre qualquer coisa é
nosso trabalho também.
 Orar com a criança quando ela conta algum problema é uma atitude
que ela jamais esquecerá. Muitas vezes o caso de uma boneca quebrada
não nos é importante e achamos uma bobagem, mas para a criança aquele
fato pode tê-la entristecido. Se não darmos atenção para isso ela poderá
questionar que tipo de professores somos que ensinamos a amar e não
amamos, não nos importamos com seu sofrimento, e onde estava Deus nessa
história toda. Devemos estimular a oração, não só quando vamos fazer uma
refeição ou dormir, mas sempre que quisermos contar algo para Deus. Na certa
quando ela tiver uma dificuldade e estiver sozinha se lembrará de que Deus a
ouve em qualquer situação.
 Devemos ter em mente que a tarefa que nos foi confiada vai muito
além do mero entretenimento. Escola Dominical não é creche. Não se trata
de um depósito de crianças, onde os pais largam os filhos para terem um
pouco de paz. Ela é fundamental na formação das crianças. Uma atitude de
total comprometimento com a turma é visto e sentido pela classe. O professor
deve estar sempre alegre e quando enfrentar algum problema deve ser franco
com as crianças, contar-lhes o que puder e pedir para que orem pelo fato. Isso
desperta confiança no professor e mostra para a criança a fé que temos em
Deus. Quando você ensinar que Cristo está pronto para nos ouvir ela
certamente acreditará, pois você não hesitou em falar com Ele quando
precisou. Não devemos dar uma de super-heróis, pois isso fará com que a
criança receie nos contar um problema.
 Devemos nos preparar para as aulas. Isso não significa ficar meses fazendo
um estudo bíblico. Ler a lição com antecedência, preparar cartazes ilustrativos,
jogos que estimulem a aprendizagem, cânticos novos, são maneiras de se
preparar. Ter em mente o material necessário para as crianças utilizarem em
aula também é importante. O professor deve estar sempre um passo adiante
do aluno. Isso não significa que não vá aprender com ele, mas que deve ter as
respostas para os possíveis questionamentos. Embora as crianças sejam muito
criativas em suas perguntas e geralmente nos deixem meio constrangidos,
devemos estudar a fim de minimizar esses episódios. Pesquisar, estudar,
buscar além daquilo que nos é proposto deve ser a maneira de buscar
conhecimentos para levar aos nossos alunos. Curiosidades relacionadas ao dia-
a-dia e que possam ter alguma relação com a lição são necessárias. Buscar
novidades com outros professores, em livros e manuais, na Internet, são meios
de aperfeiçoamento. Mesmo que não dispusermos de todos os meios que a
tecnologia atual nos proporciona – um fato lamentável – uma boa lida
antecipada na lição e o enriquecimento de um bom livro já ajudarão e muito. É
triste não contar com recursos tão comuns ao meio secular, porém nós – os
professores – devemos fazer o que nos cabe. Cristo não tinha quadro-de-giz,
nem microfone ou computador, seus alunos nem sabiam ler, mas Ele nunca
deixou de ensinar e suas lições são nosso guia de vida. Quando temos a
possibilidade dos recursos devemos usá-los e quando não temos devemos
inventá-los.
 Jamais deixe de lado a ferramenta mais importante: a oração. Todas as
lições que podemos aprender para dar uma boa aula são válidas, porém nada
substitui a oração. Ela move montanhas, abre mares, acalma tempestades.
Não devemos nunca colocá-la em último plano. Ela está em primeiro lugar,
pois é através da oração que tomamos conhecimento daquilo que Deus quer de
nós e que podemos contar para Ele as nossas necessidades e falhas. Ele está
pronto para nos ouvir e ajudar. Ou você ainda não aprendeu a lição?

Bibliografia indicada para estudo e consulta:

AYRES, Antônio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. Rio de Janeiro, CPAD, 1994.
BROWN, Guillermo. Jogos cooperativos. São Leopoldo, Sinodal, 1994.
DORNAS, Lécio. Vencendo os inimigos da escola dominical. São Paulo, Eclésia, 1999.
DRESCHER, John M. Sete necessidades básicas da criança. São Paulo, Mundo Cristão,
1998.
GILBERTO, Antônio. Manual da escola bíblica dominical. Rio de Janeiro, CPAD, 1999.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro, Objetiva, 1995.
HANCOCK, Máxime. A criança em formação. São Paulo, Vida, 1992.
HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Venda Velha, Betânia, 1991.
LEWIS, Paul. Quarenta princípios na formação da criança. Rio de Janeiro, Vida, 1999.
MARTIN, Willian. Primeiros passos para professores. São Paulo, Vida, 1994.
WILKINSON, Bruce. As sete leis do aprendizado. Venda Velha, Betânia, 1998.

Colaboração para o Portal EscolaDominical : Ane Patrícia de Mira

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