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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

FESTIVAIS DE CINEMA DO RIO GRANDE DO NORTE: UM ESTUDO SOBRE O


FOMENTO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL POTIGUAR

DIEGO FERNANDO DA SILVA GOMES

Natal / RN
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

FESTIVAIS DE CINEMA DO RIO GRANDE DO NORTE: UM ESTUDO


SOBRE O FOMENTO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL POTIGUAR

DIEGO FERNANDO DA SILVA GOMES

Trabalho de Conclusão de Curso


realizado sob orientação do Prof.ª Me.
Emanuele de Freitas Bazílio para
obtenção do título de bacharel em
Comunicação Social - Audiovisual
pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.

Natal / RN
2023
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Gomes, Diego Fernando da Silva.


Festivais de cinema do Rio Grande do Norte : um estudo sobre
o fomento à produção audiovisual potiguar / Diego Fernando da
Silva Gomes. - Natal, 2023.
45 f.: il. color.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Graduação em
Jornalismo. Natal, RN, 2023.
Orientação: Profa. Me. Emanuele de Freitas Bazílio.

1. Festivais de cinema - Monografia. 2. Audiovisual potiguar


- Monografia. 3. Cinema Independente - Monografia. I. Bazílio,
Emanuele de Freitas. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 791.65.079

Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/710


BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Me. Emanuele de Freitas Bazílio


Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Prof.ª Dra. Alice Oliveira de Andrade


Membro da Banca
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Prof.ª Dra. Andrielle Cristina Moura Mendes Guilherme


Membro da Banca
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
AGRADECIMENTOS

Sou grato ao Prof. Dr. Ruy Alkmim Rocha Filho por toda orientação dada para este
Trabalho de Conclusão de Curso, em que sempre foi muito empático e buscou sempre
o melhor de mim. Agradeço também a Prof.ª Me. Emanuele de Freitas Bazílio pela
orientação na reta final do trabalho, em que me auxiliou sempre de forma muito
solícita, com muito empenho e entusiasmo.

Agradeço aos colegas que cederam um pouco de seu tempo para responder ao
questionário criado para essa pesquisa, fortalecendo as ideias e trazendo mais
informações relevantes para o desenvolvimento do trabalho. São eles: Artur Francisco
Medeiros de Azevedo e Pedro Henrique Lopes Mendes.

Também agradeço ao Lucas Gabriel de Barros Silva e ao Raildon Vieira de Lucena


Valadares, que foram muito solícitos quando requeridos para contribuir com o
questionário dessa pesquisa.

Sou grato a todos os professores do curso de Comunicação Social – Audiovisual da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte por todo apoio, aprendizado e
experiências a mim cedidas e aos meus colegas, que durante toda a graduação foram
parceiros de trabalhos, contribuindo com conhecimentos e permitindo trocas de
vivencias necessárias para a minha formação.

Enfim, quero agradecer a meus pais por todo suporte dado durante toda a minha vida,
buscando sempre dar o melhor para minha educação dentro de suas limitações, mas
nunca medindo esforços.

E por fim, agradeço a minha namorada, Karidia Kelly Silva, por toda força dada a mim,
por não deixar eu me abater, quando pensei em desistir da graduação, deste trabalho,
sem ela, provavelmente não teria concluído essa pesquisa.
“Só se pode alcançar um grande êxito
quando nos mantemos fiéis a nós
mesmos.”
(Friedrich Nietzsche)
RESUMO

Este estudo pretende discutir a importância dos festivais e mostras de cinema do Rio
Grande do Norte para a produção audiovisual potiguar independente, dando ênfase a
organização dos festivais, a captação de recursos e seus processos de curadoria. O
corpus escolhido compreende os festivais de maior relevância do Estado, que
aconteceram entre os anos de 2019 e 2021 em alguns municípios potiguares. Com
isso, este trabalho apresenta uma breve história de cada um desses eventos,
importantes não só como forma de incentivo à produção audiovisual, mas também de
fomento à distribuição de filmes independentes. Assim, como propõe uma importante
contribuição, fundamentada nas entrevistas com os produtores e nas discussões
surgidas a partir delas, para as pesquisas sobre o audiovisual potiguar.

Palavras-Chaves: Festivais de cinema; audiovisual potiguar; Cinema independente.


ABSTRACT

This study aims to discuss the importance of film festivals and exhibitions in Rio Grande
do Norte for independent potiguar audiovisual production, emphasizing the
organization of festivals, fundraising and their curatorship processes. The chosen
corpus comprises the most relevant festivals in the State, which took place between
2019 and 2021 in some potiguar municipalities. With that in mind, this work presents a
brief history of each of these events, important not only as a way of encouraging
audiovisual production, but also of promoting the distribution of independent films.
Thus, as it proposes an important contribution, based on the interviews with the
producers and the discussions that emerged from them, for research on the potiguar
audiovisual.

Keywords: Film festivals; potiguar audiovisual; Indie movies.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Compilado de cartazes de dois curtas-metragens produzidos pela produtora


Caboré Audiovisual.....................................................................................................19

Figura 2: Compilado de cartazes de dois eventos produzidos pelo Coletivo Caboré


Audiovisual em 2021 ................................................................................................. 20

Figura 3: Gráfico que representa o quantitativo de festivais e mostras realizados entre


2019 e 2021 no Rio Grande do Norte..........................................................................22

Figura 4: Cartaz do Festival Curva do Rio ..................................................................23

Figura 5: Logomarca do festival de cinema Curta Caicó ............................................24

Figura 6: Cartaz da 8ª Mostra de Cinema de Gostoso (2021) ....................................25

Figura 7: Cartaz do 12º FINC – Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa


ocorrido em 2021........................................................................................................25

Figura 8: Cartaz da 3ª edição do Festival Curta Caicó ocorrido em 2020....................26


LISTA DE SIGLAS

• MINC - Ministério da Cultura


• SAV - Secretaria do Audiovisual
• LCC - Lei Câmara Cascudo
• FJA - Fundação José Augusto
• CCeC - Coletivo Caminhos, Comunicação e Cultura
• FINC - Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa
• ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
• ISS - Imposto sobre Serviços
• IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano
• FSA - Fundo Setorial do Audiovisual
• UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
• USP - Universidade de São Paulo
• UEPB - Universidade Estadual da Paraíba
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 12

1.1 Justificativa 15
2. METODOLOGIA 15

3. OS FESTIVAIS DE CINEMA COMO ALTERNATIVA DE FOMENTO PARA


PRODUÇÃO AUDIOVISUAL 17

4. O CRESCIMENTO DO AUDIOVISUAL POTIGUAR 19

5. OS FESTIVAIS: DA EXIBIÇÃO AO INCENTIVO 21

6. LEIS DE INCENTIVO À CULTURA 28

7.1 Incentivos estaduais e municipais 28


7.2 Incentivos nacionais 29
7. ANÁLISE DE DADOS 30

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 33

9. REFERÊNCIAS 35

10. APÊNDICE: QUESTIONÁRIO 38

11.1 APÊNDICE A: Pesquisa destinada a produtores do audiovisual 38


11.2 APÊNDICE B: Pesquisa destinada a realizador de festival de cinema 41
11. ANEXOS 44

12.1 ANEXO A: Cartazes de obras da produtora Caboré Audiovisual 44


12.2 ANEXO B: Cartazes de festivais de cinema do Rio Grande do Norte 46
1. INTRODUÇÃO

Os festivais de cinema são um caminho alternativo para produções audiovisuais


que não têm espaço no circuito comercial local, regional ou nacional. Essas produções
têm nos festivais a oportunidade de circular em diversas localidades do estado, sendo
contemplados por diversos públicos, desde o cinéfilo ao espectador comum. Dessa
forma, esses eventos são importantes não só para os produtores audiovisuais, mas
também para o público em geral, o qual tem a oportunidade de assistir a obras que
contribuem para o desenvolvimento sociocultural do Rio Grande do Norte.
O mercado audiovisual brasileiro tem sofrido com a falta de disponibilidade de
salas de cinema para exibição devido a concentração do cinema hollywoodiano no
circuito comercial, conforme defendem alguns autores:

Em que pese o crescimento da produção nacional de obras cinematográficas


de longa-metragem nos últimos anos, registra-se ainda uma permanente
fragilidade da inserção dos filmes nacionais no circuito comercial de exibição.
Essa frágil participação da produção cinematográfica brasileira no mercado
exibidor é histórica, diríamos mesmo constitutiva da dinâmica do cinema no
país, e se agravou significativamente a partir dos últimos anos da década de
1980, com a reestruturação do modelo de distribuição e organização dos
parques exibidores no mundo. (VIEIRA; GUSMÃO, 2017, p. 38).

Apesar disso, esse cenário tem mudado nas últimas décadas com o crescimento
da arrecadação dos filmes brasileiros e dos incentivos que partem da Agência
Nacional do Cinema (Ancine), o que contribuiu ainda mais para fortalecimento dos
festivais Brasil afora. Esses eventos contribuem demasiadamente não só para o
crescimento e melhoria das produções do audiovisual no geral, mas também na luta
por direitos e representatividade de movimentos sociais – como o da comunidade
LGBTQIA+1 e de pessoas com deficiências, que antes não se viam representadas em
filmes ou séries de TV e que agora assistem ao cinema independente como um lugar
de representação.
Ao longo das pesquisas que antecederam este estudo, percebemos que os
festivais do RN necessitam de mais divulgação, além de um maior incentivo financeiro,

1
O Coletivo Caboré Audiovisual produziu duas edições do AFRONTE – Festival de Cinema
LGBTQIAP+, a primeira sendo em 2019 e a segunda em 2021.
12
principalmente após os cortes financeiros que vieram do governo federal em 20192.
No período da pandemia da Covid-19, aumentaram ainda mais as dificuldades para
realização desses festivais3. Com isso, além do desafio em realizar os eventos de
forma remota, com o intuito de manter o distanciamento social e a segurança de todos,
houve diminuição no orçamento destinado a cultura em todo o país.
No ano de 2020, mesmo com a pandemia alcançando os maiores índices de
infectados e mortes pelo vírus em todo o Brasil – no caso do estado do Rio Grande do
Norte a realidade era de colapso na saúde4 – e a necessidade do isolamento social,
alguns festivais do estado conseguira, se manter de forma remota5, com exibição de
filmes on-line, por exemplo. No entanto, alguns outros festivais acabaram sendo
adiados devido à falta de orçamento e a dificuldade em conseguir patrocínios. Já em
2021, com a chegada da vacina6 e o retorno gradual da normalidade, os eventos mais
uma vez tiveram que se adaptar, alguns ocorrendo de forma híbrida para atender as
demandas e recomendações dos órgãos de saúde.
Os festivais de cinema têm um papel muito importante na promoção e
valorização do audiovisual. Eles são fundamentais para a visibilidade e
reconhecimento dos produtores independentes, além de promover a diversidade
cultural e a ligação entre diferentes perspectivas, a partir dos olhares de cada curta ou
filme apresentado. Por isso, participar como espectador ou produtor dos festivais que
acontecem no Estado, contribui para o fortalecimento da produção audiovisual
independente e para a ampliação do diálogo cultural na sociedade como um todo.

Os festivais e mostras de cinema vem se configurando como importante elo


da cadeia produtiva do audiovisual, uma vez que proporcionam a ampliação
do circuito exibidor de filmes que dificilmente acederiam ao circuito
mainstream. (VIEIRA; GUSMÃO, 2017, p. 44).

2
Informação disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/com-corte-na-ancine-audiovisual-
tera-a-menor-verba-em-sete-anos/
3
Decreto do Governo do Estado do Rio Grande do Norte Nº 29.541, de 20 de março de 2020. Disponível
em https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/medidas/medidasdogoverno/
4
Informações disponíveis em: https://www.estadao.com.br/saude/a-beira-do-colapso-na-saude-
governo-do-rn-endurece-isolamento-social/
5
Festivais como o Curta Caicó e a Mostra de Cinema de Gostoso tiveram suas edições em 2020
realizadas completamente de forma remota, com exibição de filmes em suas plataformas
disponibilizadas nos sites oficiais do evento, assim como as mesas redondas e palestras.
6
Informação disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-01/vacinacao-contra-
covid-19-come%C3%A7a-em-todo-o-pais
13
Portanto, apesar de tantos percalços sofridos por quem deseja colocar suas
ideias na tela, produzir audiovisual no RN nunca foi uma barreira para os produtores
audiovisuais. Para Coelho (2019), os produtores encontram e criam diferentes
estratégias para divulgar seus conteúdos audiovisuais, como os festivais e mostras de
cinema, cineclubes, streaming, dentro de um contexto em que as diversas práticas de
exibição coexistem. Assim, o cinema ultrapassa a comunicação e se torna uma
ferramenta de mudanças sociais e culturais, os festivais de cinema, as mostras de
curta metragens, dos mais simples aos mais elaborados tem a missão de propagar a
linguagem audiovisual a todos, assim servindo de incentivo aos que querem também
divulgar sua mensagem.

14
1.1 Justificativa

Os festivais de cinema do estado podem ser vistos por diversos aspectos em


relação ao incentivo da produção audiovisual potiguar, como o socioeconômico,
cultural e artístico. Nesse contexto, é possível afirmar o quão relevante é o tema desta
pesquisa para o fortalecimento da cena do cinema no Rio Grande do Norte. A
produção audiovisual potiguar sempre teve dificuldades para ganhar visibilidade, isso
em decorrência da falta de incentivos públicos e privados. Foi a partir dos festivas,
eventos e projetos independentes que o cinema do Estado encontrou o lugar de sua
realização e a partir disso, com auxílio também de leis de incentivo à cultura – como
a Lei Câmara Cascudo, Lei Djalma Maranhão e Lei Aldir Blanc.
Diante disso, este estudo pretende mapear quais foram os principais festivais
e mostras de cinema que aconteceram de 2019 a 2021 no RN. Além disso, analisar
como esses eventos contribuíram quantitativa e qualitativamente para: o crescimento
da produção audiovisual local, a visibilidade e fomento de filmes, séries e conteúdos
audiovisuais.

2. METODOLOGIA

De início foi feito um recorte no período de obtenção de dados com a intenção


de analisar de forma mais aprofundada os festivais e mostras de cinema que
acontecem no estado do Rio Grande do Norte. Com a finalidade de entender como
esses eventos podem trazer desenvolvimento sociocultural para as regiões onde são
realizados. A partir disso, buscamos informações sobre contextos, histórias e
características de cada um dos festivais realizados no período de 2019 a 2021, essa
pesquisa se deu através de conteúdos disponíveis nos sites e redes sociais dos
próprios eventos. Assim, foi possível desenvolver uma ideia do que cada um deles
proporcionou em caráter de incentivo para produção audiovisual independente, sendo
esse um lugar de compartilhamento de conhecimento e espaço para a diversidade
social.
Para uma melhor compreensão de como os festivais de cinema funcionam e
contribuem como incentivo à produção audiovisual, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica fundamentada em trabalhos acadêmicos e artigos publicados em revistas

15
eletrônicas da área, caracterizando, assim, como sugere Gil (2008, p. 45) que: “a
pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma
gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar
diretamente”. Com a pesquisa bibliográfica realizada, foi possível obter informações a
respeito desses eventos, que são uma alternativa para realizadores do audiovisual
mostrarem suas produções e, também, incentivo àqueles que querem ingressar na
área.
Nessa etapa inicial da pesquisa, focada nos festivais e em suas organizações,
foram levantados dados a respeito do público, do número de inscrições, da tipologia
de filmes exibidos e dos orçamentos de cada um, dentro do recorte temporal proposto.
Os dados também foram coletados através de gráficos disponíveis em sites
especializados no segmento de festivais de cinema brasileiros. Diante disso,
identificamos como os organizadores se adequaram às dificuldades que surgiram
durante a pandemia da COVID-19 entre os anos de 2019 e 2020. A partir da coleta de
informações, foi possível entender: o comportamento do público, principalmente nas
cidades do interior do estado; o aumento de espectadores a cada ano; e as categorias
de filmes mais exibidos nos festivais e mostras do estado.
Na etapa final, foram aplicados dois questionários, um direcionado a dois
membros da organização dos eventos, Lucas Gabriel de Barros Silva e Raildon Vieira
de Lucena Valadares, o outro a dois produtores de audiovisual, Artur Francisco
Medeiros de Azevedo e o Pedro Henrique Lopes Mendes, para obtenção de
informações mais aprofundadas, que de acordo com Duarte e Barros (2006, p. 62),
“busca, com base em teorias, e pressupostos definidos pelo investigador, recolher
respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte”. Segundo Gil (2008, p. 50),
a aplicação do questionário “procede-se à solicitação de informações a um grupo de
pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise
quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados”.
O primeiro questionário (ver apêndice), contendo 12 perguntas, foi
desenvolvido através do Google Forms7, e direcionado a um realizador e um
voluntário, os quais atuaram na organização dos eventos para entender como
funcionam os bastidores, curadoria e captação de recursos. O outro questionário, foi
destinado a dois produtores do audiovisual potiguar (ver apêndice), a fim de

7
Sistema que permite criação de questionários compartilháveis de forma online.
16
compreender acerca da inscrição de filmes e como se sentem em relação ao incentivo
por parte dos eventos.
Em seguida, desenvolvi uma análise com base nas informações recebidas
através dos questionários, realizando um comparativo com os dados obtidos nas
pesquisas iniciais, principalmente no que se refere a números de inscritos em cada
festival ou mostra e nos incentivos por parte de órgãos públicos para realização dos
projetos através de editais. Com a junção dos métodos utilizados na pesquisa foi
possível elaborar uma análise sobre o tema, com base teórica e prática da
configuração do fomento praticado pelos festivais de cinema à produção audiovisual
do estado.

3. OS FESTIVAIS DE CINEMA COMO ALTERNATIVA DE FOMENTO PARA


PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

Os festivais e mostras de cinema servem como uma grande vitrine alternativa


para produções audiovisuais que não são encaixadas no restrito circuito comercial do
país, sejam elas curtas, médias ou longas metragens. Atualmente, no Brasil, há
diversos eventos durante todo o ano que causam grande repercussão na mídia e entre
os apreciadores da sétima arte, mas nem sempre foi assim. De acordo com Vieira e
Gusmão (2017), no início dos anos 2000, começaram a ser ampliados os
investimentos financeiros em festivais e também na produção de filmes, parte desse
incentivo veio em decorrência do que chamamos de Retomada do Cinema Brasileiro.

A rede constituída por mostras e festivais de cinema e audiovisual tornou-se,


com o decorrer do tempo, um circuito estratégico, de ampla cobertura
nacional, que atrai um público superior a 2,8 milhões de espectadores por ano
e cumpre o indispensável papel de levar o cinema para significativas parcelas
populacionais no país. (VIEIRA; GUSMÃO, 2017, p. 40).

Mesmo com o aumento do financiamento público, os filmes nacionais ainda


tinham pouco espaço nas salas de cinema, e para que estes fossem exibidos, era
necessário colocá-los em mostras e festivais para apreciação do público e destaque
entre os especialistas. Nos festivais e mostras muitas das produções exibidas são
conhecidas como cinema de arte, ou seja, filmes não comerciais e, nesse contexto,
mesmo se tratando de produções de nicho, que não atingem a grande massa, ainda
17
possuem grande relevância no mercado audiovisual brasileiro, pois de acordo com
pesquisa realizada entre os anos de 2011 e 2013 e publicada na Revista Filme B de
novembro de 2014, dentre os 590 filmes de arte lançados nesse período, apenas 13%
são estadunidenses, 37% brasileiros e 50% divididos entre origem europeia, asiática
e latino-americana, afirma a pesquisadora Ana Luiza Beraba.
Os festivais audiovisuais brasileiros são considerados importantes e diversos
em se tratando de circuito8. “É composto por um conjunto de eventos de variado perfil
econômico e histórico, com diferenciados matizes conceituais e abordagens
temáticas” (VIEIRA e GUSMÃO, 2017). Por ser um país grande com proporções
continentais, a diversificação cultural contribui muito para isso. No âmbito nacional, o
leque de festivais e mostras são compostos por eventos que vão dos mais
estruturados, como os que acontecem em grandes teatros, até os realizados em
praias a céu aberto, com exibição de filmes independentes com diversas temáticas e
filmes mais bem elaborados financeiramente.
Em 2021 foi publicado um levantamento realizado pelo Fórum dos Festivais,
que apontou que no Brasil foram realizados cerca de 241 festivais/mostras em 2020,
a menor quantidade desde 2016, com 100 eventos a menos que nos três anos
anteriores. De acordo com o estudo, há três principais motivos para a redução no
número de eventos: o primeiro foi a pandemia do novo Coronavírus, que impossibilitou
a realização de eventos presenciais; o segundo veio a partir dos cortes orçamentários
dos incentivos à cultura em âmbitos federal e estaduais, que acarretou insuficiência
financeira para a organização de alguns eventos; e, por fim, o receio da exibição dos
produtos audiovisuais de forma online.
Apesar da redução no número de festivais e mostras nos últimos dois anos, a
quantidade de eventos ainda realizados em meio a pandemia da COVID-19 no Rio
Grande do Norte é um número considerável, sendo quatro no total, entre festivais e
mostras, e mostra a força que esses eventos têm como fomento para produções
audiovisuais no país, tornando-se um circuito consistente que atrai grande público
para acompanhar a exibição dos filmes.

8
Informações publicadas no informe Painel Setorial dos Festivais Audiovisuais, com base em dados
coletados nos anos de 2007, 2008 e 2009.
18
4. O CRESCIMENTO DO AUDIOVISUAL POTIGUAR

A produção audiovisual potiguar está em constante crescimento, mesmo que


ainda não vejamos um número tão grande quanto o do eixo sudeste, um dos fatores
que contribuem para esse aumento são os editais que são gerados por leis de
incentivos, programas governamentais do estado e por entidades privadas. Além
disso, o MINC (Ministério da Cultura) vem criando formas de ampliar o acesso à cultura
do audiovisual através da SAV (Secretaria do Audiovisual).
Especificamente no Rio Grande do Norte, existe a LCC (Lei Câmara Cascudo)
que gera incentivos por meio da FJA (Fundação José Augusto) para fomento da
cultura no estado, incluindo as produções audiovisuais e os eventos para exibição das
obras.
É de grande importância, destacar que há uma transformação constante na
produção audiovisual no Brasil em decorrência da evolução da tecnologia, com acesso
mais amplo a internet e ferramentas com maior alcance a todos que desejam produzir
conteúdos independentes, seja um filme curta-metragem ou uma web-série. Com a
crescente oferta de produções, houve também o crescimento no número de espaços
para a exibição dessas obras.

Essas transformações estimularam a formação de novos circuitos, com a


aproximação entre realizadores, críticos e curadores. Muitos dos novos
festivais de cinema surgidos nesse período foram idealizados e organizados
por realizadores. Esses projetos frequentemente surgiam, portanto, como um
desejo dos realizadores de promover diálogos entre estéticas e modelos de
produção, e como estratégia de consolidação de uma rede simbólica em que
esses filmes poderiam circular, para além do circuito mais tradicional de
festivais já estabelecidos (IKEDA, 2018, p. 465-466).

Essa evolução no audiovisual potiguar se deu por meio de alguns coletivos que
existem no estado, como o CCeC (Coletivo Caminhos, Comunicação e Cultura), que
já há alguns anos trabalha promovendo cursos e oficinas de audiovisual pelo interior
do estado, à fim de incentivar cada vez mais a cultura da produção de vídeos no Rio
Grande do Norte.
Assim como o CCeC, o Coletivo Caboré Audiovisual também é um grande
contribuinte no crescimento das produções audiovisuais no estado, atualmente o
coletivo é representado pela produtora Caboré Audiovisual que já chegou a produzir
19
mais de 15 curtas-metragens desde sua fundação, em 2013, em que algumas das
obras foram exibidas não só no RN, mas também em outros estados do país e no
exterior, trazendo alguns prêmios em diferentes categorias.

Figura 1: Compilado de cartazes de dois curtas-metragens produzidos pela produtora Caboré


Audiovisual

Fonte: Site da produtora Caboré Audiovisual

A produtora Caboré Audiovisual, além de gerar incentivo por parte de suas


produções, também contribui por meio da realização de festivais. Em 2021, com o II
AFRONTE – Festival de Cinema LGBTQIA+ e o 2º LabMEDEIAS - Laboratório de
Desenvolvimento de Roteiro para Mulheres (coprodução com a Casa de Zoé) e o 2º
Laboratório de Narrativas LGBTQIA+.

20
Figura 2: Compilado de cartazes de dois eventos produzidos pelo Coletivo Caboré Audiovisual em
2021

Fontes: Instagram do Festival Afronte e do projeto LabMEDEIAS

5. OS FESTIVAIS: DA EXIBIÇÃO AO INCENTIVO

O Rio Grande do Norte possui uma grande diversidade de eventos voltados


para o audiovisual, muitos centralizados na capital, Natal. Mas alguns de grande
relevância são abrigados em cidades litorâneas com grandes atrativos turísticos e em
cidades menores na região do Seridó potiguar.
No estado, os festivais e mostras de cinema tem um papel muito importante
para a promoção, valorização e desenvolvimento do audiovisual norte-rio-grandense.
Esses eventos contribuem para a divulgação do cinema e dos realizadores potiguares,
para a formação cultural e de público.
Os festivais de cinema fornecem um importante incentivo à produção
audiovisual potiguar, oferecendo um espaço para exibição e reconhecimento de filmes
produzidos no estado. Com a seleção e a premiação das obras exibidas nas mostras
competitivas, esses eventos promovem a visibilidade dos realizadores e incentivam a
criação de novas produções. Além disso, os festivais oferecem oportunidades para
parcerias que podem vir a impulsionar as produções locais.
Esses eventos servem como vitrines para a diversidade cultural e a riqueza de
histórias do Rio Grande do Norte. Através da exibição de filmes que exploram as
realidades e contextos sociais, esses contribuem para a divulgação da cultura
21
potiguar, dentro do estado. Nos festivais, além da exibição dos filmes. também são
promovidos os diálogos entre diferentes perspectivas, abrindo espaço para debates
sobre questões sociais, políticas e culturais.
Os festivais de cinema proporcionam acesso a diversas produções
audiovisuais, permitindo que o público possa prestigiar diferentes estilos, gêneros e
estéticas que não são tão tradicionais nos cinemas comuns. Através das mostras
competitivas e sessões temáticas, os eventos estimulam a educação audiovisual e o
até o desenvolvimento do senso crítico. Além disso, os festivais oferecem atividades,
como debates, palestras e oficinas, que podem contribuir na formação de novos
profissionais do audiovisual potiguar.

Constata-se que os significativos resultados das políticas públicas de fomento


à produção audiovisual, não se traduzem numa melhoria das condições de
inserção dos filmes produzidos no país no circuito comercial de exibição, fator
que, entre outros, potencializa a ampliação das mostras e festivais em todo
território nacional. (VIEIRA; GUSMÃO, 2017, p. 37)

Em um levantamento realizado pelo Guia Kinoforum9, entre os anos de 2019 e


2021, o Rio Grande do Norte foi um dos estados do Nordeste que mais realizou
eventos voltados para o audiovisual, e com uma diversidade de modelos de festivais
e mostras. Natal, capital do estado, é a cidade que mais abriga festivais e mostras no
estado. Em comparação ao ano de 2018, o número de festivais realizados no estado
diminuiu, em Natal, por exemplo, as principais ausências foram do CURTA GOIAMUM
– Mostra Competitiva de Curtas Metragens de Natal e o Trinca Audiovisual, não
realizadas em 2019. Mas outros 5 eventos foram realizados: Cine Verão – Festival de
Cinema da Cidade do Sol, Festival de Cinema Universitário Curva do Rio, Mostra
Jussara Queiroz de Filmes Potiguares, Mostra de Filmes Recalculando o Cinema
Potiguar e o AFRONTE – Festival de Cinema LGBTQIAP.

9
Guia Kinoforum de Festivais Audiovisuais foi criado em 1999 com o intuito de acompanhar o
desenvolvimento do mercado audiovisual no Brasil. Na plataforma é possível obter informações
referente aos festivais através de atualizações feitas diretamente pelos organizadores dos eventos.
22
Figura 3: Gráfico que representa o quantitativo de festivais e mostras realizados entre 2019 e 2021
no Rio Grande do Norte

Total de festivais/mostras com exibição presencial no Rio


Grande do Norte entre os anos de 2019 e 2021
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
2019 2020 2021
Fonte: Guia Kinoforum – Festivais Audiovisuais (Disponível em:
http://www.kinoforum.org.br/guia/panorama-do-audio-visual-apresentacao)

Além da capital potiguar, outras cidades se destacam na realização de festivais


e mostras de cinema, como Baía Formosa com o FINC – Festival Internacional de
Baía Formosa que teve sua 12ª edição em 2021, São Miguel do Gostoso com a Mostra
de Cinema de Gostoso com 8 edições realizadas e Caicó com o Curta Caicó com 4
edições.
No Rio Grande do Norte, os festivais de estilo generalistas predominam e são
os de maior relevância10, mas outros eventos focam nas produções de realizadores
locais, em obras produzidas por universitários e em foco na temática LGBTQIAP.
Todos os festivais/mostras realizados no estado nos anos em que houve o
levantamento, só foram aceitos filmes de idealizadores brasileiros.

10Estes festivais focam em filmes, geralmente curtas e médias metragens, que exploram diferentes
gêneros e abordam diversos temas importantes para a sociedade. Os dados foram colhidos através do
Guia Kinoforum – Festivais Audiovisuais.
23
Figura 4: Cartaz do Festival Curva do Rio

Fonte: Página do festival Curva do Rio no Instagram

Cada um dos festivais e mostras realizados no estado geram formas de


incentivo à produção audiovisual, seja como exibidores ou como geradores de
conhecimento. Alguns dos maiores eventos potiguares realizam cursos e oficinas11
para que os participantes possam agregar mais informações referentes a criação de
conteúdo audiovisual.

11
A Mostra de Cinema de Gostoso e o Curta Caicó são exemplos de eventos que desenvolvem formas
de aperfeiçoar as técnicas da produção audiovisual através de palestras, oficinas e cursos com nomes
já consolidados no mercado brasileiro. São dedicados a qualquer participante que possa ter interesse
em adquirir mais conhecimento na área.
24
Figura 5: Logomarca do festival de cinema Curta Caicó

Fonte: Página do festival Curta Caicó no Instagram

A Mostra de Cinema de Gostoso, uma das maiores do estado, ocorre desde


2013. Tem como objetivo fomentar a produção audiovisual da região e dá acesso a
um cinema para a população local, já que a cidade é desprovida de salas de cinema.
Muitos curtas e longas são produzidos pelos próprios nativos da cidade através do
coletivo Nós do Audiovisual e são exibidos na mostra. O festival ainda conta com
cursos de formação para a juventude, para fortalecer e incentivar cada vez mais a
produzirem suas ideias. E após esses anos de festival, agora é oferecido o Gostoso
Lab, que é um ambiente de colaboração para ajudar no desenvolvimento de projetos
audiovisuais no Rio Grande do Norte.
No município de Baía Formosa, há 96 km da capital do Rio Grande do Norte, é
realizado desde 2010 o FINC (Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa). O
festival foi idealizado pelo produtor de cinema e empresário polonês Greg
Hajdarowicz.

25
Figura 6: Cartaz da 8ª Mostra de Cinema de Gostoso (2021)

Fonte: Página da Mostra de Cinema de Gostoso no Instagram

O festival tem objetivo de ser um incentivo à cultura audiovisual no município


de Baía Formosa valorizando a identidade do local, promovendo além da exibição dos
filmes, cursos e palestras sobre o universo do cinema. Em 12 edições, o FINC já exibiu
centenas de filmes, com pluralidade e espaço para as produções potiguares.

Figura 7: Cartaz do 12º FINC – Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa ocorrido em 2021

Fonte: Página do FINC no Instagram

O Curta Caicó teve sua primeira edição em 2018 com o objetivo de fomentar a
26
produção audiovisual do Seridó e incentivar as produções independentes. Idealizado
pelos produtores culturais Raildon Lucena e Diego Vale, o Curta Caicó já foi realizado
4 vezes, dentre estas a 3ª totalmente digital, que ocorreu dessa forma devido a
pandemia da COVID-19.
O festival já exibiu cerca de 182 filmes em 4 anos e já teve um alcance de 16
mil pessoas, entre participantes e espectadores12. Além de exibição de filmes
produzidos por realizadores locais, o festival oferece oficinas de aprendizagem de
forma gratuita, tanto para aqueles que têm curiosidade em conhecer como funciona a
produção de filmes como para quem busca mais conhecimento na área de criação.

Figura 8: Cartaz da 3ª edição do Festival Curta Caicó ocorrido em 2020

Fonte: Página do festival Curta Caicó no Instagram

Os festivais de cinema realizados no estado têm uma importância significativa


no cenário brasileiro, atraindo a atenção de produtores de todo o país. O que acaba
oferecendo oportunidades para a projeção nacional do audiovisual potiguar, abrindo
portas para uma maior divulgação e incentivos para os próprios festivais e também
para os produtores do estado. Além disso, os festivais permitem uma rede de contato
cultural entre os produtores potiguares e profissionais do cinema de diferentes regiões
do Brasil, de certa forma promove a troca de ideias e a criação de uma rede de
colaboração.

12
As informações podem ser encontradas em https://www.curtacaico.com.br/sobre-o-festival/
27
6. LEIS DE INCENTIVO À CULTURA

É fato que no Rio Grande do Norte, no que se refere a fomento direcionado ao


audiovisual, ainda há uma discussão quanto ao dever do Estado para com o setor de
produção cultural voltada ao cinema. Compreende-se que o incentivo que venha partir
das políticas públicas, não necessariamente se refira apenas a financiamento, mas
também considerar toda a cadeia produtiva, como afirma Coelho (2019).
A política cultural pode ser vista apenas como uma forma de incentivar
financeiramente a produção de conteúdo para o audiovisual ou realização de eventos
culturais vindo do Estado. De acordo com Fernandes (2011), no entanto, política
cultural pode se referir à ação de organização da cultura, seja por parte do Estado,
nos níveis federal, estadual e municipal, ou de particulares. Dessa forma, é possível
afirmar que o desenvolvimento de políticas que venham gerar novos eventos culturais
como os festivais de cinema, parta de órgãos públicos e também do setor privado.

Considerando a atuação do Estado, é importante que não se restrinja ao


desenvolvimento de projetos e programas pontuais, mas pensar em marcos
legais que assegurem a permanência das ações para que se concretizem
enquanto política do Estado, tendo como bases a democratização,
participação, descentralização e pluralidade (COELHO, 2019, p. 36).

7.1 Incentivos estaduais e municipais

No Rio Grande do Norte, os festivais e mostras de cinema têm em sua maioria


como parceria a Fundação José Augusto, que foi criada durante o governo Aluízio
Alves, em 1963. É uma instituição gerida pelo Governo do Estado e tem como objetivo
incentivar, apoiar e desenvolver a cultura potiguar. O órgão gerencia o programa de
financiamento à cultura potiguar, a LCC, responsável pelo fomento13 aos eventos
culturais do estado.
Como uma das principais formas de execução de projetos culturais no estado
do Rio Grande do Norte, a LCC destina anualmente em média R$ 3 milhões para

13
A Lei nº 7.799, de 30 de setembro de 1999, conhecida como Lei Câmara Cascudo é um mecanismo
de fomento indireto, no qual oferece benefício fiscal a empresas que patrocinem projetos culturais.
28
produção cultural e realização de eventos14. Através da dedução fiscal às empresas
contribuintes de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), assim,
usando o tributo como apoio aos projetos.
No ano de 2021, durante o governo de Fátima Bezerra, foi ampliado o teto de
dedução fiscal, passando para R$13,2 milhões15. Em 21 anos da lei, foi o maior já
proposto. O Governo do Estado ainda disponibiliza o Fundo Estadual de Cultura16, no
qual financia com recursos financeiros projetos culturais que tenham sido aprovados
através de editais.
Em Natal, capital do estado, contamos com dois principais modelos de fomento,
o Fundo de Incentivo à Cultura, que funciona através de editais lançados pela
Prefeitura Municipal, e a Lei Djalma Maranhão17, que contempla pessoas físicas e
jurídicas residentes de Natal com abatimento do ISS (Imposto sobre Serviços) ou IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano) que apoiarem com recursos financeiros projetos
culturais.

7.2 Incentivos nacionais

Entre as principais ferramentas de fomento ao audiovisual no Brasil, está o FSA


(Fundo Setorial do Audiovisual), que realiza financiamentos à projetos do setor. No
Rio Grande do Norte, em 2013, o longa-metragem “Nova Amsterdam”18, foi o primeiro
projeto audiovisual aprovado com o incentivo do FSA19.

14
Informação disponível em:
http://cultura.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=3523&ACT=&PAGE=0&PARM=&LBL=A+
secretaria
15 Informação disponível em: https://reticenciasculturais.com.br/2021/09/lei-camara-cascudo-
secretaria-de-tributacao-do-rn-busca-agilizar-o-processo-de-aprovacao-dos-projetos/
16
O Fundo, sancionado pela Lei Complementar Nº 460, de 29 de dezembro de 2011, tem por objetivo
fomentar a produção artístico-cultural potiguar, mediante custeio de projetos culturais, de iniciativa de
pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, relacionados com a pesquisa, a edição de
obras e a realização de atividades artísticas.
17
A Lei nº 4.838, de 9 de julho de 1997, alterada nos termos da Lei nº 5.323, de 28 de novembro de
2001, concede incentivo fiscal para financiamento de projetos culturais aprovados pela Comissão
Normativa da Lei no âmbito do município de Natal.
18
O longa-metragem foi financiado pelo programa BNB de Cultura em parceria com o BNDES, além de
financiamento do PRODECINE e do edital do Centro Técnico de Audiovisual/Minc. O filme fez uma pré-
estreia em abril de 2018 e de acordo com o diretor Edson Soares, fora exibido de forma inacabada.
19
O Fundo Setorial do Audiovisual foi criado pela Lei 11.437/06 e regulamentada pelo Decreto 6299,
de 12 de dezembro de 2007.
29
Em 2020 foi criada, pelo Governo Federal, a Lei Aldir Blanc20, que tinha como
objetivo auxiliar financeiramente o setor cultural no Brasil, buscando apoiar os
profissionais que foram atingidos pela pandemia da COVID-19.
Com os editais proporcionados pela Lei Aldir Blanc, muitos produtores do
audiovisual no RN puderam seguir com suas profissões, podendo dar um respiro e os
idealizadores de festivais continuar com a realização dos eventos mesmo em meio às
orientações dos órgãos de saúde.

7. ANÁLISE DE DADOS

A coleta de informações produzida a partir de um questionário foi realizada em


duas áreas: a primeira com dois produtores de audiovisual e a segunda com dois
participantes da organização dos eventos. Os questionários serviram para buscar
dados que ajudassem a entender das duas perspectivas como funciona o incentivo
dos festivais, tanto para produção dos eventos como para quem produz.
As informações colhidas partiram dos produtores Pedro Henrique Lopes
Mendes, bacharel em Comunicação Social – Audiovisual pela UFRN (Universidade
Federal do Rio Grande do Norte) e atualmente trabalha como videomaker, e do Artur
Francisco Medeiros de Azevedo, também formado em Comunicação Social –
Audiovisual pela UFRN e editor de imagens. O questionário destinado a organização
dos eventos foi respondido por Lucas Gabriel de Barros Silva, estudante do curso de
audiovisual pela USP (Universidade de São Paulo) e trabalha como assistente de
produção e curadoria da Mostra de Cinema de São Miguel do Gostoso, e por Raildon
Vieira de Lucena Valadares, formado em Comunicação Social pela UEPB
(Universidade Estadual da Paraíba), é empreendedor e produtor cultural, exerce a
função de diretor do Curta Caicó e do Seridó Cine.
Com base nas informações coletadas através do questionário, foi identificado
que uma das maiores dificuldades para produção de um filme, no Rio Grande do Norte
é a verba, que sem os editais publicados por órgãos como a Fundação José Augusto,
fica quase impossível realizar uma produção para inscrever em algum dos festivais do

20
A lei Aldir Blanc previa liberar R$3 bilhões para os estados e municípios à fim de contribuir na
manutenção de espaços culturais e no apoio aos profissionais da área. Mais informações em:
https://www.gov.br/pt-br/noticias/cultura-artes-historia-e-esportes/2020/08/lei-aldir-blanc-de-apoio-a-
cultura-e-regulamentada-pelo-governo-federal
30
estado, que por sua vez, não apresentam tanta burocracia para inscrição de filmes.
Tanto em produção, como em exibição, a maior parte dos filmes inscritos são
curtas-metragens, isso devido a vários fatores, como orçamento, tempo de exibição e
quantidade. É possível perceber que, mesmo com a existência de um festival dedicado
totalmente a filmes curtas, que é o caso do Curta Caicó, a Mostra de Cinema de São
Miguel do Gostoso é a maior e mais referenciada quando se trata de números de
inscrições das produções potiguares independentes.
Para Artur Medeiros, os festivais de cinema do estado são de grande
importância para incentivar a produção local, de forma que seus filmes possam ser
vistos pela população. Ele afirma que costuma participar de festivais como espectador,
prestigiando as obras que são exibidas. Leva em consideração que a Mostra de São
Miguel do Gostoso é a que tem a melhor e maior estrutura para exibição dos filmes,
em termos de qualidade de áudio e imagem, além de ter um diferencial que é a sala
de cinema ao ar livre, montada em uma das praias da cidade.
Para ele, o Curta Caicó apresenta um crescimento estrutural, mas que ainda
falta investimento para melhoria da qualidade, porém não descarta a suma
importância que tem para a região seridoense e para o estado como incentivados da
produção local e o fato de levar cinema para a população.
Os festivais de cinema do estado tem recebido cada vez mais visibilidade, com
isso, o número de inscrições de produções potiguares vêm crescendo nos últimos
anos, porém, de acordo com as respostas obtidas através do questionário direcionado
a organização dos eventos, a Mostra de Cinema de São Miguel do Gostoso recebe
em média, 20 a 30 inscrições a cada edição, já o Curta Caicó, teve um número bem
alto em sua quinta edição, 130 curtas, somente produções locais, dado que comprova
que o festival seridoense vem se tornando um dos principais incentivadores do
audiovisual potiguar.
Conforme informações dadas pelos entrevistados, os dois eventos citados,
Curta Caicó e Mostra de São Miguel do Gostoso apresentam dificuldades distintas
para realização. No Curta Caicó, as maiores dificuldades são em relação a verba, ou
seja, faltam políticas públicas de incentivo e captação de recursos via patrocínios de
empresas privadas, atualmente, a maior parte da captação vem da LCC21.

21
LEI Nº 7.799/1999 Lei Câmara Cascudo: Dispõe sobre a concessão de incentivo fiscal para financiamento de
projetos culturais no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, e dá outras providências. Mais informações em:
http://www.set.rn.gov.br/content/aplicacao/set_v2/legislacao/enviados/normas_recentes_detalhe.asp?sTipoNotici
31
Já em relação a Mostra de São Miguel do Gostoso, que já é o maior evento
desse nicho, a parte de incentivos orçamentários, como patrocínios, tanto privado
quanto público há o suficiente para realização, porém, por ser numa cidade distante,
algumas das maiores dificuldades sentidas para execução da Mostra é o transporte,
execução dos serviços e materiais necessários para organização que precisam ser
transportados de fora da capital Natal.
Durante a pandemia da COVID-19, alguns eventos foram cancelados e no caso
da Mostra de São Miguel do Gostoso e do Curta Caicó, aconteceram de forma remota,
com os filmes e palestras sendo exibidos gratuitamente de forma on-line. Em 2020,
ano mais forte da pandemia, a sétima edição da Mostra de Cinema de São Miguel do
Gostoso não fora realizado, foi adiado para o início de 2021, totalmente virtual, mas
em novembro do mesmo ano, sua oitava edição voltou a ser presencial. Para a
organização da Mostra de SMG, o maior desafio foi ter que perder sua principal marca
durante a edição virtual, que é sua sala de cinema na praia.
Já o Curta Caicó, de acordo a informação dada pelo diretor do evento, durante
a pandemia, o maior desafio para realização do festival foi a adaptação ao estilo online
e a captação de recursos, mas ainda assim, o evento foi um sucesso, sendo realizado
de forma híbrida com uma sessão em formato drive-in. Esta foi a terceira edição do
festival, que recebeu um total de 662 inscrições e foram exibidos em plataforma
própria de streaming.
De modo geral, os dois eventos tiveram sucesso referente a visibilidade, isso
devido a maior participação de espectadores, que por ter sido realizado em formato
remoto, mais pessoas puderam prestigiar de qualquer lugar do Brasil, não só da
região.
Para os dois entrevistados, os festivais são de grande importância, pois servem
como uma vitrine, promovendo a divulgação dos filmes potiguares que não chegariam
ao grande público, senão por meio desses eventos. Além da parte de produção
audiovisual e grande incentivador, os eventos realizados no Rio Grande do Norte
ajudam na capacitação profissional daqueles que tem interesse em ingressar na área
do audiovisual.

a=&nCodigoNoticia=28#:~:text=LEI%20N%C2%BA%207.799%2F1999%20Lei,Norte%2C%20e%20d%C3%A1%
20outras%20provid%C3%AAncias.
32
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo principal analisar como
os festivais e mostras de cinema do Rio Grande do Norte servem de incentivo à
produção audiovisual do estado e como impactam a sociedade no aspecto cultural e
socioeconômico. Ao longo dele, pudemos perceber as estratégias de realização dos
eventos, embora houvessem dificuldades, como a falta de recursos públicos e
privados, por exemplo. Para realizar as análises e identificar como esses eventos
foram fonte de fomento à produção independente do Estado, realizamos uma
pesquisa bibliográfica, aplicamos questionários e, por fim, dividimos a análise em dois
pontos.
Inicialmente pesquisamos por fontes que pudessem fornecer informações e
dados que contribuíssem para entender como os festivais e mostras de cinema se
tornam um espaço alternativo de exibição e incentivo às produções independentes –
conteúdos que não fazem parte dos circuitos comerciais, mas que conseguem
alcançar espectadores fora deles.
Em seguida, realizamos um levantamento dos principais eventos que
acontecem no estado, e que são de grande importância para o incentivo às produções
locais. Além do referencial teórico obtido através da pesquisa bibliográfica, utilizamos
também como método a aplicação de questionários, com a finalidade de obter
resultados mais precisos referentes a organização dos eventos e também à produção
audiovisual em si, com a finalidade de compreender como funcionam as leis de
incentivo na perspectiva de quem organiza e de quem produz.
Como resultado, observamos que o cinema norte-rio-grandense, mesmo com
o fortalecimento de incentivos públicos, ainda sofre dificuldades de exibição devido a
quantidade de obras estrangeiras nos cinemas comerciais e que isso fez com que a
alternativa mais eficiente para promoção das produções independentes se tornasse
os festivais e mostras de cinema espalhados pelo Estado.
Em relação ao recorte temporal desta pesquisa, que compreende os anos de
2019 a 2021, constatamos que mesmo em meio a uma pandemia – como a da Covid-
19 – os festivais e mostras de cinema seguem acontecendo, ainda que adaptados ao
momento, a fim de manter forte o incentivo a obras independentes que não teriam
uma alternativa de exibição. Foram gerados, nesse período, alguns incentivos a partir
de leis estaduais, municipais e a criação da Lei Aldir Blanc de fomento à cultura
33
durante a pandemia da COVID-19, essa última, muito importante para manter a
realização dos eventos.
Contudo, percebemos ainda que existem muitas dificuldades de captação
desses recursos que servem para financiar a realização dos eventos, o que resulta no
fim de alguns festivais que aconteciam no estado, a exemplo do Cine Verão, que
acontecia na capital potiguar. Por fim, é possível afirmar que a produção audiovisual
no estado vem crescendo em decorrência da organização e realização dos festivais,
principalmente àqueles que acontecem em cidades fora da capital, que incentivam os
realizadores a produzir, mesmo com a falta de recursos e incentivos de políticas
públicas.
Com base nos questionários aplicados aos profissionais da organização de
festivais, Lucas Gabriel de Barros Silva e Raildon Vieira de Lucena Valadares e aos
produtores Artur Francisco Medeiros de Azevedo e o Pedro Henrique Lopes Mendes,
percebemos que realizar os eventos demanda muito tempo de organização, tendo
como uma das principais dificuldades a obtenção de financiamento para a execução
dos festivais e que para a produção de obras, falta mais incentivo de políticas públicas,
tendo em vista que o maior obstáculo é orçamentário.
Esta pesquisa parte de uma investigação inédita e pouco trabalhada pela
academia, a qual se debruça sobre os festivais e mostras de cinema como principais
fontes de fomento à produção audiovisual independente no Rio Grande do Norte, por
isso, servirá de fundamentação para outras pesquisas acadêmicas sobre a temática.

34
9. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO CULTURAL KINOFORUM. Guia Kinoforum - Festivais


Audiovisuais, c2014. Estudos acerca dos festivais audiovisuais no Brasil. Disponível
em: <http://www.kinoforum.org.br/guia/panorama-do-audio-visual-apresentacao>.
Acesso em: 24 de jan. 2022.

BERABA, A.L. 2014. O estado da arte. Revista Filme B, Rio de Janeiro, p. 36-45.

COELHO, Diana. CARTOGRAFIA DO AUDIOVISUAL NO RIO GRANDE DO


NORTE: EXPERIÊNCIAS EMERGENTES NA PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE
OBRAS AUDIOVISUAIS INDEPENDENTES (2010 – 2018). 2019. 145f. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

CRUZ, Dênia. Semeando a Cultura Audiovisual no Rio Grande do Norte: a


experiência das oficinas de vídeo do Coletivo Caminhos, Comunicação &
Cultura. 2014. Dissertação (Mestrado em estudos da mídia) - Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio (Orgs). Métodos e técnicas de pesquisa em


comunicação. 2. ed. 5. reimpr. São Paulo: Atlas, 2011.

FERNANDES, Natalia M. A cultura como direito: reflexões acerca da cidadania


cultural. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 2, p. 171-182,
jul./dez. 2011

FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO. Disponível em:


http://cultura.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=3523&ACT=&PAGE=0&
PARM=&LBL=A+secretaria. Acesso em 30 de nov. 2022.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2008.

35
GRUPO GREMI. FINC - Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa, 2021.
Disponível em: <http://fincbf.com/index.php/pt/o-festival/sobre-o-festival>. Acesso em
08 de dezembro de 2021.

HECO PRODUÇÕES. Mostra de Cinema de Gostoso, 2021. A Mostra. Disponível em:


<https://www.mostradecinemadegostoso.com.br/a-mostra>. Acesso em 30 de abril de
2021.

IKEDA, Marcelo; LIMA, Dellani (Orgs.). Cinema de garagem. Rio de Janeiro: WSET
Multimidia, 2014.

IKEDA, Marcelo. O “Cinema de Garagem”, provisoriamente: notas sobre o contexto


de renovação do cinema brasileiro a partir da virada do século. Aniki, vol. 5, n. 2,
2018.

LEAL, A.; MATTOS, T. 2011. Apresentação – O cinema brasileiro merece


festivais. In: A. LEAL; T. MATTOS, Painel Setorial dos Festivais Audiovisuais. Rio de
Janeiro, Associação Cultural Kinoforum, p. 11-12.

OLIVEIRA, Vanessa Kalindra Labre. IMPACTOS E ESTRATÉGIAS DO CINEMA


POTIGUAR DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: DA PRODUÇÃO AO
CONSUMO. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comunicação
Social - Audiovisual) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021.

REFERÊNCIA COMUNICAÇÃO. Curta Caicó: Festival de Curtas-Metragens, 2021.


Página inicial. Disponível em: <https://www.curtacaico.com.br/>. Acesso em 30 de
abril de 2021.

VALLEJO, Aida; LEÃO, Tânia. Introdução: Festivais de cinema e os seus contextos


socioculturais. Aniki. Vol. 8, 2021.

36
VIEIRA, Mariella Pitombo; GUSMÃO, Milene de Cássia Silveira. O mercado
audiovisual brasileiro, o circuito alternativo de exibição, as mostras e festivais
de cinema na Bahia contemporânea. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v.
53, ed. 1, 2017.

37
10. APÊNDICE: QUESTIONÁRIO

11.1 APÊNDICE A: Pesquisa destinada a produtores do audiovisual

1. Nome completo:
Pedro Henrique Lopes Mendes
Artur Francisco Medeiros de Azevedo
2. Formação:
Pedro: Comunicação social – Audiovisual (UFRN)
Artur: Comunicação social – Audiovisual (UFRN)
3. Profissão:
Pedro: Videomaker
Artur: Editor de Imagens
4. Já realizou alguma produção audiovisual com o objetivo de inscrevê-lo em
algum festival de cinema potiguar?
Pedro: Sim
Artur: Sim
5. Se sim, de que natureza era essa produção?

6. Em qual função você participou na realização do projeto audiovisual?


Pedro: Direção de fotografia
Artur: Editor, Cinegrafista, Operador de Áudio
7. Qual ou quais festivais de cinema do RN inscreveu sua produção?

38
8. Realizou alguma produção audiovisual durante o período da pandemia da
Covid-19?
Pedro: Sim
Artur: Sim
9. Se sim, qual foi a maior dificuldade encontrada para realizar e concluir a
produção?
Pedro: Orçamento
Artur: Verba
10. Sentiu algum processo muito burocrático para inscrever sua produção em
algum festival do RN?

11. Acredita que os festivais de cinema do estado são um incentivo à produção


audiovisual potiguar?

39
12. Costuma prestigiar os festivais de cinema do estado como espectador?

13. Se sim, quais? E em sua opinião, os festivais que já participou tanto como
espectador como idealizador, ofereceram uma boa estrutura para exibição
dos filmes?

Pedro: Não participei.


Artur: Sim, costumo ir ao festival de cinema de São Miguel do Gostoso que acredito
ser a maior estrutura de festival do estado o qual tem uma estrutura fantástica de
imagem e som, sem contar no ambiente que deixa tudo ainda melhor. Os demais
festivais como o Curta Parelhas, Curta Caicó entre outros ainda estão começando
a aflorar, precisa de mais investimentos para se ter uma maior qualidade, mas já é
de suma importância que eles existam e levem cinema para a população, e claro,
o incentivo aos produtores locais para que possam exibir suas obras ao público.

40
11.2 APÊNDICE B: Pesquisa destinada a realizador de festival de cinema

1. Nome completo:
Lucas Gabriel de Barros Silva
Raildon Vieira de Lucena Valadares
2. Formação:
Lucas: Superior Incompleto (USP, Curso Superior do Audiovisual)
Raildon: Comunicação Social (UEPB) com Pós em MKT Digital (Unopar)
3. Profissão:
Lucas: Cineasta / Estudante
Raildon: Empreendedor e produtor cultural
4. Em quais festivais potiguares de cinema já trabalhou?
Lucas: Mostra de Cinema de Gostoso (8ª e 9ª edições)
Raildon: Diretor do Curta Caicó e Seridó Cine
Jurado de festivais: Comunicurtas / Curta Coremas / Curta na Serra / Cine
Verão / Mostra Sumé de Cinema / Festcimm
5. Atualmente trabalha ou auxilia na organização de algum festival do
estado?
Lucas: Sim
Raildon: Sim
6. Se sim, qual função exerce?
Lucas: Assistente de Produção; Assistente de Curadoria
Raildon: Diretor do Curta Caicó e do Seridó Cine
7. Na sua opinião, qual a maior dificuldade para se realizar um festival de
cinema no RN?
Lucas: Transporte e execução dos serviços e materiais necessários fora da
região de Natal.
Raildon: Políticas públicas de incentivo.
Captamos recursos pela LCC e há dificuldade de captação junto aos
empresários.

41
8. Em média, quantas produções potiguares são recebidas para candidatura
a exibição no festival?
Lucas: 20-30 filmes
Raildon: Na quinta edição do Curta Caicó recebemos mais de 130 inscrições
9. Qual foi o maior desafio para realização do festival durante a pandemia
da Covid-19?
Lucas: A Mostra não foi realizada no ano de 2020, tendo sido realizadas uma
edição online (7ª) no início de 2021 e uma presencial (8ª) em novembro de
2021. O desafio foi a pandemia em si, que impedia a realização presencial do
evento, uma vez que a sala na praia é a marca da Mostra.
Raildon: Adaptar o festival para o meio online e captar recursos
10. Realizar o festival em modo remoto foi satisfatório em termos de
produção e visibilidade?
Lucas: Sim
Raildon: Sim
11. Quanto tempo em média é gasto na preparação do festival, desde a ideia
inicial até a realização do evento em si?
Lucas: 6-8 meses
Raildon: 12 meses
12. De onde vem a maior parte do fomento para realização do festival, quem
mais contribui?

42
13. Considera os festivais de cinema como um impulsionador para os
produtores de audiovisual do estado? Por quê?
Lucas: Sim, uma vez que promove a divulgação dos filmes para diferentes
públicos que muito provavelmente não veriam filmes potiguares no cinema ou
online. Além disso, muitos dos festivais potiguares são organizados por
realizadores de filmes e outros produtos audiovisuais, recebendo mais
visibilidade e entrando no cenário cultural do estado.
Raildon: Sim. É uma vitrine para a produção, formação de público e
capacitação profissional.

43
11. ANEXOS

12.1 ANEXO A: Cartazes de obras da produtora Caboré Audiovisual

Em Reforma (2019) - Dir. Diana Coelho

Natureza Do Homem (2019) - Dir. André Santos

44
Dias Felizes (2020) - Dir. André Santos

Septo (2016-2019) – Criado por Alice Carvalho

45
12.2 ANEXO B: Cartazes de festivais de cinema do Rio Grande do Norte

Cine Verão 2019

Curta Caicó 2021

46
FINC 2020

47

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