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CORPOS RÍGIDOS
Z φ&
θ ψ&
z
y
zG
θ
Y
φ
mg
X x
DINÂMICA DOS
CORPOS RÍGIDOS
Prefácio
O presente texto didático foi originalmente elaborado tendo em vista compor um dos
capítulos de um livro de Mecânica Geral destinado a alunos de graduação em
engenharia, nos moldes do curso ministrado na Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo. Entendeu-se, então, ser interessante uma análise mais extensiva, o que
levou à edição da presente monografia.
O desenvolvimento do texto reflete, em grande monta, a forma com que este autor
acredita deva a formação de um engenheiro “conceitual” ser conduzida. Dá-se ênfase
à dedução e discussão dos “modelos da mecânica”, procurando-se explicitar as
hipóteses sobre as quais são construídos, particularizando-os então às diversas
situações de aplicação que se apresentam úteis ao estudo da mecânica e da
engenharia. Foge propositalmente, portanto, de uma abordagem usualmente
encontrada em livros de cunho mais técnico que, pode-se dizer, adotam “o caminho
que vai do particular para o geral”, seguindo a orientação oposta, cuidando para não
se desviar do conteúdo conceitual, contudo sem ingressar no formalismo e rigor
matemáticos excessivos.
O agora Prof. Dr. Eduardo Aoun Tannuri, quando cursava o terceiro ano de
Engenharia Mecatrônica, EM 1996, ofereceu-se para auxiliar-me na elaboração dos
exemplos, na revisão do texto e em sua edição. Mais do que um auxílio, o que se viu
foi um trabalho efetivo, na solução de boa parte dos exemplos propostos e na
elaboração de figuras, seguido por uma revisão cuidadosa, que acabou por apontar
diversos erros de impressão por mim cometidos e sugestões de melhorias na redação.
A ele os meus mais sinceros agradecimentos. Agradecerei também, imensamente,
contribuições do leitor no sentido de identificar quaisquer outros erros, eventualmente
ainda presentes.
C.P.P.
Dinâmica dos corpos rígidos 5
Sumário
1. PRELIMINARES 7
2. MOVIMENTO DO BARICENTRO 13
2.1. BARICENTRO 13
5.2. Balanceamento 98
5.2.1. Medida do desbalanceamento 98
5.2.2. Balanceamento 103
7. BIBLIOGRAFIA 142
1. PRELIMINARES
Do ponto de vista cinemático, um Corpo Rígido (C.R.) pode ser definido como um
corpo material que guarda a propriedade de invariância de distância relativa entre
quaisquer pontos que o constituam. Esta é a propriedade fundamental de um C.R..
Trata-se, obviamente, de uma idealização, um modelo da realidade, porquanto
inexistem, senso estrito, corpos materiais totalmente indeformáveis.
Este texto fica restrito a casos onde a hipótese de C.R. for aplicável. Permeia
definições, conceitos e enunciados de teoremas gerais. O tratamento, embora algo
matemático, procura fugir propositalmente do rigor, atendendo ao formato didático
Dinâmica dos corpos rígidos 8
acredita-se, pode ser bem apreciada por um aluno de graduação em fase algo
adiantada ou por um aluno de pós-graduação.
1
(ftp://ftp.inria.fr/INRIA/Projects/Meta2/Scilab/distributions).
2
i.e., um movimento que satisfaz o vínculo cinemático representado matematicamente pela fórmula
fundamental do C.R. (1.2)
Dinâmica dos corpos rígidos 10
vj z
Pj
vi O
y
Pi
d
dt
( Pi − Pj ) =
2 d
dt
[ ]
( Pi − Pj ) ⋅ ( Pi − Pj ) = 2( v i − v j ) ⋅ ( Pi − Pj ) = 0 , (1.1)
De equação (1.1) mostra-se também (ver, p.ex., França e Matsumura, 2001) que
existe uma relação unívoca entre os vetores de velocidade de dois pontos de um
mesmo C.R. Esta relação é dada por,
v i = v j + Ω ∧ ( Pi − Pj ) , (1.2).
Dinâmica dos corpos rígidos 11
[
a i = a j + Ω& ∧ ( Pi − Pj ) + Ω ∧ Ω ∧ ( Pi − Pj ) ] . (1.3)
v i ⋅ uω = v j ⋅ uω = vω = constante;
uω = Ω Ω ; Ω ≠ 0
, (1.4)
Pode-se mostrar então que, a cada instante, existe um lugar geométrico (L.G.) de
pontos que tem o vetor de velocidade paralelo ao vetor de rotação. Este vetor é o
mesmo para todos os pontos deste L.G. e tem módulo mínimo. O L.G. é uma reta,
denominado "eixo helicoidal instantâneo" e é paralelo ao vetor de rotação.
v E = v O + Ω ∧ ( E − O) = vω uω (1.5)
e portanto, ( E − O) ∧ Ω = v O − vω uω , de onde,
Ω ∧ vO
( E − O) = +γ Ω ; γ ∈ℜ
Ω
2
, (1.6)
helicoidal instantâneo", expresso por (1.6). De (1.4) e (1,5) segue também que v E é
mínimo.
Por fim, dados três pontos distintos e não alinhados ( O, A, B ), do mesmo C.R. (i.e.
( A − O) ∧ ( B − O) ≠ 0 ), cujas velocidades, v O , v A , v B , são conhecidas e, portanto,
(v Az − vOz )x B − (v Bz − vOz )x A
Ωx =
zB y A − z A yB
(v Ax − vOx ) y B − (v Bx − vOx ) y A
Ωy =
xB z A − x A z B
(v − vOy )z B − (v By − vOy )z A
, (1.7)
Ωz =
yB x A − y A xB
Ay
onde
( A − O) = ( x A , y A , z A )
( B − O) = ( x B , y B , z B )
v A = v Ax i + v Ay j + v Az k
v B = v Bx i + v By j + v Bz k
Dinâmica dos corpos rígidos 13
2. MOVIMENTO DO BARICENTRO
2.1. BARICENTRO
( P − O) ,
Considere um corpo material contínuo. A posição de um elemento de massa dm é
dada pelo vetor de posição relativamente a um ponto O de referência,
∫ ( P − O)dm
( G − O) = Corpo
, (2.1)
m
3
Ver, p.ex., França e Matsumura, 2000.
Dinâmica dos corpos rígidos 14
( G − O) = = =
i =1 Ci
i
∑m ∑m
i Corpo
N N
m
i =1 i =1
i i
. (2.2)
Corpo = ∪ iN=1 Ci
∫ ( P − G )dm = 0
Corpo
. (2.3)
df = adm , (2.4)
Dinâmica dos corpos rígidos 15
R= ∫ adm
Corpo
, (2.5)
R= ∫ ( P − O)dm = 2 ∫ ( P − O)dm = m dt 2 (G − O)
d2 d2 d2
, (2.6)4
Corpo
dt 2 dt Corpo
e, portanto,
R = ma G (2.7)
Note que nada foi assumido até o presente momento, no que concerne à hipótese de
indeformabilidade. O campo cinemático que caracteriza um C.R. será agora suposto
válido. Sejam então P um ponto genérico deste corpo que posiciona o elemento de
massa dm e Q, um ponto específico que executa um 'movimento rígido' solidário ao
4
Estamos tratando de um domínio de integração que contém, sempre, a mesma quantidade de matéria.
Daí a possibilidade de inverter a ordem de aplicação dos operadores linerares de diferenciação e
integração. Não devemos aqui confundir o domínio de integração com o usual conceito de volume de
Dinâmica dos corpos rígidos 16
& ∧ ( P − Q) + Ω ∧ v − v
a = aQ + Ω Q ( )
( v − v ) = Ω ∧ ( P − Q)
com , (2.8)
Q
R= ∫ (a (
& ∧ ( P − Q) + Ω ∧ v − v dm =
+Ω ))
∫ dm + Ω& ∧ ∫ ( P − Q)dm + Ω ∧ ∫ ( v − v )dm =
Q Q
= aQ
Corpo
Q . (2.9)
⎛ ⎞
Corpo Corpo Corpo
= a Qm + Ω
& ∧
∫ ( P − Q)dm + Ω ∧ ⎜⎜⎝ Ω ∧ ∫ ( P − Q)dm⎟⎟⎠
Corpo Corpo
( & ∧ ( G − Q) + Ω ∧ ( Ω ∧ ( G − Q))
R = m aQ + Ω ) . (2.10)
Caso o ponto Q escolhido seja o próprio centro de massa G, a expressão acima fica
simplificada na forma geral (2.7). Note que, alternativamente, e partindo desta
expressão geral, a equação (2.10) seria prontamente recuperada, aplicando-se o
vínculo cinemático de corpo rígido entre os pontos G e Q.
controle, por sua vez presente na dedução das equações de movimento de massas fluidas, e através do
qual pode existir fluxo de massa (ver, p.ex., Meirovitch, página 483).
Dinâmica dos corpos rígidos 17
F+C= P , (2.11)
com
C = − m( Ω e ∧ (Ω e ∧ (G − O ′ )) , (2.12)
Assim, sendo R a resultante das forças externas agentes sobre o corpo, cujo
movimento é objeto de estudo, designando F ′ , as forças externas outras que não de
origem gravitacional, sobre ele agentes, pode-se então escrever,
R = F + F′ = P − C + F′ . (2.13)
C = − mΩ e ∧ (Ω e ∧ (G − O ′))
FC = −2mΩ e ∧ v Grel
, (2.15)5
R + FI = 0 (2.16)
FI = −ma G (2.17)
R = P − C + F ′ = − C − Fc + ma Grel . (2.18)
Assim,
ma Grel = P + F ′ + Fc . (2.19)
Esta é a equação que efetivamente deve ser integrada, quando a posição é medida
relativamente ao referencial Terra.
5
Note que ∫ 2Ω
Corpo
e ∧ v rel dm = 2Ω e ∧ ∫v
Corpo
rel dm = 2Ω e ∧ mv Grel = 2Ω e ∧ Q rel
Dinâmica dos corpos rígidos 19
P
z’
r’
O’
z y’
y x’
O
dT =
1 2
v dm . (3.1)
2
T= ∫
1
v 2 dm . (3.2)
2 Corpo
v = v O′ + Ω ∧ r ′ , (3.3)
e, portanto,
1 ⎧⎪ ⎫⎪
T= ∫ ( + Ω ∧ ′ ) = ⎨ ∫ + ∫ ( ⋅ Ω ∧ ′ ) + ∫ ( Ω ∧ ′ ) ⎬=
1
2 ⎪⎩Corpo ⎪⎭
2 2
′ ′ ′
2
v O r dm v O dm 2 v O r dm r dm
2 Corpo
1 ⎧⎪ ⎫⎪
Corpo Corpo
= ⎨v O′ 2 ∫ dm + 2 v O′ ⋅ Ω ∧ ∫ r ′dm + ∫ (Ω ∧ r ′) dm⎬
2 ⎪⎩ ⎪⎭
2
. (3.4)
∫ r ′dm = mr ′
Corpo
G = m(G − O ′) . (3.5)
Denotando, ainda, Ω = (ω x′ , ω y′ , ω z′ ) e r ′ = ( x ′, y ′, z ′) , o leitor poderá verificar que o
Dinâmica dos corpos rígidos 21
∫ (Ω ∧ r′) dm = ω x2′ ∫ ( y′ )
+ z ′ 2 dm + ω 2y ′ ∫ (z′ )
+ x ′ 2 dm + ω z2′ ∫ ( x′ )
+ y′ 2 dm +
2 2 2 2
z′ x′
Corpo Corpo Corpo
, (3.6)
( )
⎡ ⎤
⎢ ∫ y ′ + z ′ dm − ∫ x ′y ′dm − ⎥ ∫ x ′z ′dm
⎢Corpo ⎥
( )
2 2
⎥
( )
2 2
(3.8)
⎢ ⎥
⎢ − ∫ z ′x ′dm − ∫ z ′y ′dm ∫ x ′ 2 + y ′ 2 dm⎥
Corpo Corpo Corpo
6
O super-escrito t indica a operação de transposição.
Dinâmica dos corpos rígidos 22
T= mv G + {Ω} [ JG ]{Ω}
1 2 1 t
. (3.10)
2 2
Outro caso particular merece especial atenção dada sua importância conceitual e
prática.
O segundo termo da expressão acima pode então ser identificado como o produto
escalar entre o vetor de rotação do corpo e o momento angular, calculado em relação
ao centro de massa do corpo, que seria obtido se toda a massa do corpo fosse
concentrada no ponto O’.
IO = ∫ ( P − O)
2
dm . (3.13)
Corpo
Ju = ∫ d u2 dm = ∫ ( ( P − O) ∧ u )
2
dm (3.14)
Corpo Corpo
d x2 = y 2 + z 2
d y2 = z 2 + x 2 , (3.15)
d z2 = x 2 + y 2
de tal sorte que os momentos de inércia em relação aos eixos (x,y,z), passantes por O,
ficam
Jx = ∫ (y )
+ z 2 dm
2
Jy = ∫ (z )
+ x 2 dm
Corpo
2
(3.16)
Jz = ∫ (x )
+ y 2 dm
Corpo
Corpo
Dinâmica dos corpos rígidos 25
IO = ∫ ( x 2 + y 2 + z 2 )dm
1
, (3.17)
2 Corpo
Definem-se7, por outro lado os produtos de inércia com respeito aos eixos
( x , y ),( x , z ),( y , z ) , como os escalares
J xy = − ∫ xydm = − ∫ yxdm = J yx
J xz = − ∫ xzdm = − ∫ zxdm = J
Corpo Corpo
zx (3.18)
J yz = − ∫ xydm = − ∫ yxdm = J
Corpo Corpo
yx
Corpo Corpo
⎡ Jx J xz ⎤
[J O ] = ⎢⎢ J yx ⎥
J xy
J yz ⎥
⎢ J zx J z ⎥⎦
Jy (3.19)
⎣ J zy
7
O sinal positivo é, por vezes, preferido na definição.
Dinâmica dos corpos rígidos 26
x’3 x3
α33
α23
α13
α32 x’2
α31
α22
α12
x’1 α11 α21
x2
x1
xi′ = ∑ cosα ij x j
3
. (3.20)8
j =1
{r ′} = [B]{r} (3.21)
onde,
8
cosα ij são os denominados cossenos diretores.
Dinâmica dos corpos rígidos 27
Explicitamente,
Considere agora dois vetores p e q relacionados entre si por uma matriz [A]. Em
notação matricial,
{p ′} = [ A ′]{q ′} , (3.25)
com,
Dinâmica dos corpos rígidos 28
[ B ] −1 = [ B ] t (3.28)
e portanto,
Quando diagonal, a matriz de inércia é dita relativa a eixos principais de inércia. Se,
além disso, o pólo O coincidir com o centro de massa G do corpo, os eixos são ditos
centrais de inércia.
Como será visto adiante, qualquer eventual eixo de simetria ocorrente na distribuição
de massa do corpo será um eixo principal de inércia. Para corpos de forma geométrica
simples, com distribuição homogênea de massa, é relativamente fácil identificar eixos
principais de inércia. Para um caso mais geral, ou ao menos mais complexo, nem
sempre é imediato identificar elementos de simetria. É assim interessante
determinarmos eixos principais de inércia. Existe uma transformação particular que
Dinâmica dos corpos rígidos 29
[J ] = [P][J ][P]
p
O O
t
(3.30)
Está fora do escopo do presente texto uma análise aprofundada do presente problema.
Cabe ressaltar, no entanto, que a matriz [P] é formada pelos auto-vetores da matriz
Pede-se ao leitor mais interessado que consulte textos específicos, de álgebra-linear.
[ J O ] . Ou seja,
⎡{p 1 } t ⎤
⎢ t⎥
[P] = ⎢{p 2 } ⎥
⎢{p } t ⎥
(3.31)
⎣ 3 ⎦
λ i ; i = 1,2,3 da matriz [ J O ] .
⎛ I 11 I 12 ⎞
Exemplo 2.1 - Dada a matriz de inércia ⎜ ⎟ da figura plana abaixo nos eixos
⎝ I 21 I 22 ⎠
Ox1x2 calcule a matriz segundo os eixos Ox’1x’2 . Em seguida, calcule θ para que o
sistema Ox’1x’2 seja de eixos principais.
x2
x2’ α12
α21 x1 ’
θ
O x1
Dinâmica dos corpos rígidos 30
Como:
′
x1 = cosθ x1 + senθ x 2
′
x 2 = − senθ x1 + cosθ x 2
⎛ cosθ − sen θ ⎞
logo, [ B] = ⎜ ⎟ . Pode-se então escrever:
⎝ sen θ cosθ ⎠
[ I O′ ] = [ B]T [ I O ][ B]
tan 2θ =
2 I 12
I 11 − I 22
, que fornece o ângulo que orienta os eixos principais.
Dinâmica dos corpos rígidos 31
• Simetria
• Invariância do traço
J x + J y + Jz = 2IO (3.32)
• Positividade
• Composição
Jx = ∫( ) (
y 2 + z 2 dm = ∑ ∫ y 2 + z 2 dm )
N
Corpo j =1 Cj
(3.33)
J xy = − ∫ xydm = −∑ ∫ xydm
N
Corpo j =1 Cj
J xC A = J x − J xCB
C
, (3.34)
• Translação de Eixos
J xi′ = ∫ ( y ′ 2 + z ′ 2 )dm = ∫ ( ( y − b) )
+ ( z − c) 2 dm =
2
mx G = ∫ xdm
my G = ∫ ydm
Corpo
(3.36)
mz G = ∫ zdm
Corpo
Corpo
e, portanto,
Note a permutação cíclica que, uma vez mais, comparece na expressão acima. Caso o
ponto O seja o próprio centro de massa, ou seja, se O ≡ G , a equação acima fica
simplificada na forma
J x ′ = J Gx + m(b 2 + c 2 )
J y ′ = J Gy + m(c 2 + a 2 ) . (3.38)
J z ′ = J Gz + m(a 2 + b 2 )
Por outro lado, tomando, por exemplo, o produto de inércia em relação aos eixos
(O ′x ′y ′) ,
J x ′y ′ = J xy − mab
J y ′z ′ = J yz − mbc . (3.41)
J z ′x ′ = J zx − mca
Exemplo 2.2 - Uma chapa de aço possui quatro furos simetricamente distribuídos.
Calcule a matriz de inércia para em relação aos eixos Gxyz indicados na figura.
4 1
d G1
y
v
b
G x
3
2
[J G ] = [J int
G ] − [J G
disco1
] − [J disco2
G ] − [J disco3
G ] − [J disco4
G ]
⎛ b2 ⎞
⎜ ⎟
⎜ 12 ⎟
0 0
⎜ ⎟
G ] = ρab⎜ 0 0 ⎟ , sendo ρ a densidade superficial de massa
a2
[J int
⎜ a 2 + b 2 ⎟⎟
12
⎜ 0
⎜ 12 ⎟⎠
⎝
0
da chapa.
⎛d2 ⎞
⎜ 0⎟
⎜ 16 ⎟ ⎛ v 2 − uv 0⎞
0
πd ⎜ ⎟ πd 2 ⎜ ⎟
[J G ] = ρ 0 +ρ ⎜ − uv u 0⎟
4 ⎜ ⎟
2 2
d
⎜ 0 0 0⎟⎠
Disco1 2
0
⎜ 2⎟
⎝
16 4
⎜ 0 ⎟
d
⎝ 8⎠
0
⎛d2 ⎞
⎜ + v2 − uv 0⎟
⎜ 16 ⎟
πd 2 ⎜
[J G ] = ρ − uv + u2 0⎟
4 ⎜ ⎟
Disco1 d2
⎜ 2⎟
16
⎜ 0 ⎟
d
⎝ 8⎠
0
⎛d2 ⎞ ⎛d2 ⎞
⎜ + v2 0⎟ ⎜ + v2 − uv 0⎟
⎜ 16 ⎟ ⎜ 16 ⎟
uv
πd 2 ⎜ πd 2 ⎜
[J G ] = ρ + u2 0⎟ [J G ] = ρ − uv + u2 0⎟
4 ⎜ ⎟ 4 ⎜ ⎟
Disco2 d2 Disco3 d2
uv
⎜ 2⎟ ⎜ 2⎟
16 16
⎜ 0 ⎟ ⎜ 0 ⎟
d d
⎝ 8⎠ ⎝ 8⎠
0 0
⎛d2 ⎞
⎜ + v2 0⎟
⎜ ⎟
uv
πd 2 ⎜
0⎟
16
[J G ] = ρ + u2
4 ⎜ ⎟
Disco 4 d2
uv
⎜ 2⎟
16
⎜ 0 ⎟
d
⎝ 8⎠
0
Dinâmica dos corpos rígidos 36
Assim, pode-se cacular a matriz de inércia total. Notar que esta será
diagonal, ou seja, os produtos de inércia serão nulos (lembrar da simetria).
(3.43)
( ) ( ) (
d u2 = cos2 α ( y 2 + z 2 ) + cos2 β ( z 2 + x 2 ) + cos2 γ ( x 2 + y 2 ) −)
−2( cosα cos β ) xy − 2( cosα cosγ ) zx − 2( cos β cosγ ) yz
. (3.44)
Ju = cos2 α ∫(y )
+ z 2 dm + cos2 β ∫ (z )
+ x 2 dm + cos2 γ ∫ (x )
+ y 2 dm +
2 2 2
Ou seja,
( ) ( ) ( )
Dinâmica dos corpos rígidos 37
cos α
ξ=
Ju
cos β
ψ= (3.46)
Ju
cos γ
ζ=
Ju
J xx ξ 2 + J yy ψ 2 + J zz ζ 2 + 2 J xy ξψ + 2 J xz ξζ + 2 J yz ψζ = 1 (3.47)
( J xy = J xz = J yz = 0 ), a equação se reduz a,
= ∫ v 2 dm = ∫ ( v ⋅ v )dm
dT 1 d 1d
. (3.49)
dt 2 dt Corpo 2 dt Corpo
∫ ∫ 2⎜ v ⋅ ⎟ dm = ∫ v ⋅ adm
⎛ dv ⎞
= ( v ⋅ v )dm =
2 Corpo ⎝ dt ⎠
dT 1 d 1
(3.50)
dt 2 Corpo dt Corpo
Pela segunda Lei de Newton, aplicada a cada elemento de massa dm , tem-se, por
outro lado que
dF = adm . (3.51)
As duas parcelas da equação acima podem ser identificadas com a potência das forças
elementares externas e internas, dW ext e dW int , respectivamente. Assim, substituindo
a expressão acima em (3.50) tem-se,
Seja f ij = f ij
(P − P ) = f rij
Pi − Pj
i j
ij a força de interação entre estes pontos, onde foi
rij
Assim,
Dinâmica dos corpos rígidos 40
⎛ ⎞
τ int (t0 ; t ) = ∫ ⎜⎜ ∫ v ⋅ dFint ⎟⎟ dt = ∫ dP ⋅ dF = lim N →∞ ∑ ∑ fij ⋅ δPi =
t N N
⎝ Corpo ⎠
int
( )
i =1 j ≠ i
0
( ) ( )
Corpo
Pi − Pj
= lim N →∞ ∑ ∑ fij ⋅ δ Pi − Pj = lim N →∞ ∑ ∑ f ij ⋅ δ Pi − Pj = ,
N N N N
1 1
Pi − Pj
(( ))
2 i =1 j ≠ i 2 i =1 j ≠ i
= lim N →∞ ∑ ∑ δ Pi − Pj
1 N N f ij 1
i = 1 j ≠ i Pi − Pj 2
2
( )
um C.R., pela qual a distância relativa entre dois pontos quaisquer deste corpo é
τ int (t 0 ; t ) = 0 . (3.55)
x
j
ω
i
vG
O
α
Dinâmica dos corpos rígidos 41
Cinemática
Ω = −ωk
v G = v O + Ω ∧ ( Rj)
como v O = 0
v G = ωRi
T= mv 2G + {Ω} T [ J G ]{Ω}
1 1
2 2
⎛ Jx 0⎞
⎜ ⎟
0
[ JG ] = ⎜ 0 0⎟
⎜ ⎟
Jy
⎝0 0 Jz ⎠
T= ω (mR 2 + J Z )
1 2
2
T= mR 2ω 2
3
4
A única força que realiza trabalho é o peso. A força de atrito atua sobre um
ponto com velocidade nula e a força normal é perpendicular ao deslocamento. Assim:
Dinâmica dos corpos rígidos 42
τ ext = mg ( x − x 0 ) sen α
T − T0 = τ ext
ω 2 = ω 20 + ( x − x 0 ) sen α
4g
3R 2
ω& = sen α
2g
3R
ma G = ∑ F ext
como a G = ω& Ri :
N = mg cos α
fat = mg sen α
1
3
Exemplo 2.4 - Um disco de massa m e raio R rola sem escorregar unido por uma
barra a um anel de mesma massa e raio num plano inclinado. Calcular a aceleração
do conjunto.
Dinâmica dos corpos rígidos 43
x
j
ω
i
vG
O
α
Cinemática:
v GAnel = v GDisco = vi
ω Anel = ω Disco = ω
ω=
v
R
T= mv + J z ω + mv + J z ω
1 2 1 Disco 2 1 2 1 Anel 2
2 2 2 2
T = mv (1 + +
2 J zDisco J zAnel
)
2R2 2R2
T=
7 2
mv
4
v 2 = v 02 + ( x − x 0 ) sen α
8g
7
v& = sen α
4g
7
a) ω em função de θ
O a
θ
y
G
C
x
mg ω
Sendo ρ 2G =
JG
a) o raio de giração do corpo, tem-se:
m
T= J Oω 2 = ( J G + ma 2 )ω 2 = m( ρ G2 + a 2 )ω 2
1 1 1
2 2 2
θ0
T − T0 = τ (θ 0 , θ )
ω2 = (cosθ − cosθ 0 )
(ρ + a 2 )
2 ga
2
G
Dinâmica dos corpos rígidos 46
ρ 2G + a 2 ρ 2G
lef = = +a
a a
Pela equação acima pode-se verificar que tanto faz o pêndulo ser suspenso
ρ 2G
por um ponto O que dista a de G quanto por um ponto C que dista ; o
a
comprimento efetivo seria o mesmo, logo, teriam o mesmo comportamento.
ω
r2 i
r1
O
j
k
Cinemática
Ω = ωj
Energia Cinética
Tomando como pólo para cálculo da energia cinética qualquer ponto do eixo
de rotação da engranagem, tem-se:
Dinâmica dos corpos rígidos 47
T= {Ω} t [ J O ]{Ω}
1
2
T= J zω 2
1
2
r(z)
z
0 l
dx
Para o cálculo de Jz, deve-se observar que a engrenagem é composta por uma
infinidade de discos de espessura diferencial dx e raio dado por:
r ( z ) = r2 − (r2 − r1 )
z
l
dI z =
dm. r 2 ( z )
Pela propriedade de composição da matriz de inércia, Jz da
2
engrenagem é dado por:
Jz = ∫ dI z = ∫
l
r 2 ( z)
dm
Corpo 0
2
Dinâmica dos corpos rígidos 48
ρπ
Jz = ∫
l
r 4 ( z )dz
0
2
dz = −
l
r2 − r1
dr
obtém-se:
Jz =
ρπl
10(r2 − r1 )
(r 2
5
− r15 )
m= ∫ dm = 3(r
ρπl
− r1 )
(r 2
3
− r13 )
Cormpo 2
obtém-se:
3m r2 − r1 ( )
( )
Jz =
5 5
10 r23 − r13
(
3m r2 − r1 )
( )
T= ω2
5 5
20 r2 − r1
3 3
Dinâmica dos corpos rígidos 49
a) aceleração do contrapeso
c) tração no fio
Jz, M
j
i A
m
v h
Cinemática
v
r A
R
O
Dinâmica dos corpos rígidos 50
vi = ( R + r )ωi
ω=
v
R+r
v A i = ωRi
T= J z ω 2 + Mv 2A + mv 2
1 1 1
2 2 2
1 ⎡ J z + MR 2 ⎤
T= ⎢ + m⎥v 2
2 ⎣ ( R + r) 2
⎦
τ = mg (h − h0 )
1 ⎡ J z + MR 2 ⎤ 2
⎢ + ⎥.(v − v 0 ) = mg (h − h0 )
2 ⎣ ( R + r) ⎦
2
2
m
mg ( R + r ) 2
v& =
J z + MR 2 + m( R + r ) 2
Dinâmica dos corpos rígidos 51
mg ( R + r )
ω& =
J z + MR 2 + m( R + r ) 2
c)
mg
Para o contrapeso:
mg − T = mv&
J z + MR 2
T = mg
J z + MR 2 + m( R + r ) 2
r
G
mg
B C
1⎛3 ⎞
T= J C ω 2 = ⎜ mr 2 ⎟ ω 2 = mr 2ω 2
2⎝2 ⎠
1 3
2 4
θ0
como T − T0 = τ e w =
vG
r
v G2 = g ( R − r )(cosθ − cosθ 0 )
4
3
Dinâmica dos corpos rígidos 53
τ
G
Fat
θ
C
mg N
= N − mg cosθ
v G2
( R − r)
m
⎛7 ⎞
N = mg ⎜ cosθ − cosθ 0 ⎟
⎝3 ⎠
4
3
Dinâmica dos corpos rígidos 54
i
O
C1
θ1
C2
θ2
Cinemática:
Ω 1 = θ& 1k
Ω 2 = θ& 2 k
v C1 = v O + Ω 1 ∧ (C1 − O)
v A = v O + Ω 1 ∧ ( A − O)
v C 2 = v A + Ω 2 ∧ (C2 − A)
Dinâmica dos corpos rígidos 55
T= mv C2 1 + J Z θ& 12 + mv C2 2 + J Z θ& 22
1 1 1 1
2 2 2 2
Como I z =
ml 2
obtém-se, utilizando as relações acima:
12
As reações nas articulações (supostas sem atrito) não realizam trabalho. As únicas
forças que realizam trabalho são os pesos das barras. O trabalho realizado é igual à
variação de energia potencial, tomando a posição inicial (inferior) como referência:
τ= (4 − 3 cosθ 1 − cosθ 2 )
mgl
2
T − T0 = τ
energia cinética.
Dinâmica dos corpos rígidos 56
Exemplo 2.10 - Um disco excêntrico rola sem escorregar num plano horizontal.
π
Sendo dados o raio R, excentricidade e, massa m, momento de inércia JO e θ 0 =
2
calcule:
G
e
mg j
θ
O
i
R
C
Fat
N
a) Energia Cinética:
T=
1
( (
J Cω 2 = J G + m R 2 + e 2 − 2eR cosθ ω 2
1
))
( ( ))
2 2
T= J O − me 2 + m R 2 + e 2 − 2eR cosθ ω 2
1
( ( ))
2
T= J O + m R 2 − 2eR cosθ ω 2
1
2
θ0
π
Pelo Teorema da Energia, considerando que θ (0) = e ω ( 0) = 0 :
2
T − T0 = τ (θ 0 ,θ )
2mge cosθ
ω2 =
J O + mR 2 − 2meR cosθ
Dinâmica dos corpos rígidos 57
− mge sen θ ( JO + mR 2 )
ω& =
( J O + mR 2 − 2meR cosθ ) 2
Dinâmica dos corpos rígidos 58
KO = ∫
Corpo
dK O = ∫ (r ∧ v )dm = ∫ (r ∧ v )ρdV
Corpo V
(4.2)
v = v O′ + Ω ∧ ( P − O ′) = v O′ + Ω ∧ r ′ (4.3)
KO = ∫ ((O′ − O) + r ′) ∧ vdm =
= ∫ (O′ − O) ∧ vdm + ∫ (r ′ ∧ v O′ )dm + ∫ (r ′ ∧ (Ω ∧ r ′))dm
Corpo
(4.4)
K O = ( O ′ − O) ∧ ∫ vdm + ∫ r ′dm ∧ v
Corpo Corpo
O′ + ∫ ( r ′ ∧ (Ω ∧ r ′)) dm
Corpo
(4.5)
A expressão (4.5) pode ser simplificada ainda mais. Da definição de centro de massa
(ver (2.2)),
e também,
Q= ∫ vdm = mv
Corpo
G (4.7).
Portanto,
∫ ( r ′ ∧ (Ω ∧ r ′)) dm
Dinâmica dos corpos rígidos 60
K O = Q ∧ (O − O ′) + m(G − O ′) ∧ v O′ + (4.8)
Corpo
Corpo
(4.9)
K O = Q ∧ (O − G ) + ∫ ( r ′ ∧ (Ω ∧ r ′))dm
Corpo
(4.10)
Se, por outro lado O for tomado como o próprio O’, a expressão (4.8) fica escrita
K O ′ = m(G − O ′) ∧ v O ′ + ∫ ( r ′ ∧ (Ω ∧ r ′)) dm
Corpo
(4.11)
Este termo corresponde ao momento angular do corpo relativamente ao pólo O’, que
executa um movimento rígido solidário ao corpo. De (4.8) e (4.11), pode-se escrever,
ainda que,
K O = K O ′ + ( O ′ − O) ∧ Q . (4.12)
(
r ′ ∧ (Ω ∧ r ′) = ω x ′ y ′ 2 − ω y ′ x ′y ′ + ω x ′ z ′ 2 − ω z ′ z ′x ′ i + )
+( ω z ′ 2 − ω z ′ y ′z ′ + ω y ′ x ′ 2 − ω x ′ x ′y ′) j +
+( ω z ′y ′)k
y′ (4.13)
z′ x ′ 2 − ω x ′ z ′x ′ + ω z ′ y ′ 2 − ω y ′
K x′ = ω x′ ∫ ( y′ )
+ z ′ 2 dm − ω y ′ ∫ x ′y ′dm − ω ∫ x ′z ′dm
z′
( 2) 2
= −ω x ′ ∫ y ′x ′dm + ω ∫ ( x ′ )
+ z ′ 2 dm − ω z ′ ∫ y ′z ′dm
Corpo Corpo Corpo
K y′ y′
(2) 2
(4.14)
= −ω x ′ ∫ z ′x ′dm − ω ∫ z ′y ′dm + ω ∫ ( x ′ )
+ y ′ 2 dm
Corpo Corpo Corpo
Kz′ y′ z′
(2) 2
9
O referencial pode ou não ser solidário ao corpo, como será visto adiante.
10
Lembre da identidade da álgebra vetorial a ∧ (b ∧ c) = b(a ⋅ c) − c(a ⋅ b) , de onde resulta que
r ′ ∧ (Ω ∧ r ′) = Ω r ′ − r ′(Ω ⋅ r ′) .
2
Dinâmica dos corpos rígidos 62
J x ′y ′ , J y ′z ′ , J x ′z ′ .
K O′ = [ J O′ ]{Ω}
(2)
(4.15)
na forma ‘mista’
K O′ = (G − O ′) ∧ mv O′ + [ J O′ ]{Ω} (4.16)
K O = (G − O ′) ∧ mv O′ + [ J O′ ]{Ω} + (O ′ − O) ∧ Q (4.17)
• (i) se O ′ ≡ G ,
K O = (G − O) ∧ Q + [ J G ]{Ω}; se O ′ ≡ G ; (4.18)
K O′ = (G − O ′) ∧ mv O′ + [ J O′ ]{Ω}; se v G ∧ (O ′ − O) = 0 ; (4.19)
Dinâmica dos corpos rígidos 63
• (iii) se v O′ = 0 ou se v O′ (G − O ′)
K O = (O ′ − O) ∧ Q + [ J O′ ]{Ω}; se v O′ ∧ (G − O ′) = 0 ; (4.20)
K O = [ J O ]{Ω}; se O ′ ≡ O e v O = 0 ; (4.21)
KO = ∫ (( P − O) ∧ v )dm
Corpo
(4.23)
&O =
K ∫ (( v − v O ) ∧ v )dm + ∫ (( P − O) ∧ a )dm =
= −v O ∧ ∫ vdm + ∫ ( P − O) ∧df
Corpo Corpo
(4.24)
Corpo Corpo
onde M ext
O é o momento resultante do sistema de forças externas aplicadas ao corpo,
11
(lembre que o corpo é suposto rígido, portanto sua forma e distribuição de massa não variam com o
tempo)
Dinâmica dos corpos rígidos 65
Caso o pólo considerado seja o próprio centro de massa o TMA assume a forma mais
simples,
& G = M Gext
K (4.26)
Expressão análoga é válida quando o pólo O é fixo, ou mesmo quando este pólo tem
velocidade paralela à velocidade do centro de massa,
& O = M Oext ; se v G ∧ v O = 0
K (4.27)
Por outro lado, tomando a expressão (4.17) e derivando-a em relação ao tempo, segue
que
ou, alternativamente:
(G − O ′) ∧ ma O′ + (O ′ − O) ∧ ma G +
d
dt
([ J O′ ]{Ω}) = M Oext (4.30)
d
([J O′ ]{Ω}) = Ω ∧ ([J O′ ]{Ω}) + d ([J O′ ]{Ω})mov ,
dt dt
onde o sub-índice ‘mov’ indica que a derivada temporal se faz no referencial móvel,
no caso solidário ao corpo. Como a matriz de inércia é invariante com relação ao
sistema de referências considerado, segue que,
d
([J O′ ]{Ω}) = Ω ∧ ([J O′ ]{Ω}) + [J O′ ] d ({Ω})mov (4.31)
dt dt
Alternativamente,
Dinâmica dos corpos rígidos 67
{}
(O′ − O) ∧ R + (G − O′) ∧ ma O′ + Ω ∧ ([J O′ ]{Ω}) + [J O′ ] Ω
&
mov = M Oext , (4.33)
ou ainda,
Note ainda que, como no presente caso o vetor de rotação de arrastamento é o próprio
vetor de rotação do corpo, ou seja, o referencial é solidário ao corpo, não é necessário
distinguir a derivada temporal no que diz respeito ao referencial adotado12. Neste caso
a equação acima poderia ser escrita,
12 & = d (Ω ) + Ω ∧ Ω = d (Ω ) .
De fato, Ω mov mov
dt dt
{}
68
Ω ∧ K G + [J G ] Ω
Dinâmica dos corpos rígidos
&
mov = M Gext (4.36)
{}
Ω ∧ K O′ + [J O′ ] Ω
&
mov = M Oext′ ; (4.37)
13
Cuidado: a recíproca em geral não é verdadeira.
Dinâmica dos corpos rígidos 69
ψ
Z θ
G
mg
zG
y
Ο
Y
φ θ
X
x
Figura 4 Cone em movimento em torno de um ponto fixo.
No sistema (O′, x′, y′, z ′); com O′z ′ como o eixo de simetria de massa, por exemplo,
sistema este porém não solidário ao corpo e caracterizado cinematicamente por um
vetor de rotação Ω ar , a matriz de inércia é invariante no tempo, pois independe da
rotação do corpo em torno deste eixo. A equação (4.34) ficaria dada então na forma,
Ω ar ∧ K G + [J G ]{Ω
& } = M ext
mov G . (4.39)
Dinâmica dos corpos rígidos 70
( ) ( )
que é homogênea na forma. Para tanto, considere o produto vetorial de dois vetores
quaisquer p = p x , p y , p z e q = q x , q y , q z do espaço vetorial V 3 , expressos em
⎡ 0 − pz py ⎤
[P] = ⎢⎢ pz ⎥
− px ⎥
⎢− p y 0 ⎥⎦
0 (4.40)
⎣ px
p ∧ q = [P]{q} . (4.41)
onde ,
⎡ 0 −ω z ωy ⎤
[Ω ] = ⎢⎢ ω z ⎥
−ω x ⎥
⎢−ω y 0 ⎥⎦
0 , (4.43)
⎣ ωx
e
Dinâmica dos corpos rígidos 71
⎡ 0 − zG′ y G′ ⎤
[R′G ] = ⎢⎢ zG′ 0 − x G′ ⎥⎥ (4.44)
⎢⎣− y G′ x G′ 0 ⎥⎦
2 2
O primeiro termo é uma forma quadrática na velocidade do ponto O’, ponto este
pertencente ao corpo, e tomado como referência. O terceiro e último termo é uma
forma bi-linear no vetor de rotação, reduzindo-se a uma forma puramente quadrática
14
Note, no segundo termo, a permutação cíclica do produto misto, aqui escrito na forma matricial.
Dinâmica dos corpos rígidos 72
É então imediato verificar que a derivada parcial da energia cinética com relação a
cada uma das componentes do vetor de rotação nada mais é do que a correspondente
componente do momento angular K O′ . De fato, o momento angular, dado na forma
(4.16), se escrito na notação matricial fica,
= ( m(G − O ′) ∧ v O′ ) i + ([ J O′ ]{Ω}) i ;
∂T
i = x, y, z
∂ (Ω ) i
∂T ⎧ ∂T ⎫
=⎨ ⎬ = K O′
∂Ω ⎩ ∂Ω i ⎭
Tal fato era esperado, na medida em que, como foi visto, tanto a energia cinética
quanto o momento angular são constituídos por parcelas que podem ser expressas
através da matriz de inércia, do vetor de rotação e da velocidade do ponto tomado
como pólo de referência.
15
A notação ∂f ∂q , aqui empregada, onde q é um vetor, indica um outro vetor, do mesmo espaço
vetorial, formado pelas três derivadas parciais da função escalar f(q) em relação a cada uma das
componentes de q.
Dinâmica dos corpos rígidos 73
∂T
= m( v O′ ) i + m(Ω ∧ (G − O ′)) i = m( v G ) i = (Q) i ; i = x , y , z
∂ ( v O′ ) i
∂T ⎧⎪ ∂T ⎫⎪
=⎨ ⎬ = m{v O′ } + m[Ω ]{R ′G } = Q
∂v O′ ⎪⎩ ∂ ( v O′ ) i ⎪⎭
Na realidade, as expressões acima são casos especiais de relações muito mais gerais
entre quantidade de movimento (momentum) e momento angular (momento do
momentum) e as coordenadas de velocidade (velocidades generalizadas) de um
sistema mecânico arbitrário. Estas relações são em geral deduzidas no âmbito da
Teoria de Mecânica Analítica, abordagem que foge do escopo do presente texto (ver,
p.ex., Goldstein, ou Landau & Lifshitz, ou ainda, Sommerfeld). Desempenham,
naquele contexto, papel essencial, no entanto.
Esta forma é particularmente útil, na medida que propicia fácil interpretação. De fato,
a taxa de variação temporal do vetor de rotação, quando vista do referencial não-
inercial, caracterizado pelo vetor de rotação Ω , é proporcional ao momento das
o momento giroscópico reativo aplicado pelo corpo sobre o sistema externo que nele
age.
G ⋅ Ω = (Ω ∧ K G ) ⋅ Ω = 0 , (4.52)
O conceito de binário giroscópico pode, ainda, ser entendido como integrante de uma
classe mais geral, a de forças de inércia, onde se incluem, por exemplo, a ‘força
centrífuga’17, que comparece em qualquer movimento curvilíneo de um ponto
material, e a ‘força de Coriolis’, no estudo do movimento relativo de um ponto
material em um sistema de referência que apresenta rotação. Além de conservativo, o
efeito giroscópico apresenta natureza restauradora, na medida em que representa uma
certa “resistência inercial” à uma variação imposta ao momento angular. Esta
natureza restauradora é responsável por um sem número de efeitos estabilizadores,
como será visto nas seções subsequentes.
16
O leitor mais interessado poderá verificar que se o operador tiver parte simétrica, definida positiva,
esta será responsável pela dissipação de energia.
17
Ver, p.ex., Sommerfeld, art. 10.
Dinâmica dos corpos rígidos 76
Ω = Ωe + Ωr . (4.53)
18
O globo terrestre é suposto um corpo rígido. Na realidade sua deformabilidade e os movimentos de
grandes massas fluidas acabam por interferir em sua dinâmica. O estudo destes efeitos , no entanto, são
de maior relevância à Geofísica e aqui serão desconsiderados.
[Ω r ][ J O′ ]{Ω r } + [ J O′ ]{Ω& r } = {M Oext′ } − m[R ′G ]{a O′ } −
Dinâmica dos corpos rígidos 77
(4.56)
Isto posto, tem-se, por outro lado, que a aceleração do ponto O’ em relação ao sistema
S é dada por
a O ′ = a O ′r + Ω e ∧ ( Ω e ∧ ( O ′ − O ) ) + 2 Ω e ∧ v O ′ ≡
≡ {a O′r } + [Ω e ][Ω e ]{rO′ } + 2[Ω e ]{v O′r } = {a O′ }
, (4.57)
. (4.58)
O ′ = ( G − O ′ ) ∧ ( P − C) + M O ′
M ext (4.59)
{M } = [R ′ ]({P} − {C}) + {M }
O′
ext
G O′ . (4.60)
e, portanto,
(4.63)
Assim
[Ω r ][ J O′ ]{Ω r } + [ J O′ ]{Ω& r } = {M O′ } −
−([Ω e ][ J O′ ]{Ω r } + [Ω r ][ J O′ ]{Ω e } + [Ω e ][ J O′ ]{Ω e })
.
(4.64)
(4.65)
Exemplos destes casos particulares são rotores de eixos com jazentes em bases fixas
Note, ainda que se não houver simetria esférica de massa (ou ao menos quase-
simetria), os termos linearmente dependentes em Ω e poderão, em geral, ser
desconsiderados, e a equação ser reduzida ainda mais, na forma
que preserva a forma original da equação de Euler (4.44) ((4.42)na forma alternativa).
Dinâmica dos corpos rígidos 81
Teorema da Resultante
ma G = R + P
⎛ ⎛ 2a ⎞ 2a ⎞
Rx = − maω − mg cosθ = − mg ⎜⎜ cosθ ⎜⎜ 1 + ⎟⎟ − cosθ 0 ⎟⎟
por reeultados
anteriores
⎝ ⎝ lef ⎠ lef ⎠
2
⎛ ⎞
R y = maω& + mg sen θ = mg sen θ ⎜⎜ 1 − ⎟⎟
a
⎝ lef ⎠
Rz = 0
g sen θ
M xO = − J xzG − 2 J yzG (cosθ − cosθ 0 )
g
lef lef
M yO =
g
lef
(2 J xzG cosθ − J yzG sen θ )
M zO = 0
Exemplo 3.12 - Considerando o disco excêntrico do exemplo 2.10, utilize o TMA para
calcular a velocidade angular em função de θ.
& A = mv G ∧ v A + M ext
K A
Utilizando:
K A = (G − A′ ) ∧ mv A′ + [ J A′ ]{Ω} + ( A′ − A) ∧ Q ,
( (
K A = J Cωk = J O + m R 2 − 2eR cosθ ωk ))
v G = (e cosθ − R)θ&i + eθ& sen θj
v A = −θ&Ri
A = −mge sen θk
M ext
Logo:
Exemplo 3.13 - O disco homogêneo de massa m e raio R gira com velocidade angular
constante ωz em torno do eixo horizontal, sustentado pelo garfo que gira com
Dinâmica dos corpos rígidos 83
Da equação de Euler:
⎛ mR 2 ⎞
⎜ 0 ⎟
⎜ 4 ⎟
0
⎜ ⎟
com ω = (0, ω y , ω z ) , ω
& = 0, Ω arr = (0, ω y ,0) e [ I G ] = ⎜ 0 0 ⎟ obtém-
T T mR 2
⎜ mR 2 ⎟⎟
4
⎜ 0
⎜ 2 ⎟⎠
⎝
0
se:
⎛ mR 2ω yω z ⎞
=⎜ ,0,0⎟
T
⎝ ⎠
ext
M G
2
o conjunto está em um veículo que gira com velocidade angular Ω . Sendo F1>F2
calcule o sentido de rotação do carro e deduza uma relação entre a diferença das
forças de reação e a rotação Ω .
F1 ω F2
a G a y
K G = [ J G ]{Ω}
⎛ mR 2 ⎞
⎜ 0 ⎟
⎜ 4 ⎟⎛ 0⎞ ⎛ 0⎞
0
⎜ ⎟ mR 2 ⎜ ⎟
KG = ⎜ 0 ⎟
0 ⎜ω ⎟ = 2ω
⎜ ⎟⎜ ⎟ 4 ⎜⎜ ⎟⎟
mR 2
⎜ mR 2 ⎟ ⎝ Ω⎠ ⎝ Ω⎠
2
⎜ 0 ⎟
⎝ 4 ⎠
0
A derivada vale:
& =Ω
K Base ∧ K G
⎛0⎞ ⎛ 0 ⎞ ⎛ − 2ωΩ ⎞
G
mR 2 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ mR 2 ⎜ ⎟
KG =
& ⎜ 0 ⎟ ∧ ⎜ 2ω ⎟ = ⎜ 0 ⎟
4 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ 4 ⎜ ⎟
⎝Ω ⎠ ⎝ Ω ⎠ ⎝ 0 ⎠
M xext = ( F2 − F1 )a
& G = M ext
K
2a ( F1 − F2 )
( F2 − F1 )a = − ωΩ ⇒ Ω =
mR 2
2 mωR 2
Esta relação indica que se F1>F2 , Ω terá o sentido positivo, ou seja, direção
de Gz.
Exemplo 3.15 - Um carro tem o motor instalado transversalmente e está fazendo uma
curva com velocidade escalar constante v. As partes móveis do motor podem ser
representadas dinamicamente por um eixo rígido que gira com vetor de rotação
ω=ωu. Sendo dados os momentos de inércia Ju , Jτ , Jk ao longo dos eixos prinicipais
de inércia do suposto eixo, calcule o momento a ele aplicado durante a curva. Neste
carro, é maior o risco de capotamento em curvas à esquerda ou à direita?
ω abs = ωu +
v
k.
R
⎛ Ju 0⎞
⎜ ⎟
0
Assim ω = (ω,0, ) , ω
& = 0, Ω arr = (0,0, ) e [ I G ] = ⎜ 0 0 ⎟.
v T v T
Jτ
⎜0 J k ⎟⎠
⎝
R R
0
Logo:
⎛ J ωv ⎞
= ⎜ 0, u ,0⎟
T
⎝ ⎠
ext
M G
R
O momento aplicado pelo eixo sobre o carro vale, pelo Princípio da Ação e
capotamento do veículo. Para curvas à direita, o momento sobre o eixo seria −M ext
G e
ω2
y
ω1
⎛C 0 0 ⎞
⎜ ⎟
com ω = (ω 2 ,0, ω1 ) T , ω
& = 0, Ω arr = (ω 2 ,0,0) T e [ I G ] = ⎜ 0 C 0 ⎟ obtém-se:
⎜0 0 2C ⎟⎠
⎝
G = ( 0,−2 Cω 1ω 2 ,0)
T
M ext
Este é o momento giroscópico que o avião aplica sobre a hélice, a qual reage
com um momento:
G
mg vG
μN
Do Teorema do Baricentro:
ma G = μN = μmg ⇒ a G = μg
Dinâmica dos corpos rígidos 88
v G = μgt + v G0
J Gω& = − μmgR
como J G =
1
mR 2
− 2 μg
2
ω& =
R
− 2 μg
ω= t + ω0
R
ω 0 R − vG0
t =
3 μg
*
Dinâmica dos corpos rígidos 89
Este é um caso particular de fundamental importância, posto que representa toda uma
classe de problemas na mecânica, em particular na engenharia. O estudo sistemático
da dinâmica de rotores, por exemplo, seu balanceamento e, seu comportamento
estrutural, depende do estudo mais geral abordado nesta seção.
19
Em centrífugas e rotores de altíssima velocidade, estes efeitos podem ter alguma relevância.
Dinâmica dos corpos rígidos 90
Y
y
ω
X
z=Z
Ω = ωk = θ&k (5.1)
⎡0 −ω 0⎤
[Ω ] = ⎢⎢ω 0 0⎥⎥ . (5.3)
⎢⎣ 0 0 0⎥⎦
Dinâmica dos corpos rígidos 91
A matriz de inércia, com respeito ao sistema considerado é, por sua vez, escrita,
⎡ Jx J xz ⎤
[ J O ] = ⎢⎢ J xy ⎥
J xy
J yz ⎥
⎢ J xz J z ⎥⎦
Jy . (5.4)
⎣ J yz
ma G = P + F ′ (5.6)
M O = ( A − O) ∧ A + ( B − O) ∧ B + H (5.7)
com,
Dinâmica dos corpos rígidos 92
⎡0 −z A 0⎤
[R A ] = ⎢⎢z A 0 0⎥⎥ (5.9)
⎢⎣ 0 0 0⎥⎦
e, analogamente para B.
No entanto, de(5.6),
B = ma G − P − A , (5.10)
e portanto,
que substituída em (5.5) fornece uma equação que, com (5.10) relaciona as reações
aplicadas pelos mancais com as variáveis dinâmicas e cinemáticas do rotor,
(5.12)
Ω ∧ [ J O ]{Ω} + [ J O ] Ω { }
& = ( A − B) ∧ A + m( B − O) ∧ a + (G − B) ∧ P + H .
G
(5.13)
Para o rotor sujeito apenas à força peso, às reações dos mancais e ao torque, e a
menos de uma indeterminação, na direção do próprio eixo, a reação A fica então,
A=
( A − B)
A− B
2 ( ( { }))
∧ (m( B − O) ∧ a G + (G − B) ∧ P + H) − Ω ∧ [ J O ]{Ω} + [ J O ] Ω
&
(5.14)
Dinâmica dos corpos rígidos 93
Ω ∧ K O = − J yz ω 2 i + J xz ω 2 j , (5.15)
ou, ainda
[Ω ][ J O ]{Ω} = ω 2 ( − J yz ; J xz ;0)
t
. (5.16)
Por sua vez, o momento externo associado (a) às reações dos mancais (assumindo-se
que aplicadas nos pontos A e B), e (b) ao torque aplicado ao eixo fica dado por
( )
M O = − z A Ay + z B B y i + ( z A Ax + z B B x ) j + Hk (5.17)
ou,
{M O } = (−( z A Ay + z B B y ); ( z A Ax + z B Bx ); H )
t
. (5.18)
( ) (
( G − O) ∧ P = yPz − zPy i + ( zPx − xPz ) j + xPy − yPx k ) (5.19)
ou,
Dinâmica dos corpos rígidos 94
[R ]{P} = (( yP ) (
− zPy ; ( zPx − xPz ); xPy − yPx ))
t
G z . (5.20)
(
⎧ J ω& − J ω 2 = − z A + z B + y P − z P
⎪ xz
) ( )
⎨ J yz ω& + J xz ω = ( z A Ax + z B B x ) + ( z G Px − x G Pz )
⎪
yz A y B y G z G y
( )
⎪
2
(5.21)
⎪⎩ J z ω& = x G Py − y G Px + H
(
⎧ Ax + B x = − Px + m −ω& y G − ω 2 x G )
( )
⎪⎪
⎨ Ay + B y = − Py + m ω& x G − ω y G
⎪
2
(5.22)
⎪⎩ Az + Bz = − Pz
onde foi utilizado o vínculo cinemático de C.R. para o cálculo da aceleração do centro
de massa.
Se o sistema (O, x , y , z ) for escolhido, sem perda de generalidade, de tal forma que o
centro de massa G esteja contido no eixo Ox, i.e., ( y G ; z G ) = (0;0) , as equações acima
( ) (
⎧ z A Ay + z B B y = − J xz ω& − J yz ω 2
⎪⎪
)
⎨( z A Ax + z B B x ) = J yz ω& + J xz ω + x G Pz
⎪ J ω& = x P + H
2
, (5.23)
⎪⎩ z G y
e,
Dinâmica dos corpos rígidos 95
⎧ Ax + B x = − Px − mω 2 x G
⎪
⎨ Ay + B y = − Py + mω& x G
⎪A + B = −P
(5.24)
⎩ z z z
( ) (
⎧ z A Ay + z B B y = − J xzθ&& − J yzθ& 2
⎪⎪
)
⎨( z A Ax + z B B x ) = J yzθ&& + J xzθ& − x G P sen α
⎪ &&
2
, (5.25)
⎪⎩ J zθ = H − x G P cosα cosθ
⎩ Az + B z = Psenα
As equações acima são gerais, para um rotor “desbalanceado” que gira em torno de
um eixo, fixo em relação ao solo, mesmo que este apresente um ângulo α em relação
ao plano horizontal. A única hipótese assumida, além da usual, de C.R., é serem
desprezíveis os efeitos giroscópicos e da força de Coriolis, desde que associados à
rotação da Terra.
( )
substituída nas equações (5.25)a,b e (5.26)a,b, permite então clacular, em função do
tempo, as componentes Ax ; Ay ; B x : B y das forças de reação nos mancais.
Dinâmica dos corpos rígidos 96
seus valores dependerão de uma eventual compressão pré-existente. Se por outro lado,
o eixo for inclinado, o mancal inferior, que deverá ser um mancal de escora, suportará
a carga axial em quase toda a sua totalidade. O equacionamento completo destas duas
componentes reativas depende da aplicação de teorias e modelos outros como, por
exemplo, da Teoria da Resistência dos Materiais e da Tribologia20, as quais fogem ao
escopo do presente livro.
( )
⎧ z A Ay + z B B y = 0
⎪⎪
⎨( z A Ax + z B Bx ) = 0
⎪ &&
(5.27)
⎪⎩ J zθ = H
⎧ Ax + Bx = P cos α sen θ
⎪
⎨ Ay + B y = P cos α cosθ
⎪ A + B = P sen α
(5.28)
⎩ z z
20
(que estuda as leis do atrito)
Dinâmica dos corpos rígidos 97
Ax = P cos α sen θ
1
1− zA zB
Bx = P cosα sen θ
1
1 − zB zA
P cos α cosθ
(5.29)
Ay =
1
1− zA zB
By = P cos α cosθ
1
1 − zB zA
⎛ ⎞
A =P ⎜ cosα ⎟ + sen2 α
2
1
⎝ 1 − z A zB ⎠ (5.30)
B = P cosα
1
1 − zB z A
Note que o centro de massa G é o pólo agora considerado, o qual pode estar
posicionado em qualquer lugar do eixo. No caso particular, de simetria longitudinal,
em que o centro de massa se situa a meio vão entre os mancais A e B, tem-se
z B = − z A e, portanto,
A =P cos 2 α + sen 2 α
1
4
B = P cos α;
1
. (5.31)
2
com G no eixo, a meio v~
ao
Dinâmica dos corpos rígidos 98
5.2. BALANCEAMENTO
No que segue, e sem perda de generalidade, o eixo em torno do qual gira o rotor será
suposto vertical (α = π 2) . Isto é feito para que o efeito da força peso no
balanceamento seja nulo, facilitando assim a análise, muito embora seja possível
equacionar o problema de balanceamento para o caso geral. As equações que regem o
movimento serão dadas por,
( ) (
⎧ z A Ay + z B B y = − J xzθ&& − J yzθ& 2
⎪⎪
)
⎨( z A Ax + z B B x ) = J yzθ&& + J xzθ& − x G P
⎪ &&
2
(5.32)
⎪⎩ J zθ = H
⎧ Ax + B x = − mθ& 2 x G
⎪
⎨ Ay + B y = mθ&&x G
⎪A + B = P
. (5.33)
⎩ z z
Suponha então que o rotor seja acionado, sob um sistema de controle que permita
impor determinada velocidade angular constante, com valor θ& = ω . No caso real,
quando também existe dissipação de energia nos mancais, por atrito, este sistema de
controle deve ser necessariamente do tipo realimentado, realimentação esta que se faz
a partir da medida da velocidade angular. No caso ideal, quando são desprezados os
efeitos dissipativos, basta “cortar” o acionamento assim que o rotor atinge a
velocidade requerida, que a rotação permanecerá constante. Ou seja, (5.32) e (5.33)
transformam-se em,
( )
⎧ z A Ay + z B B y = J yz ω 2
⎪⎪
⎨( z A Ax + z B Bx ) = J xz ω − x G P
⎪ω& = 0
2
(5.34)
⎪⎩
⎧ Ax + B x = − mω 2 x G
⎪
⎨ Ay + B y = 0
⎪A + B = P
. (5.35)
⎩ z z
( AX ; AY ; B X : BY )
Suponha também que exista um sistema de sensores de força que medem as
componentes das reações aplicadas pelos mancais, segundo duas
Note que,
⎡ A X (t ) ⎤ ⎡cosθ ( t ) − sen θ (t ) ⎤ ⎡ Ax ⎤
⎢ A (t ) ⎥ = ⎢sen θ (t ) cosθ (t ) ⎥ ⎢ A ⎥
⎣ Y ⎦ ⎣ ⎦⎣ y ⎦
(5.36)
z=Z
ω = θ&
B
Y
x
G θ
X
( )
− mω 2 x G cosθ (t ) = ( Ax + B x ) cosθ (t ) − Ay + B y sen θ (t ) . (5.37)
− mω 2 x G cosθ (t ) = A X (t ) + B X (t ) . (5.38)
A X (t ) + B X (t ) = ( Ax + B x ) cosθ (t ) . (5.39)
(5.40)
xG =
mω 2
F0
(5.41)
β =φ . (5.42)
Note que estas medidas poderiam ser feitas estaticamente, com o eixo na horizontal.
No entanto poderiam estar mais sujeitas a erros se o atrito nos mancais fosse
relativamente grande e a excentricidade pequena. Ademais, o procedimento dinâmico
acima descrito pode ser incorporado naquele que permitirá medir o desbalanceamento
dinâmico, ou seja aquele da matriz de inércia.
Note também, como foi adiantado, que se o rotor tivesse eixo fora da vertical, ainda
assim seria possível escrever expressões equivalentes, eliminando-se,
Dinâmica dos corpos rígidos 102
J yz =
ω2
1
(z Ay + z B B y )
(( z Ax + z B B x ) + x G P )
A
, (5.43)
J xz =
ω2
1
A
e, portanto, de (5.35)
J yz = (( z A AY (t ) + z B BY (t )) cosθ (t ) − ( z A AX (t ) + z B B X (t )) sen θ (t ))
ω2
1
( (( z A X (t ) + z B B X (t )) cosθ (t ) + ( z A AY (t ) + z B BY (t )) sen θ (t )) + x G P )
(5.44)
J xz =
ω2
1
A
Assim,
J yz = ( z A AY (θ (t )) + z B BY (θ (t ))))θ =2 nπ =
ω2
1
= ( z A AY (θ (t )) + z B BY (θ (t )))) t =( 2 nπ −φ ) ω
ω2
1
(( z A X (θ (t )) + z B B X (θ (t ))) )θ = 2 nπ + x G P =)
. (5.45)
J xz =
(( z )
ω2
1
A
= A X (θ (t )) + z B B X (θ (t ))) ) t =( 2 nπ −φ ) ω + x G P
ω2
1
A
21
Sugere-se que o leitor verifique a assertiva.
Dinâmica dos corpos rígidos 103
5.2.2. Balanceamento
xG = 0
yG = 0
J xz = 0
. (5.46)
J yz = 0
z1 , z 2 , r1 = x1 + y1 e r2 = x2 + y2
2 2 2 2
são fixados, a priori, e deixados como
mx G + m1 x1 + m2 x 2 = mx G = 0
m1 y1 + m2 y 2 = my G = 0
. (5.47)
Por outro lado, as equações (5.45)c,d requerem, por sua vez, que
J xz − m1 x1 z1 − m2 x 2 z 2 = J xz = 0
J yz − m1 y1 z1 − m2 y 2 z2 = J yz = 0
. (5.48)
Dinâmica dos corpos rígidos 104
massa m1
P1=(x1,y1,z1)
massa m2
P2=(x2,y2,z2)
ξ i = mi xi = mi ri cos γ i
ψ i = mi yi = mi ri sen γ i . (5.49)
i = 1,2
⎡1 0 ⎤⎡ ξ 1 ⎤ ⎡− mx G ⎤
⎢ 0 ⎥
⎢0 1 ⎥ ⎢ψ 1 ⎥
0 1
⎢
1 0
⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥
⎢ z1 0 ⎥⎢ ξ 2 ⎥ ⎢ J xz ⎥
, (5.50)
⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥
0 z2
⎣0 z1 0 z 2 ⎦ ⎣ψ 2 ⎦ ⎣ J yz ⎦
ou ainda, rearranjando,
Dinâmica dos corpos rígidos 105
⎡1 0 ⎤⎡ ξ 1 ⎤ ⎡− mx G ⎤
⎢ 0 ⎥
⎢0 1 ⎥⎢ ξ 2 ⎥
1 0
⎢
0 1
⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥
⎢ z1 0 ⎥ ⎢ψ 1 ⎥ ⎢ J xz ⎥
. (5.51)
⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥
z2 0
⎣0 0 z1 z 2 ⎦ ⎣ψ 2 ⎦ ⎣ J yz ⎦
Para que o sistema acima tenha solução é necessário que o determinante da matriz de
coeficientes não se anule, isto é, é necessário que,
(z1 − z 2 )2 ≠ 0 . (5.52)
A condição acima estabelece, portanto, que são necessários dois planos distintos de
balanceamento. A solução do sistema conduz então a
⎡ ξ1 ⎤ ⎡ z2 −1 0 ⎤ ⎡− mx G ⎤
⎢ξ ⎥ ⎢− z ⎢ ⎥
0 ⎥⎢ 0 ⎥
0
⎢ 2⎥= 1 ⎢ 1 ⎥
0 1
⎢ψ 1 ⎥ z 2 − z1 ⎢ 0 − 1⎥ ⎢ J xz ⎥
. (5.53)
⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥
z2 0
⎣ψ 2 ⎦ ⎣ 0 − z1 0 1 ⎦ ⎣ J yz ⎦
γ i = arctan(ψ 1 ξ 1 )
1 ξi
mi =
cos γ i ri
. (5.54)
i = 1,2
Dinâmica dos corpos rígidos 106
A
a
8.00 8.00
Mancal A Mancal A
Direção Y Direção X
4.00 4.00
Força (N)
Força (N)
0.00 0.00
-4.00 -4.00
Mancal B Mancal B
Direção Y Direção X
-8.00 -8.00
Dinâmica dos corpos rígidos 107
Por definição, o eixo Ox passa pelo centro de massa do rotor; logo yG=0. Para
calcular xG , utiliza-se:
logo x G = =0
FXmax
mω 2
J xz = 0
2×5
J yz = − 2
× 0,25 = −2,28.10 −4 kgm 2
104,72
O objetivo agora é anular, com adição das massas m1 (em A) e m2 (em B), o
produto de inércia Jyz. Para isso:
m1 x1 + m2 x 2 = 0 manter x G = 0
m1 y1 + m2 y 2 = 0 manter y G = 0
0,25m1 x1 − 0,25m2 x 2 = 0 manter J xz em 0
0,25m1 y1 − 0,25m2 y 2 = 2,28.10 −4 transformar J yz em 0
x1 = x 2 = 0
y1 = − y 2 = 0,1m( = R )
m1 = m2 = 4,56g
Dinâmica dos corpos rígidos 108
Este caso ocupa lugar de destaque no estudo da dinâmica de um corpo rígido. Não
apenas por sua importância histórica, conceitual e didática, mas também por sua
relevância prática.
Cabe aqui observar que, na presente seção, entende-se por “ponto fixo” um ponto
pertencente ao C.R. em estudo e que não se movimenta em relação a um referencial
solidário à Terra. Casos mais gerais, onde este ponto é solidário a um referencial que
se move em relação à Terra, podem ser abordados, obviamente, com a aplicação dos
teoremas fundamentais relativos ao movimento do baricentro e à variação do
momento angular em sua forma mais geral, vista nos capítulos 2 e 4, respectivamente.
Nas seções 6.2 e 6.3 os efeitos giroscópicos associados à rotação da Terra não serão
abordados. Já na seção 6.4, que estuda o movimento da bússola giroscópica, este
efeitos serão os de maior relevância, posto que este é um mecanismo cuja função é
determinar o Norte Verdadeiro, o que é realizado através dos efeitos giroscópicos
acima mencionados.
( )
$ , ou seja, o ângulo que o eixo z faz com o eixo vertical Z. O eixo
como o ângulo ZOz
j= (K ∧ k ) 24
sen θ
1
. (6.1)
e ψ o ângulo xOx ( )
$ ′ , que o eixo x ′ faz com x . As taxas de variação temporal
22
ver, p.ex., Goldstein, Sommerfeld, Meirovitch, Grenwwod, Whittaker, entre outros.
23
Este eixo é, por vezes denominado, linha dos nós, termo emprestado à astronomia.
24
Embora esta expressão tenha módulo de limite unitário quando θ → 0 , a singularidade se manifesta
na indefinição da direção do versor j. Esta singularidade é inerente ao sistema Euleriano e pode ser
removida dentro da álgebra dos quaternions de Hamilton.
Dinâmica dos corpos rígidos 110
(θ& , φ& ,ψ& ) dos ângulos (θ , φ ,ψ ) são muitas vezes denominadas nutação, precessão e
rotação própria25,26. O movimento de nutação corresponde à movimentação angular
do eixo Oz em torno de Oy, ou seja, em relação à vertical OZ. O movimento de
precessão corresponde à rotação do eixo Oy em torno do eixo OZ.
O
X
φ
Y y
θ
Z
z z=z’
O
O
y’
y ψ y
x x x’
25
Embora, mais uma vez, emprestada da astronomia, esta nomenclatura pode lá ter significado diverso,
dependendo do movimento estudado. Pode referir-se, por exemplo, ao movimento de nutação
astronômico do eixo terrestre, porém não àquele associado ao movimento livre do eixo de rotação, mas
outro, decorrente da ação da Lua, resultante que é da precessão da normal à órbita lunar em torno da
( )
normal à eclíptica terrestre. (ver Sommerfeld, art. 26.2, página. 146).
26
Embora curvilíneas (θ&, φ&,ψ& ) são holonômicas, enquanto as correspondentes cartesianas ω x , ω y , ω z
são retilíneas porém não-holonômicas.
Dinâmica dos corpos rígidos 111
torno de “ponto fixo”, estes três graus de liberdade são suficientes para definir,
univocamente, a posição do corpo rígido no espaço.
Tem-se então,
Ω r = ψ& k (6.3)
Ω = Ωa + Ωr , (6.8)
Dinâmica dos corpos rígidos 112
que, escrito em termos dos movimentos de nutação, precessão e rotação própria, fica,
(
Ω = −φ& sen θ i + θ& j + ψ& + φ& cosθ k ) . (6.9)
= M ext
dK O
O , (6.10)
dt
⎛ dK ′O ⎞
⎜ ⎟ + Ω′ ∧ K ′O = M ′Oext
⎝ dt ⎠ ( Ox′y′z′)
, (6.11)
K ′O ≡ {K ′O } = [J ′O ]{Ω′} (6.12)
, (6.13)
⎡ 0 − Ω′z Ω′y ⎤
[Ω′] = ⎢⎢ Ω′z ⎥
− Ω′x ⎥
⎢− Ω′y 0 ⎥⎦
0 , (6.15)
⎣ Ω′x
[Ω′] = [B][Ω][B]t
( )
com
⎡ − ψ& + φ& cosθ θ& ⎤ ⎡ cosψ senψ 0⎤
( )
. (6.16)
⎡I 0 0⎤
[ J O ] = ⎢⎢0 I 0 ⎥⎥ . (6.17)
⎢⎣0 0 J ⎥⎦
O momento angular do corpo, em relação ao polo fixo O, será dado então por
(
K O = − Iφ& sen θ i + Iθ& j + J ψ& + φ& cosθ k ) (6.18)
dK O ⎛ dK O ⎞
=⎜ ⎟ + Ωa ∧ KO
⎝ dt ⎠ ( Oxyz )
, (6.19)
dt
Como a matriz de inércia é invariante com relação a (Oxyz ) , o TMA fica reduzido à
forma,
dK O
dt
= [J O ] Ω
& { } ( Oxyz )
+ Ω a ∧ K O = M Oext , (6.20)
com
Note que a rotação própria não comparece nesta matriz. O termo “giroscópico” escrito
explicitamente fica, portanto,
Dinâmica dos corpos rígidos 115
(
Ω a ∧ K O = − Iφθ (
& & cosθ + Jθ& ψ& + φ& cosθ i + ))
+( − Iφ& (
sen θ cosθ + Jφ& sen θ ψ& + φ& cosθ j ))
(6.23)
2
⎧ d &
( ) (
⎪− I dt φ sen θ − Iφθ cosθ + Jθ ψ + φ cosθ = M Ox
&& & & & )
⎪
⎪ dθ&
⎨I (
− Iφ& 2 sen θ cosθ + Jφ& sen θ ψ& + φ& cosθ = M Oy )
⎪ dt
. (6.24)
⎪ d & &
(
⎪ J dt ψ + φ cosθ = M Oz )
⎩
Como será visto adiante, é interessante multiplicar a primeira destas equações por
− sen θ e reescrevê-la como,
(
d &
dt
Iφ sen 2 θ + J cosθ (ψ& + φ& cosθ ) − J cosθ )
d
dt
( )
ψ& + φ& cosθ = − M Ox sen θ
(6.25)
(
d &
dt
)
Iφ sen 2 θ + J cosθ (ψ& + φ& cosθ ) = − M Ox senθ + M Oz cosθ . (6.26)
O leitor poderá verificar que o segundo membro da equação (6.26) nada mais é do
que a projeção do vetor M ext
O na direção do eixo fixo OZ, ou seja
Dinâmica dos corpos rígidos 116
O ⋅ K = M OZ = − M Ox sen θ + M Oz cosθ
M ext , (6.27)
⎧d &
( )
⎪ dt Iφ sen θ + J cosθ (ψ + φ cosθ ) = − M Ox sen θ + M Oz cosθ = M OZ
2
& &
⎪
⎪ dθ&
⎨I ( )
− Iφ& 2 sen θ cosθ + Jφ& sen θ ψ& + φ& cosθ = M Oy
⎪ dt
⎪ d & &
( )
⎪ J dt ψ + φ cosθ = M Oz
⎩
(6.29)
ou de forma compacta,
⎪ dt ( KOZ ) = M OZ
⎧d
⎪
⎪d
( )
⎨ KOy = M Oy
⎪ dt
. (6.30)
⎪⎩ dt ( KOz ) = M Oz
⎪d
27
Estas são as equações de movimento, escritas segundo as coordenadas generalizadas (φ , θ ,ψ ) , e que
podem ser deduzidas diretamente do formalismo da Mecânica Analítica, a partir da aplicação da
Equação de Lagrange.
Dinâmica dos corpos rígidos 117
(ii) quando as únicas forças externas agentes sobre o corpo forem o peso e a reação do
apoio, no ponto fixo O.
será invariante. Por outro lado, um pião simétrico, sob ações únicas do próprio peso e
da reação no apoio, é típico do segundo caso.
Dinâmica dos corpos rígidos 118
T= Ω ⋅KO
1
, (6.32)
2
T= {Ω} t {K O }
1
. (6.33)
2
T= { }
J x ω x + J y ω y + J zω z + 2 J xy ω x ω y + 2 J yz ω y ω z + 2 J zxω z ω x =
{ }
1 2 2 2
( ) ( )
2
= J x φ& sen θ + J yθ& 2 + J z ψ& + φ& cosθ +
1 2 2
( ) ( )
+ J xy φ& sen θθ& + J yzθ& ψ& + φ& cosθ + J zx ψ& + φ& cosθ φ& sen θ
2
(6.34)
T=
1
(
J x φ& sen θ ) (
+ J yθ& 2 + J z ψ& + φ& cosθ )
2 2
(6.35)
2
{( }
Tomando assim, (6.17), a energia cinética fica simplesmente,
T=
1
I φ& sen θ ) (
+ Iθ& 2 + J ψ& + φ& cosθ )
2 2
. (6.36)
2
Considere que não haja qualquer dissipação de energia por atrito, seja na articulação
O, seja de origem fluido-dinâmica. A reação na articulação não realiza trabalho, pois
o ponto O é fixo, por hipótese. Se todas as outras forças agentes sobre o corpo forem
conservativas, ou seja, se derivarem de um potencial de energia V, como é o caso
quando da ação única da força peso, e como os efeitos giroscópicos são conservativos,
conforme foi demonstrado anteriormente, a energia mecânica total do C.R. será
conservada,
(T + V ) = 0
d
. (6.37)
dt
=0
dT
. (6.38)
dt
6.4. O GIROSCÓPIO
Como o próprio nome diz, o giroscópio é um mecanismo que se utiliza dos efeitos
giroscópicos para tornar estável um rotor em torno de um determinado eixo. Sua
aplicação como instrumento de navegação ou de estabilização é de fundamental
importância na engenharia e na ciência. O assunto é excepcionalmente vasto e tem
sido exaustivamente estudado. Não existe qualqer pretensão, portanto, de abordar o
problema de forma sistemática e completa, mesmo porque tal tarefa fugiria
completamente dos objetivos do presente texto28. Apenas alguns rudimentos
conceituais serão objeto desta seção.
28
Diversas monografias têm sido publicadas, ver, p.ex., Klein & Sommerfeld, Theorie des Kreisels,
Crabtree, Spinnining Top and Gyroscope Motion, Scarbourough, The Gyroscope, theory and
applications, Greenhill, Gyroscopic Theory, Radix, Techniques Inertielles, para mencionar alguns,
além de textos clássicos em mecânica teórica, como p.ex., Whittaker, A Treatise of the Analytical
Dynamics of Particles and Rigid Bodies.
Dinâmica dos corpos rígidos 121
Figura 9 Giroscópio
29
Lembre, no entanto, da indefinição na linha dos nós quando θ=0.
Dinâmica dos corpos rígidos 122
⎧ M Ox = 0
⎪
(
⎨ M Oy = − Iφ& sen θ cosθ + Jφ& sen θ ψ& + φ& cosθ )
⎪
2
. (6.39)
⎩ M Oz = 0
[ ]
M Oy = ( J − I )φ& cosθ + Jψ& φ& sen θ , (6.40)
ou ainda,
⎛ φ& ⎞
M Oy j = ⎜⎜ ( J − I ) cosθ + J ⎟⎟φ&ψ&senθj =
⎝ ψ& ⎠
⎛ φ& ⎞
(
= ⎜⎜ ( J − I ) cosθ + J ⎟⎟ φ& K ∧ψ& k =
ψ&
)
⎝ ⎠
, (6.41)
= ⎜⎜ ( J − I ) cosθ + J ⎟⎟(Ω p ∧ Ω r )
⎛ φ& ⎞
⎝ ψ& ⎠
Note ainda que, quando a rotação própria é muito alta, a precessão é usualmente
pequena, em termos comparativos. Nesta situação, desprezando-se a primeira parcela
que comparece entre parênteses na expressão acima, o momento fica,
aproximadamente dado por,
quando o rotor é submetido a um binário em torno da linha dos nós. Esta expressão é
exata, contudo se θ = π 2 e/ou se J = I (ver (6.40)).
ou seja,
Jψ&
φ& = −
( J − I ) cosθ
. (6.44)
Cabe observar, da expressão acima, que, quando J > I e θ < π 2 a precessão será
retrógrada, isto é, se fará no sentido inverso ao de rotação própria. Ao contrário,
quando J < I e θ < π 2 , ou ainda, quando J > I e θ > π 2 , a precessão será direta,
ou seja, se fará no mesmo sentido da rotação própria.
⎧d &
(
⎪ dt Iφ sen θ + J cosθ (ψ + φ cosθ ) = 0
2
& & )
⎪
⎪ dθ&
⎨I (
− Iφ& 2 sen θ cosθ + Jφ& sen θ ψ& + φ& cosθ = M Oy )
⎪ dt
(6.45)
⎪d
(
⎪ dt J (ψ + φ cosθ ) = 0
& & )
⎩
Como visto em (6.30), os termos entre parênteses da primeira e terceira equações são,
respectivamente, as componentes KOZ e KOz do momento angular, em torno dos eixos
OZ e Oz. Na situação estudada, são invariantes do movimento. Deve ser observado
que
e que portanto,
K OZ − K Oz cosθ
φ& =
I sen 2 θ
. (6.47)
Assim, o segundo e terceiro termos que comparecem em (6.45)b podem ser escritos,
cosθ
− Iφ& 2 sen θ cosθ = −( K OZ − K Oz cosθ )
I sen 3 θ
2
) (
− K Oz cosθ ) K Oz
(
e , (6.48)
(α − β cos θ )( β − α cos θ )
Iθ&& + = M Oy
Isen 3θ
, (6.49)
onde α = K OZ , β = K Oz são os dois invariantes. Note que (6.46) pode ser escrita,
Além da reação no apoio, a única força considerada será o próprio peso, de tal forma
que apenas existirá momento em torno da linha dos nós, ou seja, do eixo Oy. Assim
(6.45) regerá o movimento considerado, com M Oy = mgz G sen θ ,
ψ
Z θ
mg
zG
y
Ο
Y
φ
θ
n
X x
31
(pode-se dizer que o pião é um giroscópio com o centro de massa não coincidente com o ponto de
pivotamento)
Dinâmica dos corpos rígidos 126
⎧d &
(
⎪ dt Iφ sen θ + J cosθ (ψ + φ cosθ ) = 0
2
& & )
⎪
⎪ dθ&
⎨I ( )
− Iφ& 2 sen θ cosθ + Jφ& sen θ ψ& + φ& cosθ = mgz G sen θ
⎪ dt
. (6.50)
⎪d
(
⎪ dt J (ψ + φ cosθ ) = 0
& & )
⎩
O movimento decorrente não será, em geral, uma precessão estacionária, mesmo sob
ação exclusiva da força peso. A situação encontrada usualmente é denominada de
precessão pseudo-estacionária, porquanto, se estável, o pião desenvolverá um
movimento de precessão com pequenas flutuações, associadas às correspondentes
flutuações de rotação própria e nutação.
Apenas em situações muito particulares a precessão estacionária terá lugar. Para tanto
é necessário que as taxas de precessão e rotação própria sejam constantes e que o
ângulo do eixo próprio com respeito à vertical seja invariante. Isto ocorrerá se e só se
(use (6.50))
ou ainda,
Jψ&
φ& 2 + φ& − =0
( J − I ) cosθ ( J − I ) cosθ
mgzG
. (6.52)
Para um dado ângulo de “equilíbrio”, poderá existir ao menos um par (φ& ,ψ& ) , de taxas
constantes de precessão e rotação próprias que satisfaçam a equação acima. Sua
solução fornece,
⎧ ψ ⎛ ψ ⎞ 4mgz G ⎫⎪
⎪
φ& = ⎨− ± ⎜ ⎟ + ⎬
2
& &
2 ⎪ ( J − I ) cosθ ⎝ ( J − I ) cosθ ⎠ ( J − I ) cosθ ⎪
1 J J
(6.53)
⎩ ⎭
⎛ Jψ& ⎞
⎜ ⎟ + ≥0
2
⎝ ( J − I ) cosθ ⎠ ( J − I ) cosθ
4mgzG
, (6.54)
Dinâmica dos corpos rígidos 127
isto é, se
(J − I)
ψ& 2 ≥ −4mgzG cosθ . (6.55)
J2
Note que, para 0 < θ < π 2 , esta condição será sempre satisfeita se o corpo for
“achatado” ( J > I ) . Nem sempre o será, no entanto, se o corpo for esbelto, ou
“alongado”. Em outras palavras, corpos achatados apresentam maior “estabilidade
giroscópica”. De fato, resolvendo (6.51) em termos de cosθ , vem
⎛ mgzG ⎞
cosθ = ⎜ −ψ&φ& ⎟
1
(1 − )φ& 2 ⎝ ⎠
, (6.56)
I J
J
que mostra que quanto menor for I J , ou seja quanto mais “achatado” o pião, tanto
maior será o ângulo do eixo com a vertical, para um mesmo estado de precessão e
rotação própria.
Vem ainda de (6.53), para um corpo “achatado”, considerando 0 < θ < π 2 , portanto
satisfeita a equação (6.55), que à raiz de maior módulo corresponderia uma precessão
retrógrada, com respeito à rotação própria. Seria direta, no entanto, a de menor
módulo. Discussão acerca da estabilidade destas duas possíveis soluções matemáticas
foge ao escopo do presente texto. Observa-se, no entanto, que à precessão
estacionária de menor módulo (direta) corresponde o estado de menor energia
cinética do pião.
⎛ φ& ⎞&
⎜ J + ( J − I ) cosθ ⎟ φψ
& = mgz G
⎝ ψ& ⎠
(6.57)
e admitindo que ψ& >> φ& , ou seja, que a rotação própria seja muito elevada, tem-se,
Jφψ
& & ≅ mgz
G . (6.58)
Dinâmica dos corpos rígidos 128
se homogênea,
(α − β cosθ )( β − α cosθ )
Iθ&& + − mgz G senθ = 0
Isen 3θ
. (6.59)
dependem apenas das condições iniciais. Note também que, após a determinação de
θ (t ) , integrando-se numericamente a equação (6.59), a taxa de precessão em cada
instante fica calculada, a partir de (6.47) que, se substituída em (6.60), leva à taxa de
rotação própria,
β
ψ& = − φ& cosθ (6.61)
J
X G = z G senθ cos φ
YG = z G senθsenφ (6.62).
Z G = z G cosθ
O leitor poderá verificar que a trajetória do centro de massa G será uma curva apoiada
sobre uma superfície esférica de raio zG , conforme mostra a Figura 12,
Dinâmica dos corpos rígidos 129
Z φ&
θ ψ&
z
y
zG
θ
Y
φ
mg
X
x
0.2
0.18
0.16
0.14
0.12
0.1
0.2
0.2
0.1
0.1
0 0
-0.1 -0.1
-0.2 -0.2
T +V = E , (6.63)
e substituindo(6.46), na forma
1 ⎛ & 2 ⎛ α − β cosθ ⎞ ⎞ 1 β 2
I ⎜θ + ⎜ ⎟ ⎟+ + mg cosθ = E
2 ⎜⎝ ⎝ I sen θ ⎠ ⎟⎠ 2 J
2
. (6.66)
η = cosθ
η& = −θ& sen θ
. (6.67)
⎛ dη ⎞
⎜ ⎟ = U (η )
2
⎝ dt ⎠
(6.68)
32
A reação do apoio não realiza trabalho, pois O é suposto um ponto fixo.
Dinâmica dos corpos rígidos 131
onde,
U (η ) =
1⎛
I ⎝
β
J
⎞
⎠
( 2
)
⎜ 2 E − − 2mgη⎟ 1 − η − 2 (α − βη)
I
1 2
. (6.69)
Esta equação é análoga à do pêndulo esférico, que conduz a soluções dadas em termos
de integrais elípticas. De fato, posto que U é um polinômio de terceiro grau em η , o
tempo fica escrito como uma integral elíptica de primeira espécie33, na forma
dη
t=∫
η
. (6.70)
U12
dφ dφ dη α − βη
φ& = = =
dt dη dt I (1 − η 2 )
, (6.71)
e portanto, de (6.68)
dφ α − βη 1
=
dη I (1 − η 2 ) U 1 2
. (6.72)
O ângulo azimutal vem então na forma de uma integral elíptica de terceira espécie,
1 α − βη dη
φ= ∫
η
I (1 − η 2 ) U 1 2
. (6.73)
β αη − βη 2
ψ& = −
I (1 − η 2 )
, (6.74)
J
e, novamente de (6.68),
dψ ⎛ β αη − βη 2 ⎞ 1
=⎜ − ⎟
dη ⎝ J I (1 − η 2 ) ⎠ U 1 2
, (6.75)
que leva a
33
Ver, p.ex., Sommerfeld.
Dinâmica dos corpos rígidos 132
β η dη 1 η αη − βη 2 dη
ψ = ∫ − ∫
I (1 − η 2 ) U 1 2
. (6.76)
J U1 2
Note que (6.70) pode ser invertida para fornecer cosθ = η = η(t ) , e assim pode-se
obter φ = φ (t ) e ψ = ψ (t ) . As integrais acima são do tipo elípticas e como funções
elípticas são periódicas, cosθ ,θ& , φ& ,ψ& serão periódicas no tempo.
dη
T = 4∫
η1
. (6.77)
η2
U12
4 1 α − βη dη
I η∫2 (1 − η 2 ) U 1 2
η
δφ = − 2π (6.78)
Dinâmica dos corpos rígidos 133
34
Para um estudo detalhado, porém em um nível acessível para estudantes de graduação, ver, p.ex.,
Scarbourough, The Gyroscope, theory and applications.
Dinâmica dos corpos rígidos 135
θ
Z
mg
zG
y
Ο
Y
φ
X n x
MO = Ω ∧ K O
mgz G ≅ Jφψ
&& , que é a relação procurada.
Figura 15 Girocompasso.
Ω a = θ& j + ωe u
Ω = Ω a + ψ& k
Iθ&& + J (ω e cos λ cosθ + ψ& )(ω e cos λ ) sen θ − Iω e cos2 λ sen θ cosθ = 0
2
θ&& + ψω
& e cos λ sen θ = 0
J
I
θ&& + ψω
& e cos λθ = 0
J
I
ω N2 = ψω
& e cos λ
J
I
Z
φ
z
θ
KG
G y
K G = Iω x i + Jω z k
K Gx = K G ⋅ i = − K G sen θ
K Gz = K G ⋅ k = K G cosθ
e portanto
ωx
= − tan θ = − tan γ
ωz
J
I
onde γ é o ângulo que o vetor de rotação faz com o eixo de revolução. O vetor de
rotação definirá a direção do eixo instantâneo de rotação. Em particular, o lugar
geométrico descrito pelo vetor de rotação visto do referencial do corpo denomina-se
“cone do corpo”. O lugar geométrico correspondente, no referencial GXYZ,
denomina-se “cone espacial”. Como a precessão é estacionária, θ é constante, e
portanto os cones são circulares e retos. O movimento do corpo pode ser idealizado
através de um rolamento do cone do corpo sobre o cone espacial.
Cabe observar, da expressão acima, que, quando J > I e θ < π 2 a precessão será
“retrógrada”, isto é, se fará no sentido inverso ao de rotação própria. O cone
espacial ficará interno ao cone do corpo, pois γ > θ . Ao contrário, quando J < I e
θ < π 2 , a precessão será “direta”, ou seja, se fará no mesmo sentido da rotação
própria. O cone espacial será externo ao eixo do corpo, ou seja, γ < θ . A situação se
inverte, quando θ > π 2 . A figura abaixo ilustra o caso θ < π 2 .
141
φK z
cone
ω
espacial
γ
cone do
corpo
ψk
7. BIBLIOGRAFIA
[1] BEER, F.P. & JOHNSTON Jr., E.R. Mecânica Vetorial para Engenheiros. Vol. II,
Dinâmica. McGraw-Hill do Brasil, São Paulo, 1980, 3a. ed., 545 p.
[2] CRABTREE, H., Elementary Treatment of the theory of Spinning Tops and
Gyroscopic Motion. Chlesea Publishing Co., N.Y., 1967, 3a. ed., 193 p.
[3] FRANÇA, L.N.F. & MATSUMURA, A.Z., Mecânica Geral. Edgard Blücher
Ltda. 2001, 235 p.
[4] GIACAGLIA, G.E.O, Mecânica Geral. Ed. Campus, S.P., 1982, 10a. ed, 587 p.
[7] GREENWOOD, D.T. Principles of Dynamics. 2nd Ed., Prentice Hall, N.J., 1988,
552 p.
[8] LANDAU, L. & LIFCHITZ, E. Mécanique. Ed. Mir, Moscou, 1966, 227 p.
[10] MERIAM, J.L. & KRAIGE, L.G. Dynamics. 2nd Ed., John Wiley and Sons, Inc,
1987, 641 p.
[12] SYNGE, J.L. & GRIFFITH, B.A Principles of Mechanics. McGraw-Hill Book
Co., Inc., N.Y., 1959, 552 p.
8. ANEXO - SIMULAÇÕES
COMPUTACIONAIS35
35
Contribuições de C.A.Martins, R.G. Lima; D.C. Donha e L.R. Padovese.
Dinâmica dos corpos rígidos 145
A segunda parte traz um exemplo de análise empreendida, que pode servir de guia
para o leitor, em sua própria investida.
Dinâmica dos corpos rígidos 146
ω(t)
μ
z
m
x
r r r
ao anel, orientado pelos versores (i , j , k ) . Designe o movimento do bloco pela
ω (t ) é conhecida.
coordenada de posição x(t ) . Por enquanto considere que a velocidade angular
(l) Teste o seu modelo de simulação (h), inicialmente com Q(t ) = 0 , para as mesmas
ele.
(m) Com o seu modelo de simulação (h) , repita (l) agora com Q(t ) = Qc ≠ 0 ,
resultados com as simulações de (j).
em x(t ) e ω (t ) .
qualitativamente o resultado da simulação, tendo em vista as variações ocorrentes
(a)
A resultante das forças externas (desconsiderando a força peso) agente sobre o bloco
( )
é dada por:
R = − Kx + K 3 x 3 i − Cx&i + Fj
r r r r
(2),
( ) ( )
A Segunda lei de Newton, aplicada ao bloco, fornece portanto
m &x& − ω 2 x = − Kx + K 3 x 3 − Cx&
m(ω& x + 2ωx& ) = F
(3).
ou seja, de (3b),
ainda na forma
⎛ ⎞
&x& + x& + ⎜ Ω N 0 − ω 2 + 3 x 2 ⎟ x = 0
C K
⎝ ⎠
2
( )
m m
(7)
ρ Ozz + x 2 ω& + 2 xx&ω =
Q(t )
m
1/s 1/s x
Integrator Integrator1 x(t)_
- - Sum -K-
C/M
-K-
K/M t
+ f(u) (K3/M)x^3 t
- Clock
+
x(t)
Sum1 *
Product
f(u) (1/(J+M*x^2))
u^2 w^2
* -K-
w(t)
2M Sine Wave
w Product1
w(t)_ 1/s
Integrator2 - +
+ +
Sum3 Sum2 Step Input
-
+ *
Sum4
Product2
Q
Q(t)_ Q(t)
(b)
( )
equação (7a) fica simplificada à forma
&x& + x& + Ω N 0 − ω c x = 0
C 2 2
(8).
m
(Note que para manter a rotação constante ( ω& = 0 ) deve ser aplicado um torque
Q(t ) = 2mωxx& ao anel, de tal forma a contrabalançar o momento reativo associado à
força de Coriolis).
Dinâmica dos corpos rígidos 152
ω CR = Ω N 0 = K m (9)
( ) ( )
FR = −m Ω N 0 − ω c x = −m ω CR − ω c x se torna negativa, ou seja, transforma-se
acima da qual a “restauração” equivalente do oscilador (8), representada pelo termo
2 2 2 2
( )
serão as raízes da
2m
( )
⎛ ⎛ C ⎞ ⎞
x(t ) = x 0 e − (C 2 m )t ⎜
cos ω CR − ω c − ⎜ ⎟ ⎟t ;
2
⎜ ⎝ 2m ⎠ ⎟
2 2
⎝ ⎠
⎛ C ⎞
⎜ ⎟ < ω CR − ω c ( )
2
⎝ 2m ⎠
2 2
se
⎛ λ2
x(t ) = x 0 ⎜⎜ e λ1t +
λ1 ⎞
e λ2t ⎟⎟ ; se
⎛ C ⎞
⎜ (
⎟ > ω CR − ω c )
2
⎝ λ 2 − λ1 λ1 − λ 2 ⎠ ⎝ 2m ⎠
2 2
Dinâmica dos corpos rígidos 153
SIMULAÇÃO
K = 400π 2 N/m; K 3 = 0 N/m3 ; m = 100 Kg; Q(t ) ≡ 2mωxx&; R = 1,0 m; μ = 2,4145 kg/m;
C = 40π N/(m/s) x(0) = x0 = 0,251 m; x&( 0 ) = 0; ω (0) = π rad/s;
(c)
⎛ K 2⎞
⎜ ω CR − ω c + 3 x ⎟ x = 0
⎝ ⎠
2 2
m (10)
0 = Q(t )
x = 0; x E 3 = ±
m
K3
(
ω c 2 − ω CR 2 ) (11)
( )
verificada. Basta ver que para uma perturbação ε em torno de x = 0 , a parcela cúbica
A primeira denota um ponto de equilíbrio instável. Esta afirmação é fácil de ser
(d)
x 0 = 0,001m ) será amplificada. Ou seja o bloco será atraído para um dos dois pontos
equilíbrio instável. Partindo do repouso, qualquer perturbação inicial (por exemplo
de equilíbrio estáveis x E 3 = ±
m
K3
( )
ω 0 2 − ω CR 2 . No entanto, quando o bloco começar
⎛ ⎞
&x& + x& + ⎜ ω CR − ω 2 + 3 x 2 ⎟ x = 0
C K
⎝ ⎠
2
( )
m m (12).
ρ Ozz + x 2 ω& = −2 xx&ω
tende a aumentar.
A figura representa um disco de massa M e raio R que rola sem escorregar sobre um
plano horizontal. Ao disco está preso um pino P de massa m e que dista d de O. Sobre
o disco pode agir a força horizontal F (t ) , aplicada em O. Este sistema pode ser
interpretado, do ponto vista da engenharia, como um primeiro modelo de uma roda
desbalanceada. Despreze o "atrito de rolamento"36.
M
R g
O F(t) x
(P,m)
θ
Figura 20 Disco excêntrico que rola em plano horizontal sem escorregamento.
36
Momento resistivo ao rolamento, normalmente associado a deformações do disco na região de
contato. Sob a hipótese de C.R. este momento deve ser, consistentemente, desconsiderado.
Dinâmica dos corpos rígidos 156
(c) Linearize as equaçoes de movimento, i.e., tome θ muito pequeno, tal que
sin θ ≅ θ e cos θ ≅ 1 , e desconsidere termos quadráticos (ou bi-lineares) em
θ e θ& .
θ.
(f) Uma vez mais, elabore em ambiente SCILAB/SCICOS (ou em ambiente
MATLAB/SIMULINK) um novo diagrama de blocos, agora representando a
equação linearizada, deduzida no item (c).
de y P × x P .
(h) Repita o teste anterior, agora com o modelo de simulação (e), ou seja com a
equação não-linear. Interprete os resultados obtidos. Compare os resultados dos
dois modelos e discuta-os. Use saídas gráficas conforme sugerido em (g).
Você deve ter deduzido que a equação de movimento que rege a dinâmica do sistema,
em θ , sob a ação tão somente da gravidade é dada por,
mgd sin θ
⎛ Rθ& 2 ⎞
θ&& = − ⎜⎜1 + ⎟;
J C (θ )
⎝ g ⎟⎠
⎛ ⎞
(1)
com : J C = ⎜ MR 2 + ( M + m) R 2 + m(d 2 − 2 Rd cosθ ) ⎟
1
⎝2 ⎠
(a) Quais são as possíveis posições de equilíbrio do sistema? São estáveis? Justifique
Linearize a equação (1), i.e., tome θ muito pequeno, tal que sin θ ≅ θ e cos θ ≅ 1 ,
fisicamente.
1 - Por que os sinais θ (t ) nas simulações (I) e (II) apresentam caráter periódico?
Parâmetros da simulação:
mgdθ Rθ& 2
θ&& + ~ = 0 ; para << 1 e θ << 1 ;
JC g
⎛1 ⎞
(2)
J C = ⎜ MR 2 + ( M + m) R 2 + m(d 2 − 2 Rd ) ⎟
~
⎝2 ⎠
com :
ωN = ; com l eq =
~
g JC
o comprimento de um pêndulo equivalente.
l eq md
θ&& θ&
Clock t
1/s 1/s θ
mux
Dinâmica dos corpos rígidos 160
(d) 1 - Por que θ (t ) nas simulações (I) e (II) apresentam caráter periódico?
Resposta: No caso (III) o disco excêntrico parte da posição em que o pino está
na vertical acima do centro O, ou seja de uma posição de equilíbrio
instável. No entanto, parte com velocidade angular diferente de zero
(embora muito pequena). A velocidade angular inicial é positiva
fazendo com que o disco se desloque para a esquerda. Como o
sistema é conservativo, o disco rola sobre si mesmo indefinidamente
(pelo Teorema da Conservaçao de Energia). No entanto, superposto
ao movimento de rolamento do disco, coexiste um movimento
acelerado (desacelerado) associado à ação positiva (negativa) do
binário desestabilizador provocado pela excentricidade do pino de
peso mg. Este movimento composto tem, portanto, caráter
oscilatório.
Dinâmica dos corpos rígidos 161
Z φ&
θ ψ&
z
y
zG
θ
Y
φ
mg
X x
Nestas condições, (ver Capítulo 6) pode-se mostrar que uma única equação
diferencial ordinária, não-linear, rege o movimento do ‘pião’,
(α − β cosθ )( β − α cosθ )
Iθ&& + = mgz G senθ
Isen 3θ
, (1)
(h) Com os mesmos dados e condições iniciais ψ& (0), φ&(0),θ&(0) , utilize agora um
resultado e interprete-o.
(i) Aumente a rotação própria inicial ψ& (0) = 5rad/s . Repita a simulação e a análise.
interprete-o.
(j) Diminua a rotação própria inicial para ψ& (0) = 0.5rad/s . Repita a simulação e a
O que você pode concluir a respeito da restauração giroscópica?
0.18 0.18
0.175 0.175
0.17 0.17
0.165
ZG
0.165
ZG
0.16 0.16
0.155
0.155
0.15
0.15
0.1
0.1
0.05
0.05
0 0.05
0 0.05
0
-0.05 0
-0.05 -0.05
-0.05
YG -0.1 -0.1
XG YG -0.1 -0.1
XG
(a) (b)
60
60
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
0
-10
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 -10
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
(a) (b)
Dinâmica dos corpos rígidos 165
(a) Precessão estacionária significa: θ& = θ&& = φ&& = ψ&& = 0; ψ& = ω ; φ& = Ω ; θ = θ , e
portanto de α = K OZ = Iφ&sen 2θ + J cos θ (ψ& + φ& cos θ ) e β = K Oz = J (ψ& + φ& cos θ ) ,
vem
β = K Oz = J (ω + Ω cosθ ) (2)
1 ⎛β ⎞
Ω= ⎜ −ω ⎟
cos θ ⎝ J ⎠
(3)
ou, alternativamente,
⎧ ⎫
1⎪ Jω ⎛ Jω ⎞ ⎪
Ω = ⎨− ± ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎬
2
4mgz G
2 ⎪ ( J − I ) cos θ ⎝ ( J − I ) cos θ ⎠ ( J − I ) cos θ ⎪⎭
(4)
⎩
(α − β cos θ )( β − α cos θ )
= mgz G senθ
Isen 3θ
(5)
ou, alternativamente,
⎛ mgz G ⎞
cos θ = ⎜ ωΩ − ⎟
1
2 ⎝ J ⎠
(1 − )Ω
(6)
I
J
Dinâmica dos corpos rígidos 166
te ta p p te ta p t
Cl o ck Xg
te ta p p te ta p
f(u )
-K - te ta T o W o rksp a ce 3
Fcn 4
Gain te ta
1 1 f(u ) Yg
s s Fcn 5 T o W o rksp a ce 4
In te g ra to r In te g ra to r1 fi p
zG *co s(u (1 )) Zg
T o W o rksp a ce
Fcn 6 T o W o rksp a ce 5
1
f(u ) -K - fi
f(u ) s
f(u ) Fcn 2 In te g ra to r2 Gain1 T o Wo rksp a ce 2
Fcn
Fcn 1 = Co n st
f(u ) p si p
Co n st Fcn 3 T o W o rksp a ce 1
Co n st
onde:
K = 180 π
α = K OZ (0) = [Iφ&sen 2θ + J cos θ (ψ& + φ& cos θ )]t = 0
β = K Oz (0) = [J (ψ& + φ& cos θ )]t = 0
1⎡ Const ⎤
func ≡= (m * g * zG * sin(u(1)) - u(2)/(I * sin(u(1))^3))/I = ⎢ mgz G senθ −
I⎣ Isen 3θ ⎥⎦
func1 ≡ Const = (α − β cos θ 0 )( β − α cos θ 0 )
func2 ≡ (alfa - beta * cos(u(1)))/(I * sin(u(1))^2) = (α - βcosθ )/(Isin 2θ ) = φ&
func3 ≡ beta/J - u((1)) * cos(u(2)) = β J − func2 cosθ = ψ&
func4 ≡ zG * sin(u(1)) * cos(u(2)) = z G senθ cos φ = X G
func5 ≡ zG * sin(u(1)) * sin(u(2)) = z G senθsenφ = YG
func6 ≅ zG * cos(u(1)) = z G cos θ = Z G
(b) Mostre via aplicação do rTeorema do Momento Angular (ao rotor), considerando
um torque externo Q = Q(t )k , aplicado ao rotor, que as seguintes equações regem a
r
dinâmica do sistema, em θ e ψ ,
[ ( )]
Jψ&& + Cψ ψ& + J ω J θ& cos(α − θ ) − ω e ω J cos αsenλ cos θ + θ& cos λsenθ = Q(t ) (3)
angular ψ& Limite que resulta de um torque Q(t ) = Q0 = constante . Determine e discuta
(d) (Que tipo de equação é (4)? E qual o tipo da eq. (5)?) Determine a velocidade
e V = 0 ).
Dinâmica dos corpos rígidos 170
(e) Linearize então a equação (4) acima, para pequenos deslocamentos angulares θ e
determine a frequência natural não-amortecida do sistema, ω N , para uma dada
latitude, velocidade e rumo do avião. O que você pode concluir? Para que latitude λ
(g) Repita o teste anterior, agora com α ≠ 0 , por exemplo α = π 4 , que significa
os diagramas gerados em (d) e (e). Interprete os resultados.
soluções obtidas.
Dinâmica dos corpos rígidos 171
Você deve ter deduzido que, considerando o anel como o referencial móvel e
r r r
expressando os vetores na base (i , j , k ) , que orienta os eixos (Oxyz) solidários ao
anel, o vetor de rotação do rotor é dado por:
Neste caso o instrumento está instalado em um veículo terrestre (h=0) que percorre
uma trecho retilíneo de estrada segundo o sentido Leste-Oeste a 100 Km/h, a uma
latitude de –30o, sob as condições iniciais dadas abaixo. O que você pode concluir a
respeito da eficácia do aparelho para este tipo de veículo, a partir do exemplo
apresentado?
= 0 , ou seja,
dθ
dU
(a) O equilíbrio deve satisfazer a seguinte condição:
que conduz a
ω J cos α
tan θ eq =
ω e cos λ − ω J sin α
.
> 0. U (θ )
d 2U
dθ 2 θ eq
A derivada segunda de é dada por,
= ψ& [(ω e cos λ − ω J sin α ) cos θ + ω J cos α sin θ ] . Considerando apenas o caso
d 2U J
dθ 2
em que α = ± π 2 teremos duas possíveis posições de equilíbrio, no intervalo
I
⎧0
[0,2π ) : θ eq = ⎨ .
⎩π
V cos α
Lembrando que ω J = teremos, com α = ± π 2 , ω J = 0 , independentemente
R
⎧J
⎪ ψ&ω e cos λ > 0; θ eq = 0
(α = ± π 2) =⎨I
2
dθ 2
d U
θ eq = 0;π ⎪ ψ&ω e cos λ < 0; θ eq = π
J
⎩I
⎡ π π⎤
ou seja, como ψ& > 0 , por hipótese, e λ ∈ ⎢− , ⎥ , o termo de rigidez giroscópica se
⎣ 2 2⎦
ψ&ω e cos λ ≥ 0 , (positivo sempre), o que implica, com
J
reduz neste caso a
α = ± π 2 , na seguinte situação:
I
π
O sistema é acionado com a aplicação súbita (degrau) de um torque
Q0 = 500 Nm , a partir das condições iniciais ψ& (0) ≡ 0 , θ = − + ε , ε > 0 , ou
seja fora da posição de equilíbrio estável θ eq = 0 , correspondente ao rumo Leste-
2
Com base no exemplo apresentado, pode-se concluir que o aparelho é eficaz para
este tipo de veículo, que viaja a uma baixa velocidade, exibindo robustez
considerável, mesmo diante de uma grave falha de acionamento.