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Autor

Hericley Serejo Santos

Orientadora
Ana Maria Leite Lobato

Projeto Gráfico e Diagramação


Hericley Serejo Santos

Recursos Gráficos
Freepik | Flaticon

Imagens
Hericley Serejo Santos | Pixabay

Revisão
Elias Santos Serejo

Produto e Processo Educacionais


Instituto Federal do Pará – Campus Belém
Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica

Belém-PA
2020
Apresentação Este e-book é a materialização de um
protótipo de processo de ensino e
apropriação de linguagens midiáticas,
desenvolvido na pesquisa “Processo de
Ensino e práticas educomunicativas na
proporcionar condições aos estudantes
da Educação Profissional e Tecnológica
de desenvolverem sua dimensão co-
municacional a partir de uma perspecti-
va educomunicativa. Apesar de ter sido
Educação Profissional de jovens do en- desenvolvido com indivíduos em con-
sino médio integrado do IFPA Campus texto e com intencionalidades especí-
Breves”, localizado na Mesorregião do ficas próprias da pesquisa, o protótipo
Marajó, no Pará. A pesquisa se consti- busca assumir um caráter interdiscipli-
tuiu como parte dos requisitos para a nar e pretende se tornar uma referên-
conclusão do Mestrado Profissional em cia ou ponto de partida para docentes
Educação Profissional e Tecnológica e demais profissionais da educação que
(ProfEPT) do Instituto Federal do Pará desejem adotar uma abordagem edu-
(IFPA), Campus Belém. comunicativa em práticas pedagógicas
na Educação Profissional e Tecnológica
Configurado como um processo educa- ou em quaisquer espaços formais ou
cional, o protótipo surgiu de questões não-formais de aprendizagem.
identificadas tanto em discussões teó-
ricas que abordam as dimensões da for- O e-book conta com duas seções. A
mação integral do discente, quanto da primeira diz respeito a uma breve abor-
minha prática profissional como rela- dagem teórica e metodológica que sus-
ções públicas do IFPA Campus Breves, tentou o desenvolvimento do protóti-
ao perceber que as necessidades de po, e a segunda trata da estrutura e da
comunicação estavam além dos aspec- prática do processo de ensino, dando
tos institucionais e se estendiam aos subsídios para a sua aplicação em sala
processos educativos realizados em de aula.
sala de aula. Por isso, partindo do en-
tendimento de que há uma relação de Para além do cumprimento de um re-
interdependência entre o ato de educar quisito do Programa de Pós-Gradua-
e de comunicar, recorri a autores que ção, este e-book foi produzido por eu
possibilitassem a identificação de ele- acreditar que o protótipo de processo
mentos de interface entre a Educação de ensino, o qual aqui materializo, é
Profissional e Tecnológica e a Educo- capaz de dar condições aos estudantes
municação, dos quais destaco Marize da Educação Profissional e Tecnológica
Ramos, Gaudêncio Frigotto, Paolo No- de iniciarem o processo de apropriação
sella, Jesús Martín-Barbero, Guillermo das linguagens midiáticas, de forma a
Orozco Gómez e Ismar Soares. passarem a encarar os espaços virtuais
aos quais têm acesso como ambientes
Ao identificar aproximações entre o de diálogo, de exercício da cidadania,
projeto ético-político-pedagógico de propícios à reverberação de opiniões e
ambos os campos de estudo, elaborei o reinvindicações que visem a construção
processo de ensino com a intenção de de uma sociedade melhor.

Belém, Pará, 2020.


Hericley Serejo Santos
“A educomunicação fala de relacionamento, liderança, diálogo social e
protagonismo juvenil. Posiciona-se, de forma crítica, ante o individualismo, a
manipulação e a competição. A cidadania vencendo a ditadura do mercado:
é o que ela busca, transformando as oportunidades oferecidas pelas novas
tecnologias em instrumentos de solidariedade e crescimento coletivo.”
(Ismar Soares, 2011, p. 95)
Sumário 6 O que é?
7 Como aplicar?

SEÇÃO I: BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS


10 A Educação Profissional e Tecnológica
11 A relação entre educação e comunicação
12 A Educomunicação
12 A interface entre Educação Profissional e Tecnológica e a
Educomunicação
13 O que são linguagens midiáticas
15 Bases metodológicas para práticas educomunicativas

SEÇÃO II: O PROTÓTIPO DO PROCESSO DE ENSINO


19 O protótipo enquanto processo e produto educacional
21 As questões estruturantes
24 Fase I: Identificação das situações iniciais
27 Fase II: Planejamento das ações
32 Fase III: Realização das atividades
33 A capacidade comunicativa da Leitura Crítica de Conteúdos
Midiáticos
35 A capacidade comunicativa da Identificação das
Linguagens Midiáticas
37 A capacidade comunicativa da Compreensão sobre as
Linguagens Midiáticas
39 A capacidade comunicativa da Expressão por meio das
Linguagens Midiáticas
42 Fase IV: Avaliação dos resultados
45 Outro olhar
46 Referências
O que é? O protótipo de processo de ensino que
apresentamos neste e-book é um pro-
cesso educacional que visa o ensino e
dições para “a assimilação de conhe-
cimentos e desenvolvimento de habi-
lidades, por meio dos quais os alunos
a apropriação de linguagens midiáticas aprimoram capacidades cognitivas
a partir de uma abordagem educomu- (pensamento independente, observa-
nicativa. Quando falamos de apropria- ção, análise-síntese e outras)” (LIBÂ-
ção queremos ressaltar que essas lin- NEO, 2017, p. 74). Dada a variedade de
guagens nem sempre foram acessíveis assuntos e abordagens relacionadas
aos cidadãos, elas eram reservadas às linguagens midiáticas, propomos o
aos meios de comunicação de massa; desenvolvimento de quatro capacida-
apropriar-se delas corresponderia a des comunicativas: a leitura crítica de
um apoderamento (SOARES, 2014), ou conteúdos midiáticos; a identificação
seja, ao ato dos jovens tomarem para de linguagens midiáticas; a compreen-
si o papel de produtores de conteúdos são do processo de criação, produção e
midiáticos. veiculação de mensagens; e a expres-
são de opiniões e percepções sobre
Por ser um protótipo, o processo de questões pessoais, sociais, culturais e/
ensino e apropriação deve ser encara- ou políticas a partir das mídias alterna-
do como uma referência ou uma ins- tivas.
piração para ajudar na elaboração de
práticas educativas que envolvam as
linguagens midiáticas em atividades É importante ressaltar que o processo
de ensino, de pesquisa ou de extensão, de ensino e apropriação que propo-
exigindo “um trabalho de crítica e com- mos, fruto de uma intervenção peda-
plementação” (KÜLLER, 2011, p. 8). gógica realizada com estudantes do 2º
Ele é baseado em sete questões estru- Ano do Curso Técnico em Informática
turantes (Quem? Por que? O que? Para Integrado ao Ensino Médio do IFPA
que? Como? Onde? Quando?) e orga- Campus Breves, não corresponde a
nizado em quatro fases (identificação um passo a passo ou uma receita com
das situações iniciais, planejamento atividades sequenciais determinadas.
das ações, realização das atividades Sabemos que é inevitável a organiza-
e avaliação dos resultados), que dão ção das ações no tempo e no espaço,
forma a um conjunto de práticas edu- mas o que apresentamos é uma for-
comunicativas desenvolvidas a partir ma de desenvolver atividades que se-
da autonomia e do protagonismo dos jam orientadas pelas características e
indivíduos envolvidos. proposições advindas dos indivíduos
envolvidos, de maneira a exercitarem
Partimos da compreensão de que um a autonomia e o protagonismo, sem
processo de ensino corresponde a um ignorar a intencionalidade pedagógica
conjunto de atividades realizadas tan- por trás dessas atividades, com a abor-
to pelo docente quanto pelo discente, dagem de conteúdo das mais variadas
com o objetivo de proporcionar con- disciplinas.

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Nas pesquisas exploratórias que ante- um blog, de uma exposição fotográfica
Como aplicar? cederam a elaboração do protótipo,
percebemos que capacidades relacio-
ou mesmo de um perfil em uma rede
social online que se ancore no humor
nadas à comunicação não constavam para discutir o referido conteúdo.
no currículo do Projeto Pedagógico do
Curso onde realizamos a intervenção Porém, vale ressaltarmos algo que
pedagógica (IFPA, 2016), apesar do está na essência das práticas educo-
curso fazer parte do eixo de Informa- municativas: é a partir da autonomia,
ção e Comunicação no Catálogo Nacio- ou seja, do poder de decisão dos estu-
nal de Cursos Técnicos do Ministério da dantes, e do protagonismo, onde eles
Educação (BRASIL, 2016). No entanto, são os principais agentes de criação e
observamos que os professores, mes- desenvolvimento das atividades, que
mo sem uma clareza ou aprofunda- conseguimos realizar efetivamente
mento teórico, incorporavam em suas práticas educomunicativas. Em outras
práticas docentes elementos comuni- palavras, não basta você idealizar as
cativos, promovendo, de certa forma, atividades e apresentá-las aos discen-
uma abordagem educomunicativa. tes para que eles apenas as executem.
Um contexto que confirmou a necessi- Eles precisam participar ativamente
dade de desenvolvermos um protótipo da idealização à execução das práticas
de processo de ensino que desse subsí- para que, realmente, sejam considera-
dios suficientes para a adoção de prá- das educomunicativas.
ticas educomunicativas na Educação
A aplicação do nosso protótipo de pro-
Profissional e Tecnológica.
cesso de ensino ocorre, primeiramente,
O nosso protótipo busca servir de refe- por meio das respostas a cada questão
rência ou inspiração quando a intenção estruturante, mesmo que de forma preli-
for incorporar as linguagens midiáticas minar, e depois na compreensão de cada
nas atividades pedagógicas. Por exem- fase que o compõe. É a partir das respos-
plo, a partir do nosso processo de ensi- tas a essas questões e da inspiração nas
no você pode propor que os estudan- quatro fases que será possível delinear
tes escolham entre variados tipos de práticas educomunicativas voltadas es-
conteúdos midiáticos (em formato de pecificamente ao contexto e aos parti-
som, de texto ou de imagem) aqueles cipantes no ambiente de aprendizagem
que julgarem mais adequados para de- em que se deseja aplicar o processo de
monstrarem o aprendizado obtido so- ensino. Entretanto, por ser um protóti-
bre conhecimentos específicos de Lín- po, você necessariamente não precisará
gua Portuguesa, Matemática, História, realizar todo o processo que propomos,
Filosofia ou Física, o que pode ser ma- mas pode se inspirar em apenas parte
terializado por meio da produção de dele, conforme os indivíduos e o contex-
um jornal, de um vídeo, da criação de to em que se encontram.

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Que tal um exemplo?

Imagine que você é um professor ou “Mas eu não sei nada sobre como pro-
professora de Física e precisa ensinar duzir esse tipo de conteúdo: não sei
questões relativas ao Planeta Terra, editar som, não sei editar vídeo e nem
suas características, formação e cama- fotografia!” Calma, não se desespe-
das internas. Partimos desse ponto, re! Você irá se surpreender com o que
porque quando lidamos com o ensino seus estudantes são capazes de fazer.
precisamos considerar a intenção edu- E o que não souberem, poderão des-
cativa, muitas vezes representada pelo cobrir juntos, por meio de pesquisas
currículo de um curso. Agora, iniciando colaborativos, buscando aplicativos e
a aplicação do nosso protótipo de en- tutoriais para essa finalidade. Alguns
sino, os próximos passos serão centra- desses aplicativos nós vamos apresen-
lizados nos estudantes: você precisa tar no tópico referente à Capacidade
conhecê-los, ter uma conversa prévia Comunicativa da Compreensão de Lin-
para identificar quais são os saberes guagens Midiáticas (página 75).
que eles já possuem sobre o tema.
É provável que você não consiga de-
Vamos imaginar que, nessa conversa, senvolver esse processo em uma ou
surja a dúvida: a terra é redonda ou duas aulas e precise estruturá-lo em um
plana? Conseguimos imaginar a cara projeto que poderá durar três ou seis
de espanto desse professor ou pro- meses, tendo os próprios estudantes
fessora, mas se formos pensar pela como principais agentes. Quem sabe,
perspectiva educomunicativa, temos você perceba ser mais viável abordar
aí uma oportunidade: tratar sobre fake mais de um tema simultaneamente e,
news que defendem que a terra plana. ainda, fazer interface com outras dis-
Você, então, pode sugerir que as ati- ciplinas. Que tal envolver Geografia,
vidades que os estudantes realizarão Matemática e História? Aqui, a criati-
considerem as diferentes formas de vidade e a flexibilidade são primordiais
compartilhar informação: por meio do e vão se adequar de acordo com cada
texto, do vídeo, do áudio, da fotogra- realidade e contexto. O importante,
fia, entre outros, podendo, inclusive, o que está no centro da questão, é le-
inserir expressões artísticas. É a partir var os estudantes a despertarem para
desses formatos que a atividade será capacidades comunicativas, demons-
realizada. trando que eles podem se apropriar
das linguagens comunicacionais que
Dito isto, a bola agora está com os es- utilizam facilmente nas mídias alter-
tudantes: como irão se organizar, o nativas e nas mídias sociais online para
que irão fazer para provar que a terra é desenvolverem seus próprios conteú-
redonda (ou não) e como vão compar- dos e mensagens.
tilhar isso entre eles; tudo será definido
por eles. O seu papel está em orientar, As disciplinas, os assuntos e as estra-
esclarecer dúvidas, disponibilizar co- tégias a serem adotadas são diversas.
nhecimentos mais específicos, apre- Afinal, as capacidades comunicativas
sentar alternativas quando estiverem perpassam todos os saberes. Práticas
um pouco “perdidos”, sempre priori- educomunicativas são cada vez mais
zando o poder de decisão deles. Uma realizadas em sala de aula, mas ain-
equipe pode decidir fazer um vídeo no da há muito o que compartilhar, pro-
YouTube, outra produzir um episódio blematizar e pesquisar. Aqui, iremos
de Podcast. Ou, ainda, podem juntos, apresentar algumas abordagens que
docente e discentes, definirem um úni- podem contribuir para a incorporação
co formato e plataforma para publicar dessas práticas na Educação Profissio-
o conteúdo que criarem. nal e Tecnológica.

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A Educação Profissional e Tecnológica

Na perspectiva da qual partimos, consi- vidade realizada para construir nossa


deramos a Educação Profissional como própria existência, como as atividades
uma área que não está preocupada ex- domésticas e os trabalhos voluntários.
clusivamente com a formação para o Promover essa perspectiva não é algo
mercado de trabalho, mas que busca fácil, mas está na missão de todos os
contribuir para uma formação huma- Institutos Federais de Educação que
na, crítica e cidadã dos estudantes. tem em sua base pedagógica e filosó-
Dessa forma, a Educação Profissional fica o trabalho como princípio educati-
e Tecnológica (EPT) é uma modalidade vo.
educacional que se dedica à formação
voltada ao mundo do trabalho (RA- Quando defendemos o conceito de
MOS, 2007; FRIGOTTO, 2001; 2009). trabalho como princípio educativo
Preste atenção que não estamos falan- estamos indicando que damos prefe-
do em mercado, mas em mundo. Con- rência para práticas educativas e abor-
segue perceber alguma diferença? dagens pedagógicas que consideram
a importância do trabalho como algo
Quando falamos sobre “mercado de que torna o sujeito capaz de construir
trabalho”, estamos lidando com uma sua existência no mundo. Gaudêncio
expressão que está diretamente re- Frigotto (2001; 2009) e Marise Ramos
lacionada ao sistema capitalista, ou (2007) utilizam essa concepção para
como defendem outros teóricos, ao defender uma formação humana e in-
sistema neoliberal. Ou seja, temos tegral, o que eles chamam de forma-
trabalhadores que concorrem conti- ção omnilateral.
nuamente com outros trabalhadores
para conseguirem vender sua força de Os autores afirmam que essa formação
trabalho em diferentes sistemas pro- é pautada em três dimensões: o traba-
dutivos em troca de uma quantia em lho, a ciência e a cultura. Na dimensão
dinheiro, com a qual irão garantir sua do trabalho, pontua-se que é preciso
sobrevivência por meio da aquisição de educar o indivíduo considerando suas
bens e serviços, o que irá movimentar necessidades individuais e coletivas;
o sistema. a dimensão da ciência diz respeito às
pesquisas, investigações e a busca por
Acontece que essa relação entre o su- novos modos de produzir sua existên-
jeito e os sistemas de produção é per- cia; e na dimensão da cultura, conside-
meada de desigualdades, opressões, ra-se o estudante como um ser social
injustiças e diversos outros problemas inserido em um conjunto de costumes
que envolvem relações de poder e e normas que orientam seu compor-
econômicas. É aí que entra a Educa- tamento e convivência em sociedade
ção Profissional com a perspectiva do (RAMOS, 2007).
mundo do trabalho. Nessa modali-
dade, o estudante não seria formado E o que isso tem a ver com omnilate-
exclusivamente para se adequar ao ral? Imagine um triângulo. Cada lado
sistema e às exigências desse merca- dele corresponde a uma dimensão a
do, aceitando passivamente tudo o ser desenvolvida no indivíduo: o tra-
que é imposto, mas seria estimulado a balho, a ciência e a cultura. O fato
se desenvolver como cidadão crítico e dele ser composto por lados iguais,
consciente de sua capacidade de pro- representa uma paridade entre as di-
vocar mudanças ou transformações mensões, mostrando que cada uma
conforme interesses sociais legítimos, tem a mesma importância para a for-
que valorizem a igualdade, a justiça e mação do sujeito, por isso é omnila-
a dignidade (RAMOS, 2007; FRIGOT- teral. Agora, vamos transformar esse
TO, 2001; 2009). Além disso, o mun- triângulo em um quadrado. Qual se-
do do trabalho envolve qualquer ati- ria a outra dimensão que precisaria
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receber a mesma atenção em uma indivíduos e com a natureza; e ele só
formação integral? Para Paolo No- consegue fazer isso por meio da co-
sella (2007), é a comunicação. Segun- municação. Por isso, ela é tão impor-
do o autor, o indivíduo só consegue tante quanto as outras dimensões. É
construir sua existência se estabe- essa a perspectiva que nos leva até a
lecer alguma relação com os outros Educomunicação.

A relação entre educação e comunicação

Diariamente, somos bombardeados a relação de elementos da Comunica-


por um enorme volume de informa- ção com os objetivos, anseios e pro-
ções, seja pela TV, rádio ou pelas mí- blemáticas da Educação. Uma relação
dias sociais online. São tantas que nem necessária em nossa sociedade. Pode-
sempre é possível analisar ou refletir ríamos, então, nos fazer duas pergun-
de forma mais crítica sobre o conteúdo tas:
disponibilizado, o que torna as mídias
um terreno fértil para a propagação de É possível educar sem comunicar? Não
notícias falsas, as fake news. é necessário um grande aprofunda-
mento teórico para chegar à conclusão
Nós entendemos que é por meio de de que não, não é possível. A ação de
informações que captamos os elemen- educar necessita da ação de comuni-
tos que contribuem para a nossa per- car para poder apresentar e discutir os
cepção da realidade. Se essas informa- saberes e conhecimentos no processo
ções forem falsas, essa percepção será de ensino e aprendizagem. Ou seja,
distorcida. É uma questão tão séria que são ações interdependentes (SOARES,
os assuntos alvos desse tipo de notícia 2011).
estão influenciando cada vez mais o
resultado de importantes decisões so- Mas, e se pensarmos o contrário: quem
ciais e políticas, como já ocorreu, por comunica, educa? Se partirmos das
exemplo, nas eleições presidenciais atuais discussões sobre a relação entre
dos Estados Unidos e aqui do Brasil. Educação e Comunicação, desenvol-
vidas no campo da Educomunicação,
Por isso, organizações não-governa- a resposta será afirmativa. É por meio
mentais e empresas de comunicação das mensagens que recebemos coti-
estão criando plataformas dedicadas dianamente que formamos o nosso
exclusivamente para a verificação de repertório de conhecimento sobre o
notícias. Exemplo disso é a Agência mundo e o que está a nossa volta; uma
Pública, fundada por mulheres do jor- recepção que não é passiva, mas que
nalismo investigativo independente; o conta com um processo de ressignifi-
site Fato ou Fake do grupo Globo; e a cação que é social e cultural (MARTÍN-
Agência Lupa, ligada ao Jornal Folha -BARBERO, 1997). Por isso, as informa-
de São Paulo1. Entretanto, resta uma ções que recebemos por meio das mais
dúvida: essas iniciativas são suficientes diversas mídias estão sujeitas às nos-
para que as pessoas identifiquem se sas interpretações individuais, que não
uma notícia é falsa ou não? necessariamente condizem com todas 1
Confira, abaixo, os sites
as intenções por trás da produção das dedicados para verificação
Ainda nas primeiras décadas do Século mensagens. de notícias. Clique nos links.
XX, diversos educadores e pensadores
já se preocupavam com a possibilidade É interessante ressaltar que essa re- Agência Pública:
www.apublica.org
de garantir aos cidadãos ferramentas lação entre Comunicação e Educação
para desenvolver uma leitura crítica da não se limita à inserção de tecnologias Fato ou Fake:
https://g1.globo.com/fato-
mídia e obter uma percepção dos fatos da informação nos processos educati- -ou-fake
o mais próximo da realidade possível. vos. Está além disso. É estabelecida na
Agência Lupa:
É a partir dessas discussões que muitos abordagem que é adotada em sala de https://piaui.folha.uol.com.
estudiosos começaram a refletir sobre aula. Disponibilizar computadores ou br/lupa/

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permitir e dar condições para o uso de cidadã e profissional. Ter essa sensibi-
celulares não são suficientes. É pre- lidade sobre a necessidade do desen-
ciso que haja a intencionalidade de volvimento de capacidades comuni-
educar por meio de elementos comu- cativas, para que os discentes tenham
nicacionais. O que os estudantes real- condições de enfrentar os desafios da
mente precisam compreender é como vida no mundo real, é um dos princi-
incorporar as tecnologias disponíveis pais fatores que motivam o estabele-
no cotidiano, assim como as informa- cimento da relação entre Educação e
ções que elas geram, à sua formação Comunicação.

A Educomunicação

Educomunicação, como o próprio (SOARES, 2011). Esses ecossistemas


nome sugere, é um campo de estudo dizem respeito a qualquer rede de co-
que se encontra na interface entre a municação que conecte as pessoas por
Educação e a Comunicação. A base meio de um interesse comum, como a
teórica que deu forma à Educomu- família, a escola, um centro cultural,
nicação foi desenvolvida na Améri- ou os ambientes virtuais, onde estão
ca Latina, com destaque ao Brasil e por exemplo as mídias sociais online,
aos estudos do professor Ismar Soa- blogs e sites (ALMEIDA, 2016; SOA-
res junto ao Núcleo de Comunicação RES, 2011).
e Educação da Universidade de São
Paulo (USP). Partindo de referenciais Porém, para criar esses ecossistemas
que já buscavam estabelecer essa re- comunicativos, não basta reunir pes-
lação entre a Educação e Comunica- soas ao redor de interesses, é preciso
ção, Soares (2011) delineou conceitos, partir de alguns princípios: como o diá-
teorias, objetos, problematizações, logo, a participação ativa, a autonomia
tipos de intervenção, dentre outros e o protagonismo. A intenção é que,
elementos que compõem o referido juntas, elas sejam capazes de reverbe-
campo. rar suas vozes, suas inquietações, seus
pontos de vista e seus anseios a partir
O conceito de Educomunicação é de diferentes plataformas ou veículos
abordado a partir de diferentes pers- de comunicação, de forma que usufru-
pectivas. Aqui adotamos aquela que am do direito que possuem à expressão
a compreende como um conjunto de e à comunicação. Para Soares (2011),
práticas realizadas para a criação e o uma das formas de viabilizar isso é por
desenvolvimento de ecossistemas co- meio da apropriação das linguagens
municativos em espaços educativos midiáticas.

A interface entre Educação Profissional e Tecnológica e a


Educomunicação

Ambos os campos de estudo contam comunicativas que permitam aos estu-


com elementos semelhantes quando dantes se apropriarem das linguagens
se trata da função social que buscam midiáticas e, assim, reverberarem suas
exercer. Enquanto a Educação Profis- vozes por meio das mídias sociais onli-
sional almeja formar cidadãos críticos ne e de mídias alternativas, como blo-
que tenham consciência da capacidade gs, sites, jornais e rádios comunitárias,
que possuem de efetivar mudanças so- entre outras.
ciais, a Educomunicação busca fomen-
tar a capacidade de leitura crítica do O principal elemento de interface en-
mundo que os cerca e contribuir para tre os dois campos está no projeto éti-
o desenvolvimento de capacidades co-político-pedagógico que buscam
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promover2, com ênfase à formação que acreditam (SEVERINO, 2000; OLI-
voltada para a cidadania. Ser cidadão é VEIRA; LIMA, 2014; AFONSO, 2007).
poder, a partir da garantia de direitos,
usufruir plenamente deles e participar O trabalho é outro conceito que se
ativamente de decisões sociais e po- encontra na interface entre os dois
líticas. Mas não basta conhecer esse campos. O objetivo da Educação Pro-
conceito, é preciso que o cidadão ado- fissional em formar os estudantes
te uma postura política que defenda e para o mundo do trabalho depende
amplie os seus direitos. O papel da edu- diretamente da eficiência em realizar
cação nesse contexto é promover uma práticas educativas que contribuam
formação humanizada, que trabalhe para o desenvolvimento de capacida-
a cidadania como um processo contra des relacionadas à comunicação, dan-
a alienação e como um meio dos edu- do condições para que os discentes
candos desenvolverem a capacidade construam sua existência por meio do
de se expressar e agir de acordo com o trabalho.

O que são linguagens midiáticas?

Foi a mesma pergunta que nos fizemos recepção midiática pelas pessoas tam-
desde o início de nossa pesquisa. De- bém não é passiva. Ao contrário, elas
pois de consultar autores da Educomu- realizam jogos de ressignificação dos
nicação, como Soares (2011), Orozco sentidos a partir de mediações cultu-
Gómez (2014) e Martín-Barbero (1997), rais, ou seja, de conhecimentos e refe-
percebemos que a expressão era utili- renciais que já possuem.
zada sem um aprofundamento teórico.
Até que nos deparamos com o concei- No esforço de compreendermos as lin-
to de Marshall McLuhan. Em 1964, ele guagens midiáticas, acreditamos que
afirmou que cada mídia tem sua pró- seja válido abordarmos, mesmo que
pria linguagem ou gramática por meio brevemente, o conceito de linguagem.
da qual apresenta significados de uma Recorremos ao entendimento de Mar-
maneira particular. Sendo assim, as lin- cos Bagno (2014), para o qual a lingua-
guagens midiáticas seriam o conjunto gem diz respeito à capacidade de re-
dessas linguagens que emergem das presentar e expressar simbolicamente
mídias (WILSON et al, 2013). Mas, pen- as experiências, por meio de um siste-
sem conosco: de 1964 para cá devem ma de signos e significados utilizados
ter ocorrido muitos avanços nas dis- na produção de sentidos.
cussões sobre as mídias, correto? No
Atentos a problematizações que per-
campo da comunicação em interface
passam os campos do Estudo das Mí-
com a política, por exemplo, Rousiley
dias, da Linguística e os próprios pres-
Maia (2006) defende que as mídias não
supostos teóricos da Educomunicação,
estão a serviço apenas da propagação
percebemos em nossa pesquisa que
de informações para sujeitos que re-
chegar a um conceito da expressão
cebem passivamente as notícias, mas
linguagem midiática condizia a uma
são, na verdade, um subsistema social,
limitação. No entanto, a fim de aten-
um ambiente de ação, composto por 2
No artigo “A dimensão
der, mesmo que provisoriamente, às comunicacional do discente
instituições e especialistas que usu-
necessidades de nosso objeto de estu- na produção científica em
fruem de certa autonomia nas intera- Educação Profissional e
do, consideraremos as linguagens mi-
ções. Entretanto, a compreensão dos Tecnológica de 2013 a 2018”,
diáticas como o conjunto de códigos, realizamos uma discussão
conteúdos que produzem não depen-
símbolos, signos e elementos técnicos mais detalhada sobre os
de exclusivamente de suas intenções e elementos de interface que
que compõem diferentes linguagens
interesses. identificamos entre a EPT e a
comunicacionais (radiofônica, jorna- Educomunicação. Clique aqui
Para Jesús Martin-Barbero (1997) essa lística, publicitária, fotográfica, visual para acessá-lo.

13
e audiovisual) e que são peculiares a permeados por jogos de ressignifica-
cada tipo de mídia, sejam conven- ção e relações de poder vivenciados
cionais ou alternativas, por meio das pelos sujeitos. A seguir, descrevemos
quais se estabelecem processos de alguns conceitos de linguagens midi-
idealização, produção, veiculação e áticas a partir de diferentes referen-
difusão de mensagens em contextos ciais teóricos.

LINGUAGEM LINGUAGEM LINGUAGEM


JORNALÍSTICA PUBLICITÁRIA RADIOFÔNICA
É aquela pela qual se no- Meio pelo qual temos No jornalismo, a lingua-
ticia fatos e apresenta ca- acesso “aos significados gem radiofônica engloba
racterísticas como a “im- atribuídos às práticas e a “voz humana, música,
portância, a polêmica, a aos objetivos humanos, os efeitos sonoros e o si-
estranheza, a emoção, as às imagens e aos imagi- lêncio, que atuam isolada-
repercussões, agressivida- nários associados ao con- mente e combinados” en-
de, (...) o excesso, a falha, sumo, às conexões entre tre si de diversas formas
a inversão”, entre outras corporações, marcas e (REIS; ZANOTTI, 2012,
(BARBOSA, 2007, p. 163). mercadorias” (CASAQUI, p. 4). Propõe um diálogo
No ambiente digital, apre- 2011, p. 153). A linguagem com o ouvinte, através
senta ainda “interativi- publicitária tem o objeti- da simplicidade, naturali-
dade, hipertextualidade, vo central de “promover dade, a concisão e a coe-
multimidialidade, per- o consumo de produtos rência em textos curtos,
sonalização, atualização e serviços” (SOUZA JÚ- linguagem coloquial e or-
contínua e em fluxo e a NIOR; FORTALEZA; MA- ganização direta (VELHO,
memória (arquivamento)” CIEL, 2009, p. 32). 2004).
(p. 128).

LINGUAGEM LINGUAGEM VISUAL LINGUAGEM


FOTOGRÁFICA É composta por “um vo- AUDIOVISUAL
A linguagem fotográfica cabulário de elementos Reúne aspectos que des-
tem código, signo, signifi- básicos (pontos, linhas, pertam a atenção dos indi-
cante e significado (BOC- formas, texturas e cores) víduos, como cores, sons,
CATO; FUJITA, 2006). (...) organizado numa imagens, movimentos,
Transmite uma informa- gramática de contrastes músicas. Geralmente, são
ção, pode-se analisar e re- (equilíbrio/instabilidade, vídeos que apresentam
presentar o seu conteúdo. simetria/assimetria, duro/ cortes rápidos, instanta-
São elementos da lingua- suave, leve/pesado)”. O neidade e o imediatismo
gem fotográfica: “a luz, a termo é uma metáfora, presentes na televisão, no
escolha do momento, o onde os elementos “con- cinema e em produções
ajuste focal, o enquadra- tribuem para o enten- online (NAKASHIMA;
mento, as objetivas e os dimento do significado AMARAL, 2006).
diferentes códigos repre- histórico e cultural que in-
sentados pela foto pre- tegra a mensagem” (BA-
to-e-branco e em cores” CELAR, 1998, p. 7).
(OLIVEIRA FILHA, 2002,
p. 5).

14
E por que a expressão “apropriação de rádios e jornais comunitários (PE-
de linguagens midiáticas”? Partimos RUZZO, 2007) e, mais recentemente,
da compreensão do próprio verbo com a massificação das mídias sociais
“apropriar-se”, que significa tomar online. Essa apropriação, no entanto,
para si algo que a princípio não lhe não é alcançada de forma instantâ-
pertencia, um sentido que também nea pelo estudante, mas consiste em
é empregado ao termo “apodera- um verdadeiro processo, no qual, ao
mento”, utilizado por Soares (2014). mesmo tempo que reforça sua com-
Ou seja, as linguagens midiáticas preensão por meio da observação
estavam antes reservadas exclusiva- e reflexão crítica da realidade, con-
mente aos meios de comunicação de segue usufruir cada vez mais do seu
massa. Isso, no entanto, sofreu mu- direito à comunicação ao exercitá-la
danças ao longo dos anos no Brasil e na reverberação de suas opiniões, in-
na América Latina com o surgimento quietações e reinvindicações.

Bases metodológicas para práticas educomunicativas

Antes de tratarmos diretamente so- para se tornar um agente no processo


bre as bases metodológicas, desta- de sua própria aprendizagem. A cria-
camos que as práticas educativas na ção de um jornal, um blog, a produção
Educomunicação são desenvolvidas de um documentário ou a construção
de forma interdisciplinar. Ou seja, ge- de um perfil em alguma mídia social
ralmente estão associadas a outros online podem ser materialidades es-
saberes, outras disciplinas; afinal, a co- truturadas no formato de projetos
municação perpassa todas as práticas educomunicativos.
sociais. Apesar do processo de ensino
que desenvolvemos ter tido um obje- Para desenvolver esse tipo de projeto,
tivo específico, que era ensinar sobre nós podemos considerar os quatro cri-
as linguagens midiáticas, você pode se térios essenciais apontados por Márcia
apropriar do percurso metodológico Koffermann (2018): a prática educomu-
para abordar qualquer assunto a partir nicativa precisa garantir a participação
de uma perspectiva educomunicativa. ativa de todos os sujeitos envolvidos;
Conhecimentos de História, Geogra- precisa ainda contar com uma fina-
fia, Matemática, Física, Filosofia ou lidade educativa, com os participan-
Sociologia, por exemplo, podem se tes conscientes da metodologia e dos
converter em temáticas para práticas objetivos; é importante que haja uma
educomunicativas. Mas, para isso, é continuidade no processo, em relação
necessário que sejam desenvolvidas ao amadurecimento, acompanhamen-
sob dois princípios básicos: a autono- to, reflexão crítica e a capacidade de
mia e o protagonismo dos estudantes. enfrentar imprevistos; e por último, os
resultados precisam repercutir ou al-
As práticas educomunicativas sempre cançar a comunidade.
têm o objetivo de levar os estudantes
a aprenderem algum assunto ou tema, Além desses princípios, precisamos
isso faz parte da intenção pedagógica saber que a Educomunicação atua de
do processo de ensino, mas o que di- diferentes maneiras na sociedade, o
ferencia elas de outras é que você não que chamamos de áreas de interven-
chega até os alunos com tudo pronto. ção. Em nosso caso, nosso processo de
Não são atividades que você define ensino se localiza na área da “Educa-
tudo sozinho ou sozinha e os alunos ção para a comunicação”. No total, são
apenas executam. Ao contrário, é uma sete áreas de intervenção: a Epistemo-
construção coletiva. Nessas práticas, logia da Educomunicação, a Produção
com autonomia e protagonismo, o dis- midiática, a Educação para a comuni-
cente deixa de ser um simples executor cação, a Pedagogia da comunicação, a
15
mediação tecnológica na educação, a com as mídias e “se apropriarem delas
expressão através das artes, e a gestão para dialogar e negociar ideias e valo-
da comunicação (SOARES, 2017). res comuns” (ALMEIDA, 2016, p. 3). Po-
demos citar a produção de mensagens
Compreender cada uma delas necessi- midiáticas, a confecção de um jornal, a
taria de uma abordagem detalhada, o produção de um material audiovisual
que não é a nossa intenção aqui. O re- ou um Podcast, e ainda as atividades
levante para nós é explicar um pouco que estimulam a leitura crítica sobre os
sobre a área de intervenção em que o conteúdos divulgados pelas mídias.
nosso processo de ensino se localizou:
a área de Educação para a Comunica- Foi a partir dessa perspectiva, e das
ção. Essa área conta com práticas edu- contribuições de Almeida (2016), que
comunicativas que buscam sensibilizar definimos as quatro capacidades co-
e formar os sujeitos para conviverem municativas:

CAPACIDADE COMUNICATIVA CAPACIDADE COMUNICATIVA


DA LEITURA CRÍTICA DE DA IDENTIFICAÇÃO DAS
CONTEÚDOS MIDIÁTICOS LINGUAGENS MIDIÁTICAS
Busca provocar a reflexão e a ado- Refere-se à capacidade de identifi-
ção de uma postura crítica diante car as principais características de
dos meios de comunicação e suas diferentes linguagens midiáticas.
mensagens.

CAPACIDADE COMUNICATIVA CAPACIDADE COMUNICATIVA


DA COMPREENSÃO SOBRE AS DA EXPRESSÃO POR MEIO DAS
LINGUAGENS MIDIÁTICAS LINGUAGENS MIDIÁTICAS
Busca proporcionar a compre- Pretende estimular a expressão
ensão de forma satisfatória dos das ideias, opiniões e percepções
processos de criação, produção e dos estudantes através de mídias
veiculação de conteúdos. alternativas.

16
Foram essas as capacidades que repre- de troca, de construção mútua, de co-
sentaram nossa intenção pedagógica laboração.
no protótipo de processo de ensino
que desenvolvemos. O restante, como Em nossa investigação, para orientar
os tipos de atividade, as estratégias e, a prática educativa em sala de aula
de certa forma, os materiais didáticos, adotamos os Aspectos do Raciocínio
tudo foi definido com os estudantes. Pedagógico, de Lee Shulman (2014).
Esse autor apresenta seis aspectos
A adoção dos critérios essenciais dos para se efetivar um processo de ensino
projetos educomunicativos (KOFFER- e aprendizagem, em uma lógica quase
MANN, 2018) reforçou a escolha pela cíclica, que são: a compreensão de um
pesquisa-ação como metodologia assunto em diferentes perspectivas;
científica para a investigação que ge- a transformação dessa compreensão
rou o processo de ensino, pois tanto os para a realidade e características dos
critérios quanto a referida metodolo- discentes; a instrução, que consiste na
gia prezam pela participação ativa de efetivação do ensino com vista a uma
todos os envolvidos. É esse percurso, aprendizagem significativa; a avalia-
da intenção investigativa à produção ção do processo de ensino e a apren-
do processo educacional, que influen- dizagem; a reflexão sobre os processos
ciou diretamente a organização do anteriores; e a construção de novas
nosso protótipo nas quatro fases pro- compreensões em relação aos propó-
postas por Chisté (2016): (1) a identifi- sitos, aos conteúdos e processos didá-
cação das situações iniciais, (2) o pla- ticos.
nejamento das ações, (3) a realização Em nosso protótipo, onde a participa-
das atividades previstas e (4) a avalia- ção ativa de todos os estudantes é de-
ção dos resultados obtidos. terminante, a proposta é que tais pro-
cessos sejam executados por todos, de
Além de nos apoiarmos nessas bases forma colaborativa. A participação dos
metodológicas, nós também nos filia- discentes é idealizada a partir dos se-
mos a concepções pedagógicas, que guintes aspectos: na compreensão do
discutem mais profundamente os as- assunto, por meio de pesquisas reali-
pectos do processo de ensino e apren- zadas dentro ou fora de sala aula, por
dizagem. Destacamos duas: a aprendi- leituras em grupos ou individualmen-
zagem significativa (MOREIRA, 2017) te; na transformação do conteúdo à
e a dialogicidade freiriana (FREIRE, própria realidade, fazendo inferências
1987). Apesar de serem abordagens ao contexto social em que se encon-
distintas, elas se convergem em alguns tram; no compartilhamento dos con-
pontos. Por isso, partimos da seguinte teúdos entre os participantes, a partir
premissa: o estudante é o centro do da escolha por estratégias ou proces-
processo de ensino e aprendizagem. sos didáticos; na avaliação da própria
Não que ele vá definir diretamente o performance e gestão da sala de aula,
que quer aprender ou vá ter total do- a ser efetivada no final de cada ativida-
mínio sobre o processo educativo. de, aula ou encontro; na reflexão sobre
Mas, é a partir dele, do conhecimento os processos realizados por meio da
sobre ele, suas origens e os saberes e discussão sobre o conteúdo e a apren-
referenciais que já possui, que desco- dizagem; e na construção de novas
briremos de que forma o novo conhe- compreensões e percepções sobre as
cimento chamará a sua atenção e se temáticas abordadas.
conectará com a sua realidade. E para
conseguirmos isso, o melhor caminho Foi a partir dessas diferentes referên-
que encontramos foi o diálogo, em seu cias metodológicas e pedagógicas que
sentido mais genuíno, onde o objeti- desenvolvemos o nosso protótipo de
vo não é impor a opinião de um sobre processo de ensino e apropriação de
o outro, mas estabelecer uma relação linguagens midiáticas.

17
O protótipo de processo de ensino e comunicativas que contribuirão para a
apropriação de linguagens midiáticas sua formação profissional e cidadã.
foi projetado para ser realizado a par-
tir das respostas a questões estrutu- Devido a esse escopo, você poderá es-
rantes e da organização das atividades truturar o processo de ensino em for-
em fases. Com a clareza das respostas, mato de projeto, proposta que está
mesmo que provisórias, às questões alinhada à pedagogia que integra as
estruturantes, você terá condições de práticas educomunicativas (SOARES,
percorrer as quatro fases do processo, 2011). Os Institutos Federais apresen-
que não devem ser encaradas como tam aderência a esse tipo de ativida-
etapas sequenciais, pois você percebe- de, pois já contam com a promoção de
rá que, de acordo com as circunstâncias projetos integradores que, entre ou-
que ocorrerem ao longo do caminho, tros objetivos, buscam “contribuir para
necessitará retomar considerações de a construção da autonomia intelectual
diferentes fases. dos alunos, por meio da pesquisa, as-
sim como formar atitudes de cidada-
A realização de práticas educomuni- nia, de solidariedade e de responsabili-
cativas, por decorrência dos princípios dade social” (MOURA, 2007, p. 24).
que precisa atender, requer mais tem-
po que outras atividades em sala de Como já falamos, a estrutura do protó-
aula. Haverá fases que você conseguirá tipo do processo de ensino deve ser en-
realizar em uma ou duas horas-aulas, carada como uma fonte de inspiração,
dependendo da complexidade do as- a ser analisada e adaptada para as ne-
sunto que pretende abordar. Outras, cessidades que você identificar entre
no entanto, exigirão mais dedicação, os seus estudantes. Ou seja, você não
como é o caso da fase de realização precisará percorrer por todas as capa-
das atividades, em que você deve fi- cidades comunicativas em um único
car atento tanto ao planejamento das projeto, mas poderá abordá-los aos
aulas, que precisa estar alinhado às poucos, conforme identificar os avan-
sugestões dos alunos, quanto aos es- ços que os discentes apresentarem.
forços de envolvimento e participação Isso vale também para a escolha das
dos discentes, para que apreendam linguagens midiáticas e dos formatos
os novos conhecimentos e, simulta- das mensagens (som, texto e imagem)
neamente, compreendam o papel da que serão adotados, o que não deve li-
apropriação das linguagens midiáticas mitar a participação ativa dos estudan-
no desenvolvimento de capacidades tes.

O protótipo enquanto processo e produto educacional

De acordo com a Coordenação de que sejam implementados em condi-


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível ções reais de ensino” e, posteriormen-
Superior (CAPES, 2013, p. 23), o foco te, sejam utilizados em ambientes for-
dos mestrados profissionais é “na pes- mais ou não formais de aprendizagem.
quisa aplicada e no desenvolvimento Esses produtos ou processos educacio-
de produtos e processos educacionais nais podem ser classificados como:

Mídias educacionais (vídeos, simulações, animações,


videoaulas, experimentos virtuais, áudios, objetos de
aprendizagem, aplicativos de modelagem, aplicativos
de aquisição e análise de dados, ambientes de apren-
dizagem, páginas de internet e blogs, jogos educa-
cionais, etc.); Protótipos educacionais e materiais
para atividades experimentais; Propostas de ensino
(sugestões de experimentos e outras atividades práti-

19
cas, sequências didáticas, propostas de intervenção,
roteiros de oficinas, etc.); Material textual (manuais,
guias, textos de apoio, artigos em revistas técnicas
ou de divulgação, livros didáticos e paradidáticos,
histórias em quadrinhos e similares); Materiais inte-
rativos (jogos, kits e similares); Atividades de exten-
são (exposições científicas, cursos, oficinas, ciclos de
palestras, exposições, atividades de divulgação cien-
tífica e outras) (CAPES, 2013, p. 27).

Diante disso, a intervenção que reali-


esse processo foi preciso materializá-
zamos em sala de aula diz respeito a
-lo, o que deu forma a um outro produ-
um processo educacional, correspon-
to: este e-book. Em aspecto conceitual,
dendo a um protótipo educacional,para Kaplún (2003, p. 46), um produto
pois busca se configurar em um refe-
ou processo educacional é um material
rência para práticas educativas que
que “facilita a experiência de aprendi-
pretendam envolver a aplicação de lin-
zado; ou, se preferirmos, uma experi-
guagens midiáticas em sua intenciona-
ência mediada para o aprendizado”.
lidade pedagógica, demandando para
Ele propõe que os materiais educativos
isso a adaptação do processo aos parti-
sejam construídos sob três eixos: con-
cipantes e aos contextos em que estão
ceitual, pedagógico e comunicacional.
inseridos (KÜLLER, 2011). A seguir, relacionamos as característi-
cas de nosso protótipo de processo de
Para que pudéssemos compartilhar ensino aos eixos propostos pelo autor.

A RELAÇÃO DO PROTÓTIPO DE PROCESSO DE ENSINO COM OS


EIXOS PROPOSTOS POR KAPLÚN (2003)

O PROTÓTIPO DE
EIXOS DESCRIÇÃO
PROCESSO DE ENSINO
Referente aos conceitos e
A apropriação de linguagens
debates centrais que se pre-
midiáticas a partir da aborda-
Eixo conceitual tende promover por meio do
gem de capacidades comuni-
material; o foco da aprendi-
cativas.
zagem.
O percurso proposto é basea-
Corresponde ao percurso
do nos princípios dos projetos
que o material propõe aos
educomunicativos, com clara
usuários, considerando os
intencionalidade pedagógica
conhecimentos prévios que
e sendo orientado pelas fases
Eixo pedagógico possuem no ponto de partida
da pesquisa-ação, as quais
e tendo clareza sobre que
contemplam a consideração
aprendizados são almejados,
dos conhecimentos prévios
quais concepções e valores
dos participantes sobre a
terão ao final desse percurso.
temática.
Neste eixo, consideramos
Está relacionado à materia- tanto as formas de comuni-
lidade, ao formato e lingua- cação utilizadas durante a
gem que serão utilizados intervenção em sala de aula,
Eixo comunicacional no material; quais serão quanto à materialidade do
as formas concretas que o protótipo no formato de
material terá de se relacionar e-book para possibilitar a
com seus usuários. propagação do processo de
ensino.
Fonte: produção dos autores.

20
Para você compreender melhor o que detalhamento sobre as questões es-
desenvolvemos junto com os estu- truturantes e as fases do protótipo de
dantes, a seguir, apresentamos um processo de ensino.

As questões estruturantes

São sete as questões estruturantes que apontar para o conhecimento teórico


irão proporcionar maior clareza sobre relacionado ao objeto de ensino, tema
os elementos que compõe o proces- ou assunto. A questão “Para que?” tem
so de ensino (Quem? Por que? O que? o papel de esclarecer sobre qual o obje-
Para que? Como? Onde? Quando?), tivo macro por trás das duas questões
além de reforçar as características ad- anteriores, especialmente relacionado
vindas da base teórico-metodológica. aos princípios éticos, políticos e pe-
As questões foram inspiradas no mé- dagógicos da educação. A resposta à
todo 5W2H (LISBOA; GODOY, 2012), questão “Como?” deve indicar as ba-
que corresponde às perguntas em in- ses metodológicas e pedagógicas que
glês: What (O quê?); Why (Por quê?); serão adotadas nas práticas educomu-
Where (Onde?); When (Quando?); Who nicativas. A questão “Onde?” diz res-
(Quem?); How (Como?); How much peito ao conhecimento necessário que
(Quanto?). precisamos ter sobre as características
locais sociopolíticas e econômicas,
Para atender às especificidades do para entender melhor o contexto em
nosso processo, no entanto, substitu- que os participantes estão inseridos.
ímos a questão “Quanto?” por “Para E a questão “Quando?” faz referência
quê?”, não por considerarmos que os às definições relacionadas ao tempo
aspectos financeiros envolvidos no e ao espaço em que as práticas serão
processo são dispensáveis – afinal, po- desenvolvidas. Confira, na próxima pá-
dem surgir custos reais -, mas por uma gina, como respondemos a essas ques-
tentativa de destacar a importância de tões em nosso processo de ensino.
posicionar as práticas educativas em
um projeto ético-político-pedagógico, As respostas às questões estruturan-
que justifique e fundamente o proces- tes são formuladas e aperfeiçoadas
so dentro de objetivos educacionais ao longo do processo. Devido à inten-
mais amplos. Isso, porém, não impede cionalidade pedagógica, é preciso ter
que fatores financeiros sejam levanta- respostas preliminares antes de iniciar
dos, principalmente quando se trata de a realização das fases, mesmo que al-
projetos educacionais de maior abran- gumas sejam apenas provisórias. Essas
gência. respostas serão moldadas e aperfeiço-
adas conforme o processo de ensino
A questão estruturante “Quem?” deve se desenvolver. A resposta à questão
ser respondida com informações so- “Como?”, por exemplo, pode tomar
bre os participantes envolvidos, rela- novas formas a partir do momento que
cionadas a dados demográficos, pre- se conhece mais sobre as característi-
ferências, interesses, entre outros, cas, interesses e afinidades dos partici-
tendo em vista a perspectiva da apren- pantes, que dizem respeito à questão
dizagem significativa e da dialogicida- “Quem?”; o mesmo ocorrerá com “O
de freiriana. A questão “Por que?” deve que?”, pois é possível que se perceba
identificar quais problemas ou neces- outros assuntos ou temas subjacentes
sidades estão presentes entre os par- necessários a serem tratados durante o
ticipantes. A questão “O que?” precisa processo de ensino.

21
COMO RESPONDEMOS ÀS QUESTÕES ESTRUTURANTES EM NOSSO PROTÓTIPO
DE PROCESSO DE ENSINO E APROPRIAÇÃO DE LINGUAGENS MIDIÁTICAS

22
COMO DISTRIBUÍMOS OS ENCONTROS EM SALA DE AULA EM RELAÇÃO ÀS
FASES E ÀS CAPACIDADES COMUNICATIVAS

23
IDENTIFICAÇÃO
Fase I
DAS SITUAÇÕES INICIAIS
Esta fase corresponde aos primeiros Então, reforçamos o questionamento:
contatos com os participantes da prá- será que conhece mesmo?
tica educomunicativa tanto para apre-
sentar a proposta a eles, quanto para Se queremos promover uma aprendi-
conhecê-los melhor. zagem significativa e dialógica, pre-
cisamos conhecer os estudantes de
Conforme já afirmamos, as práticas forma mais profunda: saber o que eles
educomunicativas não são impositi- gostam de fazer no tempo livre; como
vas, elas dependem diretamente da é a família deles; o que eles pensam so-
participação ativa dos discentes. Para bre determinados assuntos; informa-
que isso seja possível, eles precisam ções que vão depender do objetivo que
conhecer a proposta, serem envolvidos temos com a realização da prática edu-
e se sentirem motivados em contribuir cativa. Só o fato de se dispor a ouvi-los,
com ela. Em uma sala de aula comum, você já estará favorecendo a criação de
a motivação mais aparente é a pontua- um ambiente propício ao diálogo.
ção para a avaliação do trimestre. Mas
em se tratando da abordagem edu- As atividades realizadas nesta fase irão
comunicativa, esse interesse precisa proporcionar um amadurecimento das
envolver algo mais significativo, que respostas às questões estruturantes
leve os estudantes a se dedicarem para “Quem?” e “O que?”, referentes ao
além de uma atividade obrigatória. perfil dos estudantes e ao conteúdo a
Isso pode ser alcançado a partir de uma ser abordado na prática educomunica-
abordagem social, econômica, política tiva. E você sempre voltará a elas du-
ou tecnológica que justifique a realiza- rante a realização do processo de ensi-
ção daquela prática. No caso da Edu- no quando perceber os sinais ou pistas
cação Profissional, pode ocorrer ainda que os participantes irão externalizar
por meio da relação com o mundo do e que poderão provocar mudanças no
trabalho, sobre como as atividades po- conteúdo ou na sua abordagem. A par-
derão contribuir para a formação deles tir disso, você terá maior clareza sobre
enquanto profissionais e cidadãos. que práticas e discussões possibilitarão
maior conexão com o perfil e o contex-
No processo de conhecimento dos dis- to em que os discentes se encontram,
centes, se você é professor ou profes- sabendo quais estratégias e recursos
sora, deve estar pensando: “Mas, eu poderão ser mais efetivos por estarem
já conheço os meus alunos e alunas!” no campo de interesse deles.

24
Estratégias de interação

Na apresentação da proposta da prá- momento dedicado para conhecer


tica educomunicativa aos discentes, melhor os discentes, você pode fazer
você precisa ser o mais transparente uma roda de conversa, elaborar uma
possível, deixando evidente qual é pergunta central ou estimular que os
o objeto de ensino, que metodolo- próprios estudantes façam perguntas
gias você pensou usar e quais os re- entre si referentes ao tema ou ao as-
sultados você espera que alcancem. sunto da prática educomunicativa.
Porém, por ser uma abordagem que
prima a participação ativa de todos A atividade também pode ser realiza-
os envolvidos, você deve esclarecer da em grupo, com o objetivo de cada
que a prática será uma construção em um elencar as divergências e conver-
conjunto. Então, é preciso abrir espa- gências existentes entre os membros,
ço ao diálogo para que eles se expres- compartilhando os resultados em bre-
sem e compartilhem sobre a relevân- ves apresentações.
cia do assunto para eles, de que forma Em níveis de maior complexidade,
gostariam de abordá-lo e quais resul- caso você sinta segurança para isso,
tados gostariam de obter. você poder realizar um movimen-
to inverso: iniciar com o processo de
Para promover esse diálogo, você po- conhecimento sobre os participantes
derá adotar diferentes estratégias. para verificar quais assuntos ou abor-
Em relação ao ambiente, é importan- dagens emergem das necessidades
te criar um clima amistoso e acolhe- e da realidade em que eles se encon-
dor, o que pode ser feito por meio da tram, trazendo a intencionalidade pe-
simples mudança na disposição das dagógica ao debate a partir das per-
cadeiras para um formato circular. No guntas que você direcionar a eles.

Possíveis conteúdos

A apresentação da proposta aos dis- versar uns com os outros, deixando


centes precisa ser objetiva e direta, em claro que o roteiro é apenas um pon-
especial no tipo de linguagem adota- to de partida e deve ser incrementado
da, promovendo um encadeamento com dúvidas ou questões que surjam
lógico e fluido de ideias. Dentre o con- ao longo da conversa.
teúdo, algo que precisa ficar evidente
é a intenção de envolver as linguagens Se o seu objetivo for obter dados espe-
midiáticas nas atividades. Neste pon- cíficos que necessariamente não pre-
to, pode ser importante explicar o que cisem da interação para serem com-
são essas linguagens e até apresentar preendidos, como é o caso de dados
exemplos de conteúdos produzidos a demográficos ou o conhecimento pré-
partir delas. vio de determinado assunto, você pode
aplicar um formulário impresso ou on-
Para conhecer melhor os estudantes, line. É importante ter a noção de que
além de proporcionar um ambiente o conjunto de respostas obtido pode
dialógico, você também pode utilizar apontar para nuances que somente
alguns instrumentos para facilitar o serão esclarecidas suficientemente se
acesso a informações sobre eles. É o abordadas em um contexto mais dia-
caso da apresentação de um roteiro de lógico, em que os discentes possam se
entrevista semiestruturada em que os expressar mais livremente a respeito
discentes podem se basear para con- do assunto em questão.

25
Nossa experiência

Os primeiros contatos com os partici- meira dizia respeito à integração das


pantes de nossa pesquisa ocorreram atividades que desenvolveríamos com
por meio da apresentação do projeto a avaliação de duas disciplinas (Socio-
de pesquisa. Buscamos envolver as logia e Web Design), ou seja, a partici-
linguagens midiáticas desde esse mo- pação deles seria pontuada; e a segun-
mento, quando decidimos incorporar da era referente aos conhecimentos
os celulares deles para a exibição do que teriam acesso, os quais seriam
conteúdo: ao mesmo tempo em que aplicáveis tanto no mundo do trabalho,
acompanhavam o espelhamento do quanto na vida particular, dando condi-
nosso celular no Datashow (algo pos- ções para que melhorassem a expres-
sível com o uso de um Chromecast do são de suas ideias, opiniões e inquieta-
Google), eles podiam acessar o con- ções por meio das referidas linguagens
teúdo em seus próprios dispositivos midiáticas.
móveis. A integração dos celulares ao
processo de ensino levou os estudan- O conhecimento sobre os alunos foi ob-
tes a proporem a criação de um grupo tido por meio de alguns instrumentos.
no WhatsApp para compartilharmos Decidimos partir da experiência do-
os materiais utilizados, esclarecermos cente3 e, por isso, realizamos entrevis-
dúvidas e mantermos contato quando tas semiestruturadas com alguns pro-
preciso. O aplicativo se tornou o prin- fessores do curso para saber com quais
cipal canal de comunicação entre nós práticas educativas eles já tinham con-
quando não estávamos em sala de tato e que performance apresentavam
aula. em sala de aula. Com os estudantes,
aplicamos um formulário online para
Como precisaríamos realizar pesqui- mapear o perfil de acesso deles em re-
sas e fazer o download de aplicativos lação às mídias sociais online e às lin-
durante os encontros, e considerando guagens midiáticas que as perpassam.
o fato de que o acesso à internet aos A compreensão das nuances entre os
estudantes no Campus era restrito aos dados foi aprofundada em entrevistas
Laboratórios de Informática e à Sala de semiestruturadas com os discentes,
3
No artigo “A abordagem Leitura, adquirimos e disponibilizamos o que nos possibilitou fazer compara-
educomunicativa em práticas ções e identificar contradições com as
pedagógicas na educação um roteador de wi-fi para que eles pu-
profissional de jovens ma- dessem efetivamente realizar as ativi- demais informações. Complementa-
rajoaras”, discutimos os re- dades por meio dos celulares. mos o conhecimento sobre eles com a
sultados das entrevistas que aplicação de outro formulário online,
realizamos com oito docen-
tes do colegiado do curso. Para envolvê-los e motivá-los, apre- dessa vez referente ao perfil socioeco-
Clique aqui para acessá-lo. sentamos duas questões a eles: a pri- nômico dos participantes.

“(...) Eu não sabia muito sobre linguagem midiática. Achei bem


interessante. É excelente, uma ótima ideia para falar com os alu-
nos de informática que usam e que futuramente irão [trabalhar]
com mídia, quem sabe. Gostei muito, estou muito interessada a
aprender cada vez mais, estou bem focada. Agradeço ao profes-
sor e ao senhor por proporcionar esse conhecimento pra turma”
(ESTUDANTE A).

26
PLANEJAMENTO
Fase II
DAS AÇÕES
Esta fase é dedicada ao planejamento todas elas, até porque é possível que
das ações que serão realizadas na prá- surjam contradições ou propostas in-
tica educomunicativa. É um momento viáveis de ser executadas com os re-
do processo de ensino que demanda cursos que você e a instituição têm
diretamente a participação ativa dos disponíveis. O importante é captar os
discentes, pois propõe que essas ações principais elementos que podem ser
sejam planejadas a partir das suges- incorporados nas atividades, de forma
tões fornecidas por eles. Orientados a fazer com que os alunos se sintam
pela metodologia da pesquisa-ação, a efetivamente parte do processo de en-
fase também pode abrigar a elabora- sino.
ção de um contrato de ação coletiva
(FRANCO, 2005), um documento sim- A principal resposta aperfeiçoada nes-
bólico em que os estudantes possam ta fase é a relacionada à questão es-
apontar quais regras ou normas de truturante “Como?”, pois nela é pos-
conduta eles próprios irão seguir para sível identificar como os estudantes
que tenham êxito no alcance dos obje- gostariam que as ações fossem reali-
tivos definidos em conjunto. zadas, indicando ainda quais ativida-
des consideram mais adequadas para
Com as sugestões em mãos, você terá a aprendizagem dos conteúdos. Indi-
maiores chances de realizar atividades retamente, também aprofundamos a
que apresentem formas ou caracterís- questão “Quem?” por conhecermos
ticas mais alinhadas ao campo de aten- como eles compreendem a própria
ção dos discentes. Isso, no entanto, capacidade de apreender novos co-
não quer dizer que você precise adotar nhecimentos.

27
Estratégias de interação

Para envolver os participantes, você mente deles para uma diversidade de


precisa novamente ser claro, objetivo alternativas criativas que surgirão das
e transparente, tanto em relação à ela- relações que farão com suas experi-
boração do contrato de ação coletiva, ências de vida. Dar a devida atenção
quanto nas orientações para as ações a esses detalhes é muito importante,
de planejamento. porque esta fase, de certa forma, con-
diciona o sucesso no alcance dos obje-
Para a elaboração do contrato, todos tivos do processo de ensino, uma vez
os estudantes precisam participar, su- que será a partir dela que todas as ati-
gerindo itens que representem as re- vidades se desenvolverão.
gras ou normas de conduta, o que pode
ser feito em grupo ou individualmente. Considerando o número de estudantes
A proposta é que, após compartilha- e a intenção de sempre promover o di-
rem as sugestões, você reserve um álogo, as atividades de planejamento
tempo para organizá-las, observando podem ocorrer em grupos pequenos,
aquelas que forem parecidas ou coinci- partindo da premissa de que todos os
direm em alguns aspectos; você pode membros tenham a oportunidade de
fazer isso ao mesmo tempo em que contribuir. O momento será enrique-
eles as expressam ou posteriormente. cido com a forma como esses grupos
Uma alternativa interessante é produ- irão expressar suas sugestões. Você
zir um cartaz com as informações que pode propor que eles compartilhem
geraram e afixá-lo em um lugar visível suas ideias por meio de ilustrações ou
da sala de aula para que tenham aces- fluxogramas desenhados em cartazes.
so sempre que for preciso. Ou pode fazer a proposta inusitada de,
antes de descreverem verbalmente as
No planejamento das ações, quem sugestões, eles apresentem as ideias
sabe, a melhor forma de motivá-los a por meio de mímicas. Você também
participarem é propor uma situação pode aproveitar esse momento para
hipotética, convidando os estudantes já levá-los ao exercício da apropriação
a se colocarem no lugar do professor das linguagens midiáticas, sugerindo
ou professora e direcionando uma per- que as ideias sejam gravadas em vídeo
gunta simples: como eles planejariam ou em áudio, onde todos os membros
a realização das ações necessárias para participem da produção.
ensinar ou abordar determinado as-
sunto? A criatividade é um diferencial mar-
cante nesta fase. O interessante é que
Essa pergunta poderá despertar neles você dê alternativas para eles mate-
conexões com práticas educativas com rializarem suas sugestões, de maneira
as quais já tiveram contato e que con- que possam ser consultadas quando
sideraram efetivas, ou ainda abrirá a necessário.

Possíveis conteúdos

O contrato de ação coletiva não requer assunto ou tema central do processo


longa explanação, basta que você dei- de ensino deve estar bem claro para
xe evidente que a proposta é que eles os estudantes, permitindo que eles re-
próprios sugiram regras ou normas de conheçam as delimitações que espe-
conduta que serão adotadas ao longo cificam realmente o que irão planejar.
do processo de ensino, com o intuito Por exemplo, se estivermos tratando
de aumentar as chances de alcançarem de gêneros literários, é preciso que os
juntos os objetivos definidos. No pla- estudantes tenham contato com con-
nejamento das ações, no entanto, o ceitos mínimos para terem uma noção

28
sobre o que são esses gêneros e quais discussão entre os grupos de partici-
elementos os diferenciam, de forma pantes.
que tenham condições de aprofundar
os conhecimentos ao longo do pro- Depois de ter delineado o assunto ou
cesso. tema do processo de ensino, chega o
momento de os estudantes planeja-
A apresentação desse panorama geral rem as ações que irão compor a prá-
sobre o assunto ou tema pode ser fei- tica educomunicativa. Dependendo
to de diversas formas: uma explana- do perfil deles, se você julgar neces-
ção teórica breve realizada por você; sário, além de direcionar a pergunta
a exibição de um vídeo explicativo; a que propomos, você pode apresentar
exploração de um episódio de Pod- exemplos, porém, com o intuito de
cast4; ou a distribuição de textos para criar referências, nunca de limitá-los.

Nossa experiência

Para que os participantes da nossa tava de uma pesquisa científica, querí-


pesquisa elaborassem o contrato de amos que eles percebessem o valor e
ação coletiva e planejassem as ações a importância de nossa intervenção,
do processo de ensino, ambas as ati- uma vez que os resultados poderiam
vidades foram realizadas em grupo, servir de referência para outras práti-
compostos de forma aleatória a partir cas educomunicativas. Por isso, propo-
da atribuição de um número a cada mos que refletissem sobre como a ci-
estudante, de 1 a 5. A sugestão dos ência contribui com a sociedade e com
itens que compuseram o contrato de a educação brasileira.
ação coletiva foi antecedida por um
momento de reflexão que preparamos A seguir, confira os itens do contrato
para que os motivassem a encarar a de ação coletiva elaborado pelos estu-
atividade com seriedade. Como se tra- dantes:

Contrato de Ação Coletiva elaborado pelos estudantes da pesquisa


• Interagir com todos os participantes; • Não importunar os colegas de sala de
aula;
• Comprometer-se a iniciar e finalizar
todas as atividades propostas para • Estabelecer parceria entre aluno
alcançar os objetivos estabelecidos em e professor a partir de conversas
grupo; cotidianas;
• Compartilhar os conhecimentos que • Realizar atividades inovadoras que não
possui para enriquecer as atividades; se limitem a aulas técnicas;
• Não interromper ou interferir as • Expor suas opiniões;
atividades com conversas paralelas;
• Respeitar as diferentes opiniões
• Não manusear o celular quando não dos participantes para não inibir sua
for necessário para a realização das expressão.
atividades;

4
Podcast é um arquivo de
áudio que transmite infor-
As ações que os estudantes planeja- riam em cada uma delas. mações em um formato pa-
ram eram relacionadas às capacidades recido com um programa de
rádio, contendo narrações,
comunicativas que iríamos abordar Para materializarem as sugestões de entrevistas, descrições e até
nos encontros seguintes. Por meio do planejamento, os grupos receberam publicidade, com o diferen-
quadro branco, desenhamos quatro papel A4, cartolina e canetinhas colo- cial de poder ser acessado
a qualquer momento em
ícones que diferenciavam cada capaci- ridas, com os quais expressaram, por plataformas digitais online
dade, explicando sobre o que aprende- meio de ilustrações e esquemas visu- ou em sites na internet.

29
ais, as formas como deveriam ser abor- trados em fotografia e resgatados a cada
dadas cada capacidade comunicativa. A encontro em que tratávamos de uma
atividade despertou muito envolvimen- capacidade, demonstrando as relações
to dos estudantes e gerou resultados que as atividades estabeleciam com as
muito positivos. Os cartazes foram regis- sugestões dadas pelos discentes.

Cartazes apresentados pelo grupo responsável pela capacidade de Leitura Crítica

O grupo responsável pela capacida- cebemos que a interpretação deles era


de da Leitura Crítica apresentou dois diferente do que a imagem mostrava.
cartazes. Na primeira imagem há uma Para eles, é o mundo que gira em torno
menina dentro de um monitor de com- da informação. A princípio, pareceu um
putador. Ela aparece com dúvidas rela- equívoco, porém analisando mais pro-
cionadas ao que fazer com as informa- fundamente o contexto, percebemos
ções que recebe por meio de diferentes que naquele cartaz e no entendimento
linguagens midiáticas. Na hora de ex- dos estudantes estava estampado um
plicar o cartaz, o grupo ressaltou que paradoxo coerente: ao mesmo tempo
as mídias podem influenciar na perso- que os conteúdos midiáticos podem
nalidade e na maneira de pensar o dia a atender às necessidades de informa-
dia a partir de informações veiculadas ção da sociedade, eles também assu-
em diferentes formatos. Na segunda mem o centro das atenções ao criar
imagem, aparecem alguns elementos pautas e destacar assuntos originados
midiáticos orbitando o Planeta Terra. de interesses políticos ou econômicos
Durante a explicação dos alunos per- de determinados grupos da sociedade.

Cartaz apresentado pelo grupo responsável pela capacidade de Identificação

30
O grupo responsável pela capacidade da Turma em grupos de pesquisa para
da Identificação das Linguagens Mi- estudarem as diferentes linguagens,
diáticas apresentou um cartaz com a apresentação de exemplos e o com-
um fluxograma que previa a divisão partilhamento com toda a turma.

Cartazes apresentados pelo grupo responsável pela capacidade da Compreensão

A capacidade comunicativa da Com- O segundo grupo detalhou cinco for-


preensão do Processo de Produção das mas de compreender, evidenciando a
Mensagens Midiáticas foi abordada necessidade de adotarmos diferentes
por dois grupos. O primeiro demons- perspectivas do processo de aprendi-
trou o processo de compreensão em zagem, que estariam relacionadas aos
três etapas ou fases, que seriam a teo- atos de observar, ouvir, ler, escrever e
ria, a prática e a pesquisa. dialogar.

Cartaz apresentado pelo grupo responsável pela capacidade da Expressão

O grupo responsável pela capacidade da nico a atividades em grupo, sendo estas


Expressão por meio das Linguagens Mi- acompanhadas pelo pesquisador para se
diáticas demonstrou que era necessário alcançar o objetivo de compartilhar com
associar o conhecimento teórico ou téc- todos as mensagens produzidas.

“(...) A gente aprendeu várias coisas, tipo, como alguns trabalhos


em equipe que a gente fez (...) Eu acho que o trabalho foi excelen-
te” (ESTUDANTE B).
31
REALIZAÇÃO
Fase III
DAS ATIVIDADES
A fase de realização das atividades é e manifestar suas dúvidas.
aquela em que colocamos em prática A respeito das questões estruturan-
as ações planejadas pelos estudantes. tes, esta fase poderá permitir que você
Ela pode ser realizada exclusivamente aprimore algumas respostas. De acor-
em sala de aula ou, para agilizar o pro- do com o envolvimento e performan-
cesso, considerar a possibilidade de ce dos discentes, você terá condições
tarefas extraclasse. Porém, conside- de reavaliar a questão “Como?”, pois
rando a possibilidade de os discentes poderá esbarrar em imprevistos ou cir-
não terem afinidade suficiente com cunstâncias capazes de levá-lo a ajustar
as atividades referentes às linguagens a metodologia ou as estratégias adota-
midiáticas, é provável que seja neces- das até àquele momento. As questões
sário que parte dessas atividades pre- “Quem?” e “Onde?” também poderão
cisem realmente ser realizadas com a ser incrementadas, pois suas percep-
sua orientação em sala, para garantir ções sobre os sinais e pistas que serão
a efetividade da prática pelos próprios emitidos pelos participantes ao longo
estudantes. do processo poderão aprofundar o co-
Aqui, iremos apresentar as atividades nhecimento sobre eles e o contexto em
relacionadas ao desenvolvimento das que se encontram. O mesmo poderá
quatro capacidades comunicativas re- ocorrer com a questão “O que?”, pois,
ferentes à apropriação das linguagens apesar da clareza sobre a intencionali-
midiáticas. Para cada uma, há um con- dade pedagógica, as dificuldades e dú-
junto de ações e estratégias que devem vidas que eles externalizarem poderão
estar alinhadas às sugestões dos par- apontar para necessidades que ainda
ticipantes. Apesar desse alinhamen- não tinham sido identificadas, provo-
to, você precisa ficar sempre atento à cando ajustes e adaptações no conte-
intenção de fomentar um ambiente údo abordado pelo processo de ensino.
de diálogo e interação, onde, mesmo A seguir, trataremos de cada uma das
diante de explanações teóricas, os es- capacidades comunicativas que abor-
tudantes não fiquem apenas assistindo damos em nosso protótipo de processo
à apresentação, mas tenham motivos de ensino e apropriação de linguagens
para interagir, expressar suas opiniões midiáticas.

32
A capacidade comunicativa
da Leitura Crítica de
Conteúdos Midiáticos

A leitura crítica já é uma capacidade Essa visão distorcida não é causada


promovida por diferentes áreas do co- apenas por fake news, mas pode ser
nhecimento. Filosofia, Sociologia, Lín- resultado do contato com uma infi-
gua Portuguesa, História e Geografia nidade de conteúdos produzidos por
são algumas das disciplinas que, em quaisquer usuários nas mídias sociais
suas discussões, levam os discentes online que estejam abordando assun-
a refletirem criticamente sobre a re- tos a partir de opiniões particulares,
alidade. No caso dos conteúdos midi- sem um fundamento teórico e críti-
áticos, a leitura crítica aponta para a co suficiente. Se o contato com essas
criticidade necessária que precisamos informações não for submetido a um
adotar para compreender e analisar processo de leitura crítica, é possível
as informações que são veiculadas que a identificação dos usuários com
por diferentes mídias. Em se tratando esses discursos ofusque a percepção
do amplo acesso e alcance das mídias de que há outras perspectivas de se
sociais online, especialmente entre os compreender um mesmo assunto, li-
jovens, essa capacidade comunicativa mitando a visão de mundo e reforçan-
é primordial para o combate às fake do os preconceitos e intolerâncias que
news5. falamos ainda pouco.
A capacidade da leitura crítica não trata Por isso, a capacidade comunicativa da
de uma recepção passiva desses conte- leitura crítica é tão importante para os
údos, pois, de acordo com os teóricos jovens e para qualquer um de nós. Os
da Educomunicação como Martín-Bar- estudantes estão em um processo de
bero (1997) e Orozco Gómez (2014), descoberta do mundo, experimentan-
todos nós ressignificamos as informa- do novas formas de se relacionarem
ções de acordo com referências indivi- com ele para construírem a própria
duais, sociais ou culturais que já possu- existência, e precisam partir de com-
ímos. Se consideramos a capacidade preensões claras sobre as estruturas,
de expressão que as mídias sociais on- as regras e as intenções por trás da
line e as mídias alternativas promovem ação humana para tomarem decisões
entre os usuários, essa ressignificação assertivas, mesmo que isso não res- 5
No artigo “A leitura crítica e
associada a compreensões distorcidas guarde garantias. Nós, por outro lado, a apropriação de linguagens
das fake news pode provocar a promo- apesar da experiência, permanecemos midiáticas como mediações
dialógicas no combate às
ção de ideias e discursos que reforçam em um contínuo processo de aprendi- fake news”, fazemos uma
preconceitos e intolerâncias das mais zagem, precisando, muitas vezes, nos breve discussão sobre os
variadas formas, levando as pessoas a desapegar de percepções parciais da conceitos e impactos indi-
viduais, sociais e políticos
assumirem uma percepção acrítica do realidade para enfrentarmos os desa- provocados pelas fake news.
mundo. fios que a vida sempre nos apresenta. Clique aqui para acessá-lo.

33
Estratégias de interação

O conhecimento sobre o nível de capa- tes durante os debates que forem rea-
cidade de leitura crítica dos participan- lizados.
tes é o primeiro ponto de partida. Isso
pode ser obtido parcialmente na Fase Com a finalidade de reforçar a compre-
I, mas você pode adotar outras ações ensão sobre a leitura crítica, você tam-
para adquirir mais informações neste bém pode propor que essa capacidade
momento do processo de ensino, pro- seja exercitada por meio de atividades
movendo rodas de conversas, discus- escritas ou que incorporem as próprias
6
Memes são conteúdos midi- sões em grupo e explanações teóricas. linguagens midiáticas, como a produ-
áticos em diferentes forma-
tos (imagens, vídeos, frases, O importante é manter a participação ção de um vídeo, um Podcast ou um
expressões) relacionados a ativa e contribuição direta dos discen- blog.
situações de humor que se
propagam, principalmente,
por meio das mídias sociais
Possíveis conteúdos
online.
As atividades voltadas para o de- Fase I, por exemplo, que eles apre-
senvolvimento dessa capacidade sentam certa preocupação com fake
precisam envolver as linguagens mi- news ou ainda, a partir da identifica-
diáticas a partir da utilização de con- ção dos assuntos em que mais se in-
teúdos em qualquer formato (som, teressam, ancorar a necessidade de
texto ou imagem). A abordagem de refletirem criticamente para não for-
assuntos específicos pode ser apon- marem uma percepção distorcida so-
tada pelos próprios participantes ou bre aquele referido contexto. É possí-
7
Confira, abaixo, as matérias ainda ser direcionada pela temática vel também associar os assuntos que
que utilizamos para discutir que condiz a sua intencionalidade emergem deles ao tema de fundo da
a capacidade de Leitura Crí-
tica. Clique nos títulos para pedagógica. Você pode perceber na prática educomunicativa.
acessá-los.
Nossa experiência
Memes: ‘Virei meme e minha
vida se tornou um pesadelo’:
brasileira abandonou a es- Em nossa pesquisa, percebemos que os com toda a turma. Na apresentação
cola e tentou se matar após participantes contavam com uma no- dos resultados a que chegaram, eles ti-
piadas.
ção dos riscos apresentados pelas fake nham a autonomia de decidir a escolha
Memes: Idoso vai receber R$ news. Também notamos que, tanto de dois membros: um para tratar bre-
100 mil em indenização por nos formulários online que aplicamos, vemente sobre o assunto que o texto
foto que virou meme.
quanto nas entrevistas semiestrutura- abordava, e outro para compartilhar as
Fake news: Ganhava a vida das, eles demonstraram alto interesse discussões do grupo.
escrevendo notícias falsas.
por memes6, os quais representavam
a principal motivação de muitos deles Para complementar a compreensão
acessarem as mídias sociais online. sobre a leitura crítica, recorremos à Fi-
losofia. Exibimos um vídeo sobre a Ale-
Diante disso, para abordar a capaci- goria da Caverna, do filósofo Platão,
dade de leitura crítica, propomos dois em que o autor da produção audiovi-
textos referentes à memes e um so- sual relaciona a abordagem da alego-
bre a indústria de produção de fake ria ao contexto de disseminação das
news7. Organizados em três grandes fake news, destacando a importância
8
Confira o vídeo “O Mito da
Caverna de PLATÃO”. Clique grupos, cada um discutiu o texto que de sempre buscarmos informações em
aqui para assisti-lo. havia recebido e depois compartilhou fontes confiáveis8.

34
A capacidade comunicativa
da Identificação das
Linguagens Midiáticas

As linguagens midiáticas são diversas, das mensagens veiculadas em diferen-


conforme vimos brevemente no tópico tes mídias.
“O que são as Linguagens Midiáticas”.
No dia a dia, entretanto, na maioria Diante de um telejornal, por exemplo,
das vezes, elas não se apresentam de em que é predominante a linguagem
forma separada. Ao contrário, contam jornalística, é provável que o objetivo
com uma alta capacidade de imbrica- seja de caráter informativo; porém,
ção, fazendo com que significativa par- a partir do momento que o mesmo
te dos conteúdos a que temos acesso telejornal cita o nome de empresas,
sejam considerados multimidiáticos. em aspecto positivo ou negativo, ele
Identificar as diferenças entre essas passa a adotar uma linguagem mais
linguagens nas vivências do cotidiano, publicitária e a intencionalidade se
mesmo que sob uma perspectiva di- volta para uma ideia de consumo ou
dática, contribui para a compreensão repulsa de determinados produtos ou
sobre o processo de criação de conte- serviços, o que pode expor interesses
údos midiáticos. comerciais da própria empresa de co-
municação, de acordo com o contexto
A capacidade de identificação de lin- e a abordagem empregada. Em ou-
guagens midiáticas também auxilia tras palavras, a capacidade de identifi-
no convívio com os meios de comuni- cação das linguagens midiáticas pode
cação, pois proporciona maior clareza contribuir também para o desenvolvi-
sobre o entendimento de possíveis in- mento da capacidade de leitura crítica
tencionalidades por trás da produção dos conteúdos midiáticos.

Estratégias de interação

Devido essa capacidade abordar as- ao você propor que as primeiras ca-
suntos teóricos bem específicos da racterísticas que diferenciam as lin-
área de Comunicação, nem sempre guagens midiáticas sejam identifica-
é possível tratar diretamente das das pelos próprios alunos a partir da
linguagens midiáticas sem antes re- formação de pequenos grupos. Outro
alizar outras atividades introdutórias detalhe é garantir que as atividades
que estejam mais relacionadas com relacionadas a esta capacidade co-
as experiências dos estudantes. O municativa estejam alinhadas às su-
importante é sempre manter a par- gestões de planejamento fornecidas
ticipação ativa, o que pode ser feito pelos participantes.

Possíveis conteúdos

Você pode propor aos discentes que de pesquisas coletivas na internet ou


discutam, inicialmente, quais as di- ainda a elaboração de uma espécie de
ferenças que eles observam entre as inventário de características ao obser-
linguagens midiáticas. Outra ativida- varem mensagens onde predominam
de introdutória pode ser a realização determinadas linguagens.
35
Você também pode recorrer a um ou- linguagem prevalente.
tro referencial: ao formato do conte- Após essa tarefa intuitiva de diferen-
údo. No geral, as mensagens são dis- ciação, você pode explanar teorica-
ponibilizadas predominantemente no mente o conceito e as características
formato de som (podcast, programas de cada tipo de linguagem midiática.
de rádio, etc.), texto (material textual Aqui, é muito importante apresentar
em sites, blogs, publicações em mídias exemplos que se aproximem do coti-
sociais online, jornais impressos, pan- diano dos estudantes, envolvendo-os
fletos, etc.) ou imagem (fotografias, ví- por meio de perguntas e encorajan-
deos, charges, ilustrações, comerciais do-os a compartilharem possíveis
publicitários, etc). Os discentes podem dúvidas.
ser convidados a sugerir conteúdos
nesses diferentes formatos para anali- Dependendo da situação, você pode
sarem as linguagens que são predomi- realizar inversamente esses momen-
nantes; ou você pode propô-los para tos, iniciando com a parte teórica
que atribuam as características que para, em seguida, propor as ativida-
cada formato assume de acordo com a des de diferenciação.

Nossa experiência

Ao compreendermos a complexidade elencar mídias sociais como Spoti-


em iniciar a abordagem dessa capaci- fy e WhatsApp. Depois, fizeram uma
dade comunicativa com os conceitos relação de características que o refe-
teóricos, decidimos partir do refe- rido formato assumia em cada mídia
rencial dos formatos das mensagens social: no caso do Spotify, poderiam
(som, texto e imagem). Dessa forma, informar que o som assume a forma
de acordo com a confirmação dos de músicas, Podcasts que abordam di-
estudantes, mantivemos os grandes versos assuntos, trilhas sonoras e co-
grupos, que tinham sido formados merciais; no caso do WhatsApp, o som
para a discussão da capacidade comu- corresponderia a músicas ou a áudios
nicativa anterior, e sorteamos sobre produzidos pelos próprios usuários.
qual formato cada um abordaria.
Depois de compreenderem melhor as
Foram duas as tarefas que precisaram características que apontaram, parti-
realizar. Primeiro, classificaram as mí- mos para a explanação teórica sobre
dias sociais online as quais já tinham cada linguagem midiática, apresen-
acesso de acordo com os formatos tando, ao final, um quadro com infor-
das mensagens: por exemplo, o grupo mações semelhantes aos dados que
que ficou com o formato som poderia geraram na primeira atividade.

SOM TEXTO IMAGEM

WhatsApp WhatsApp
MÍDIAS SOCIAIS OU
ALTERNATIVAS

Spotify Blogspot Facebook

Soundcloud Facebook Impressos

WhatsApp Sites/ Portais YouTube

Impressos Instagram
LINGUA-

Radiofônica, Fotográfica, visual,


Jornalística e
GENS

Jornalística e publicitária, audiovisual,


publicitária
publicitária jornalística

36
A capacidade comunicativa
da Compreensão sobre as
Linguagens Midiáticas

A capacidade comunicativa da com- tem certa insegurança de migrarem a


preensão sobre as linguagens midiá- atuação deles nas mídias sociais online
ticas tem o objetivo de proporcionar para atividades pedagógicas, pois na
condições aos discentes de iniciarem maioria das vezes tal performance é
um processo de apropriação dessas resultado de práticas intuitivas apreen-
linguagens por meio da abordagem de didas na própria internet por meio de
conhecimentos referentes à criação, tutoriais.
produção e veiculação de mensagens.
Diante disso, algo que precisa ficar
Em um cenário em que os estudantes muito claro para os discentes é que a
apresentam tanta facilidade em utili- apropriação que buscamos não diz res-
zar as mídias sociais online, tratar so- peito a um domínio técnico e profissio-
bre isso parece ser uma tarefa desne- nal, mas a um conhecimento suficiente
cessária, uma vez que o uso de mídias que permita a eles se expressarem por
alternativas já pressupõe a produção meio dessas linguagens midiáticas, de
de conteúdos para serem compartilha- forma a usufruírem do direito à comu-
dos entre os usuários. Entretanto, não nicação. Em outras palavras, para o
foi bem isso o que identificamos em processo de apropriação, a relevância
nossa pesquisa: a maioria dos estudan- dessa capacidade está mais no percur-
tes participantes apenas consumiam so que os estudantes precisarão fazer
conteúdos já disponibilizados, não se para produzir as mensagens do que
sentindo à vontade em gerar as pró- no resultado em si. Ao considerarmos
prias mensagens devido a um receio a abordagem do assunto ou tema que
de exposição. estiver por trás da intencionalidade
pedagógica, a capacidade também
Partindo de uma outra perspectiva, é contribuirá para o aprofundamento
possível que, ao trazermos esses pro- de conhecimentos específicos de de-
cessos de produção de conteúdos mi- terminadas disciplinas, os quais serão
diáticos para um ambiente formal de desenvolvidos por meio das referidas
aprendizagem, os estudantes manifes- linguagens.

Estratégias de interação

Realizadas individualmente ou em gru-um verdadeiro aliado nessa capacida-


po, é primordial que as atividades refe-
de comunicativa é o telefone celular.
rentes a essa capacidade comunicati- Hoje, todos os processos de produção
va promovam a relação teoria-prática de conteúdos midiáticos podem ser
para que os objetivos de compreensão realizados a partir de aplicativos dispo-
sejam alcançados, estimulando os dis-níveis para dispositivos móveis. Neste
centes a exercitarem cada processo ponto, é importante ter sensibilidade
que compõe a referida capacidade para as limitações dos estudantes; al-
(criação, produção e veiculação). guns, por exemplo, precisarão com-
partilhar o seu aparelho com colegas
Um dos recursos que se converterá em que não o possuem.

37
A capacidade comunicativa pode ser ficar aqueles discentes que já sabem
desenvolvida a partir da sua interven- produzir algum tipo de mensagem no
ção direta, explicando cada um dos formato de som, de texto ou de ima-
processos (criação, produção e veicula- gem, você pode sugerir que eles pró-
ção) e demonstrando um passo a passo prios ensinem os demais participantes
para efetivá-los, ou você pode propor a utilizarem os aplicativos que permi-
essa tarefa aos estudantes. Ao identi- tem tal produção.

Possíveis conteúdos

Para que os participantes tenham no- o conteúdo e a forma da mensagem.


ção sobre que tipo de mensagem esta- Nesta etapa pode ser interessan-
mos falando, é interessante apresen- te abordar os possíveis gêneros: por
tar exemplos, ratificando que outros exemplo, a respeito do texto, definir
estudantes já se permitiram a produzir se ele será de caráter informativo, pu-
esses conteúdos midiáticos como um blicitário ou dissertativo, dentre tantos
esforço de se apropriarem das lingua- outros; no caso da imagem, é impor-
gens midiáticas. Esses exemplos po- tante ter clareza se serão expressadas
dem ser encontrados facilmente na in- por meio de fotografias, ilustrações ou
ternet por meio de buscas utilizando a vídeos; e a respeito do som, se será no
palavra-chave “prática educomunicati- formato de Podcast ou de um progra-
9
Acesse o site da Associação va”. Outro lugar onde poderão ser con- ma de rádio convencional, com músi-
Brasileira de Pesquisadores e
Profissionais em Educomuni-
sultadas várias práticas exitosas é no cas e informes publicitários.
cação. Clique aqui e confira. site da Associação Brasileira de Pesqui-
sadores e Profissionais em Educomu- Na etapa Produzir, estão as atividades
nicação (ABPEducom)9, que disponibi- de uso dos aplicativos de celular pelos
liza publicações científicas referentes a quais é possível produzir as mensagens
práticas educomunicativas realizadas planejadas, podendo demonstrar tela
no Brasil, além de discussões teóricas a tela como criar e editar o conteúdo
e metodológicas sobre o campo de es- em som, em texto e em imagem. Em
tudo. Publicar, também podem ser apresen-
tados outros aplicativos que viabilizam
10
Ouça o episódio “E se ... Para abordar o processo de criação, a disponibilidade dos conteúdos em
bebês pudessem dirigir?”
Clique aqui e confira.
produção e veiculação de mensagens mídias sociais online ou outros tipos de
em mídias alternativas, você pode or- plataformas digitais. E a etapa Propa-
ganizar os processos em quatro eta- gar é referente ao ato de compartilhar
pas, que chamamos de 4Ps: Planejar, as mensagens com a comunidade, dis-
Produzir, Publicar e Propagar. Em tribuindo o conteúdo principalmente
Planejar, encontra-se a atividade de por meio das mídias sociais online para
elaboração de roteiros que orientam que mais pessoas possam acessá-lo.

11
Leia o texto “Quanto vale
Nossa experiência
um jovem?” Clique aqui e
confira. Para que os estudantes tivessem con- Viração11. E em imagem, exibimos um
tato com conteúdos midiáticos se- programa de telejornal produzido por
melhantes com o que iriam produzir, crianças de uma escola estadual12.
apresentamos alguns exemplos em
sala de aula. Sobre o formato som, O detalhamento dos processos de cria-
compartilhamos um episódio do Pod- ção, produção e veiculação das men-
cast E se...10, feito por crianças de até sagens ocorreu a partir dos 4Ps. Em
8 anos. Em texto, apresentamos o tre- Planejar, demonstramos como elabo-
cho de uma matéria escrita e publicada rar um roteiro para a produção de um
Assista ao vídeo “Projeto
12

de Educomunicação”. Clique por jovens em estado de vulnerabili- episódio de Podcast, de um texto e de


aqui e confira. dade social que participam do projeto um vídeo informativo. Em produzir,

38
apresentamos aplicativos gratuitos de veiculação de mensagens ocorreu du-
celular que disponibilizam diversos re- rante a abordagem da capacidade co-
cursos, demonstrando tela a tela como municativa da Expressão, que veremos
criar e editar o conteúdo em som, em a seguir, pois precisávamos otimizar o
texto e em vídeo. E o mesmo fizemos tempo da intervenção em sala de aula.
na etapa Publicar, utilizando outros Porém, quanto mais oportunidades os
aplicativos13. participantes tiverem de exercitar a
O exercício de utilização dos aplica- prática desses processos, maiores as
tivos para os estudantes executarem chances de desenvolverem a apropria-
os processos de criação, produção e ção das linguagens midiáticas.

A capacidade comunicativa
da Expressão por meio das
Linguagens Midiáticas

A capacidade comunicativa da Ex- fas extraclasse, percebemos que eles


pressão está diretamente relacionada tendiam a fazer comparações com
à capacidade de Compreensão. Diz mensagens produzidas por usuários
respeito a um importante avanço no de referência, chamados de influentes
processo de apropriação de linguagens digitais, que geralmente contam com
midiáticas, durante o qual os discentes um suporte técnico profissional para
demonstram a capacidade de produzir gerarem seus conteúdos.
e compartilhar os próprios conteúdos.
É neste momento que eles irão mate- Conforme expõe os critérios essenciais
rializar a Compreensão que obtiveram dos projetos educomunicativos de Ko-
tanto sobre as linguagens midiáticas, ffermann (2018), os resultados alcan-
quanto sobre o assunto ou tema abor- çados não devem se limitar à sala de
dado na prática ou projeto educomuni- aula, eles precisam repercutir ou alcan-
cativo que você conduziu. çar a comunidade, o que será efetivado
pela etapa Propagar da capacidade de
Apesar dessa capacidade está intima- Compreensão. Essa divulgação pode
mente ligada ao uso que os discentes tomar várias formas, desde o compar-
já fazem de diferentes mídias sociais tilhamento dos conteúdos produzidos
online, podem surgir dificuldades ao por meio dos perfis dos estudantes nas
longo do processo de Expressão, como mídias sociais online, até a participa-
as que ocorreram em nossa pesquisa. ção em eventos científicos, ou ainda a
Além de questões referentes ao volu- partir de mostras promovidas pela tur-
me de atividades que já possuíam em ma para exibir à comunidade escolar
suas 20 disciplinas simultâneas, o que as discussões que abordaram por meio
tornava inviável a realização de tare- das linguagens midiáticas.

Estratégias de interação 13
Você pode consultar o pas-
so a passo de criação, edição
As atividades relacionadas à capacida- çar outras dimensões do desenvolvi- e publicação de conteúdos
de comunicativa da Expressão podem mento dos estudantes se realizadas por meio dos aplicativos que
apresentamos aos discentes
ser realizadas individualmente, porém, em grupo, onde poderão promover um participantes de nossa pes-
os resultados têm o potencial de alcan- importante processo de autogeren- quisa. Clique aqui e confira.

39
ciamento das tarefas. Consideramos você apresentar algumas alternativas
também relevante que você priorize a de aplicativos, os discentes precisam
realização das atividades em sala de ficar à vontade para usar outros com os
aula para poder acompanhar de perto quais já tenham certa afinidade; afinal,
todo o processo até a veiculação das a autonomia e protagonismo deles du-
mensagens. rante todo o processo é uma máxima
que não pode sair de foco.
Com a proposta do uso de aplicativos
para captura, edição e veiculação dos O compartilhamento das mensagens
conteúdos por meio dos celulares, é produzidas, que representarão a ex-
primordial verificar se todos os partici- pressão do aprendizado deles tanto do
pantes terão acesso tanto aos dispositi- assunto ou tema quanto dos processos
vos quanto à internet; em alguns casos, relacionados às linguagens midiáticas,
você precisará intervir para garantir pode ser dividido em dois momentos:
que todos tenham a oportunidade de um em sala de aula, para que a turma
participar ativamente da produção. possa contribuir com sugestões de me-
Vale ressaltar também que, no caso de lhoria; e outro para a comunidade.

Possíveis conteúdos

Orientados por um assunto ou tema uso dos aplicativos, apresentações que


advindo da intencionalidade pedagó- você tenha feito ou simplesmente sua
gica, na efetivação dessa capacidade disponibilidade para orientá-los quan-
os estudantes irão decidir quais abor- do necessário.
dagens serão adotadas nas mensa-
gens. Você pode apresentar algumas No momento de compartilharem com
alternativas, inclusive se baseando em a turma os conteúdos que produziram,
discussões que eles já tenham feito em você pode estabelecer uma dinâmica
sala de aula, mas o ideal é que eles de- de autoavaliação entre eles, entregan-
cidam aquelas com as quais irão traba- do para cada estudante ou grupo uma
lhar. ficha onde irão registrar as opiniões,
críticas e sugestões de melhoria. Ao fi-
É possível que surjam dúvidas ao longo nal, cada grupo poderá realizar os ajus-
do processo de produção e veiculação. tes nas mensagens conforme as contri-
Por isso, é interessante que os alunos buições que receberam da turma para,
tenham fácil acesso a materiais de su- somente depois disso, compartilhá-las
porte, que podem ser tutoriais para o com a comunidade.

Nossa experiência

Para o exercício da capacidade de Ex- Na especificação do tema que iriam


pressão, associada à capacidade da abordar nas mensagens, apresenta-
Compreensão, tínhamos destinado mos quatro propostas relacionadas
apenas um encontro em sala de aula ao contexto deles: mundo do trabalho
com os participantes de nossa pesqui- para o técnico em Informática no Ma-
sa, mas foi preciso estender para três, rajó; os desafios enfrentados pelo jo-
pois apresentaram dificuldades em vem marajoara na construção do seu
conciliar as atividades extraclasse com futuro; as diferentes expressões cultu-
as demandas das demais disciplinas. rais do Marajó; e as contribuições que
Apenas um grupo conseguiu produzir o os jovens podem dar para a melhoria
conteúdo midiático extraclasse, o que da qualidade de vida no Marajó. Os es-
nos levou a dedicar um encontro exclu- tudantes tinham autonomia para abor-
sivamente para que os dois restantes dar quaisquer assuntos, e isso foi refor-
finalizassem as atividades de edição çado várias vezes. Dessa forma, dois
em sala. grupos optaram por falar sobre cultura:

40
um a respeito da culinária e outro numa etapa Propagar por se configurar em
perspectiva mais histórica; e o terceiro um exercício essencial no processo de
escolheu tratar do mundo do trabalho. apropriação das linguagens midiáticas.
No momento de planejarem as men- A partir dela, o conteúdo produzido pe-
sagens, onde deveriam preencher os los discentes alcança outras pessoas da
roteiros propostos, ao percebermos comunidade e isso poderá resultar em
que estavam com dificuldades, com- reações e manifestações de opinião,
binamos que poderiam estabelecer o criando um ambiente propício para o
próprio modelo de planejamento, ape- diálogo e o convívio com as diferenças.
nas descrevendo como idealizavam o Em nosso caso, por considerarmos a fi-
conteúdo. nalidade científica da intervenção, res-
peitamos a decisão dos participantes
Os alunos compartilharam suas mensa- e, mesmo tendo acesso às mensagens
gens com a turma e, então, chegamos que produziram, não a publicamos.
a outra dificuldade: o de publicar nas
mídias sociais online ou em mídias al- Entendemos que, em nosso contexto,
ternativas. Como a produção era deles, onde buscamos adotar uma postura
a proposta é que publicassem em seus dialógica baseada em uma relação de
próprios perfis e explicassem aos usu- confiança, tomar a iniciativa de publi-
ários sobre o que se tratava. No final, car o conteúdo no lugar dos estudantes
depois de algumas insistências, perce- se converteria em uma interferência na
bemos que não estavam se sentindo autonomia e protagonismo que tanto
confortáveis em efetivar essa última buscamos reforçar ao longo de todo o
etapa. Então, deixamos eles à vontade processo de ensino. Em outra realida-
para decidirem, até porque essa era a de, onde fôssemos docentes da turma,
tarefa mais simples de todo o processo, isso poderia ser diferente, pois tería-
dada a tamanha familiaridade que eles mos tempo para discutir e chegarmos
já tinham com o uso dessas mídias. a outras alternativas de compartilha-
Compreendemos a importância da mento com a comunidade.

“(...) Eu achei que foi uma metodologia diferenciada do que a


gente já tinha visto aqui no IF, porque geralmente os professores
têm a tendência a passar muito conteúdo e não trabalham a
prática com a gente. Isso foi muito interessante, o senhor ter
trazido a prática. (...) O que a gente tava estudando tá atrelado
com a sociedade moderna contemporânea, que são os assuntos
de fake news que já até caíram no ENEM, de saber, compreender
(...). [O] podcast, como todo mundo falou, as pessoas não sabiam
o que era; eu não sabia, fui aprender aqui, e vários outros
aplicativos que o senhor falou” (ESTUDANTE C).

“(...) Gostei de ter contato com os aplicativos que o senhor


apresentou. É bom, porque às vezes a gente quer editar, a gente
tem pouco conhecimento e quando isso foi apresentado pra
gente, se a gente for produzir algo assim, a gente já tem aquela
ideia, já sabe por onde começar. (...) Acho que a gente conseguiu
absorver algumas coisas que a gente vai aproveitar futuramente”
(ESTUDANTE D).

41
AVALIAÇÃO
Fase IV
DOS RESULTADOS
A fase de avaliação, ao contrário do peraram significativas dificuldades em
que pode parecer por estarmos tra- determinado assunto só por não terem
tando dela após as demais fases, deve alcançado um número expressivo de
ocorrer ao longo de todo o processo de acertos.
ensino. Esse caráter de continuidade
proporciona ao processo a possibili- Essa avaliação dualística, baseada em
dade de você realizar ajustes e adap- acertos e erros, pode provocar certas
tações de acordo com a receptividade barreiras nos estudantes em realizar
e as reações que os discentes apresen- autoavaliações. Por isso, é relevante
tarem. Os momentos de avaliação são que você durante os momentos dedi-
também ocasiões propícias à participa- cados à avaliação do processo de en-
ção ativa dos estudantes, que poderão sino motive, esclareça e pontue a im-
compartilhar suas percepções e obser- portância de todos contribuírem para
var na prática o quanto podem contri- a melhoria contínua da prática educo-
buir com o próprio processo de apren- municativa que desenvolvem. Dessa
dizagem. forma, os resultados serão muito mais
significativos tanto em relação aos
A ação de avaliar, no entanto, nem objetivos por trás da intencionalidade
sempre é tão simples para os estudan- pedagógica, quanto para o desenvolvi-
tes, e isso é compreensível. Ainda pro- mento da apropriação das linguagens
movemos uma educação pautada em midiáticas.
uma avaliação que efetivamente não
dá conta do objetivo a que se propõe. A avaliação, no entanto, não é feita
A atribuição de notas e a conversão apenas pelos participantes. Você tam-
dos resultados dos discentes em nú- bém precisa estar atento, observando
meros ou conceitos não expõem parti- e avaliando os efeitos que o processo
cularidades e nem dimensionam o real de ensino está provocando entre os
aprendizado obtido, o qual em muitos discentes. É por meio dos sinais e pis-
casos não se adequa totalmente à in- tas que eles emitem involuntariamen-
tencionalidade pedagógica, mas pode te que temos a capacidade de perceber
se encontrar em outras dimensões do se estamos no caminho certo ou se
desenvolvimento humano. É inconce- será necessário fazermos ajustes para
bível vermos desprezados, por exem- alcançarmos efetivamente os objeti-
plo, os avanços de estudantes que su- vos definidos.

42
Estratégias de interação

Os momentos de avaliação do proces- lização de alguma tarefa, evite deixar


so de ensino podem ocorrer ao final de para tratar sobre ela somente no final
cada aula, encontro ou na finalização da aula ou encontro, pois o momento
de uma tarefa. O ideal é que os estu- pode passar despercebido ou não rece-
dantes se sintam à vontade de expres- ber a atenção necessária. Prefira asso-
sar suas opiniões e sugestões e essa ciar a avaliação às próprias atividades,
manifestação ocorra em um ambiente de forma que já esteja incorporada às
dialógico. Aplicar questionários físicos tarefas. Por exemplo, você pode pro-
ou online pode ajudar em alguns as- por aos participantes que, junto ao
pectos, mas não irá atender plenamen- compartilhamento dos resultados com
te os objetivos da avaliação, por isso, a turma, eles já apresentem as dificul-
sugerimos que esses instrumentos se- dades, opiniões ou sugestões referen-
jam utilizados apenas para fins muito tes à atividade.
específicos como realizar uma pesqui-
sa de reação. Para avaliar o processo Para a avaliação feita por você, suge-
de ensino, prefira a interação direta rimos que crie o hábito de fazer ano-
com os participantes. tações sobre o que observa em sala de
aula durante as práticas educomunica-
Uma alternativa que pode contribuir tivas. Reserve um espaço para elas em
com a desenvoltura dos discentes é seu caderno ou em blocos de nota di-
propor a eles que se expressem por gitais em seu celular. Você pode fazer
meio de desenhos e possam, em se- isso logo depois da finalização da aula
guida, explicar o que simboliza a ilus- ou encontro, ou em outro momento ao
tração. Outra opção é motivá-los a re- longo do dia. O importante é não deixar
alizar a avaliação em grupos pequenos passar muito tempo para não esquecer
antes de compartilharem suas percep- os detalhes. Essas anotações podem
ções com toda a turma. ser consultadas antes de você planejar
as próximas atividades, de forma a re-
No desenvolvimento do processo, alizar ajustes e melhorias nas tarefas já
apesar da avaliação pressupor a fina- planejadas com os participantes.

Possíveis conteúdos

A profundidade da avaliação está na dela? O que vocês fariam para melho-


pergunta que você fará aos estudan- rar os resultados se fosse necessário
tes. Quanto mais clara e objetiva for a repetir a mesma tarefa? Que sugestões
pergunta, mais facilidade eles terão de vocês dariam aos seus colegas para re-
respondê-la. Quais dificuldades vocês alizar a atividade? Essas são algumas
tiveram para realizar a tarefa? O que perguntas que podem motivar uma
poderia ter sido melhor na execução avaliação mais proveitosa.

Nossa experiência

Em nossa pesquisa, nos esforçamos ções ao longo do processo e fizemos


em realizar a avaliação ao final de cada anotações criteriosas que contribuí-
encontro. Dos nove que realizamos em ram para a melhoria de cada encontro
sala de aula, em três não conseguimos seguinte. Algumas vezes, quando per-
efetivar a avaliação devido à euforia cebemos que a avaliação em sala não
dos estudantes em ir embora ou por havia sido suficiente, propomos que os
já termos utilizado todo o tempo que discentes compartilhassem suas per-
tínhamos disponível. Entretanto, obti- cepções por meio do grupo que cria-
vemos importantes opiniões e percep- mos no WhatsApp.
43
Além da avaliação ao final de cada en-
conseguíamos avaliar se estávamos
contro, como parte da validação do
realmente alinhados às respostas que
processo educacional, destinamos o
demos às questões “Por que?” e “Para
último encontro em sala de aula para
que?”. O contato com conhecimentos
a realização de uma plenária de avalia-
novos referentes às linguagens midi-
ção do processo de ensino, de forma a
áticas, a reflexão sobre a relação que
obter a percepção dos estudantes so-
estabeleciam com as mídias sociais
bre todos os encontros, identificando
online e a projeção para objetivos pro-
dúvidas, críticas e propostas de me-
fissionais demonstraram que contribu-
lhorias que contribuíram diretamente
ímos com a formação humana, crítica
para a materialização do processo de
e cidadã dos estudantes, bem como
ensino neste e-book. despertamos a atenção deles para a
importância de desenvolverem sua di-
A cada percepção que obtínhamos, mensão comunicacional.

“Foram bem interessantes os assuntos que o senhor trouxe pra


gente e houve uma interação boa entre nós, os alunos, porque
eram diferentes grupos e os grupos não foram formados pela
gente, né (...); trouxe também aprendizado, trouxe informações
sobre alguns aplicativos, sobre como repassar informações nas
redes sociais e fake news. A gente aprendeu bastante coisa em
relação a redes sociais“ (ESTUDANTE E).

Eu achei muito importante os nossos encontros pelo tema que


seria as redes midiáticas, as linguagens midiáticas, a gente se
comunicar com as redes sociais e tudo mais. Deu pra saber o que
são, quais são os objetivos de cada forma de linguagem, deu pra
gente aprender bacana, eu só faltei uma aula” (ESTUDANTE F).

Eu achei que a dinâmica dessas aulas que a gente teve foi bem
interativa, a gente participou bastante, deu espaço pras pessoas
se comunicarem. (...) Os meninos se esforçaram bastante pra
fazer o vídeo, eu gostei da ideia deles perguntarem pra gente
a nossa opinião. (...) A proposta que o senhor trouxe foi bem
diferente assim da rotina que a gente tem, que a gente estuda
bastante e tal. Eu acho que essa proposta que o senhor trouxe de
abrir mais, deixar a gente mais à vontade, eu acho que foi legal
(ESTUDANTE G).

44
O protótipo de processo de ensino e dania a partir da expressão e da discus-
Outro olhar
apropriação de linguagens midiática são de assuntos que perpassam a vida
que desenvolvemos com os estudan- real, transformando esses ambientes
tes do IFPA Campus Breves e que ma- em arenas propícias à reverberação
terializamos neste e-book apresentou de suas opiniões e reivindicações e ao
significativo potencial em se tornar usufruto do direito à comunicação.
uma referência ou inspiração para
quem deseja incorporar as linguagens Em um mundo cada vez mais conecta-
midiáticas em suas práticas educativas do, as capacidades comunicativas se
na Educação Profissional e Tecnológica tornam essenciais para que os profis-
ou em qualquer ambiente formal ou sionais alcancem seus objetivos. E não
não-formal de aprendizagem. estamos falando apenas no ambiente
virtual, mas também nas relações in-
A receptividade dos estudantes, a terpessoais cotidianas. Quando pro-
curiosidade diante dos assuntos que porcionamos um espaço de interação,
abordamos e o desconhecimento so- de produção coletiva, de autonomia e
bre os conteúdos teóricos e sobre par- protagonismo a esses jovens, nós es-
te do processo de produção e edição tamos estimulando a capacidade de se
de conteúdos midiáticos demonstram expressarem, de dialogarem, de enca-
que a Educação Profissional e Tecnoló- rarem e respeitarem as diferentes opi-
gica carece de práticas educomunicati- niões e perspectivas.
vas que contribuam para o desenvolvi-
mento de capacidades relacionadas à Contribuir para a formação humana,
comunicação e voltadas para o mundo crítica, cidadã e profissional a partir de
do trabalho. práticas educomunicativas é um pro-
cesso que não se esgota em atividades
A partir do momento que ajudamos os isoladas, nem em projetos específicos,
estudantes a verem as mídias sociais mas que se desenvolve e amadurece
online e as mídias alternativas com ou- conforme sua continuidade. O nos-
tros olhos, não apenas focados no en- so processo de ensino se caracteriza
tretenimento, colaboramos para que como algo pontual, que não se basta,
eles despertem para o potencial que mas que foi capaz de demonstrar o
têm em mãos, levando-os a perceber quanto as práticas educomunicativas
que não são simples plataformas digi- podem contribuir para que esses jo-
tais para compartilhar textos, fotos e vens se tornem cidadãos ativos e cons-
vídeos, mas que são ambientes virtuais cientes do seu papel transformador na
onde podem e devem exercer sua cida- sociedade.

45
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Hericley Serejo Santos Ana Maria Leite Lobato
AUTOR ORIENTADORA

Mestre em Educação Profissional e Doutora e Mestre em Educação Bra-


Tecnológica (ProfEPT) pelo Instituto sileira pela Universidade Federal do
Federal de Educação, Ciência e Tec- Ceará, Licenciada Plena Em Educação
nologia do Pará (IFPA). Graduado em Artística pela Universidade Federal
Comunicação Social - Habilitação em do Pará (1990). É especialista em Arte
Relações Públicas com Ênfase em Tu- Educação/ PUC-MG; especialista em
rismo, pelo Instituto de Estudos Supe- História e Historiografia da Amazônia
riores da Amazônia (IESAM). MBA em pela UNIFAP. Especialista em Educa-
Marketing, Propaganda e Comunica- ção (IFPA). Graduada em Pedagogia
ção Integrada pela Universidade Gama (UNIP). Licenciada Plena em Educa-
Filho (UGF). Especialista em Gerencia- ção Artística, com habilitação em Artes
mento de Projetos - Práticas do PMI, Plásticas e História da Arte. Atualmen-
pelo SENAC São Paulo. Atua como te é professora do Ensino Básico Tec.
relações públicas no Instituto Federal e Tecnológico - ativo permanente do
do Pará, Campus Breves. É coautor do Instituto Federal De Educação, Ciência
livro Planejamento Estratégico para a e Tecnologia Do Pará. Docente do Pro-
Vida, publicado pela editora Ser Mais. grama de Pós-Graduação em Educação
Membro da Associação Brasileira de Profissional e Tecnológica- ProfEPT.
Pesquisadores e Profissionais em Edu- Tem experiência na área de Artes, com
comunicação (ABPEducom). ênfase em Artes Plásticas. Professor(a)
Titular do IFPA.
Contato:
hericleyrp@gmail.com Contato:
WhatsApp: leao.jr@uol.com.br
https://wa.me/559184070095
Lattes:
Lattes: http://lattes.cnpq.
http://lattes.cnpq. br/9495816553531888
br/0394396997531860

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