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Orientadora
Ana Maria Leite Lobato
Recursos Gráficos
Freepik | Flaticon
Imagens
Hericley Serejo Santos | Pixabay
Revisão
Elias Santos Serejo
Belém-PA
2020
Apresentação Este e-book é a materialização de um
protótipo de processo de ensino e
apropriação de linguagens midiáticas,
desenvolvido na pesquisa “Processo de
Ensino e práticas educomunicativas na
proporcionar condições aos estudantes
da Educação Profissional e Tecnológica
de desenvolverem sua dimensão co-
municacional a partir de uma perspecti-
va educomunicativa. Apesar de ter sido
Educação Profissional de jovens do en- desenvolvido com indivíduos em con-
sino médio integrado do IFPA Campus texto e com intencionalidades especí-
Breves”, localizado na Mesorregião do ficas próprias da pesquisa, o protótipo
Marajó, no Pará. A pesquisa se consti- busca assumir um caráter interdiscipli-
tuiu como parte dos requisitos para a nar e pretende se tornar uma referên-
conclusão do Mestrado Profissional em cia ou ponto de partida para docentes
Educação Profissional e Tecnológica e demais profissionais da educação que
(ProfEPT) do Instituto Federal do Pará desejem adotar uma abordagem edu-
(IFPA), Campus Belém. comunicativa em práticas pedagógicas
na Educação Profissional e Tecnológica
Configurado como um processo educa- ou em quaisquer espaços formais ou
cional, o protótipo surgiu de questões não-formais de aprendizagem.
identificadas tanto em discussões teó-
ricas que abordam as dimensões da for- O e-book conta com duas seções. A
mação integral do discente, quanto da primeira diz respeito a uma breve abor-
minha prática profissional como rela- dagem teórica e metodológica que sus-
ções públicas do IFPA Campus Breves, tentou o desenvolvimento do protóti-
ao perceber que as necessidades de po, e a segunda trata da estrutura e da
comunicação estavam além dos aspec- prática do processo de ensino, dando
tos institucionais e se estendiam aos subsídios para a sua aplicação em sala
processos educativos realizados em de aula.
sala de aula. Por isso, partindo do en-
tendimento de que há uma relação de Para além do cumprimento de um re-
interdependência entre o ato de educar quisito do Programa de Pós-Gradua-
e de comunicar, recorri a autores que ção, este e-book foi produzido por eu
possibilitassem a identificação de ele- acreditar que o protótipo de processo
mentos de interface entre a Educação de ensino, o qual aqui materializo, é
Profissional e Tecnológica e a Educo- capaz de dar condições aos estudantes
municação, dos quais destaco Marize da Educação Profissional e Tecnológica
Ramos, Gaudêncio Frigotto, Paolo No- de iniciarem o processo de apropriação
sella, Jesús Martín-Barbero, Guillermo das linguagens midiáticas, de forma a
Orozco Gómez e Ismar Soares. passarem a encarar os espaços virtuais
aos quais têm acesso como ambientes
Ao identificar aproximações entre o de diálogo, de exercício da cidadania,
projeto ético-político-pedagógico de propícios à reverberação de opiniões e
ambos os campos de estudo, elaborei o reinvindicações que visem a construção
processo de ensino com a intenção de de uma sociedade melhor.
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Nas pesquisas exploratórias que ante- um blog, de uma exposição fotográfica
Como aplicar? cederam a elaboração do protótipo,
percebemos que capacidades relacio-
ou mesmo de um perfil em uma rede
social online que se ancore no humor
nadas à comunicação não constavam para discutir o referido conteúdo.
no currículo do Projeto Pedagógico do
Curso onde realizamos a intervenção Porém, vale ressaltarmos algo que
pedagógica (IFPA, 2016), apesar do está na essência das práticas educo-
curso fazer parte do eixo de Informa- municativas: é a partir da autonomia,
ção e Comunicação no Catálogo Nacio- ou seja, do poder de decisão dos estu-
nal de Cursos Técnicos do Ministério da dantes, e do protagonismo, onde eles
Educação (BRASIL, 2016). No entanto, são os principais agentes de criação e
observamos que os professores, mes- desenvolvimento das atividades, que
mo sem uma clareza ou aprofunda- conseguimos realizar efetivamente
mento teórico, incorporavam em suas práticas educomunicativas. Em outras
práticas docentes elementos comuni- palavras, não basta você idealizar as
cativos, promovendo, de certa forma, atividades e apresentá-las aos discen-
uma abordagem educomunicativa. tes para que eles apenas as executem.
Um contexto que confirmou a necessi- Eles precisam participar ativamente
dade de desenvolvermos um protótipo da idealização à execução das práticas
de processo de ensino que desse subsí- para que, realmente, sejam considera-
dios suficientes para a adoção de prá- das educomunicativas.
ticas educomunicativas na Educação
A aplicação do nosso protótipo de pro-
Profissional e Tecnológica.
cesso de ensino ocorre, primeiramente,
O nosso protótipo busca servir de refe- por meio das respostas a cada questão
rência ou inspiração quando a intenção estruturante, mesmo que de forma preli-
for incorporar as linguagens midiáticas minar, e depois na compreensão de cada
nas atividades pedagógicas. Por exem- fase que o compõe. É a partir das respos-
plo, a partir do nosso processo de ensi- tas a essas questões e da inspiração nas
no você pode propor que os estudan- quatro fases que será possível delinear
tes escolham entre variados tipos de práticas educomunicativas voltadas es-
conteúdos midiáticos (em formato de pecificamente ao contexto e aos parti-
som, de texto ou de imagem) aqueles cipantes no ambiente de aprendizagem
que julgarem mais adequados para de- em que se deseja aplicar o processo de
monstrarem o aprendizado obtido so- ensino. Entretanto, por ser um protóti-
bre conhecimentos específicos de Lín- po, você necessariamente não precisará
gua Portuguesa, Matemática, História, realizar todo o processo que propomos,
Filosofia ou Física, o que pode ser ma- mas pode se inspirar em apenas parte
terializado por meio da produção de dele, conforme os indivíduos e o contex-
um jornal, de um vídeo, da criação de to em que se encontram.
7
Que tal um exemplo?
Imagine que você é um professor ou “Mas eu não sei nada sobre como pro-
professora de Física e precisa ensinar duzir esse tipo de conteúdo: não sei
questões relativas ao Planeta Terra, editar som, não sei editar vídeo e nem
suas características, formação e cama- fotografia!” Calma, não se desespe-
das internas. Partimos desse ponto, re! Você irá se surpreender com o que
porque quando lidamos com o ensino seus estudantes são capazes de fazer.
precisamos considerar a intenção edu- E o que não souberem, poderão des-
cativa, muitas vezes representada pelo cobrir juntos, por meio de pesquisas
currículo de um curso. Agora, iniciando colaborativos, buscando aplicativos e
a aplicação do nosso protótipo de en- tutoriais para essa finalidade. Alguns
sino, os próximos passos serão centra- desses aplicativos nós vamos apresen-
lizados nos estudantes: você precisa tar no tópico referente à Capacidade
conhecê-los, ter uma conversa prévia Comunicativa da Compreensão de Lin-
para identificar quais são os saberes guagens Midiáticas (página 75).
que eles já possuem sobre o tema.
É provável que você não consiga de-
Vamos imaginar que, nessa conversa, senvolver esse processo em uma ou
surja a dúvida: a terra é redonda ou duas aulas e precise estruturá-lo em um
plana? Conseguimos imaginar a cara projeto que poderá durar três ou seis
de espanto desse professor ou pro- meses, tendo os próprios estudantes
fessora, mas se formos pensar pela como principais agentes. Quem sabe,
perspectiva educomunicativa, temos você perceba ser mais viável abordar
aí uma oportunidade: tratar sobre fake mais de um tema simultaneamente e,
news que defendem que a terra plana. ainda, fazer interface com outras dis-
Você, então, pode sugerir que as ati- ciplinas. Que tal envolver Geografia,
vidades que os estudantes realizarão Matemática e História? Aqui, a criati-
considerem as diferentes formas de vidade e a flexibilidade são primordiais
compartilhar informação: por meio do e vão se adequar de acordo com cada
texto, do vídeo, do áudio, da fotogra- realidade e contexto. O importante,
fia, entre outros, podendo, inclusive, o que está no centro da questão, é le-
inserir expressões artísticas. É a partir var os estudantes a despertarem para
desses formatos que a atividade será capacidades comunicativas, demons-
realizada. trando que eles podem se apropriar
das linguagens comunicacionais que
Dito isto, a bola agora está com os es- utilizam facilmente nas mídias alter-
tudantes: como irão se organizar, o nativas e nas mídias sociais online para
que irão fazer para provar que a terra é desenvolverem seus próprios conteú-
redonda (ou não) e como vão compar- dos e mensagens.
tilhar isso entre eles; tudo será definido
por eles. O seu papel está em orientar, As disciplinas, os assuntos e as estra-
esclarecer dúvidas, disponibilizar co- tégias a serem adotadas são diversas.
nhecimentos mais específicos, apre- Afinal, as capacidades comunicativas
sentar alternativas quando estiverem perpassam todos os saberes. Práticas
um pouco “perdidos”, sempre priori- educomunicativas são cada vez mais
zando o poder de decisão deles. Uma realizadas em sala de aula, mas ain-
equipe pode decidir fazer um vídeo no da há muito o que compartilhar, pro-
YouTube, outra produzir um episódio blematizar e pesquisar. Aqui, iremos
de Podcast. Ou, ainda, podem juntos, apresentar algumas abordagens que
docente e discentes, definirem um úni- podem contribuir para a incorporação
co formato e plataforma para publicar dessas práticas na Educação Profissio-
o conteúdo que criarem. nal e Tecnológica.
8
A Educação Profissional e Tecnológica
11
permitir e dar condições para o uso de cidadã e profissional. Ter essa sensibi-
celulares não são suficientes. É pre- lidade sobre a necessidade do desen-
ciso que haja a intencionalidade de volvimento de capacidades comuni-
educar por meio de elementos comu- cativas, para que os discentes tenham
nicacionais. O que os estudantes real- condições de enfrentar os desafios da
mente precisam compreender é como vida no mundo real, é um dos princi-
incorporar as tecnologias disponíveis pais fatores que motivam o estabele-
no cotidiano, assim como as informa- cimento da relação entre Educação e
ções que elas geram, à sua formação Comunicação.
A Educomunicação
Foi a mesma pergunta que nos fizemos recepção midiática pelas pessoas tam-
desde o início de nossa pesquisa. De- bém não é passiva. Ao contrário, elas
pois de consultar autores da Educomu- realizam jogos de ressignificação dos
nicação, como Soares (2011), Orozco sentidos a partir de mediações cultu-
Gómez (2014) e Martín-Barbero (1997), rais, ou seja, de conhecimentos e refe-
percebemos que a expressão era utili- renciais que já possuem.
zada sem um aprofundamento teórico.
Até que nos deparamos com o concei- No esforço de compreendermos as lin-
to de Marshall McLuhan. Em 1964, ele guagens midiáticas, acreditamos que
afirmou que cada mídia tem sua pró- seja válido abordarmos, mesmo que
pria linguagem ou gramática por meio brevemente, o conceito de linguagem.
da qual apresenta significados de uma Recorremos ao entendimento de Mar-
maneira particular. Sendo assim, as lin- cos Bagno (2014), para o qual a lingua-
guagens midiáticas seriam o conjunto gem diz respeito à capacidade de re-
dessas linguagens que emergem das presentar e expressar simbolicamente
mídias (WILSON et al, 2013). Mas, pen- as experiências, por meio de um siste-
sem conosco: de 1964 para cá devem ma de signos e significados utilizados
ter ocorrido muitos avanços nas dis- na produção de sentidos.
cussões sobre as mídias, correto? No
Atentos a problematizações que per-
campo da comunicação em interface
passam os campos do Estudo das Mí-
com a política, por exemplo, Rousiley
dias, da Linguística e os próprios pres-
Maia (2006) defende que as mídias não
supostos teóricos da Educomunicação,
estão a serviço apenas da propagação
percebemos em nossa pesquisa que
de informações para sujeitos que re-
chegar a um conceito da expressão
cebem passivamente as notícias, mas
linguagem midiática condizia a uma
são, na verdade, um subsistema social,
limitação. No entanto, a fim de aten-
um ambiente de ação, composto por 2
No artigo “A dimensão
der, mesmo que provisoriamente, às comunicacional do discente
instituições e especialistas que usu-
necessidades de nosso objeto de estu- na produção científica em
fruem de certa autonomia nas intera- Educação Profissional e
do, consideraremos as linguagens mi-
ções. Entretanto, a compreensão dos Tecnológica de 2013 a 2018”,
diáticas como o conjunto de códigos, realizamos uma discussão
conteúdos que produzem não depen-
símbolos, signos e elementos técnicos mais detalhada sobre os
de exclusivamente de suas intenções e elementos de interface que
que compõem diferentes linguagens
interesses. identificamos entre a EPT e a
comunicacionais (radiofônica, jorna- Educomunicação. Clique aqui
Para Jesús Martin-Barbero (1997) essa lística, publicitária, fotográfica, visual para acessá-lo.
13
e audiovisual) e que são peculiares a permeados por jogos de ressignifica-
cada tipo de mídia, sejam conven- ção e relações de poder vivenciados
cionais ou alternativas, por meio das pelos sujeitos. A seguir, descrevemos
quais se estabelecem processos de alguns conceitos de linguagens midi-
idealização, produção, veiculação e áticas a partir de diferentes referen-
difusão de mensagens em contextos ciais teóricos.
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E por que a expressão “apropriação de rádios e jornais comunitários (PE-
de linguagens midiáticas”? Partimos RUZZO, 2007) e, mais recentemente,
da compreensão do próprio verbo com a massificação das mídias sociais
“apropriar-se”, que significa tomar online. Essa apropriação, no entanto,
para si algo que a princípio não lhe não é alcançada de forma instantâ-
pertencia, um sentido que também nea pelo estudante, mas consiste em
é empregado ao termo “apodera- um verdadeiro processo, no qual, ao
mento”, utilizado por Soares (2014). mesmo tempo que reforça sua com-
Ou seja, as linguagens midiáticas preensão por meio da observação
estavam antes reservadas exclusiva- e reflexão crítica da realidade, con-
mente aos meios de comunicação de segue usufruir cada vez mais do seu
massa. Isso, no entanto, sofreu mu- direito à comunicação ao exercitá-la
danças ao longo dos anos no Brasil e na reverberação de suas opiniões, in-
na América Latina com o surgimento quietações e reinvindicações.
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Foram essas as capacidades que repre- de troca, de construção mútua, de co-
sentaram nossa intenção pedagógica laboração.
no protótipo de processo de ensino
que desenvolvemos. O restante, como Em nossa investigação, para orientar
os tipos de atividade, as estratégias e, a prática educativa em sala de aula
de certa forma, os materiais didáticos, adotamos os Aspectos do Raciocínio
tudo foi definido com os estudantes. Pedagógico, de Lee Shulman (2014).
Esse autor apresenta seis aspectos
A adoção dos critérios essenciais dos para se efetivar um processo de ensino
projetos educomunicativos (KOFFER- e aprendizagem, em uma lógica quase
MANN, 2018) reforçou a escolha pela cíclica, que são: a compreensão de um
pesquisa-ação como metodologia assunto em diferentes perspectivas;
científica para a investigação que ge- a transformação dessa compreensão
rou o processo de ensino, pois tanto os para a realidade e características dos
critérios quanto a referida metodolo- discentes; a instrução, que consiste na
gia prezam pela participação ativa de efetivação do ensino com vista a uma
todos os envolvidos. É esse percurso, aprendizagem significativa; a avalia-
da intenção investigativa à produção ção do processo de ensino e a apren-
do processo educacional, que influen- dizagem; a reflexão sobre os processos
ciou diretamente a organização do anteriores; e a construção de novas
nosso protótipo nas quatro fases pro- compreensões em relação aos propó-
postas por Chisté (2016): (1) a identifi- sitos, aos conteúdos e processos didá-
cação das situações iniciais, (2) o pla- ticos.
nejamento das ações, (3) a realização Em nosso protótipo, onde a participa-
das atividades previstas e (4) a avalia- ção ativa de todos os estudantes é de-
ção dos resultados obtidos. terminante, a proposta é que tais pro-
cessos sejam executados por todos, de
Além de nos apoiarmos nessas bases forma colaborativa. A participação dos
metodológicas, nós também nos filia- discentes é idealizada a partir dos se-
mos a concepções pedagógicas, que guintes aspectos: na compreensão do
discutem mais profundamente os as- assunto, por meio de pesquisas reali-
pectos do processo de ensino e apren- zadas dentro ou fora de sala aula, por
dizagem. Destacamos duas: a aprendi- leituras em grupos ou individualmen-
zagem significativa (MOREIRA, 2017) te; na transformação do conteúdo à
e a dialogicidade freiriana (FREIRE, própria realidade, fazendo inferências
1987). Apesar de serem abordagens ao contexto social em que se encon-
distintas, elas se convergem em alguns tram; no compartilhamento dos con-
pontos. Por isso, partimos da seguinte teúdos entre os participantes, a partir
premissa: o estudante é o centro do da escolha por estratégias ou proces-
processo de ensino e aprendizagem. sos didáticos; na avaliação da própria
Não que ele vá definir diretamente o performance e gestão da sala de aula,
que quer aprender ou vá ter total do- a ser efetivada no final de cada ativida-
mínio sobre o processo educativo. de, aula ou encontro; na reflexão sobre
Mas, é a partir dele, do conhecimento os processos realizados por meio da
sobre ele, suas origens e os saberes e discussão sobre o conteúdo e a apren-
referenciais que já possui, que desco- dizagem; e na construção de novas
briremos de que forma o novo conhe- compreensões e percepções sobre as
cimento chamará a sua atenção e se temáticas abordadas.
conectará com a sua realidade. E para
conseguirmos isso, o melhor caminho Foi a partir dessas diferentes referên-
que encontramos foi o diálogo, em seu cias metodológicas e pedagógicas que
sentido mais genuíno, onde o objeti- desenvolvemos o nosso protótipo de
vo não é impor a opinião de um sobre processo de ensino e apropriação de
o outro, mas estabelecer uma relação linguagens midiáticas.
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O protótipo de processo de ensino e comunicativas que contribuirão para a
apropriação de linguagens midiáticas sua formação profissional e cidadã.
foi projetado para ser realizado a par-
tir das respostas a questões estrutu- Devido a esse escopo, você poderá es-
rantes e da organização das atividades truturar o processo de ensino em for-
em fases. Com a clareza das respostas, mato de projeto, proposta que está
mesmo que provisórias, às questões alinhada à pedagogia que integra as
estruturantes, você terá condições de práticas educomunicativas (SOARES,
percorrer as quatro fases do processo, 2011). Os Institutos Federais apresen-
que não devem ser encaradas como tam aderência a esse tipo de ativida-
etapas sequenciais, pois você percebe- de, pois já contam com a promoção de
rá que, de acordo com as circunstâncias projetos integradores que, entre ou-
que ocorrerem ao longo do caminho, tros objetivos, buscam “contribuir para
necessitará retomar considerações de a construção da autonomia intelectual
diferentes fases. dos alunos, por meio da pesquisa, as-
sim como formar atitudes de cidada-
A realização de práticas educomuni- nia, de solidariedade e de responsabili-
cativas, por decorrência dos princípios dade social” (MOURA, 2007, p. 24).
que precisa atender, requer mais tem-
po que outras atividades em sala de Como já falamos, a estrutura do protó-
aula. Haverá fases que você conseguirá tipo do processo de ensino deve ser en-
realizar em uma ou duas horas-aulas, carada como uma fonte de inspiração,
dependendo da complexidade do as- a ser analisada e adaptada para as ne-
sunto que pretende abordar. Outras, cessidades que você identificar entre
no entanto, exigirão mais dedicação, os seus estudantes. Ou seja, você não
como é o caso da fase de realização precisará percorrer por todas as capa-
das atividades, em que você deve fi- cidades comunicativas em um único
car atento tanto ao planejamento das projeto, mas poderá abordá-los aos
aulas, que precisa estar alinhado às poucos, conforme identificar os avan-
sugestões dos alunos, quanto aos es- ços que os discentes apresentarem.
forços de envolvimento e participação Isso vale também para a escolha das
dos discentes, para que apreendam linguagens midiáticas e dos formatos
os novos conhecimentos e, simulta- das mensagens (som, texto e imagem)
neamente, compreendam o papel da que serão adotados, o que não deve li-
apropriação das linguagens midiáticas mitar a participação ativa dos estudan-
no desenvolvimento de capacidades tes.
19
cas, sequências didáticas, propostas de intervenção,
roteiros de oficinas, etc.); Material textual (manuais,
guias, textos de apoio, artigos em revistas técnicas
ou de divulgação, livros didáticos e paradidáticos,
histórias em quadrinhos e similares); Materiais inte-
rativos (jogos, kits e similares); Atividades de exten-
são (exposições científicas, cursos, oficinas, ciclos de
palestras, exposições, atividades de divulgação cien-
tífica e outras) (CAPES, 2013, p. 27).
O PROTÓTIPO DE
EIXOS DESCRIÇÃO
PROCESSO DE ENSINO
Referente aos conceitos e
A apropriação de linguagens
debates centrais que se pre-
midiáticas a partir da aborda-
Eixo conceitual tende promover por meio do
gem de capacidades comuni-
material; o foco da aprendi-
cativas.
zagem.
O percurso proposto é basea-
Corresponde ao percurso
do nos princípios dos projetos
que o material propõe aos
educomunicativos, com clara
usuários, considerando os
intencionalidade pedagógica
conhecimentos prévios que
e sendo orientado pelas fases
Eixo pedagógico possuem no ponto de partida
da pesquisa-ação, as quais
e tendo clareza sobre que
contemplam a consideração
aprendizados são almejados,
dos conhecimentos prévios
quais concepções e valores
dos participantes sobre a
terão ao final desse percurso.
temática.
Neste eixo, consideramos
Está relacionado à materia- tanto as formas de comuni-
lidade, ao formato e lingua- cação utilizadas durante a
gem que serão utilizados intervenção em sala de aula,
Eixo comunicacional no material; quais serão quanto à materialidade do
as formas concretas que o protótipo no formato de
material terá de se relacionar e-book para possibilitar a
com seus usuários. propagação do processo de
ensino.
Fonte: produção dos autores.
20
Para você compreender melhor o que detalhamento sobre as questões es-
desenvolvemos junto com os estu- truturantes e as fases do protótipo de
dantes, a seguir, apresentamos um processo de ensino.
As questões estruturantes
21
COMO RESPONDEMOS ÀS QUESTÕES ESTRUTURANTES EM NOSSO PROTÓTIPO
DE PROCESSO DE ENSINO E APROPRIAÇÃO DE LINGUAGENS MIDIÁTICAS
22
COMO DISTRIBUÍMOS OS ENCONTROS EM SALA DE AULA EM RELAÇÃO ÀS
FASES E ÀS CAPACIDADES COMUNICATIVAS
23
IDENTIFICAÇÃO
Fase I
DAS SITUAÇÕES INICIAIS
Esta fase corresponde aos primeiros Então, reforçamos o questionamento:
contatos com os participantes da prá- será que conhece mesmo?
tica educomunicativa tanto para apre-
sentar a proposta a eles, quanto para Se queremos promover uma aprendi-
conhecê-los melhor. zagem significativa e dialógica, pre-
cisamos conhecer os estudantes de
Conforme já afirmamos, as práticas forma mais profunda: saber o que eles
educomunicativas não são impositi- gostam de fazer no tempo livre; como
vas, elas dependem diretamente da é a família deles; o que eles pensam so-
participação ativa dos discentes. Para bre determinados assuntos; informa-
que isso seja possível, eles precisam ções que vão depender do objetivo que
conhecer a proposta, serem envolvidos temos com a realização da prática edu-
e se sentirem motivados em contribuir cativa. Só o fato de se dispor a ouvi-los,
com ela. Em uma sala de aula comum, você já estará favorecendo a criação de
a motivação mais aparente é a pontua- um ambiente propício ao diálogo.
ção para a avaliação do trimestre. Mas
em se tratando da abordagem edu- As atividades realizadas nesta fase irão
comunicativa, esse interesse precisa proporcionar um amadurecimento das
envolver algo mais significativo, que respostas às questões estruturantes
leve os estudantes a se dedicarem para “Quem?” e “O que?”, referentes ao
além de uma atividade obrigatória. perfil dos estudantes e ao conteúdo a
Isso pode ser alcançado a partir de uma ser abordado na prática educomunica-
abordagem social, econômica, política tiva. E você sempre voltará a elas du-
ou tecnológica que justifique a realiza- rante a realização do processo de ensi-
ção daquela prática. No caso da Edu- no quando perceber os sinais ou pistas
cação Profissional, pode ocorrer ainda que os participantes irão externalizar
por meio da relação com o mundo do e que poderão provocar mudanças no
trabalho, sobre como as atividades po- conteúdo ou na sua abordagem. A par-
derão contribuir para a formação deles tir disso, você terá maior clareza sobre
enquanto profissionais e cidadãos. que práticas e discussões possibilitarão
maior conexão com o perfil e o contex-
No processo de conhecimento dos dis- to em que os discentes se encontram,
centes, se você é professor ou profes- sabendo quais estratégias e recursos
sora, deve estar pensando: “Mas, eu poderão ser mais efetivos por estarem
já conheço os meus alunos e alunas!” no campo de interesse deles.
24
Estratégias de interação
Possíveis conteúdos
25
Nossa experiência
26
PLANEJAMENTO
Fase II
DAS AÇÕES
Esta fase é dedicada ao planejamento todas elas, até porque é possível que
das ações que serão realizadas na prá- surjam contradições ou propostas in-
tica educomunicativa. É um momento viáveis de ser executadas com os re-
do processo de ensino que demanda cursos que você e a instituição têm
diretamente a participação ativa dos disponíveis. O importante é captar os
discentes, pois propõe que essas ações principais elementos que podem ser
sejam planejadas a partir das suges- incorporados nas atividades, de forma
tões fornecidas por eles. Orientados a fazer com que os alunos se sintam
pela metodologia da pesquisa-ação, a efetivamente parte do processo de en-
fase também pode abrigar a elabora- sino.
ção de um contrato de ação coletiva
(FRANCO, 2005), um documento sim- A principal resposta aperfeiçoada nes-
bólico em que os estudantes possam ta fase é a relacionada à questão es-
apontar quais regras ou normas de truturante “Como?”, pois nela é pos-
conduta eles próprios irão seguir para sível identificar como os estudantes
que tenham êxito no alcance dos obje- gostariam que as ações fossem reali-
tivos definidos em conjunto. zadas, indicando ainda quais ativida-
des consideram mais adequadas para
Com as sugestões em mãos, você terá a aprendizagem dos conteúdos. Indi-
maiores chances de realizar atividades retamente, também aprofundamos a
que apresentem formas ou caracterís- questão “Quem?” por conhecermos
ticas mais alinhadas ao campo de aten- como eles compreendem a própria
ção dos discentes. Isso, no entanto, capacidade de apreender novos co-
não quer dizer que você precise adotar nhecimentos.
27
Estratégias de interação
Possíveis conteúdos
28
sobre o que são esses gêneros e quais discussão entre os grupos de partici-
elementos os diferenciam, de forma pantes.
que tenham condições de aprofundar
os conhecimentos ao longo do pro- Depois de ter delineado o assunto ou
cesso. tema do processo de ensino, chega o
momento de os estudantes planeja-
A apresentação desse panorama geral rem as ações que irão compor a prá-
sobre o assunto ou tema pode ser fei- tica educomunicativa. Dependendo
to de diversas formas: uma explana- do perfil deles, se você julgar neces-
ção teórica breve realizada por você; sário, além de direcionar a pergunta
a exibição de um vídeo explicativo; a que propomos, você pode apresentar
exploração de um episódio de Pod- exemplos, porém, com o intuito de
cast4; ou a distribuição de textos para criar referências, nunca de limitá-los.
Nossa experiência
4
Podcast é um arquivo de
áudio que transmite infor-
As ações que os estudantes planeja- riam em cada uma delas. mações em um formato pa-
ram eram relacionadas às capacidades recido com um programa de
rádio, contendo narrações,
comunicativas que iríamos abordar Para materializarem as sugestões de entrevistas, descrições e até
nos encontros seguintes. Por meio do planejamento, os grupos receberam publicidade, com o diferen-
quadro branco, desenhamos quatro papel A4, cartolina e canetinhas colo- cial de poder ser acessado
a qualquer momento em
ícones que diferenciavam cada capaci- ridas, com os quais expressaram, por plataformas digitais online
dade, explicando sobre o que aprende- meio de ilustrações e esquemas visu- ou em sites na internet.
29
ais, as formas como deveriam ser abor- trados em fotografia e resgatados a cada
dadas cada capacidade comunicativa. A encontro em que tratávamos de uma
atividade despertou muito envolvimen- capacidade, demonstrando as relações
to dos estudantes e gerou resultados que as atividades estabeleciam com as
muito positivos. Os cartazes foram regis- sugestões dadas pelos discentes.
30
O grupo responsável pela capacidade da Turma em grupos de pesquisa para
da Identificação das Linguagens Mi- estudarem as diferentes linguagens,
diáticas apresentou um cartaz com a apresentação de exemplos e o com-
um fluxograma que previa a divisão partilhamento com toda a turma.
32
A capacidade comunicativa
da Leitura Crítica de
Conteúdos Midiáticos
33
Estratégias de interação
O conhecimento sobre o nível de capa- tes durante os debates que forem rea-
cidade de leitura crítica dos participan- lizados.
tes é o primeiro ponto de partida. Isso
pode ser obtido parcialmente na Fase Com a finalidade de reforçar a compre-
I, mas você pode adotar outras ações ensão sobre a leitura crítica, você tam-
para adquirir mais informações neste bém pode propor que essa capacidade
momento do processo de ensino, pro- seja exercitada por meio de atividades
movendo rodas de conversas, discus- escritas ou que incorporem as próprias
6
Memes são conteúdos midi- sões em grupo e explanações teóricas. linguagens midiáticas, como a produ-
áticos em diferentes forma-
tos (imagens, vídeos, frases, O importante é manter a participação ção de um vídeo, um Podcast ou um
expressões) relacionados a ativa e contribuição direta dos discen- blog.
situações de humor que se
propagam, principalmente,
por meio das mídias sociais
Possíveis conteúdos
online.
As atividades voltadas para o de- Fase I, por exemplo, que eles apre-
senvolvimento dessa capacidade sentam certa preocupação com fake
precisam envolver as linguagens mi- news ou ainda, a partir da identifica-
diáticas a partir da utilização de con- ção dos assuntos em que mais se in-
teúdos em qualquer formato (som, teressam, ancorar a necessidade de
texto ou imagem). A abordagem de refletirem criticamente para não for-
assuntos específicos pode ser apon- marem uma percepção distorcida so-
tada pelos próprios participantes ou bre aquele referido contexto. É possí-
7
Confira, abaixo, as matérias ainda ser direcionada pela temática vel também associar os assuntos que
que utilizamos para discutir que condiz a sua intencionalidade emergem deles ao tema de fundo da
a capacidade de Leitura Crí-
tica. Clique nos títulos para pedagógica. Você pode perceber na prática educomunicativa.
acessá-los.
Nossa experiência
Memes: ‘Virei meme e minha
vida se tornou um pesadelo’:
brasileira abandonou a es- Em nossa pesquisa, percebemos que os com toda a turma. Na apresentação
cola e tentou se matar após participantes contavam com uma no- dos resultados a que chegaram, eles ti-
piadas.
ção dos riscos apresentados pelas fake nham a autonomia de decidir a escolha
Memes: Idoso vai receber R$ news. Também notamos que, tanto de dois membros: um para tratar bre-
100 mil em indenização por nos formulários online que aplicamos, vemente sobre o assunto que o texto
foto que virou meme.
quanto nas entrevistas semiestrutura- abordava, e outro para compartilhar as
Fake news: Ganhava a vida das, eles demonstraram alto interesse discussões do grupo.
escrevendo notícias falsas.
por memes6, os quais representavam
a principal motivação de muitos deles Para complementar a compreensão
acessarem as mídias sociais online. sobre a leitura crítica, recorremos à Fi-
losofia. Exibimos um vídeo sobre a Ale-
Diante disso, para abordar a capaci- goria da Caverna, do filósofo Platão,
dade de leitura crítica, propomos dois em que o autor da produção audiovi-
textos referentes à memes e um so- sual relaciona a abordagem da alego-
bre a indústria de produção de fake ria ao contexto de disseminação das
news7. Organizados em três grandes fake news, destacando a importância
8
Confira o vídeo “O Mito da
Caverna de PLATÃO”. Clique grupos, cada um discutiu o texto que de sempre buscarmos informações em
aqui para assisti-lo. havia recebido e depois compartilhou fontes confiáveis8.
34
A capacidade comunicativa
da Identificação das
Linguagens Midiáticas
Estratégias de interação
Devido essa capacidade abordar as- ao você propor que as primeiras ca-
suntos teóricos bem específicos da racterísticas que diferenciam as lin-
área de Comunicação, nem sempre guagens midiáticas sejam identifica-
é possível tratar diretamente das das pelos próprios alunos a partir da
linguagens midiáticas sem antes re- formação de pequenos grupos. Outro
alizar outras atividades introdutórias detalhe é garantir que as atividades
que estejam mais relacionadas com relacionadas a esta capacidade co-
as experiências dos estudantes. O municativa estejam alinhadas às su-
importante é sempre manter a par- gestões de planejamento fornecidas
ticipação ativa, o que pode ser feito pelos participantes.
Possíveis conteúdos
Nossa experiência
WhatsApp WhatsApp
MÍDIAS SOCIAIS OU
ALTERNATIVAS
Impressos Instagram
LINGUA-
36
A capacidade comunicativa
da Compreensão sobre as
Linguagens Midiáticas
Estratégias de interação
37
A capacidade comunicativa pode ser ficar aqueles discentes que já sabem
desenvolvida a partir da sua interven- produzir algum tipo de mensagem no
ção direta, explicando cada um dos formato de som, de texto ou de ima-
processos (criação, produção e veicula- gem, você pode sugerir que eles pró-
ção) e demonstrando um passo a passo prios ensinem os demais participantes
para efetivá-los, ou você pode propor a utilizarem os aplicativos que permi-
essa tarefa aos estudantes. Ao identi- tem tal produção.
Possíveis conteúdos
11
Leia o texto “Quanto vale
Nossa experiência
um jovem?” Clique aqui e
confira. Para que os estudantes tivessem con- Viração11. E em imagem, exibimos um
tato com conteúdos midiáticos se- programa de telejornal produzido por
melhantes com o que iriam produzir, crianças de uma escola estadual12.
apresentamos alguns exemplos em
sala de aula. Sobre o formato som, O detalhamento dos processos de cria-
compartilhamos um episódio do Pod- ção, produção e veiculação das men-
cast E se...10, feito por crianças de até sagens ocorreu a partir dos 4Ps. Em
8 anos. Em texto, apresentamos o tre- Planejar, demonstramos como elabo-
cho de uma matéria escrita e publicada rar um roteiro para a produção de um
Assista ao vídeo “Projeto
12
38
apresentamos aplicativos gratuitos de veiculação de mensagens ocorreu du-
celular que disponibilizam diversos re- rante a abordagem da capacidade co-
cursos, demonstrando tela a tela como municativa da Expressão, que veremos
criar e editar o conteúdo em som, em a seguir, pois precisávamos otimizar o
texto e em vídeo. E o mesmo fizemos tempo da intervenção em sala de aula.
na etapa Publicar, utilizando outros Porém, quanto mais oportunidades os
aplicativos13. participantes tiverem de exercitar a
O exercício de utilização dos aplica- prática desses processos, maiores as
tivos para os estudantes executarem chances de desenvolverem a apropria-
os processos de criação, produção e ção das linguagens midiáticas.
A capacidade comunicativa
da Expressão por meio das
Linguagens Midiáticas
Estratégias de interação 13
Você pode consultar o pas-
so a passo de criação, edição
As atividades relacionadas à capacida- çar outras dimensões do desenvolvi- e publicação de conteúdos
de comunicativa da Expressão podem mento dos estudantes se realizadas por meio dos aplicativos que
apresentamos aos discentes
ser realizadas individualmente, porém, em grupo, onde poderão promover um participantes de nossa pes-
os resultados têm o potencial de alcan- importante processo de autogeren- quisa. Clique aqui e confira.
39
ciamento das tarefas. Consideramos você apresentar algumas alternativas
também relevante que você priorize a de aplicativos, os discentes precisam
realização das atividades em sala de ficar à vontade para usar outros com os
aula para poder acompanhar de perto quais já tenham certa afinidade; afinal,
todo o processo até a veiculação das a autonomia e protagonismo deles du-
mensagens. rante todo o processo é uma máxima
que não pode sair de foco.
Com a proposta do uso de aplicativos
para captura, edição e veiculação dos O compartilhamento das mensagens
conteúdos por meio dos celulares, é produzidas, que representarão a ex-
primordial verificar se todos os partici- pressão do aprendizado deles tanto do
pantes terão acesso tanto aos dispositi- assunto ou tema quanto dos processos
vos quanto à internet; em alguns casos, relacionados às linguagens midiáticas,
você precisará intervir para garantir pode ser dividido em dois momentos:
que todos tenham a oportunidade de um em sala de aula, para que a turma
participar ativamente da produção. possa contribuir com sugestões de me-
Vale ressaltar também que, no caso de lhoria; e outro para a comunidade.
Possíveis conteúdos
Nossa experiência
40
um a respeito da culinária e outro numa etapa Propagar por se configurar em
perspectiva mais histórica; e o terceiro um exercício essencial no processo de
escolheu tratar do mundo do trabalho. apropriação das linguagens midiáticas.
No momento de planejarem as men- A partir dela, o conteúdo produzido pe-
sagens, onde deveriam preencher os los discentes alcança outras pessoas da
roteiros propostos, ao percebermos comunidade e isso poderá resultar em
que estavam com dificuldades, com- reações e manifestações de opinião,
binamos que poderiam estabelecer o criando um ambiente propício para o
próprio modelo de planejamento, ape- diálogo e o convívio com as diferenças.
nas descrevendo como idealizavam o Em nosso caso, por considerarmos a fi-
conteúdo. nalidade científica da intervenção, res-
peitamos a decisão dos participantes
Os alunos compartilharam suas mensa- e, mesmo tendo acesso às mensagens
gens com a turma e, então, chegamos que produziram, não a publicamos.
a outra dificuldade: o de publicar nas
mídias sociais online ou em mídias al- Entendemos que, em nosso contexto,
ternativas. Como a produção era deles, onde buscamos adotar uma postura
a proposta é que publicassem em seus dialógica baseada em uma relação de
próprios perfis e explicassem aos usu- confiança, tomar a iniciativa de publi-
ários sobre o que se tratava. No final, car o conteúdo no lugar dos estudantes
depois de algumas insistências, perce- se converteria em uma interferência na
bemos que não estavam se sentindo autonomia e protagonismo que tanto
confortáveis em efetivar essa última buscamos reforçar ao longo de todo o
etapa. Então, deixamos eles à vontade processo de ensino. Em outra realida-
para decidirem, até porque essa era a de, onde fôssemos docentes da turma,
tarefa mais simples de todo o processo, isso poderia ser diferente, pois tería-
dada a tamanha familiaridade que eles mos tempo para discutir e chegarmos
já tinham com o uso dessas mídias. a outras alternativas de compartilha-
Compreendemos a importância da mento com a comunidade.
41
AVALIAÇÃO
Fase IV
DOS RESULTADOS
A fase de avaliação, ao contrário do peraram significativas dificuldades em
que pode parecer por estarmos tra- determinado assunto só por não terem
tando dela após as demais fases, deve alcançado um número expressivo de
ocorrer ao longo de todo o processo de acertos.
ensino. Esse caráter de continuidade
proporciona ao processo a possibili- Essa avaliação dualística, baseada em
dade de você realizar ajustes e adap- acertos e erros, pode provocar certas
tações de acordo com a receptividade barreiras nos estudantes em realizar
e as reações que os discentes apresen- autoavaliações. Por isso, é relevante
tarem. Os momentos de avaliação são que você durante os momentos dedi-
também ocasiões propícias à participa- cados à avaliação do processo de en-
ção ativa dos estudantes, que poderão sino motive, esclareça e pontue a im-
compartilhar suas percepções e obser- portância de todos contribuírem para
var na prática o quanto podem contri- a melhoria contínua da prática educo-
buir com o próprio processo de apren- municativa que desenvolvem. Dessa
dizagem. forma, os resultados serão muito mais
significativos tanto em relação aos
A ação de avaliar, no entanto, nem objetivos por trás da intencionalidade
sempre é tão simples para os estudan- pedagógica, quanto para o desenvolvi-
tes, e isso é compreensível. Ainda pro- mento da apropriação das linguagens
movemos uma educação pautada em midiáticas.
uma avaliação que efetivamente não
dá conta do objetivo a que se propõe. A avaliação, no entanto, não é feita
A atribuição de notas e a conversão apenas pelos participantes. Você tam-
dos resultados dos discentes em nú- bém precisa estar atento, observando
meros ou conceitos não expõem parti- e avaliando os efeitos que o processo
cularidades e nem dimensionam o real de ensino está provocando entre os
aprendizado obtido, o qual em muitos discentes. É por meio dos sinais e pis-
casos não se adequa totalmente à in- tas que eles emitem involuntariamen-
tencionalidade pedagógica, mas pode te que temos a capacidade de perceber
se encontrar em outras dimensões do se estamos no caminho certo ou se
desenvolvimento humano. É inconce- será necessário fazermos ajustes para
bível vermos desprezados, por exem- alcançarmos efetivamente os objeti-
plo, os avanços de estudantes que su- vos definidos.
42
Estratégias de interação
Possíveis conteúdos
Nossa experiência
Eu achei que a dinâmica dessas aulas que a gente teve foi bem
interativa, a gente participou bastante, deu espaço pras pessoas
se comunicarem. (...) Os meninos se esforçaram bastante pra
fazer o vídeo, eu gostei da ideia deles perguntarem pra gente
a nossa opinião. (...) A proposta que o senhor trouxe foi bem
diferente assim da rotina que a gente tem, que a gente estuda
bastante e tal. Eu acho que essa proposta que o senhor trouxe de
abrir mais, deixar a gente mais à vontade, eu acho que foi legal
(ESTUDANTE G).
44
O protótipo de processo de ensino e dania a partir da expressão e da discus-
Outro olhar
apropriação de linguagens midiática são de assuntos que perpassam a vida
que desenvolvemos com os estudan- real, transformando esses ambientes
tes do IFPA Campus Breves e que ma- em arenas propícias à reverberação
terializamos neste e-book apresentou de suas opiniões e reivindicações e ao
significativo potencial em se tornar usufruto do direito à comunicação.
uma referência ou inspiração para
quem deseja incorporar as linguagens Em um mundo cada vez mais conecta-
midiáticas em suas práticas educativas do, as capacidades comunicativas se
na Educação Profissional e Tecnológica tornam essenciais para que os profis-
ou em qualquer ambiente formal ou sionais alcancem seus objetivos. E não
não-formal de aprendizagem. estamos falando apenas no ambiente
virtual, mas também nas relações in-
A receptividade dos estudantes, a terpessoais cotidianas. Quando pro-
curiosidade diante dos assuntos que porcionamos um espaço de interação,
abordamos e o desconhecimento so- de produção coletiva, de autonomia e
bre os conteúdos teóricos e sobre par- protagonismo a esses jovens, nós es-
te do processo de produção e edição tamos estimulando a capacidade de se
de conteúdos midiáticos demonstram expressarem, de dialogarem, de enca-
que a Educação Profissional e Tecnoló- rarem e respeitarem as diferentes opi-
gica carece de práticas educomunicati- niões e perspectivas.
vas que contribuam para o desenvolvi-
mento de capacidades relacionadas à Contribuir para a formação humana,
comunicação e voltadas para o mundo crítica, cidadã e profissional a partir de
do trabalho. práticas educomunicativas é um pro-
cesso que não se esgota em atividades
A partir do momento que ajudamos os isoladas, nem em projetos específicos,
estudantes a verem as mídias sociais mas que se desenvolve e amadurece
online e as mídias alternativas com ou- conforme sua continuidade. O nos-
tros olhos, não apenas focados no en- so processo de ensino se caracteriza
tretenimento, colaboramos para que como algo pontual, que não se basta,
eles despertem para o potencial que mas que foi capaz de demonstrar o
têm em mãos, levando-os a perceber quanto as práticas educomunicativas
que não são simples plataformas digi- podem contribuir para que esses jo-
tais para compartilhar textos, fotos e vens se tornem cidadãos ativos e cons-
vídeos, mas que são ambientes virtuais cientes do seu papel transformador na
onde podem e devem exercer sua cida- sociedade.
45
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