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Campinas
2018
Dáfnie Paulino da Silva
Campinas
2018
DEDICATÓRIA
E àquele que não deve ser nomeado, por seu valoroso trabalho...
This investigation examines the strategies of Instructional Design (I.D) and interactions,
occurred in a pilot e-learning course, from a theoretical perspective based on the practices of
produsage, convergence culture, instructional design theories and connectivist learning
theory. Our objective is to suggest subsidies, for a I.D e-elearning, which favor such practices
and prioritize engagement. Thus, we developed a case study, guided by the qualitative-
interpretative paradigm, of an on-line cMOOC (Connectivist Massive Open Online Course).
The course is based on the theory of connectivist learning and it is characterized as a course of
free access. The cMOOC format and similar ones represent a trend of web 2.0, developing
initiatives that seek the collaborative and produsers practices, but they take this direction
without understanding the mechanisms of operation of the engagement, produsage and
collaborative work in the environments where they occur. This is a problem because the
dynamics of such practices are, in many ways, refractory to certain institutional, political,
technical and pedagogical obstacles linked to traditional values and power relations in
education, which makes complex their appropriation for official teaching-learning initiatives.
Such complexity justifies the necessity for a study, which suggest possible subsidies for a I.D.
favorable to practices and transliteracies, of the culture of convergence and production. For
this research, we have selected two research questions: (1) What are the instructional goals of
the cMOOC course investigated and what strategies are chosen for this? (2) What
instructional, pedagogical, and technical factors approximate or favor the principles and
practices common to the produsage and collaborative communities? Finally, our expectation
is that the findings of this thesis contribute to the new teaching-learning proposals online and
to the work of instructional designer e-learning. These results may eventually enhance the
positive effects and scalability of MOOC courses, as well as improve the participatory
response (engagement) in other learning designs.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Nove eventos de aprendizagem de Gagné .............................................................99
Quadro 2: Características e relação de ferramentas do curso.................................................202
SUMÁRIO
Introdução
Introdução................................................................................................................................18
I. Sobre nosso Objeto de Estudo: um curso cMOOC Piloto...................................................19
II. A necessidade de reconfigurar o e-learning.........................................................................21
II. Objetivo principal e objetivos específicos da tese e perguntas de pesquisa........................22
IV. Tese em foco: estruturação dos capítulos e organização teórica......................................23
7. Considerações finais.........................................................................................................275
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................286
ANEXOS.............................................................................................................................. 298
Anexo 1................................................................................................................................. 299
Anexo 2................................................................................................................................. 301
Anexo 3................................................................................................................................. 303
Anexo 4................................................................................................................................. 306
Anexo 5................................................................................................................................. 307
Anexo 6................................................................................................................................. 309
Anexo 7: Quadro A: Emblemas do fórum Connected Courses, regime de concessão e
propiciações............................................................................................................................311
18
I. Introdução
O acrônimo MOOC constitui a sigla para Massive On-line Open Course (Curso
Aberto Massivo On-line); escolhemos uma variação do formato MOOC, pois pensamos que o
modelo massivo constitui uma estratégia de democratização do ensino, a qual tem sido
adotada em larga escala. Acreditamos que as estratégias instrucionais desse formato dialogam
20
CAPÍTULO 1
Metodologia de Pesquisa
1. Apresentação do capítulo
1
Tradução nossa Connected Courses is a collaborative network of faculty in higher education developing online,
open courses that embody the principles of connected learning and the values of the open web. (disponível em:
http://connectedcourses.net/about/).
27
Os dados analisados são primários, não tendo sido ainda indexados, ou oriundos
de qualquer pesquisa. As evidências do estudo do Connected Courses partem de quatro
fontes: o portal do Connected Courses, Sites Daily Connector, Twittes no microblog Twitter e
os blogs de sete participantes do curso.
2
http://connectedcourses.net/thecourse/.
3
(https://dailyconnector.wordpress.com/).
29
4
Infelizmente, a integração entre Topsy e o microblog Twitter foi extinta em 2017.
30
demandado pelo fato do programa (Topsy) não suportar o resgate de mensagens muito
antigas.
Durante a análise e o registro de dados, o recurso Topsy proporcionou um certo
nível de filtragem, permitindo resgatar postagens com recursos de vídeos, fotos e links. O total
dos twittes superou 5000 mensagens à época da coleta; o seu conteúdo possui valor
qualitativo de análise e mescla comunicados, estímulos, reblogagens e interações com
diversas naturezas entre facilitadores e alunos.
amostras do subgrupo, nos restringimos a algumas marcas e travessias, a fim de a partir delas
estabelecer algumas reflexões analíticas sobre esse processo de interação leitora, construção
de sentidos, interação social e processos de produção e socialização de conteúdos.
A análise desses dados apresentou objetivo descritivo e explicativo, seguindo as
diretrizes metodológicas propostas para estudo do caso. A tabulação de dados objetivou
identificar conexões estabelecidas entre conteúdos, rastrear marcas semióticas de participação,
identificar quais fatores levam a estratégias bem-sucedidas de design, enfim, interpretar
eventos subjetivos e produzir uma generalização analítica (YIN, 2005), que sintetizasse a
resposta dos alunos ao design do material didático e interação com tutores.
Durante a análise, à luz da fundamentação teórica apresentada, estabelecemos
procedimentos sistemáticos para descrever e compreender o design dos ambientes e suas
propostas; as relações entre os usuários e conteúdo; relações de comunicação e hierarquia.
Segue um maior detalhamento dos procedimentos de análise:
Análise de design e análise técnica: (aplicada ao material didático).
Apoiando-nos nas teorias prescritivas do design instrucional para aprendizado
eletrônico, analisamos a maneira como foram organizados e selecionados os objetivos,
unidades, papéis, atividades, ferramentas multimídia, aplicativos, fluxo informacional,
conteúdos e avaliação. A partir da teoria de desenvolvimento de design instrucional, é
possível inferir as concepções de ensino-aprendizagem que fundamentaram o curso, assim
como as expectativas de seus criadores, quando exploraram certos aspectos de usabilidade da
web. No design, avaliamos também como o curso se adéqua à teoria de aprendizagem
conectivista, verificando quais propiciações da web foram utilizadas no incentivo às conexões.
Sinalizar travessias: a semântica hipermodal fornece categorias de análise
para textos hipermodais e discursos típicos dos espaços digitais, permitindo investigar como
os textos digitais orientam ações e produzem sentidos.
A partir da semiótica hipermodal, certos dados podem ser considerados como
marcas semióticas rastreáveis (indicações de links, vídeos, remixes, animações). Nosso
objetivo, na análise, é verificar os diferentes tipos de marcas semióticas deixadas por essas
travessias, avaliando como os participantes orientam, articulam, agregam, e efetuam sua
participação por meio de travessias.
As marcas semióticas denotam a movimentação de alunos e facilitadores durante
o processo de ensino-aprendizagem, pois o design de conteúdos orienta o interator a navegar
pela web. Com foco no grupo de sete participantes, a pesquisa examinará algumas de suas
possíveis travessias ou como responderam às indicações dos colegas: se as ignoraram; se
32
facilitadores. As publicações desse subgrupo estavam dispersas entre o fórum, a rede social
Twitter e os blogs particulares com postagens produzidas a respeito, do curso. Destacamos,
que no caso desses sete participantes, não abarcamos a totalidade de suas participações, pois
seria impossível rastrear a totalidade das publicações desses indivíduos (todos os links que
seguiram e comentaram, ou todos os blogs de colegas que acessaram e nos quais deixaram
comentários). Portanto, nossa análise sobre a atuação desses sete sujeitos é baseada em uma
amostragem limitada de um conjunto mais amplo e não rastreável na totalidade.
Os participantes não foram abordados a respeito da pesquisa, havendo dispensa de
TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), por parte do Comitê de Ética em
Pesquisa. A razão de não utilização do TCLE, deve-se a um conjunto de fatores:
a) Trata-se de pesquisa retrospectiva, as fontes de dados utilizam material de
postagens realizadas em espaços digitais abertos, com conteúdos hospedados na nuvem.
b) Devido ao caráter aberto / informal do curso, sem certificado ou avaliação,
vários dos potenciais participantes do estudo utilizaram nicknames / pseudônimos digitais. Por
isso há uma impossibilidade de identificação positiva.
c) Os participantes realizaram suas postagens/ participação há muito tempo e as
formas de contato já não são as mesmas.
CAPÍTULO 2
CULTURA DE CONVERGÊNCIA E PRÁTICAS DE PRODUSAGEM:
NOVAS MÍDIAS E NOVO ETHOS
2. Apresentação do capítulo
5 5
LANKSHEAR, KNOBEL, 2007, P.29 (Tradução nossa): Além de serem feitos de coisas "técnicas"
diferentes, os letramentos também são feitos de que poderíamos chamar de coisas de "ethos " diferente daquele
ethos que nós normalmente associamos com letramentos convencionais. Por exemplo, são muitas vezes mais
"participativos", mais "colaborativos" e mais "distribuídos"; menos "publicáveis ", menos "individuados " e
menos "autor-centrados " do que os letramentos convencionais. Novos letramentos envolvem uma configuração
significativamente diferente de valores em relação aos letramentos convencionais. Eles envolvem diferentes
tipos de relações sociais e culturais, eles fluem a partir de diferentes tipos de prioridades e valores, e assim por
diante.
35
tecnológico, os novos letramentos são caracterizados por incluírem um novo ethos que enfoca
a colaboração, participação e menor individualidade; tal diferença de ethos contrasta com o
período industrial anterior, no qual a cultura foi marcada por um ethos individualizado e
menos participativo haja vista que a limitação tecnológica criava barreiras industriais,
forçando uma separação entre produtor e público consumidor.
Considerando esse contexto ontológico, é fundamental compreender que os novos
letramentos não envolvem apenas aptidões tecnológicas, mas também a reconfiguração de
valores, significados, habilidades comuns entre grupos de participantes, códigos sociais e
procedimentos específicos, todos os quais estão sob transformação e desenvolvimento.
Assim sendo, somos impactados por novas formas de produção de sentido: há
múltiplas formas de construir significado, que hibridizam linguagens e lançam mão de
estratégias multimodais e transmidiáticas, multiplicando sentidos, requerendo novas atitudes,
pondo em destaque letramentos outrora desprestigiados ou atenuando a importância de outros
letramentos que antes eram basilares dentro de uma cultura hegemônica e ensino tradicional.
Neste panorama, é preciso entender quais são e como funcionam as práticas
letradas que a nova cultura acarreta sobre as antigas práticas e estruturas sociais. Em síntese:
precisamos compreender o que é e como funcionam as culturas de participação, de
convergência e produsagem e quais letramentos novos elas implicam porque o sujeito da
cultura de convergência coincidirá em ser também o aluno do ensino on-line (e presencial).
Esse aluno será também um potencial produsuário, transleitor, youtuber, remixer (e muitos
outros sujeitos em si mesmo), ele é uma pessoa que traz consigo os mindsets (esquemas
mentais) típicos de um novo ethos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2006).
Assim sendo, o aluno atual é um indivíduo que chega mergulhado em novas
configurações mentais, valores, práticas letradas participativas, de produsagem, com novas
maneiras de se relacionar e formas de aprender, as quais ele levará consigo ao entrar nos
ambientes de ensino-aprendizagem on-line. Por tudo isso, é fundamental que compreendamos
como essas culturas se desenvolvem, quais letramentos emergem delas, quais estratégias
utilizam ao fomentar consumo de conteúdo, participação, engajamento e produção de
sentidos.
No original: In addition to being made of different ‘technical’ stuff from conventional literacies, new literacies
are also made of what we might call different ‘ethos stuff’ from what we typically associate with conventional
literacies. For example, they are often more ‘participatory’, more ‘collaborative’, and more ‘distributed’; less
‘published’, less ‘individuated’, and less ‘author-centric’ than conventional literacies. New literacies involve a
signifi cantly different configuration of values from conventional literacies. They involve different kinds of
social and cultural relations, they fl ow out of different kinds of priorities and values, and so on.
36
6
Tradução nossa: In the new edition of New Literacies (Lankshear and Knobel 2006), Michele and I define
literacies as “socially recognized ways of generating, communicating and negotiating meaningful content
through the medium of encoded texts within contexts of participation in Discourses (or, as members of
Discourses).
7
Tradução nossa: This perspective recognizes the emergence of new digital literacies that focus not only on
foundational skills and practices of reading and writing, but also on the skills, knowledge, and attitudes that
enable complex ways of getting and making meaning from multiple textual and symbolic sources. 7
(WARSCHAUER, 2008, p. 215).
37
8
Tradução nossa: We decided that the outcomes of our discussions could be encapsulated in one word -
multiliteracies - a word we chose to describe two important arguments we might have with the emerging
cultural, institutional, and global order: the multiplicity of communications channels and media, and the
38
increasing saliency of cultural and linguistic diversity. The notion of multiliteracies supplements traditional
literacy pedagogy by addressing these two related aspects of textual multiplicity. […] centered on language only,
and usually on a singular national form of language at that, which is conceived as a stable system based on rules
such as mastering sound-letter correspondence. […] Multiliteracies also creates a different kind of pedagogy,
one in which language and other modes of meaning are dynamic representational resources, constantly being
remade by their users as they work to achieve their various cultural purposes.
39
Nosso pensamento atual (embora ainda não totalmente resolvido) é que, por
oferecer uma análise mais ampla de leitura, escrita e interação em uma
variedade de plataformas, ferramentas, mídias e culturas, a transliteracia
não substitui, mas sim contém "letramentos em mídias" e também
"letramento digital". "Convergência" é outro termo que tem se tornado
amplamente utilizado, especialmente pela mídia e mundos de jogos, mas é
extremamente amplo. Em 2001, o estudioso do MIT Henry Jenkins
escreveu: "Parte da confusão sobre a convergência dos meios de
comunicação decorre do fato de que, quando as pessoas falam sobre isso,
estão descrevendo pelo menos cinco processos" (Jenkins, 2001). Ele
enumera esses tipos de convergência como tecnológicos, econômicos,
sociais ou orgânicos, culturais e globais, concluindo que "essas múltiplas
formas de convergência de mídia estão nos levando a um renascimento
digital - um período de transição e transformação que afetará todos os
aspectos de nossas vidas "(Jenkins, 2001). A transliteracia é, talvez, a
alfabetização desse processo. No entanto, é importante notar que a
transliteracia não é apenas sobre materiais baseados em computador,
mas sobre todos os tipos de comunicação ao longo do tempo e da
cultura. Ela não privilegia um acima do outro, mas trata todos com igual
valor e se move entre e através deles. (Thomas et al, 2007, p. 3. Grifo
nosso.) 10
9
Tradução nossa: Transliteracy is the ability to read, write and interact across a range of platforms, tools and
media from signing and orality through handwriting, print, TV, radio and film, to digital social networks. [...]
The word ‘transliteracy’ is derived from the verb ‘to transliterate’, meaning to write or print a letter or word
using the closest corresponding letters of a different alphabet or language. This of course is nothing new, but
transliteracy extends the act of transliteration and applies it to the increasingly wide range of communication
platforms and tools at our disposal [...]the concept of transliteracy calls for a change of perspective away from
the battles over print versus digital, and a move instead towards a unifying ecology not just of media, but of all
literacies relevant to reading, writing, interaction and culture, both past and present. It is, we hope, an
opportunity to cross some very obstructive divides.
10
Tradução nossa: An ongoing debate within the group focuses on the ways in which transliteracy differentiates
itself from “media literacy”, defined by Ofcom as “the ability to access, understand and create communications
in a variety of contexts” (Ofcom, 2003). Our current thinking (although still not entirely resolved) is that because
it offers a wider analysis of reading, writing and interacting across a range of platforms, tools, media and
cultures, transliteracy does not replace, but rather contains, “media literacy” and also “digital literacy.” [6]
“Convergence” is another term which has become widely used, especially by the media and gaming worlds, but
it is enormously broad. In 2001 MIT scholar Henry Jenkins wrote: “Part of the confusion about media
convergence stems from the fact that when people talk about it, they’re actually describing at least five
processes” (Jenkins, 2001). He lists these types of convergence as technological, economic, social or organic,
cultural, and global, concluding that “these multiple forms of media convergence are leading us toward a digital
renaissance — a period of transition and transformation that will affect all aspects of our lives” (Jenkins, 2001).
Transliteracy is, perhaps, the literacy of this process. However, it is important to note that transliteracy is not just
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about computer–based materials, but about all communication types across time and culture. It does not privilege
one above the other but treats all as of equal value and moves between and across them.
11
Tradução nossa: Thinking about transliteracy includes different abilities and skill sets, but transliteracy is
mainly about movement across a whole range of contexts, technologies, and modalities. This is something
people have always done, but modern technologies have brought different areas of our lives closer together and
amplified the complexities of moving across them. Our work and home lives are often separated by a click on a
browser tab. As you are reading this, on screen or paper, there may be a screen within easy reach with browser
tabs for your email, Twitter feed, a magazine article, and the latest search for the best price of a product you
want to buy. On your phone is a message from your family member or a friend, and in the background you can
hear streamed music and a soft hum of traffic. Maybe you respond simultaneously in different languages.
Investigations of transliteracy are concerned with the fluency of our movement across this complex information
field we experience daily. How do we think and what do we experience as we move across it? What are the skills
we need? Does it affect our social interactions? Before considering transliteracy further, it needs to be situated
among other literacies that we use to understand our fast-changing information world. (SUKOVIC, 2016. P.2)11
41
pesquisa nos fez revisar e ampliar nossa concepção sobre transliteracias, examinando a
evolução do conceito e os estudos de Tom Ipri (2010), Fernanda R. F. Bonacho (2013) e
Suzana Sukovik (2016). Desta feita, nós passamos a compreender as transliteracias como algo
mais elaborado do que nosso entendimento inicial (o qual se concentrava no trânsito entre
mídias), até alcançar um conceito enfocado na fluidez, complexidade informacional,
transferências e movimento entre contextos informacionais diferentes.
Em síntese, pode-se dizer que as transliteracias remetem à noção de contextos
super complexos de produção de sentido. Esse aspecto torna tal conceito compatível com a
cultura de convergência, porquanto a noção de movimento em ambientes informacionais
complexos pode dialogar também com as travessias transmidiáticas, típicas convergência,
todavia não pode se limitar a elas ou exclusivamente a movimentos transmidiáticos. Na última
década, a noção de contexto informacional supercomplexo tornou-se intrínseca à concepção
de transliteracia, pois:
12
Tradução nossa: The notion of transliteracy arises in the context of increasingly complex information and
communication environments characterized by multimodality and new roles for creators and consumers.
Transliteracy concerns the ability to apply and transfer a range of skills and contextual insights to a variety of
settings. Rather than focusing on any one skillset or technology, transliteracy is about fluidity of movement
across a range of contexts. [...]
13
Tradução nossa: Transliteracy is very concerned with the social meaning of literacy. It explores the
participatory nature of new means of communicating, which breaks down barriers between academia and the
wider community and calls into question standard notions of what constitutes authority by emphasizing the
benefits of knowledge sharing via social networks.
42
14
Tradução nossa: Transliteracy is an ability to use diverse analog and digital technologies, techniques, modes,
and protocols to search for and work with a variety of resources; to collaborate and participate in social
networks; and to communicate meanings and new knowledge by using different tones, genres, modalities, and
media. Transliteracy consists of skills, knowledge, thinking, and acting, which enable fluid “movement across”
in a way that is defined by situational, social, cultural, and technological contexts.
43
A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que
venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros dos consumidores
individuais, e em suas interações sociais com outros consumidores.
(JENKINS, 2009, p.30).
Ora, nota-se que a descrição de Henry Jenkins reflete e dialoga diretamente com a
definição precedente de transliteracia, postulada por Sue Thomas. Ambos os teóricos ecoam a
noção de um processo, o qual acontece por meio da interação com várias plataformas
midiáticas, mas que não pode ser atrelado exclusivamente a determinadas tecnologias
materiais, porquanto ele faz o leitor se mover e construir sentido ao transitar por elas.
A produção e a distribuição de conteúdo, sob estratégia convergente, requerem
um comportamento mais ativo e engajado por parte do consumidor e estão diretamente
relacionadas a uma indústria que investe na cultura de entretenimento e consumo, pois:
As narrativas transmidiáticas não são objeto de atenção desta tese, por isso nos
restringimos ao aspecto mais pertinente para a investigação: as práticas de transliteracias que
são requeridas dos leitores no contexto da indústria cultural e de entretenimento e que,
também, podem ser exploradas em cursos que constroem conhecimento de forma
multimidiática.
Assim como mostrado no conceito de transliteracia (THOMAS et al 2007; IPRI,
2010; BONACHO, 2013; SUKOVIK, 2016), as transnarrativas baseiam-se em uma
perspectiva abrangente de letramentos, que destaca a movimentação do usuário-leitor entre
contextos informacionais supercomplexos, compostos por plataformas, canais e mídias. Por
46
tudo isso, podemos encarar esse leitor enquanto um transleitor15, um leitor que transita, um
transletrado.
Na interação com o conteúdo, imerso em um ambiente informacional complexo, o
transletrado atravessa mídias, canais, gêneros ou modalidades, conjugando todos os
letramentos necessários aos passar por livros, filmes, revistas, aplicativos de smartphones,
redes sociais, comunidades virtuais e objetos de consumo atrás de toda informação possível.
O mercado de entretenimento pressupõe e requisita que o transletrado tenha uma postura
ativa, acesso e transliteracias para buscar conteúdo e gerenciar uma nova economia de
informação.
Essa movimentação requer mobilizar diferentes letramentos e a capacidade de
produzir significados durante o movimento, o que nos conduz ao conceito de traversals
proposto por Jay L. Lemke.
[...] uma nova classe de objeto teórico, a qual estou chamando de travessias.
Travessias são ligações temporais-experienciais, sequências e
encadeamentos de elementos significativos que deliberada ou
acidentalmente, mas radicalmente, atravessam os limites de gênero. Uma
travessia é um percurso através de gêneros padronizados, temas, tipos,
práticas ou atividades que, no entanto, criam pelo menos um significado
efêmero ou idiotipico para seus participantes humanos, e representa, pelo
menos, temporariamente uma ligação ou relação funcional entre todos os
seus processos constituintes e seus participantes (humanos ou não-humanos)
(i.e. atuantes16). (LEMKE, 2002, p. 7)
15
Transleitor: Ver BUZATO et al. Remix, mashup, paródia e companhia: por uma taxonomia multidimensional
da transtextualidade na cultura digital.
16
I wish to propose here a new class of theoretical object, which I am calling traversals. Traversals are
temporal-experiential linkings, sequences, and catenations of meaningful elements that deliberately or
accidentally, but radically, cross genre boundaries. A traversal is a traversal across standardized genres, themes,
types, practices, or activities that nevertheless creates at least an ephemeral or idiotypical meaning for its human
participants, and represents at least a temporarily functional connection or relationship among all its constituent
processes and their (human or nonhuman) participants (i.e. actants).
47
17
Efetivamente, em publicações posteriores, Jay Lemke estabeleceu a conexão possível entre travessias e
transmídias, como texto Transmedia Traversals: Marketing Meaning and Identity (2013), o qual integra o livro
Readings in Intersemiosis and Multimedia, organizado por Elena Montagna, em 2013.
18
Para mais informações sobre, ver SILVA, D. P. The lacunar nature of the transmedia narrative: a
transmeaning reading. In CONGRESO NUEVAS NARRATIVAS. ENTRE LA FICCIÓN Y LA
48
Assim sendo, a produsagem é um híbrido entre o uso e a produção que tem por
praticante o produsuário, produser, no original em inglês20; o termo produser é um
neologismo resultante da fusão das palavras producer (produtor) e user (usuário). O
produsuário é o sujeito que desenvolveu as práticas de letramentos necessárias para se
apropriar de conteúdo midiático e recombiná-lo, transformá-lo e redistribuí-lo pela rede,
utilizando até mesmo seus relacionamentos sociais como caminhos de propagação. Esse
usuário é, em um primeiro momento, o consumidor engajado de um produto e então seu
(re)criador.
19
Tradução nossa: Produsage, then, can be roughly defined as a mode of collaborative content creation which is
led by users or at least crucially involves users as producers – where, in other words, the user acts as a hybrid
user/producer, or produser, virtually throughout the production process.
20
Assim como no caso do termo “produsagem”, não encontramos tradução já consagrada em português na
literatura, por essa razão adotamos nossa própria tradução desde 2012.
52
Rogoff (1995 apud DELANEY et al., 2008), por exemplo, explora três
sentidos aplicáveis ao termo apropriação. Em um terceiro sentido, que nos
interessa mais diretamente, Rogoff (1995) toma os processos individuais,
interpessoais e socioculturais como mutuamente constitutivos por meio do
conceito de apropriação participativa (participatory appropriation). Trata-se,
nesse caso, de postular que, ao participarem de atividades em que a
tecnologia é relevante, as pessoas adaptam e modificam o significado da
mesma, por meio da interação social (negociação de sentidos) em torno de
seus usos; mas também de que, ao fazê-lo, as pessoas vão transformando a si
mesmas. Apropriação, portanto, passa de uma precondição a um sinônimo de
transformação. Apropriar-se é igual a tornar-se (becoming).
(BUZATO, 2010, p. 290)
21
Tradução nossa: They have been denominated, for example, as Millennials (Howe & Strauss, 1993; Martin &
Tulgan, 2001), Digital Generation (Tapscott, 1998), and i-Generation (Rosen et al., 2010). One of the most
known is Digital Natives, defined as those native speakers of the digital language of video games and the
Internet (Prensky, 2001), in contrast with Digital Immigrantsapplied to those born before 1980.
53
22
Tradução nossa: Perhaps even more central to the case for Multiliteracies today is the changing nature of
everyday life itself over the past decade. We are in the midst of a profound shift in the balance of agency, in
which as workers, citizens and persons, we are more and more required to be users, players, creators and
discerning consumers rather than the spectators, delegates, audiences or quiescent consumers of an earlier
modernity. [...] They are content with being no less than actors rather than audiences, players rather than
spectators, agents rather than voyeurs, users rather than readers of narrative. (COPE ; KALANTZIS, 2009, p 8)
54
criação de conteúdos, podem ser encontradas nos ambientes de produsagem, independente dos
objetivos de seus usuários. De acordo com Axel Bruns:
23
Tradução nossa: These principles have emerged from some of the earliest environments of produsage in the
online world, and especially the open source software development community; they also trace their roots to the
peer-based research and innovation communities which inspired open source itself, and have evolved to cover
more than collaborative software - or more broadly, knowledge - development and today also apply to practices
as diverse as citizen journalism and multi-user online gaming.
55
24
Tradução nossa: P2P projects are characterized by equipotentiality or 'anti-credentialism.' This means that
there is no a priori selection to participation. The capacity to cooperate is verified in the process of cooperation
itself. Thus, projects are open to all comers provided they have the necessary skills to contribute to a project.
These skills are verified, and communally validated, in the process of production itself. This is apparent in open
publishing projects such as citizen journalism: anyone can post and anyone can verify the veracity of the articles.
Reputation systems are used for communal validation. The filtering is a posteriori, not a priori. Anti-
credentialism is therefore to be contrasted to traditional peer review, where credentials are an essential
prerequisite to participate.
25
Tradução nossa: [...] worthy contributors gradually rise to greater prominence among their peers.
26
Tradução nossa: produsage communities organise their processes through ad hoc forms of governance: as
Toffler predicted in the 1970s, what emerges is an 'Ad-hocracy'. Such produsage adhocracies are no anarchies,
however: they do have their leaders both for the overall project and for specific aspects of it, but the power of
those leaders is much diminished. Rather than forming a strict hierarchy of command and control, they operate in
a much looser heterarchy which even allows for the existence of multiple teams of participants working
simultaneously in a variety of possibly opposing directions. Leadership is determined through the continuous
communal evaluation of participants and their ideas, and through the degree of community merit they are able to
build in the process; in this sense, then, produsage heterarchies constitute not simply adhocracies, but ad
hoc meritocracies.
56
No contexto desta tese, é importante refletir sobre como essa questão de papéis
fluídos pode se relacionar à crise de reconfiguração da agência e das relações de autoridade,
que mencionamos na seção anterior. Podemos supor, aplicando o conceito de transliteracias,
que os alunos são capazes de transferir letramentos oriundos das comunidades de produsagem
27
e apropriação de modo a “aplicar e transferir uma série de habilidades e percepções”
(SUKOVIK, 2016, p. 29), oriundas dessas comunidades virtuais para dentro de outros
ambientes informacionais complexos da web, quiçá um curso em um AVA, no qual essas
novas práticas e configurações causarão potencial atrito com o tutor, devido às configurações
de autoridade convencionalizadas.
27
Tradução nossa: [...] to apply and transfer a range of skills and contextual insights to a variety of settings
28
Tradução nossa: Produsage does not work towards the completion of products (for distribution to end users or
consumers). Disponível em: http://produsage.org/node/11 .
57
na web aberta. Apesar de não haver um conceito de propriedade, ele pode ser gratificado com
várias formas de menção (distintas da autoria como a conhecemos), fomentando um ganho
emocional, reconhecimento e status social etc. Desta maneira, as chances de recompensas
diretas são menores, pois a recompensa surge como um capital emocional subjetivo. Isto é, o
produsuário recebe o reconhecimento de seus pares; recebe a motivação em participar de um
objetivo compartilhado por uma comunidade (e estar integrado a ela, um pertencimento).
Durante as práticas de trabalho colaborativo, parte-se da idéia de que cada um está
apto a colaborar com alguma habilidade distinta, complementando o todo, assim, existe uma
valorização das competências do indivíduo, uma evidência, além de um estimulo indireto para
que ele se aperfeiçoe em outras práticas que possam ser úteis.
Este princípio ilustra também que o resultado da produsagem é um bem coletivo,
que deve permanecer aberto e livre de quaisquer formas de exploração comercial e, portanto,
diante de uma continua vigilância contra sua desvirtuação.
Acreditamos que o objeto analisado possui certas características que se
aproximam desse princípio de colaboração. Além do script de retroalimentação do portal, que
detalharemos nos capítulos 5 e 6, notamos que os alunos foram convidados a fazer
transcrições, produzir vídeos ou postagens e desenvolver outras formas de autoria e
participação. Acreditamos que há nessas atividades, decididamente, uma nuance de produção
dedicada ao coletivo com reconhecimento individual, que apontam novas formas de
colaboração.
emerge naturalmente de práticas e necessidades, no entanto longe de ser caótica, ela apresenta
configurações próprias e uma maneira ordenada de se constituir. Os coletivos sociais que
praticam produsagem na web (como Wikipédia e certas comunidades de fãs) possuem
sistemas de governança, repletos de configurações de participação, valores e regras. Nesses
sistemas, enquanto parte dos usuários contribui com atividades de implementação e
orientação, outros podem ter funções ativas como geradores de novas idéias.
É preciso ressaltar que para além da Wikipédia e outras comunidades menores, as
práticas de produsagem estão presentes em objetos diferentes, com escalas e formas
diferentes. As práticas de produsagem e construção colaborativa estão em vários espaços da
web... Embora nem todos constituam necessariamente grandes comunidades de produsagem
tão evidentes como a Wikipédia, diversos artefatos propiciam tecnologias de apropriação e
incluem processos de produsagem e colaboração. Alguns exemplos são: Buzzfeed, Youtube,
Yahoo Answers, Gerador de memes, Tumblr, certas páginas na rede social Facebook etc.
Anteriormente, quando apresentamos o termo geração C, também fizemos notar
que o colapso casual de velhos conceitos e paradigmas é uma característica dessa geração.
Dentre os conceitos que estão sendo colapsados pelas novas formas de apropriação e
produção, podemos citar a autoria, o direito autoral e propriedade intelectual. Outrora
fundamentais em uma fase industrial, esses conceitos estão passando por uma profunda
reconfiguração que tem acontecido de modo quase silencioso, apesar de constituir uma
verdadeira revolução.
Por isso, constitui uma ruptura sem violência ou estardalhaço, explica-se então o
uso do termo colapso casual. Como é possível constatar, este colapso é apenas mais um dos
conflitos gerados pelas propiciações de artefatos tecnológicos e novos letramentos...
29
A declaração de Princípios Subjacentes à Aprendizagem Conectada, proposta pela Fundação McArthur, está
disponível para download em: http://dmlhub.net/publications/connected-learning-agenda-for-research-and-
design/.
60
sejam projetados com vistas à produção dos usuários, propiciando toda estrutura de software,
ferramental e acesso às contribuições e condições de produção; (3) por fim, o principio de
abertura em rede, pelo qual se estabelece que os AVAs requerem um projeto voltado às
redes de conexões entre instituições de ensino, casas, comunidades de interesse e demais
setores, pois essas conexões podem robustecer a aprendizagem com seus diferentes nós.
Em seu trabalho de pesquisa, Mimi Ito (uma das principais autoras da declaração
dos Princípios Subjacentes de Aprendizagem Conectada31) sintetiza sua concepção de
aprendizagem conectada em quatro princípios captados a partir das novas mídias:
30
Tradução nossa: The principles of connected learning weren't born in the digital age, but they are
extraordinarily well-suited to it. Connected learning seeks to tie together the respected historical body of
research on how youth best learn with the opportunities made available through today's networked and digital
media. Connected learning is real-world. It's social. It's hands-on. It's active. It's networked. It's personal. It's
effective. Through a new vision of learning, it holds out the possibility for productive and broad-based
educational change.
31
O arquivo encontra-se disponível para download em: http://dmlhub.net/publications/connected-learning-
agenda-for-research-and-design/.
32
Tradução nossa: 1) Tapping the power of peer to peer learning; 2) Meeting learners where they are — which
goes well beyond Facebook, into specialty communities, such as gaming forums or enthusiast communities; 3)
Building connected maker spaces where fostering persistent relationships; and (4) Bringing students' work to the
wider world for recognition and feedback.
61
33
Tradução nossa: In spite of the different objectives and objects of user-led activities (from software design
through knowledge management to creative collaboration), it is nonetheless possible to discern an increasingly
sophisticated set of common principles which govern many such environments. Such principles provide both the
point of departure for educational critiques of user-led content creation, and a framework for future
reconfigurations of educational practices themselves as they pursue a more authentic, realistic approach to
enabling learners to develop the capacities which they will require as participants in user-led environments. [...]
In the process of investigating and describing the underlying principles of such environments, however, it also
becomes increasingly obvious that it is no longer sufficient to describe participants in these collaborative
endeavours simply as ‘users’; instead, they act in a hybrid role of user as well as producer, or for short, as
produsers.
62
34
Tradução nossa: [...] corollary to collaborative capacities.
63
Jay Lemke, cujo conceito de travessia auxilia parte deste estudo, também se
interessa pela questão educacional contemporânea. Embora não focalize diretamente os
aspectos da produsagem já mencionados, o autor oferece propostas que reúnem características
fundamentais para o uso da internet, convergência de mídias e funcionamento das práticas de
produsagem na educação.
Em artigo de 2009, o autor avaliou as discrepâncias entre o processo de
aprendizagem dentro de comunidades de fãs e os ambientes do ensino tradicional. Apesar de
Jay Lemke não abordar princípios de produsagem, é possível identificar uma valorização das
práticas citadas por Axel Bruns, como inerentes à produsagem. Quando contrapõe tais
práticas ao ensino tradicional, Jay Lemke valoriza a heterogeneidade, o desenvolvimento
identitário, a liberdade, a não imposição de conteúdos, a paixão pelo que é aprendido, a
autonomia e colaboração entre pares.
Num artigo de 1998, Jay Lemke já apontava que para encompassar a
aprendizagem da internet, necessitaríamos pensar em um um novo paradigma de
aprendizagem, oposto ao paradigma de aprendizagem tradicional (LEMKE, [2010], p. 473). O
paradigma de aprendizagem interativa refletiria a aprendizagem na internet: sem um currículo
obrigatório definido por uma instituição, sem ordenação de um cronograma fixo e os sujeitos
determinariam o que precisam aprender.
O autor também assinala que as pesquisas sobre aprendizagem pressupõem um
ambiente muito estruturado, dotado de configurações controladas que miram somente certos
objetivos. Essa premissa se opõe à aprendizagem informal, na qual os objetivos são
particulares, emergentes, variados e reconfiguráveis.
35
Tradução nossa: On the other hand, and in order to develop such capacities in an organic fashion, it is
necessary that universities themselves explore ways to model the processes of produsage in their learning and
teaching environments (and beyond). Traditional and rigid teacher/learner, staff/student, university/client
dichotomies are counter-productive in the co-creative, collaborative process of produsage, which – as noted
above – thrives on a fluid and heterarchical (rather than hierarchical) organisation of participants.
64
CAPÍTULO 3
O CONECTIVISMO – APRENDIZAGEM EM REDE
3. Apresentação do capítulo
36
Tradução nossa: Our digital futures challenge not only concepts such as human/technology relationships,
presence, friendship, responsibility, agency, liability and capability, but also basic concepts of our existence such
as freedom, equality, mortality […]. (LAOURIS, p. 130 – Online manifest).
67
Uma revisão breve das diferentes gerações de e-learning já pode ilustrar essa
relação de diálogo entre avanços técnicos e novas formas de construção de conhecimento.
37
Tradução nossa: After the analysis of the contributions of the participating experts, the research arrived at the
general conclusion that e-learning is part of the new dynamic that characterises educational systems at the start
of the 21st century, resulting from the merge of different disciplines, such as computer science, communication
technology, and pedagogy, since all the collected definitions contained characteristics of more than one
discipline. Consequently, the concept of e-learning can be expected to continue to evolve for a long time. In
today’s world, learning needs change very quickly and the concept and functions of e-learning must
continuously be adapted to these needs. (SANGRA; VLACHOPOULOS; CABRERA; 2012, p. 154)
38
Sobre o termo propiciação: apreciamos a definição de OLIVEIRA; RODRIGUES (2006, p. 2) na qual ‘de
acordo com Gibson (1979/1986), o verbo to afford é encontrado no dicionário (proporcionar, propiciar,
fornecer), mas o substantivo affordance não’. Gibson deu significado próprio ao termo. São exatamente as
possibilidades oferecidas pelo ambiente a um agente particular, que o autor denominou affordances.’
39
Tradução nossa: . Typical elements of this culture of learning are, according to Langer, Peer-to-Peer-
Learning, changed roles (tutor, facilitator), the attribute ‘open’ (to share and participate) and situated learning.
The fact that communities of learners are becoming more and more heterogeneous due to the impact of a call for
lifelong learning and fast-paced changes and innovations in technology is without controversy. (SIEMSEM,
JANSEN, 2015, p.1)
68
Com base na literatura recente, nós temos convicção que os processos de ensino-
aprendizagem não existem enquanto eventos isolados. Em vista disso, a perspectiva
sociotécnica é um dos fios condutores que vincula os aportes teóricos adotados nesta tese:
desde as teorias de produsagem e convergência, passando pelo conectivismo e teorias do
design instrucional, diversos autores retomam a premissa de que existe uma relação recursiva
entre sociedade e aparatos tecnológicos.
Quando concebemos a aprendizagem ancorada em uma perspectiva ecológica
(desenvolvida a partir de estudos de ecossistema), percebemos que cada nova tecnologia
repercute nas práticas letradas e na sociedade. Uma retomada histórica das gerações e-
learning clarifica essa relação recursiva, ilustrando não existe geração de e-learning alienada
da ecologia material de seu tempo. Ou seja, a evolução do e-learning acompanha as gerações
de tecnologias e indivíduos que se transformaram exponencialmente nas últimas décadas.
Essas gerações seguem um padrão atrelado à consolidação da tecnologia: primeiro, surge uma
inovação até certo ponto familiar, ela passa por uma fase beta de desenvolvimento e
instabilidade (nesse período aparecem as comunidades open source em torno), ela se
consolida e é comercializada. Por fim, os produtores mais fortes dominam o mercado daquela
tecnologia. Conforme Stephen Downes (2012), o desenvolvimento do e-learning pode ser
compreendido em seis gerações:
A primeira geração de e-learning (geração zero) é representada por sistemas
como o PLATO (Programmed Logic for Automatic Teaching Operations - Lógica de
Programação para Operações de Ensino Automáticas). Na essência, esse período representa a
ideia de poder existir um conteúdo de aprendizagem no estado on-line (formado por textos,
imagens, animações, questionários etc.); percebeu-se que o computador poderia exibir certos
conteúdos, linearmente, a partir de uma sequência de escolhas comandadas por usuário.
A segunda geração é marcada pela popularização do computador, que se torna
um produto comercial com a consolidação de empresas de software de uso pessoal (como
MAC e PC). Com o software pessoal, essa geração experimenta o crescimento de jogos de
computador para aprendizagem on-line. Apesar de rudimentares (e baseados em texto, como
MUDs), esses jogos fomentaram transformações radicais na aprendizagem, por exemplo, a
concepção de que várias pessoas poderiam ocupar o mesmo espaço on-line, dessa percepção
derivou a criação do IRC, a comunicação síncrona por chat a nível mundial.
69
Essa nova dinâmica de interação redirecionou a atenção não para o conteúdo, mas
para a rede de seres humanos por trás dos dados de input (a perspectiva da web como uma
plataforma de dados distribuídos).
Ademais, a quarta geração também foi a época da explosão da publicação pessoal.
As interfaces intuitivas nas plataformas de blogging, ou publicação de conteúdo fragmentado,
microconteúdo, nas palavras de Stephen Downes (DOWNES, 2012, p. 24), levaram muitos
usuários inexperientes à produção e publicação de conteúdo na internet.
Na quinta geração, destaca-se a consolidação e comercialização de redes;
explosão de ambientes on-line multiusuários 3D (como Second Life); popularização das
comunidades on-line; expansão das simulações. Nesse período, os LMS estavam apartados da
web que caminhava em direção ao compartilhamento de conteúdo e interação em rede.
A sexta geração é caracterizada pela comercialização de serviços web 2.0,
consolidação do mercado de CMS/LMS, networking, hospedagem em nuvem, conteúdo
aberto e popularização de sistemas operacionais abertos (o que não ocorreu de maneira
popular nas gerações anteriores, nas quais sistemas operacionais abertos já existiam, mas
ficavam reduzidos a nichos especializados ou fãs tecnólogos).
Essa geração é representada principalmente pelos MOOCs (Massive Online Open
Course - Cursos On-line Abertos Massivos), combinando e culminando em características
consolidadas por gerações anteriores. Características como autonomia, diversidade,
interatividade e abertura funcionam como palavras de ordem nessa geração de sujeitos, que
utilizam e clamam por formas diferentes de receber o conteúdo e possibilidades de interação.
É no perfil da sexta geração que nossa pesquisa está concentrada. Em nossa
análise, verificaremos como o formato do cMOOC é capaz de sintetizar métodos instrucionais
que contemplem necessidades como emponderamento, autonomia, interatividade,
coletividade, heterogeneidade, convergência de mídias (aspectos muito desenvolvidos na
produsagem e convergência). A maneira como tais práticas emergem dessa geração não pode
ser ignorada. Assim como apregoa Downes (2012, p. 9) enquanto “palavras de frisson da web
2.0, blogs wikis e podcasts são fáceis de ignorar, porém os agentes de mudança que dirigem
essas ferramentas não são” 40.
Devido a esses fatores e à necessidade de reformulação das formas de ensinar e
aprender, dentro do contexto de desenvolvimento de cursos e-learning, surgiu o interesse nos
estudos de design instrucional para modalidade e-learning e em teorias que explorasssem
40
Tradução nossa: While hype words of web 2.0, blogs, wikis, and podcasts are easy to ignore, the change
agents driving these tools are not. (SIEMENS, 2006, p.9)
71
41
Tradução nossa: Connectivism is essentially the assertion that knowledge is networked and distributed, and the
act of learning is the creation and navigation of networks. The distributed nature of knowledge and the growing
complexification of all aspects of society require increased utilization of technology to assist our ability to stay
current, manage information abundance, and solve highly complex problems.
72
42
Tradução nossa: A learning ecology is defi ned as the set of contexts found in physical or virtual spaces that
provide opportunities for learning [Barron, 2004]. Each context is comprised of a unique confi guration of
activities, material resources, relationships, and the interactions that emerge from them.
43
Tradução nossa: A research line learning ecology permits that every individual may develop a personal
strategy for profesional development [...].
73
[...] a internet pode ser vista como uma ecologia de aprendizado com
diferentes propiciações. Por exemplo, a internet, com sua ênfase na abertura
e diversidade, desafia a concepção de autoridade e especialização em sala de
aula. A abordagem estruturada da informação filtrada antecipadamente pelo
educador e apresentada de forma bastante coerente define as salas de
aula. Em contraste, a internet é um centro de caos
criativo. Educacionalmente, o desafio é definir o tipo de ecologia que
permitirá a formação da mais ampla gama de redes e comunidades para lidar
com as tarefas e resultados desejados. A preocupação não é com a estrutura
em si, mas com a suposição de que a estrutura é necessária em todos os
espaços de aprendizagem. (SIEMENS, 2008, S/P)44
44
Tradução nossa: the internet can be seen as an ecology of learning with different affordances. For example, the
internet, with its emphasis on openness and diversity, challenges the classroom conception of authority and
expertise. The structured approach of information filtered in advance, by the educator, and presented in a fairly
coherent form defines classrooms. In contrast, the internet is a hub of creative chaos. Educationally, the
challenge is one of defining the type of ecology that will permit the formation of the broadest array of networks
and communities to address the desired learning tasks and outcomes. The concern is not with structure itself, but
rather with the assumption that structure is required across all spaces of learning.
45
Tradução nossa: the endless cycle of technology change to which users and educational institutions are subject
and have to respond.
74
46
Tradução nossa: The pipe is more important than the content within the pipe.
75
47
Tradução nossa: Informal learning is a significant aspect of our learning experience. Formal education no
longer comprises the majority of our learning. Learning now occurs in a variety of ways – through communities
of practice, personal networks, and through completion of work-related tasks. Learning is a continual process,
lasting for a lifetime. Learning and work related activities are no longer separate. In many situations, they are the
same. Technology is altering (rewiring) our brains. The tools we use define and shape our thinking. The
organization and the individual are both learning organisms. Increased attention to knowledge management
highlights the need for a theory that attempts to explain the link between individual and organizational learning.
Many of the processes previously handled by learning theories (especially in cognitive information processing)
can now be off-loaded to, or supported by, technology. Know-how and know-what is being supplemented with
know-where (the understanding of where to find knowledge needed).
76
48
Tradução nossa: Learning is a process that occurs within nebulous environments of shifting core elements –
not entirely under the control of the individual.
49
Tradução nossa: Unlike constructivism, which states that learners attempt to foster understanding by meaning
making tasks, chaos states that the meaning exists – the learner's challenge is to recognize the patterns which
appear to be hidden. Meaning-making and forming connections between specialized communities are important
activities.
77
inerente à conexão e depende de quantos nós, ou com quais nós, é possível conectar o
conteúdo.
50
Tradução nossa: “the spontaneous formation of well organized structures, patterns, or behaviors, from
random initial conditions.”
78
54
Tradução nossa: On a practical level, this approach recommends that learning should focus on where to find
information (streams), and how to evaluate and mash up those streams, rather than trying to enter lots of
(perishable) information into one’s skull. Knowing the pipes is more important than knowing what exactly each
pipe contains at a given moment.
55
Tradução nossa: Investigations of transliteracy are concerned with the fluency of our movement across this
complex information field we experience daily.
56
Tradução nossa: activities, material resources, relationships, and the interactions [...].
81
57
Tradução nossa: [...] to transfer a range of skills and contextual insights to a variety of settings.
82
59
Tradução nossa: a MOOC integrates the connectivity of social networking, the facilitation of an acknowledged
expert in a field of study, and a collection of freely accessible online resources. Perhaps most importantly,
however, a MOOC builds on the active engagement of several hundred to several thousand “students” who self-
organize their participation according to learning goals, prior knowledge and skills, and common interests.
Although it may share in some of the conventions of an ordinary course, such as a predefined timeline and
weekly topics for consideration, a MOOC generally carries no fees, no prerequisites other than Internet access
and interest, no predefined expectations for participation, and no formal accreditation.
60
Tradução nossa: condición de innovación disruptiva radical.
84
61
Tradução nossa: ecosystems of digital learning environments.
62
Tradução nossa: [...]engaging in a variety of activities through social media and online networking tools to
keep up with the course objectives.
85
63
Tradução nossa: This conceptualization acknowledges technological affordances in learning design to promote
social and pedagogical affordances that help learners shape their learning experiences and interactions. In this
learning ecology, learners are positioned at the intersection of personalized and networked situations where they
are encouraged to be autonomous and selfdirected in managing their learning activities in the diversity of
resources, and to develop and sustain connections and interactions. In other words, learners are also co-designers
(Jonassen, 1994) of their learning environments to mindfully think about the choice of technologies as cognitive
tools.
86
64
Tradução nossa: [...] and more confident of learners’ capacities for self-organizing and co-participating, they
rely on content aggregation and peer evaluation.
65
Tradução nossa: [...] autonomous learners take advantage of technology to develop design solutions to
support. their learning
87
ferramentas de interação podem estreitar as distâncias, funcionando como a cola da rede que
une alunos, facilitadores e toda comunidade com seus recursos.
Em nossa interpretação, esse elemento remonta diretamente aos princípios de foco
na produção e propósito compartilhado (que constam na declaração de Princípios Subjacentes
à Aprendizagem Conectada), pois faz com que o design de ferramentas priorize conexões
sociais e também assume que o design do software (do portal ou AVA) deve enfocar a
produção e interação de participantes, ofertando ferramental adequado.
66
Tradução nossa: Improvement in the instructional design can become one of the most effective strategies to
achieve better results in the teaching and learning process [...]
89
CAPÍTULO 4
DESIGN INSTRUCIONAL E-LEARNING
4. Apresentação do capítulo
67
Tradução nossa: The principles of instructional design remain somewhat dynamic due to many advances in
learning theory, multimedia capabilities, learning management systems, and competencies development for
instructional designers.
92
Nas definições do termo, a relação entre forma e função é uma constante histórica
marcada pelo lema “Fitness for purpuse” e “Zweckmassigkeit” que foi popularizada no Brasil,
na década de 30, sob o mote de “a forma segue a função” (CARDOSO, 2011, p.16).
Um atestado a essa constante é o significado do verbete design, conforme o
Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, o qual define design como “a concepção de um
produto (máquina, utensílio, mobiliário, embalagem, publicação etc.), especificamente no que
se refere à sua forma física e funcionalidade” (HOUAISS, 2009, s/p).
No campo específico do design instrucional, essa relação entre forma e
funcionalidade é, de certo modo, reforçada por Andrea Filatro, que opta “pelo uso consagrado
do vocábulo em outras áreas, que veem o design como o resultado de um processo ou
atividade (produto), em termos de forma e funcionalidade, com propósitos e intenções
claramente definidos.” (FILATRO, 2003, p.57).
O termo instrucional oferece igual foco de discussão, haja vista que tenha se
confundido ou misturado às teorias de aprendizagem ou sido tomado como mera transmissão
de informação, ambos os casos inadequados.
Conforme Reigeluth (1983), por vezes, a definição de design instrucional passou
por certa confusão devido ao fato de alguns teóricos ligarem o conceito de design instrucional
a alguma teoria de aprendizagem, quando há uma diferença entre os dois processos. Essa
tendência inexata pode ser observada em Smith e Ragan, que definiram o design instrucional
como “um processo sistemático e reflexivo de traduzir princípios de aprendizagem e
instrução para os planos de materiais instrucionais, atividades, recursos informativos e
avaliação” (SMITH; RAGAN, 1999, p.2. Grifo nosso.)
Segundo Reigeluth (2009), o desenvolvimento instrucional enfoca métodos de
instrução, ao passo que uma teoria de aprendizagem enfoca o processo de aprendizagem,
embora atrelados, são processos diferentes haja vista que as técnicas de design otimizam a
aplicação de uma determinada abordagem de ensino. Durante a análise do caso estudado,
torna-se mais visceral distinguir como os dois elementos são distintos e se atrelam, pois
precisamos verificar como a teoria de aprendizagem conectivista influenciou elementos de
design e métodos de instrução no Connected Courses.
Mais do que salientar a diferença, Charles Reigeluth conceitua detalhadamente o
termo instrucional e explica a relação entre instrução e teoria de aprendizagem, de forma
bastante didática por meio do construtivismo (à época, a teoria construtivista era fundida ao
design instrucional, como se verificou na definição de Smith e Ragan).
93
68
Tradução nossa: There has been a distinction recently in the literature between instruction and construction,
with the implication that instruction is necessarily done to learners (i.e., learners are passive), whereas
construction is done by learners (i.e., learners are active). However, a principal tenet of constructivism is that
people can only learn by constructing their own knowledge – that learning requires active manipulation of the
material to be learned and cannot occur passively. Our concern is with how to help learners learn, which means
identifying ways to help learners construct knowledge. Therefore, if instruction is to foster any learning at all, it
must foster construction. Instruction is not instruction if it does not foster construction. Furthermore, if
construction is what the learner does, then we need a different term for what a teacher (or other agent) does to
foster construction, and “instruction” has commonly been used more than any other term to convey that
meaning. Therefore, we define instruction as anything that is done purposely to facilitate learning. It includes
constructivist methods and self-instruction, as well as more traditional views of instruction, such as lecture and
direct instruction.
94
Outros pesquisadores, como Albert Sangra et al optam por uma definição mais
concisa e abrangente, ao observar que “o design instrucional é simplesmente o
desenvolvimento planejado de materiais didáticos e se baseia em uma teoria de aprendizagem
e na prática instrucional” (SANGRA et al, p. 49)69.
Infelizmente a questão semântica absorve grande parte dos trabalhos em design e
design instrucional, entretanto torna-se fundamental delimitar conceitos com clareza nesta
tese, posto que nosso objeto de análise fundamenta-se na teoria de aprendizagem conectivista
e lança mão de estratégias de desenho tecno-pedagógico que podem, aparentemente, ser
confundidas tal teoria devido à relação intrínseca entre teoria prescritiva e forma no design
instrucional.
69
Tradução nossa: El diseño instruccional es simplemente el desarrollo planificado de los materiales didácticos,
y se basa en la teoría del aprendizaje y la práctica instruccional.
95
Figurando como uma das teorias de design instrucional mais difundidas para
apoio do planejamento didático-pedagógico, a taxonomia de Bloom (BLOOM,
ENGELHART, FURST, HILL, KRATHWOHL, 1956) se firmou como uma ferramenta
fundamental para a produção de material didático. Apesar de sua longevidade, ainda hoje
parece difícil debater sobre o design instrucional sem referenciá-la ou aplicar sua hierarquia
(BROWN, GREEN, 2016, p. 95).
Em termos breves, a taxonomia consiste em uma estruturação de objetivos
educacionais, baseada em três domínios de desenvolvimento: cognitivo, afetivo e psicomotor.
Consagrada pelo uso, a hierarquia do domínio cognitivo é a mais empregada pelos
profissionais que desenvolvem ações educativas.
70
Tradução nossa: First, unlike more familiar kinds of theories, instructional-design theory is design-oriented
(focusing on means to attain given goals for learning or development), rather than description oriented (focusing
on the results of given events). […] Second, instructional-design theory identifies methods of instruction (ways
to support and facilitate learning) and the situations in which those methods should and should not be used.
[…]Third, in all instructional-design theories, the methods of instruction can be broken into more detailed
component methods, which provide more guidance to educators. […] fourth, the methods are probabilistic rather
than deterministic, which means they increase the chances of attaining the goals rather than ensuring attainment
of the goals […]So, instructional-design theories are design oriented, they describe methods of instruction and
the situations in which those methods should be used, the methods can be broken into simpler component
methods, and the methods are probabilistic.
96
▪ Compreensão: alterar, associar, classificar, completar, construir, converter, decodificar, defender, definir,
descrever, distinguir, discriminar, estimar, explicar, expressar, exemplificar, ilustrar, generalizar, identificar, informar, interpretar,
inferir, localizar, preparar, prever, reformular, reescrever, resolver, resumir, discutir, reconhecer, redefinir, selecionar, situar,
traduzir.
71
Tradução nossa: Perhaps the taxonomy’s greatest contribution has been in the development of a Professional
language. Teachers and administrators who describe and analyze instruction know that terms such as knowledge
level and higher levels of learning will be understood by educators everywhere.
98
Além da taxonomia de Bloom, outra linha de reflexão teórica que influenciou muitos
estudos clássicos na área de design, foi proposta pela teoria das condições de aprendizagem de
Gagné.
Constituindo até hoje uma referência, Robert M. Gagné foi Professor Emérito De
Psicologia Educacional e Design instrucional, publicando lições da década de 1970, quando o
design instrucional se firmava como área de estudos. Igualmente popular entre designers, por
facilitar a identificação de objetivos de aprendizagem, a Teoria das Condições de
Aprendizagem de Robert Gagné se tornou conhecida como os Nove eventos de instrução de
Gagné (BRANCH, 2010, p. 87)
A abordagem de Robert Gagné propôs conceber que a aprendizagem é distribuída
em fases, as quais estão conectadas a eventos instrucionais e que para ocorrer uma formação
de qualidade, é preciso seguir essa sequência de eventos.
72
Tradução nossa: Gagne takes an approach to the domains of instruction similar to that of Bloom’s taxonomy,
but there are important differences. Gagne divides what can be learned into three categories: declarative
knowledge (verbal information), procedural knowledge (motor skills, intellectual skills, and cognitive
strategies), and affective knowledge (attitudes). Gagne states that there are five possible types of learning
outcome: intellectual skill, cognitive strategy, verbal information, motor skill, and attitude. Gagne’s hierarchy of
intellectual skills (the skills most often addressed through instruction) states that there is a progression that can
be followed to bring a student to the point of being able to solve problems on his or her own. The four steps in
this progression are discrimination, defined concept, rule or principle, and problem solving.
99
Feita esta breve retrospectiva teórica sobre as teorias prescritivas mais clássicas,
podemos dizer que a grande contribuição dos modelos prescritivos foi apresentar princípios
que orientaram a construção de iniciativas de ensino. As teorias prescritivas, no design
instrucional, dão um passo adiante explorando em maiores detalhes a complexidade dos
processos mentais envolvidos no desenvolvimento da aprendizagem. Enquanto as teorias
73
Tradução nossa: (a) Learning is promoted when learners are engaged in solving real-world problems. (b)
Learning is promoted when existing knowledge is activated as a foundation for new knowledge. (c) Learning is
promoted when new knowledge is demonstrated to the learner. (d) Learning is promoted when new knowledge is
applied by the learner. (e) Learning is promoted when new knowledge is integrated into the learner’s world.
101
Nos modelos fixos ou fechados ocorre uma separação absoluta no projeto, entre as
fases de design (análise e desenvolvimento) e as fases de implementação e posterior avaliação
dos resultados obtidos pelo design instrucional. Basicamente modelos fechados significam
que todas unidades, conteúdos, mídias estarão prontos e delimitados antes da execução, sem
espaço para flexibilidade e eventuais adaptações de conteúdo ou mídia, diante do público.
Devido a isso, os modelos fixos são conhecidos também como modelos de engenharia ou pré-
engenharia (FILATRO, 2003).
Em geral, cursos e-learning que não exigem a presença de tutor possuem modelos
fixos, optando frequentemente por estrutura rígida e feedback automatizado, comuns aos
modelos fechados.
(FILATRO, 2003, p. 104), porém diferentes autores parecem aplicar outras denominações
para se referir ao mesmo tipo de modelo e prática, tais como flexível, construtivista, e
cognição situada.
74
Tradução nossa: [...] an interest in promoting human cognition.
105
75
Tradução nossa: Multimedia learning refers to learning from words and pictures. Multimedia instruction refers
to the presentation of material using bothwords and pictures, with the intention of promoting learning. The case
for multimedia learning rests on the premise that learners can better understand an explanation when it is
presented in words and pictures than when it is presented in words alone. Multimedia messages can be based on
the delivery media (e.g., amplified speaker and computer screen), presentation mode (e.g., words and pictures),
or sensory modalities (e.g., auditory and visual). The design of multimedia instructional messages can be based
on a technology-centered approach that focuses on the capabilities of advanced technologies or on a learner-
centered approach that focuses on the nature of the human cognitive system. Multimedia learning may be viewed
as response strengthening (in which multimedia environments are used as drill-and-practice systems),
information acquisition (in which multimedia messages serve as information delivery vehicles), or as knowledge
construction (in which multimedia messages include aids to sense-making).
76
Tradução nossa: People learn better from words and pictures than from words alone.
106
77
Tradução nossa: [...] o constructos cognitivos que incorporan múltiples unidades de información dentro de una
unidad singular de mayor nivel.
107
Por fim, a carga cognitiva relevante é aquela que de fato promove o processo
cognitivo de aprendizagem, provocando um entendimento profundo da informação quando ela
é integrada à memória de longo prazo, unindo-se a conjuntos de outras unidades
informacionais similares.
No contexto atual, em que estamos imersos em ambientes informacionais
complexos, é fundamental sopesar o quanto nossos esquemas mentais estão se habituando a
trabalhar com carga cognitiva extrínseca. Enquanto o aluno navega, é possível que na mesma
aba do navegador, ele capte o conteúdo instrucional, ao passo que seleciona e desvia o olhar
de uma enorme quantidade de banners, janelas poup-ups indesejáveis, sons inesperados e
outros elementos que, a despeito de não integrarem o projeto original de desenho multimídia,
sobrecarregam e compartilham os canais de entrada, constituindo carga cognitiva, talvez
prejudicando a aprendizagem.
Todavia, mostra-se complicado fazer essas inferências com base em pesquisas
pregressas, sem considerar os novos mindsets desses alunos. Por exemplo, numa pesquisa
amparada por rastreamento ocular sobre tela digital, Hang Liu (2017) detectou que, embora
um grupo de alunos investisse menor tempo de fixação e se detivesse em menos pontos da
tela (um processo de captação visual mais rápido e distribuído), ainda assim eles revelaram
maior eficiência de busca visual.
Nesse ambiente de sobrecarga e super complexidade, faz-se necessário entender
que a atenção dos alunos é muito mais fragmentada (como mostram os mecanismos de
captação visual), prova disso é a vertiginosa expansão de conteúdo estruturado em pílulas, um
formato de fragmentos de conteúdo ultracondessado que é uma tendência informacional
moderna.
Richard Mayer também foi criador dos princípios de design multimídia, aplicados
no exercício de desenho instrucional. De acordo com o teórico, as pesquisas sobre design
multimídia têm atuado simultaneamente para melhorar a prática de desenho instrucional
(teorias prescritivas) e para complementar as teorias de aprendizagem.
Nesse sentido, os princípios de design multimídia buscam aprimorar técnicas e
atingir objetivos em ambas as áreas, porém, como o próprio Richard Mayer destaca em sua
revisão posterior: os princípios dependem de condições individuais diversas e embora “sejam
efetivos para iniciantes, podem não ter mais tão eficazes para alunos mais experientes”
(MAYER, 2009, p. xi)78.
78
Tradução nossa: [...] design principles that are effective for beginners may not be effective for more
experienced learners.
109
79
Tradução nossa: [...] reduces extraneous processing by guiding the learner’s attention to the key elements in
the lesson and guiding the learner’s building of connections
110
80
Tradução (e adaptação) nossa: Redundancy hinders learning when it creates extraneous processing (by placing
text far from the corresponding graphics) and when it detracts from essential processing (by highlighting the
entire text rather than highlighting key portions of the text). Redundancy may help learning when it minimizes
extraneous processing (by placing text near corresponding graphics) and fosters essential processing (by
highlighting key portions of the text).
111
la, devido a isso as unidades de ensino são estruturadas internamente, e um curso é também
particionado em módulos maiores.
Considerando esses aspectos, nós acreditamos que esse efeito é explorado
intensamente na web aberta, que embora imponha muito conteúdo ao interator, procura
particionar o conteúdo em fragmentos menores, ou modulares (MANOVICH, 2002); por isso
a ultrafragmentação e modularidade se tornaram características de ambientes informacionais
supercomplexos.
Portanto, o efeito de segmentação procura fazer uma antecipação das operações
mentais, porém é preciso trabalhar com a continuidade dos segmentos, de modo que a visão
do todo não seja rompida. Outro aspecto relevante da segmentação é dar controle ao aluno
para escolher a velocidade em que os segmentos são avançados, ou até mesmo retrocedidos,
posto que em relação ao controle já foi amplamente observado que os interatores retém mais
conteúdo quando lhes é dado mais domínio acerca do ambiente de aprendizagem multimídia
(MAYER, MORENO, 2003).
Enfim como é possível verificar nesta breve revisão teórica, os princípios para
design multimídia necessitam uma constante revisão, haja vista que seu contexto (as
tecnologias) permanece em evolução.
82
Tradução nossa: Brody (1999), assessing the progress made so far in the development of multimedia design,
suggests that we have yet to find the person or people who can really push these media to their limits: who can
make them work to the edge of their potential, creating totally newproducts, activities, or experiences. He points
out that in the early days of movie production, it took decades for the arrival of the Russian film maker Serge
Eisenstein, who invented ways of editing and sequencing shots into the sorts of expressive and dramatic
narratives we see in film today. Brody asks: where is the Serge Eisenstein of multimedia?
114
Assim sendo, a interface funciona realmente como uma tradutora que interage
junto a processos cognitivos do usuário, por meio de elementos estrategicamente pensados,
como: tipografia, legibilidade, convenções semióticas, ferramentas de navegação, seleção de
cores, texturas, número de elementos na tela, quantidade de blocos de texto e blocos gráficos,
ícones e botões, mapeamentos conceituais, além de uma serie de possíveis itens gráficos que
constroem metáforas visuais, com vistas a melhorar a usabilidade.
Presentemente, o designer instrucional tem à disposição diferentes softwares de
Learning Management System (LMS), e.g. Moodle, Amadeus, Sakai, Donkeus, e cada um
deles é conhecido por propiciar diferentes recursos de usabilidade e layout, permitindo a
caracterização de variadas identidades para o ambiente. É essencial que o profissional de
designer instrucional conheça o potencial desses LMS, assim como os princípios para o
desenvolvimento de uma interface agradável esteticamente e com alta usabilidade.
Usabilidade é um termo da engenharia de design que faz referência à experiência
de acesso do usuário no processo de interação com a interface. Hoje em dia, contamos com
interfaces amigáveis e intuitivas, mas o cenário era bastante diverso antes da explosão das
interfaces gráficas de usuário. Outrora, na época da interface arcaica (JONHSON, 2001),
também denominada como pré-história da interface gráfica (ROYO, 2008), utilizar
computadores constituía uma tarefa árdua e especializada, a qual acontecia mediante linhas de
comando ou uso de cartões perfurados.
A potencial transformação do cenário começou em 1968, com a demonstração do
espaço-informação, que concedeu a Douglas Engelbart o título de precursor ou pai da
interface gráfica de usuário (JOHNSON, 2001). Posteriormente, a criação e desenvolvimento
da Interface Gráfica de Usuário (GUI – Graphic User Interface), iniciada pelo Paio Alto
Research Center e expandida pelo Macintosh, corroborou para ampliação do acesso,
porquanto tornou os computadores mais amigáveis, com menor exigência de letramentos na
sintaxe computacional.
Nesta breve seção e nas paginas subseqüentes, devemos retomar rapidamente os
diferentes tipos de design instrucional de interface, observando como seus elementos
procuram se adequar em acordo ao que foi denominado como arquitetura cognitiva cerebral
115
(TAI) é influenciada pelo contexto no qual é inserida, ela também possui potencial para
transformar esse mesmo contexto social.
Se considerarmos essa relação recursiva entre tecnologia e práticas sociais, é
possível acreditar que a evolução das ferramentas para interfaces sociais, semânticas e
inteligentes (mesmo quando não aplicada aos LMS e objetos educativos) esteja
influenciando uma reconfiguração das práticas de ensino, tal possibilidade será observada ao
longo da teoria e análise que desenvolvemos.
83
Tradução nossa: clusters are groupings of resources that form recognisable textual subunits that carry out
specific functions within a specific text.
120
direita, a mente perceberá primeiro o formato de coração antes de atinar que imagem é
formada por ícones menores do aplicativo Whatsapp.
84
Tradução nossa: Social interfaces are designed and deployed to support ongoing, geographically dispersed
gatherings of people drawn together by common interests and the conversational power of textual exchange.
Through this activity—in which participants engage in a process of writing for others and reading what others
write in return—a number of complex phenomena are apparent: questions are asked and answered, information
is sought and provided, people chat about matters both trivial and profound. And, as they come to know one
another over time, participants can come to perceive the space where they interact as a kind of home, a place in
which something like a community can take shape. As in other social contexts, such social groups develop their
own sets of norms, which they use to define those behaviors and attitudes they accept as appropriate for their
members. Over time, these norms become embedded within the very fabric of the community’s interactions and
expectations; they become a guide, a rubric for how to behave within the community [...]
122
apresentam potencial para transformar o espaço digital em um espaço de afinidade, por que
além de transformar o próprio “tecido das interações e expectativas” (CRUMLISH,
MALONE, 2009, p. 386), elas podem modificar a maneira de se comportar dos usuários.
De fato, se levarmos em conta a emergência das interfaces sociais, ao longo da
última década, é difícil não responsabilizar parcialmente tais interfaces sociais pelo
crescimento das práticas de construção colaborativa, apropriação, produsagem e
compartilhamento de conteúdo.
Entretanto, a proposta desta tese nos permite conduzir esta reflexão um pouco
mais adiante: se considerarmos que, por meio das transliteracias, os indivíduos empregam
letramentos a fim de “aplicar e transferir uma série de habilidades e percepções contextuais”
(SUKOVIK, 2016, p. 29)85 entre variados contextos digitais, então é perfeitamente plausível
que as interfaces sociais corroborem para a transformação do tecido das interações, isto é, que
os usuários sejam capazes de transferir suas habilidades interativas e percepções sociais a
partir de contextos informacionais complexos como o Facebook para dentro dos espaços
virtuais de aprendizagem tais como o Connected Courses.
Na prática de e-learning, isso significa que os potenciais alunos podem transferir
comportamentos, normas e atitudes oriundas de espaços informais e mais heteráquicos (como
Facebook, Fandoms, Wikipédia etc.) para dentro dos ambientes virtuais de aprendizagem,
estimulando uma reconfiguração das dinâmicas sociais que ali vigorariam usualmente,
inspiradas em paradigmas tradicionais de aprendizagem.
Desta feita, podemos inferir que essa transferência de habilidades será favorecida
quando o design instrucional de interface e-learning se aproximar do design de interfaces
sociais típico das plataformas colaborativas e de compartilhamento (uma estratégia que
veremos bem aplicada, no estudo de caso do Connected Courses!).
85 85
Tradução nossa: [...] to apply and transfer a range of skills and contextual insights.
123
A ideia de uma interface semântica se torna cada vez mais útil, conforme a própria
web e os softwares se tornam capazes de conter uma descomunal quantidade de informações,
a qual é difícil de organizar visualmente ou manipular, mesmo em ambientes informacionais
complexos. Porém, embora seja útil por quebrar limitações inerentes à organização visual-
espacial (JOHNSON, 2001), as interfaces semânticas podem exigir mais conhecimento sobre
uma rede de relações de sentido, elementos invisíveis, os quais nos empurrariam para novas
formas de interação com interfaces, melhores letramentos em categorização e localização,
além de novas reconfigurações de mindsets.
De fato, todo esse potencial tecnológico soa muito sedutor e interessante, mas está
ainda distante da real prática do design instrucional e-learning que experimentamos hoje.
Examinando brevemente a engenharia, recursos e estrutura dos softwares de LMS, é possível
constatar que a maioria não é concebida pensando em caminhos múltiplos, e assim corrobora
para limitação do design instrucional.
A configuração de interface dos AVAs mais utilizados como Moodle, Edmodo,
Blackboard não permite criar com facilidade um design instrucional focado em múltiplos
percursos, níveis e objetivos alcançados para uma mesma turma. Além disso, as interfaces
proporcionam formas de interação limitadas, pois sua camada computacional ainda parece
impregnada por velhos paradigmas de aprendizagem (afinal, a relação recursiva entre
tecnologias e culturas constitui um intercâmbio recíproco).
Como já mencionamos, a estrutura de interface softwares e-learning ainda se
prende à velha premissa que uma turma coletiva terá uma única experiência de aprendizagem.
Assim sendo, para alcançar reais avanços no design de interfaces inteligentes e-learning, faz-
se necessário uma revisão de paradigma mais profunda que passa até mesmo pela engenharia
de software (a qual, infelizmente, não é possível aprofundar no presente trabalho).
Fonte: Wikipédia
131
Algumas das mindtools mais comuns são: mapas mentais, planilhas, micromundos
e infográficos, porém, mindtools mais recentes podem assumir a forma de sistemas
inteligentes (robôs digitais) adaptados às tecnologias móveis, que têm o poder de aumentar o
engajamento e presença em atividades de pensamento complexo (CHU; HWANG; TSAI,
2010).
86
Tradução nossa: computer-based tools and learning environments that have been adapted or developed to
function as intellectual partners with the learner in order to engage and facilitate critical thinking and higher-
order learning.
132
Boa parte dos sistemas operacionais já é equipado com uma série de programas ou
pode suportar a instalação de aplicativos que funcionam como ferramentas de trabalho na
execução de tarefas: ferramentas de produção e visualização (Power Point, Google Drive);
ferramentas de edição e publicação multimídia (Instragram, Windows Movie Maker,
Magisto), ambientes de conversação síncrona e assíncrona (Whatsapp, Opera, Telegram).
Considerando que tais ferramentas são projetadas para otimizar a produção de tarefas, elas são
denominadas como ferramentas de produtividade (KIRSCHNER, ERKENS, 2006) ,
entretanto, elas também podem ser utilizadas como parceiros intelectuais, exercendo a função
de mindtool.
Nós acreditamos que o design de ferramentas é relevante para apontar os
subsídios que buscamos nesta tese. Como foi exposto anteriormente, o caráter inovador e
disruptivo do cMOOCs deriva da construção de experiências de aprendizagem autênticas.
Nessa construção, o design de ferramentas é vital, porquanto ele deverá ser desenhado para
integrar os recursos e propiciações das plataformas de web aberta, de modo que elas sejam
essenciais à execução das atividades e participação no curso: recursos de apreciação
emocional, ferramentas de publicação, indicadores de presença etc., precisam estar alinhados
com uma utilidade central.
De acordo com o que veremos na análise do curso Connected Courses, essa
integração das ferramentas da web aberta precisa ser natural, mas de uso compulsório, isto é:
ela precisa ser tornada essencial para vivência do curso, além de fazer sentido por meio de um
propósito coerente no uso.
por Moore (MOORE, 1977; MOORE, KEASLEY, 1996). Quando o tutor investe no diálogo
instrucional, a relação entre o tutor e os alunos pode “servir como uma ferramenta pedagógica
crítica que incentiva a presença do aluno e do instrutor, bem como a presença cognitiva”
(KOC, BOBOC, 2017, p. 83)87 .
A distância transacional é determinada por três variáveis ou, elementos-chave:
estrutura, diálogo e autonomia do aluno. O projeto de design que pretenda romper essa
distância precisa investir em estruturas de interface e ambiente que emponderem o aluno e o
façam se sentir confortável para seu engajamento, e essas estruturas devem ser amparadas por
um diálogo construído no interior conteúdo didático e pelo próprio tutor, ambos fomentando a
liberdade e autonomia do educando.
Nos modelos de design instrucional fixo, a distância transacional costuma ser
muito extrema (por vezes, é nulo o contato entre tutor e aluno), assim como o aluno tem
pouca autonomia em relação ao ambiente e aos conteúdos previamente fechados; em
compensação, conforme o design se torna mais flexível, essa distância é diminuída, e a
autonomia do aluno costuma crescer proporcionalmente nessa relação interdependente.
No estudo de caso analisado nesta tese, poderemos observar como todo o projeto
de design do Connected Courses, assim como os próprios tutores, aplicam estratégias para
suavizar a distância transacional, que vão desde o diálogo aberto no fórum e redes sociais até
configurações de acesso projetadas dentro do próprio portal.
Durante a análise do caso, poderemos mostrar que as transliteracias foram
intencionalmente aplicadas para afetar diretamente os três elementos-chave do diálogo
instrucional do curso cMOOC. Em nossa visão, essa estratégia funcionou apontando novos
caminhos para interação, talvez mais heterodoxos, porém com resultados favoráveis às
engrenagens do engajamento e pertencimento.
87
Tradução nossa: serve as a critical pedagogical tool that encourages student and instructor presence as well as
cognitive presence eliminating this transactional distance that can be a barrier to an effective course.
134
replicadores e produtores de conhecimento, por meio de ferramentas como blogs, Wikis, perfis
em redes sociais e plataformas de edição e compartilhamento de conteúdo.
Entretanto, o potencial para interação com outros colegas depende bastante da
estrutura oferecida pelos LMS e designs de interface: recursos, canais de comunicação
síncrona e assíncrona, atividades planejadas, suporte e ferramentas utilizadas para
desenvolver atividades coletivas etc. Em resumo: para que a interação entre pares seja bem-
sucedida, é preciso que o projeto de interação enfoque estratégias interacionais e o uso de
ferramentas de construção colaborativa e cooperativa.
Os modelos de aprendizagem on-line massiva muitas vezes possuem um desenho
que enfoca essa interação e vale-se dela ao implementar formatos de avaliação entre pares.
No caso analisado nesta tese, embora não tenha ocorrido método formal de avaliação, o curso
cMOOC Connected Courses insere a interação com pares em papel de destaque, pois sua
abordagem conectivista coloca as relações entre alunos e outras formas de conexão no centro
do processo de ensino-aprendizagem.
A priori, diretrizes de design instrucional estipulam que toda interação deve ser
“intencionalmente planejada” (FILATRO, 2008, 107), mas notamos que é difícil manter tal
intencionalidade e domínio num contexto em que os canais de comunicação extrapolam o
controle do ambiente virtual fechado; um contexto em que as tecnologias ubíquas têm
impactado fortemente as formas de interação com o conteúdo, de uma maneira nunca vista
anteriormente (KADIR, 2017).
Conforme mencionamos no capítulo anterior, tais tecnologias são caracterizadas
por uma condição disruptiva radical (PADILLA. 2012). Na interação, isso significa que elas
rompem o curso esperado das estruturas interacionais, afetando os parâmetros de distância
transacional, pois impactam diretamente suas três variáveis: a estrutura se torna mais aberta,
com canais menos previsíveis ou suscetíveis ao monitoramento; o diálogo com o aluno é
impulsionado para contextos mais informais; e, por fim, o aluno ganha mais autonomia em
relação às condições de acesso e sobre a vivência com o curso on-line (o que pode ser um
ponto positivo, porquanto pode incrementar o engajamento, como veremos no caso em tela).
135
88
Tradução nossa: as information provided by an agent (e.g., teacher, peer, book, parent, self, experience)
regarding aspects of one’s performance or understanding.
136
O feedback por pares pode constituir um recurso valioso no caso dos cursos
MOOC, em que a escalabilidade do cursos, envolvendo centenas e até milhares de alunos,
torna o feedback e a pontuação uma questão ainda bastante problemática (REILLY,
STAFFOORD, WILLIAMS, CORLISS, 2014).
A avaliação constitui uma das formas de feedback mais comuns e deve estar
coadunada aos objetivos educacionais definidos no início do projeto. Embora uma de suas
principais funções seja determinar o que ou quanto foi assimilado pelo aluno (conhecimentos
e habilidades construídos), ela também pode atuar regulando a aprendizagem, fomentando a
autorreflexão ao promover habilidades metacognitivas, desde que a tarefa seja desenhada
centrada no aluno e não centrada em si mesma.
Boas práticas avaliativas determinam que os instrumentos de avaliação devem ser
adequados ao contexto e os critérios adotados devem ser clarificados aos alunos. A avaliação
não apenas oportuniza um retorno para o aluno sobre o seu próprio desempenho e nível de
aprendizagem, a avaliação quando bem conduzida também pode servir de oportunidade para
consolidar o aprendizado e ampliar o que foi aprendido. (FILATRO, 2008). Se utilizarmos
instrumentos corretos, tal aprendizado por ser avaliado em qualquer um dos três domínios de
desenvolvimento: afetivo, psicomotor e cognitivo.
Conforme sua finalidade e objetivos educacionais, a avaliação pode ser definida
como formativa ou somativa, implicando diferentes designs, os quais podem mesclar ambos
os tipos de avaliação.
254)90 e que a relação entre feedback e performance tem efeitos muitos mais variados do que
a teoria do reforço permite supor.
Entre outros achados interessantes, os autores apontaram que o feedback mal
conduzido, apenas corretivo, tem o efeito negativo de desviar o foco de atenção da relação
[Tarefa x Erro x Correção] para chamar atenção à relação hierárquica existente entre o
aluno e a estância superior que realiza a correção ” ( KLUGER, DENISI, 1996). A partir
desse achado, nós consideramos possível inferir que atenuar o feedback avaliativo apontaria
uma via de subsídios para conduzir a formatos mais fluídos e menos hierarquizados de ensino.
Ademais, construir experiências de aprendizagem autênticas demanda processos
de avaliação autênticos, os quais devem estar inseridos na execução das próprias tarefas do
processo de ensino-aprendizagem (HERRINGTON, OLIVER, 2000). De fato, conforme
observaremos no próximo capítulo, durante a análise do design do Connected Courses, além
das atividades do curso, o objeto de caso não projetou formas de avaliação formal somativa, o
que pode ter sido um fator decisivo para contextos mais autênticos, heterárquicos e
horizontalizados entre tutores e alunos.
Sopesando as transformações correntes no panorama de e-learning, é possível
conceber que alguns entendimentos outrora basilares, possam estar em cheque, a necessidade
de avaliação somativa ou o desempenho individual são alguns deles, dentro de uma
conjuntura em que a colaboração e autoria coletiva são tendências cada vez mais
consolidadas. Igualmente, torna-se possível questionar objetivos educacionais que visem à
retenção de conhecimento na memória de longo prazo, num contexto em que saber identificar
e localizar conhecimentos passa a ter uma importância prática maior que a memorização
compulsória.
Diante de tal panorama, podemos estar em um momento adequado para revisar
critérios de avaliação, bem como a necessidade e o próprio conceito de avaliação, em geral
atrelado e influenciado pela expectativa de fornecer resultados quantificáveis para prestação
de contas institucionais ou governamentais. Efetivamente, a relação entre avaliação e
resultado é problemática, porquanto na área educacional o conceito de resultado tem sido
considerado à revelia dos educadores e líderes educacionais, sendo pressionado por avaliações
governamentais quantitativas externas (LEEUWN, 2016).
90
Tradução nossa: Since the beginning of the century, feedback interventions (FIs) produced negative but
largely ignored—effects on performance.
140
91
Tradução nossa: [...]dynamic due to many advances in learning theory, multimedia capabilities, learning
management systems.
92
Tradução nossa: [...] interfaces, techniques, and ultimately the most fundamental assumptions of diferent
media forms and traditions, are brought together resulting in new media gestalts
141
Capítulo 5
Desenho instrucional: cMOOC Connected Courses
5. Apresentação do capítulo
93
Tradução nossa: Connected Courses is a collaborative community of faculty in higher education
developing networked, open courses that embody the principles of connected learning and the values of the open
web.
146
vistas a promover práticas intrínsecas ao design de cursos abertos. O curso foi estruturado em
um único módulo formado por seis unidades de ensino, com temas e objetivos focados nos
conceitos basilares, práticas e valores da web 2.0.
Primeiramente, antes das unidades de ensino do curso, a equipe estruturou uma
unidade de pré-curso, a qual teve por objetivo a boa recepção e orientação dos novos alunos.
No período pré-curso, os estudantes foram instruídos com informações e suporte acerca do
funcionamento do fórum, portal e ferramentas para que a turma pudesse interagir e participar
de maneira mais efetiva, com melhor nível de engajamento. De certa maneira, constatamos
que uma unidade pré-curso funcionou também como uma forma de avaliação de diagnóstico,
pois o contato prévio permitiu entrever se o público previsto na fase de elaboração do projeto
coincidiu com o público inscrito, o que possibilitou verificar os níveis de conhecimento dos
alunos e avaliar a adequação do projeto de design.
A abertura oficial do curso foi realizada na unidade 1, a qual teve por escopo
iniciar uma reflexão sobre as motivações individuais de cada aluno diante da carreira
professoral, discutindo o que é o ensino, qual a proposta do ensino superior no contexto das
tecnologias e conexões e quais transformações foram ocasionadas pelas TIC. Na unidade,
percebe-se que o curso carrega um forte viés para trabalhar com pensamento crítico,
desviando o foco de “o que / como” (ou seja, uma perspectiva focada no conteúdo) para o
“porquê”, de modo a dirigir a aprendizagem para uma postura reflexiva. O tema busca
fomentar maneiras de deslocamento do eu, repensando outras maneiras de ser, estar e olhar o
mundo (ou realidades).
A unidade 2 enfocou os espaços abertos e problemas de confiança relacionados a
eles. Os textos procuraram debater o potencial e dificuldades na utilização de espaços de
aprendizagem abertos. Como sustentar e gerenciar um ambiente seguro, gerenciar
intervenções externas, como promover a sensação de segurança para os alunos quando a sala
de aula digital é aberta. No caso desses ambientes, que promovem um menor controle sobre o
número de alunos e favorecem públicos maiores, como trabalhar com essa escalabilidade.
Por fim, reforçando o eixo temático, a unidade concluiu que tal abertura é
exatamente o que proporciona a possibilidade de construir redes de apoio à aprendizagem e
engajamento, e por isso, convém compreender mecanismos de funcionamento dessas redes
dentro da web aberta, bem como o conceito de capital social.
A unidade 3 buscou conceituar a internet desde sua criação e investigar seu
funcionamento e evolução, de modo a compreender como é seu design atual e como ele afeta
e promove determinados valores (coletividade, compartilhamento, bem comum, mérito etc.).
147
Nesse contexto, o conteúdo refletiu sobre como as práticas letradas e valores da web 2.0
ressignificaram as formas de aprender, apresentando novos paradigmas de ensino-
aprendizagem. Ao final, foram levantados questionamentos sobre quais ganhos e perdas
podem ocorrer no uso de web aberta para ensino.
Na unidade 4, foi abordada a problemática da diversidade, quase inerente, à
equidade de acesso proporcionada pela internet. Discutiu-se como o acesso às TICs promoveu
maior variedade de público em espaços digitais, um público que integra diferentes repertórios
culturais, crenças, narrativas de vida e, inclusive, preconceitos arraigados em relação à
sexualidade, gênero e raça. Portanto, neste cenário, torna-se fundamental estar preparado para
a pluralidade dos alunos, a fim de conseguir alcançar uma construção dialógica do
conhecimento em meio às diferenças. A unidade explorou o trabalho em rede, enriquecido
pelas diferenças, o papel de uma estrutura para a equidade de acesso e participação, além de
incluir subtópicos relacionados ao tema principal como: feminismo, raça e gerenciamento de
agressões.
Na unidade 5, o foco principal foi o conceito de coaprendizagem. Os textos e
material multimídia procuraram ilustrar como a coaprendizagem se distancia e contrasta com
as práticas pedagógicas tradicionais. Além de investigar conceitos fundamentais como
inteligência coletiva e aprendizagem P2P, a unidade introduziu estudos sobre práticas de
letramentos digitais como curadoria, remix e letramentos que emergem em redes sociais como
Twitter.
Por fim, o objetivo da unidade 6 foi levantar questões práticas e problemas
típicos de cursos em modalidade aberta: os entraves institucionais que podem ocorrer no
desenvolvimento de cursos abertos relacionados a problemas de avaliação; definir as melhores
ferramentas diante da grande oferta da web; como criar uma rede de aprendizagem e apoio e,
finalmente, como delimitar claramente objetivos mensuráveis e factíveis durante a criação de
um projeto.
Após análise do curso, nós registramos os conteúdos, hiperlinks, tarefas e eventos
em cada unidade, e com base nesse levantamento desenvolvemos uma matriz do desenho
instrucional do curso, a qual consta nos anexos.
148
94
Nota do autor: o vocábulo espalhabilidade constitui um neologismo e tradução que geramos a partir do termo
“spreadable”. Spreadable aponta para uma característica do modelo híbrido emergente de circulação de
conteúdos, com formas cada vez mais difusas de compartilhamento e circulação, que refletem o potencial do
público para espalhar material. O adjetivo de espalhabilidade evoca uma metáfora sobre como o conteúdo se
move através da paisagem cultural, com certa viscosidade. (JENKINS et al , 2013).
151
Figura 18: G1 usando hashtag para indicar que visitou indicação de pares.
Inicialmente, seria possível afirmar que esse pequeno evento de travessia não
constitui uma amostra significativa e poderia ter se passado em um ambiente interno do curso,
ou até mesmo dentro de um AVA fechado. Todavia, não podemos ignorar que trocar o
contexto informacional afeta a conjuntura em que o evento ocorre, pois transforma as
configurações das interfaces envolvidas. Na interação com tecnologias, cada evento é
resultado de uma ecologia de recursos materiais e contextos informacionais com
154
configurações diferentes, isto é, diferentes abas na mesma janela de um navegador podem ter
configurações sociais e de interface absolutamente distintas!
Assim sendo, o microblog, situado no espaço da web aberta, possui uma
dinamicidade de acesso e configurações de compartilhamento mais específicas. Há uma
estrutura material e computacional que fundamenta esse fluxo de relações: temos a plataforma
do Twitter em um navegador web ou um aplicativo no smartphone, ambos permitem o acesso
ao Twitter de maneira simplificada, com uma interface social mais ágil para acompanhar
novidades, postar, compartilhar (neste caso, o termo correto seria retuitar), demonstrando
aprovação. Isso é diferente de cadastrar-se num portal, realizar o login, interagir com a
interface do fórum, copiar um endereço eletrônico, localizar uma postagem, para finalmente
fazer uma réplica.
O que estamos dizendo aqui, é que existe toda uma ecologia de recursos materiais
e economia informacional que facilitam esse fluxo de intercâmbio. O fluxo é iniciado quando
outros dois alunos possuem autonomia para aplicar a hashtag #ccourses em um conteúdo que
encontraram e integrá-lo ao curso; tal fluxo prossegue quando a estrutura do Twitter permite
que o participante G1 acompanhe e seja notificado sobre as postagens com a hashtag; e
termina (ou continua indefinidamente) quando G1 comenta e dissemina o hiperlink adiante,
para que mais alunos possam visualizar, retuitar, favoritar, responder. Todas as consequências
do evento inicial são facilitadas e agilizadas por recursos materiais e elementos estruturais.
Nossa análise do desenho, avalia que a estratégia de distribuição (ambientes /
informação) do cMOOC Connected Courses busca a participação do aluno, mas para isso
oferece um desenho aberto e focado em travessias, um design que considera que a agência do
usuário, pois inclui rotinas e hábitos já adquiridos, tais como uma predisposição às travessias.
A estratégia de conteúdo também reforça a base conectivista, pois promove a
criação de conexões entre usuários e com novos artefatos digitais externos à plataforma
principal, de modo que seu conhecimento prévio e individual é valorizado. Entre as principais
travessias, podemos listar: as sugestões de vídeos e links indicados no fórum, os blogs de
alunos, os sites Daily Connector e Daily Create que sugerem conteúdos diariamente aos
alunos do cMOOC, e as mensagens no microblog Twitter marcadas com a hashtag #ccourses.
Outro fato que reforça essa movimentação do usuário é a versatilidade da
interface do portal, algo essencial num cenário em que ubiquidade tecnológica proporciona a
oportunidade para o estudante acessar o portal, em diferentes horários, locais, mídias.
Em concordância com esse cenário multifacetado, o portal do Connected Courses
é um site responsivo, as páginas responsivas utilizam um único arquivo de HTML e CSS3 e
155
necessidade ininterrupta. Por exemplo, na captura de tela abaixo, podemos visualizar o twitte
de um aluno que retroalimenta o portal do curso:
Figura 22: G1 usando a hashtag para expressar que visitou a indicação dos
colegas.
Figura 23: Twitte de M1 indicando link do próprio blog e tarefa, com hashtag.
Figura 26: Aluno L1 utilizando a postagem de blog para realizar tarefa da unidade
1
Figura 28: Paleta com as principais cores aplicadas aos fundos, títulos, corpos e
destaques do Connected Courses.
95
Tradução nossa: Co-aprendizagem ativa na educação superior.
164
denominamos como menu-cabeçalho, composto por sete itens, dotados de submenus retráteis.
Atendendo a outra convenção semiótica de web design, a ferramenta de localização (ícone de
lupa) está inserida na extremidade superior direita ao lado do menu.
Botão The Courses: O próprio botão é um hiperlink para a página que exibe as
unidades do curso (Units 1-6). Os itens de submenu são Units 1-6, About, People, Communit
Guidelines e Research Guidelines.
165
Figura 31: Página para cadastro do curso, em destaque a parte inferior da página.
No item de submenu Course Catalog é apresentada uma página com uma breve
lista de cursos relacionados cadastrados, presenciais e à distância.
Botão Fórum: O próprio botão é um link para uma página intermediária que dá
acesso ao fórum e convida os participantes a dialogarem. O item de submenu é um hiperlink
para o site Daily Connect.
Botão Connect your blog: O próprio botão é um hiperlink para a página “How
to”, a qual contém um cadastro, no qual pesquisadores e alunos podem cadastrar seus blogs e
contas do Twitter para que eles sejam captados pela ferramenta de retroalimentação do portal.
O outro item do submenu é “All syndicated Blogs” e exibe uma listagem de todos os blogs
cadastrados.
▪ Fonte: A fonte do fórum merece uma análise uma breve explanação acerca de
suas características. A fonte Awesome é uma matriz tipográfica digital criada por Dave Gandy
em open source, ou seja, ofertada em código totalmente aberto, inclusive para uso comercial.
A Awesome é uma matriz tipográfica digital que apresenta um projeto de fonte muito
poderoso em relação às fontes comuns, pois explora o potencial multimodal do texto em
níveis bastante elevados. As suas propiciações reforçam modalidade imagética da matriz de
texto verbal, no ciberespaço.
Primeiramente, essa fonte possui um riquíssimo repertório de ícones integrados,
com vastas finalidades. A biblioteca de ícones da fonte ressalta a relevância e produção de
175
Além das configurações de interface do portal, o design do fórum segue uma série
de convenções semióticas comuns em outros fóruns digitais, com propiciações de recursos e
pequenas configurações de aparência que merecem um detalhamento. Em nossa perspectiva
analítica, a interface do fórum se destaca por seus elementos de interface social, obviamente,
enquanto uma plataforma de discussão, o seu projeto de interface é desenhado com vistas a
ampliar o contato e a experiência social entre usuários.
O primeiro fato que atraiu nossa a atenção no exame do fórum do Connected
Courses é o uso da plataforma de discussão Discourse. O Discourse consiste em um software
para plataforma de discussão, 100% em código aberto, caracterizado como um projeto
96
fortemente colaborativo, que convida usuários a participarem . Portanto, além de possuir
uma interface que valoriza as dinâmicas sociais, a própria plataforma é um produto de
construção colaborativa e produsagem. A plataforma possui múltiplas propiciações e certos
recursos denotam forte influência da cultura de participação, governança coletiva e práticas de
produsagem. A seguir, discorremos brevemente apenas sobre os recursos mais relevantes que
foram aplicados quando o software foi utilizado pelo Connected Courses.
Primeiramente, cabe mencionar que a plataforma aceita aquilo que chamamos de
login social unificado, ou seja, é possível se conectar ao fórum utilizando os logins e senhas
das redes sociais Facebook, Google, Twitter e Yahoo. O login social unificado promove a
facilidade de acesso (um princípio de aprendizagem conectada), contudo não é uma estratégia
inócua, se considerarmos o tecido das interações sociais.
A priori, o login unificado facilita o acesso, pois permite ao usuário logar-se no
ambiente do Connected Courses sem perder tempo com os procedimentos de registro: criar
um nome de usuário, senha de acesso, carregar uma foto de avatar etc. O login unificado
agiliza o registro, mas como consequência, ele integra também a identidade do aluno ou
96
https://www.discourse.org/about/
176
facilitador com a identidade pessoal da plataforma social cujos dados são resgatados
(Facebook, Twitter, Google, Yahoo), existe uma fusão das identidades articuladas e
performadas no ciberespaço.
Esse processo não é inócuo, pois afeta a separação entre a identidade do tutor ou
aluno (no contexto do curso on-line) e a identidade pessoal. Quando aproxima essas
identidades, também pode-se aproximar as práticas que são desenvolvidas em dois ambientes
informacionais complexos, dotados de configurações distintas, ou seja, aproximar práticas do
portal de aprendizagem e de uma plataforma social de compartilhamento de conteúdo.
Num contexto em que as transliteracias são valorizadas, aproximar as duas
identidades e ambientes é um fator que estimula a tendência do usuário para “aplicar e
transferir uma série de habilidades e percepções” (SUKOVIK, 2016, p. s/p). Em resumo,
existe um fluxo para que quaisquer comportamentos, noções hierárquicas, valores e práticas
de letramentos realizados no contexto do Facebook, Twitter, Yahoo sejam transferidos para a
experiência de aprendizagem.
Secundariamente, a plataforma é rica na geração de metadados sobre os usuários,
é provável que esse aspecto tenha estimulado sua escolha por parte da equipe do Connected
Courses. Há ferramentas de medição sobre e para usuários, visíveis na página inicial do
fórum, nos próprios tópicos e nos perfis de cada aluno e facilitador. Enquanto interface, o
Discourse é uma interface muito informativa sobre o status do sistema, ela é bastante eficaz
para fazer aquilo que definimos anteriormente como representar o sistema por atrás dessa
camada visual, isto quer dizer que fica claro o princípio de visibilidade (JORDAN, 1998;
NIELSEN, 2001; PREECE et al 2005). A interface do fórum é muito transparente sobre como
o sistema funciona, pois toda informação sobre tópicos ativos, visualizados ou horas de
atividade por usuário, é transmitida de modo claro. No login, ela automaticamente
identificava nosso idioma e traduzia alguns elementos para o português, como verificamos no
sumário de atividades do membro, a seguir:
177
restrições de permissão, e outros recursos tipicamente úteis em fóruns populares que atraem
haters e trolls.
97
O sistema de emblemas utilizado no fórum será detalhadamente explicado, mais adiante.
185
Figura 57: Acesso a outros fóruns hospedados pelo DML (Digital Media
Learning).
▪ Componente 6: botão para iniciar um novo tópico, possui ação que ilumina o
botão ao passar do mouse, responde a clique-único.
▪ Componente 8: esta é uma coluna que apresenta hiperlinks para os últimos três
tópicos ativos em cada uma das categorias.
▪ Componente 10: coluna do fórum que lista os títulos de cada tópico, organizada
em ordem que lista os últimos tópicos ativos na parte superior da coluna.
▪ Componente 11: coluna que indica a qual categoria do fórum o tópico pertence
(Organizer’s backstage, #ccourses co-learner ou Research Group)
Conforme temos observado até este ponto de nosso estudo, a interface do portal
Connected Courses apresenta certos recursos similares aos aplicados em interfaces sociais,
além de manter um estreito diálogo com plataformas sociais como o Twitter. Nós pensamos
que a materialidade do design demonstra como os recursos de interface são importantes para
construir uma dinâmica relacional mais amistosa, conectada, dinamizando e favorecendo
interações horizontalizadas entre alunos e tutores.
Os recursos sociais têm o poder para transformar o tecido das interações,
transformando um portal ou espaço de aprendizagem / afinidade em uma comunidade virtual,
em um coletivo de interesse compartilhado. Entre as características de interfaces sociais,
notamos que o curso forneceu recursos cujas propiciações ajudaram a construção de
identidades individuais.
Os recursos identitários possuem um caráter visceral no desenvolvimento de
coletivos virtuais, visto que esses recursos possibilitam performar identidades, caracterizar
méritos, em suma, articular os elementos que constroem a personalidade em meio digital e
expressam a participação de um membro em uma comunidade. Alguns desses recursos
identitários, que veremos na sequência, são o avatar, perfil de usuário, biografia, cartão de
usuário e históricos de emblemas conquistados (ver quadro A, entre os anexos da tese).
98
Tradução nossa: the representation of a user’s identity within a multi-user computer environment.
190
quadrante superior esquerdo; (2) na página inicial do fórum, na terceira coluna que lista os
últimos usuários a postar em cada discussão; (3) no cartão de usuário (mais detalhes a seguir);
(4) no perfil de usuário; (5) no corpo de mensagens privativas de autoria do usuário; (6) na
página de emblemas que ilustra quais usuários possuem determinado emblema. Enfim, em
diferentes contextos de identificação. Assim como na rede Google +, quando não há avatar, é
exibida a letra inicial do nome de usuário.
Figura 62: Diferentes cartões de visita de facilitador f1, aluno b1, e aluno novato.
O design de interface promove uma forma de interação com conteúdo que orienta o
olhar dos alunos para hiperlinks e realiza o trânsito de navegação por meio de uma estrutura em
rede, posteriormente, conduzindo ao rizoma da internet aberta.
A conversa instrucional do curso orienta os alunos à exploração dos conteúdos,
utiliza uma linguagem objetiva (cada unidade tem entre 700 e 1700 palavras, em média), além
de aplicar recursos que estabelecem proximidade com aluno, como o uso constante do pronome
plural Nós. Essa estratégia, além de evocar o princípio de personalização (MAYER, 2009) e
gerar proximidade, também promove uma noção de coletivo.
Identificamos que cada unidade é estruturada com uma seção ou parágrafo inicial,
no qual são definidos os porquês e finalidades dos conteúdos abordados, em uma estratégia
instrucional fundamentada claramente nos nove eventos da aprendizagem, que integram a
teoria das condições de aprendizagem proposta por Robert Gagné (BRANCH, 2010).
Diversas ações são propostas semanalmente aos alunos, contudo as principais
atividades de cada semana são destacas pelo verbo “fazer” ou pela hashtag #Make. De acordo
com a taxonomia de Bloom, verificamos que a maioria tarefas se concentra em operações
mentais das escalas de aplicação, síntese e avaliação, o que evidencia uma abordagem de
aprendizagem centrada nas práticas letradas e suas experiências. A maioria das unidades adota
198
o seguinte padrão estrutural de conteúdo, mas sem rigidez e algumas eventuais subversões,
intercâmbios e ausências:
A disposição dos hiperlinks orienta uma ordem de leitura, sem forçar uma
hierarquia informacional. Na estrutura de hiperlinks, percorrendo as unidades de ensino e
fórum, o aluno recebe liberdade para produzir o percurso que desejar, há conteúdos indicados
para o tema e também conteúdos apenas recomendados. Essa estrutura informacional fortalece
o caráter ergódico do hipertexto, enfatizando que o conteúdo do curso, como qualquer
hipertexto “não é para ser lido do começo ao fim, mas sim através de buscas, descobertas e
escolhas” (SANTAELLA, 2007, p. 303).
Ademais, a maneira como o conteúdo é segmentado e estruturado concede total
liberdade de navegação ao aluno, para selecionar os hiperlinks com os quais interage e sua
velocidade. Em virtude disso, a retenção de conteúdo é favorecida, pois ela aumenta quando o
estudante tem mais controle sobre a interação, velocidade e percursos dentro do ambiente de
aprendizagem multimídia (MAYER, MORENO, 2003).
Ademais, essa estruturação do conteúdo é orientada para a explorabilidade, fazendo
o aluno construir um percurso individual de leitura entre os diferentes hiperlinks
proporcionados em cada unidade. A maneira como os hiperlinks são distribuídos ao longo da
unidade, e o fato de cada hiperlink conduzir a uma página nova, por sua vez carregada de novos
hiperlinks, gera um fluxo informacional imprevisível: é impraticável predizer quais nós serão
perseguidos e conectados. Portanto, temos um fluxo informacional que não se fecha em si
mesmo, ele confia nas transliteracias do aluno para visitar os hiperlinks, traçar novas conexões
e retornar ao ambiente quando lhe for conveniente.
Dessa maneira, temos um fluxo informacional que viabiliza a construção de
experiências de aprendizagem autênticas fundamentadas na imprevisibilidade, em travessias, as
quais envolvem práticas exploratórias da infosfera. Em cMOOCs, o desenvolvimento de
experiências de aprendizagem autênticas depende de “oportunidades para criar a compartilhar
novos conteúdos, gerando ideias” (BONK, 2015)99, e isso foi impulsionado pelo design
baseado em travessias no meio de ambientes informacionais supercomplexos.
Além desses fatores, o desenvolvimento de experiências autênticas também
demanda permitir que o aluno teste a usabilidade das propiciações de cada espaço (plataformas
sociais, sites, aplicativos etc.), integrando suas ferramentas ao percurso de aprendizagem,
conforme verificaremos na próxima sessão.
99
Tradução nossa: [...] opportunities for sharing and creating new content, generating ideas. (BOOK, 2015)
Figura 68: Mapa de navegação da unidade 1.
Legenda:
▀ Páginas Internas do curso, hospedadas
no portal Connected Cursos
▀ Plataformas de mídia social: Youtube,
Twitter, Flick, Tumlr
▀ Serviço de hopspedagem de blog:
Wordpress, edublogs, netlog etc.
▀ Sites .ORG.
▀ Sites comerciais: Amazon
▀ Sites da Imprensa: Jornal NY Times
▀ Sites com hospedagem pessoal .COM.
Fonte: elaboração própria. ▀ Sites de Universidades e instituições
educacionais.
200
201
A opção por um ambiente aberto e por interface mais social tem um impacto
direto sobre o design de interação com ferramentas, porquanto essa escolha amplia a
possibilidade de mindtools possíveis, gerando uma grande variedade. Em decorrência disso, o
desenho das ferramentas do curso extrapola os recursos disponíveis no portal e fórum,
demandando o uso de diferentes softwares. É provável que a não utilização de um software
LMS tenha corroborado para o maior uso de ferramentas da web.
Ao longo das unidades, há um nítido enfoque em ferramentas de autoria e
ferramentas da web 2.0, como redes sociais que permitem produzir e editar conteúdo em áudio
e vídeo. O uso dessas ferramentas ocorre principalmente na função de canais de comunicação
extra, mas no caso do curso, também foram aplicadas para apresentar materiais de apoio,
fomentar conexões, compartilhar atividades entregues com colegas e estimular engajamento.
A inclusão desse tipo de ferramenta, a qual envolve um menor controle por parte
de facilitadores, implica em formas diferentes de gerenciar o curso e interagir com alunos,
formas mais flexíveis. Não obstante este aspecto, elas ainda salientam a comunicação, pois
destacam e reforçam a relevância das relações entre alunos e alunos ou alunos e facilitadores.
Combinando ferramentas síncronas e assíncronas, o curso lança mão de fórum,
chat via Twitter, vídeos, videoconferências, blogs, arquivos de áudio, mensagens privadas,
gravadores e editores de vídeo, GIFs, webinar, Vine, Instagram, Youtube, Hangout, Dropbox
entre outras que serão detalhadas adiante.
O design das ferramentas usadas ou necessárias, ao logo das unidades, deixa
implícito um perfil das competências esperadas nos alunos, tais como: domínio de ferramentas
de edição de imagem e vídeo; domínio de práticas básicas para hospedagem de conteúdo em
nuvem; domínio de plataformas de armazenamento, publicação e edição de imagem e vídeo em
mídia social; domínio amplo das plataformas de comunicação em mídia social; domínio de
apropriação de conteúdo e formas de remix.
Sobre o fórum, conforme já apresentamos na seção anterior, a sua robustez de
recursos é tão ampla que constitui uma superferramenta devido à sua dinâmica social e
propiciações.
Cabe mencionar que a ferramenta webinar é um conceito amplo que remete aos
diversos formatos de videoconferência on-line, como seminários web (do qual deriva o termo);
a princípio, o termo webinar seria aplicado a uma web conferência unilateral, de um para
202
muitos sem uma interatividade direta do público, mas o termo tem sido aplicado a vários tipos
de sessões colaborativas por vídeo.
No caso do Connected Courses, os Webinars consistiram em sessões por vídeo
via Hangout (ferramenta social para videoconferência da rede social Google+), previamente
agendadas nas unidades de ensino como eventos. Tais videoconferências contavam com a
participação de três teóricos e recebiam questões, em tempo síncrono, por meio de
expectadores que utilizavam a plataforma Twitter para enviar interações.
Abaixo, apresentamos um registro das ferramentas aplicadas ao longo do curso:
Quadro 2: Características e relação de ferramentas do curso.
Ferramenta Descritivo e Aplicações
Características
Twitter Rede Social ■ Canal de comunicação
Síncrono / Assíncrono informativo: avisos, lembretes.
Interatividade ■ Canal para dúvidas, sugestões,
opiniões.
■ Canal de interação: receber
questões em tempo real, durante
web conferências.
■ Ferramenta para estimular
participação e engajamento.
■ Conectar usuários.
■ Compartilhar conteúdos e
verificar novos conteúdos.
■ Localizar conteúdos e
informações.
■ Também usado para chat.
Webinar / Hangout Síncrono ■ Produzir webconferências que
Rede social. coloquem teóricos em diálogo
acerca dos temas das unidades,
diante do público que pode enviar
questões via Twitter.
203
Quadro 2 (Continuação)
Ferramenta Descritivo e Aplicações
Características
Youtube Assíncrono. ■ Apresentar vídeos, animações,
Rede social. documentários, entrevistas.
■ Arquivar Hangouts e hospedá-
los na plataforma, para que
integrem cada unidade de
aprendizagem em que ocorreram.
Vimeo Assíncrono. ■ Apresentar vídeos, animações,
documentários, entrevistas.
Vine ■ Plataforma, com rede social e
serviço de edição e
armazenamento de vídeos curtos
até 6 segundos. Exige login para
postagem.
Instagram Síncrono / Assíncrono ■ Editar, publicar e compartilhar
Rede social. imagens pertinentes aos temas do
Compartilhamento em curso, ou requeridas em
nuvem. atividades semanais. Publicar
vídeos de até 15 segundos (exige
login).
Quadro 2 (Continuação)
Ferramenta Descritivo e Aplicações
Características
Dropbox Assíncrono. ■ Entregar / hospedar em nuvem
Cooperativo. atividades realizadas como vídeos
Arquivamento. e áudios.
Compartilhamento.
Wikipedia Assíncrono. ■ Utilizada como parte do projeto
Colaborativo. Wikistorming, que propõe levar o
feminismo às ferramentas
colaborativas da Wikipédia.
Atividade: editar um verbete
sobre feminismo, ampliar um
verbete sobre uma figura
feminina e corrigi-lo sob
abordagem feminista, discutir
com algum agente colaborativo
sobre machismo nos textos
enciclopédicos, wikis e afins que
são ambientes dominados por
homens.
Flipboard Agregador e curador de ■ Plataforma social que produz
conteúdo. revistas digitais customizadas,
curatoriando matérias nos sites de
entretenimento e notícias da web,
de acordo com definições
estabelecidas por usuário.
■ Permite agregar na revista os
feeds das redes sociais Facebook,
Twitter e Instagram.
Storify Agregador e curador de ■ Permite a colagem e criação de
conteúdo. historias, utilizando informações
extraídas de redes sociais.
205
Quadro 2 (Continuação)
Ferramenta Descritivo e Aplicações
Características
Blendspace Ferramenta multimídia ■ Permite criar apresentações e
para produção de lições digitais interativas,
conteúdo educacional. integrando conteúdo da web.
Prezi Ferramenta on-line para ■ Permite criar apresentações,
criação de apresentações, hospedadas na nuvem, com
enriquecidas por recursos recursos de animação.
de animação e vídeo.
Wayback Machine Banco de dados ■ Permite resgatar diferentes
multimídia. versões de um determinado site,
ao longo de períodos variados.
Fórum Assíncrono ■ Tirar dúvidas; interagir e
conhecer melhor colegas;
compartilhar hiperlinks, imagens,
vídeos; debater temas do curso;
pensar o curso.
Sistema de mensagens Assíncrono ■ Contatar colegas.
privadas ■ Contatar e ser contatado por
facilitadores.
■ Receber orientações iniciais
sobre o curso, funcionamento do
fórum, boas-vindas.
■ Criar grupos privados para
receber mensagens.
Atraiu nossa atenção a maneira como o uso de algumas dessas ferramentas foi
essencial para o aluno vivenciar o curso, isto é, seu uso foi compulsório. Por vezes, utilizar
algumas dessas ferramentas demandou que o aluno possuísse de antemão determinados
aplicativos ou programas previamente instalados em seu computador, requerendo novos
letramentos para tais configurações.
206
avaliação somativa, de modo que aluno tem total autonomia sobre como percorre as unidades e
sobre o grau de envolvimento no curso.
Cada uma das unidades apresentou, em média, três teóricos responsáveis pelo
conteúdo, os quais atuaram em webconferências síncronas, de modo a interagir com alunos.
Além dos teóricos que atuaram como facilitadores, houve sempre outros facilitadores no
Twitter e Fórum, que orientaram o desenvolvimento de atividades semanais, fomentaram
discussões e, principalmente, estimularam a criação de conexões entre alunos, ou entre alunos e
novos temas, objetos e práticas digitais.
Uma confluência de alguns fatores-chave faz com que a interação entre pares
(alunos e alunos) seja um dos pilares do Connected Course, podemos citar: design de ambiente
aberto, abordagem conectivista, fundamentação nos princípios de aprendizagem conectada, e
objetivo metalinguístico do curso. Devido a esses fatores, as interações entre estudantes são o
foco de um projeto de design maior e permeiam todos os elementos do curso: diálogo
instrucional, design de ambiente, design de interação, design de conteúdo, design de interface
gráfica, design de ferramentas etc.
Além de toda estrutura proporcionada por recursos do portal e espaços, o desenho
de atividades aplicou estratégias fundamentadas na comunicação entre usuários, com propostas
de atividades que reforçam a noção de trabalho cooperativo, trabalho colaborativo e
estabelecimento de conexões entre usuários. Desse modo, os próprios colegas de curso são
vistos como potenciais fontes de informação e aprendizado, de acordo com o princípio de
pontos de apoio.
209
sem recursos gráficos, e com um formato mais rígido, que fez uso de uma bibliografia,
estilizada em normas Vancouver. Em suma, a unidade apresentou uma identidade academizada.
Fonte: https://web.stanford.edu/dept/SUL/library/extra4/sloan/mousesite/1968Demo.html
Não obstante o design de recursos multimídia formado por uma rede, o curso
investigado ainda foi enriquecido pelas contribuições dos próprios estudantes, cuja participação
no fórum, Twitter e blogs foi permeada por recomendações de conteúdos multimídias, como os
apresentados pelas seguintes capturas:
Figura 78: Gerador de remix produzido pela LEGO (indicado via Twitter).
se devem, muitas vezes, à construção de projetos de desenho instrucional, cujas mudanças são
pontuais, em elementos isolados, com uma perspectiva é parcial.
O que estamos dizendo é: se queremos arrastar essas transformações, desde seus
espaços informais de aprendizagem, para dentro dos espaços e-learning, precisamos reafirmar
insistemente a relevância de uma perfectiva holística do e-learning, com uma visão
integralizante dos elementos que perfazem o design instrucional EaD. Na prática, isso significa
considerar ecologias de aprendizagem, isto é, compreender que as transformações ocasionadas
pelas tecnologias fazem parte de uma ecologia material e, portanto, para integrá-las precisamos
mobilizar diversos componentes do contexto.
Considerando que o contexto de uma ecologia de aprendizagem “é composto por
uma configuração única de atividades, recursos materiais, relacionamentos e as interações
que deles emergem” (BARRON, 2006 p. 195. Grifo nosso), faz-se necessário que projeto de
D.I. impacte todos os componentes, ferramentas, interação com tutores e pares, conteúdos,
material multimídia, oportunizando auto-organização e percursos individuais.
Em nossa análise, a maneira como o design foi projetado para se espalhar por
outros espaços digitais e induzir travessias, faz com ele não seja somente um conteúdo didático
acessível on-line ou ambiente fechado (como um material e-learning de 1º ou 3° geração), o
curso é um espaço de aprendizagem contextualizado na infosfera, avizinhado e integrado a
muitos outros espaços informacionais complexos.
Nesse sentido, consideramos que o projeto do curso teve êxito naquilo que
afirmamos ser necessário no capítulo 4: desenvolver um processo de ensino-aprendizagem
contextualizado na cidade da infosfera, emergindo desse contexto, sem ignorar as tecnologias
de design, interface e mídias que são inerentes aos espaços informacionais complexos.
Por fim, devemos averiguar se essas mudanças e melhorias no desenho instrucional
lograram “alcançar melhores resultados no processo de ensino e aprendizagem.” (SANGRA,
100
GUARDIA, GONZALEZ-SANMAMED, 2007, p.294) . Com esse escopo, ao longo do
último capítulo analítico, nossa investigação se desloca das estratégias de design para focalizar
os resultados desse projeto. Portanto, examinaremos como os alunos responderam ao design e
como os facilitadores efetuaram o diálogo instrucional, completando tais estratégias com uma
postura pedagógica que sustentou o projeto instrucional do curso, ilustrando como pode se
materializar essa orientação que objetiva mudanças nos processos de ensino-aprendizagem.
100
Tradução nossa: Improvement in the instructional design can become one of the most effective strategies to
achieve better results in the teaching and learning process [...]
221
Capítulo 6
Design, Produsagem e Convergência
6. Apresentação do capítulo
interpenetram), avaliamos que essa subdivisão seria mais produtiva para realização da análise
proposta.
101
“Working with others” in a transliterate sense, however, may include anything between a team collaboration on
the same project to responding to a request for information from a stranger we may receive as individuals, rather
than in our official capacity, via the Internet. While the meaning of “working with others” in the first instance is
clear, the latter requires a leap of imagination to envisage a culture of connectivity. “Working with others” is
becoming a continuum in which reference points stretch from close collaboration to remote communication with
strangers. Teamwork, cooperation, communication for assistance and communication with the audience are part of
the continuum. In transliterate ways of working and communicating, the audience can become the source of
information and collaborator in a broad sense. [...] the focus will shift to the collaboration and communication,
enabled by ICT capabilities.
225
Durante a leitura dos dados destacados, é possível constatar que as solicitações não
são necessariamente relacionadas ao curso, como é caso do aluno que pede ajuda para
encontrar um aplicativo (2º exemplo). As solicitações coletadas a partir do Twitter abarcam
desde informações sobre o curso (4º e 5º exemplos), ajuda com bibliografia paralela (1º
exemplo), até convites para desenvolvimento de artigo em coautoria (3º exemplo). De fato, à
exceção do terceiro exemplo, o qual consiste em uma proposta de trabalho colaborativo, os
contornos de colaboração consistem em auxílios mais pontuais, relacionados a localizar
conteúdos. Essas amostras se adéquam perfeitamente à concepção de “trabalhar com os outros”
dentro de uma cultura de conectividade (SUKOVIC, 2016, p. 41).
No 4º e 5º exemplos da coletânea, os recortes indicam esforços para gerenciar
conteúdo, em espaços informacionais densos e tecnologias ubíquas. No recorte do 4º twitte, o
aluno solicita uma informação e articula uma ferramenta mental a fim de não se perder no
andamento do curso (calendário, não fica claro se analógico ou digital). Já no 5º twitte, outro
aluno busca um formato alternativo para acompanhar o Connected Courses.
A mensagem de nº 4 reflete uma tentativa de auto-organização diante de uma
estrutura de rede aberta, talvez um pouco mais caótica. Em contrapartida, a 5º mensagem é
sintomática de um aluno transletrado, que se movimenta entre formatos e gêneros, procurando
aquele se encaixe dentro de suas necessidades e práticas pessoais (podcast, um formato
apropriado para viagens).
102
Tradução nossa: Ideas that resonated with me included the suggestion that we consider our PLN as a reservoir
of reciprocity. We give things away... and if we know what we need and ask for what we need ... things come
back to us.. (Excerto. Postagem de aluno. Disponível em: http://lifespeedbumps.blogspot.com.br/2014/10/blips-
in-path-and-image-of-reciprocity.html#comment-form ).
229
103
Tradução nossa: [...] is becoming a continuum in which reference points stretch.
234
propiciações que perfazem uma economia afetiva. Este é um recurso das interfaces sociais, o
qual reforça e desenvolve formas indiretas de interação.
O que estamos dizendo é que as TIC geraram canais, nos quais a estrutura de
comunicação e as propiciações do canal não permitem um controle total do fluxo
conversacional. Em termos de gerenciamento, isto acarreta um enorme potencial positivo ou
negativo à manutenção da conversação. Diferente de outrora, um canal nem mesmo requer
envolvimento e planejamento por parte do designer ou equipe de TI! Qualquer professor,
facilitador ou aluno está apto a intervir ou até criar um canal comunicacional oficial ou
paralelo, o qual pode vir a ser: uma hashtag na rede social Twitter; uma postagem, uma página,
um grupo na rede Facebook; um fórum; uma lista de discussão de e-mails; uma pergunta no
Yahoo Answers; ou até mesmo um mero grupo de conversa no aplicativo Whatsapp.
De fato, vivemos mergulhados numa facilidade tão extrema para criação de canais
mediados por tecnologias, que o desafio se torna controlar a geração indesejável de canais
paralelos. Nesse contexto aberto, o Connected Courses criou um desenho que utilizou tal
abertura a seu favor, quase sem apresentar problemas de ruídos e perturbações na comunicação.
No caso do Connected Courses, ao analisarmos a pertinência das mais de 5.000
postagens etiquetadas sob a hashtag #CCOURSES no Twitter, detectamos poucas ocorrências
de perturbação ou ruído comunicativo, o que seria um problema absolutamente comum para um
curso e-learning aberto. Esse fato é estranho e talvez se explique pela natureza do público
atraído para o curso, que favorece o engajamento e consequente qualidade dos conteúdos
compartilhados.
Para efeito de clarificação, chamamos de perturbação e ruído qualquer
comunicação que não seja pertinente ao curso, tais como: comportamento e conteúdo
inapropriado (violência, discurso de ódio), spam (etiquetamento repetitivo ou massivo do
mesmo conteúdo), ou conteúdo não claramente relacionado aos tópicos das unidades.
Não obstante esse entendimento, é bastante complexo rotular o que pode ser
classificado enquanto ruído em um curso massivo, pois considerando a extensão de público,
qualquer conteúdo é passível de se tornar interessante dentro da rede de compartilhamento.
Como amostra desse aspecto, pincelamos uma postagem compartilhada no Twitter,
que não é diretamente pertinente ao curso haja vista que consiste em mero conteúdo de valor
afetivo e pessoal. Todavia, ainda assim, foi apreciada-curtida pelo aluno L1. Portanto, embora o
conteúdo não consista em matéria pertinente, a mensagem constitui um componente de
interação entre pares, o qual perfaz uma marca semiótica: tal marca registra uma conexão
afetiva (fator de engajamento e pertencimento), a qual pode ser construtiva para uma eventual
aprendizagem entre pares.
245
artigos, notícias de jornal, crônicas, jogos, e uma infinidade de brincadeiras compartilhadas por
usuários, muitas delas pertinentes às temáticas de estudo, design, aprendizagem e conexão.
Alguns desses gêneros e modalidades foram circulados por alunos, e outros pelos próprios
facilitadores, como forma de estimular alunos a fazerem o mesmo.
Figura 103: Facilitador F2 dialoga com aluno B1 no Twitter e publica gênero HQ.
Figura 104: Facilitador F2 dialoga com aluno M1 no Twitter e publica gênero charge.
TRAVESSIA
105
Nota do autor: neste momento realizamos uma generalização analítica, devido ao caso específico
que investigamos. É notório que a maioria das plataformas de compartilhamento e redes sociais possui
políticas de uso, as quais restringem conteúdo impróprio e que podem levar à deleção de conteúdo.
Todavia, tal poder é praticado em estâncias maiores de vigilância, pelos próprios gerenciadores das
plataformas, e não por usuários comuns como foi o caso de facilitadores do curso cMOOC. Nesse
contexto, certamente esta vigilância não deletaria ruídos como uso indevido da hashtag para spam,
práticas de trollagem e virais realizadas por terceiros.
250
curso, a informação do curso passa a ser enviada a ele, ou seja o processo de ensino começa a
“surgir’ em meio a outros conteúdos pessoais e cotidianos.
Na prática, isso significa que curso e-learning torna-se capaz de cercar o aluno,
abordar o aluno e surgir em momentos extras de sua vida, extrapolando aqueles momentos
destinados ao curso. Esse fluxo é reforçado por tecnologias ubíquas e se aproxima de aspectos
da cultura de convergência porque realiza um esforço para cercar a vida do expectador através
de diferentes mídias, plataformas e momentos distintos.
Graças a esse fluxo informacional, é possível que o aluno seja lembrado ou receba
notificações síncronas de coisas que estão correndo no curso, como verificamos na amostra
com os twittes do facilitador F1:
Connected Courses
Isso ocorre pois uma inovação disruptiva é uma tecnologia que, embora tenha sido
produzida para um certo propósito ou público, termina por afetar drasticamente outro campo,
melhorando um produto ou serviço de forma inesperada, criando uma nova rede de valores,
derrubando uma estrutura tradicional anterior. (CHRISTENSEN, 2012).
No caso examinado, a qualidade disruptiva natural dessas plataformas afeta os
contornos da interação e da autoridade, haja vista que seus recursos ampliam a voz do aluno,
por meio de visibilidade e acesso. Os alunos podem utilizar sua voz para intervir junto aos
facilitadores, opinar, solicitar, criticar ou demonstrar apreciação por seus pares, construindo
novos formatos de autoridade e legitimação.
De acordo com o que observamos nas seções 6.1 e 6.2, enfocar comunicação,
colaboração e design baseado na abertura causa uma transformação no tecido das interações.
Tal mudança afeta o diálogo e as relações de autoridade que permeiam o processo de ensino-
aprendizagem.
Como observamos na seção 6.1, o curso construiu uma estratégia de diálogo
instrucional que aplicou as transliteracias com vistas a reduzir a distância transacional entre
tutor e aluno. Embora a estratégia de diálogo instrucional tenha um papel importante, existe
também uma ecologia material proporcionada pelas TIC, que dá suporte a essa transformação
no tecido das interações.
Por ecologia material, nos referimos à integração de interfaces sociais e seus
recursos ao projeto pedagógico, recursos que propiciam uma comunicação mais informal e
ativa. Todavia, além da facilidade das TIC e consequente estreitamento dos canais
comunicativos, acreditamos que os sujeitos dessa geração têm uma percepção diferente sobre
os conceitos de autoridade e hierarquia: eles possuem noções menos rígidas, menos verticais, e
mais alinhadas à coletividade e à cultura de participação.
O diálogo instrucional desenvolvido abraça essas características comportamentais
dos estudantes, pois os próprios facilitadores demonstraram compreender esses
comportamentos e estimulá-los. Na análise dos perfis sociais, detectamos que os facilitadores
F1 e F2 passaram a ter entre seus contatos do Twitter (e outras redes sociais) alguns alunos
como seguidores; ambos aceitaram os estudantes em redes paralelas, visitaram os blogs
pessoais e fizeram comentários (como demonstrado).
255
Porém seu papel não se restringiu a isso e, assim, tanto F1 quanto F1 exerceram um
espectro comunicativo e funcional mais extenso do que um tutor virtual padrão. No nosso
percurso de análise, constatamos que, os facilitadores F1 e F2 realizaram uma dinâmica
comunicacional que extrapolou o limite da instrução, abarcando outras formas de interagir, tais
como solicitar auxílio dos discentes, dar sugestões, construir destaque às publicações de alunos
ou chamar / marcar estudantes em suas postagens.
disseminação de material; (b) o modo como essas indicações são valorizadas e recebidas pela
administração, porquanto a conduta dos facilitadores tem um papel importante para legitimar e
estimular esses comportamentos.
Embora haja sempre risco de inclusão de informações que gerem ruídos, a
liberdade de publicação e apreciação dos pares, e não só de facilitadores, avalia e confere
legitimação na cultura digital.
presenciais. Ademais, ele também constitui uma das facetas da autoridade em aprendizagem
virtual, na medida em que ele constrói uma devolutiva sobre a produção do discente.
Considerando esses fatores, o feedback é uma ferramenta valiosa na promoção do
engajamento do aluno, portanto, quando essa ferramenta é outorgada a estudantes, por meio do
design de feedback entre pares, existe uma sutil transferência de autoridade para o aluno e
também uma ampliação do volume de feedbacks oferecido. Em uma abordagem de continuum,
como é o caso do Connected Courses que não demandou uma avaliação final, o feedback se
torna parte inerente ao processo de ensino-aprendizagem, o que aumenta sua relevância em
lugar de reduzi-la.
Como o feedback entre pares se torna mais importante, o aluno se converte em um
agente que regula o processo de aprendizagem, quando comenta, elogia e dá visibilidade às
atividades dos colegas, numa mecânica que ilustra essa transferência de práticas e autoridade
compartilhada. Nas amostras abaixo, podemos ilustrar esse processo, observando o aluno M1
realizar essas práticas, quando faz travessias entre blogs pessoais e o Twitter, comentando e
divulgando as tarefas de seus pares:
conhecimento. Em sua postagem, B1 questiona o que vem a ser autoridade nesse contexto
colaborativo, marcando sua preocupação com o fato de que nem sempre os participantes (ou
alunos) possuem meios para reconhecê-la e aproveitá-la adequadamente. O posicionamento de
B1, enquanto aluno ativo é muito relevante, pois promove uma análise crítica do curso. Dar voz
aos alunos não exclui a necessidade de pensar-se em autoridade, seja enquanto competência ou
função institucional, embora a questão não tenha sido colocada dessa forma.
A medida que lança mão de um exemplo a fim de contra-argumentar a lógica de
autoridade baseada em conhecimento, B1 salienta a falha dentro do próprio Connected
Courses. O exemplo citado apóia a ideia de que discutir aprendizagem cooperativa /
colaborativa dentro do ensino, sem incluir reflexões sobre autoridade resulta em uma discussão
com lacunas. Consciente da questão de autoridade e de sua posição enquanto aluno, B1 assume
que:
Não obstante qualquer inibição por parte do aluno, parece-nos visceral refletir sobre
a autoridade cambiante do próprio B1 nesse contexto. Falando desde sua posição enquanto
aluno, B1 manifesta uma transformação de papéis ao avisar para a equipe do curso: “vocês
precisam pensar sobre isto e fazê-lo explicitamente”.
267
Mas B1,– isto não significa que, ao mesmo tempo, você está dizendo que
teme o debate? Eu não reservaria tempo para debater a sua afirmação se
eu não pensasse que isto foi uma importante parte do discurso. Você está
dizendo que a autoridade que você percebe como um “ethos deste curso”
está inibindo você? Por que qualquer um iria querer desencorajar a discussão,
desde que ela seja civilizada e não direcionada ao pessoal? Você diz que você
sente que está violando alguma norma não dita. E então, quando eu me junto
a você, você sente como se devesse ir embora. Eu espero que você não
pense que eu estou sendo hostil para com você. [...]
Eu tenho o grande número de outros poderes que quase sempre são assumidos
- que eu estabeleço a agenda de conversas que temos na sala de aula, por
exemplo. Ou que minha concepção de como o curso deve prosseguir semana a
semana sempre triunfará sobre a dos alunos. Explicitei que estou disposto a
desistir de algum poder meu como professor (incluindo um montante do que
você chama de autoridade) - como eu expliquei. Eu não poderia desistir de
tudo, se eu quisesse - em troca de eles assumirem mais uma responsabilidade
por sua aprendizagem. [...]
Wikipédia, na minha opinião,está fora do assunto. A Wikipédia tem uma
cultura que está em choque com suas próprias autodesenhadas normas –
os deletistas que você mencionou. Eu certamente concordo que a
desconfiança nos especialistas no assunto é um buraco abaixo da linha d’água
no bom navio da Wikipédia. Mas uma página da Wikipédia não é uma sala de
aula. Eu não tenho que ser um deletista. Eu posso escutar os meus
estudante e deixá-los entender que o que eles dizem pode mudar as coisas.
[...]
Eu asseguro que eu não sei de qualquer organizador do #ccourses que
nutra o desejo de inibir discussões desse tipo. Argumentos como esse
devem ser a seiva vital de uma comunidade de aprendizagem. Sem
discordância e argumentos razoáveis nós estamos reduzidos a aceitar ou
rejeitar afirmados baseados em, claro, autoridade.
(Excerto: postagem do facilitador F1 no fórum. Grifo nosso.).
Observa-se que embora não seja o único facilitador presente, F1 procura representar
a voz de todos os tutores ao postar “Eu asseguro que eu não sei de qualquer organizador do
268
#ccourses que nutra o desejo de inibir discussões desse tipo”. A ação de F1 é relevante, pois a
repetição da mensagem faz com que seu acolhimento a B1 não seja um ato isolado. A principal
mensagem, explicitamente declarada, expressa que a discordância é bem recebida, existe um
contínuo esforço para promover acolhimento e reduzir a distância transacional.
Em outra postagem da sequência, o facilitador F1 toma a iniciativa de discutir
especificamente sobre autoridade e práticas de coaprendizagem dentro das escolas, no intuito
de atender à necessidade do aluno:
(Citação da postagem de F1) Você está dizendo que a autoridade que você
percebe como um “ethos deste curso” está inibindo você? (F1)
Sim. Eu também estou dizendo que todo curso assim tem um ethos e
que tal coisa – muito existente – tem de ser um tópico explicito de
discussão.
(Citação da postagem de F1) Explicitei que estou disposto a desistir de algum
poder meu como professor (incluindo um montante do que você chama de
autoridade) - como eu expliquei.
Eu suspeito que um sociólogo chamaria autoridade assim. Isto vem de
seu status institucional, sobre o qual você não pode fazer nada. Isto
é construído na situação.
(Excerto: postagem de B1 no fórum. Grifo nosso.).
De modo ponderado, o facilitador destaca que aquela foi apenas uma edição piloto
do curso e, por isso, não teve uma extensa comunicação na equipe. Existe novamente uma
técnica de transparência do gerenciamento institucional da equipe, como observamos nas
comunicações do microblog Twitter. Ademais, o facilitador se dispõe a agregar a sugestão de
B1, em um processo de apropriação / adesão às ideias do participante. Isto é, se ele participar
de uma nova edição do curso, essa questão da autoridade será explicitada como o aluno
aconselha. Nas palavras do facilitador “Se eu fosse fazer isso de novo, eu explicitaria a
estrutura de coaprendizagem como UMA maneira de lidar com autoridade e responsabilidade,
não A maneira.” (Excerto: postagem de F1 no fórum).
(4°) Por meio da ferramenta @nome_de_usuário, para marcar o aluno B1 que está
envolvido no debate;
(5°) Por fim, assumir que a sugestão do aluno é adequada e deve ser agregada em
uma próxima edição, constitui uma evidente valorização da participação do aluno.
Outro aspecto digno de ênfase, sobre este tópico, é o fato de que o facilitador F1 fez
uma publicação na rede social Twitter, Na qual comunicou que estava debatendo com B1 no
fórum. No microblog Twitter, F1 compartilhou um hiperlink redirecionado para a discussão no
portal.
uma ação. Como resultado dessa estratégia, podemos ver marcas semióticas do trânsito dos
alunos que visualizaram a mensagem, favoritaram e retuitaram, aumentando sua visibilidade
(seta D).
Ademais, no tópico do fórum (contexto do portal), encontramos outras marcas
indicando que alguns alunos e facilitadores se envolveram no fórum devido ao twitte do
facilitador F1, como podemos observar abaixo:
Por fim, a partir do que foi apurado na análise das mensagens do Twitter e fórum,
pertinentes à discussão no tópico Parâmetros da Pedagogia, nós constatamos que esse evento
reitera a construção de um projeto de diálogo instrucional, sistemático, que aplicou as
transliteracias para que os facilitadores se movimentassem na direção dos alunos, orientassem
suas travessias, exercessem posições de autoridade mais fluídas, com vistas a reduzir a
distância transacional entre administradores e participantes.
273
106
Tradução nossa: [...] and more confident of learners’ capacities for self-organizing and co-participating, they
rely on content aggregation and peer evaluation.
275
7. Considerações finais
107
Tradução nossa: [...] opportunities for sharing and creating new content, generating ideas. (BOOK,2015)
276
ambiente, interface, interação e multimídia com vistas a estabelecer um enfoque no aluno (ou
seja, aprendizagem centrada no aluno).
Conforme explicamos ao longo dos capítulos desta tese, o perfil de aluno com que
trabalhamos neste estudo, é uma pessoa que traz consigo os mindsets típicos de um novo ethos
(LANKSHEAR; KNOBEL, 2006). O perfil de aluno que baseia a investigação é um potencial
produsuário, transleitor, youtuber, criador de mashups e remixes, que vem de uma cultura mais
participativa, cuja mentalidade reflete novas configurações mentais. Ele é um internauta cujo
contato intensivo com ambientes informacionais complexos da web faz dele um praticante não
só de novos letramentos, mas das transliteracias.
Esse aluno pratica as transliteracias não somente em sua navegação na web. Ele
realiza também esse movimento fluído durante o processo de ensino-aprendizagem,
transferindo práticas, configurações, protocolos comportamentais, valores e habilidades entre
esses ambientes informacionais supercomplexos pelos quais navega.
Devido a esse potencial para promover transferências de práticas e protocolos
através de ambientes com configurações distintas, enxergamos nas práticas de transliteracias
outra via para favorecer e apressar um fluxo de intercâmbio que arraste mindsets e letramentos
do novo ethos desde os espaços informais flexíveis para dentro de ambientes formais
277
engessados. Por isso, o conceito de transliteracias permeou toda nossa investigação, ademais, a
sua construção teórica ao longo da ultima década tornou o conceito suficientemente fluido para
abranger uma questão transdisciplinar tão imbricada como aquela que estudamos aqui.
No caso do Connected Courses, avaliamos que integrar as transliteracias no projeto
teve impactos severos e positivos nos três elementos-chave que constroem a distância
transacional (estrutura, diálogo e autonomia do aluno), revelando uma estratégia poderosa para
aproximar educador e alunos; transformar o fluxo informacional do curso; favorecer o destaque
aos estudantes e emponderá-los.
De acordo com o que apontamos no capítulo 6, as experiências de aprendizagem
autênticas requerem práticas de comunicação e colaboração produtivas, mas nem sempre
isentas de conflitos. O projeto de design fundamentado em travessias estimulou as referidas
práticas porque as transliteracias são basicamente uma consequência da natureza coletiva da
web (THOMAS et al, 2006), ou seja, sua fluidez conecta e favorece o intercâmbio entre os nós
dessa coletividade.
Verificamos que o movimento das transliteracias rompeu barreiras e ampliou os
canais comunicativos, no Connected Courses: por exemplo, quando o fórum não era suficiente
ou desejado, os alunos podiam migrar para outras plataformas, apelando para a ajuda de outros
participantes diretamente ou estendendo seu apelo a toda comunidade. Esse exemplo ilustra a
maneira como as transliteracias refletem uma nova economia informacional, que tem uma
natureza social e coletiva, à medida que o outro se torna fonte de informação, colaboração,
prestígio e até mesmo validação para conhecimentos. Considerando que o “outro” pode ser um
aluno entre qualquer participante, verifica-se, assim, como as transliteracias podem afetar as
dinâmicas de poder, autorizando os alunos a serem fontes de informação na rede coletiva.
Não obstante esses aspectos, a prática das transliteracias também reforça a
importância da emoção nos processos de ensino-aprendizagem. Experiências de colaboração e
comunicação impulsionam as engrenagens de pertencimento e capital emocional, pois podem
estabelecer interações subjetivas, com puro valor social. As atividades conjuntas podem incluir
formas sutis de envolvimento emocional como apreciação, gratidão, ou status de celebridade
entre membros de um coletivo no ciberespaço. A pesquisa nos fez entender que esses
intercâmbios não são ruídos comunicacionais: é o tecido das interações sendo transformado
pelas interfaces sociais e semânticas, que inflacionam os recursos para construir significados,
expressando capital emocional (ou afeto)! Como observa Susana Sukovic:
Ainda não está claro como exatamente a emoção e a cognição funcionam em
conjunto, mas a conclusão de que eles interagem de múltiplas maneiras não
278
108
Tradução nossa: It is still unclear how exactly emotion and cognition work together, but the conclusion that
they interact in multiple ways cannot be denied [...] From the transliteracy perspective, construction of personal
meaning, self-reflection, creativity, and working with others are not possible without acknowledgment and
integration of emotion in learning. Furthermore, the ability to move across the cognitiveemotional division is a
basis for deeper insights and work in different knowledge domains.
109
Tradução nossa: Improvement in the instructional design can become one of the most effective strategies to
achieve better results in the teaching and learning process [...]
279
▪ Sobre o design de ambiente aberto: No caso analisado nesta tese, o design com
estrutura aberta foi um ponto-chave para o desenvolvimento da abordagem conectivista de
aprendizagem. Ele evidenciou como o uso de LMS pode ser limitante, mas levando em
280
*
A maneira como o design instrucional combina tecnologias e pedagogias, faz dele
um ótimo agente para introduzir as pedagogias da aprendizagem conectada e as transliteracias,
com bons resultados em projetos futuros porque “pedagogias emergentes são potencialmente
disruptivas, porém seu potencial está na maior parte por se desenvolver” (SEGURA;
CASTAÑEDA, 2012, p. 22) 110
Conforme averiguamos nesta tese, os subsídios apontados trabalham sempre sob a
concepção de rede: rede de reciprocidade; rede de conteúdos e material multimídia (como
REAs); ferramentas e interfaces que suportem as interações e intercâmbios das redes; ou um
design aberto que seja contextualizado como mais um nó na rede da infosfera...
Em nosso entendimento, um dos reflexos da aprendizagem em rede é a ideia de
cursos com desenhos multidimensionais, isto é, um mesmo projeto instrucional resulta em
várias dimensões e experiências diferentes (como na representação acima). No caso do
Connected Courses, alguns alunos optaram por vivenciar o curso por meio do Twitter, e
110
Tradução nossa: Las pedagogías emergentes son potencialmente disruptivas pero su potencial está em su
mayor parte sin desarrollar.
285
embora cadastrassem blogs no portal, eles não interagiram via fórum, experimentando uma
dimensão diferente do curso.
O mesmo sucedeu com os alunos que vivenciaram um nível de envolvimento
diferente, com uma leitura parcial de todos os conteúdos apresentados. Sabemos que a
existência de várias dimensões para um mesmo projeto de ensino gera uma série de novas
questões complexas, outros conflitos que permanecem pouco compatíveis com certos
parâmetros institucionais de ensino-aprendizagem (e.g. crédito de horas).
Por isso, reconhecemos que a adoção dos subsídios apontados pela pesquisa,
demanda não só uma abordagem e-learning holística: ela requisita também que haja uma
reflexão entre os principais agentes que produzem a EaD (tutores, designers, conteudistas,
coordenadores, diretores, instituições e órgãos governamentais que regulam as práticas e-
learning). Faz-se necessário refletir sobre métodos avaliativos; acreditação de horas; autoridade
docente digital e outros fatores.
Infelizmente, devemos mencionar essas questões aqui, pois o poder disruptivo
natural das tecnologias também encontra bloqueios severos nas esferas institucionais
estabelecidas. Embora as tecnologias logrem fundir contextos, provocar o colapso casual de
paradigmas ultrapassados, romper barreiras e transformar o tecido das interações, certos muros
requerem estratégias políticas diferentes para sua demolição. Ou seja, embora o design e a
tecnologia exerçam uma relação recursiva de transcodificação cultural, remodelando e
renovando a sociedade e educação, ambos não são tão prodigiosos a ponto de, per se,
superarem todos os entraves burocráticos impostos por governanças e sistemas educacionais.
Portanto, chegamos ao final desta investigação, reiterando que o design instrucional
e o aparato tecnológico não funcionam isoladamente, por melhores ou piores que sejam as
contribuições apontadas: é premente que os agentes educacionais humanos (cuja matéria
orgânica consegue ser tão inflexível quanto a platina dos microchips computacionais) sejam
sensibilizados para contemplar abordagens didáticas alternativas e inovadoras, as quais
encompassem novos subsídios, caminhos, e formatos de ensino-aprendizagem e-learning, mais
adequados à era em que vivemos.
"Se você não está caindo, você não está realmente explorando a borda"
Facilitador F1.
286
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Acessado em: 03 de ju. 2018.
297
ANEXOS
299
Anexo 1 - Unidade 1
Why we need a Why - Por que nós precisamos de um porquê
Objetivos Promover uma reflexão sobre as motivações individuais de cada aluno diante da
carreira professoral, sobre o que é o ensino, ensino superior e pensamento crítico
no contexto das tecnologias e conexões.
Why we need a why – vídeo de Mike Wesch - Apresentação editada para o curso,
pela equipe do Connected Courses, publicada na plataforma Youtube.
https://www.youtube.com/watch?v=pfw2Qf1VfJo
▪ Imagem fixa.
Responder em um formato visual
Instruções: https://whydoyouteach.wordpress.com/how-to-contribute/
301
Anexo 2 - Unidade 2
Trust and Network Fluency (Leveraging your “Why”) .
Confiança e redes fluidas (Aproveitando o seu porquê).
Objetivos Explorar técnicas para driblar conflitos da aprendizagem aberta, tais como
problemas de segurança, estabelecer confiança, gerenciar ruído e visibilidade.
Como construir uma rede de aprendizagem em rede. Problemas envolvidos no uso
de redes, como a questão identidade pessoal x professor.
Diferenças essenciais entre Confiança & Privacidade e Anonimato & Segurança.
É essencial que o seu fluxo-sinal seja robusto e confiável, e isso depende de suas
fontes. Quando você deixa de ser ouvinte para ser transmissor, precisa enviar um
sinal claro, confiável e consistente, saber que a confiança é transferível na web (de
sua rede para membros dela), é preciso rigor para atingir um grau de
confiabilidade tácita.
SEMANA 1
(Opção) Atividade 1: Começar a criar um mapa e rede de educação aberta.
SEMANA 2:
Dever de casa:
▪ Assistir o webinar com Kira Baker Doylle, sobre capital social.
▪ Assistir o webinar com Martin Hawksey – sobre meta-classes.
Anexo 3 - Unidade 3
The World Wide Web - From Concept to Platform to Cultures.
A World Wide Web – do conceito à plataforma cultural.
Objetivos Conhecer a história e o funcionamento da internet.
Compreender o que é e como funciona a internet atualmente, como é o design
dela? Conhecer os valores da atual web e comunidades, coletivos sociais nos quais
são praticados. Refletir sobre como a web ressignificou a aprendizagem e educação
formal. Debater ganhos e perdas envolvidos no uso de web aberta.
Objetos de Vídeo documentário "O próprio filho da internet: A história de Aaron Swartz".
aprendizagem: – Youtube.
Vídeo Heavy Metal Umlaut Band: The Screencast (2005) - vídeo de Jon Udell
sobre o funcionamento da Wikipedia, acompanhando o verbet Heavy Metal,
mostrando edições, coletividade, não autoria. 08:29 minutos.
Ferramentas ▪ Fórum
▪ Youtube.
305
SEMANA A 1
Atividade 1: (Nugget) Encontrar uma pequena passagem, entre as leituras, que
seja realmente atraente e tenha captado sua atenção. Seja por não ter compreendido
ou apreciado, então fazer uma reflexão sobre ela e o que ela significou em uma
postagem do blog. Trabalhar com a passagem explorando a maior significação
possível, lembrando que o trabalho de “nugget” é sobre como explorar sentidos e
não fazer paráfrases.
Para explorar a significação do nugget, pode-se usar gifs animados, hiperlinks,
ilustrações, videoclipes, screenchots, o que for.
SEMANA 2
(Opção) Atividade 1
Utilizar a ferramenta "wayback machine" para explorar a história de um ou mais
sites. O exame das diferentes versões e evoluções de um site, ao longo dos últimos
anos, permite perceber melhor história do web design e enxergar como isso alterou
representações de "saber" e conhecimento implícita às representações. Escolha um
site que tenha pelo menos 10 ou 15 anos, e examine os instantâneos desse
intervalo, explorando diferenças. Inclua capturas em sua análise. Verificar
mudanças técnicas em links, menus, rich-text (animações, vídeos, sons), proporção
entre texto verbal e demais modalidades, mudanças e o que significam.
(Opção) Atividade 2
Ver o documentário "O próprio filho da internet: A história de Aaron Swartz".
Selecionar uma das ideias apresentadas pelo documentário e explorar uma
discussão a respeito (cultura hacker, o papel das organizações de mídia, sites como
Reddit na cultura da web etc.). O aluno pode até mesmo selecionar um site ou
termo que soa estranho / desconhecido, e apresentar hiperlinks que explorem e
expliquem, ou procurar pessoas que conheçam melhor o site ou termo escolhido.
Objetos de Video Diálogo sobre "Race", com Lisa Nakamura produzido para o curso aberto
aprendizagem: DOCC 2013: Dialogues on Feminism and Technology. Hospedado no Vimeo.
35:30 minutos.
Vídeo How to Tell Someone They Sound Racist, por Jay Smooth. Video
hospedado no Youtube. – 2:59 min.
Ferramentas ▪ Fórum
▪ Flipboard - Revista eletrônica personalizável, com serviço com curadoria de
reportagens.
▪ Wikipédia.
▪ Vimeo – hospedando vídeo, com hiperlink indicado no conteúdo.
▪ Plataforma Twitter: trocar indicações, impressões sobre o curso e participar das
videoconferências / webinars.
▪ Hangout – plataforma de videoconferências, em tempo real, do Google +.
Anexo 5 - Unidade 5
About Co-learning - Sobre Coaprendizagem.
Objetivos
Compreender o que é coaprendizagem e por que utilizar coaprendizagem. Como a
coaprendizagem implica em empoderamento dos alunos e revisão da autoridade e
do papel do docente em espaços digitais. Como a pedagogia baseada em
coaprendizagem difere dos paradigmas tradicionais e envolve que os alunos
desenvolvem competências de auto-orientação, autocapacitação e autonomia.
Quais obstáculos podem ser enfrentados por estudantes e pelo professor, na
mudança de paradigma?
Objetos de Vídeo “Social Media and Peer Learning”. Por Howard Rheingold, completado
aprendizagem: por texto com síntese das questões do vídeo.
Vídeo The Power of Open in Peer-to-Peer Learning (Connected Learning TV).
Painel sobre aprendizagem entre pares, realizado pela Connected Learning Tv.
58:51 min.
Vídeo - The Power of Open in Peer-to-Peer Learning (Connected Learning
TV): Painel de discussão sobre aprendizagem entre pares, com reconhecidos
especialistas internacionais, realizado pela Connected Learning TV. Convidados:
Kristen Swanson, Mimi Ito, Paul Allison, Gail Desler, and Paul Oh. / 58:51 min.
Vídeo “Sharing: The Moral Imperative”: Vídeo com clipes selecionados dor
Dean Shareski, durante Conferência K12 Online. Hospedado no Youtube. 25:56
min. 01:54 min.
Vídeo “Open Education & The Future”: documentário TEDx Talk, por Dave
Wiley, sobre mudanças ocorridas devido ao conteúdo aberto, oportunidades
educacionais etc. 14:55 min.
Vídeo My PLE. Screencast produzido por Wendy Drexler, graduanda,
apresentando o layout de seu ambiente de aprendizagem pessoal. 03:30 min.
Vídeo Twitter em 60 segundos: demonstração sobre Twitter e compartilhamento
de ideias. Por James Gates. 0:53 min.
Vídeo WHERE GOOD IDEAS COME FROM: vídeo com excerto do livro de
Steven Johnson. Produzido pela editora Riverhead Books e Steve Johnson. 04:06
min.
Microssérie de videos Everything is a Remix. [7 vídeos]. Por Kirby Ferguson.
Vídeo Social Media and Peer Learning: Vídeo com Howard Rheingold, falando
sobre a transição da pedagogia para a peerdagogy.
Vídeo Robin Good on Social Curation: Entrevista com Robin Good, realizada
por Howard Rheingold sobre práticas curadoria e como emergem. Hospedada no
canal pessoal de Howard Rheingold no Youtube. 14:10
Vídeo Laws that Choke Creativity: Documentário do TED Talk, com Larry
Lessig sobre leis de copyright e o efeito das inovações sobre elas. 19:07 min.
Atividades
O desenho das atividades (proposta e verbos usados) permite inferir
estratégias de criatividade e, em certo nível, colaboratividade e cooperação.
(Opção) Atividade 1: Após uma atividade baseada em coaprendizagem, realize
uma entrevista com seus alunos para colher suas impressões, sentimentos e
reações. A partir da entrevista, desenvolva uma postagem com uma perspectiva
reflexiva. O aluno pode optar por desenvolver uma postagem em formato de vídeo
de duração média, ou simples transcrição textual ou ainda áudio.
(Opção) Atividade 2: Faça uma breve gravação de vídeo, apresentando um aluno
ou colega, questione a eles o que significa ser um coaprendiz, o que é
coaprendizagem e como isso muda do entendimento do que significa aprender.
Faça uma seleção do vídeo, deixando apenas uma breve observação, resumida, que
possa ser citada. Posteriormente, essa amostra será usada em um mosaico de breves
clipes, a fim de criar uma multiplicidade de vozes em coaprendizagem.
(Opção) Atividade 3: Estudantes coaprendizes podem auto-organizar a si mesmos
por meio de recursos de coaprendizagem. Portanto, o aluno pode buscar
desenvolver sua própria rede de colegas e profissionais de aprendizagem
colaborativa, usando a comunidade do Connected Courses. Sugere-se aproveitar a
rede do curso para fazer contatos e decidir sobre projetos individuais colaborativos.
Além disso, a atividade sugere a troca de informações, o aluno pode nomear e
publicar coleções, recursos, ferramentas colaborativas e atividades úteis em
coaprendizagem.
(Opção) Atividade 4: Ajudar a projetar uma forma de avaliação para
coaprendizagem. Responder a pesquisa survey do curso, sobre autoavaliação.
Anexo - Unidade 6
Putting it all into practice. Planning the connected course.
Colocando tudo isso em prática. Planejando um curso conectado.
Objetivos
Apresentar quadros de trabalho, modelos e alternativas para orientar os alunos na
produção de um projeto de curso on-line aberto, de modo a considerar dificuldades,
entraves e procedimentos da produção.
Papéis ▪ Facilitadores Principais: Jim Groom, Lisa M. Lane, Jaime Hannans, Jaimie
Hoffman, Mikhail Gershovich, Alan Levine.
Objetos de Vídeo Manifesto para o ensino on-line. Produzido por Jen Ross, disponível no
aprendizagem: Vimeo, mas retroalimentado e integrado ao curso. 03:00 min.
Ferramentas ▪ Fórum
▪ Serviços de blogagem (Wordpress, Vine, Instagram).
▪ Youtube.
▪Twitter.
Semana 2:
Atividade colaborativa.
Expor seu projeto de curso aberto e receber o feedback de colegas, com críticas e
sugestões. Comentar nas postagens dos colegas.
Anexo 7: Quadro A: Emblemas do fórum Connected Courses, regime de concessão e propiciações.
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Começando Quando as informações Constitui um título, um valor 9
do perfil são preenchidas emocional para o usuário. Cumulativo
Começando Ler cada uma das Constitui um título, um valor 0
respostas em um tópico emocional para o usuário. * Não foi concedido, pois
com mais de 100 o maior número de
respostas. respostas foi 81)
Começando Quando o usuário lê as Constitui um título, um valor 5
regras da comunidade. emocional para o usuário.
Começando Quando citou um usuário. Constitui um título, um valor 2
emocional para o usuário.
Começando Quando compartilhou uma Constitui um título, um valor 12
resposta. emocional para o usuário.
Começando Quando curtiu uma Constitui um título, um valor 49
resposta ou postagem. emocional para o usuário.
Começando Quando adicionou um link Constitui um título, um valor 5
interno em outro tópico. emocional para o usuário.
Comunidade Quando recebe uma Constitui um título, um valor 59
curtida em postagem. emocional para o usuário.
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Comunidade Quando compartilhou uma Constitui um título, um valor 33
postagem que recebe 25 emocional para o usuário. Cumulativo
visitas únicas.
Comunidade Quando usou ferramenta Constitui um título, um valor 31
de edição para editar uma emocional para o usuário.
resposta publicada.
Comunidade Quando postou um link Constitui um título, um valor 1
externo que recebeu mais emocional para o usuário. Cumulativo
de 50 cliques.
Comunidade Quando sinalizou uma Constitui um título, um valor 0
resposta. emocional para o usuário.
Comunidade Convidou um usuário a se Constitui um título, um valor
registrar e participar. emocional para o usuário.
Comunidade Membro ativo por um ano Constitui um título, um valor 50
que tenha realizado ao emocional para o usuário.
menos uma postagem.
Comunidade Quando compartilhou uma Constitui um título, um valor 3
postagem com 300 visitas. emocional para o usuário. Cumulativo
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Comunidade Quando postou um Constitui um título, um valor 0
hiperlink para web - emocional para o usuário. Cumulativo
externo) que recebeu ao
menos 300 cliques.
Comunidade Quando convidou 3 Constitui um título, um valor 0
usuários básicos, que se emocional para o usuário. Cumulativo
registraram no sistema.
(nível de confiança 1).
Comunidade Quando convidou 5 Constitui um título, um valor 0
usuários básicos, que se emocional para o usuário. Cumulativo
registraram no sistema.
(nível de confiança 2).
Comunidade Quando compartilhou uma Constitui um título, um valor 0
postagem com 100 visitas emocional para o usuário. Cumulativo
únicas.
Comunidade Quando postou um Constitui um título, um valor 0
hiperlink que recebeu ao emocional para o usuário. Cumulativo
menos 1000 cliques.
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Postando Quando uma resposta do Constitui um título, um valor 0
usuário recebe, no emocional para o usuário. Cumulativo
mínimo, 10 curtidas.
Postando Quando um tópico do Constitui um título, um valor 0
usuário recebe, no emocional para o usuário. Cumulativo
mínimo, 10 curtidas.
Postando Quando uma resposta do Constitui um título, um valor 0
usuário recebe, no emocional para o usuário. Cumulativo
mínimo, 25 curtidas.
Postando Quando um tópico do Constitui um título, um valor 0
usuário recebe, no emocional para o usuário. Cumulativo
mínimo, 25 curtidas.
Postando Quando uma resposta do Constitui um título, um valor 0
usuário recebe, no emocional para o usuário. Cumulativo
mínimo, 50 curtidas.
Postando Quando um tópico do Constitui um título, um valor 0
usuário recebe, no emocional para o usuário. Cumulativo
mínimo, 50 curtidas.
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Nível de Significa que o usuário é ▪ São removidas todas restrições 75
confiança capaz de exercer as de novato.
funções essenciais da ▪ Pode utilizar todas as funções e
comunidade. recursos de comunicação
▪ Entrar em ao menos 5 (núcleo discursivas). utilizar
tópicos. todas as funções do núcleo
▪ Ler ao menos 30 Discursivos
postagens. ▪ Pode fazer upload de imagens
▪ Passar, no mínimo, 10 e anexos.
minutos lendo postagens. ▪ Pode enviar mensagens
privadas. se habilitado
▪ Pode ter funções (postos
sinalizados por bandeira).
Nível de Significa que o usuário ▪ Acesso ao botão-recurso para 39
confiança retorna freqüentemente e convidar pessoas a ler um
por isso tem uma tópico.
cidadania completa.
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Nível de ▪ É preciso acessar ▪ Pode criar grupos de usuários, 39
confiança (logado) o portal pelo que recebem mensagens
menos por 15 dias, não privadas de coletivo, dentro
consecutivos..Ter dado ao desse grupo.
menos 1 like. ▪ Aumento do limite diário de
▪ Ter recebido ao menos 1 likes em 1,5 x
like.
▪ Ter respondido em pelo
menos 3 temas diferentes.
▪ Ter entrado em, no
mínimo, 20 tópicos.
▪ Ter lido, no mínimo, 10
mensagens.
▪ Ter consumido 1 hora, no
mínimo, na leitura de
mensagens.
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Nível de Significa que o usuário ▪ Recategorizar (trocar o tópico 6 usuários.
confiança tem poderes e acessos de categoria) e renomear
especiais. tópicos. ▪ Esse emblema pode ser
▪ Deve ter respondido 10 ▪ Acessar a sala de lazer, uma perdido (rebaixamento)
tópicos diferentes. categoria de postagem acessível por mau comportamento.
▪ Deve ter visualizado 25% somente a esses usuários.
dos tópicos criados nos ▪ Criar wiki-posts, isto é, criar
últimos 100 dias. postagens editáveis
▪ Devem ter lido 25% dos coletivamente por mais de um
tópicos criados nos usuário.
últimos 100 dias. ▪ Aumento do limite diário de
▪ Ter recebido 20 likes. likes 2x.
▪ Deve ter dado 30 likes. ▪ Quando 3 usuários regulares
▪ Não deve ter recebido sinalizam bandeira
mais de 5 sinais de spam (inapropriado), eles podem
ou bandeirolas de ofensa. automaticamente esconder a
▪ Não devem ter sido postagem dos demais.
suspensos / advertidos.
Continuação: quadro A
Emblema e símbolo Categoria Concessão Propiciações Número de membros
que possuem:
Nível de ▪ Usuários-líder são Concedidas formas de edições 5
confiança usuários regulares sempre globais: ▪ É um tipo de usuário
presentes e que possuem ▪ Uso da ferramenta alfinete para regular com emblema
acesso total a todas fixar ou desfixar tópicos que extra.
informações. considerem importantes, dando
▪ Esse tipo de usuário deve destaque.
ter uma atuação em que ▪ Poder para fechar e arquivar
suas postagens e ações tópicos de discussão,
funcionem como exemplos bloqueando a continuidade do
para o restante da debate.
comunidade. ▪Poder para dividir tópicos,
▪ Concedido edição global, mesclar categorias, ou criá-las.
fixar, fechar, arquivar, ▪ Promover outros membros, de
dividir, mesclar nível, manualmente.