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http://dx.doi.org/10.4322/rca.1676

ARTIGO DE REVISÃO

Fernando Cristóvam da Silva Jardim1*

Regeneração natural em florestas tropicais


1Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA,
Belém, PA, Brasil
Regeneração natural em florestas tropicais

RESUMO: A sustentabilidade do manejo florestal é sustentada pela regeneração natural das


espécies, cujos mecanismos têm sido investigados por silvicultores e ecologistas. Inúmeros
estudos abordaram a dinâmica das florestas tropicais, sempre com base em uma vegetação e
composição florística previamente existentes. No entanto, ao avaliar a dinâmica populacional de
*Autor correspondente:
E-mail: fernando.jardim@ufra.edu.br espécies isoladas, conceitos como recrutamento e crescimento interno, geralmente tomados
como sinônimos, podem expressar princípios distintos que serão discutidos nesta revisão, cujo
objetivo é analisar as estratégias de regeneração natural de espécies arbóreas em regiões
tropicais florestas e modelos usados para avaliar sua dinâmica, alguns dos quais mostram
PALAVRAS-CHAVE
indeterminação matemática na avaliação de recrutamento e crescimento interno. A Taxa de
Recrutamento
Regeneração Natural (NR) proposta neste estudo representa uma abordagem que elimina este problema de
Entrada
Estratégias para regeneração natural de espécies arbóreas incluem conceitos como bancos de
Mortalidade
dinâmica da floresta
sementes ou plântulas e classificação em grupos ecológicos como espécies pioneiras e clímax
grupos ecológicos com base no tamanho da semente, germinação, estabelecimento de plântulas, demanda por
clareiras, etc. A distribuição das espécies arbóreas considera que essa estrutura expressa sua
PALAVRAS-CHAVE
história de vida, como resultado da interação de fatores genéticos com fatores bióticos e
Recrutamento abióticos do ecossistema. Portanto, muitas espécies madeireiras cuja regeneração natural
Entrada estática não existe na floresta primária, mas apresentam árvores maduras, têm como estratégia
Mortalidade de regeneração uma forte dependência de perturbações para se regenerar e crescer. Assim, a
Taxa de regeneração natural falta de distribuição contínua e decrescente não pode impedir seu uso via manejo florestal.
grupos ecológicos

RESUMO: A sustentabilidade do manejo fl orestal está apoiada na regeneração natural das


espécies, cujos mecanismos têm sido investigados por silvicultores e ecologistas. Inúmeros
trabalhos têm tratado da dinâmica das fl orestas tropicais, sempre partindo de uma vegetação
e composição fl orística previamente existente. Todavia, na avaliação da dinâmica populacional
de espécies isoladas, conceitos como recrutamento e ingresso, em geral tomados como
sinônimos, podem expressar princípios distintos que serão discutidos nesta revisão, cujo
objetivo é analisar as estratégias de regeneração natural das espécies arbóreas em fl orestas
tropicais e os modelos utilizados para avaliar a sua dinâmica, alguns dos quais apresentam
indeterminação matemática ao avaliar recrutamento e ingresso. A Taxa de Regeneração Natural
(TR) proposta neste estudo representa uma abordagem que elimina esse problema da
indeterminação matemática. As estratégias de regeneração natural das espécies arbóreas
incluem conceitos como banco de sementes ou de plântulas e a classifi cação em grupos
ecológicos como espécies pioneiras e de clímax, com base no tamanho de sementes,
germinação, estabelecimento de plântulas, demanda por clareiras, etc. A classifi cação baseada
na estrutura diamétrica das espécies arbóreas considera que essa estrutura expressa a história
de suas vidas, sendo o resultado da interação de fatores genéticos com os fatores bióticos e
abióticos do ecossistema. Portanto, muitas espécies madeireiras, cuja regeneração natural
estática não existe na fl oresta primária, mas apresenta árvores adultas, têm como estratégia
de regeneração uma forte dependência de distúrbios para regenerar e crescer. Logo, a falta de
distribuição contínua e decrescente não pode impedir seu aproveitamento via manejo fl orestal.

Recebido: 30 de junho de 2014


Aceito: 01 de dezembro de 2014

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Jardim

1. Introdução estoques ou o processo de regeneração são capazes de garantir que uma


espécie explorada possa repor o material colhido. O conceito de manejo
As florestas equatoriais ou tropicais pluviais contêm um grande potencial
florestal sustentável é baseado nessa capacidade de reabastecer os
de recursos naturais, tanto físicos (produtos madeireiros e não madeireiros )
produtos florestais colhidos, sejam madeireiros ou não madeireiros. A
quanto não físicos, como serviços ambientais (por exemplo, recreação,
avaliação desta capacidade é realizada através da amostragem da
fertilidade e conservação do solo, regulação do ciclo hidrológico, paisagem ,
vegetação, seja com uma abordagem – avaliação do ponto de vista estático
abrigo para animais selvagens e armazenamento de carbono). No entanto,
– ou por duas ou mais amostragens estáticas em momentos diferentes –
tem havido muita controvérsia sobre o melhor uso para esses recursos. Em
um extremo estão os preservacionistas que defendem a intocabilidade da avaliação do ponto de vista dinâmico.

floresta como reservatório de biodiversidade e de limpeza ambiental. Do A avaliação da NR pela abordagem estática envolve a
outro lado estão aqueles que veem a floresta como um obstáculo ao quantificação dos estoques de um povoamento ou população em
desenvolvimento e conversão para usos agrícolas, urbanização ou mesmo um determinado momento segundo critérios ou conceitos pré-estabelecidos.
mineração. Além disso, alguns conservacionistas defendem o uso racional Vários estudos usaram essa quantificação de todas as florestas tropicais do
dessas florestas por meio de técnicas de manejo florestal baseadas nos mundo (Jardim & Hosokawa, 1986; Holmgren; Persson, 2002; Grogan et al.,
princípios da sustentabilidade, o que significa usar os recursos florestais 2008; Assis & Wittmann, 2011; Gómez, 2011; Mendes et al., 2013). Nesse
garantindo que as gerações futuras possam aproveitá-los no mesmo estado sentido, o limite de tamanho da NR é muito arbitrário e depende dos
atual. A base dessa sustentabilidade é a garantia da renovabilidade dos objetivos da avaliação. Jardim & Hosokawa (1986) consideraram NR todas
recursos extraídos da floresta ou de sua regeneração. as plantas menores que 20 cm de diâmetro à altura do peito (DAP). Em
termos de manejo florestal para produção de madeira em geral, são
consideradas NR aquelas plantas com DAP abaixo do diâmetro mínimo de
A regeneração natural de espécies em florestas tropicais tem sido corte (DMC).
apresentada em diversos trabalhos da literatura científica, seja na forma de
inventários florestais, estudos fitossociológicos e demográficos , seja em A avaliação dos NR's florestais sob o ponto de vista dinâmico significa
termos de dinâmica populacional das espécies ou comunidades. Neste quantificar o equilíbrio entre os processos de recrutamento (ou ingresso),
último caso, é interessante avaliar os processos básicos de recrutamento, mortalidade e crescimento. Esta avaliação requer duas amostras estáticas
crescimento e mortalidade que nas florestas tropicais são influenciados por espaçadas no tempo, que podem ser realizadas em parcelas permanentes
perturbações naturais como a formação de clareiras. Nesse contexto, o ou temporárias. Em parcelas permanentes, é possível avaliar mortalidade
objetivo da presente revisão é fornecer uma abordagem silvicultural para a de espécies e ingresso/
regeneração natural por meio de lacunas com uma análise crítica dos recrutamento, dinâmica de atributos individuais da planta (por exemplo,
métodos de estudo propostos, alguns dos quais apresentam inconsistências DAP, altura e volume do tronco) e atributos médios individuais e de grupo
matemáticas. (por exemplo, área basal, abundância e volume do povoamento). Nas
parcelas temporárias só é possível avaliar a dinâmica dos atributos médios,
2 Desenvolvimento ou seja, não é possível avaliar o ingresso/
recrutamento, mortalidade ou crescimento de uma árvore individual.
1.1 2.1 Conceito de regeneração natural
A literatura científica (Silva & Araújo, 2009; Colpini et al., 2010) considera
Etimologicamente, regeneração significa a ação de gerar, reproduzir, os termos ingresso e recrutamento como sinônimos, definindo-os como a
reconstruir, restaurar, recuperar, renovar, entre outras ações. Esses termos entrada de um novo indivíduo dentro dos limites definidos para inclusão no
se aplicam à vegetação e são entendidos como regeneração que pode ser processo de amostragem, em comparação com aqueles que já estavam
natural ou artificial, dependendo do envolvimento humano. presentes na medição anterior. No entanto, esse novo indivíduo pode
pertencer a uma espécie já representada na área na primeira amostra
O termo regeneração natural (NR) na terminologia florestal tem dois medida ou a uma nova espécie na amostra. Para diferenciar essas duas
significados, que devem ser entendidos dentro do contexto em que são condições, adotamos aqui o seguinte critério: o ingresso se referirá ao
aplicados: 1) NR pode referir-se à caracterização de um estado atual da conjunto de indivíduos de uma nova espécie na área e o recrutamento ao
vegetação (conceito estático) sendo expressa como “o número de indivíduos conjunto de novos indivíduos de uma espécie já presente na área desde a
jovens de uma população”, “número de indivíduos abaixo de um determinado primeira estática amostragem.
tamanho”, ou, em termos fisiológicos, “indivíduos que não atingiram a idade
reprodutiva”; e 2) NR também pode se referir ao processo de renovação de Em estudos de dinâmica de comunidades ou populações, vários modelos
cotas de uma população ou povoamento (conceito dinâmico). têm sido propostos para avaliar o recrutamento ou ingresso (Swaine &
Lieberman, 1987; Korning & Balslev, 1994; Sheil; May, 1996; Mews et al.,
Dentro de uma população de espécies em floresta natural, pode-se 2011; Ribeiro et al., 2012 ). Outras abordagens consideram a razão direta
considerar um indivíduo de uma categoria de tamanho como regeneração entre o número de recrutas e a densidade antes do início do estudo (Condit
natural da categoria de tamanho imediatamente anterior a ela. Portanto, o et al., 1995; Colpini et al., 2010; Souza et al., 2012). Com relação ao
estado atual do ponto de vista estático é o resultado do processo dinâmico. recrutamento de indivíduos de uma espécie presente na linha de base,
todos os métodos acima podem ser usados. No entanto, em relação ao
ingresso de uma nova espécie na comunidade, na qual a densidade inicial
2.2 A questão dos números na avaliação da regeneração
da espécie é nula, algumas dessas abordagens, como as baseadas na
natural
razão entre o número de recrutas e a densidade inicial da espécie (Condit
Em termos florestais, dependendo do conceito de RN com o qual se está et al., 1995; Sheil & May, 1996; Colpini et al., 2010; Souza et al., 2012) ou o
discutindo – estático ou dinâmico – o objetivo da avaliação da regeneração modelo
natural é determinar se

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Regeneração natural em florestas tropicais

(m(r)={100[ln(n0 )–ln (ni)]}.T–1) (Swaine; Lieberman, 1987), pode significa o ingresso de uma nova espécie na área amostrada; NRR (%)
apresentar inconsistências como uma indeterminação matemática devido = –100% significa a morte de todos os indivíduos da espécie e sua
a uma divisão por 0 (zero) ou o logaritmo de 0. Portanto, modelos válidos eliminação na área de amostragem; NRR (%) >0 significa
como os de Mews et al. (2011) e Mory & Jardim (2001) foram recrutamento>mortalidade, logo resultando em um aumento da densidade
desenvolvidos para registrar o ingresso de uma nova espécie. na população amostrada da espécie; NRR (%) <0 significa
recrutamento<mortalidade, resultando em diminuição da população
A mortalidade, que é diferente de ingresso ou recrutamento, é amostrada da espécie; e NRR (%) = 0 significa recrutamento =
distribuída por toda a faixa de tamanho da vegetação ou população de mortalidade, logo resultando em equilíbrio na população.
espécies e refere-se ao número de plantas que morreram, entre duas A representação gráfica do equilíbrio entre recrutamento e mortalidade
amostras estáticas, por causas naturais, como pragas, doenças, queda em função do tempo pode assumir várias formas, mas em geral pode
natural , ou competição ou por causas artificiais, como exploração ser representada por uma curva sigmóide, denominada pelo matemático
madeireira. A avaliação da mortalidade é mais simples do que o francês Verhulst em 1845 curva de crescimento logístico. de resistência
recrutamento porque não envolve problemas matemáticos nos modelos que os fatores ambientais impõem à taxa intrínseca de crescimento
como o ingresso de uma espécie. natural ou potencial biótico (Figura 1).
O balanço entre mortalidade e recrutamento/ingresso indica a
flutuação na densidade populacional da espécie e é a principal Crescimento é o aumento gradual no tamanho de variáveis
informação obtida no estudo da dinâmica de populações ou comunidades, mensuráveis (diâmetro, altura, área basal e volume) de uma planta ou
pois resulta da interação de todos os fatores bióticos e abióticos. Pode- povoamento. O crescimento de cada árvore é a soma da divisão,
se afirmar que a história de vida ou a dinâmica populacional de uma
alongamento e espessamento de suas células, que são influenciados
espécie em uma comunidade ou floresta, expressa em termos de pela interação de características genéticas da espécie com fatores
distribuição diamétrica (Engone Obiang et al., 2014) ou distribuição de bióticos e abióticos de crescimento.
tamanho, é resultado desse equilíbrio ao longo do tempo. Qualquer Embora as taxas de crescimento variem substancialmente entre as
método consistente de avaliação produzirá um equilíbrio dinâmico entre espécies, o padrão geral de crescimento é notavelmente consistente.
mortalidade e recrutamento quando um período de tempo suficientemente Assim, qualquer variável dendrométrica de uma planta (diâmetro, altura,
longo for considerado (Sheil & May, 1996). Obviamente, na prática, são área basal ou volume), quando plotada em função da idade, também
esperados e verificados desequilíbrios sazonais (Colpini et al., 2010; resultará na curva logística de crescimento da Figura 1.
Santos & Jardim, 2012; Viana & Jardim, 2013; Sundarapandian; Swamy, Nesse caso, a curva mostra que o crescimento é acelerado no início,
2013), mas no longo prazo o pressuposto de Sheil & May ( 1996) quando os recursos ambientais são abundantes, mas tende a diminuir
de intensidade com o avançar da idade e com o aumento da competição
deve ser confirmado.
por esses recursos.
Várias metodologias têm sido propostas para a avaliação do equilíbrio
O aumento gradual no tamanho da planta por unidade de tempo é
(Korning & Balslev, 1994; Mory & Jardim, 2001; Ruschel et al., 2009; chamado de incremento. A diferença entre as dimensões das árvores,
Ribeiro et al., 2012). No entanto, qualquer metodologia ou modelo para
medidas no final e no início de um ano de crescimento, é chamada
avaliar esse equilíbrio que considere a razão entre a densidade final e a
densidade inicial, como na Taxa de Regeneração Natural (NRR%)
(Jardim, 1986) ou Ruschel et al. (2009), ou mesmo o logaritmo da
densidade inicial (Ribeiro et al., 2012), resultará em uma indeterminação
matemática no caso de ingresso de uma nova espécie na amostra.

NRR% é uma expressão que permite a análise do comportamento


dinâmico de uma espécie, grupo de espécies ou floresta como um todo
ao final de um período de estudo ou monitoramento. NRR% geralmente
é calculado usando os valores de abundância, mas pode-se usar área
basal, volume ou outras variáveis que expressam a densidade. O cálculo
expressa o resultado da interação dos processos de mortalidade,
ingresso ou recrutamento e crescimento.
O modelo preliminar de NRR (NRR% = [(A1.A0 –1) –1]*100, onde A1
= abundância absoluta no final do estudo; A0 –ne +ni , ne = produção de
indivíduos por morte ou crescimento e ni = entrada de indivíduos que
entram na amostra; e A0 = abundância absoluta na linha de base) teve
essa indeterminação matemática (Jardim, 1986) ao se referir ao
aparecimento de uma nova espécie na amostra, ou seja, A0 = 0. Por
isso, Mory e Jardim (2001)
propôs uma nova expressão para NRR (%) (NRR = [(A1 –A0 ).
(A0 +A1 ) –1]*100) que eliminou a indeterminação
matemática do modelo anterior de Jardim (1986). Figura 1. Curvas teóricas de crescimento populacional. A resistência
A interpretação dos valores de NRR, considerando o equilíbrio entre ambiental é representada pela área sombreada. Adaptado de Dajoz (1983).
a dinâmica de recrutamento e mortalidade da floresta, pode expressar a Figura 1. Curvas teóricas de crescimento de uma população. A resistência
seguinte variação: NRR (%) = 100% do meio está representada pela faixa sombreada. Adaptado de Dajoz (1983).

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Jardim

Incremento Anual Atual (CAI). A diferença entre as Nesse contexto, imaginar que certas espécies arbóreas que não
dimensões das árvores, medidas no final e no início de apresentam indivíduos jovens em sua estrutura diamétrica são espécies
qualquer período de anos de crescimento, dividida pelo em risco de extinção é negar que seus indivíduos adultos tenham sido
número de anos do período é chamada de Incremento Anual Periódico
mudas em(PAI).
um passado não muito distante, dependendo da taxa de
Como é difícil medir com precisão o CAI, geralmente é substituído pelo crescimento. Essa noção ignora o fato de que algum mecanismo
PAI. O crescimento médio em qualquer idade é chamado de Incremento permitiu a regeneração dessa espécie. Pesquisas têm mostrado que
Médio Anual (IMA), que é obtido dividindo-se o tamanho acumulado espécies com esse tipo de distribuição diamétrica – as chamadas
das dimensões da planta por sua idade. Na avaliação de florestas intolerantes à sombra ou heliófilas, como são mais conhecidas –
naturais, é difícil saber a idade das plantas, dificultando a determinação utilizam uma estratégia de regeneração dependente de clareiras em
do IMA de uma árvore se ela não for plantada ou de procedência consequência da morte de uma ou mais árvores do dossel florestal
conhecida. (Jardim et al., 1993; Santos & Jardim, 2012; Viana & Jardim, 2013).
Para algumas espécies, como Swietenia macrophylla e outras, apenas
2.3 Mecanismos de regeneração natural a perturbação causada por grandes clareiras, como as produzidas na
silvicultura, fornece substrato para a regeneração natural.
2.3.1 Dinâmica da regeneração natural por sucessão em clareiras
Assim, a ideia que se consolidou de permitir apenas a exploração
de espécies madeireiras com distribuições diamétricas contínuas e
Em muitos inventários florestais que abrangem toda a faixa de decrescentes (J-reverse) para garantir sua sustentabilidade carece de
tamanho de uma espécie, como em Jardim & Hosokawa (1986), fundamentação técnico-científica, pois foi demonstrado em escalas
verificou-se que a floresta como um todo sempre tem uma distribuição experimentais que a silvicultura, mesmo reduzida A exploração
diamétrica em formato contínuo e decrescente. Porém, ao analisar madeireira de impacto , promove a formação de clareiras de tamanhos
uma espécie isoladamente, verifica-se que apenas algumas apresentam variados que estimulam a regeneração natural da maioria das espécies
essa regularidade. Na maioria das espécies, quando uma amostragem madeireiras extraídas, como S. macrophylla, Tabebuia serratifolia e
é no dossel fechado, observam-se grandes descontinuidades ou Diniza excelsa, entre outras espécies intolerantes à sombra.
achatamentos na distribuição, chegando a total ausência de indivíduos Compreender a composição e a dinâmica da estrutura da floresta
jovens em algumas espécies. Em amostras que atingem áreas de requer a medição das mudanças nessas características ao longo do
clareiras, costuma-se observar o aparecimento de juvenis de espécies tempo; essas mudanças são geralmente ativadas por lacunas criadas
ausentes em áreas com dossel fechado. quando uma árvore cai, causando o início de uma nova classe de idade
A teoria da regeneração natural de Aubreville em mosaicos foi e o rápido crescimento de indivíduos anteriormente suprimidos.
desenvolvida para explicar a falta de regeneração natural das espécies Gap é o termo utilizado para designar as descontinuidades
no dossel da floresta. Ele descobriu que o estágio clímax da floresta existentes na estrutura de um dossel florestal causadas pela queda de
tropical africana era espacialmente dinâmico, tornando difícil prever as uma árvore ou parte dela. Existem vários conceitos de gap na literatura,
espécies dominantes em uma comunidade clímax em particular. Por todos expressando a ideia de uma abertura ou buraco no dossel da
exemplo, uma espécie pode dominar uma comunidade específica hoje, floresta. É importante perceber que dentro de uma clareira, as
mas nenhuma regeneração natural indica que a espécie será substituída condições microclimáticas são completamente alteradas em relação à
por outra e que pode estar se regenerando em uma nova área floresta fechada ao redor. Alguns conceitos estão se aproximando
dominada por outra espécie, que eventualmente será substituída. dessa ideia. Popma et al. (1988) sugeriram que uma lacuna engloba
uma zona de influência, que se estende até onde há espécies pioneiras em regeneração
A dinâmica das florestas tropicais úmidas tem sido estudada há Pode-se definir clareira como uma descontinuidade de copa de
muitos anos. Embora o fato de que esse processo dependa tamanhos variados que se projeta da copa até o chão da floresta,
fundamentalmente dessas clareiras seja aceito por quase todos os abrangendo uma zona de influência até onde as espécies secundárias
pesquisadores, pouco se sabe sobre o comportamento de espécies estão se regenerando (Figura 2).
isoladas em relação aos diferentes microambientes criados nas A sucessão varia nos trópicos úmidos devido a diferenças na
clareiras. Não se sabe se esses microambientes que favorecem o composição florística, tipo de solo e natureza e extensão da perturbação
desenvolvimento dessas espécies na floresta estão alterando o nível (Bazzaz & Pickett, 1980). A presença de grande número de espécies
de recursos disponíveis e a eficiência de recrutamento ou ingresso. que necessitam de luz para seu estabelecimento, quando espalhadas
Muitas espécies madeireiras não apresentam distribuição diamétrica pela copa de uma mata nativa, indica a existência anterior de uma
contínua e decrescente (J-invertido) em floresta não perturbada porque clareira. Para muitas espécies, o principal fator que regula a estrutura
essa regeneração é totalmente dependente das clareiras. populacional é a chance de ocorrência de uma lacuna nas mudas que
Aproximadamente 75% das 105 espécies arbóreas do povoamento lhes permitirá crescer.
estudado por Hartshorn (1978) dependem da luz das clareiras para se Mesmo pequenos orifícios no dossel (manchas de sol) que não
regenerarem com sucesso. A auto-eliminação de Tachigalia sp. árvores, permitem mais de 40 minutos de insolação diária podem estimular o
um ano após uma única frutificação, parece ser um mecanismo crescimento de mudas no solo da floresta (Bazzaz & Pickett, 1980).
particular de criação de lacunas, que favorece a sua própria É reconhecida a existência de um banco de mudas e mudas que
regeneração. De 63 mudas de espécies madeireiras por hectare aguardam longos períodos por condições que favoreçam seu
encontradas em clareiras de tamanho médio (333 m2 ) e com 15 crescimento. Esse conceito pressupõe um estado de quiescência das
meses de idade, três quartos surgiram após corte seletivo (Veríssimo mudas, onde elas mantêm um metabolismo mínimo de sobrevivência
et al., 1989). Resultados anteriores reforçam a ideia de que algum tipo sem crescimento, mas tem sido confundida com espécies tolerantes,
de perturbação deve existir para conservar Aucoumea klaineana cuja distribuição diamétrica contínua e decrescente contém plantas
(Engone Obiang et al., 2014). que, embora muito lentamente, costumam crescer no

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Figura 2. Desenho esquemático de uma lacuna mostrando a luz do sol passando por ela. Adaptado de Longman e Jenik (1981).
Figura 2. Desenho esquemático de uma clareira ilustrando a incidência dos raios solares através da mesma. Adaptado de Longman e Jenik (1981).

floresta. Sem clareiras, é possível que todas as mudas, exceto as espécies ou secundárias tardias, que normalmente são espécies emergentes que
do sub-bosque, que passam toda a vida em sombra densa, possam desenvolvem grande biomassa.
eventualmente morrer (Whitmore, 1978). Em grandes clareiras formadas pela queda de várias árvores, a sucessão
A literatura sobre o processo de sucessão natural em florestas tropicais é ativada em seus estágios iniciais, com extensa colonização por invasores
já é bastante extensa, como mostra a revisão de Jardim et al. (1993). A e pioneiros que competirão fortemente com a regeneração existente. No
teoria da perturbação, cujo modelo sucessional vincula a riqueza da entanto, como os colonizadores têm vida relativamente curta, eles serão
comunidade à idade, tamanho e frequência da perturbação, sugere que a gradualmente substituídos por vegetação mais persistente e maior biomassa
sucessão natural nas florestas tropicais começa com a formação de até o fechamento completo do dossel.
clareiras. Essa teoria é amplamente aceita e divide a sucessão em três
fases: (1) fase de clareiras, (2) crescimento da floresta e (3) floresta madura. Três características da clareira são consideradas importantes no estudo
da dinâmica da vegetação: o ambiente físico da clareira, o tamanho da
A duração de cada fase depende de fatores como a magnitude do distúrbio,
clareira e a taxa de rotatividade da clareira. Em relação ao ambiente físico,
principalmente em relação ao tamanho da abertura no dossel da floresta.
fica claro que para cada tamanho de clareira existem condições
microclimáticas correspondentes. Devido à influência que o tamanho da
A dinâmica sucessional na floresta como um todo pode ser representada
clareira exerce, fatores físicos como o tamanho podem ser variáveis
por um longo e contínuo processo de aberturaÿc
importantes que afetam a germinação das sementes e a sobrevivência das
aberturaÿfechamentoÿabertura de lacunas. Após a sua formação, uma
plântulas.
lacuna passa por um período mais ou menos longo de recuperação ou
Diferentes espécies são bem sucedidas em clareiras de diferentes
cobertura (sucessão), culminando no seu fechamento.
tamanhos, o que significa que o tamanho da clareira influencia fortemente
O período de tempo entre a formação da lacuna e seu fechamento
a composição florística e a distribuição das espécies vegetais na floresta.
depende do tamanho da lacuna. Se o vão for causado pela queda de um
Quanto maior a clareira, mais variado é o microclima dentro dela em
galho ou de uma pequena árvore, seu fechamento pode ser completado
comparação com a floresta não perturbada. Portanto, o tamanho da clareira
pela expansão lateral dos galhos das árvores ao redor ou pelo rápido
pode determinar quais espécies colonizam uma clareira, pois pode causar
crescimento vertical da regeneração natural avançada preexistente . grandes mudanças no microclima e na competição radicular, que pode
Portanto, se constatar que a sucessão começa em estágio avançado, a diminuir temporariamente no centro da clareira. Pequenas clareiras
recuperação será rápida, favorecendo espécies oportunistas de pequenas favorecem o crescimento de regeneração avançada, como é o caso de
clareiras. mudas e plantas jovens já estabelecidas antes da formação de clareiras.
Quando uma clareira é formada pela derrubada de árvores de grande Em contrapartida, em clareiras muito grandes, esses indivíduos podem
porte, seu fechamento é mais demorado, pois a sucessão é reiniciada de crescer pouco ou morrer devido à alta carga de radiação (Whitmore, 1978).
um estágio bem menos avançado. Nesse caso, será necessário certo grau Segundo Whitmore (1978), as principais diferenças entre o ambiente
de colonização para a cobertura além do crescimento da regeneração em clareiras e sob dossel fechado são o aumento da luz e mudanças na
avançada, resultando em uma competição mais ou menos intensa até o sua qualidade, bem como aumentos na temperatura e déficit de saturação.
predomínio de algumas espécies de dossel. Este processo favorece Uma maior disponibilidade de nutrientes também pode ocorrer quando
espécies oportunistas de grandes clareiras plantas mortas

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Jardim

decompor. Essas mudanças no ambiente físico alteram a biocenose; à estabelecidos, crescem e se reproduzem apenas em clareiras. Essas
medida que mudas estabelecidas morrem devido à sua sensibilidade à características são apenas pontos no grande gradiente de condições de
luz, plantas de espécies pioneiras aparecem e experimentam a luz que as espécies exigem, e cada espécie pode ser única em seus
maximização do crescimento. requisitos. Outra classificação (Swaine & Whitmore, 1988) propôs uma
Em condições naturais (floresta não perturbada), a interação do divisão das espécies em pioneiras e não pioneiras, com base na
ambiente físico, o tamanho e a taxa de rotatividade das clareiras resulta germinação e estabelecimento de plântulas. Em cada grupo, com base na
de um processo estocástico (Bazzaz & Pickett, 1980) no qual a formação altura em que a maturidade é atingida, Swain e Whitmore propuseram
das clareiras é aleatória no espaço e no tempo, embora haja uma maior uma subdivisão em: árvores anãs, pequenas, médias e grandes.
probabilidade de queda de árvores durante a estação chuvosa. Nesse
caso, o comportamento da espécie segue seu curso natural, de acordo Com base na combinação de formas biológicas (herbáceas ou
com a hierarquia competitiva (Swaine & Hall, 1983). lenhosas) e origens (áreas secundárias ou florestais), outra classificação
das espécies em quatro grupos foi proposta por Mitja et al. (2008):
Em florestas manejadas, a interação dos três fatores é influenciada espécies florestais lenhosas, espécies lenhosas pioneiras/secundárias ,
pela intensidade da extração e pela composição das espécies exploradas. espécies herbáceas florestais e espécies herbáceas secundárias . Essa
A presença de clareiras é espacialmente aleatória porque depende da classificação é controversa quando se considera espécies lenhosas
distribuição espacial das árvores. No entanto, do ponto de vista temporal, pioneiras ou secundárias como espécies não florestais , pois existem
há uma tendência de mudança da época de formação das clareiras para dezenas de espécies, principalmente madeireiras, com característica
épocas de estiagem, quando a operação madeireira é mais eficiente. No secundária.
entanto, a fenologia das espécies está ajustada ao processo natural de Em geral, as classificações são baseadas nas demandas de luz das
formação de clareiras. espécies. Espécies tolerantes à sombra podem se regenerar e crescer
Portanto, é possível que mudanças na magnitude e na ordem temporal independentemente das clareiras e são muito eficientes no uso da
de formação de clareiras possam alterar as probabilidades de uma espécie radiação difusa existente na floresta. Espécies intermediárias se regeneram
ou qualquer grupo ecológico ser mais ou menos bem-sucedido. e crescem em vários graus de luz que estão disponíveis em clareiras
A capacidade de cobertura de espécies madeireiras, muitas das quais médias a pequenas. Espécies intolerantes à sombra só se regeneram e
são sucessionais tardias ou oportunistas e intolerantes à sombra, pode crescem em ambientes com muita luz direta proporcionada por grandes
ser reduzida pela remoção de árvores matrizes e manutenção de clareiras, pois são ineficientes no uso da radiação luminosa.
indivíduos de espécies não comerciais. No entanto, com a exploração
madeireira, esse fenômeno pode ser compensado pela criação de Algumas classificações incorporam outros fatores, como a estratégia
ambientes mais favoráveis ao recrutamento e crescimento das espécies de seleção ou o tamanho da semente e meios de dispersão (Tabela 1).
mais intolerantes. A mortalidade de espécies tolerantes pode ser No entanto, é consenso geral que o processo de regeneração natural de
aumentada devido à maior intensidade de radiação nas mudas do sub- espécies arbóreas em uma floresta tropical é fortemente dependente da
bosque, que não estão adaptadas aos altos níveis de luminosidade presença de clareiras que proporcionem condições, principalmente em
decorrentes da abertura do dossel pela exploração. Portanto, devemos termos de luz, para o estabelecimento da regeneração.
considerar que o grande gradiente de tamanho das clareiras é um fator
importante na determinação da alta heterogeneidade das florestas Essas classificações dicotômicas que classificam as espécies como
tropicais. Muitas espécies de dossel, que nos estágios de plântulas e preferentes à luz ou à sombra ou em termos de espécies pioneiras,
mudas estão ausentes no solo da floresta, dependem de clareiras para secundárias iniciais, secundárias tardias e clímax (Budowski, 1965),
regeneração e, portanto, devem ser consideradas componentes normais representam uma grande simplificação de um grande e complexo
da floresta madura, em vez de espécies sucessionais que devem morrer gradiente de comportamento ecofisiológico existente em espécies de
à medida que a floresta amadurece (Hartshorn, 1978). . florestas equatoriais . Apesar de qualquer planta, em princípio, ser
heliófila, pois necessita de luz para realizar a fotossíntese, as plantas
requerem graus variados de intensidade de radiação.
2.3.2 Interação com grupos ecológicos
As mudanças nas necessidades de luz de uma espécie arbórea ao
A vegetação de uma floresta tropical é composta por um número muito longo de sua história de vida podem ser inferidas preliminarmente a partir
grande de formas de vida. No entanto, verificou-se que existem grandes da análise da distribuição diamétrica de seus caules (Jardim et al., 1996),
diferenças entre as composições florísticas do dossel superior e do sub- conforme sugerido na Tabela 2.
bosque da floresta úmida (Jardim & Hosokawa, 1986; Mendes et al., Se uma espécie tem uma distribuição diamétrica contínua e
2012). Por esta razão, os estudos de dinâmica requerem inevitavelmente decrescente, como a distribuição “J-invertido”, essa característica indica
a divisão em classes ou grupos menores de vegetação. No entanto, a que, em termos de luz, a espécie não tem restrições para o processo de
classificação das espécies em grupos ecológicos é muito controversa na regeneração natural (ou seja, o recrutamento de mudas na regeneração
literatura. Numerosas tentativas foram feitas para classificar as espécies natural é regular e constante e compensado por alta mortalidade).
em termos de seu comportamento ecológico. Espécies com essa característica ecológica são classificadas como
tolerantes à sombra, ou seja, regeneram-se e crescem sob luz difusa no
Até quatro grupos de espécies foram estabelecidos devido à ambiente florestal.
necessidade de desenvolvimento de clareiras (Whitmore, 1984): 1) Se uma espécie apresenta descontinuidades em sua distribuição
Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado; 2) espécies diamétrica ou mesmo ausência de indivíduos nas classes inferiores de
que se estabelecem e crescem sob dossel fechado, mas se beneficiam DAP, essa característica reflete problemas na regeneração natural, muitas
da clareira; 3) espécies que se estabelecem sob dossel fechado, mas vezes devido à dependência de luz para germinação. Essas espécies são
requerem clareiras para amadurecer e se reproduzir; e 4) espécies que são chamadas de intolerantes à sombra ou à luz difusa, são consideradas

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Regeneração natural em florestas tropicais

Tabela 1. Características morfológicas e fisiológicas de populações com estratégias oportunísticas (r) e de equilíbrio (K) para espécies florestais.
Extraído de O'Brien & O'Brien (1995).
Tabela 1. Características morfofisiológicas para populações com estratégias oportunistas(r) e em equilíbrio(K) para espécies da floresta tropical.
Extraído de O’Brien & O’Brien (1995).

Seleção r (Oportunista) Selecionando K (Tolerante)


Estágio de sucessão Iniciação Final

População de tamanho Sem equilíbrio, geralmente abaixo da capacidade de suporte, Constante ao longo do tempo, próximo da capacidade de suporte, sem
recolonização periódica colonização

Mortalidade Independente da densidade, não direcionado ou catastrófico Dependente da densidade, mais direcionado
Concorrência Variável, geralmente solto Geralmente forte
Dispersão longa distância Local

Longevidade Curto, alguns anos Longo, mais de 20 anos


Apontar para Produtividade Eficiência

Tabela 2. Forma e amplitude da distribuição do diâmetro dos caules (para árvores em floresta não explorada).
Tabela 2. Forma e amplitude da distribuição diamétrica (para árvores em floresta não explorada).
Tolerante à sombra Intermediário Intolerante à sombra

Distribuição diamétrica contínua e decrescente (J- Distribuição diamétrica contínua ou não, mais plana Distribuição diamétrica descontínua, falta de indivíduos
invertido) com grande número de indivíduos nas classes que a tolerante jovens e muitos indivíduos nas classes diamétricas mais
de tamanho mais baixas altas
Amplitude do diâmetro reduzida, menor que a Amplitude do diâmetro muito variável (geralmente Faixa de diâmetro grande, acima de 70-80 cm
outros, abaixo de 60-70 cm acima de 60-70 cm)

“extravagantes” no uso de radiação fotossinteticamente ativa exploração, pois se os adultos existem em grande proporção, existe
(PAR) e, portanto, exigem luz forte. A presença de clareiras no algum mecanismo de regeneração (a formação de lacunas).
dossel da floresta é o fator que estabelece condições de luz para O tamanho da lacuna varia ao longo de um continuum no qual as
a germinação das sementes dessas espécies. condições ambientais seguem o mesmo padrão contínuo de variação.
Espécies cuja distribuição diamétrica tem formato intermediário Em termos de luz, por exemplo, pode-se dizer que as clareiras variam
entre esses dois extremos são denominadas intermediárias ou de um único “sunfleck” (pequenas áreas no chão da floresta atingidas
oportunistas de clareiras grandes ou pequenas, conforme sua demanda pela radiação solar direta que atravessa o dossel) até altos níveis de
de mais ou menos luz para estabelecimento. radiação de grandes clareiras. Dentro dessa faixa de variação, as
interações entre os fatores ambientais e entre as plantas e esses
3 Considerações Finais fatores são tão numerosas e tão complexas que qualquer simplificação

O termo regeneração natural refere-se ao número de plantas resultará em muitas exceções e dificuldades de classificação ecológica
jovens de uma população, assentamento ou floresta ou ao processo das espécies.
de estabelecimento dessas plantas jovens (ou seja, os processos de A estratégia do banco de sementes é um método para manter a
recrutamento ou ingresso, mortalidade e crescimento). Recrutamento cobertura de uma área. No entanto, esta também é uma estratégia
e ingresso, embora signifiquem a entrada de novos indivíduos na característica de espécies invasoras e pioneiras, pois não foram
amostra, podem representar situações diferentes; esses termos podem identificadas grandes dormências para sementes de espécies
se referir à entrada de um indivíduo de uma espécie já presente na madeireiras. Além disso, o conceito de banco de mudas tem sido
área (recrutamento) ou à entrada de um indivíduo de uma nova espécie considerado importante no manejo, o que resolveria o problema de
na amostra (ingresso). estoque na regeneração natural de espécies madeireiras. Este conceito
Os modelos que avaliam recrutamento ou ingresso frequentemente parece razoável; se houver um estoque comercializável dessas
apresentam inconsistências ao avaliar a entrada de uma nova espécie espécies e muito pouca regeneração pelos critérios atuais de estoque
na amostra, podendo apresentar uma indeterminação matemática mínimo, então deve haver um método pelo qual as poucas mudas
representada por uma divisão por zero (0) ou um logaritmo de zero (ln sobrevivam para alcançar o dossel. Um mecanismo hipotético
0) . O modelo denominado Taxa de Regeneração Natural elimina essa interessante é a chamada quiescência das plântulas, que permite que
indeterminação da matemática para avaliar a entrada de uma nova as plântulas esperem longos períodos por condições favoráveis ao seu desenvolv
espécie na comunidade ou floresta. O modelo precisa ser testado com O conhecimento desse processo sucessional, embora empírico,
outras variáveis, como área basal e volume, utilizadas para avaliar a tem sido empregado em sistemas silviculturais baseados na
dinâmica das florestas manejadas. regeneração natural. No entanto, seu funcionamento ainda precisa ser
Muitas espécies madeireiras têm regeneração natural muito baixa determinado cientificamente para garantir o máximo aproveitamento
ou nenhuma, no sentido estático do termo, devido à sua dependência do potencial produtivo das florestas tropicais, pois em condições
da presença de clareiras. No entanto, isso não pode ser considerado naturais essa função apenas repõe as perdas por morte ou queda
um argumento válido para sugerir o impedimento de sua comercialização natural.

Rev. Ciênc. Agrícola., v. 58, n. 1, pág. 105-113, jan./mar. 2015 111


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Jardim

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Fonte de financiamento: Não houve apoio financeiro.

Conflito de interesse: Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Rev. Ciênc. Agrícola., v. 58, n. 1, pág. 105-113, jan./mar. 2015 113

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