Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Modernismo Leviano
Uma Crítica à Sociedade Fútil através do Filme "Mon Oncle" de Jacques Tati
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Através do filme "Meu Tio" (1958), Tati nos convida a questionar a validade e relevância
dessa busca desenfreada por uma modernidade vazia. Com seu humor visual e perspicácia na
análise das interações humanas e do ambiente construído, ele retrata de forma magistral as
nuances e contradições da sociedade contemporânea.
2
Fonte: archdaily.com.br
Nesse contexto, surge uma sociedade fútil, centrada na aparência e no consumismo, que
propicia o desenvolvimento do modernismo leviano. Essa busca desenfreada pela
modernidade sem autenticidade resulta em uma superficialidade generalizada, substituindo a
reflexão profunda sobre os valores e princípios que dão sentido à nossa existência. A
sociedade fútil, assim formada, prioriza o superficial e o efêmero em detrimento do
significado e da autenticidade.
Jacques Tati, nascido Jacques Tatischeff em 9 de outubro de 1907, foi um renomado ator e
cineasta francês. Inicialmente destacou-se como jogador de rugby, mas sua habilidade como
mímico o levou ao entretenimento. Após atuar em espetáculos de gala, iniciou sua carreira no
cinema como ator e roteirista, realizando uma série de curtas-metragens. Em 1947, lançou seu
primeiro filme como diretor, "Jour de Fête", que lhe rendeu reconhecimento internacional e
prêmios.
Seu trabalho mais famoso, "As Férias do Sr. Hulot" (1953), enfrentou dificuldades de
produção, mas consolidou sua reputação como cineasta. Em 1958, Tati lançou o filme "Mon
Oncle", uma sátira ao modernismo e à sociedade fútil. Apesar dos desafios financeiros com
seu filme seguinte, "Playtime" (1967), Tati deixou um legado significativo no cinema francês,
sendo reconhecido por sua visão crítica da sociedade e seu estilo único.
4
Imagem 2: Jacques Tati atuando como Sr. Hulot, personagem do próprio filme "mon oncle
fonte: hollywoodhuntsville.com
Fontes: shangol
Esses contrastes entre o modo de vida entre Sr Hulot e Charles Arpel é o que nos leva a
questionar o que é preciso para atingir uma vida feliz. Sr Hulot vive em uma comunidade
5
onde todos se comunicam diariamente, crianças brincam na rua, e nessa vida simples, mostra
o lado positivo da simplicidade material enquanto na casa de seu cunhado, todos os
mecanismos levam à uma vida hostil e repleta de ações artificiais e com espaço para que os
materiais sejam os protagonistas da vida.
imagem 5: Jacques andando de bicicleta com sobrinho Imagem 6: Jacques curioso pela cozinha moderna
Fonte: cinemaemcuritiba.wordpress.com
A crítica social presente no filme nos leva a refletir sobre as consequências da sociedade fútil
em que vivemos. O modernismo leviano, caracterizado pela busca superficial de avanços
tecnológicos e estéticos, muitas vezes nos afasta de nossa essência humana, tornando-nos
prisioneiros de uma cultura do consumo e da aparência.
É fundamental que nos questionemos sobre o que realmente importa em nossas vidas. Será
que a busca incessante por status, gadgets de última geração e tendências passageiras nos traz
verdadeira felicidade e realização? Ou será que esses valores superficiais nos afastam da
verdadeira essência da vida, que está em momentos de conexão genuína, experiências
autênticas e contribuições significativas para o bem-estar coletivo?
A constante necessidade de ter a versão mais atualizada do celular que apenas é acessível para
determinados grupos da sociedade é um dos maiores exemplos da sociedade contemporânea.
As campanhas de marketing e a pressão social criam um senso de urgência e desejo de
acompanhar as últimas tendências. O lançamento de novos modelos é amplamente divulgado,
gerando expectativa e desejo nos consumidores.
6
Além disso, a busca incessante pelo celular de última geração pode levar a um ciclo de
consumo excessivo e desperdício. A rápida obsolescência dos modelos antigos faz com que
muitos aparelhos sejam descartados precocemente, contribuindo para a geração de resíduos
eletrônicos e impactos ambientais negativos.
"Meu Tio" nos lembra da importância de resgatarmos a reflexão crítica em meio à sociedade
contemporânea. Devemos questionar as pressões e expectativas impostas sobre nós e buscar
uma vida mais autêntica, significativa, e consciente, baseada em valores sólidos e relações
humanas verdadeiras.
produzida por Barbara Kruger: “I shop therefore I am”, inspirada na famosa frase “Penso, logo existo” de
Descartes
7
5. Considerações Finais
Em um mundo cada vez mais dominado pelo consumismo desenfreado e pela busca por
aparências, o filme de Jacques Tati nos desafia a repensar nossa conduta e a direção em que a
sociedade está seguindo. Ele nos convida a questionar os valores e princípios que sustentam
essa busca incessante por uma modernidade vazia.
Através da reflexão crítica e da adoção de valores mais profundos, podemos romper com a
superficialidade que permeia nossa sociedade contemporânea. É essencial desenvolver uma
consciência crítica em relação ao consumo de tecnologia, pois isso implica questionar os
sistemas capitalistas e suas dinâmicas de produção e consumo.
O filme nos convida a refletir sobre nossos próprios valores e escolhas, incentivando-nos a
questionar a direção que queremos seguir como sociedade. Ele nos incita a buscar uma
existência mais autêntica e significativa, onde os valores humanos e as relações genuínas
sejam priorizados. Somente por meio da reflexão crítica e da busca por um estilo de vida
sustentável, podemos superar a superficialidade e construir um futuro mais promissor para
todos.
6. Referências Bibliográficas
Hilliker, Lee. “In the Modernist Mirror: Jacques Tati and the Parisian Landscape.” The French
Review, vol. 76, no. 2, 2002, pp. 318–29. JSTOR, http://www.jstor.org/stable/3132711.
Accessed 6 July 2023.