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SÃO CRISTÓVÃO-SE
2022.1
ANA RITA DOS SANTOS
PABLO DE SANTANA
ALVES
SÃO CRISTÓVÃO-SE,
2022.1
INTRODUÇÃO
Assim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trata da crônica a partir do seu aspecto
literário de caráter pedagógico, de que maneira se pode usufruí-la em diferentes campos e
formas, a saber, sua devida eficácia no eixo da produção textual (individual ou coletiva) e a
relação multissemiótica presente. Há, ainda, no campo artístico e literário, a visão da crônica
como representante da diversidade linguística e cultural que evidenciam, favorecem e
proporcionam experiências estéticas por suas peculiaridades estruturais.
A partir dessa perspectiva, pesando em alunos de sexto ou sétimo anos, contaremos com a
exposição de um breve estudo sobre o gênero escolhido, desenvolveremos, também, a
proposição de uma sequência didática, isto é, seus objetivos, recursos didáticos necessários e a
descrição de cada momento de aplicação da sequência, sua motivação e produção iniciais, o
diagnóstico, a função social, as comparações com outros textos e os seus aspectos linguísticos
com as devidas reflexões.
Por fim, pela discussão do que esperamos com a produção da SD, suas potencialidades e
desafios, dialogaremos com as práticas e as experiências passadas, contando como o manuseio
da crônica em aula pode ser satisfatório e efetivo ao conhecimento dos alunos e construções
textuais. Essa escolha do gênero justifica-se, então, muito além do que apenas uma abordagem
temática já consagrada pela análise escolar, mas como, por ela, fatos cotidianos podem ser
abordados de diversas maneiras, ferramentas, criticidades, lirismo, humor, ou seja,
proposições didáticas ao alcance da cognição, circulação e entendimento daquela classe
discente.
DESENVOLVIMENTO
Além de ser um gênero que aponta certa facilidade para análise e criação, seu espaço é amplo,
tendo as seguintes crônicas: dissertativa, descritiva, narrativa, humorística, poética, lírica,
histórica, jornalística, filosófica e crônica-ensaio. Sabendo como tal gênero é diverso e pode
ser facilmente introduzido na sala de aula, pensa-se que o mesmo seja capaz de induzir o
raciocínio, a socialização, a capacidade de entender significados e a função social da língua.
Na educação, a Língua Portuguesa tem uma função importantíssima para o desenvolvimento
de uma criança ou adolescente, levando-o a capacidade de se comunicar no meio letrado e
interpretá-lo, por conta disso, deve-se ter consciência da influência que o gênero traz para
aquele que trabalha com o mesmo.
De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), a sequência didática é vista como um
conjunto de atividades planejadas sistematicamente em torno de um gênero textual oral ou
escrito, e tem o intuito de obter um objetivo de aprendizagem. Ademais, a sequência didática
tem como finalidade fazer com que o aluno domine o gênero, escreva e fale de maneira
adequada em uma dada situação comunicativa. Sugerindo, assim, um ensino da língua
mediado pelos gêneros, pois os alunos aos poucos se apropriam dos conhecimentos dos
gêneros e ao mesmo tempo internalizam as práticas de linguagem resultando no conhecimento
da língua. A base da sequência didática é composta por quatro fases sendo: apresentação da
situação, produção inicial, módulos e produção final.
A primeira fase da sequência didática é a apresentação da situação e ela é formada por dois
momentos. O primeiro momento é o do “projeto coletivo de produção de um gênero oral ou
escrito” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p.98), ou seja, definir qual gênero será
produzido (trabalhado/abordado), para quem será destinado, qual forma ele terá, quem irá
participar da produção do texto, etc. O segundo momento é a dimensão dos conteúdos que se
refere a discussão do tema e a exposição de textos do mesmo gênero que será produzido.
A segunda fase é a produção inicial, é quando o aluno irá tentar produzir o seu primeiro texto
oral ou escrito do gênero que está sendo abordado. Esse texto servirá como uma atividade de
diagnóstico do conhecimento prévio dos alunos. Atividade relevante tanto para o aluno
(compreensão das dificuldades que possuem) quanto para o professor (entendimento das
habilidades e carência dos alunos).
A terceira fase refere-se aos módulos, o desenvolvimento dos módulos são feitos a partir dos
problemas que foram encontrados na atividade de diagnóstico na produção inicial. Por causa
disso, não há uma forma fixa e pode ser ajustado de acordo com a(s) necessidade(s) dos
alunos. Para resolver os problemas e solucioná-los o(a) professor(a) deverá propor atividades
que trabalhem as dificuldades em níveis diferentes, diferenciar as atividades e capitalizar as
aquisições (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004).
A quarta e última fase é a produção final, ela finaliza a sequência didática e dá ao(s) aluno(s)
a oportunidade de colocar em prática tudo o que foi feito durante a sequência, principalmente,
nos módulos. Além disso, o professor poderá utilizar a produção final para fazer uma
comparação com a produção inicial e avaliar a evolução dos alunos. Logo, concluímos que a
proposta sugerida pelos teóricos é de grande importância para trabalhar com os gêneros em
sala de aula (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004).
1° aula: O professor questiona a toda a turma sobre crônica, se alguém já ouviu fala, para que
serve etc. Se a resposta da turma for insuficiente, o professor questiona se os alunos gostam de
assistir stories de Instagram em que os blogueiros narram acontecimentos do seu dia a dia,
tentando fazer com que os alunos percebam as semelhanças do seu dia a dia com os relatos
pessoais e as crônicas. Em seguida, apresenta o gênero, descreve características centrais,
informando que os textos das próximas aulas seguirão essa perspectiva.
2° aula: Nesse momento, questiona-se “O que é relato?” Há breve explicação sobre o gênero
“relato pessoal”, apresentação de um relato pessoal (leitura e relato feitos pelo professor).
Além disso, produção de um relato sobre algum acontecimento recente pelos alunos (deve-se
explicar que o aluno pode utilizar recursos como humor, descrição, linguagem coloquial, entre
outros). Recolhimento oral dos textos produzidos pelos alunos e o professor solicita que os
alunos passem o relato oral para a escrita como dever de casa (recolhimento na aula seguinte).
3° aula: Recolher os relatos escritos da aula anterior; explicar o que é crônica, sua função
social e como é produzida (com auxílio do quadro e giz, escrever pontos
centrais; se possível levar crônicas presentes em livros, jornais, apenas para mostrar a
veiculação do gênero).
4° aula: Entregar a crônica “Trapezista” - Luiz Fernando Veríssimo, e ler para os alunos, após
leitura coletiva, uma leitura individual. Após a leitura, o professor solicita que os alunos
identifiquem o gênero e quais as características da explicação anterior estão presentes no
texto. Por fim, reafirmar as características do gênero crônica e seus meios de circulação.
6° aula: Entrega dos relatos feitos e reflexão sobre a possibilidade dos relatos se
transformarem em crônica. Conversação e incentivo a escrita com sugestões de temas que
foram abordados nos relatos; planejamento de como os alunos fariam uma crônica, a partir
dos relatos que eles fizeram de acordo com suas perspectivas e reconhecimento dos novos
textos.
7° aula: Neste módulo, os alunos deverão ler a crônica jornalística Crônica às mulheres
assassinadas de Lucilene Machado e observar quais semelhanças e diferenças constituem
esse tipo de crônica e na crônica apresenta nas aulas
anteriores. Os alunos devem observar como a crônica que é apresentada e narrada. Apresentar
questões de compreensão: Compare as duas crônicas lidas e analise a sua estrutura quanto a
linguagem./ Essa crônica é diferente da que analisamos em outras aulas. No que ela se difere
da crônica de Luís Fernando Veríssimo?/ O que você achou do texto?/ O objetivo dele é
informar ou entreter os seus leitores?/ Que relação o assunto da crônica tem com a sociedade?/
Essa crônica tem a mesma estrutura composicional (situação inicial, conflito, clímax e
resolução do conflito) da crônica Trapezista? Os alunos devem copiar as perguntas e resolvê-
las como dever de casa.
8° aula: Aqui ocorre a avaliação e produção escrita do gênero. Apesar de os alunos estarem
sendo avaliados desde a primeira aula, a produção escrita do gênero é o que dará o feedback
para o professor e dele observará o interesse, o desempenho e principalmente o envolvimento
dos alunos durante todo o processo de leitura, produção e aprendizagem do gênero crônica. A
produção será feita individualmente e o aluno poderá escolher se quer produzir sua crônica no
estilo literário ou jornalístico. Revisar brevemente sobre o que é crônica e sua função social;
Diante dos conteúdos que foram estudados, o aluno deverá relatar, de forma breve, um
acontecimento simples da vida diária, observando as características do gênero e utilizando os
recursos linguísticos adequados. O texto precisa ser planejado: Qual sua finalidade? Os
acontecimentos diários envolvem uma temática que atinge que tipo de leitor?
O objetivo da avaliação é: avaliar se o aluno não só capaz foi capaz de entender o que uma
crônica e sua função social, como também produzi-la a partir dos ensinamentos que foram
instruídos.
9° aula: recolhimento das crônicas e incentivo à leitura em voz alta, desde que o aluno se sinta
confortável.
10° aula: Entrega das crônicas corrigidas e feedback oral para a turma. Caso o desempenho
não tenha sido satisfatório, revisar conceitos centrais do tema e tirar quaisquer dúvidas dos
alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desta sequência didática foi explorar o gênero textual crônica e a sua aplicabilidade
ao nível da educação básica, especificamente nos sextos e sétimos anos, e foi dividida em três
etapas: introdução, desenvolvimento e considerações finais. Estando no desenvolvimento o
cerne da SD, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly. Quanto à sua potencialidade, o estudo da
crônica influencia os alunos a desenvolverem suas habilidades escritas e orais e ajuda na
construção da criatividade.
Na primeira parte foi apresentada uma breve introdução com os principais objetivos deste
trabalho e também o porquê da escolha do gênero crônica. Em seguida, foi construído o
desenvolvimento, onde foram explorados estudos sobre o gênero, modelo escolhido para
representar a sequência didática e a apresentação da proposta de trabalho. Além de também
apresentar as etapas estabelecidas para o estudo do gênero com os alunos. Estas etapas foram
divididas em dez aulas, sendo uma delas a avaliação, que consiste na produção do estudo do
gênero crônica.
Nesse sentido, como possíveis obstáculos para a elaboração desta SD, temos o desinteresse
dos alunos pela leitura e pelas atividades propostas, como também, a não adaptação do estudo
do gênero crônica ou até mesmo dificuldades de codificação e decodificação, muito presentes
em alunos do Ensino Fundamental Maior, principalmente no pós-pandemia.
É possível, ainda, pensar a relação com estudos e práticas futuras. Esta sequência oferece uma
boa base de distribuição de conteúdo nas aulas propostas, o que possibilita a adaptação e
continuidade de estudo com outros tipos de gêneros, não só a crônica, afinal, uma das
características centrais das SDs é a (re)usabilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS