Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Rio de Janeiro – UERJ/FFP
Docente: Cláudio Antônio Santos Monteiro
Discente: Gabriel Pires Machado Corrêa Disciplina: História Fluminense
O presente trabalho ter por objetivo analisar o texto A Capitalidade do Rio de
Janeiro. Um exercício de reflexão história do historiador brasileiro André Nunes de Azevedo presente na coletânea Rio de Janeiro: capital e capitalidade de 2002 de organização do mesmo autor. Primeiramente, Azevedo inicia seu texto caracterizando o que acreditar significar o termino “capitalidade”. De acordo com o autor, capitalidade se relacionaria com o fato de cidade do Rio, quanto espaço de interação social, possuir papel fundamental na recepção de ideias diversas e organização das mesmas, tornando-se por sua vez palco de relevantes eventos políticos e culturais do país (AZEVEDO, 2002, p. 45). Prosseguindo, o autor busca a partir dessa reflexão sobre capitalidade, demonstrar a sua interpretação sobre o desenvolvimento histórico da cidade do Rio de Janeiro desde o período colonial ao imperial. De acordo com o historiador, a cidade do Rio, em sua gênese, era uma cidade modesta, mas com uma firme expansão populacional, tendo seu maior desenvolvimento no século XVII (AZEVEDO, 2002, p. 46). Com esse desenvolvimento, características interessantes começaram a aparecer na urbe fluminense, tendo como uma delas os interesses autônomos dos comerciantes cariocas, diametralmente opostos aos do pacto colonial (AZEVEDO, 2002, p. 46). Devido a esses conflitos comerciais, a cidade passa a ser palco de tensões políticas e ganhar importância e autonomia, se tornando uma “cidade aberta para o mundo”, dando importância impar para o porto do Rio de Janeiro (AZEVEDO, 2002, p. 47). De acordo com Azevedo (2002, p. 47-48), devido a centralidade do comércio marítimo, o porto se tornaria o ponto de conexão da urbe com o resto do mundo. Dessa forma, um porto movimentado onde bens simbólicos e materiais circulavam diariamente, a capitalidade do Rio de Janeiro começava a se formar, independentemente de ser ou não capital oficial da Colônia. Interessante notar que, para o autor, ser uma capital (ou aspirar ser uma capital) não depende de considerações legais, mas sim das características culturais e econômicas que as cidades possuem. Isso o historiador considera “capitalidade primeva” que, no caso da cidade do Rio, se constituiu a partir do seu porto e de tudo que ele representa (AZEVEDO, 2002, p. 52). Assim sendo, podemos encontrar no trabalho de André Nunes de Azevedo ideias interessantes a se pensar o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro pré estabelecimento da família real que, por muitas vezes, é tratada subaproveitada na historiografia contemporânea e no ensino escolar. O seu conceito de capitalidade se torna importante para essa interpretação pois está livre das amarras legais de que uma cidade só se torna importante caso seja sede de instituições políticas ligadas à metrópole, abrindo horizontes para o estudo da vida cultural, intelectual e econômica dos cariocas que, através dos séculos, travaram disputas com os lusitanos contra as demandas do pacto colonial.