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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO - UFERSA


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Trabalho de Conclusão de Curso (2018.1).

VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE CONCENTRADORES SOLARES


COMO ALTERNATIVA AO USO DE RÉCHAUDS EM UM
RESTAURANTE DE BAIXO PORTE.
Mizael Zadoque da Cunha Locio1, Taciano Amaral Sorrentino2

Resumo: Devido ao grande potencial de radiação direta na região, uma das formas de aproveitamento das
energias renováveis na região do semi-árido é o uso de concentradores solares de calha parabólica. O presente
trabalho tem por objetivo propor a utilização de um concentrador automatizado em um restaurante de pequeno
porte, que usa réchaud para o aquecimento de água. Para isso, foi necessário a estimativa da demanda de energia
do estabelecimento, ganhos e perdas do circuito e da potência que passa pela abertura da calha. Ademais, foi
proposta a utilização de um modelo de bomba d’água que melhor se adaptaria ao sistema. Ao final da pesquisa,
percebeu-se a importância das energias renováveis e o quanto a mesma consegue impactar radicalmente nos
aspectos econômicos de um estabelecimento.

Palavras-chave: Energia solar; concentradores solares; dimensionamento;

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, as principais fontes de recursos energéticos utilizadas pela sociedade para sustentar-se, provém de
combustíveis fósseis, que são poluentes e seu uso pode acarretar em danos irreversíveis ao meio ambiente. Com
isso, as energias renováveis se apresentam como uma alternativa de geração de energia, por serem abundantes e
limpas. Uma das formas de aproveitamento dessas energias renováveis, é o uso da energia heliotérmica, onde
espelhos são utilizados para refletir a luz solar de uma grande área e concentrá-la em uma área menor. Uma
vantagem do uso dessa energia é a possibilidade de estocagem da energia em forma de calor, além da integração
com outras fontes de energia. [1]
Por se situar entre trópicos, o território brasileiro, em geral, possui uma incidência de irradiação solar
admissível e a região Nordeste, contemplando a região semiárida, possui o potencial solar mais elevado do país,
com valor médio de irradiação global horizontal igual a 5 kWh/m2 [1]. Devido ao grande potencial, esta região se
mostra favorável a utilização de concentradores de calha parabólica, que permitem que fluidos sejam aquecidos
até 400°C. Esses concentradores são “coletores com geométrica cilíndrica parabólica e revestidos por um material
refletor” [2], que podem ter aplicações industriais, residenciais ou comerciais.
Partindo desses conceitos, a referente pesquisa tem como objetivo considerar a possibilidade de operar um
equipamento de aquecimento de comida usando um coletor solar cilíndrico parabólico analisando as trocas de
energia no circuito percorrido pela água, entre a calha parabólica e o equipamento, baseado em conceitos
apresentado em [3], um restaurante de pequeno porte. Além disso, usar o modelo e as condições de otimização [3]
para estimar o comportamento energético do concentrador dimensionado em diferentes condições de insolação, e
com isso, estimar a economia de energia elétrica com o uso do mesmo.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia

A fim de atingir os objetivos, a pesquisa foi dividida em etapas, conforme pode ser visualizada na Figura 1.

Levantamento Visita técnica Execução do Considerações


bibliográfico ao local estudo finais

Figura 1. Etapas da metodologia. (Autoria própria)


A pesquisa inicia-se por meio de levantamentos bibliográficos sobre o concentrador, sua modelagem e
automatização. Para isso, foram usados livros, artigos científicos e monografias para compor o embasamento
teórico. Após a pesquisa bibliográfica, foi realizada uma visita técnica no dia 11 de fevereiro de 2019, ao

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restaurante escolhido para a aplicação, o Bistrô Data Venia, localizado na cidade de Mossoró - RN. Durante a
visita, foi possível a visualização do equipamento elétrico. Com isso, realizou-se observações sobre a parte hídrica
do projeto e de possíveis locais para as encanações do coletor. Além disso, foi realizada uma entrevista com a
proprietária do estabelecimento, onde foi possível coletar informações sobre o restaurante, seus processos e sobre
tempos de uso do réchaud e demanda de água utilizada para o seu funcionamento do mesmo.
Após a visita técnica, iniciou-se a etapa de estudo, onde foram estimadas a demanda de energia elétrica do
equipamento utilizado no restaurante, as irradiações diretas para os meses de maior e menor índice, além do cálculo
dos ganhos e das perdas do circuito com relação a diferentes meses do ano para variar a irradiação solar direta.
Ademais, foi estimado a utilização de um modelo de bomba d’água que melhor se adaptaria ao sistema. Por fim,
os resultados foram analisados e elaborou-se as considerações finais da pesquisa mostrando as limitações da
pesquisa e sugestões para trabalhos futuros.

2.2 O Concentrador de calha parabólica

Uma das características principais de um coletor solar parabólico se baseia em conceitos ópticos, como refração
e reflexão dos raios incidentes na calha. Os raios solares que chegam a terra percorrem uma grande distância, cerca
de 146.600.000 km, com isso para a realização dos cálculos ópticos considera-se uma distância infinita de tal forma
que os raios incidem na calha parabólica paralelamente e segundo [4] todos os raios que incidem paralelo a uma
superfície esférica após sua reflexão convergem para o foco.

F Figura 2. Raios incidentes na calha. [5]


A Figura 2 mostra esse fenômeno óptico, as setas vermelhas representam os raios emanados pelo sol e o eixo
Y e X coincidem com o vértice da parábola. A forma da parábola é essencial na construção do coletor, através da
Figura 2 é feita uma análise geométrica para achar a função que rege a forma da parábola, a Equação 1 é o resultado
obtido. [5]

1
𝑦= 𝑥2 (1)
4𝑓

Existem diversos parâmetros a ser considerados para a estruturação de um coletor solar parabólico, a Figura 3
mostra alguns desses parâmetros. O comprimento da calha (l), comprimento focal (f), largura da calha (a) e ângulo
de borda (ψ). Nem todos os fatores se relacionam, o comprimento da calha fica a critério do projetista, porem as
outras três se correlacionam fortemente. A largura (a) é a distância de abertura da calha e o ângulo de borda é o
ângulo entre o eixo óptico e a linha entre o ponto focal e o final do arco do espelho.

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Figura 3. Parâmetros Geométricos. [5]


O ângulo de borda é uma característica construtiva de suma importância, seu valor não pode ser muito grande
nem muito pequeno, existe um valor ideal para determinados parâmetros estruturais e dependendo do seu tamanho
influencia vigorosamente na concentração do coletor entre outros fatores.

Figura 4. Variação do ângulo de borda e distância focal. [5]


A Figura 4 demonstra a relação entre o ângulo de borda e seu foco. Considerando a largura constante, é de fácil
visualização que os dois fatores são inversamente proporcionais nesse modelo tratado. Considerando o material
refletor perfeito sem erros de inclinação pode-se fazer a seguinte analise:
• Se o ângulo de borda for muito pequeno, sua distância focal irá ser longa e os os raios refletidos
percorreram uma maior distância até chegar ao tubo, além do mais podem ter perdas devido a
erros geométricos;
• Se o ângulo de borda for muito grande, o caminho da radiação refletida das partes externas da
calha é muito longo, aumentando a dispersão desses raios e diminuindo a relação de
concentração. [5]

O último componente essencial para a estruturação do coletor é o tubo absorvedor, também chamado de
receptor, no qual tem que ser construído de tal forma a minimizar principalmente as perdas térmicas como perda
por radiação, convecção e condução. O diâmetro do tubo deve ser levado em conta pois se for demasiadamente
grande a sua área superficial aumentara e por essa razão as perdas térmicas iriam aumentar bastante [3].
Como um liquido aquecido escoara pelo tubo sua temperatura interna estará maior que a externa, logo a perda
de calor para o meio. No sentido de evitar tal acontecimento, é efetuado o isolamento térmico da tubulação, porém,
quanto mais espesso o isolamento, maior será o custo com o material tornando o retorno econômico será mais
tardio. São normalmente usados materiais isolantes como vidro ou acrílico devido aos seus bons índices de
transmissividade, baixa refletividade e por internamente serem feitos de matéria com alta absorbância e baixa
emissividade [6].
O material reflexivo do concentrador é a parte que vai coletar a radiação solar e concentrá-la em determinada
linha focal, onde vai ser absorvida para posterior utilização no processo [7]. A superfície refletora em sistemas
desse tipo são determinantes para caracterizar a eficiência do equipamento, que devem possuir alta refletividade.

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Porém, analisando os possíveis materiais propícios ao concentrador solar, visando o seu custo benefício, dois
materiais se destacam: filmes de alumínio e filmes de espelho baseados em prata. Levando em consideração apenas
a reflexividade dos produtos, os filmes de prata possuem índices mais altos, porém os filmes de alumínio são
considerados uma alternativa mais viável devido a fatores como maior facilidade de moldagem, baixo custo de
aquisição, além de possuir baixa absorbância na faixa com comprimento de onda mais energético do espectro
solar, como mostrado na Figura 5.

Figura 5. Refletividade do alumínio e da prata. [5]

2.3 Aplicação de um concentrador de calha parabólico num restaurante de pequeno porte

Durante a visita técnica realizada no restaurante Bistrô Data Venia, na entrevista realizada com a proprietária
do estabelecimento, foi possível coletar algumas informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa, e
influência do uso do réchaud. O primeiro dado a ser considerado é o tempo que o réchaud fica ligado. A informação
é que o restaurante funciona 5 dias da semana, com horário de atendimento entre 11 horas da manhã e 14 horas da
tarde, exclusivamente no horário de almoço. Além disso, foi relatado que o réchaud é ligado aproximadamente 20
minutos antes do horário de início das atividades da empresa, devido ao tempo que é necessário para o começar o
aquecimento efetivo. Outro esclarecimento foi em relação ao volume de água utilizado pelo réchaud, que é igual
a 20 litros por dia. Segue na Tabela 1 o resumo dos dados coletados.

Tabela 1. Dados colhidos na entrevista. (Autoria própria)


Informações coletadas Valor

Tempo de funcionamento do réchaud


4 horas/dia
(h/dia)

Quantidade de dias de funcionamento


5 dias
do restaurante (dia)

Volume de água utilizado (L) 20L

Potência do equipamento (W) 2000 W

Além do mais, foi relatado que o equipamento é desligado em certos períodos do horário de trabalho, quando
a movimentação no restaurante é reduzida, e esta ação pode influenciar na demanda de energia elétrica do local,
visto que pode haver vários picos de energia quando o réchaud for desligado e ligado novamente. Ademais,
também foi realizada observações ao local, onde foi possível entender o funcionamento do equipamento elétrico,
desde a alimentação com água até o tempo de aquecimento. Também foi tomado nota sobre um improviso
realizado no local: como não havia um espaço projetado para posicionar o réchaud, o mesmo foi encaixado em

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uma superfície fixa de alvenaria, o que impossibilitou o acesso ao regulador de temperatura do utensilio e com
isso, a temperatura de funcionamento desde então é constante.

2.4 Desempenho do concentrador e características de irradiação da região

Foi tomado como base estrutural do coletor solar cilíndrico o trabalho de conclusão de curso de [3] no qual o
objetivo era desenvolver um protótipo de coletor para tratar a água levando em conta custo e facilidade na
fabricação do mesmo condicionado a eficiência. Considerou-se que para otimização do coletor precisava-se
relacionar o fator de concentração geométrica, e através de manipulações matemáticas realizadas obteve-se
Equação 2 a seguir:
𝑡
( ∫𝑡 2 𝐺𝑑𝑡 )𝜏𝜌𝛼−ℎ𝛥𝑡(𝑇𝑐 −𝑇𝑎 )𝐶𝐺− 𝜀𝛥𝑡𝜎𝑇𝑐
1
𝜂= 𝑡 (2)
( ∫𝑡 2 𝐺𝑑𝑡 )
1

A partir disto, foram realizadas várias iterações para encontrar uma máxima eficiência através do uso de um
software. A Tabela 2 mostra todos os parâmetros geométricos já citados e algumas características padronizadas
como a transmitância do invólucro, refletância da calha, absorbância do coletor e emissividade do coletor. Todos
os parâmetros dependem do tipo do material utilizado, tanto na calha parabólica quanto no tubo, e todos
revestimentos apropriados.
Tabela 2. Parâmetros estruturais utilizados
no projeto do coletor. (Adaptado de [3])
Variável Valor
Eficiência (𝜂) 28,151%
Ângulo de borda (ψ) 63,6255°
Diâmetro do coletor (d) 12,501 mm
Comprimento focal (f) 0,60458 m
Temperatura entrada no coletor (Te) 50°C
Temperatura do ambiente (Ta) 30℃
Temperatura saída do coletor (Ts) 80℃
Transmitância do invólucro (𝜏) 0,92
Refletância da calha (𝜌) 0,95
Absorbância do coletor (𝛼) 0,97
Emissividade do coletor (𝜀) 0,90
Coeficiente de transferência termina (ℎ) 10 W/(m2 K)

Para aquecer um líquido a uma certa temperatura e em um determinado tempo é preciso de alguma potência
associado para a finalidade que é o aquecimento. Para tal efeito a Equação 3 retrata bem como encontrar essa
energia necessária, onde m é a quantidade de massa existente no tubo do coletor, c é o calor específico do liquido
e ΔT variação de temperatura. É desconsiderado o termo de radiação pois o valor da constante σ é desprezível. [3]

𝑄𝑒 = 𝑚𝑐(𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ) (3)

A Equação 4 revela a energia nesse sistema que é perdida termicamente, e toma como base a norma ASHRAE
93-2010, que retrata alguns dos parâmetros já citados anteriormente.

ℎ(𝑇𝑠 −𝑇𝑒 )
𝑞̇ =Pu𝜏𝜌𝛼 − (4)
𝐶𝐺

Um dos empecilhos para a utilização dos concentradores solares de forma mais produtiva é a maneira que os
raios solares incidem nos coletores. A radiação solar após atravessar a atmosfera segue diminuindo a sua
intensidade até valores próximos a 1000 W/m2, que é o valor denominado radiação global. Essa radiação é
composta por uma fração direta e outra difusa, que se encontra espalhada pela atmosfera. A Figura 6 ilustra um
esquema representando a fração direta e difusa dos raios solares. [8]

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Figura 6. Fração direta e fração difusa. [8]


Os dados relacionados a radiação direta no local foram obtidos por meio do software Radiasol 2, que
disponibiliza dados de irradiação normal direta diária em cada mês e em cada hora do dia, mostrado na Figura 7 e
na Figura 8. Para fins da pesquisa, é ideal o uso dos valores mensais mais baixos e mais altos, para que se possa
comparar a utilização dos concentradores, tanto para períodos com alta irradiação, quanto em períodos de baixa
irradiação.
Figura 7. Irradiação direta solar no mês de outubro. (Radiasol 2)

Figura 8. Irradiação direta solar no mês de abril. (Radiasol 2)

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Portanto, serão considerados os valores para o mês de outubro no horário de 12 horas, ou seja, com índice de
maior irradiação, e os valores para o mês de abril, com menor irradiação se baseando no horário de 15h da tarde
devido a sua escassez profunda. Segue abaixo os valores para cada mês, respectivamente:

G ≅ 419 W/m2
G ≅ 132W/m2

2.5. Resultados e Discussões

Tomando como base os valores fornecidos pela Tabela 1, inicialmente é preciso saber quanto de energia elétrica
a proprietária do estabelecimento demanda por mês. Para isso utiliza-se a potência do equipamento e quantos horas
é utilizado por dia. Com uma potência de 2000W, utilizando 4 horas ao dia de segunda a sexta, é obtido um valor
de aproximadamente 80 horas de funcionamento mensal. Consequentemente, sua demanda de energia é 160kWh
por mês. Depois desse levantamento, é necessário consultar a distribuidora de energia elétrica do estado, no caso
a COSERN, para acessar o valor cobrado a cada kWh consumido, sem levar em consideração a impostos tarifários
inicialmente. O valor pago por cada kWh é de R$ 0,50473441, logo é pago por mês um montante de R$ 80,7575
por toda a demanda de energia só do equipamento.
Primeiramente, é de suma importância saber quanto de massa cabe em um determinado volume de água dentro
do tubo coletor cilíndrico, para isso adotou-se o comprimento da calha igual a 2 metros. Em consequência, o
volume do tubo é igual a 0,24547x10−3 m3 e a massa, considerando a densidade da água igual a 997 kg/m3, é igual
a 0,24474 kg. Utilizando a Equação 3, com posse do valor da massa e dos demais fatores calcula-se o valor da
energia para aquecer a água no tubo (Qe) que é de 31,5J.
Conceitos sobre perda de energia é essencial na compreensão dessa análise. O valor da potência que passa pela
abertura da calha cilíndrica depende da sua irradiação do local e sua área de abertura. A Equação 4 nos traz no seu
primeiro termo um ganho de energia aplicado a perdas que são as constantes multiplicado pela potência Pu. O sinal
negativo indica a perda de energia por meio de condução entre o ar e a parede do tubo. Para calcular essa potência
é observado o mês com maior e menor índice de irradiação solar e retirados os valores máximos e mínimos dos
respectivos meses. Sendo assim o valor é aplicado a Equação 3, calcula a potência que passa pela abertura da calha
levando em consideração a sua irradiação direta e a área de abertura do coletor, a Tabela 3 mostra os resultados
obtidos para cada valor de irradiação direta e a quantidade de energia absorvida pelo tubo em watts.

Tabela 3. Potência em Watt. (Autoria própria)


Mês de avaliação Abril Outubro
Irradiação direta
132 419
(W/m2)
Potência absorvida
245,3542 780,6424
pelo tubo (W)

É possível perceber que, quando a água está inserida fora do coletor ela estará trocando calor com o ambiente
externo e essa perda pode ser calculada levando em conta a temperatura de ambos os lados e seu coeficiente de
condução e a área do circuito, como pode ser visualizado na Equação 5. Deixando de lado o comprimento do
concentrador de 2m, sobra 14m de circulação de água e as conexões entre a calha e o tanque. Uma analise a se
fazer é que a água sai do coletor a 80°C e troca calor com o ambiente que esta a uma temperatura de 30°C. Já na
volta quando a água vai retornar ao coletor sai do tanque com uma temperatura de 50°C e troca com a mesma
temperatura ambiente de 30°C. Assim o valor de perdas pelo sistema é 192,4226W. É de fácil observação que,
como o cálculo de perdas leva em consideração a área do circuito, quanto maior for seu comprimento maior será
sua perda, com isso seria ideal a distância mínima entre coletor e réchaud.

ℎ[(𝑇𝑓 −𝑇𝑎 )+(𝑇𝑖 −𝑇𝑎 )]𝐴𝑐


𝑃𝑐 = (5)
2

Considerando que todo o ganho de energia é igual a energia perdida, nessa suposição não há perda nem ganho
de energia. Pode-se igualar a Equação 4 com as perdas do circuito Equação 5, e isolando a variável Pu, chega na
seguinte Equação 6:

ℎ(𝑇𝑓 −𝑇𝑒 )𝐴𝑐


(( )+𝑃𝑐 )
𝐶𝐺
𝑃𝑢_𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑎𝑟𝑖𝑜 = (6)
τρα

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A potência necessária ou potência mínima, traz o quanto de energia é tomado como base para que não haja
perda no sistema. É muito utilizado para várias analises o termo de variação de potência (∆P u), a diferença entre a
potência absorvida e a potência necessária, que assume valores positivos ou negativos e ambos retratam ganho e
perda de energia, respectivamente. Se a potência absorvida pela calha estiver acima da potência necessária o
sistema estará ganhando energia, do contrário estará perdendo energia. Para o mês de abril em um valor de
irradiação de G = 132 W/m2 seu valor de ∆Pu é 62,4355 W, como o valor encontrado é maior que zero logo há
ganho de energia no sistema e isso é de grande relevância pois como é o mês com o menor valor de irradiação e
está conseguindo ganhar energia o balanço energético do coletor está com êxito.
Por último e não menos importante, a bomba que irá transportar a água até o réchaud. Como há um desnível de
2m de altura do coletor ate a calha foi realizada uma pesquisa e encontrado uma bomba típica no mercado. Apesar
de ter vários fatores envolvidos para o dimensionamento do motor e talvez o motor escolhido tenha potência maior
do que seria se fosse dimensionado corretamente, a escolha foi uma estimativa bem conservadora. O motor
escolhido possui 45W de potência e é capaz de elevar o liquido até 2,5m.

Tabela 4. Comparação entre réchaud e coletor. (Autoria própria)

Custo Anual
Período de analise Custo Mensal (R$)
(R$)
Réchaud 80,76 969,09

Coletor 1,82 21,80

A Tabela 4 expõe o custo decorrente de cada demandada em um período por mês e por ano, considerando-se
que cada equipamento é utilizado 4 horas por dia. É redundante mostrar tal fato, uma vez que a potência demandada
pelo motor é muito baixa comparado com o réchaud. Vale ressaltar que na aplicação desses valores obtidos foi
desprezado a potência demandada pelo motor que acionaria a calha em busca de melhor recepção dos raios solares.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a finalização do presente trabalho chegou-se a conclusão que os objetivos traçados foram cumpridos e
todas as análises feitas podem ser aplicadas diretamente em vários estabelecimentos, pois o território brasileiro
possui um grande potencial para a utilização de energias renováveis. Como foi analisado, há uma grande economia
nos custos de aproximadamente R$947,30 por ano. Como esse valor da economia se deu com base em um mês
que tem um dos índices mais baixos de irradiação solar, os outros meses irão ter retornos melhores. Isto mostra a
viabilidade da utilização dos concentradores solares cilíndrico-parabólico no estabelecimento estudado.
Dentre as limitações da pesquisa, a princípio espera-se que o desempenho do coletor seja melhor se for feito
uma análise mais minuciosa, pois algumas perdas foram majoradas e considera-se que foi feita estimativa simples
porem não interferem na veracidade dos dados encontrados. Por fim, como proposta para trabalhos futuros, seria
o dimensionamento próprio de um concentrador solar de calha parabólica automatizado, para as condições
especificas do estabelecimento, a fim de obter um concentrador com eficiência máxima por meio de métodos
computacionais de otimização.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] PEREIRA, et al. Energia solar no semiárido brasileiro: levantamento do potencial e aplicações. II Congresso
Internacional da Universidade do Semiárido, João Pessoa, 2017.
[2] KROTH, Fabricio Augusto. Construção e avaliação de um concentrador solar cilíndrico parabólico para
aquecimento de água residencial. TCC (Graduação em Engenharia Química) – Centro Universitário
UNIVATES, 2016.
[3] GARCIA, Gustavo K. V.; Otimização geométrica de calha parabólica para a pasteurização de água. TCC
(Graduação em Ciência e Tecnologia) – Universidade Federal Rural do Semiárido, 2018.
[4] SEARS, Francis Weston et al. Física IV: Ótica e física moderna. 12 ed. São Paulo: Editora Pearson, 2009.
[5] GÜNTHER, Matthias; JOEMANN, Michael; CSAMBOR, Simon
(Org.). Parabolic Trough Technology. In: Advanced CSP Teaching Materials. Stuttgart, Germany: [s.n.], 2016.
cap. 5, p. 1-88.
[6] MILCENT, Paul Fernand. Noções de Isolamento Térmico de Tubulações. Disponível
em: http://www.paulfmilcent.net/apost%20iso%20tub%2022007.pdf. Acesso em: março de 2019.
[7] SILVA, Leonardo Pereira De Lucena. Desenvolvimento de um coletor solar cilíndrico parabólico para
baixas e médias temperaturas. Dissertação (Mestrado em análise e projeto de sistemas termomecânicos) –
Universidade Federal de Campina Grande, 2015.

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[8] EKOS BRASIL; VITAE CIVILIS; Introdução ao sistema de aquecimento solar. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/60551/mod_resource/content/1/Apostila_Aquecimento_Solar.pdf.
Acesso em janeiro de 2019.

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