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POUPANÇA, TESOURO
DIRETO, CDB E OUTROS
DA SÉRIE : O GUIA DA RIQUEZA
H. Light
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO:
1. INFORMAÇÕES E NOMECLATURAS IMPORTANTES:
2. POUPANÇA
3. CDB/RDB
4. LCI E LCA
5. TESOURO DIRETO
6. CRI/CRA
7. DEBÊNTURES
8. FUNDOS DE RENDA FIXA
9. FIDC
10. IMÓVEIS E FII
11. FINALIZANDO
BIBLIOGRAFIA E ENDEREÇOS IMPORTANTES:
INTRODUÇÃO:
Um dia conversando com minha mãe eu estava explicando
para ela a diferença das rentabilidades entre poupança,
CDB, ações, etc, mas ela entendia muito pouco a respeito e
ficava cética, com medo de correr risco em outras coisas
que não fosse a poupança. Após o evento conversei com
amigos, pai, parentes e após fazer umas pesquisas
verifiquei que há um problema na maior parte da população
entender sobre investimentos.
Em uma era digital cheia de informações a internet se
tornou uma ferramenta de sucesso e uma armadilha.
Facilitou muito a possibilidade de investir, mas, em meio a
tantos gurus te falando o que fazer, te expondo a riscos que
na maioria das vezes você nem entende direito ainda,
mostrando rentabilidades enormes sem te mencionar que
tudo aquilo poderia ser um prejuízo te deixa em uma
situação delicada. Um exemplo clássico do que estou
falando foi quando eu vi uma pessoa incentivando a que
todos investissem no exterior uma parte do dinheiro delas,
mas eu me perguntava, mais da metade da população
investe em poupança (e isso me indica que elas não têm
conhecimento de outros produtos mais básicos como CDB e
Tesouro Direto, por exemplo, como elas podem ser
incentivadas a se expor no exterior (quando há n fatores
relacionados como câmbio) dessa forma? Quando claro você
está sujeito a ganhos extraordinários, ou a tombos
monumentais também, exemplo foi a queda face o corona
vírus.
Esse e-book não visa tentar te convencer a escolher por
Renda Fixa ou Renda Variável, visa te apresentar em forma
fácil e consolidada quais são, os riscos e as vantagens dos
diversos produtos existentes no mundo da renda fixa. E,
vale lembrar que, independente de onde você leia ou de
quem esteja falando de investimento com você (pessoas
que são capacitadas no assunto), alguém sempre vai te
recomendar deixar parte do seu dinheiro em renda fixa por
n motivos, como liquidez, balanceamento de carteira ou
mesmo um objetivo como comprar um carro por exemplo.
Resta então entender quais produtos atendem cada uma
das suas necessidades.
Uma última ressalva, o Brasil historicamente teve uma taxa
de juros muito alta, que inclusive já superou os 14% por
exemplo. Hoje (quando escrevo isso) a taxa de juros chegou
a 3,75%, a mais baixa da história e com viés de cair ainda
mais. Isso impacta muito na renda fixa, mas claro que em
algum momento (analisando o relatório liberado pelo banco
central) deve voltar a subir. Isso fez com que muitos
deixassem a renda fixa e gerou números recordes de
ingressantes na bolsa, isso mostra um aumento de
conhecimento dos brasileiros, apesar de que o número
apesar de recorde é muito pequeno ainda.
Vale lembrar ainda que quando você analisa a carteira das
pessoas mais ricas elas possuem algumas coisas diferente
em relação ao das pessoas mais pobres, diversificação e
não aplicar em Poupança quase nada são duas dessas
características.
Dito isso, preparado? Então vamos lá mergulhar nesse
fascinante assunto chamado renda fixa. Boa leitura.
1. INFORMAÇÕES E
NOMECLATURAS IMPORTANTES:
Antes de entrarmos propriamente nos produtos é muito
importante entender desde já algumas nomenclaturas que
serão utilizadas ao longo do e-book. Não vamos complicar,
então você vai saber exatamente o que precisa e apenas
isso, logo nesse capítulo abordaremos o que são taxas pré-
fixadas, pós-fixadas, SELIC, IPCA, CDI, ETC.
TAXA PRÉ-FIXADA:
Taxa pré-fixada é uma taxa informada no
momento em que você contrata a aplicação, nela
você já sabe exatamente o quão remunerado você
será durante todo o período. Por exemplo, uma
taxa de 7% ao ano para uma aplicação de 1 ano,
quer dizer que independente do que aconteça, no
resgate da aplicação após 1 ano você receberá
essa taxa de 7%. (pode variar caso você resgate
antecipadamente, dependendo da aplicação).
TAXA PÓS-FIXADA:
A taxa pós-fixada é uma que acompanha algum
índice para remunerar sua aplicação, em geral ou
o CDI ou o IPCA. Uma aplicação que renda, por
exemplo, 100% do CDI com vencimento em 1
ano. Vai acompanhar toda variação do índice ao
longo do ano, que pode manter-se ou variar,
dependendo da decisão de mudança na taxa
SELIC tomada pelo COPOM.
TAXA MISTA/COMPOSTA:
Em geral você vai ver essa taxa associada ao
IPCA, a algum índice de inflação ou ao CDI. Essa
taxa é parte fixa e parte variável, um título que
pague IPCA+4% (comum a um tipo de título do
tesouro que abordaremos em breve), vai te pagar
4% fixo mais o que for medido pelo índice de
inflação IPCA no período. Lembrando sempre, é
um exemplo e caso você leve até o vencimento,
resgates antecipados sofrem um efeito que
trataremos no capítulo apropriado.
IPCA:
O que é:
Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo é um índice divulgado pelo IBGE, mede
a inflação de um conjunto de produtos e
serviços que a maioria das famílias utilizam
conforme a distribuição de gastos das famílias
nesses produtos/serviços.
Como funciona:
Focando em renda fixa, é utilizado para a
remuneração de alguns títulos de renda fixa
como títulos federais e algumas debêntures,
por exemplo.
SELIC:
O que é:
Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É
a taxa básica de juros no Brasil, é disparada a
taxa mais popular na economia, é usada no
mercado de financiamento de operações
interbancárias com duração de um dia,
lastreada em títulos públicos federais.
Como Funciona:
O preço da taxa é definido pelo COPOM
(Comitê de Politica Monetária), a taxa é base
para a remuneração da maioria das
aplicações de renda fixa. A variação de preço
depende, por exemplo, do interesse do
governo em: captar, controlar a inflação,
aumentar ou diminuir os empréstimos,
controlar o câmbio, etc.
CDI:
O que é:
Certificado de Depósito Interbancário, é o
empréstimo que os bancos fazem entre si
diariamente, porque as vezes eles tem mais
saída do que entrada de dinheiro e o Banco
Central, não permite que o banco fique no
negativo, então eles utilizam desse
mecanismo para fechar a conta. O valor é em
geral ligeiramente abaixo da taxa Selic.
Como funciona:
O que você realmente precisa saber é que é
um dos indexadores mais comuns para
remuneração na renda fixa. Então um
exemplo comum é falar que a remuneração
rende 100% do CDI, então ela rende 100% da
taxa de CDI.
DIAS ÚTEIS:
É uma forma normalmente utilizada no mercado
financeiro para determinar prazos, D+0, por
exemplo, significa que seja o que for ocorre no
mesmo dia em que você comandar, D+1 significa
que ocorre no dia útil seguinte. Em geral você vai
ver esse termo associado ao tempo para efetivar
uma aplicação ou para ter o crédito de um resgate
de aplicação em conta. Adicionalmente vale a
pena saber que a remuneração de investimentos é
feita com base nos dias úteis, fins de semanas e
feriados não contam na base de rendimento.
FGC
O que é:
Fundo Garantidor de Crédito é algo que você
quer que a instituição na qual você aplique
faça parte, mas espera nunca ter que utilizar.
É resumidamente uma associação sem fins
lucrativos que visa dar segurança à algumas
das aplicações de renda fixa, como poupança,
CDB, LCI e LCA por exemplo.
Como Funciona:
Caso você aplique em um banco e ele quebre
esse fundo garante o pagamento de até R$
250.000,00 por CPF por instituição financeira,
desde que a instituição seja membra da
associação. Vale ressaltar que isso não é
automático e em geral leva alguns meses,
então vale apena analisar bem se algumas
diferenças de rentabilidade fazem sentido.
CARÊNCIA:
O que é:
O prazo que você precisa esperar para poder
solicitar o resgate do seu dinheiro caso
queira.
Como Funciona:
A poupança, por exemplo, não tem carência,
logo você pode realizar o saque a qualquer
momento. Existem CDBs que tem como
carência o prazo de vencimento do título, ou
seja, não permite resgate antecipado, outros
tem vencimento de 1 ano por exemplo e
permite resgate após 30 dias, enfim existem n
combinações.
LIQUIDEZ:
O que é:
Liquidez pode ser traduzida como a facilidade
em transformar sua aplicação em dinheiro
disponível.
Como Funciona:
Novamente, a poupança, por exemplo, possui
liquidez diária, logo você pode resgatar e
utilizar o dinheiro no momento que quiser.
Alguns CDBs (em geral chamado fluxo de
caixa) são assim também. Casas por exemplo,
tem uma liquidez muito menor, dependem do
tempo para vender, assinar e receber.
INVESTIDOR QUALIFICADO:
Investidor qualificado segundo a CVM (Comissão
de Valores Mobiliários) é todo investidor pessoa
física ou jurídica que possua a partir de R$ 1
milhão de reais aplicados e que assine o termo
atestando essa condição ou que possua alguma
certificação reconhecida pela CVM. Esses
investidores possuem acesso exclusivo a alguns
produtos como FIDC.
2. POUPANÇA
O QUE É E A HISTÓRIA:
A caderneta de poupança, popularmente conhecida apenas
como poupança, é o investimento mais popular e mais
utilizado pelos brasileiros. Segundo o último levantamento
feito em 2019 pelo SPC e a Confederação Nacional dos
Dirigentes Lojistas (CNDL), a Poupança foi a opção de
aplicação de 65% dos brasileiros que tinham alguma
aplicação.
Esses dados são justificados em parte porque primeiro, foi a
primeira aplicação a qual todos tiveram acesso, lembre-se
que a poupança foi criada em 1861 pelo Imperador Dom
Pedro II, sim, você leu direito, imperador. Segundo, imagine
que até pouco tempo atrás, no mínimo até os anos 2000, o
conhecimento em qualquer outra aplicação era mínimo para
a maioria absoluta da população. Dito isso, agora você deve
entender o motivo dos 65%, é uma mistura de hábito com
medo de sair de algo que sempre foi a referência de
aplicação.
Hoje com a difusão de diversos outros produtos pela
internet as pessoas estão investindo em outras opções, mas
a boa e velha poupança continua como líder entre os mais
pobres. Outro ponto que favorece a poupança é que a
maioria dos brasileiros (67%) alega não ter dinheiro para
investir, logo a poupança se torna um investimento mais
fácil e prático quando conseguem guardar alguma coisa, e
para resgatar.
Para finalizar, uma curiosidade, a poupança é muito
importante para a economia como um todo, visto que os
recursos dela são utilizados para financiar imóveis, e essa é
uma das razões pela quais o financiamento imobiliário tem
taxas mais baixas que um empréstimo convencional.
RISCO E FGC:
A poupança é uma das aplicações cobertas pelo FGC, logo
até R$ 250 mil estão cobertos seguindo as premissas que
nós conversamos no capítulo 1.
Em relação a risco, é uma aplicação de baixo risco, o risco é
basicamente a instituição financeira quebrar.
IMPOSTO DE RENDA:
A poupança é isenta de pagamento de imposto de renda,
independente da condição de resgate.
ONDE ENCONTRAR:
Os bancos oferecem a caderneta de poupança. É
encontrada com facilidade nos grandes bancos do país: Itaú,
Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil, entre outros.
É mais popular principalmente nos bancos públicos, face
eles serem muito utilizadas para receber benefícios sociais
(pagas por esses bancos na maioria das vezes).
REMUNERAÇÃO:
A remuneração da poupança é uma explicação à parte,
devido à queda dos juros que o Brasil vem sofrendo, houve
muita reclamação por parte das instituições financeiras
porque a remuneração da poupança estava muito alta em
comparação ao seu histórico (remuneração da poupança x
taxa de juros) e a outros produtos oferecidos. Após receber
a reclamação, os políticos tiveram que criar uma proposta
de emenda à constituição para alterar a regra de
remuneração (para você ter ideia de como era algo antigo e
delicado de mexer). Bom, direto ao ponto a nova regra ficou
assim:
Poupança Antiga: Depósitos até 03.05.2012
Mantém-se a regra antiga, 6% ao ano + TR, essa TR possui
diversos fatores para ser calculado, é divulgado no site do
Banco Central, hoje (início de 2020) é 0% e em geral em
momentos de estabilidade econômica e de juros baixo fica
nesse patamar, mas, já fez a Poupança pagar por exemplo
mais de 8% ao ano.
Poupança Nova: Depósitos a partir de 04.05.2012
Se, a taxa SELIC (falamos sobre ela no capítulo 1), for
superior a 8,5% é aplicada a mesma regra da Poupança
Antiga.
Se a SELIC for igual ou inferior a 8,5%, a poupança
remunera 70% do valor da taxa SELIC ajustada para o
período de um mês (visto que a taxa pode mudar várias
vezes ao longo ano).
UM DETALHE MUITO IMPORTANTE sobre a remuneração da
Poupança é que você só recebe no ANIVERSÁRIO (mensal)
da aplicação. Isso quer dizer que, ignorando o detalhe de
dia útil, fim de semana, feriado, se você realizar a aplicação
no dia 01.03.xx e resgatar qualquer valor antes de 01.04.xx,
você recebe a remuneração sobre o menor valor aplicado
nesse período.
Exemplo,
01.03.20 eu aplico R$ 100,00, no dia 10.03.20 por um
motivo qualquer eu saquei R$ 50,00, e apliquei mais R$
50,00 no dia 20.03.20, no dia 01.04.20 você só receberá a
remuneração sobre os R$ 50,00 que permaneceram, a
remuneração dos R$ 50,00 aplicados em 20.03.20 só serão
recebidas em 20.04.20. Isso pode fazer muita diferença
para aplicações de curtíssimo prazo, apesar de que em
aplicações até 30 dias podemos ter a incidência de IOF, mas
trataremos disso adiante.
Data 01.03.20 10.03.20 20.03.20
Movimento +100,00 -50,00 +50,00
Saldo da aplicação em +100,00 +50,00 +50,00
01.03
Saldo Aplicação 20.03 - - +50,00
No dia 01.04 você recebe a remuneração sobre o saldo do
que foi aplicado em 01.03 e no dia 20.04 sobre o saldo que
foi aplicado em 20.03.
LIQUIDEZ:
A liquidez da Poupança é D0, você saca a aplicação quando
que quiser (dentro dos horários de funcionamento de cada
instituição), lembrando-se da questão da remuneração
mencionada anteriormente caso saque antes do aniversário.
VANTAGENS E DESVANTAGENS:
Vantagens:
Simples aplicação;
Baixo Risco;
Muito líquida (permite resgates rápidos);
Acessível;
Caso esteja com a Poupança Antiga, alta remuneração
(considerando taxa SELIC atual 3,75%);
Isenção de IR;
Desvantagens:
Baixa remuneração (Poupança Nova);
Perde frequentemente para a inflação;
Não remunera diariamente;
Não é considerada por muitos como investimento,
apenas uma poupança (no sentido de economia) de
dinheiro.
CONCLUSÃO DA POUPANÇA:
Exceto se você possuir a modalidade antiga não é um bom
investimento, primeiro por não remunerar diariamente,
segundo por perder frequentemente para a inflação,
terceiro pelos baixos rendimentos mesmo a médio e curto
prazo, é basicamente usada como reserva de emergência
de curtíssimo prazo, mas mesmo nesse cenário há outras
opções mais atraentes.
Vamos simular R$ 1.000,00 em um ano de aplicação
(01.01.2019 a 01.01.2020), entre Poupança Antiga, a Nova
e um CDB de 100%CDI, que é fácil de conseguir hoje em
dia, mas trataremos mais sobre ele adiante.
Poupança
Poupança Nova CDB 100% CDI
Antiga
Rentabilidade
4,26% 6,17% 5,96%
Bruta
Valor Bruto 1.042,58 1.061,68 1.059,60
Valor Líquido 1.042,58 1.061,68 1.049,17
Rentabilidade
4,26% 6,17% 4,92%
Líquida
*17,50% de IR
Mesmo com os números acima, a Poupança deve ser por
todos os motivos históricos e sociais apresentados, muito
popular por muito tempo ainda. Lembrando, só para por
uma apimentada na análise da tabela, que a inflação oficial
para 2019 foi de 4,31%.
Logo, se você possuir dinheiro na Poupança Antiga e quiser
escolher entre opções de renda fixa, vale a pena pensar um
pouco se vale a pena transferir a aplicação.
3. CDB/RDB
O QUE SÃO CDBS:
CDB significa Certificado de Depósito Bancário, é um título
que o banco emite para captar dinheiro e financiar suas
atividades, os RDB tem a mesma função, mas significam
Recibo de Depósito Bancário.
RISCOS E FGC:
Ambos assim como a poupança, são garantidos pelo FGC,
logo, o risco é basicamente a quebra da instituição
investida. Lembre-se de verificar se a que você escolher é
membra do FGC.
IMPOSTO DE RENDA:
Diferentemente da Poupança e de outros produtos que virão
os CDBs e RDBs não são isentos de imposto de renda e
seguem a tabela de imposto para aplicações financeiras,
que possui uma alíquota diferente para cada prazo que a
aplicação permaneça.
Prazo de Resgate Alíquota do IR Sobre o Lucro
Até 180 dias 22,50%
De 181 a 360 dias 20,00%
De 361 a 720 dias 17,50%
Após 721 dias 15,00%
Tabela 1. Alíquota de IR sobre resgate do CDB/RDB
ONDE ENCONTRAR:
O CDB é hoje uma das aplicações mais populares após a
Poupança sua popularidade é em razão da sua
versatilidade. Basicamente todas as instituições financeiras
fornecem, desde os grandes bancos: Itaú, Bradesco,
Santander, Caixa, BB, etc. a bancos menores como: Pan,
Pine, Indusval, CCB Bank, Sofisa e C6 entre outros. Pelo lado
da RDB o mais popular no mercado nesse momento é o da
fintech Nubank.
Para ter acesso a qualquer um desses investimentos é bem
fácil. Você tem acesso diretamente através do aplicativo do
seu banco ou através dos shoppings financeiros, que são
empresas que apresentam as disponibilidades de diversas
instituições para que você possa escolher a que se adequa
melhor ao seu projeto de vida (prazo, taxa, produto,
instituição, por exemplo) a mais famosa delas é a XP, vale a
pena dar uma olhada.
REMUNERAÇÃO E PRAZOS:
Os RDBs mais populares utilizam como remuneração um
percentual do CDI. Os CDBs têm diversas combinações,
tanto de taxas, quanto de prazos, índices de remuneração,
não há uma regra fixa. Em geral, a maioria dos CDBs ainda
são emitidos utilizando como indexador um percentual do
CDI, esse percentual varia muito de acordo com a
instituição e prazo, visto que cada instituição apresenta um
risco de quebrar, uma facilidade de captar e necessidade de
caixa diferente. Os grandes bancos em geral pagam taxas
de 70/80% do CDI para clientes com pouco dinheiro e
chegam a pouco mais de 100% do CDI para clientes de
segmentos mais VIPs em prazos maiores. Bancos menores,
até pela dificuldade de captar costumam começar pagando
algo em volta de 100% do CDI para aplicações de curto
prazo (até 90 dias) ou mesmo para as que têm liquidez
diária. Para aplicações mais longas, de dois ou três anos, é
comum observar os bancos oferecerem taxas pré-fixadas
principalmente quando a taxa está baixa para garantir uma
captação mais baixa durante um prazo maior. Para
aplicações de três, quatro anos ou mais é comum ver a
oferta de uma remuneração mista, composta em geral pelo
IPCA + uma taxa de fixa (muitas instituições não trabalham
ou não oferecem abertamente essa modalidade visto que a
remuneração é superior às anteriores).
Referente aos prazos já falamos acima, existem CDBs com
vários prazos, a maioria absoluta fica entre liquidez diária e
quatro anos, sendo que às vezes é possível encontrar
prazos maiores como cinco anos.
Segue algumas remunerações que encontrei no período que
o e-book estava sendo escrito, apenas como referência.
FAIXA CARÊNCIA
de 70 a 107% do
Liquidez Diária CDI Nenhuma
De 30 duas ao
180 dias 70 a 107% do CDI vencimento
De 30 dias ao
1 ano 80 a 120% do CDI vencimento
2 a 3 anos 80 a 130% do CDI 90 dias ao vencimento
Tabela com alguns vencimentos e faixa de remuneração encontrados em
abril/2020
As variações dentro do mesmo produto são motivadas
principalmente por questões de tamanho de instituição
financeira.
LIQUIDEZ E CARÊNCIA:
Os RDBs em geral só são resgatados no vencimento, uma
exceção é a da Nubank que segundo a empresa que não
possui carência e a liquidez é D0, na hora que você pede o
resgate já pode utilizar o recurso porque ele fica disponível
em conta.
Os CDBs em geral possuem três grandes grupos de
liquidez/carência. Vamos a eles.
O primeiro grupo são os de liquidez diária, neles não há
carência, o resgate pode ser efetuado a qualquer momento,
e você em alguns casos é creditado em conta no mesmo dia
do resgate e em outros no dia seguinte.
No segundo grupo, o resgate só pode ser efetuado no
vencimento, logo você casa com a aplicação até o
vencimento.
No terceiro, você faz a aplicação por um prazo e após
passar um período você já pode fazer o resgate da
aplicação que em geral estará disponível no dia seguinte
em sua conta.
Exemplo: realizar uma aplicação de R$ 1.000,00 por 1 ano,
com carência de 90 dias. No quarto mês (após 100 dias, por
exemplo), eu preciso do dinheiro e quero realizar um
resgate. Seria uma opção no primeiro (liquidez diária) e no
terceiro grupo (permite resgate com carência), mas não no
segundo que só permite resgate no vencimento.
Por isso atenção para os vencimentos casarem com seus
objetivos. Distribuir diferentes prazos para garantir
melhores taxas mantendo sempre algo disponível para uma
necessidade pode ser uma boa opção. E, vale ressaltar que
CDBs que tem como remuneração índice de preços tem
carências maiores (até por isso seus prazos são maiores),
isso ocorre para te proteger de potenciais variações de
inflação sazonais, que poderiam reduzir seus ganhos por
exemplo.
VANTAGENS E DESVANTAGENS:
Vantagens:
Alta disponibilidade (em várias instituições);
Variedade de prazos, valores e carência;
Boas taxas se bem analisado;
Possui FGC;
Diversificação de carteira;
Liquidez (para os que possuem);
Desvantagens:
Possui IR;
Taxas desvantajosas (às vezes);
Liquidez (você pode ter dinheiro bloqueado devido a
carência e precisar dele);
Há outras opções com rentabilidade mais vantajosas;
Barreira de entrada (para entrar em algumas opções
de CDB você precisa investir R$ 1.000,00, R$
10.000,00 ou mais, em outras não há valor mínimo);
CONCLUSÃO:
O CDB e o RDB são uma boa opção de diversificação de
carteira, visto que você pode optar por opções de curto
prazo com liquidez diária e pagando 100% do CDI (o que
conforme vimos na análise da Poupança já paga mais do
que a Poupança Nova) ou opções de longo prazo, na data
que eu escrevo isso para vocês há diversas opções pagando
130% para quem investir a partir de 3 anos. Claro, na
contramão disso há outras opções de diversificação que
pagam mais e também devem ser consideradas na sua
carteira, mas taxas maiores, em geral significam maiores
riscos, lembrando que o CDB/RDB é garantido pelo FGC para
instituições membras.
Um ponto que é muito delicado no CDB/RDB é a taxa de
remuneração, tome bastante cuidado pois no longo prazo a
diferença de rentabilidade é enorme, bancos maiores em
geral pagam menos que os menores, até porque o risco
delas quebrarem é teoricamente menor.
Vamos ver dois exemplos de rentabilidade para
comparação, ambos utilizando taxas de 80%, 100% e 120%,
para dois prazos e vamos ver a diferença de rentabilidade.
Vejam:
Exemplo 1: De 01.01.2017 a 01.01.2020, para o valor de R$
10.000,00.
80% CDI 100% CDI 120% CDI
Rentabilidade
Bruta 18,74% 23,96% 29,40%
Valor Bruto
(R$) 11.874,55 12.395,63 12.939,54
Valor líquido
(R$) 11.593,37 12.036,29 12.498,61
Taxa líquida 15,93% 20,36% 24,99%
Exemplo 2: De 01.01.2010 a 01.01.2020, para o valor de R$
10.000,00.
80% CDI 100% CDI 120% CDI
Rentabilidade 111,07% 154,40% 206,62%
Bruta
Valor Bruto (R$) 21.107,06 25.440,08 30.662,16
Valor líquido (R$) 19.441,00 23.124,07 27.562,84
Taxa líquida 94,41% 131,24% 175,63%
Vocês viram? Impressionante a diferença né? Enquanto
quem optou por 80% do CDI ganhou quase 10% a menos do
que quem optou pelo de 120% em um período de pouco
mais de 3 anos. A mesma diferença no prazo de pouco mais
de 10 anos é de mais de 80%!!! Isso não quer dizer que
você deva aplicar somente no de 120% visto que como foi
dito a pouco, isso normalmente implica em prazos e risco
maiores, mas quer dizer que você precisa abrir os olhos
para essa opção.
VANTAGENS X DESVANTAGENS:
Vantagens:
Isenção de IR;
Diversificação de Carteira;
Rentabilidade atrativa para curto e médio prazo;
Risco Baixo (possui FGC);
Taxas atrativas;
Desvantagens:
Carência – (alguns nem permitem resgates
antecipados);
Prazos (não é comum achar papéis de prazos muito
longos e também não há para prazos inferiores a 90
dias);
CONCLUSÃO:
Investimentos em LCI e LCA são ótimas opções de
diversificação de carteira. Possuem um baixo risco e
equiparável ao do CDB por exemplo. Um problema costuma
ser o prazo (não é comum achar prazos muitos longos),
além disso, o problema costuma ser encontrar diversidade
de opções para prazos e taxas. Outro ponto é que a
disponibilidade varia muito com a necessidade do mercado
em captar para emprestar para desses segmentos.
No curto e médio prazo é difícil achar um CDB que ganhe da
rentabilidade de uma LCI/LCA, no médio/longo prazo é
preciso calcular devido aos juros composto o imposto de
renda pode deixar de ser um fator determinante.
Exemplo 1: Aplicação de 01.01.2019 a 31.12.2019, valor
aplicado R$ 10.000,00, LCI a 92% e CDB a 105%.
CDB 105%
LCI 92%CDI
CDI
Rentabilidade
5,45% 5,45%
Bruta
Valor Bruto (R$) 10.545,37 10.624,79
Valor líquido (R$) 10.545,37 10.531,07
Taxa líquida 5,45% 5,31%
Exemplo 2: Aplicação de 01.01.2015 a 31.01.2019, valor
aplicado R$ 10.000,00, LCI a 92% e CDB a 105%.
CDB 105%
LCI 92%CDI
CDI
Rentabilidade
54,08% 63,79%
Bruta
Valor Bruto (R$) 15.408,78 16.379,28
Valor líquido (R$) 15.408,78 15.422,39
Taxa líquida 54,09% 54,22%
Pelos exemplos acima vocês podem verificar o que foi dito,
apesar de remunerar menos no curto prazo a aplicação é
mais vantajosa devido ao IR, mas no médio/longo prazo os
juros compostos vão diminuindo essa vantagem até que
seja invertida. Foram adotados os mesmos valores em
ambas as simulações para efeito de comparação, mas as
taxas estão dentro do que se encontra no mercado hoje, no
longo prazo até taxas maiores são encontradas, mas foram
adotadas as mesmas para efeito de verificação do impacto
do imposto de renda.
N° de
dias Alíquota
1 96,0%
2 93,0%
3 90,0%
4 86,0%
5 83,0%
6 80,0%
7 76,0%
8 73,0%
9 70,0%
10 66,0%
11 63,0%
12 60,0%
13 56,0%
14 53,0%
15 50,0%
16 46,0%
17 43,0%
18 40,0%
19 36,0%
20 33,0%
21 30,0%
22 26,0%
23 23,0%
24 20,0%
25 16,0%
26 13,0%
27 10,0%
28 6,0%
29 3,0%
30 0,0%
Tabela 4. Alíquota de IOF sobre resgates do Tesouro Direto inferiores a 30 dias.
TAXA DE CUSTÓDIA E RESGATES:
O Tesouro Direto tem uma taxa de 0,25% ao ano que é
paga para a B3 para que ela mantenha a custódia dos
títulos, realizar as movimentações de saldos e disponibilizar
informações. A cobrança ocorre em duas datas do ano (se
você iniciou no meio do semestre de forma proporcional), as
datas são primeiro dia útil de janeiro e primeiro dia útil do
julho.
Referente aos resgates, você pode realizar diariamente os
resgates de qualquer aplicação feita no tesouro. Hoje
(quando escrevo) as regras de resgates são:
- Se solicitado na semana em dias úteis entre as 9:30 às
18:00 é realizado com o preço no horário da solicitação.
- Das 18:00 às 5:00 ou em fins de semana e feriados, o
resgate é feito com o preço do título na abertura do dia
seguinte.
- O dinheiro está disponível para você de D+1 a D+2
se você solicitar dentro do horário de funcionamento ou de
D+2 a D+3 se você solicitar no horário ou dia em que o
mercado estiver fechado . a variação de prazo depende da
sua corretora.
Quando você solicita o resgate o valor que é utilizado
não é o que você aplicou e sim o valor daquele título
naquele momento, e isso pode ser bom ou ruim para você.
Isso nos leva ao próximo item do capítulo.
RENDA FAIXA OU VARIÁVEL ?
Estranho esse tópico em um e-book sobre renda fixa?
Vamos entender o motivo.
E sim, há possibilidade de perder dinheiro no Tesouro Direto
se você realizar resgates antecipados atente-se a palavra
POSSIBILIDADE.
Quando falamos de renda fixa, o que vem na cabeça é
sempre ganhar certo? (menos claro se a instituição quebrar)
Bom há exceções, primeiro, lembra que nos outros produtos
mencionados havia uma coisa chamada carência? Os títulos
do Tesouro são precificados diariamente (marcação a
mercado), e na hora que você tentar vender os títulos que
possuir estará sujeito aos valores pagos pelo mercado
naquele momento, diversas coisas afetam essas taxas, taxa
de juros, expectativa de juros futuros, necessidades do
governo, risco país são alguns exemplos. Vamos a um
exemplo.
Imagina que você pegou um empréstimo a uma taxa de
juros de 10% ao mês. Se você no mês seguinte soubesse
que a taxa de juros passou a 5%, você pegaria um
empréstimo a 5% no valor necessário e pagaria o
empréstimo a 10% ou continuaria pagando 10% ao mês
mesmo com uma opção mais barata?
Bom isso é uma explicação bem simplificada do que
acontece na marcação a mercado. Vamos ver um exemplo
no título que é mais fácil de entender.
O título pré-fixado sem pagamento de cupom semestral terá
no vencimento sempre o valor de R$ 1.000,00, então se
você comprar ele hoje a R$ 600,00 para um prazo x e uma
taxa y, se você levar o título até o fim, na data de resgate
ele terá o valor de R$ 1.000,00. Dito isso agora pense em
duas situações, primeira, admitindo que a taxa mantivesse-
se igual, quanto mais se aproxima do vencimento mais o
título vai valer porque menos tempo temos até chegar no
dia que ele valerá R$ 1.000,00, certo? Ok.
Próximo ponto imagine que você compra um título hoje a R$
600,00 pagando 10% ao ano, se amanhã a taxa caísse para
0% ao ano hipoteticamente, o valor do título subiria
imediatamente para R$ 1.000,00 porque não importa o
prazo não haveria tempo que fizesse o título subir. Ficou
claro?
Se não ficou tente ler novamente esses dois últimos
parágrafos. Se você entendeu vamos seguir, agora pense
que você realizou o investimento hoje a R$ 600,00
(recebendo 10% de juros ao ano), mas descobriu que
precisava desse dinheiro e teve que vender no dia seguinte.
Se a taxa caiu para 0%, para o governo é muito vantajoso
tirar do mercado esse dinheiro emprestado para você a 10%
te pagando uma antecipação da remuneração (não será o
valor final, haverá um desconto), visto que ele pode pegar
esse mesmo dinheiro no dia seguinte sem pagar nada. Viu a
vantagem para ambos os lados? Você recebeu uma
remuneração maior do que imaginou porque os juros caíram
e o governo reduziu a taxa média de empréstimo dele
porque trocou seu empréstimo caro por um mais barato.
Mas, o mesmo vale na volta, se você precisar vender no dia
seguinte e as taxas pagas subiram para 20% ao ano, o título
vai valer menos do que quando você comprou porque a
taxa de juros é maior e para o governo não há vantagem
em trocar um empréstimo a 10% por um a 20%.
Bom, espero ter simplificado ao máximo possível, a ideia é
basicamente essa, se a taxa subir há maiores chances caso
você precise vender antecipadamente de haver prejuízos, e
se a taxa cair você tende a ganhar mais do que imaginou, e
é nesse aspecto que o Tesouro Direto pode se tornar uma
renda variável, há muita gente que ganha (ou perde)
dinheiro com isso.
Um título que merece especial atenção nesse sentido é o
Tesouro Selic, como a remuneração dele é sempre SELIC ele
não sofre essa variação de preço (concorda que o custo
para o governo seria o mesmo? Visto que para você ou para
outra pessoa ele estaria pagando SELIC) por isso ele é tido
como o mais seguro e defensivo dos títulos nesse quesito.
VANTAGENS E DESVANTAGENS:
Vantagens:
Baixo valor de investimento (a partir de R$ 30,00);
Acessibilidade (qualquer um pode investir);
Prazos de Vencimentos Variados;
Indexadores Variáveis: Pré-fixado, Selic e IPCA;
Baixo Risco;
Desvantagens:
Taxa de Custódia;
Taxa de Administração (a maioria não cobra cuidado
com isso);
Marcação a Mercado (caso precise de resgate
antecipado);
Imposto de Renda;
CONCLUSÃO:
O Tesouro Direto é uma boa opção de investimento face sua
segurança, diversidade de vencimentos e taxas e vem
sendo utilizado amplamente pelas pessoas que estão saindo
da Poupança. Os títulos indexados a inflação são utilizados
por alguns para planejar a aposentadoria devido à proteção
do poder de compra e aos prazos de vencimentos, apesar
do Tesouro Selic por sua característica defensiva ser ainda o
mais comprado pelas pessoas (49,3% para o Tesouro Selic,
35% para o Tesouro IPCA+). Isso é a evidência de uma
mudança de hábitos saudável por parte da população no
que diz respeito a investimentos.
Um ponto de atenção no caso do Tesouro Selic é que a taxa
de administração em um período de taxa de juros baixa
pode inviabilizar essa opção em detrimento de outras
opções como um CDB com 100% do CDI (fácil de ser
encontrado).
Mas, vale ressaltar que o Tesouro Selic, por exemplo, paga
Selic, e o mercado em geral paga CDI. O CDI em geral fica
muito próximo sempre a 0,10% menos que o valor da Selic
o que somado ao fixo do título reduz parcialmente a
diferença.
Vamos fazer uma simulação, R$ 10.000,00, com a Selic a
3,75%, por 2 anos, em aplicações com riscos parecidos. Veja
só:
Tesouro CDB 100%
Poupança
Selic CDI
Rentabilidade
2,63% 3,78% 3,65%
Bruta
Valor Bruto (R$) 10.531,89 10.770,29 10.743,32
Valor líquido (R$) 10.531,89 10.610,69 10.631,82
Taxa líquida 5,32% 6,11% 6,31%
*Para Tesouro Selic Considerado 0,25% de taxa de
custódia cobrada pela b3.
Um ponto de atenção especial no Tesouro é a necessidade
de dinheiro, se você não souber exatamente se precisará do
dinheiro (ou não estiver investimento de propósito fazendo
apostas nos juros futuro), vale a pena prestar atenção no
investimento em modalidades menos sujeitas a oscilações.
6. CRI/CRA
O QUE É ?
Essas duas opções são importantes e vem crescendo
bastante nos últimos anos devido a necessidade de
produtos mais rentáveis mas que possuem ainda um certo
grau de risco.
O CRI e o CRA serão explicados juntos visto que novamente
apesar de tratarem de produtos diferentes são estruturados
de forma parecida. Primeiro vamos aos nomes CRI é o
Certificado de Recebíveis Imobiliários enquanto o CRA é o
Certificado de Recebíveis do Agronegócio.
Ambos são títulos securitizados (isso quer dizer títulos
transformados em créditos a receber no futuro, como
pagamentos ou parcelas), esses títulos são negociados no
mercado financeiro. Um exemplo é uma construtora que
quer construir um prédio novo e utiliza a previsão de caixa
que ela receberá pela venda dos imóveis para emitir uma
CRI, com isso ela garante dinheiro para construir, e os
investidores garantem uma garantia de recebimento. Isso
ocorre de forma análoga no CRA, mas o produto se torna o
agronegócio e pode ser emitido para a produção,
comercialização, industrialização, etc.
RISCO E FGC:
O CRI e CRA são os produtos mais arriscados que vimos aqui
até agora, ambos não possuem FGC, e não são emitidos
pelo governo, caso sejam emitidos em regime fiduciário, a
securitizadora também não se responsabiliza e sua garantia
fica restrita a o item garantido na emissão, que pode ser o
pagamento da parcela do imóvel ou de um veículo/produção
no caso do agronegócio, por exemplo.
Por isso nesses produtos é muito importante ler quem será
o pagador do crédito. A taxa e a companhia ligada estarão
diretamente associadas ao risco.
IMPOSTO DE RENDA:
Assim como a LCI e a LCA, o CRI e a CRA são isentas de
impostos, o motivo novamente é o mesmo, estimular a
construção e o agronegócio devido à importância de ambos
para a economia.
ONDE ENCONTRAR:
Esses investimentos já são mais estruturados do que os
demais apresentados até aqui, antigamente até pela falta
de conhecimento da existência deles (e a baixa oferta)
poucas instituições apresentam essa opção para os seus
correntistas. Hoje, principalmente devido a grande
concorrência, mesmos os grandes bancos divulgam em suas
páginas os produtos (claro que a preferência é dada pelos
produtos mais rentáveis, então sugiro procurar mesmo no
caso dos grandes bancos, direto no site das corretoras
deles). Além dos bancos as corretoras independentes
também são ótimas opções para acessar esses
investimentos, aqui vale uma ressalva, diferentemente do
Tesouro Direto, CRI e CRA são mais difíceis de encontrar, no
momento que este e-book está sendo escrito algumas
opções são: XP, Easynvest, Rico e BTG Pactual Digital.
Lembrando que não é uma recomendação para qualquer
uma delas, apenas uma referência de opções.
REMUNERAÇÃO, PRAZOS E LIQUIDEZ:
Começando pela remuneração ela assim como os demais
apresentados possuem basicamente indexadores pré-
fixados, pós-fixados e mistos. Pré-fixados são bons se você
acredita que a taxa de juros no período da aplicação vai
cair, pós-fixados se você acredita no contrário ou não quer
apostar, e misto que é um meio termo entre os dois. No
caso do misto existem no geral duas possibilidades, na
primeira você recebe um valor fixo (exemplo 1 ou 2% ao
ano) mais uma variação do CDI, então sua remuneração
ficaria, por exemplo, CDI + 1% ao ano. Na segunda
possibilidade, o fator variável é a inflação, então a
remuneração seria IPCA + 4% ao ano por exemplo, cada um
com sua vantagem dependendo da sua expectativa para a
inflação e a curva de juros no período.
Os prazos são um ponto de muita atenção nesses
investimentos, em geral eles têm prazos médios a longos,
algumas passam de uma década, aliado a isso a liquidez é
muito baixa, para desfazer-se do título você precisa
negociar ele no mercado secundário o que considerando o
baixo volume habitualmente negociado pode ser um grande
problema se você precisar do dinheiro rapidamente.
Seguem alguns exemplos de remuneração, como variam
muito, elas só servem para você ter uma ideia geral, de
como funciona.
Valor mínimo
Setor Tipo Vencimento de Taxa
Investimento
IPCA +
Construção CRI 18/12/2024 2.150,46
3,55% a.a
Logística CRI 15/06/2021 2.031,20 106% do CDI
Alimentos CRA 16/12/2020 1.994,96 110% do CDI
Papel e
Celulose CRA 17/01/2022 2.003,90
118% do CDI
IPCA +
Energia CRA 16/03/2026 2.101,46 3,90% a.a
Exemplo de CRI e CRA disponíveis no fim de abril/2020
VANTAGENS E DESVANTAGENS:
Vantagens:
Isenção de Imposto de Renda;
Diversidade de taxas;
Rentabilidade;
Diversificação de carteira;
Desvantagens:
Não possui FGC;
Liquidez é muito baixa;
Prazos;
Disponibilidade do produto;
Emissor – entender o risco do título não ser pago;
Algumas são restritas a investidores qualificados;
CONCLUSÃO:
CRI e CRA são duas opções de investimento para
investidores que tem apetite para mais risco. Não tem
garantia do FGC, nem do governo então requer que o
investidor leia com atenção no que ele está investindo.
Inclusive muitos das emissões principalmente de CRA são
apenas para investidores qualificados (basicamente
investidores de mais de R$ 1 milhão ou que possuam cursos
aceitos pela CVM), isso por si só já é um motivo de atenção,
mas, como instrumento de diversificação é uma opção
interessante para otimizar os ganhos da sua carteira.
A liquidez também é um ponto bem delicado desses
produtos, ao investir é importante estar bem consciente do
prazo de vencimento visto que mesmo no mercado
secundário não é fácil vender os títulos.
Após ler tudo isso acima você pode entender que não vale a
pena, veja bem, em um mercado em que a taxa de juros é
3,75% e é mais ou menos isso que você vai conseguir em
títulos ligados a SELIC se investir em LCI e LCA, os CRIs e os
CRAs até pelo risco embutido costumam pagar taxas bem
mais atrativas, já houve emissões no período dessa taxa
SELIC mencionada pagando CDI + 2% (5,75%), outros pré-
fixados pagando 6%, 7,5%, então como tudo o ganho é
proporcional ao risco envolvido.
7. DEBÊNTURES
O QUE SÃO:
Bom, as duas maneiras mais simples de explicar o que são
debêntures que conheço são:
Lembra-se do Tesouro Direto? Nele o governo emite a dívida
e você compra, certo? As debêntures são a versão das
empresas privadas, são dívidas das empresas privadas.
Segunda forma que entendo ser mais fácil de entender,
você lembra no CDB? Lá, você empresta para o banco, que
por sua vez empresta para as empresas, digamos que no
caso da debênture você “retira” o intermediário e empresta
direto para a empresa.
É uma opção utilizada por empresas em geral para
investimentos de longos prazos, visto que o custo costuma
compensar muito mais do que diretamente em um banco
nesse cenário, e que para prazos muito curtos o custo da
emissão acaba se tornando muito oneroso.
TIPOS DE DEBÊNTURES:
Debêntures Simples – Você compra a dívida, mas elas não
são conversíveis em ações da companhia (caso as cláusulas
do contrato não sejam cumpridas, por exemplo, calote da
dívida).
Debêntures Conversíveis – Nelas ocorre o oposto da
anterior, convertem-se em ações da companhia caso, por
exemplo, não sejam pagas.
Debêntures Incentivadas – São as emitidas por empresas de
infraestrutura, área que o governo precisa desenvolve,
então ele dá isenção do imposto de renda sobre essas
debêntures como benefício fiscal para tentar aumentar a
captação.
Debêntures comuns – Estão sujeitas a mesma tabela de
imposto de renda regressiva conforme o tempo da
aplicação.
RISCO E FGC:
Debêntures não estão protegidas pelo FGC. O risco é a
empresa dar o calote, logo, escolher empresas mais
saudáveis é bem interessante, lembre-se que no geral o
valor pago pela empresa estará diretamente relacionada a
sua nota de risco, e consequentemente a sua saúde
financeira.
IMPOSTO DE RENDA:
Conforme foi falado nos tipos de debêntures, as
incentivadas são isentas de Imposto de Renda, as demais
pagam conforme a tabela regressiva que já vimos
anteriormente conforme o prazo de resgate.
ONDE ENCONTRAR:
As corretoras fazem a distribuição das debêntures, então é
bom estar sempre próximo das que costumam trabalhar
fortemente nessas distribuições, destacam-se, por exemplo:
Santander Corretora, Itaú Corretora, Bradesco Corretora,
BTG e XP dentre as que as pessoas têm mais acesso
normalmente. Essas corretoras normalmente coordenam ou
estão envolvidas na maioria das distribuições e oferecem
esses produtos para seus clientes com perfis de renda para
qual esse risco possa fazer mais sentido.
REMUNERAÇÃO, PRAZOS E LIQUIDEZ:
Como normalmente envolvem projetos de longo prazo as
debêntures normalmente têm prazos que variam de dois a
dez anos. Logo você tem que tomar cuidado, pois a liquidez
é uma questão bem delicada assim como era no CRI e no
CRA, se você acha que pode precisar vender antes do fim é
bom ler todo prospecto da emissão, visto que a maioria
possui restrições consideráveis para liquidação antecipada,
alguns apresentam prazos longos, outros curtos, em alguns,
você pode ter que negociar no mercado secundário
diretamente.
A remuneração das debêntures seguem todos os
investimentos já mencionados, pré-fixado, pós-fixado, misto.
E o misto pode ser um valor fixo mais um percentual do CDI
ou IPCA mais um valor fixo. E há alguns que inserem
cláusulas que permitem renegociar as condições de juros
caso as condições de mercado se alterem muito, por
exemplo, imagine que uma debênture pagando 155% do
CDI com a taxa Selic a 3,75%, está pagando na verdade
5,81% aproximadamente, enquanto com a taxa Selic a 10%
estaria pagando 15,5%, isso teria um impacto gigantesco na
dívida da empresa, então atente-se a isso.
Abaixo você tem alguns exemplos de papéis negociados no
mercado secundário apenas para efeito de curiosidade, não
esperem encontrar os títulos mencionados e as
remunerações informadas.
Valor mínimo
Setor Vencimento IR de Taxa
Investimento
CDI +
Energia 15/03/2027 Sim 1.724,74 3,95%
a.a
CDI +
3,48%
Telefonia 15/02/2026 Sim 8.972,24 a.a
155%
Shopping 11/03/2025 Sim 8.902,88 do CDI
IPCA
+
2,45%
Gás 15/12/2022 Não 2.704,66 a.a
IPCA
+
2,95%
Gás 15/12/2025 Não 2.904,90 a.a
FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DÊBENTURES:
São fundos constituídos especificamente para aplicação em
debêntures, há algumas vantagens em relação a aplicação
direta, as três maiores são, diversificação (como há muito
mais dinheiro envolvido os fundos consegue aplicar em
diversos títulos), uma administração profissional
(teoricamente há uma análise bem profunda de onde alocar
os recursos) e a liquidez já que dentro da regra de resgate
de cada fundo você consegue pedir com certa facilidade a
liquidação.
Claro que por outro lado há o custo da taxa de
administração do fundo que corrói parte da sua
rentabilidade.
VANTAGENS E DESVATAGENS:
Vantagens:
Taxas atrativas;
Isenção de imposto de renda em alguns casos;
Diversificação de carteira;
Desvantagens:
Liquidez;
Taxa de administração (em caso de fundos);
Risco;
CONCLUSÃO:
A debênture é uma opção atrativa de diversificação, a taxa
costuma ser bastante atrativa, no momento da emissão
muitas se baseiam pelo Tesouro IPCA, e como muito das
emitidas tem isenção de IR isso acaba tornando uma opção
atrativa e na maioria das vezes com um prazo bem inferior
ao do próprio Tesouro IPCA. Adicione a isso que muitas após
algum período de carência pagam juros semestrais e você
vai encontrar uma opção interessante para receber cupons.
Por outro lado, o Tesouro é garantido pelo governo,
enquanto a debênture depende da empresa, logo, é preciso
tomar muito cuidado com a empresa na qual se investe.
Outro ponto é a questão da liquidez, que no caso das
debêntures é bem mais difícil do que no Tesouro. Para
resolver isso parcialmente você pode investir através de
fundos de investimento em debêntures, isso vai permitir
você sacar (dentro das regras do fundo), mas em geral
também não te garantem liquidez diária. No caso dos
fundos há ainda um problema, a taxa de administração, que
em época de taxas mais baixas pode correr uma parte
muito significativa dos seus ganhos.
RISCOS:
Os riscos dos fundos dependem muito dos ativos que eles
possuem na carteira. Por exemplo, se a aplicação for em
títulos do governo o risco é o próprio governo, se for em
uma instituição privada é a instituição quebrar, então
basicamente não há como unificar esse item visto que cada
fundo tem uma carteira diferente, mas como no geral os
ativos em que se investem são os que já apresentamos ao
longo do e-book você consegue entender os riscos
envolvidos cruzando os produtos nos quais os fundos
investem e o risco deles.
IMPOSTO DE RENDA E IOF:
Esse item é um pouco mais complicado do que vimos até
aqui, então vamos ver como funciona com um pouco mais
de atenção e detalhes.
Primeiro, o IOF, mesma regra vista até aqui, até 29 dias há
incidência a partir do 30° dia a alíquota do IOF é 0%. A
tabela você já viu em itens anteriores do e-book.
Segundo, é necessário ver se o fundo é de curto prazo ou de
longo prazo.
Para fundos de curto prazo (carteira de títulos com prazo
médio inferior ou igual a 365 dias) a tabela é a seguinte:
Prazo de Alíquota de
aplicação IR
Até 180 dias 22,50%
Acima de 180 20,00%
dias
Para títulos fundos com carteira de títulos com prazo médio
superior a 365 dias a tabela é:
Prazo de Alíquota de
aplicação IR
Até 180 dias 22,50%
De 180 a 360 20,00%
dias
De 361 a 720 17,50%
dias
Acima de 720 15,00%
dias
Vale lembrar que alguns fundos possuem isenção, como
fundo de debêntures incentivadas, então vale a pena ver
exatamente em qual tabela o fundo pretendido entra
considerando o seu perfil e seus investimentos.
Por último, o come-cotas, o nome pode parecer engraçado,
mas o que ele faz com o seu rendimento não é. O governo
recolhe de forma antecipada parte do imposto de renda, ele
faz isso no último dia útil dos meses de maio e novembro. A
alíquota adotada é a menor de cada tipo de fundo
apresentado (15% no de longo prazo e 20% no de curto
prazo). A conta no fim é simples, semestralmente apuram-
se os ganhos do período, aplica-se a alíquota de imposto
devida e chega-se em um valor a pagar de imposto, mas,
esse valor não é debitado diretamente na sua conta, o
governo cobra reduzindo suas cotas proporcionalmente ao
valor de imposto devido, um impacto sentido de imediato
pelo come-cotas é que você perde parte do valor e parte do
efeito de juros compostos. Vamos a um exemplo.
Você aplicou R$ 1.000,00 em 1.000 cotas de um fundo (R$
1,00 por cota). No fim do período de apuração do come
cotas cada cota sua vale R$ 1,20. Seu montante final é R$
1.200,00 e o imposto devido em um fundo de longo prazo,
por exemplo, seria 15% sobre 200,00 , ou seja, R$ 30,00.
Considerando que a cota vale R$ 1,20, para você pagar R$
30,00 você precisaria perder 25 cotas. Então, se você abrir
sua tela no dia seguinte ao pagamento de imposto vai ver
que suas 1.000 cotas viraram ... 975 cotas, mas que essas
975 cotas valem R$ 1.170,00.
REMUNERAÇÃO, PRAZO E LIQUIDEZ:
Esse item é especialmente complicado quando o assunto é
fundo, cada fundo tem sua estratégia, seus percentuais de
valores alocados em cada tipo de ativo, então não há um
guia genérico.
No geral não há prazos para investir no fundo, exceto como
já mencionado em alguns que após atingir determinado
valor ou quando não veem mais oportunidades no mercado,
fecham para captação.
A liquidez por sua vez é bem particular de cada fundo, varia
muito da facilidade do gestor do fundo em sacar o recurso
resgatado, então em alguns é d+1 (dia seguinte ao
solicitado) em outros d+2, d+3, fundos de renda fixa mais
simples em geral têm prazos mais curtos que fundos de
ações ou multimercados visto que a estratégia de saque dos
recursos pode ser bem mais complicada. Mas, já há fundos
de debêntures, por exemplo, com prazo de resgate em
d+31, então se atente a qual será a necessidade do recurso
em caso de emergência.
ONDE ENCONTRAR:
Existem diversos gestores de fundos, alguns muito famosos
e o número de opções aumenta a cada dia. Entretanto, se
você é um pequeno investidor o seu caminho de acesso
será o site do seu banco ou da sua corretora. Em corretoras
como XP, Rico, Mycap , Easynvest, etc, você encontra
diversos fundos de diversas instituições, independente de
serem bancos ou apenas, mas se você quiser algum dos
grandes bancos provavelmente precisará procurar no site
da própria instituição visto que eles não costumam oferecer
(e quando oferecem não são muitas opções) seus produtos
nessas corretoras. Há alguns lugares como o site da própria
XP que fornece comparativos entre diversas opções de
fundos, vale a pena dar uma olhada.
VALORES MÍNIMOS E VALOR DE PERMANÊNCIA:
Um ponto muito importante em fundos é o valor mínimo de
aplicação e o saldo mínimo de permanência , como
diferentes fundos possuem diferentes públicos alvos, há
diferenças nos valores de barreira de entrada para você
investir, em alguns com R$ 100,00 você já faz parte, em
outros precisa de R$ 100 mil ou R$ 1 milhão, na renda fixa
valores muito altos são mais raros, mas ainda assim
frequentemente você vai se deparar com a necessidade de
aportar R$ 1.000,00 , R$ 5.000,00 ou R$ 10.000,00 para
ingressar no fundo.
Além disso, na maioria dos fundos você tem regras de
valores a sacar e um valor mínimo para continuar cotista do
fundo. Então se você investe, por exemplo, R$ 10.000,00
em um fundo e precisa sacar R$ 7.000,00, mas o saldo
mínimo de permanência é de R$ 5.000,00, você precisará
ou sacar integralmente ou sacar apenas R$ 5.000,00
(desconsiderando rendimentos para simplificar a conta).
Esses dois pontos são em geral grandes limitadores para o
público em geral em fundos que visam públicos de
média/alta renda.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO E TAXA DE PERFORMANCE:
A taxa de performance não é um grande problema aqui,
conforme você for vendo os fundos verá que a maioria dos
mais conservadores não podem cobrar, mas fique atento de
qualquer forma. As taxas de performance são valores que a
gestora do fundo cobra por todo ganho que excede um
índice de referência. Então, por exemplo, se a minha taxa é
de 10%, meu índice de referência é a SELIC (há critérios
para escolha do índice) que está a 10% e meu fundo rendeu
no ano 12%, então eu ganho 10% sobre os 2% que
excederam os 10%, além da taxa de administração.
A taxa de administração é calculada em cima do patrimônio
do fundo (aplicação + rendimentos, e é apresentada em
valores ao ano), isso principalmente em um mundo de taxa
de juros baixa pode corroer quase toda (senão toda)
rentabilidade conseguida. Vamos a um exemplo
conservador.
Ex. R$ 1.000,00 aplicados, Selic 4,0%, 1% de taxa de
administração, resgate após 1 ano, fundo de longo prazo,
que tenha rendido a Selic, desconsiderando come-cotas.
Inicial: R$ 1.000,00
Rentabilidade: R$ 40,00 (bruta)
IR (17,5%): R$ 7,00 (-)
Taxa de Adm: R$ 10,40 (-) taxa de 1,0%
Saque: R$ 1.022,60
Rentabilidade Real: 2,26%
E olha que 1% de taxa de administração é baixo perto do
que alguns praticam, se a taxa fosse 2,0%, a taxa de
administração seria maior que o seu rendimento, e isso
existe, então no caso de fundos de renda fixa a taxa de
administração é um ponto de muita atenção.
VANTAGENS X DESVANTAGENS:
Vantagens:
Gestão profissional;
Possibilidade de diversificar a carteira;
Rentabilidade – remuneração maior face valor aplicado
em conjunto (não se aplica a todos os tipos de fundos);
Desvantagens:
Come-cotas;
Imposto de renda (na maioria);
Taxas de Administração;
CONCLUSÃO:
Fundos têm muitos prós e contras, a chave aqui não tem
jeito, é olhar cada um, caso a caso. Existem fundos que são
muito simples em sua regra de investimento e se o
investidor fizesse isso não teria que pagar a taxa de
administração ao fundo, não pagaria o come-cotas e teria a
garantia do FGC, nesses casos faria pouco ou nenhum
sentido para o investidor aportar recursos nesse fundo.
Por outro lado, há fundos mais complexos que entram em
produtos aos quais você teria mais dificuldade em ter
acesso e conseguem rentabilidades que o investidor não
conseguiria sozinho, nesses há a necessidade de se fazer
conta, analisar a rentabilidade histórica, ver se faz sentido o
prazo de resgate, valor mínimo de aplicação, os ativos nos
quais o fundo investe, para tomar uma decisão assertiva.
Mais do que em qualquer outro dos produtos mencionados
até aqui os fundos são muito delicados, há “n”
possibilidades de configuração de carteira, ou seja, depende
muito de quem é o gestor do fundo e das suas regras de
investimento.
Outro ponto que pesa muito é o come-cotas, porque ele
interfere diretamente no efeito de juros compostos visto que
semestralmente você perde parte da sua rentabilidade.
Um bom passo em geral é compara rentabilidades, taxas de
administração, taxa de performance e histórico do gestor
para tomar uma decisão correta.
9. FIDC
Vou tratar dos FIDCs mais a critério de conhecimento do que
de aplicabilidade visto que ele na largada já tem um grande
impeditivo, são restritos a investidores qualificados
(entende-se qualificado aqueles que têm aplicações
financeiras superiores a R$ 1 milhão e que atestem essa
condição por escrito, ou pessoas que possuam certificações
aceitas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM).
O QUE É FIDC:
FIDC é um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios,
direito creditório é o direito de recebível de uma empresa.
Um exemplo bem simples, imagine que uma fábrica vendeu
um produto e que irá receber o valor daquela venda daqui a
30 dias através de uma duplicata, mas por um motivo
qualquer ela precisa daquele valor agora. Ela tem algumas
opções de fazer isso, fazer um empréstimo no banco, fazer
um desconto ou uma cessão junto a um banco ou ...
descontar essa duplicata junto a um FIDC. O FIDC pega essa
duplicata , aplica uma taxa de desconto conforme o risco
envolvido e prazo e credita a empresa no valor restante, o
fundo por sua vez recebe o valor do crédito na data de
vencimento (se for efetivamente pago). Vale salientar que
isso se aplica a qualquer recebível de uma empresa.
Para ter essa classificação o fundo precisa prever em sua
criação que irá aplicar ao menos 50% dos recursos em
direitos creditórios.
O motivo de o governo liberar esses fundos é gerar maior
competição e redução de taxas de juros dentro da
economia.
TIPOS DE COTAS:
Esses fundos possuem dois tipos de cotas, seniores e
subordinadas.
Cotas seniores possuem preferência no resgate dos
investimentos e nas amortizações e a rentabilidade é
prefixada então se comporta bastante como um título de
renda fixa.
Cotas subordinadas são atendidas após que todas as cotas
seniores tenham seus pagamentos efetuados, como só
recebem depois há um risco maior de calote, mas
consequentemente a rentabilidade também é maior.
RISCOS E GARANTIAS:
Só pela explicação do que é já ficou claro que o risco
embutido é consideravelmente alto, visto que a empresa
pode simplesmente não pagar o título ao fim do prazo e o
FIDC fica sem receber, além da própria sequência de
recebimento dentro das cotas do próprio fundo.
Até por esses motivos o fundo é de acesso exclusivo a
investidores qualificados, é mais difícil para o investidor
comum entender esses riscos envolvidos no produto.
Imagine o quão instável a rentabilidade dos fundos fica em
um período de crise ou do covid-19, por exemplo.
RENTABILIDADE:
A rentabilidade do FIDC é muito relativa, visto que depende
do risco a ser tomado pelo fundo, entenda, um fundo que
irá trabalhar com empresas maiores tem teoricamente
maiores chances de receber, mas claro que isso se refletirá
em taxas mais baixas, por outro lado um fundo que invista
em pequenas empresas pode cobrar taxas maiores face o
risco embutido (apesar que isso também refletirá
teoricamente no índice de inadimplência), outros pontos
são: o fundo vai se concentrar em um setor específico e em
clientes específicos ou vai pulverizar a carteira ? Todos são
fatores que influenciam muito a rentabilidade. Já vi, por
exemplo, fundos com rentabilidade de 129% a quase 170%
do CDI enquanto outros ficavam próximos ao CDI face os
calotes.
VANTAGENS E DESVANTAGENS:
Vantagens:
Maior rentabilidade;
Diversificação da carteira;
Desvantagens:
Apenas para investidores qualificados;
Risco alto;
Taxa de administração;
CONCLUSÃO:
Se você está começando no mercado de renda fixa em
produtos mais elaborados que a poupança, é bom deixar o
FIDC para um momento futuro, primeiro pela restrição de
investidor qualificado. Segundo, pelo risco envolvido.
Para investidores que possuem valores mais altos investidos
o FIDC se demostra uma opção interessante para uma
pequena parte da carteira para diversificar e tentar
melhorar a rentabilidade média.
BIBLIOGRAFIA E ENDEREÇOS
IMPORTANTES:
Capitulo 1:
Sobre o FGC:
https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/sobre-a-garantia-fgc
acessado em 11.04.2020 às 23:30
Sobre o IPCA:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-
custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-
amplo.html acessado em 11.04.2020 às 00:08
Capítulo 2:
Poupança:
https://g1.globo.com/economia/educacao-
financeira/noticia/2019/06/17/65percent-das-pessoas-que-
guardam-dinheiro-escolhem-poupanca-diz-pesquisa-medo-
e-costume-estao-entre-as-justificativas.ghtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/09/26/67percen
t-dos-brasileiros-nao-conseguem-poupar-dinheiro-aponta-
pesquisa.ghtml acessado em 11.04.20 as 20:56
https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/10/inflacao-
oficial-fecha-2019-em-431percent.ghtml acessado em
11.04.20 as 21:43
Capitulo 3:
O que é:
https://www.xpi.com.br/investimentos/renda-fixa/cdb/
Tabela IOF
https://www.bb.com.br/docs/pub/inst/dwn/TabIOFRegressivo.
pdf
Capítulo 5:
O que é:
https://www.tesourodireto.com.br/conheca/conheca-o-
tesouro-direto.htm
Calculadora:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-
calculadora