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municípios*
Rosana Baeninger♣
Maria Sílvia C. Beozzo Bassanezi♠
Resumo
Esse trabalho busca analisar especialmente a trajetória da população paulista nos anos
de 1900 a 1965 (período em que o país vivenciou importantes movimentos migratórios
internacionais e internos, bem como a passagem de uma sociedade primário-exportadora para
urbano-industrial), incorporando as migrações na interpretação das distintas dinâmicas
demográficas que tiveram lugar no Estado. Destaca a questão migratória — geralmente
pouco explorada e raramente contemplada no debate sobre a transição demográfica — como
um dos eixos explicativos fundamentais para o entendimento das diferentes formas e etapas
da ocupação territorial e composição da população paulista no decorrer do período analisado.
Observa, por exemplo, que os padrões diferenciados de reprodução dos migrantes refletem-se
nos níveis de natalidade em determinadas localidades paulistas. Contempla também a questão
da nupcialidade e dos diferentes arranjos familiares entre migrantes estrangeiros e migrantes
nacionais como uma variável importante na análise demográfica.
Enfim, através da reconstrução detalhada das fases e dinâmicas da transição
demográfica no Estado de São Paulo, no Município de São Paulo e em outros dois municípios
do interior paulista (Rio Claro e Taubaté) o trabalho procura demonstrar a existência de
momentos e ritmos diferenciados desse processo, onde a migração teve um papel importante.
As fontes básicas utilizadas nesse trabalho são: as estatísticas vitais em âmbito
municipal (FSEADE) e as matrículas de migrantes (Hospedaria de Imigrantes/Memorial do
Imigrante).
*
“Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú-
MG – Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006”. Este texto foi escrito para compor o livro, organizado por Nilo
Odalia (in memoriam) e João Ricardo de Castro Caldeira, História do Estado de São Paulo: a formação da
unidade paulista. Editoras: UNESP e UNIMARCO (no prelo).
♣
Professora do Departamento de Demografia-IFCH e Pesquisadora do Núcleo de Estudos de População
(NEPO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
♠
Pesquisadora do Núcleo de Estudos de População (NEPO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Trajetória Demográfica no Estado de São Paulo, na capital e em outros
municípios*
Rosana Baeninger♣
Maria Sílvia C. Beozzo Bassanezi♠
A trajetória da população paulista, de 1889 até os dias de hoje, pode ser conhecida e
acompanhada por meio de curvas de natalidade e mortalidade que sintetizam o processo de
transição demográfica vivido por essa população. Tal transição caracteriza-se pela queda dos
elevados níveis de natalidade e mortalidade, que se tornam bem mais baixos em etapa
posterior. A reconstrução detalhada das fases e dinâmicas da transição demográfica no Estado
de São Paulo, no Município de São Paulo e em outros dois municípios do interior paulista
(Rio Claro e Taubaté) demonstra momentos e ritmos diferenciados desse processo.
Ao longo de pouco mais de cem anos, ficam claras as distinções, principalmente com
relação aos níveis de natalidade das diferentes localidades. Essas diferenças são mais nítidas
nos períodos da virada do século XIX para o XX e nos anos que vão de 1930 a 1965. A partir
de meados dos anos 1960, as taxas de natalidade e de mortalidade tornam-se mais
homogêneas.
Este nosso trabalho analisa especialmente a trajetória da população paulista nos anos
de 1900 a 1965 (período em que o país vivenciou importantes movimentos migratórios
internacionais e internos, bem como a passagem de uma sociedade primário-exportadora para
urbano-industrial), incorporando as migrações na interpretação das distintas dinâmicas
demográficas que tiveram lugar no Estado. Destacamos a questão migratória — geralmente
pouco explorada e raramente contemplada no debate sobre a transição demográfica
(FRIDLANDER, 1969 e LEVINE, 1977) — como um dos eixos explicativos fundamentais para o
entendimento das diferentes formas e etapas da ocupação territorial e composição da
população paulista. Observamos, por exemplo, que os padrões diferenciados de reprodução
dos migrantes refletem-se nos níveis de natalidade em determinadas localidades paulistas.
Contemplamos também em nosso estudo a questão da nupcialidade e dos diferentes arranjos
familiares entre migrantes estrangeiros e migrantes nacionais como uma variável importante
na análise demográfica.
Cabe ressaltar ainda que nosso estudo recupera parte importante do acervo da
Hospedaria dos Imigrantes; fonte de informação que permitiu a comparação entre o tamanho
médio de famílias estrangeiras e nacionais, ampliando as interpretações sobre a influência da
migração nos níveis de natalidade registrados em períodos e espaços distintos do território
paulista.
1
taxas demográficas de natalidade e mortalidade mais baixas que as do Brasil e esteve à frente
no acelerado processo de transição demográfica caracterizada particularmente pelo acentuado
declínio da fecundidade nos últimos quarenta anos do século XX.
Sua população que, em 1890, era de aproximadamente um milhão e trezentas mil
pessoas, chegou ao ano 2000 somando trinta e sete milhões de habitantes graças à crescente
importância adquirida por esse estado no cenário nacional (a partir do final do século XIX,
com a expansão da cafeicultura e, depois, no século XX, como pólo dinamizado e
dinamizador do processo de industrialização brasileiro).
Tal crescimento não ocorreu de modo homogêneo, mas de formas diferenciadas em
função de dinâmicas demográficas diversificadas, em tempos e locais distintos (MERRICK e
GRAHAM, 1981).
Em certos momentos dos séculos XIX e XX, o Estado de São Paulo tornou-se o
principal pólo de recepção de migrantes no território brasileiro. A extinção paulatina da
escravidão e a necessidade de mão-de-obra — para atender o crescimento acelerado da
cafeicultura a partir da segunda metade do século XIX — trouxeram expressivos contingentes
populacionais provenientes, inicialmente da Europa e, posteriormente, também da Ásia. Entre
1887 e 1900, entraram em São Paulo cerca de 910 mil imigrantes estrangeiros,
principalmente italianos, espanhóis, portugueses, e, em menor proporção, alemães, austríacos,
suíços e imigrantes de outras nacionalidades (CAMARGO, 1981). Em 1900, os imigrantes
estrangeiros constituíam 21% da população total do Estado de São Paulo e já se faziam
importantes no desenvolvimento econômico, político, social, cultural e populacional do
estado (TABELA 1). As correntes migratórias estrangeiras continuaram ainda significativas no
início do século XX: entre 1901 a 1920, deram entrada nesse estado cerca de 820 mil
imigrantes estrangeiros. A partir de então, os movimentos migratórios internos com destino
ao Estado de São Paulo começaram a ganhar importância (TABELA 2).
No decorrer dos anos 1930, migrantes oriundos de outros estados da federação
chegavam a São Paulo em maior proporção que os estrangeiros, invertendo a composição do
movimento migratório, que passou de predominantemente estrangeiro para nacional.
TABELA 1
População Total e Estrangeira
Estado de São Paulo
1890-2000
Ano População total População Proporção de
estrangeira Estrangeiros (%)
1890 1.384.753 75.030 5,4
1900 2.279.608 478.417 21,0
1920 4.592.188 829.851 18,1
1934 6.433.327 932.691 14,5
1940 7.180.316 814.102 11,3
1950 9.134.423 693.321 7,6
1970 17.771.948 703.526 4,0
1980 25.042.074 523.444 2,1
1991 31.588.825 414.263 1,3
2000 37.035.456 343.944 0,9
Fonte: Recenseamentos de 1890, 1900, 1920, 1940, 1950, 1970, 1980, 1991 e 2000. Recenseamento
demográfico, escolar e agrícola-zootécnico do Estado de São Paulo (20 de setembro de 1934). São
Paulo: Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, Secretaria de Estado
dos Negócios da Educação e Saúde Pública, Comissão Central do Recenseamento. São Paulo. 1936.
2
De fato, entre 1921 e 1940, o volume de entradas de migrantes brasileiros no Estado
de São Paulo chegou a superar o de estrangeiros no mesmo período, respectivamente 690 mil
e 660 mil.
Entre 1941 a 1945, entraram nesse estado, através da Hospedaria de Imigrantes, 4 mil
estrangeiros contra 144 mil migrantes nacionais. Mesmo assim, o censo demográfico de 1940
mostra que os estrangeiros ainda constituíam uma parcela importante da população paulista
(11,3% do total), sem contar os seus descendentes diretos qualificados como brasileiros em
virtude da norma do jus solis1 seguida no Brasil.
TABELA 2
Entrada de imigrantes estrangeiros e nacionais
Estado de São Paulo
1887 - 1945
Período Brasileiros Estrangeiros
1887 a 1900 552 909.417
1901 a 1920 67.326 823.642
1921 a 1940 694.408 661.921
1941 a 1945 144.396 4.763
Fonte: CAMARGO, J. F. Crescimento da População no Estado de
São Paulo e seus aspectos econômicos. 1 ed. São Paulo, PE/USP,
1981, p. 36.
1
Norma que considera cidadão brasileiro toda a pessoa nascida no Brasil.
2
Para a reconstrução da evolução da população, o Estado de São Paulo dispõe de estatísticas vitais em âmbito
municipal a partir de 1900 (Fundação SEADE). Essas estatísticas permitem acompanhar a evolução das
tendências demográficas ao longo do período aqui analisado, possibilitando apreender momentos e etapas da
transição demográfica. As evidências empíricas apontam para a existência de processos diferenciados de
transição entre municípios e regiões paulistas, bem como entre a experiência paulista e a de outros estados ou do
país.
3
As análises referentes ao Município de São Paulo baseiam-se em Patarra e Baeninger (1988).
3
GRÁFICO 1
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1900
1910
1920
1930
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
ESP (natalidade) Capital (natalidade)
ESP (mortalidade) Capital (mortalidade)
Fonte: Cem anos de Estatísticas Vitais no Estado de São Paulo. São Paulo, Fundação SEADE,
2000. (CDRom)
4
estrangeiros que se fixaram no território paulista (25% em 1920 e 37,5% em 19404) (TABELA
3).
TABELA 3
População estrangeira no Estado e na Capital
1920 – 1940
4
O município de Santos, segundo município com maior número de estrangeiros do Estado no período, não
chegava a concentrar 5% do total de estrangeiros entrados no Estado de São Paulo.
5
GRÁFICO 2
40
30
20
10
0
1900
1910
1920
1930
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
Rio Claro (natalidade) Taubaté (natalidade)
Rio Claro (mortalidade) Taubaté (mortalidade)
Fonte: Cem anos de Estatísticas Vitais no Estado de São Paulo. São Paulo, Fundação SEADE, 2000. (CDRom)
O perfil da curva de natalidade para Taubaté inicia-se com 27 nascimentos por mil
habitantes em 1900, e mantém uma taxa bruta média de natalidade em torno de 24
nascimentos por mil até 1940. Em Rio Claro, assim como na Capital, a taxa bruta de
natalidade, nos primeiros anos do século XX, apresenta-se mais elevada que a média estadual
(em torno de 39 nascimentos por mil habitantes), inclusive por conta da própria imigração
internacional. Nos primeiros anos da imigração de massa, os imigrantes que chegam
apresentam, no Brasil, uma natalidade maior que em seu país de origem (BALHANA, 1978,
COSTA 1996 e BASSANEZI, 2003).
Os distintos níveis de natalidade registrados nos primeiros trinta anos para esses dois
municípios mostram claramente os efeitos - diretos e indiretos, quantitativos e qualitativos –
do componente migratório nas trajetórias demográficas dessas áreas. Configuram-se, desse
modo, situações bem distintas, não evidenciadas quando se observa a evolução das taxas de
natalidade para o conjunto do Estado de São Paulo. Além da migração, a nupcialidade (outro
fenômeno demográfico não incorporado nas versões clássicas da transição demográfica) ao
que tudo indica, também influenciou as taxas brutas de natalidade do no Estado de São Paulo,
no período 1900-19305.
Os primeiros anos da imigração em massa para São Paulo (1882-1886),
caracterizaram-se pela predominância da imigração individual, de jovens solteiros (de 15-24
anos) e do sexo masculino (77%). Isso contribuiu para o aumento da oferta de homens no
mercado matrimonial, incrementando o número de uniões conjugais, pressionando a idade
média ao casar das mulheres para baixo. Conseqüentemente, ao aumentar o período de risco
de gerar filhos dessas mulheres6, acabou por contribuir para elevar as taxas brutas de
natalidade.
A partir de 1886, por outro lado, o incentivo à imigração familiar, proporcionado pela
política de subsídios, trouxe para São Paulo casais em idades produtivas e reprodutivas com
5
Nas concepções clássicas sobre Transição Demográfica, a nupcialidade também não é devidamente
incorporada à análise. Nesse sentido, veja-se HAJNAL, 1965.
6
Em demografia considera-se o período reprodutivo das mulheres entre as idades de 15 a 49 anos.
6
filhos cujas idades giravam em torno de 5 a 14 anos7, casais que em terras brasileiras tiveram
a oportunidade de gerar novos filhos. Os filhos desses pais estrangeiros, posteriormente,
favoreceram o aumento das taxas de nupcialidade, nas áreas cafeicultoras e receptoras de
imigrantes nas primeiras décadas do século XX8.
De fato, a taxa bruta de nupcialidade para a Capital como também para Rio Claro
situou-se, com oscilações, em torno de oito casamentos legalizados por mil habitantes até
1930. Para Taubaté, entretanto, essa taxa não alcançou quatro casamentos por mil9. O Estado
de São Paulo no seu conjunto registrou, no período, uma taxa bruta de nupcialidade média de
aproximadamente sete casamentos por mil.
No final dos anos 1920, a natalidade já começava a dar sinais de mudança na Capital
e em Rio Claro apresentando-se menor que nos períodos anteriores. Nesse momento, em que
Crise do café atingia profundamente a economia agrária paulista e intensificava-se o processo
de urbanização e industrialização no estado, a curva da natalidade do Estado registrou
tendência a uma nova configuração. Nas áreas de concentração da imigração estrangeira
verificou-se um decréscimo nas taxas de natalidade, enquanto que para Taubaté, que
apresentava ganhos populacionais, observou-se um ligeiro aumento dessa taxa. Em 1945 e
nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, a configuração dessas situações distintas
tornou-se ainda mais nítida (vide GRÁFICO 2).
A intensidade da nupcialidade parece não ter influenciado o declínio da natalidade na
Capital e em Rio Claro, pois as taxas do período, apesar das oscilações observadas,
mantiveram-se no mesmo patamar das primeiras décadas do século XX, em média oito
casamentos por mil habitantes. Quanto ao calendário das uniões, ou seja a idade ao primeiro
casamento, observaram-se alterações; as pessoas passaram a casar-se em idades mais
elevadas, indicando mudanças no comportamento reprodutivo da população. No caso
específico da Capital, a idade média ao casar encontrava-se elevada já a partir de meados dos
anos 1930: 28 anos para os homens e 23 para as mulheres (MADEIRA, 1978). Para Rio Claro, a
idade média ao primeiro casamento da mulher entre 1890 a 1920 ficou entre 19 e 20 anos,
chegando aos 21 anos, em 1930; os homens que em 1890 casavam-se aos 25 anos, nas
décadas seguintes passaram a se casar mais jovens, entre 23-24, voltando em 1930 a se
unirem em matrimônio aos 25 anos (BASSANEZI, 1992 e 1994).
Para Rio Claro, observa-se a manutenção da tendência iniciada em 1930, ou seja, de
declínio nas taxas de natalidade, em média 30 nascimentos por mil habitantes. A partir de
1965, essa tendência segue o declínio generalizado da fecundidade para o Estado. Nos anos
1930, a Crise do café afetara fortemente a economia do município interrompendo a chegada
de imigrantes (DEAN, 1971); Rio Claro também acabou não sendo atraente a migrantes
nacionais que se chegavam ao Estado de São Paulo a partir dos anos 60.
Depois de 1930, Rio Claro parece ter mantido os níveis e padrões de reprodução
estabelecidos pela migração estrangeira (que, ao que tudo indica, começa desde então a se
aproximar dos padrões observados em seus países de origem). Embora as taxas brutas de
nupcialidade para Rio Claro se apresentassem mais elevadas que no período anterior, em
média 9,5 casamentos por mil habitantes, as taxas de natalidade, no entanto, não voltaram a
aumentar. A partir dos anos 60, quando da atuação do controle deliberado da fecundidade —
com a expansão do uso da pílula anticoncepcional pelas mulheres — a queda nas taxas brutas
7
As informações sobre os imigrantes estrangeiros em nível municipal foram obtidas através da coleta e
sistematização dos dados da Hospedaria dos Imigrantes do Estado de São Paulo, uma vez que tais informações
encontram-se publicadas apenas para o total do Estado de São Paulo.
8
Pesquisas localizadas têm mostrado que os imigrantes estrangeiros e seus descendentes de primeira geração,
no Brasil casavam-se mais e em idades mais precoces que na terra de origem (BALHANA, 1978 e
BASSANEZI, 2003).
9
Consideram-se apenas as uniões formais captadas através das estatísticas vitais.
7
tornou-se mais pronunciada ainda. As taxas de natalidade do município, é preciso reforçar, já
se encontravam bem abaixo das registradas na Capital e no Estado antes mesmo do declínio
generalizado da fecundidade (vide GRÁFICOS 1 e 2).
Diante das evidências apresentadas, a cafeicultura e os movimentos internacionais
influenciaram, em grande parte, as transformações econômico-demográficas ocorridas nos
contextos analisados. Possivelmente, os padrões de fecundidade continuariam declinantes,
como em Rio Claro, caso não tivesse ocorrido a chegada de novo tipo de movimento
migratório, imprimindo um processo de transição demográfica bem mais lento.
Para Taubaté no período de 1930 a 1965, as taxas de natalidade seguiam tendências
mais elevadas, em média 38 nascimentos por mil. Nesse período, os movimentos migratórios
nacionais começaram a se dirigir para essa área, em função da proximidade com a Capital e
da instalação de importantes indústrias na região.
Para a Capital verifica-se que não houve uma continuidade da tendência anterior de
queda da natalidade. Ao contrário, apesar de se atingirem taxas extremamente baixas em
1945 (aproximadamente 23 nascimentos por mil habitantes, em ambos os casos) a tendência
observada é de um acréscimo nesses valores por mais vinte anos até 1965, quando voltam a
decrescer (vide GRÁFICO 1).
No caso da Capital, observam-se oscilações mais acentuadas na sua curva de
natalidade. Quais seriam então as especificidades da migração interna para que ocorresse um
aumento tão expressivo nas taxas de natalidade no período pós-1945?
10
Vale ressaltar que apenas eram obrigados a se registrar na Hospedaria dos Imigrantes do Estado de São Paulo
os estrangeiros subsidiados pelo Governo, sendo que a partir de 1927, com o término dessa política de
imigração, os estrangeiros continuaram se dirigindo à Hospedaria como forma de obtenção de emprego. Quanto
aos migrantes nacionais provenientes do Nordeste, nos anos 1930-40 a companhia responsável pelo
deslocamento dessa população (Companhia de Imigração e Colonização – CAIC), deixava-os na Hospedaria e
ali permanecendo até se inserirem no mercado de trabalho. Desse modo, os registros coletados na Hospedaria
compreendem apenas uma parcela da população migrante que chegou ao município. De qualquer forma, são as
únicas informações que permitem apreender semelhanças e diferenças na composição dos movimentos
migratórios.
8
TABELA 4
Distribuição relativa dos imigrantes estrangeiros e nacionais segundo o tipo de família
Município de São Paulo
1920-1940
9
TABELA 5
Tamanho Médio das Famílias Imigrantes Estrangeiras e Nacionais segundo Tipos de Família
Município de São Paulo
1920 - 1940
10
Bibliografia
COSTA, R. (19...) A família italiana da área agrícola do Rio Grande do Sul. IN DE BONI,
L.C. (org.) A Presença Italiana no Brasil. Porto Alegre, Edições EST; Torino: Fondazione
Giovanni Agnelli, v.III, 1996.
11
HOLLOWAY, T. (1984). Imigrantes para o café. São Paulo, Paz e Terra
12