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CROQUI DOS CASTELINHOS

André Braga no Agarra Quebrou V8, Foto: Roniel Fonseca

QUATRO BARRAS
2013
Introdução e Localização

Os Castelinhos está localizado nas proximidades do Parque Estadual da Serra da Baitaca, unidade de
conservação localizada na Região Metropolitana de Curitiba, a cerda de 30Km da capital do Estado do Paraná,
Curitiba. Sendo que o principal acesso dá-se através da Rua da Cavo, localizada no distrito de Borda do Campo,
Quatro Barras/PR, como pode ser observado na figura 01.

O setor conta com mais de 80 lances de boulder (linhas clássicas e variantes), graduados entre V0 e V11.
Os Boulders estão divididos em três Subsetores, descritos e demonstrados a seguir: O Setor de Cima, que além
de dar acesso aos demais, tem uma bela vista do Morro Anhangava, o Setor do Meio, com várias Fissuras em
Móvel e Top Ropes e o Setor de Baixo, onde os lances foram abertos mais recentemente.
Histórico
Antes de 1980 o local era uma área de extração mineral onde ocorriam explosões de blocos e incêndios
para abertura de lavras de mineração e estradas para acesso, conta Edson Struminski, morador do Anhangava.
Os primeiros lances foram abertos no Setor do Meio na década de 80, mas especificamente no Bloco
Fendas, onde os moradores do Anhangava (Chiquinho, Ingo, etc.) escalaram em móvel e Top Rope.
Já os primeiros boulders foram abertos na década de 90 no Setor de Cima, onde escaladores de Quatro
Barras (Esequiel, Dorival, Bob, etc.) e Piraquara (Carlera, Rogeba, etc.) abriram os primeiros lances no Bloco
Caverna, Piano e Rala Punho. Posteriormente (2005) foram abertos os lances do Setor de Baixo, por escaladores
de Curitiba (Camuza, Betones, Briones, Jonatt, Alessando, Paulo, etc.) e do Anhangava (Tomy e Flora).
Nesta época também constatou-se que o local deveria passar por algumas adequações visando melhorar
os acessos e bases dos blocos. Para isso foram consultados alguns autores, que citam que as trilhas necessitam de
uma manutenção constante para minimizar os impactos que venham a ser provocados pela visitação
(ANDRADE, 2005) e afirmam que o manejo e a manutenção de trilhas devem ser freqüentes, uma vez que o
ambiente natural é dinâmico (LECHNER, 2006).
A principal solução para os problemas nas trilhas envolve o aumento da habilidade da trilha para
suportar o uso, através da melhoria do planejamento e obras de engenharia compatíveis com o objetivo do
caminho (COLE, 1991). Então foram definidas as intervenções a e organizadas as ações com os principais
frequentadores do loca na época, como pode ser observado na figura 02.
Após esta adequação surgiram os primeiros eventos como: a Abertura da Temporada de Montanhismo
de 2011 e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres em 2012 e 2013 (Figura - 03).

Figura 02 – Abertura do Arestafari em 2005 Figura 03 – Dia Internacional da Mulher em 2013


Com o fluxo de boulderistas aumentando, constatou-se que algumas agarras chave de estavam prestes a
quebrar, e iniciou-se um processo de colagem das agarras duvidosas com Sika. Neste momento também foram
coladas algumas agarras para fazer alguns boulders SDS e aberto novos blocos como o Medida Compensatória.
Atualmente o local está em fase de Recuperação Ambiental e os boulderistas adotam práticas de mínimo
impacto em áreas naturais e medidas para mitigar os impactos causados pela escalada no local.

Aspectos Fisiográficos
Os Castelinhos localiza-se nas altitudes próximas a cota 1000 m, na porção Oeste da Serra da Baitaca,
nas proximidades do morro do Anhangava, que é geologicamente definido por BIGARELLA et al. (1985) como
um “stock” granítico, capeado e rodeado pelas rochas migmatíticas e gnáissicas do Primeiro Planalto do Paraná.
Decorrente desta geologia, o relevo até a cota 1000 m é ondulado e acima desta torna-se montanhoso e
escarpado (SILVA et al., 1985).
De acordo com a classificação de Koeppen, o clima da área de estudo é o Cfa, onde C significa clima
quente e úmido; o mês mais frio com temperatura média compreendida entre - 3º C e + 18º C; f indica clima
sempre úmido, sem estação seca, onde o mínimo da precipitação é superior a 60 mm por mês; e o a indica a
temperatura do mês mais quente superior a 22º C (IAPAR, 1994).
Nesta região situam-se as nascentes dos principais rios que deságuam no Reservatório do Iraí. O cume
do Anhangava, facilmente visto do Setor (Figura 04), é o divisor d’águas entre as bacias do rio Iguaçu a oeste e
ao sul, Capivari ao norte e do Litoral à leste (RODERJAN e STRUMINSKI, 1992).

Figura 04 – Amanhecer no Anhangava, visto dos Castelinhos/PR Foto: Ale Oliveira


Os solos do Setor de Cima são rasos e pouco desenvolvidos, predominando Afloramentos de Rocha, Solos
Litólicos e Orgânicos. Já nos setores do Meio e de Baixo o relevo é menos acidentado e ocorrem solos mais
profundos como os Cambissolos. Nesta área a complexidade geológica proporcionou uma diversidade de formas
de relevo, que associadas ao clima presente na região, refletem na ocorrência de distintas classes de solos, que
por sua vez, dão suporte a uma vegetação característica.
A Serra da Baitaca apresenta uma cobertura vegetal de transição (ecótono) entre Floresta Ombrófila
Densa (Floresta Atlântica) e a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária). Esta transição ocorre nas
vertentes voltadas a oeste, aproximadamente na cota 1.000 metros (Altitude e Orientação dos Castelinhos), onde
as mudanças nas características, geológicas, geomorfológicas e pedológicas, proporcionaram a ocorrência do
contato entre as duas formações vegetais. No local também é possível encontrar os Refúgios Vegetacionais
Altomontanos, representados pela vegetação rupestre que surge nos afloramentos rochosos (RODERJAN, 1994).
Embora a cobertura vegetal original dos Castelinhos seja o Ecótono, as alterações acidentais ou naturais
(incêndios, processos erosivos, deslizamentos, mineração, abertura de lavras e estradas, etc.), fizeram com que a
vegetação atual encontre-se nos estágios iniciais sucessão ecológica (Capoeirinha e Capoeira).
Setor de Cima

André, Braga, Camila Macedo e Wagner Lara no Caverna V4. Foto: Roniel Foseca
Setor do Meio

Camila Macedo e André Braga no Agarra Quebrou V8, Fotos: Roniel Fonseca, Edição:EscaleMais
Setor de Baixo

Tomy no Arestafari V6, Betão na Seg. Foto: Tiago Nunes


Referências

ANDRADE, W, J. de. Manejo de Trilhas para o Ecoturismo. In: Ecoturismo no Brasil. NEIMAM, Z. e
MENDONÇA, R. org. Ed. Manole, Barueri, SP, 2005. 296p.

BIGARELLA, J.J.; LEPREVOST, A.; BOLSANELLO, A. Rochas do Brasil. Livros Técnicos e Científicos.
Curitiba, 1985, 310p.

COLE, D.N. Changes on trails in the Selway-Bitterroot Wilderness, Montana, 1978-89. USDA, Forest Service.
Intermountain Research Station. Research Paper. INT-450. 1991.5p.

IAPAR - INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Cartas Climáticas do Estado do Paraná, 1994.


Londrina: Instituto Agronômico do Paraná. 1994. 49p.

LECHNER, L. Planejamento, implantação e manejo de trilhas em unidades de conservação. Fundação O


Boticário de Proteção à Natureza. Cadernos de Conservação, ano 3, n.3, junho 2006.

RODERJAN, C. V. O Gradiente da Floresta Ombrófila Densa no Morro Anhangava, Quatro Barras, PR -


Aspectos climáticos, pedológicos e fitossociológicos. Curitiba, 1994. Tese (Doutorado em Engenharia
Floresta). Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 119 p.

RODERJAN, C. V.; STRUMINSKI, E. Serra da Baitaca – caracterização e proposta de manejo.


FUPEF/FBPN, Curitiba, 1992, 120 p.

SILVA, E. et al. O impacto ambiental das pedreiras de granito da região da Serra da Baitaca (Pr). In: II Simpósio
sul-brasileiro de geologia. Anais. Florianópolis, 1985, p. 554-560.

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