Você está na página 1de 48

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MAIARA BASTIAN BARBOSA CORDEIRO

SEMÂNTICA DAS CORES


ESTUDO DE CASO DA SUBCULTURA GÓTICA

Tubarão
2017
MAIARA BASTIAN BARBOSA CORDEIRO

SEMÂNTICA DAS CORES:


ESTUDO DE CASO DA SUBCULTURA GÓTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


Superior de Tecnologia em Design de Moda da
Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito
parcial à obtenção do título de tecnólogo em Moda e
Design.

Tubarão
2017
AGRADECIMENTOS

Ao longo do desenvolvimento dessa pesquisa, muitas pessoas me auxiliaram de diversas


formas, seja em dúvidas que me tiraram o sono durante semanas ou apenas uma
recomendação de livro. Gostaria de agradecer a minha família pelo apoio, meu chefe Eduardo
pela compreensão e auxilio durante os meses em que a pesquisa foi realizada e a todos os
amigos, em especial: Elaine, Lucas, Jéssica e Matheus.
Além dos citados anteriormente, também gostaria de agradecer a Henrique Antonio Kipper
pelas dúvidas esclarecidas, recomendação de livros e autores que falaram sobre a subcultura
gótica. Minha orientadora, Cláudia, pela ajuda nas últimas etapas da pesquisa e a todos os
colegas da minha turma.
RESUMO

Devido a estranheza quanto a outras pessoas vestidas de preto, elaborou-se essa pesquisa para
estudar o comportamento e descobrir se a cor preta é um fator de preconceito na subcultura
gótica. Para esse estudo, foram entrevistadas pessoas, dentre elas uma gótica para entender
seu ponto de vista acerca do comportamento adotado em relação a sua aparência. Nas
entrevistas realizadas com as pessoas não góticas, elas afirmaram que não sentem nenhum
preconceito contra esse subcultura, e quanto a gótica entrevistada afirmou que já foi
estigmatizada devido a sua maneira de se vestir usando a cor preta. Podendo-se concluir que o
preconceito está relacionado quando um individuo usa a cor preta como predominante em sua
aparência, desde a maquiagem até o sapato.

Palavra-chave: Gótico. Preto. Preconceito.


LISTA DE FIGURAS

1. FIGURA 1: GÓTICO USANDO CRUCIFIXO ....................................................18

2. FIGURA 2 : GÓTICO CLÁSSICO OU PÓS-PUNK.................................................19

3. FIGURA 3: VICTORIAN GOTHIC OU GÓTICO ROMÂNTICO .........................20

4. FIGURA 4: BANDA LACRIMOSA, COLDWAVE/ DARKWAVE GOTHIC ......20

5. FIGURA 5: CYBER GÓTICOS.................................................................................21

6. FIGURA 6: DEATHROCK GÓTICOS ....................................................................22

7. FIGURA 7: MEDIEVAL OU ETHEREAL ..............................................................22

8. FIGURA 8: CIRCUS-CABARET-VAUDEVILLE...................................................23
SÚMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 7
2 AS CORES E A SUBCULTURA GÓTICA ..................................................................... 9
2.1 PERCEPÇÃO DAS CORES.............................................................................................. 9
2.2 INTERPRETAÇÃO DAS CORES .................................................................................. 10
2.3 PRETO ............................................................................................................................. 11
2.5 SEMIÓTICA E APARÊNCIA ........................................................................................... 17
2.6 DENIFINIÇÃO DE SUBCULTURA ............................................................................... 18
2.7 GÓTICOS ........................................................................................................................ 18
2.7.1 Gótico Clássico ou Pós-punk ...................................................................................... 20
2.7.2 Victorian Gothic ou Gótico Romântico ..................................................................... 21
2.7.3 Coldwave/Darkwave Gothic ....................................................................................... 21
2.7.4 Cyber Góticos .............................................................................................................. 22
2.7.5 Deathrock Góticos ....................................................................................................... 22
2.7.6 Medieval ou Ethereal .................................................................................................. 23
2.7.7 Circus-Cabaret-Vaudeville......................................................................................... 23
2.8 SIGNOS E SEMIOSE...................................................................................................... 24
2.9 PRECONCEITO .............................................................................................................. 26
3 ANALISE........................................................................................................................... 29
3.1 ENTREVISTA COM NÃO GÓTICOS ........................................................................... 29
3.2 ENTREVISTA COM GÓTICOS .................................................................................... 33
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 36
REFERENCIAS ..................................................................................................................... 38
5 APENDICE ....................................................................................................................... 40
5.1 NÃO GÓTICOS............................................................................................................... 40
5.2 GÓTICOS ........................................................................................................................ 44
REFERENCIAS DO APENDICE ......................................................................................... 47
7

1 INTRODUÇÃO

Com o intuito de saber mais sobre a percepção das cores, a pesquisa Semântica das
cores, com foco em um estudo de caso da subcultura gótica, visa compreender como o preto
se comporta nessa subcultura, analisando os aspectos negativos e positivos. A análise da
pesquisa foi feita com indivíduos que participam da subcultura gótica totalizando nove
entrevistados. A pesquisa possui como finalidade descobrir se o preto é um dos fatores de
preconceito em relação à subcultura gótica.
A presença das cores no cotidiano possibilita receber informações sobre os que nos
cerca, auxiliando na compreensão e memorização de um objeto, por exemplo, fazendo com
que o cérebro tenha mais facilidade em encontrar e decifrar a informação necessária. Cada cor
possui valores simbólicos positivos ou negativos de acordo com a cultura ou regras sociais de
um lugar, transmitindo informações que farão com que a pessoa possa sentir-se confortável
com determinada tonalidade, podendo mudar seu humor devido à coloração do ambiente em
que encontra-se. Apesar de não ser classificado devido a ausência de luz quando nos
referimos ao espectro solar, o preto é aceito e considerado popularmente como uma cor.
Com valores simbólicos polêmicos desde a Antiguidade, as informações contidas no
preto renovam-se a cada século, seja elas religiosas, sociais ou culturais. Presente na forma de
expressão dos jovens, luto ou na hierarquia social, distingue-se das outras cores por destacar
quem o usa ou ressaltar a qualidade de um objeto de forma simples ou objetiva, estando em
carros, aparelhos eletrônicos, uniforme de trabalho ou mesmo em padres.
Na subcultura gótica, além de outras cores, o preto também é usado nos trajes,
maquiagens e acessórios. No entanto, o valor simbólico negativo do preto pode prejudicar a
vida dessas pessoas em seu cotidiano, seja em uma entrevista de emprego ou mesmo andando
na rua, pois é fortemente relacionado com morte, trevas e outros valores vistos de forma
negativa pela sociedade. Além disso, é uma característica da subcultura, dessa forma, alguns
góticos se sentem bem usando preto, porém devido às normas sociais, podem deixar de usar a
‗cor‘ que gostam por causa das regras da sociedade, por exemplo, em uma baile de debutantes
a garota ao invés de usar preto, deve usar outra cor devido a simbologia negativa do preto.
Além disso, a pesquisa visa compreender quais as simbologias relacionadas ao preto
dentro da sociedade e suas origens, além da relação de significado e significante apresentado
dentro da campo da semiótica. Desta forma, a pesquisa verifica se o preto é um dos fatores
que gera preconceito em relação à subcultura gótica, avaliando quais a razões que geram
preconceito contra integrantes dessa subcultura, sejam eles amigos ou estranhos de um gótico.
8

A metodologia usada foi o método qualitativo descritivo com pesquisa foco, através de
entrevistas semi estruturadas com góticos, usando a técnica do estudo de caso do preconceito
do preto na subcultura gótica.
9

2 AS CORES E A SUBCULTURA GÓTICA

2.1 PERCEPÇÃO DAS CORES

O cérebro é responsável por receber e decodificar um estímulo físico – junto com o


órgão da visão, provocando o efeito da cor quando este órgão transforma a informação em
sensação, (GUIMARÃES, 2004, p. 8). Quando as cores são interpretadas pelos olhos e o
cérebro, o corpo sente as diversas ondas que atuam no centro nervoso e suas ramificações,
podendo gerar modificações na funções orgânicas do organismo, emocionais, efetivas ou
mesmo nas atividades sensórias, modificando o estado físico da pessoa em função da
informação decodificada e interpretada (FARINA, PERES e BASTOS, 2011, p. 2).
De acordo com Guimarães (2004), o olho possui ferramentas para compensar a
diferença de iluminação nos ambientes, este controle é feito pela íris. Quando a luz não é forte
o suficiente para haver a decodificação, os músculos da íris se contraem, no entanto quando
ocorre o inverso, distendem-se para delimitar o diâmetro e variar a entrada da luz. De acordo
com o autor:
Os estímulos para estas operações das íris são enviados pelo nervo craniano do
sistema nervoso parassimpáticos. Os estímulos parassimpáticos provocam a
contração da íris, e sua inibição a faz distender-se. Assim se explica porque as
imagens com maior iluminação exigem menor esforça da visão, do que imagens com
baixa iluminação. E menor esforço significa naturalmente, mais prazer
(GUIMARÃES, 2004, p. 29).

Em 1666, um estudo realizado por Newton, constatou que a luz branca era composta
de sete cores principais: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta, onde cada
uma possui um valor de comprimento de onda e um grau de refringência próprio
(GUIMARÃES, 2004, p. 8). O comprimento da onda é importante, pois cada pessoa possui
uma forma visual distinta, recebendo um estímulo com características únicas que vão desde o
tamanho, cor, iluminação até proximidade de um objeto. Quando um indivíduo vê uma cor em
um tom agradável para ele, pode ocorrer que outra pessoa prefira um tom diferente daquele,
sendo mais escuro ou claro, para dessa forma ser aceita (FARINA, PERES E BASTOS, 2011,
p. 2).
Para Guimarães (2004, p.24), ao se referir sensações ―Cada cor, tendo um grau de
refringência diferente, provocará diferentes relações de profundidade‖. Dessa forma, a cor
quando é recebida por um indivíduo causa um triplo efeito: a de impressionar, a de expressar
e de construir uma informação para essa pessoa (FARINA, PERES E BASTOS, 2011, p. 25).
10

A aberração cromática acontece quando um raio luminoso é mais focalizado do que o


outro, dessa forma, os olhos escolhem qual está melhor focado, causando fatores biofísicos
que explicou porque algumas cores transmitem determinadas sensações, como o vermelho e o
azul (GUIMARÃES, 2004, p. 39). De acordo com Guimarães (2004, p. 81), as cores não
possuem temperatura física, possuindo um valor devido aos códigos e linguagens sociais,
onde o azul passa a ter o significado de frio e amarelo de calor. Além disso, o valor das cores
podem ser alterados devido a cultura da época. O preto absorve os raios solares, não sendo
indicado seu uso no verão, no entanto como a moda faz com que a cor não tenha influência
climatológica, quando determina que tal cor será tendência, esta cor não terá o significado que
possuía antes (FARINA, PERES E BASTOS, 2011, p.20).

2.2 INTERPRETAÇÃO DAS CORES

Uma pessoa pode mudar sua postura sobre cores a partir da influência sofria por
vários fatores, como o lugar em que vive, a educação que teve, a idade, a cultura (FARINA,
PERES E BASTOS, 2011, p.25).
A cor que possui uma informação contida de forma simbólica, pode ser considerada
um signo, que será visualmente interpretada pelo sentido da visão, mas decodificada pela
cognição e transformada e uma informação sobre tal objeto que possui a cor um valor
simbólico. Sobre a linguagem visual acerca de signos, Bautello Junior afirma que:
Obedecem a determinadas regras ditadas por um outro macrosistema de regras.
Percebe-se que todos os sistemas de regras ou códigos estão ligados entre si e fazem
parte de um conjunto mais abrangente de regras ou um macrocódigo chamado
cultura. (GUIMARÃES apud BAUTELLO, 2004, p. 15-16).

A cor deve ser compreendida como um texto que faz parte da sintaxe cultural. Uma
flor que possui uma cor vermelha em um jardim, não possui nenhum símbolo, não sendo
considerado um signo. Ao se tratar de signos, Bystrina explica:
A cor de uma flor transmite uma informação segundo a qual os pássaros e os insetos
se orientam. Mas essa informação ainda não é um signo, é um pré-signo. O que falta
para que ela se torne um signo é a intenção: a planta não tem a intenção de ter cor,
essa informação está contida no seu código genético (GUIMARÃES apud
BYSTRINA. 2004, p. 16).

No entanto, quando este objeto é colocado em um contexto, ele recebeu um signo.


Um exemplo dado por Guimarães (2004, p. 16-17), de que um cravo vermelho, ao ser
colocado em uma determinada situação, como no smoking de um senhor que se dirige a um
evento de gala, introduz a flor dentro de um texto em que o vermelho passa a configurar um
signo com um valor próprio em um texto cultural, ou seja, o emissor da informação que antes
11

pertencia a flor, agora é colocada no homem. Independente do emissor saber ou não o


significado de ‗cravo vermelho no smoking‘, haverá uma comunicação aos participantes do
evento que entenderam ser uma indicação de etiqueta ou estética.
As cores possuem polarização de sentido, ou seja, dependendo do contexto, como a
cultura de um país, por exemplo, possuem sensações negativas ou positivas (FARINA,
PERES E BASTOS, 2011, p. 2). Entretanto, ―Se as roupas têm uma linguagem, estas não
corresponde tão exatamente à linguagem verbal, e por extensão, não pode conter significados
da mesma maneira que as palavras‖ (LURIE citado por HARVEY, 2003, p. 14).

2.3 PRETO

Originado da palavra ‗niger‘, ou seja, negro ou escuridão. O preto possui significados


controversos, podendo ser expressivo ou angustiante, dependendo do contexto o qual é usado.
Quando combinados com cores visualmente positivas, é interpretado de forma alegre
(ROUSSEAU, 1980, p. 98). Conforme o Pedrosa (2014) afirma que o preto não é uma cor, o
trecho abaixo explica:

Seu aparecimento indica a privação ou ausência de luz. Em condições normais, o


preto absoluto não existe na natureza. O que distingue o pigmento chamado preto é
sua propriedade física de absorver quase todos os raios luminosos incidentes sobre
ele, refletindo apenas a quantidade mínima desses raios luminosos incidentes sobre
ele. Os corpos pretos só são plenamente percebidos pelos bastonetes que formar a
parte periférica da retina. Num esforço de concentração visual, sempre é possível
distinguir leves tendências à coloração, mesmo nos pretos mais intensos
(PEDROSA, 2014, p. 132-133).

O preto mais escuro pode ser obtido, como Heller explica (2000, p.129), quando a
total ausência de luz. Conforme os físicos afirmam, o preto ‗absoluto‘ existe quando a
ausência total de luz, como em uma caixa com um pequeno orifício por onde passa a luz,
portanto quando um objeto encontra-se dentro dessa caixa, suas cores são vistas como cinza
escuro.
De acordo com Sophia (2011, p. 120-121), o preto é a cor dos centros urbanos, onde
as pessoas são mais isoladas e individuais, dessa forma, envia mensagens de distanciamento,
enquanto zonas rurais, é comum o uso de cores ao invés do preto. Associado com trevas, o
caos e o tempo, possui o valor negativo. As religiões e crenças variam o simbolismo do preto.
Enquanto na tradição cristã simboliza a morte, Lúcifer e trevas, na tradição cabalista hebraica,
é visto de forma positiva, com valor de misericórdia e compreensão. Dessa forma, o preto é
interpretado de maneiras diferentes. No geral é compreendido com valor negativo, e apesar do
12

impacto que causa direcionado a sociedade, na moda, é uma ferramenta importante ao facilitar
a composição de cores. Pode denotar sofisticação e honra. Para Rousseau (1980, p. 98), ―Às
vezes, tem conotação de nobreza, seriedade e elegância‖. O preto transmite a imagem de que
algo está oculto, sendo escondido. Uma cor que provoca reação, sendo que poucas pessoas
tornam-se indiferentes diante do preto. Quando relacionado com a velhice é associado a
morte, a destruição e as trevas, dessa forma, quem usa negro é associado ao valor de traição
(SMITH, 2004, p.19).
Apesar da associação com a noite, Pedrosa (2014, p.116-117) ressalta que o negro
também pode ser considerado uma mudança de estado. A natureza possui um ciclo, onde a
noite é o fim e também um começo, onde representa o início de uma nova aurora. Portanto
não é sempre visto como um mau presságio, mas um a continuação originada da natureza.
Destaca-se por dar sentido negativo as demais cores com sentidos positivos (HELLER, 2000,
p.131). Sobre o efeito do preto com vermelho, Heller (2000) destaca :

O vermelho é o amor; mas vermelho com preto caracteriza seu oposto, o ódio. A
potencialização do ódio é brutalidade, selvageria, características que pertencem ao
acorde cromático preto-vermelho-marrom—logicamente, aqui o preto é ainda mais
intenso. Sempre que o preto estiver num acorde cromático, em companhia do
vermelho, do amarelo ou do verde, um sentimento negativo, uma característica
negativa será visualizada nele: amarelo-vermelho são as cores da alegria de viver-
mas se a esse acordo for acrescentado o preto – obteremos o acorde do egoísmo
(HELLER, 2000, p. 131).

Com o aumento da produção de roupas para a arte, ―o simbolismo do preto podia ser
usado com perversidade criativa suficiente para causar um efeito emocional‖ (HOLLANDER
citada por SMITH, 2004, p.23). O duque de Borgonha, Filipe, o Bom, foi um dos primeiros
de sua época no século XV a usar trajes caros totalmente negros para diferenciar-se de seus
empregado com indumentárias coloridas, dessa forma possuí uma aparência tanto pura quanto
associada à trevas, sendo representada em uma de suas pinturas. O duque era retratado em
uma festa com uma imagem elegante, porém podia ser associado como um bandido ou um
homem bom (SMITH, 2004, p.23-24). Hollander (2004) sugere que o crescimento do uso do
preto em retratos na Europa não tenha sido por acaso :
Com suas austeridade, o preto ressalta a singularidade de quem o veste. Usado num
retrato, enfatiza o individual em vez de alguma relação hierárquica ou familiar e,
portanto, sublinha as perspectivas humanistas do Renascimento (SMITH apud
HOLLANDER, 2004, p.24).

Devido à popularidade do preto que logo espalhou-se da França até à Espanha, a


aristocracia religiosa adota o preto como cor preferida. Considerado um dos corantes mais
13

caros daquela época, o negro era a cor mais usada pela burguesia holandesa que almejava ser
vista com a imagem de riqueza (SMITH, 2004, p. 24).
Smith (2004, p. 25) explica que no século XVI, o preto não se destacava mais. Logo,
a aristocracia, no século XVII, junto das classes médias, optavam pelo uso de cores mais
claras, enquanto o preto ganhava o significado de deselegância e respeitabilidade. No século
XIX, o negro simbolizava luto, porém logo passou a ser usado pelos românticos de pelo seu
efeito dramático. De acordo com Smith (2004):
O traje negro reforçava a imagem que os românticos tinham de si como almas
solitárias, sensíveis: nos postraits da época, rapazes de ar lânguido, cobertos de
negro, apoiavam-se, pensativos, num dos braços, dando a impressão de que
poderiam morrer tamanho era o pessoa de sua angústia. Os dandies da era
romântica foram os primeiros a usar traje a rigor de cor preta, um hábito que se
tornou indispensável para homens de todo tipo de temperamento. As origens
demoníacas desse costume, ainda podem ser encontradas em duas personagens que,
até hoje, vemos representada com traje a rigor: mágicos e vampiros (SMITH, 2004,
p.25) .

Durante o século XIX, as mulheres trajavam negro somente com valor de luto.
Diferente das indumentárias masculinas com tons de cores sóbrias, as mulheres que seguiam a
moda usavam roupas coloridas devido a criação de corantes com anilina, em 1850, destacando
a imagem decorativa das mulheres daquele tempo, pois ao contrário dos homens com
vestimentas escuras que se sujavam por causa da poeira da Revolução Industrial, as mulheres
usufruíam de tons vistosos, dentro de suas casas, onde não se sujavam (SMITH, 2004, p. 25).
Smith (2004, p. 26) ressalta que as vestimentas de montaria era a exceção no guarda-roupa
das mulheres da época, com significado sugestivos. ―Embora não fosse revelador, era justo.
Tendo se inspirado na sobrecasaca, e acompanhado de cartola, meia branca e chicote, era
também severo e ligeiramente andrógino― (SMITH, 2004, p. 26).
Em contraste com muitos tipos de pele, o preto delineava a silhueta. Dois anos e
meio era a duração do período do luto e como tradição, era usado ao longo do primeiro ano.
Algumas viúvas consideradas mais rigorosas vestiam com um tecido chamado de bombazina,
do qual era conhecido por não refletir a luz, e sim, absorve-la, ressaltando a imagem de severa
as viúvas(SMITH, 2004, p.26). Após esse traje, Smith (2004) explica que:
Desse traje austero, a viúva passava para roupas pretas com enfeites pretos e, por
fim, para tons esmaecidos, como cor de alfazema e cinza, atenuados ainda mais com
os acessórios negros. Comparadas com as novidade floreadas demais de grande
parte do século XIX, as roupas do luto podiam muito bem parecer bastantes
elegantes. E, ao contrário daquele outro grupo formado por mulheres inacessíveis e
moças solteiras, as viúvas não eram virgens. Elas eram do fruto proibido, mas
maduro. Algumas mulheres ousadas agarraram-se às possibilidades desse estilo
sedutor e começaram a usar preto quando queriam se mostrar particularmente
marcantes, estivessem ou não de luto ( SMITH, 2004, p.26).
14

No meio do século XIX, o preto era usado tanto em ocasiões formais quanto nas
industrias pela classe média. Suspeitava-se de que o preto não sujava com a poluição das
cidades industrias, no entanto ocorria o inverso. De acordo com Harvey (2003), poderia haver
outra explicação:
Saliente a sobriedade, como faziam os comentaristas de época, mas um outro lado da
questão muito relevante para o dândis, diz a respeito à atração sexual do preto.
Quem veste preto parece mais magro, realça o rosto, talvez sugira intensidade. A
elegância glamorosa, e vistosa dos muitos homens de preto – o ar de correção
absoluta de uns, de langor longilíneo e elegante de outros – é aparente em inúmeras
pinturas de bailes ou de passeios do século XIX (HARVEY, 2003, p.47).

Próximo do século XX, o preto era associado com a conotação de luto quando usado
por mulheres, principalmente viúvas. Porém, o mesmo não se aplicava aos homens que
usavam o negro. Inicialmente possuía o significado de pesar, da perda, da humilhação da
culpa, da vergonha, mas logo fora adotado não como uma cor, mas como uma expressão que
indicava posição, bens, autoridade (HARVEY, 2003, p. 12-13).
Por volta de 1900, era comum noivas usarem vestidos pretos longos ao invés de
branco. Noivas ricas trajavam vestidos de seda preta, que podiam ser reusados em festas e
celebrações após a cerimônia, enquanto o uso de tecidos pretos opacos era usado por noivas
mais modestas, podendo ser reutilizados para ir a cerimônias fúnebres ou a igreja (HELLER,
2000, p.140).
Mesmo com as perdas da Primeira Guerra Mundial, muitas mulheres abandonaram a
regra de luto de dois anos e meio e seguiram em frente. Com a aversão do luto, dois fatores
fizeram com que o preto fosse aceito: em quase todas as ocasiões, o uso do preto era
permitido, com roupas simples, devido ao número de trabalhadoras durante o período da
guerra. Para a confecção de um vestido em 1920, necessitava-se de quase dois metros de
tecido, diferente dos usado ao longo da guerra (SMITH, 2004, p. 28).
Smith (2004, p.29-30)diz que em 1929, após a quebra da Bolsa em Nova York, o
preto era visto de forma oportuna, destacando a aversão por roupas vistosas. Os trajes dos
anos 30 eram simples, sem frescuras e o preto adequava-se a imagem aceita na época.
Considerada uma das épocas mais importantes, nos anos 40 e 50, era comum ter um ou duas
peças pretas no guarda-roupa feminino. De acordo com Smith (2004):

Essa também era a época do uso intelectual e artístico da cor preta [...]. Nos cafés, e
nos campi das universidades, os beatniks compunham seu estilo Rive Gauche com
calças fuseau pretas e rímel espesso e negro. Como os românticos que os
antecederam, os que estavam às margem da sociedade nos anos 1950 usavam preto
como forma de espelhas seu estado interior (SMITH, 2004, p. 30).
15

Por não ser considerado uma cor, o preto apresenta um impacto diferente das cores.
Do medo da morte, surge o significado de autoridade. No sistema judiciário, os juízes usam o
negro como uma forma de autoridade e temor, pois não há elementos cromáticos, portanto o
preto predomina com intuito de expressar poder. Com a intenção de manter a ordem e não
apresentar elementos dinâmicos, a polícia também usava o preto nas vestimentas. No caso dos
juízes de futebol, a FIFA, implantou o uso de novas cores as vestimentas dos árbitros, pois
eram visto como uma forma extremamente autoritária em um esporte, dessa forma foram
implementada cores através de faixas, mantendo o preto como elemento principal, porém
amenizando seu conceito (GUIMARÃES, 2004, p. 92-93).
Apesar do preto não ser considerado fisicamente uma cor, no contexto da moda ―o
negro é uma cor completa‖ (BARTHES citado por HARVEY, 2003, p. 15). Assim como a
moda muda constantemente, seus significados também mudam. O negro era marcado de
diferentes modos para um indivíduo ou um grupo ao longo dos séculos. No folclore, o preto
servia como distinguir os jovens de velhos, casados, de solteiros. Porém valores simbólicos
muito fortes ainda permanecem. Diferenciando dos outros elementos cromáticos, tende a ser
uma moda que é antimoda, podendo ser também símbolo de mobilidade social (HARVEY,
2003, p.17-18).
Nas sociedades primitivas, um sinal preto ou uma mancha na pele era associado ao
mal, à morte, à doença, a feitiçaria, sofrimento, praga, poluição, pecado. Ao saírem em guerra,
os guerreiros desse grupo escureciam a pela na tentativa de parecer maiores ou intimidar os
inimigos. A associação do negro sempre é ligada a escuridão e principalmente a noite,
gerando medo do desconhecido, ou seja, daquilo que não pode ver e consequentemente, da
morte. No ocidente, passa a ter o significado de perigo. Na cultura ocidental, o preto-branco
são um complemento, aonde o branco significa imaturidade e o negro o sentido inverso. Do
século XI a. C até o século XVII d. C., uma túnica preta era usada pelos imperadores da
China, que quando encontrava seus ministros em reuniões formais, todos trajavam vestes
negras, entretanto os menos graduados vestiam branco. O uso do preto em funerais é uma
tradição antiga, usada em Roma ou na Idade Média, porém o significado de luto terá uma
interpretação diferente, onde o preto não desempenha seu papel de sofrimento pela morte do
falecido, mas a dor de estar vivo enquanto o ente querido já não está presente, dessa maneira o
preto age como uma forma de violência a dor do terror (HARVEY, 2003,p.53-56).
A cultura acerca do luto israelense é feita com trajes negros em forma de saco
enquanto cinzas são espalhadas sobre a cabeça, além do descuido físico representando o luto.
As cores alegres e adornos não são usados nessa ocasião. Em outras culturas os homens
16

deviam raspar seus cabelos e barbas como forma de luto, enquanto alguns povos deixar
crescer (HELLER, 2000, p.129).
Assim como o preto, o branco que é a ausência de cores é usado em lutos por ser
considerado uma não cor, dessa forma os tecidos não são tingidos, mantendo aspecto opaco e
simples para o funeral, como afirma Heller (2000):
O branco quer significar renúncia à própria vaidade. Se é o preto ou branco a cor do
luto, isso naturalmente é determinado também pelas ideias religiosas. Os primeiros
cristãos, acreditando na vida após a morte, usavam branco nos funerais, porque, pra
eles, a morte era a festa da ressureição. Também quando, como no budismo, a morte
é encarada como caminho para a perfeição, o preto nunca é a cor adequada para o
luto, mas sim o branco. No antigo Egito, a cor do luto era o amarelo, pois o amarelo
simbolizava a luz eterna. O luto é branco sobretudo entre os povos para quem o
preto é símbolo da fecundidade : se fecundidade é preta, a morte tem que ser branca
(HELLER, 2000, p. 129).

Os funerais da Europa, como afirma Heller (2000, p. 129), possuem diversas regras
para no que se refere as vestimentas. Somente é autorizado ao parentes mais próximos e
amigos usarem vestimentas negras. O restante das pessoas vestem-se com roupas em tons
escuros ou discretas como azul ou cinza. Adornos brilhosos ou exagerados e decotes pretos
não são usados nessa cerimônia, assim como roupas casuais como jeans e jaqueta de couro.
As polaridades branco e preto estão presentes nas religiões, presentes em missas,
onde o primeiro representa alegria e solenidade festiva, e o segundo, humildade, penitência e
luto(PEDRO citado por HARVEY, 2003,p. 59). Diante de várias controversas, surgem
paradoxos a respeito do negro, que é a ausência da cor que permite ao indivíduo escolher ou
não vestir, representando a perda e abnegação. Entretanto essa ausência pode ser conferida
como autoridade e poder para aqueles que são considerados não-abnegados, adicionando
sentido de santidade (HARVEY, 2003,p. 62). Sobre o simbolismo do preto, Smith (2004)
afirma que:
O preto é uma cor carregada de simbolismo – expressões como ―coração negro‖,
―magia negra‖ e ―chantagem‖ sugerem conotações obscuras. O preto é a cor do
pecado e do sobrenatural. Mas também a cor do ascetismo, usada pelos piedosos e
pelos eruditos: padres, freiras, estudiosos, eremitas e advogados, todos eles,
tradicionalmente, protegem-se enfarruscados em suas profundezas (SMITH, 2004,
p.22).

O tingimento do preto, como afirma Heller (2000, p.134) era mais do que o
tingimento de cinza ou marrom, portanto o preto tornou-se favorito em ordens monásticas
[...]. Como a Igreja é conservadora, a cor do clero é também a cor dos conservadores, ou seja,
quem ‗votar no preto‘, também vota nos conservadores. Em Meca, o Kaaba é um objeto
sagrado preto. Inicialmente a pedra era branca e foi se enegrecendo com o pecado dos
homens, sendo conhecida como Pedra Negra.
17

Apesar da associação com demônios, o preto era usado como uma forma de afastar
essas criaturas. Heller (2003) explica:
Na simbologia cromática cristã, o preto é a tristeza pela morte terrena; o cinza
simboliza o juízo final e o branco é cor da ressurreição. Por isso a cor dos trajes dos
que estão enlutados é o preto; no entanto, a cor dos mortos é o branco, pois eles
devem ressuscitar. A morte é frequentemente retratada pelo ceifador cruel, que se
veste com um manto preto, caso tenha sido enviado dos infernos para buscar um
pecador; mas que, caso tenha sido enviado por Deus, estará vestido de branco
(HELLER, 2000, p.129).

Harvey (2003, p.289) afirma que o preto contemporânea não possui o papel de
limitar traços masculinos e femininos, já que as mulheres vestiam-se de branco pelas regras
impostas pela sociedade, dessa forma, o negro na mulher não é mais visto como a cor
designada para lutos, mas recebe o sentido de confiante, sério e poderoso, além de ousadia,
seriedade e força sexual.
Ao usar um vestido preto, a sociedade pressupõe que uma mulher tem características
de ser sensual, além de ser experiente e requintada. Ao usar cores claras, ela é vista como
sendo passiva, enquanto de preto, está atribuindo a imagem de alguém que segue as próprias
regras (SMITH, 2004, p. 20).
As cores dos aparelhos eletrônico se tornaram pretos como televisores, câmeras
fotográficas, aparelhos de som e relógios de pulso. Para que o objeto possa se destacar, as
cores devem ficar em segundo plano, ou seja, um objeto comum é aquele que terá mais cores
apresentado (HELLER, 2000, p. 150).

2.5 SEMIÓTICA E APARÊNCIA

Harvey (2003, p. 15) explica que o significado das roupas não é semelhante ao
significado verbal, pois o conceito presumido de uma pessoa é de que já se sabe o que o
indivíduo quer dizer, ou seja, dessa forma ele constrói com suas palavras. O conteúdo das
roupas passa a ser associado ao que a pessoa constrói com suas colocações, portanto não
possui um sentido único onde poderá ser encontrado em livros, revistas ou mesmo
dicionários, diferente dos significados verbais. Além disso, qualquer será criado um
significado de acordo com o indivíduo que está usando as roupas e a cor. O autor ainda
questiona:
Existe uma inescapável ―multivalência‖ no vestir : e isso é especialmente verdadeiro
em relação ao ―significado‖ das cores, que são facilmente mal interpretadas – como
no caso da cor vermelha. Ela é politicamente ativa, ou sexualmente convidativa, ou
simplesmente alegre, ou talvez zangada? (HARVEY, 2003, p. 15).
18

2.6 DENIFINIÇÃO DE SUBCULTURA

Ao se referir a cultura conforme a sociologia, Kipper(2008, p. 10) explica : ‖ é um


todo complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras
capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade ‖. Contudo, a subcultura
provém de uma parte da cultura, da qual pode haver diferença de valores, crenças e padrões
de comportamento aplicados a uma parte da população. A tradição gaúcha pode ser
identificada como subcultura, uma vez que esse grupo faz parte da cultura brasileiro,
entretanto possui seus costumes e tradições. O autor complementa ―Uma cultura paralela à
Cultura Oficial, que não combate a cultura oficial, mas também não a aceita. Uma subcultura
busca construir um universo a parte, que faça sentido para seus membros, integrando música,
pintura, comportamento, etc‖ (KIPPER, 2008, p. 31).

2.7 GÓTICOS

A palavra ‗Gótico‘ tem origem do adjetivo ‗Gothic‘ em inglês, com significados que
remetem a: vitoriano, misterioso, sombrio, onírico, macabro, amedrontador etc. A subcultura
gótica teve origem na Inglaterra, na passagem dos anos 70 a 80. A palavra ‗Goth‘ obteve
essas características devido a um movimento literário chamado Romantismo, entre os séculos
XVIII e XIX, relacionado com o romance gótico, que ajudaram a construir a imagem de
sombrio, misterioso e fantasmagórico (KIPPER, 2008, p. 30).
Devido a imagem criada pela mídia e outros meios de comunicação, os góticos são
vistos de forma equivocada e preconceituosa, onde esses indivíduos são definidos como
pessoas doentes ou obcecadas pela morte. O conceito de morte em si envolve
questionamentos que abordam a vida e rotina do seres humanos, porém cada vez mais existem
meios de ‗afastar a pessoas dessa reflexão. Os velórios deixaram de ser na casa dos familiares
e passaram a ser realizados por empresas privadas que ‗preparam‘ o corpo para a cerimônia,
por exemplo. Dessa forma, a sociedade distancia-se mais da morte e valoriza a vida (KIPPER,
2008, p. 16-17). Kipper (2008) explica qual a razão de alguns góticos frequentarem
cemitérios:
Não, não existe nenhuma lei que diga que você tem que ir ao cemitério ou gostar de
cemitérios para ser Gótico. Mas na subcultura e na música Gótica/Darkwave estão
muito presentes as temáticas da fugacidade da vida, da morte como algo que está
presente o tempo inteiro dando significado a existência, do carpe diem, etc, então a
atração pelos cemitérios acontece muitas vezes, seja para refletir sobre o sentido da
vida ou para zombar da morte. Enquanto podemos...Além disso, muitos Góticos (e
não-Góticos também) apreciam a Arte Tumular (KIPPER, 2008, p. 35).
19

Os visuais não fazem parte de um padrão, onde o indivíduo deve usar tal objeto para
integrar-se a subcultura, uma vez que o gótico possui diferentes estilo como deathrock ou
batcave, além disso o predomínio do preto, outras cores podem ser adicionadas aos visuais
dependendo do estilo, como o cyber goth que usam cores como verde limão e o rosa .
(KIPPER, 2008, p. 48). Sobre a subcultura, de acordo com Kipper (2008, p. 53), ― a
―colagem‖ com elementos estéticos de outras culturas relacionadas indica exatamente uma
forte consciência dos padrões estéticos de cada uma dessas subculturas, pois estes elementos
de ―outras‖ subculturas são usados frequentemente como ―detalhes‖. Dessa forma, o
surgimento de estilos dentro do góticos provém de elementos absorvidos por outras grupos.
No Brasil, em São Paulo, nos anos 80 houve o surgimento do Dark , além do Indie, que
misturavam elementos punk, new wave e new romantic. No final da década de 90, outros
características vindas da música foram absorvidas, como alguns detalhes das estética cyber e
dos visuas das cenas ‗rave‘ou dance-clubs, assim como cabelos ou aplique coloridos, calças,
tops ou outras peças sensíveis a raios ultra-violeta etc (KIPPER, 2008, p. 53). Sobre essa
mistura de estilos, Hodkison afirma:
Apesar de consistir de numerosos elementos agrupados de diferentes fontes e em
diferentes estágios, existia um estilo gótico diferenciado e bem discernível, o qual se
manifestava consistentemente de um indivíduo para o outro, de um lugar para o
outro e de um ano para o seguinte (KIPPER apud HODKISON, 2008, p. 54).

No século XXI, no Japão foram originados novos visuais em virtude da


popularização do pos-punk, o Gothic Lolita e o Visual Kei (KIPPER, 2008, P. 54).
Os góticos valorizam sua cultura rejeitando o consumismo e materialismo do século
atual. Consideram a poesia e outras artes como elementos importantes, além das vestimentas
vistas como uma forma de fuga onde as peças do vestuário são interpretadas como
‗exageradas‘ e ‗ inúteis‘, havendo uma distanciamento do considerado funcional e prático
valorizando o artístico. O ‗saudosismo‘ e a busca pelo perene de durável é uma maneira de
rejeição a sociedade atual que valoriza o consumismo de coisas novas e descartável (KIPPER,
2008,p. 57-58).
Kipper (2008, p. 62) ressalta a que mídia estereotipa a subcultura gótica, criando
características que não são próprias desse grupo e gerando preconceitos ao afirmarem que os
góticos são: deprimidos, mau-humorados, suicidas, obcecados por cemitérios e que prezam o
sofrimento.
A subcultura gótica é laica, mesmo usando símbolos presentes em religiões como o
crucifixo, possui outro significado, como afirma Kipper (2008):
20

Qualquer citação neste sentindo é encontrada no sentido metafórico ou poético. Por


exemplo: o crucificado como símbolo de sofrimento sentimental, ou o demônio
como símbolo das tentações, o anjo caído como símbolo da perda das ilusões e
utopias, etc (KIPPER, 2008, p. 73).

Figura 1 : Gótica usando crucifixo

Fonte:Idea Girl Consulting.Wordpress, 2009

2.7.1 Gótico Clássico ou Pós-punk

Visuais adotados nos anos 80 por bandas como The Cure, Bauhaus, Siouxsie and The
Banshees, além de outras. Alguns elementos característicos são vestimentas ou visuais com
sobreposições influenciados pelo New Romantic e Pos-punk/new wave, com maquiagens
marcadas e cabelos armados (KIPPER, 2008, p. 62).

Figura 2: Gótico Clássico ou Pós-punk

Fonte: Corvinuos Style Blogspot, 2015


21

2.7.2 Victorian Gothic ou Gótico Romântico

Visuais que buscam pegar traços antigos da época vitoriana, sendo usados como
antigamente ou reconstruindo, usando materiais ‗futuristas‘ como látex ou couro. (KIPPER,
2008, p. 62).
Figura 3: Victorian Gothic ou Gótico Romântico

Fonte:Goth Types Wikia

2.7.3 Coldwave/Darkwave Gothic

Costumam usar visual preto, porém mais discretos com maquiagens mais leves ou
nenhuma (KIPPER, 2008, p. 62).

Figura 4: Banda Lacrimosa, Coldwave/ Darkwave Gothic

Fonte: Wallpaper Up
22

2.7.4 Cyber Góticos

Estilo baseado em restos industrias com itens de neon, além de máscaras de gás e
apliques coloridos pseudos cibernéticos. Assemelha-se ao Deathrock com elementos futuristas
e ainda tem a cor preta como base (KIPPER, 2008, p. 62-63).

Figura 5: Cyber Góticos

Fonte: Goth Types Wikia

2.7.5 Deathrock Góticos

Visual do Gótico Clássicos ou Pos-Punk com exagero de sobreposições, texturas,


tecidos, meias rasgadas ou reutilizadas, além de maquiagens agressivas ou surreais. É
influência pelo clima circense/teatral (KIPPER, 2008, p. 63).
Figura 6: Deathrock Góticos

Fonte: Ultimate Goth Guide Blogspot


23

2.7.6 Medieval ou Ethereal

Adotado mais por mulheres diferenciando-se do luto do estilo Vitoriano pelo uso de
visuais medievais recriados ou com características de ninfas ou fadas, podendo usar itens
coloridos e longos vestidos (KIPPER, 2008, p. 63).

Figura 7: Medieval ou Ethereal

Fonte: Maria Amanda Devianart

2.7.7 Circus-Cabaret-Vaudeville

Vestimentas e maquiagens de Cabaret ou Circo modificadas como se pertencessem


ao teatro de Vaudeville (KIPPER, 200, p. 63).

Figura 8: Circus- Cabaret-Vaudeville

Fonte: Jubs Diamond Blog


24

2.8 SIGNOS E SEMIOSE

Os signos são divididos em dois segmentos, são eles : o significante e o significado.


De acordo com Sausarre, os significante refere-se ao segmento físico dos signos, dentre eles a
forma das palavras ou os sons. Enquanto o significado se refere ao conceito mental daquele
para o significante (BARNARD, 2003, p. 122). Quando unidos, são denominado signo e
Barnard (2003) explica que:

O som que é feito quando se fala a palavra ―camisa‖ é um significante. Ele substitui
ou representa um item de roupa masculina. O item de roupa masculina é o
significado. A forma escrita de ―camisa‖ também substitui ou representa esse item
da indumentária masculina. E novamente, o item da indumentária masculina é o
significante. Nem a forma falada, nem a escrita são a camisa, não se parecem nem
soam como a camisa, mas são usadas para significar, para substituir ou representar a
camisa (BARNARD, 2003, p.122).

Signo é definido como ―algo que representa para alguém em algum aspecto ou
capacidade‖ (PINTO, 1995, p. 50). Quando uma pessoa cria um signo denomina-se
interpretante, e quando o signo representa algo é chamado objeto. Desta forma, quando
alguém determina uma outra coisa, o interprete é visto como um signo. Barnard (2003, p. 123)
exemplifica ―seguindo essa explanação, tecidos e têxteis, assim como roupas e partes de
roupas, podem ser signos. Ensembles, coleções e imagens também podem ser considerados
como signos‖. Uma pessoa pode interpretar um signo da sua maneira, porém um signo já
possui um sentido, portanto ela não pode tirar o valor existente para substituir pelo que ela
acredita ser.). O signo não inquestionável, podendo ser interpretado de outras formas se
tratando de aspecto ou capacidade, ― se qualquer coisa pode ser um signo, então nenhum
signo é só signo, o que contradiz um certo tipo de pensamento semiológico que consiste em
pensar que o signo como apenas signo‖ (RANSDELL citado por PINTO, 1995, p.51).
De acordo com Barnard (2003, p. 121), o mesmo objeto quando usado de formas
diferentes, substitui ou representa o significado de algo:

Para ser mais precisos, eles podem ser considerados e analisados como significantes,
como substituindo ou representando uma outra coisa. Por exemplo, um colarinho de
homem, usado aberto e sem gravata, pode ser explicado como significante. Pode
significar informalidade ou displicência; não é, ele mesmo, nenhuma dessas coisas,
mas as substitui ou representa. Displicência então é o significante aqui. O mesmo
colarinho, se usado fechado e com uma gravata, também pode ser analisado como
um significante. Ele substitui ou representa formalidade ou elegância, e estas seriam
o significado (BARNARD, 2003, p.121).
25

Quando o conhecimento sobre determinado código é conhecido, ele passa a ter um


significado, como o colarinho fechados ou abertos. Um código é compreendido como um
grupo de normas compartilhadas que unem significados a significantes, ou seja, caso um
indivíduo não conheça o código, poderá não compreender o significado que um significante
específico está compartilhando. Quando um bebê está usando sapatos rosa, entende-se que se
trata de uma menina, enquanto a cor azul seria um menino. Porém as cores não tem nenhum
sexo mas são usados para significar ou representar o sexo do bebê (BARNARD, 2003, p.
121). Sobre o significante e significado ―a idéia de que a relação entre o significante e o
significado é arbitrária quer dizer que não existe uma relação natural ou concedida por Deus
entre os dois‖ (SAUSUARE citado por BARNARD, 2003, p.131). A relação de significante e
significado pode ser exemplificada por Barnard (2003) como:

Por exemplo, é a relação entre a palavra, escrita ou falada, ―camisa‖ e a peça de traje
masculino significada. As palavras escritas ou faladas ―skirt‖ ou ―shift‖ poderiam
ser encarregadas de significar o item de roupa masculina tão bem quanto ―shirt‖.
Nem é a relação resultado de escolha individual. Não se pode usar o significante
―skirt‖ou ―shift‖ para representar o item da roupa masculina sem que sejamos
continuamente corrigidos ou eventualmente encarcerados. De modo similar, não
existe relação natural entre a cor rosa e o sexo feminino. Azul, vermelho ou qualquer
outra cor poderia ser usado para denotar o feminino. Nem é a relação uma questão
de escolha individual; muitos homens sentem-se constrangidos de usar cor-de-rosa
porque reconhecem as conotações de efeminado ou gay da cor, e não desejam
parecer nenhuma das duas coisas (BARNARD, 2003, p.131).

Ao se referir o que é um signo, é necessário haver um acordo social sobre o que


significa entre os signos, se possuem sentido ou não. Dessa forma, um indivíduo não pode
escolher o significado de uma cor sem que haja um acordo social acerca do tema. A palavra
‗camisa‘ poderia ser substituída por qualquer outra desde que a representação da peça fosse
adequada (BARNARD, 2003, p. 132). O significado só pode ser representado quando a um
acordo, como explica Barnard (2003):

Os sentidos das coisas são produtos da diferença ou da relação entre os signos.


Como diz Saussure, ―na linguagem, como em qualquer sistema semiológico, o que
quer que seja que distinga um signo do outro ou constitui‖, só há diferenças ― sem
termos positivos‖. Além disso, os sentidos são produto do acordo social, são o
produto da negociação entre as duas pessoas. Há duas espécies de diferenças, duas
maneiras pelas quais um signo difere de outro signo. Existe a diferença
―sintagmática‖ e a diferença ―paradigmática‖ (BARNARD, 2003, p. 132-133).

Quando a diferença entre um objeto pode vir antes ou depois de outros, é


denominado diferença sintagmática, enquanto a substituição de um objeto por outro é
chamado de diferença paradigmática. Enquanto a diferença sintagmática refere-se a todos os
significantes ou a sequência estruturada ou não à partir de signos, a diferença paradigmática é
26

relacionada aos conjuntos que são selecionados entre os signos (BARNARD, 2003, p. 133) .
A organização entre a diferença sintagmática e paradigmática pode ser exemplificada por
Barnard como:
Um cardápio é o exemplo comum e o mais claro de como funcionam esses dois tipos
de diferença. Diferença sintagmática é a diferença entre os pratos, enquanto que a
diferença de paradigmática é a diferença entre os itens no interior dos pratos. Assim,
a diferença sintagmática determina que, para maioria das culturas européias
ocidentais, o prato principal é comido antes do doce, mas depois da entrada
(BARNARD, 2003, p. 133).

A entrada do coquetel é a diferença paradigmática que indica o que será usado,


enquanto sintagmática refere-se a ordem. O grupo dos itens escolhidos para a entrada do
coquetel é considerado o paradigma (BARNARD, 2003, p.133).

2.9 PRECONCEITO

Com a característica de persistir, as atitudes podem ser tanto positivas quanto


negativas quando se referem a grupo ou objeto do qual alguns indivíduos discordam ou não
em seus julgamentos. A atitude pode ser explicada como ― uma predisposição relativamente
duradoura de crenças sobre um objeto ou situação, que leva as pessoas a responder de maneira
preferencial ‖ (ROKEACH citado por WHELDALL, 1976, p. 97). Dessa forma, com base nos
‗fatos‘ que o indivíduo conhece sobre uma pessoa ou um grupo de pessoas, suas atitudes
podem ser positivas ou negativas, portanto sua antipatia pode se manifestar em sem modo de
agir perante esse grupo ou pessoas (WHELDALL, 1976, p. 97).
Chama-se conhecimento dos ―fatos‖ por parte de uma pessoas componente
cognitivo. O vocábulo cognitivo refere-se ao processo de pensar e, assim, esse componente
reflete a avaliação intelectual do objeto pela pessoa. Alguns psicólogos preferem chamar esse
aspecto de crença. Os ‗fatos‘ de uma pessoa, refere-se ao seus pensamentos, ou seja, em sua
avaliação de um indivíduo. É denominado por alguns profissionais como crença. O segundo
aspecto é destinado ao afetivo, sendo caracterizado pelos sentimentos e emoções da pessoa.
Portanto, caso uma pessoa acredite em um informação que afirme que um determinado grupo
tem um comportamento específico de que esta pessoa desaprove, terá antipatia por esse grupo
(WHELDALL, 1976, p. 98). Sobre os julgamento, Wheldall explica:

Tratamos antes da apreciação de convicções de se uma coisa era boa ou má, verdade
ou falsa etc. Agora vamos ocupar-nos com o gostar ou não gostar, aprovação e
desaprovação. Esses julgamento afetivos são muito influenciados pelos valores de
uma pessoas suas convicções de como se deve ou não comportar (WHELDALL,
1976, p. 98).
27

O terceiro aspecto que se refere ao comportamento do indivíduo é denominado


amiúde. Trata-se do que a pessoa faz, seu comportamento em frente ao objeto, ao invés do
que crê ou sente, caracterizando-se por ser ou não verbal (WHELDALL, 1976, p. 99). O que
um indivíduo faz e o que diz possui significados diferentes como afirma Wheldall (1976, p.
99) ―Um fanático poderia dizer que odeia os paquistaneses ou de fato envolver-se em
―esmagar os paquistaneses‖. É uma descoberta comum, porém, que o que as pessoas dizem e
o que fazem, de fato, diferente muito‖. Sobre cultura, Wheldall explica:

Existe uma relação idêntica entre os conceitos de atitude e cultura. A cultura


consiste num grupo de convicções e valores, que estão enraizados de modo tão
profundo nas tradições de uma raça ou credo, ou qualquer outro grupo duradouro de
pessoas, que existem independentemente das diferenças individuais entre os
membros. Se isso é assim, seria irrelevante afirmar que um católico devoto que você
conhece, tem, às sextas-feiras, uma atitude negativa em relação à carne e uma
positiva em relação ao peixe. Todavia, as culturas podem influenciar, e influenciam
mesmo, as atitudes de uma pessoa em áreas não especificadas pela cultura
(WHELDALL, 1976, p. 101).

Quando é atribuídas características idênticas para um grupo, mesmo quando seus


integrantes não são iguais, chama-se ‗estereotipar‘. Dessa forma, quando é dito que os judeus
são materialistas, entendem-se que todos os judeus são gananciosos. Estereotipar pode ser
como identificar uma informação desconhecida com facilidade, como ‗ motorista de táxi‘ de
Nova York, do qual algumas pessoas já tem em mente devido a imagem que filmes
americanos apresentam sobre esse grupo. No entanto, estereotipar pode ser um problema
quando não é possível diferenciar as características de um grupo através de boatos falsos ou
imagens criadas de formas indevidas por meios de comunicação, gerando preconceitos
justificados e cruéis sobre tal grupo (ARONSON, 1986, p. 179). O autor exemplifica:

É útil julgar os negros ou chicanos como estúpidos, se isso justifica privá-los de uma
educação, e é útil julgar as mulheres como biologicamente predispostas a serviço
doméstico, quando queremos mantê-las ligadas ao aspirador elétrico. Em tais casos,
estereotipar é abusivo. Deve-se salientar ainda que estereotipar pode molestar o alvo,
ainda que o estereótipo possa parecer neutro ou positivo (ARONSON, 1986, p. 179).

Aguiar (2015, p. 25) explica nos primeiros dez segundo, na imagem de uma pessoa,
todas as informações dessa pessoa são baseadas em sua aparência. De acordo com alguns
estudos, Aguiar (2015) afirma que:

Estudos indicam que 55% da primeira impressão que as pessoas têm de você é a
baseada em sua aparência e ações, 38% em seu tom de voz e 7% no que diz,
demonstrando assim que somos criaturas visuais. Nos primeiros dez segundos você
estará sendo julgado quanto à classe social, à situação financeira, à personalidade e
ao nível de sucesso. Essas impressões ditam como será a interação com a pessoa
28

julgada: se positiva, aceitamo-la, mas, se negativa, a tendência é fechar a porta para


ela (AGUIAR, 2015, p.25).

Ao ser apresentado a um estranho, Goffman (1988, p.12) afirma que aspectos como
atributos e identidade social desse indivíduo, ou seja status social, são analisados. O resultado
dessa análise são correspondentes as expectativas e exigência de quem o avalia de forma
rigorosa, procurando descobrir se essa pessoa atende a suas exigências ou não de maneira
efetiva. A identidade social e virtual é descrita por Goffman (1988) como:

Assim, as exigências que fazemos poderiam ser mais adequadamente denominadas


de demandas feitas ―efetivamente‖, e o caráter que imputamos ao indivíduo deveria
ser encarado mais como uma imputação feita por um retrospecto em potencial – uma
caracterização ―efetiva‖, uma identidade social virtual. A categoria e os atributos
que nele, na realidade, prova possuir, serão chamados de sua identidade social real
(GOFFMAN, 1988, p. 12).

O termo estigma é associado ao componente depreciativo que está ligado a uma


linguagem de relação em si, e não aos atributos. Portanto, o estigma pode ser depreciativo
para um indivíduo ou não (GOFFMAN, 1988, p. 13). O estigma como Goffman (1988, p. 14)
explica é separado em três partes. O primeiro trata-se de deformações físicas, o segundo
refere-se ao caráter individual da pessoa, paixões não naturais ou tirânicas, desonestidade,
falsas crenças [...], e a terceira refere-se a nação, religião e tribais de raça que podem passar
por linhagem e influenciar seus descentes através de membros de uma família. Sobre um
indivíduo estigmatizado, Goffman explica:

Em todos esse exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos


tinham em mente, encontram-se as mesmas características sociológicas : um
indivíduo que poderia ter sido facilmente recebido na relação social quotidiana
possui um traço que pode-se impor à atenção e afastar aqueles que ele encontra,
destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus. Ele possui um
estigma, uma característica diferente da qual havíamos previsto. Nós e os que não se
afastavam negativamente das expectativas particulares em questão serão por mim
chamados de normais.

Dessa maneira, Goffman (1988, p.15) é criada uma explicação sobre esse estigma
para justificar a inferioridade e o que ela representa, baseando-se diferenças como classe
social. Alguns termos são utilizados para nomear a pessoa com o estigma como retardado,
bastardo, aleijado, no entanto sem pensar qual o sentido original da palavra.
29

3 ANALISE

3.1 ENTREVISTA COM NÃO GÓTICOS

Esta pesquisa tem como objetivo verificar se pessoas não góticas tem preconceito
com a subcultura gótica, qual sua reação quanto a cor usada no vestuário e seu ponto de vista
em relação a simbologia associada ao preto. O questionário foi realizado com oito pessoas que
não se consideram góticas. Seis são do sexo feminino e somente dois são do sexo masculino.
Os entrevistados tem entre vinte e dois a sessenta anos.
Na primeira pergunta, quando questionados se alguma imagem abaixo gerava
estranheza:

1) 2)
Cinco entrevistados responderam que sim. Dois entrevistados afirmaram que a
segunda imagem gerava mais desconforto enquanto três afirmaram que as duas imagens
geravam estranheza. Os outros três questionados afirmaram que as duas imagens eram
normais. As duas figuras foram definidas como chamativas, enquanto a segunda era
considerada mais pesada por causa da cor e das botas pela entrevistada 2.
A resposta de que a segunda imagem é mais chamativa, fora dos padrões
considerados normais, é explicada por Smith (2004, p. 19) que diz que o preto provoca uma
reação, onde poucas pessoas agem com indiferença diante dessa cor. Enquanto a segunda
palavra convém com o que Guimarães (2004, p. 24) dizia, que ao se tratar de sensações, cada
cor possui um grau de refringência diferente, causando diferentes relações de profundida e
quando a cor é recebida por um indivíduo, causa a sensação de impressionar, expressar e de
construir uma informação.
30

No que se refere a sensação de ‗pesado‘ que o preto causa, é explicado por


Guimarães (2004, p.81) que as cores não possuem uma temperatura física, porém devido aos
valores e linguagens dos códigos sociais, o azul é considerado frio e o amarelo associado ao
calor. Os entrevistados que afirmaram ver as duas imagens com normalidade podem ser
explicados pela afirmação de Farina, Perez e Bastos (2011, p. 25), de que uma pessoa pode
mudar sua postura sobre as cores por fatores como lugar em que vivem, a educação, idade ou
cultura.
Quanto a opinião sobre pessoas que se vestem como na figura abaixo:

Três afirmaram normalidade, porém a entrevistada 3 ressaltou que não se vestiria


daquela forma e o entrevistado 8 afirmou que o item verde no cabelo da moça foi o que mais
gerou estranheza. O restante relatou ser diferente sendo justificado por Harvey (2003, p. 15)
ao dizer que o significado das roupas não é semelhante ao verbal [...], pois a informação
passada por uma pessoa é construída com suas colocações, não sendo encontrada em livros,
revistas ou dicionários. O autor ainda questiona sobre a ambiguidade dos significado nas
cores :
Existe uma inescapável ―multivalência‖ no vestir : e isso é especialmente verdadeiro
em relação ao ―significado‖ das cores, que são facilmente mal interpretadas – como
no caso da cor vermelha. Ela é politicamente ativa, ou sexualmente convidativa, ou
simplesmente alegre, ou talvez zangada? (HARVEY, 2003, p. 15).
No terceiro questionamento sobre qual das maquiagens eles preferem e se alguma
gera desconforto:
31

1) 2)
Duas entrevistadas afirmaram gostar das duas imagens e que nenhuma delas gera
desconforto, enquanto o restante afirmou gostar mais da primeira imagem e sentirem
desconforto com a segunda imagem pelo uso somente do batom preto, ressaltando estar
indiferente com o resto do look exceto pelo batom, os entrevistados 8 e 3 afirmaram ser
chamativo, concordando com o que Guimarães (2004, p. 24) explica no primeiro
questionamento.
Dos oito entrevistados, quando questionados sobre o significado do preto para o
entrevistado, somente a entrevistada 3 atribui um valor de luto ao preto, como explicado por
Sophia (2011, p. 120-121) possui valor negativo e quando associado a religiões ou crença,
seu simbolismo varia. Na tradição cristã simboliza a morte [...]. O restante trata a cor com
normalidade.
Na quinta questão, quando foram questionados se possuíam roupas pretas, e se sim,
quais eram, somente a entrevistada 3 disse que não possui muitas roupas pretas e explicou a
causa por ter peso de luto, devido a uma situação da qual sua mãe a fez usar roupas pretas no
velório de seu pai, sendo explicado por Sophia (2011, p. 120-121) anteriormente.
Os entrevistados afirmaram desconhecer a informação de que o preto em algumas
culturas tem significados de morte trevas e mau na questão seis, somente o simbolismo de
morte associado a cor preta. A entrevistada 3 novamente relatou sua situação e afirma que
isso a fez, talvez involuntariamente, optar por usar roupas mais coloridas ao invés de preto.
Na sétima questão em que foram questionados sobre o uso do preto em alguma
cerimônia simbólica, todos afirmaram já ter ido em alguma cerimônia vestindo preto. Todos
ressaltaram que se sentiam normais ou elegante, relacionando-se com o que Sophia (2011, p.
120-121) destaca ao dizer que na moda, uma cor que facilita a composição de cores, podendo
apresentar o valor de honra ou mesmo sofisticação. Concordando com a afirmação de
Rosseau (1980, p. 98), ―Às vezes, tem conotação de nobreza, seriedade e elegância‖.
Na oitava questão se os entrevistados já tinham ouvido falar sobre o que é gótico,
todos afirmam já ter ouvido sobre o que é gótico, porém não pesquisam acerca do assunto.
32

Responderam somente que são pessoas que se vestem de preto e usam maquiagem preta. Essa
informação pode ser explicada por Kipper (2008, p. 48), pois os visuais usado por um gótico
não fazem parte de um padrão para que o indivíduo possa se adequar a subcultura, já que o
gótico possui outros estilos como o batcave ou mesmo deathrock. Apesar do predomínio da
cor preta, outras cores podem ser adicionados como verde limão ou rosa, usado pelos cyber
goth. Sobre o comportamento dos góticos, o autor explica:
Os góticos valorizam sua cultura rejeitando o consumismo e materialismo do século
atual. Consideram a poesia e outras artes como elementos importantes, além das
vestimentas vistas como uma forma de fuga onde as peças do vestuário são
interpretadas como ‗exageradas‘ e ‗ inúteis‘, havendo uma distanciamento do
considerado funcional e prático valorizando o artístico. O ‗saudosismo‘ e a busca
pelo perene de durável é uma maneira de rejeição a sociedade atual que valoriza o
consumismo de coisas novas e descartável (KIPPER, 2008,p. 57-58).

Na última pergunta sobre qual dos modelos os entrevistados menos gostaram:

1) 2)

3) 2)
O vestido preto não foi escolhido. Dos entrevistados, dois afirmaram não gostar de
algum modelo, enquanto cinco gostaram de todos e somente o entrevistado 8 justificou não
gostar da cor da imagem D, pois associava a combinação ao time de futebol, Flamengo. O
signo associado ao time é explicado por Barnard (2003, p. 123) tecidos, roupas e podem ser
signos. Ensembles, coleções ou imagem podem ser também considerados signos. Portanto,
uma pessoa pode interpretar um signo da forma que quiser, porém ela não pode tirar o valor
daquele signo pelo o que ela acreditar ser.
33

3.2 ENTREVISTA COM GÓTICOS

A entrevista tem como objetivo verificar se os góticos sofrem preconceitos devido a


cor de seu vestuário, a simbologia associada e seu ponto de vista sobre como é estar associado
a essa subcultura. O questionário foi realizado com uma gótica, de vinte um anos, que reside
no Paraná e está cursando design de moda.
Na primeira questão quando questionada o que fez com que se tornasse gótica,
mencionou usar diversas roupas preta, ouvia músicas presentes na subcultura, e logo
identificando-se como gótica até de se considerar como integrante dessa subcultura. Sua
iniciação a subcultura pode ser definida por Kipper (2008, p. 53) como uma colagem, com
características visuais de outras culturas que estão relacionadas nas características estéticas
que apresentam forte indícios de padrões estéticos que identificam essa subcultura. Portanto, a
aparição de estilos dentro do gótico provém de características absorvidas desse grupo. Sobre
os estágio de um gótico para outro, Hodkison afirma:

Apesar de consistir de numerosos elementos agrupados de diferentes


fontes e em diferentes estágios, existia um estilo gótico diferenciado e bem
discernível, o qual se manifestava consistentemente de um indivíduo para o outro, de
um lugar para o outro e de um ano para o seguinte (Hodkison apud KIPPER, 2008,
p. 54).

Ao ser questionada sobre o que é gótico, no segundo questionamento, explicou


acreditar ter sensibilidade artística, além de uma forma de expressão, descrito por Kipper
(2008, p. 57-58) como valorização da sua cultura, negando o consumismo e o materialismo do
século XXI. A poesia e outras artes são consideradas características importante, incluindo as
roupas interpretadas por outros indivíduos como escapismo ou fúteis. Dessa forma, visam
valorizar o artístico, distanciando-se do funcional.
Na terceira questão sobre qual a reação das pessoas no início, explica que usava
roupas pretas não todos os dias, mas ao longo suas vestimentas passaram a ter elementos mais
característicos da subcultura até ela se considerar gótica. O uso do preto pode ser explicado
por Smith (HOLLANDER apud SMITH, 2004, p. 24) ―Com sua austeridade, o preto ressalta
a singularidade de quem o veste‖.
A entrevistada menciona haver uma pequena implicância entre familiares e
conhecidos próximo, porém menos em comparação quando identificou-se como gótica. Ela
complementa que percebe olhares estranhos, mas justifica ser uma cidade pequena em que as
pessoas não estão acostumadas com estilos alternativos. De acordo com Sophia (2011, p. 120-
121) é comum o uso de cores em zonas rurais ao invés da cor preta, enquanto a cor pode ser
34

considerada característica de centros urbanos, onde as pessoas tendem a ser mais distantes e
individuais. A respeito da informação equivocada acerca de um gótico pode ser explicado por
Kipper (2008, p. 16-17) o código criado pelos meios de comunicação, assim como a mídia,
são vistos preconceituosamente, sendo definidos como pessoas doentes ou obcecadas pela
morte.
Na quarta questão, sobre qual a reação da pessoas hoje e se há alguma diferença,
afirmou novamente reparar olhares estranhos, como explicado anteriormente por Sophia
(2011, p. 120-121).
Na quinta questão sobre como foi sua inserção no mercado de trabalho, a
entrevistada não conseguiu identificar um motivo específico sobre sua inserção no mercado
de trabalho como gótica.
Quanto a deixar de usar preto em alguma situação, na sexta questão, ela menciona
não ter deixado de usar preto em alguma ocasião, somente usando maquiagens mais clara
quando necessário, além de completar que usa preto sem se importar com pensamentos
alheios. Quanto ao uso do preto atualmente, pode ser justificado por Harvey (2003, p. 289)
não possui a função de limitar traços entre o feminino e o masculino, pois as mulheres
trajavam branco por regras impostas socialmente, o preto não é mais interpretado como cor na
mulher como luto, portanto é interpretado como sério, poderoso, ousado, confiante.
Na sétima questão sobre ser comum o questionamento quanto o seu modo de se
vestir ou se maquiar, afirma haver espanto ou curiosidade em relação a várias peças pretas em
seu guarda-roupa, inclusive na maquiagem, e complementa ter uma postura que faz com que
as pessoas sejam educadas, mencionando talvez ser uma forma de defesa contra questionários
ou assédio. Como explicado anteriormente por Smith (2004, p. 19), o preto aparenta passar a
imagem de que algo está escondido, que está oculto, sendo uma cor que gera reação. Quanto a
imagem transmitida pelo preto como autoritário, pode ser justificado por Guimarães (2004, p.
92-93) como não é considerado uma cor, têm impacto diferenciado do restante das cores,
representando desde medo até a morte.
Na oitava questão em relação a enfrentar algum preconceito de pessoas envolvidas
em movimento culturais entrevistada não conseguiu identificar um motivo específico.
Na nona questão, quanto já ser questionado sobre ser membro de alguma seita, ela
afirma já ter sido questionada sobre sua religião, inclusive se era satanista. Complementou
explicando ser católica e que frequenta a igreja. Ela ressalta haver um equívoco das pessoas
em pensarem uma associação preconceituosa acerca do grupo como um todo. Além disso,
também diz ter ouvido perguntas como se ela ‗dança em cemitérios‘ e sente-se incomodada
35

com os estereótipos agregados a integrantes da subcultura como sendo maus, tristes e justifica
ser devido a desinformação dessas pessoas. A respeito das informações que um indivíduo tem
relativo a um grupo pode ser explicado por Wheldall (1976, p. 97) as atitudes dessa pessoa
podem ser ou positivas ou negativas, o que justifica sua antipatia ao se manifestar perante esse
grupo. O autor ainda complementa sobre os fatores que causam essas atitudes:
Chama-se conhecimento dos ―fatos‖ por parte de uma pessoas
componente cognitivo. O vocábulo cognitivo refere-se ao processo de pensar e,
assim, esse componente reflete a avaliação intelectual do objeto pela pessoa. Alguns
psicólogos preferem chamar esse aspecto de crença. Os ‗fatos‘ de uma pessoa,
refere-se ao seus pensamentos, ou seja, em sua avaliação de um indivíduo. É
denominado por alguns profissionais como crença. O segundo aspecto é destinado
ao afetivo, sendo caracterizado pelos sentimentos e emoções da pessoa. Portanto,
caso uma pessoa acredite em um informação que afirme que um determinado grupo
tem um comportamento específico de que esta pessoa desaprove, terá antipatia por
esse grupo (WHELDALL, 1976, p. 98)

O simbolismo presente na cor preta é exemplificado por Smith (2004, p. 22) o negro
é uma cor repleta de simbolismo, presente em expressões ‗coração negro‘, ‗magia negra‘ ou
mesmo ‗chantagem‘, dessa forma é associado a significados obscuros. É considerado a cor do
sobrenatural e do pecado.
A desinformação e estereotipo são justificados na questão anterior por Kipper (2008,
p. 16-17). O motivo de alguns góticos frequentarem o cemitério pode ser explicado por:
Mas na subcultura e na música Gótica/Darkwave estão muito presentes as
temáticas da fugacidade da vida, da morte como algo que está presente o tempo
inteiro dando significado a existência, do carpe diem, etc, então a atração pelos
cemitérios acontece muitas vezes, seja para refletir sobre o sentido da vida ou para
zombar da morte. Enquanto podemos. Além disso, muitos Góticos (e não Góticos
também) apreciam a Arte Tumular (KIPPER, 2008, p. 35).

A entrevistada afirma, na última questão se grupos religiosos costumam criticar o


movimento gótico, que muitos indivíduos associam o preto somente ao luto ou tristeza,
portanto definem os góticos como ateus, depressivos ou maus. A desinformação e a imagem
equivocada sobre o que os góticos são é explicado por Kipper (2008, p. 62) a mídia cria
estereótipos a subcultura gótica, gerando características que não pertencem a subcultura e
sendo preconceituosos ao se referirem aos góticos como pessoas deprimidas, suicidas, mal-
humoradas, que gostam de sofrer e que são fanáticos por cemitérios.
36

4 CONCLUSÃO

A pesquisa teve como objetivo descobrir se o preto é um dos fatores de preconceito


na subcultura gótica, buscando compreender se quem pertence a essa subcultura é foco de
preconceito devido a cor da maquiagem, roupa ou mesmo acessórios, além de estereótipos
que podem afetar a vida dessa pessoas em diversas ocasiões, desde andar na rua até uma
cerimônia simbólica.
Diante disso, foram pesquisados dados sobre a cor preta, seu simbolismo, sua
representação história e no vestuário do ser humano, além de sua origem e uso como
tingimento em roupas, o preto está fortemente associado ao luto em diversas culturas, sendo
visto frequentemente de forma negativa, estando vinculado a regras sociais referente a
funerais. A subcultura gótica, já que não é composta somente de visual preto, possuindo
conteúdo artístico e literário, porém é afetada com estereótipos e valores negativos
relacionados a informações equivocadas. Além dos dois itens anteriores pesquisados, a
semiótica explica porque determinados códigos estão associados a roupas, acessórios, etc, e o
preconceito foi pesquisado para entender a causa de atos preconceituosos de um individuo a
um grupo específico.
As cores podem afetar fisicamente o comportamento das pessoas dependendo da
situação, algumas delas são prejudicadas por usarem uma cor com significado ambivalente
como o preto, que pode ter conotação de luto ou vida, sujeira ou riqueza, dependendo da
cultura. No entanto, no cotidiano das pessoas essa cor é vista com normalidade com
frequência em grandes centros urbanas sendo uma forma de expressão ou somente uma
identificação como em um uniforme.
Os entrevistados não góticos trataram o tema com normalidade e já estão
acostumados com a cor, associando o preto somente ao significado simbólico de luto,
entretanto a entrevistada gótica sofre preconceito pelo uso da cor em seu vestuário devido a
desinformação das pessoas sobre o que é um gótico, causados pelo uso de estereótipos
equivocados da mídia quanto a essa subcultura.
Dada à importância do assunto, poucos livros descrevem o gótico, além de tratar
somente como um estilo e não uma subcultura, ignorando a literatura, arte e músicas
valorizadas por essas pessoas. O significado do gótico está fortemente associando como
pessoas que usam maquiagem e roupas pretas, sendo citados em poucas linhas em livros de
moda ou mesmo em trechos referentes ao punk. A falta de informação é uma das causas de
37

preconceito contra esse grupo. Além da dificuldade em achar material para a realização da
pesquisa, o questionário foi enviado para alguns gótico, entretanto apenas uma gótica
respondeu a entrevista.
A pesquisa conclui que quando um indivíduo está usando muitos elementos em que o
preto predomine entre as demais cores, esta pessoa será considerada chamativa e poderá ser
foco de preconceito, associando sua imagem a luto ou mesmo alguma religião. Sob o ponto de
vista de não góticos, o preto é considerado uma cor presente em sua rotina, sendo tratado com
normalidade. Entretanto a gótica afirma já sofrer preconceito, desde piadas até estereótipos.
A desinformação sobre a subcultura faz com que as pessoas associem o gótico como
pessoas que usam somente maquiagem, roupas e outros itens pretos, além de algumas vezes
serem confundidos com o punk que possui poucas características em comum. A cena gótica
não é vista popularmente, portanto estão frequentemente relacionados a cemitérios, porém um
gótico frequenta locais considerados normais, além de também constituir uma família e ir à
igreja, entretanto está somente associado como satanista ou que possuem aspectos tristes e
depressivos, além de serem vistos como suicidas
Com o desenvolvimento de novas pesquisas acerca da subcultura gótica, esses
indivíduos serão vistos como pessoas pertencentes a um estilo dentro de um subcultura, ao
invés de estar associado com características que não são próprias deles e vinculadas de forma
generalizada ao grupo.
38

REFERENCIAS

AGUIAR, Titta. Personal Stylist : Guia para consultores de imagem. 7 ed. São Paulo :
SENAC, 2015.

BARNARD, Malcolm. Moda e Comunicação. 1 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

ARONSON, Elliot. Animal social: introdução ao estudo do comportamento humano. 1


ed. São Paulo: IBRASA, 1979.

FARINA, Modesto PEREZ, Clotilde. BASTOS, Dorinho. Psicodinâmica das cores em


comunicação. 6 ed. São Paulo: Blucher, 2011.

GOFFMAN, Erving. Estigma : notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4


ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.

GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e


cultura da simbologia das cores. 3 ed. São Paulo: Annablume, 2000.

HARVEY, John. Homens de preto. 1 ed. São Paulo: UNESP, 2003.

HELLER, Eva. Psicologia das cores : como as cores afetam a emoção e a razão. 1 ed. São
Paulo: Garamond, 2000.

KIPPER, Henrique Antonio. A happy house in a Black planet: introdução à subcultura


gótica. 1 ed. São Paulo. Disponível em < Http//gothstation.com.br >

SMITH, MacDonell Smith. Pretinho Básico : a verdadeira história dos 10 favoritos da


moda.1 ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2004.
39

PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 10 ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2014.

ROUSSEAU, Lucien René. A linguagem das cores: a energia, o simbolismo, as vibrações


e os ciclos das estruturas coloridas. 1 ed. São Paulo: Pensamento, 1980.

SOPHIA, Moriel. Cromoterapia: qualidade das cores e técnicas de aplicação. 1 ed. São
Paulo: Roca, 2006.

WHELDALL, Kevin. Comportamento social : problemas fundamentais e importância social.


1 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
40

5 APENDICE

5.1 NÃO GÓTICOS

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL


CUROS DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

APRESENTAÇÃO

Este questionário é parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) produzido pela


acadêmica Maiara Bastian Barbosa Cordeiro que tem por objetivo descobrir se a cor preta é
um dos fatores de preconceito na subcultura gótica.

- O questionário é composto por 9 perguntas;


- Os participantes não serão nomeados ao longo do trabalho;

( ) ACEITO responder ao questionário abaixo apresentado.


( ) NÃO ACEITO responder ao questionário abaixo apresentado.

____________________________________
assinatura

Nome:
Estado: Idade: Sexo:
Profissão:
1) Alguma das imagens gera estranheza? Se sim, por quê?
41

1) 2)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2)Qual sua opinião sobre as pessoas que se vestem dessa forma?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
42

3)Qual das maquiagens você prefere ? Alguma gera desconforto? Se sim, por quê?

1) 2)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

4)Qual o significado da cor preta para você?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5)Você tem roupas pretas no seu guarda roupa? Se sim, quais? E caso não tenha, por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

6)O preto em algumas culturas tem significado de morte, trevas ou mau. Você concorda com
esses significados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
43

7)Já foi em alguma cerimônia simbólica como um casamento ou formatura de preto? Se sim,
como se sentiu?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

8)Já ouviu falar sobre o que é o gótico?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

9)Qual dos modelos você menos gostou?

1) 2)

3) 2)
44

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5.2 GÓTICOS

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL


CUROS DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

APRESENTAÇÃO

Este questionário é parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) produzido pela


acadêmica Maiara Bastian Barbosa Cordeiro que tem por objetivo descobrir se o preto é um
dos fatores de preconceito na subcultura gótica.

- O questionário é composto por 10 perguntas;


- Os participantes não serão nomeados ao longo do trabalho;

( ) ACEITO responder ao questionário abaixo apresentado.


( ) NÃO ACEITO responder ao questionário abaixo apresentado.

____________________________________
assinatura

Nome:
Estado: Idade: Sexo:
Profissão:

1)O que fez com que você se tornasse gótico?


45

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2) O que é ser gótico? Quais as principais características?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

3)Qual a reação das pessoas (especialmente as mais próximas) no início?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

4) Qual a reação das pessoas hoje? Há diferença entre quando se tornou e agora?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5)Como foi a sua inserção no mercado de trabalho?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

6) Você já deixou de usar preto em alguma situação? Por quê?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

7) É comum você ser questionado quanto ao modo de se vestir ou se maquiar? Se sim, que
tipo de pergunta s são mais frequentes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
46

8) Você já enfrentou algum tipo de preconceito vindo de pessoas envolvidas em outros


movimentos culturais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

9) alguém já afirmou e/ou questionou que você era membro de algum tipo de seita?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

10) Grupos religiosos costumam criticar o movimento gótico? Se sim, que tipos de crítica são
as mais comuns?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
47

REFERENCIAS DO APENDICE

VOGUE. Terno à Brasileira. 2017. Disponível em: <http://vogue.globo.com/moda/moda-


tendencias/noticia/2017/11/como-investir-no-conjunto-de-alfaiataria-muito-alem-do-
escritorio.html>. Acesso em: 30/11/2017

MODA DE SUBCULTURAS. Imagem sem Título. 2011. Disponível em:


<www.modadesubculturas.com.br/2011/03/gotico-x-subcultura-gotica.html?m=0>. Acesso
em: 30/11/2017

VICE. Imagem sem Título. 2015. Disponível em:


<https://www.vice.com/es_mx/article/5gvdw5/los-jovenes-son-mas-propensos-a-deprimirse-
si-son-goticos>. Acesso em: 30/11/2017

LA VIE. Imagem sem Título. 2016. Disponível em:


<http://www.lavievidaperfumada.com.br/2016/11/black-smokey-eyes-olhos-marcados-
com.html>. Acesso em: 30/11/2017

UMCOMO. Imagem sem Título. Sem Data de Publicação. Disponível em:


<https://beleza.umcomo.com.br/artigo/como-fazer-maquiagem-gotica-21393.html>. Acesso
em: 30/11/2017

POLYVORE. VICTORIAN VOGUE DRESS. Sem Data de Publicação. Disponível em:


<https://www.polyvore.com/victorian_vogue_dress_shrine_clothing/thing?id=57980535>.
Acesso em: 30/11/2017

Você também pode gostar