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INVESTIMENTO-ANJO

PRIMEIROS PASSOS PARA


INVESTIDORES E EMPREENDEDORES

1ª EDIÇÃO - ANO 2014


A melhor plataforma para a conexão de startups a
mentores e investidores: www.startse.com.br

Estimular a inovação e o empreendedorismo no Brasil


O StartSe é serviço que conecta empreendedores a investidores, mentores,
aceleradoras, incubadoras e a uma rede de parceiros capazes de dar todo su-
porte necessário para o desenvolvimento de uma Startup.
É um segmento do portal InfoMoney - o maior site especializado em investi-
mentos pessoais e educação financeira do Brasil - que visa a desenvolver o
ecossistema de Startups no Brasil, incentivando e apoiando iniciativas que tor-
nem o ambiente ainda mais atraente para a entrada de novos investidores no
cenário.
Nosso objetivo é oferecer a qualquer pessoa, de qualquer região do país, a
oportunidade de ficar frente a frente com os principais personagens do univer-
so das Startups e, assim, impulsionar a realização de investimentos e estimular
a inovação e o empreendedorismo, em todas as esferas.
Acreditamos na capacidade empreendedora dos brasileiros e conhecemos o
potencial de crescimento do volume investidos nas Startups. Por isso convida-
mos você a dar o start, seja empreendedor ou investidor. Start-se!
Investimento-anjo: primeiros passos 4

INTRODUÇÃO

Este e-book traz um panorama geral do mercado de


investimento-anjo e startups, além de apresentar meca-
nismos de análise de empresas, técnicas de investimento,
jargões do meio e dicas fundamentais para empreende-
dores e investidores que buscam atualização e conheci-
mento sobre a área.

Trata-se de um material claro e direto, onde o leitor po-


derá encontrar informações sobre o ecossistema de star-
tups.

Aproveite a leitura!
O QUE É
INVESTIMENTO-ANJO?
Investimento-anjo: primeiros passos 6

Nascido nos Estados Unidos no início do século passado, o in-


vestimento-anjo foi concebido para ser uma forma de financia-
mento de peças teatrais e espetáculos. O investidor-anjo custeava
parte da produção e participava dos resultados a partir da venda
de entradas e outras receitas. Este investidor, muitas vezes, atuava
também como um conselheiro ou mentor, contribuindo também
com suas experiências profissionais para o sucesso daquele em-
preendimento.

Com o tempo esse tipo de investimento evoluiu e passou a ser


feito por mais pessoas e em uma diversidade maior de negócios.
O empreendedor que tinha uma boa ideia ou que possuía uma
empresa que ainda estava engatinhando recebia apoio financeiro
e intelectual de empresários, executivos bem-sucedidos e profis-
sionais de diversas áreas com expertise, bom network e recursos
financeiros disponíveis para financiar o surgimento ou amadureci-
mento desse novo negócio. É daí que vem a expressão “Smart Mo-
ney”, uma vez que o objetivo não era apenas a injeção de dinheiro
no negócio, mas a participação mais efetiva do dono do dinheiro
nas decisões estratégicas e na caminhada da nova empresa.

Por toda essa colaboração oferecida pelo investidor, ele passa a


ser também dono do novo negócio que ele ajudou a financiar. Ge-
ralmente o investidor-anjo tem uma participação minoritária no
negócio e não vivencia o dia a dia da nova empresa. Porém, parti-
cipa das decisões estratégicas e opina em momentos chave, como
mudanças de estratégia, busca por novos sócios ou parceiros es-
tratégicos, novas rodadas de investimento, etc.
Investimento-anjo: primeiros passos 7

O investidor-anjo tem um papel importante porque ele oferece


condições para que o negócio se desenvolva em uma velocidade
maior e com isso se torne rentável em um curto espaço de tempo.
A rede de relacionamentos que o investidor traz consigo também
é outro ponto importante nesse processo, já que ela pode ser fun-
damental para o sucesso do empreendimento através da abertu-
ra de canais de distribuição de produtos ou serviços, compartilha-
mento de base de clientes, fechamento de contratos, expansão de
mercado, etc.

Os investimentos nessas empresas nascentes – hoje conhecidas


como startups – podem ser feitos de forma individual ou coletiva,
modalidade em que o risco do investimento é diluído e as chances
de sucesso são maiores, já que a experiência e a rede de relaciona-
mento dos investidores se fundem em prol do novo negócio.

Nesse caso, em investimentos realizados por mais de um inves-


tidor, é normal que um deles assuma a liderança e seja o ponto de
maior apoio e contato com o empreendedor.

Os investimentos, como foi dito acima, são realizados em dinhei-


ro ou até mesmo em trabalho efetivo do investidor em prol da
nova empresa.

Quando o apoio é realizado em dinheiro, costuma variar de R$


50 mil a R$ 400 mil, dependendo de cada tipo de negócio, suas
projeções financeiras, condições de mercado e escalabilidade.
QUAL O PERFIL DO
INVESTIDOR-ANJO?
Investimento-anjo: primeiros passos 9

No Brasil os investidores-anjo têm perfil parecido com o de ou-


tros países onde este tipo de investimento já é um movimento con-
solidado, como Estados Unidos, Israel e alguns países europeus.

Em sua maioria, os investidores-anjo são homens, com índice


bem próximo dos 98%. Apesar do surgimento de algumas organi-
zações para realização de investimento-anjo por mulheres, ainda
há um bom caminho a ser percorrido.

Esses investidores possuem idade entre 23 e 70 anos, com a


maior parte se concentrando na faixa dos 40 anos, momento em
que empresários, executivos e profissionais atingem o ápice da
sua maturidade corporativa.

Nesse universo, quase 50% dos investidores-anjo são empresá-


rios em busca de novas realizações através do investimento em
empresas nascentes. Cerca de 23% dos investidores-anjo são exe-
cutivos com posição de liderança em empresas sólidas. Outros in-
vestidores, ainda, são profissionais liberais, gestores e acadêmi-
cos, totalizando os 27% restantes desse ecossistema.

O tempo desses investidores é dividido da seguinte forma: de-


dicam 16% do seu dia para a busca por startups ou gestão dos
investimentos realizados e os outros 84% são dedicados às suas
atividades principais.

A expectativa é de que cada investidor-anjo realize pelo menos


dois investimentos por ano, mas esse número pode chegar a cinco
investimentos em 12 meses.
Investimento-anjo: primeiros passos 10

O valor aportado em cada investimento varia de R$ 50 mil a R$


400 mil, mas os valores médios costumam ficar na casa dos R$
200 mil.

Como já se sabe, a maioria dos investidores-anjo seguem a ten-


dência do mercado em relação ao que mais se consome naque-
le espaço de tempo. Hoje, os maiores investimentos estão con-
centrados em startups ligadas a TI, mobile, saúde, biotecnologia,
e-commerce e educação.


A expectativa é de que cada investidor-anjo
realize pelo menos dois investimentos por
ano, mas esse número pode chegar a cinco
investimentos em 12 meses.
MAS AFINAL, O QUE É
UMA STARTUP?
Investimento-anjo: primeiros passos 12

O termo startup ficou mais conhecido no Brasil depois da cha-


mada “bolha da internet”, entre 1996 e 2001. Nos Estados Unidos
esse termo já é utilizado há décadas e identificava um grupo de
pessoas que trabalhavam em uma ideia diferente e que pudesse
render algum dinheiro.

Sob a ótica dos investidores, uma startup é formada por um gru-


po de pessoas que trabalham em cima de um novo modelo de
negócio que possa ser replicável e escalável em um curto espaço
de tempo, mas sob um terreno de grandes incertezas.

Esse pequeno conceito traz uma série de implicações que confe-


rem a empresa o caráter de startup:

1. Trabalhar em um terreno de grandes incertezas significa que


não há qualquer garantia de que essa nova ideia ou o novo
modelo de negócios dará certo. Seria o mesmo que afirmar,
há 10 anos, que as pessoas comprariam tênis pela internet,
sem antes experimentá-los, como fazem na NetShoes, ou que
pediriam táxi pelo celular, como é feito através do Easy Taxi.

2. O modelo de negócio precisa ser consistente, já que ele é a


base onde está fundamentada a entrada de dinheiro no ne-
gócio. Por exemplo: a empresa de vendas online OLX cobra
um valor determinado para que o seu anúncio seja exibido
primeiro nas pesquisas em relação àqueles produtos que são
anunciados gratuitamente. É através do modelo de negócios
que as franquias determinam a sua fonte de receita, em ou-
tro exemplo, expandindo seus canais de venda, faturamento
com royalties, etc.

3. A repetição na entrega do produto ou serviço também é fator


determinante para que uma empresa se enquadre no concei-
Investimento-anjo: primeiros passos 13

to de startup. É o caso do NetFlix, serviço de assinatura de on-


line de filmes e séries, que possui 34 milhões de usuários em
todo o mundo. Produzir uma série inteira em DVD e comercia-
lizá-la gera uma operação enorme que torna o processo caro,
lento e difícil de ser repetido. No caso da NetFlix, milhões de
pessoas podem assistir à mesma série, ao mesmo tempo, ins-
tantaneamente. Ou seja, a repetição nessa experiência de en-
trega de produtos e serviços deve ser praticamente ilimitada,
pode ser replicada tantas vezes quantas forem necessárias,
sem prejuízos com logística, produção, etc.

4. A escalabilidade - fator de crescimento em larga escala - é um


dos pilares para que uma empresa nascente seja uma startup.
Crescimento rápido de receitas e número de clientes, com os
custos crescendo em marcha lenta. Isso faz com que as mar-
gens de lucro sejam cada vez maiores e a empresa gere cada
vez mais riqueza.

O melhor exemplo disso tudo - e que se encaixa perfeitamente


em todos os pontos - é o WhatsApp, que você deve ter utilizado
pelo menos umas 3 vezes durante a leitura deste e-book. São 100
milhões de novos usuários a cada ano e o ritmo de crescimento
será muito maior agora, após a compra da empresa pelo Face-
book. Para tocar uma operação desse tamanho são necessários
menos que 60 funcionários. O custo para o usuário final é baixíssi-
mo e a empresa cresce a níveis astronômicos sem alterar o mode-
lo de negócios inicial.

E é por ter feito o dever de casa tão bem que o valor da venda
da empresa impressionou o mercado no início de 2014: US$ 16
bilhões de dólares.
Investimento-anjo: primeiros passos 14

As startups podem ser empresas de qualquer segmento, porém


a maioria delas é ligada a internet, já que é bem mais barato abrir
uma empresa nesse segmento do que desenvolver tecnologias
e elaborar pesquisas em áreas como saúde, agronegócio ou bio-
tecnologia, por exemplo. Além do fato de que a internet torna a
expansão do negócio mais fácil, já que em um clique milhares de
pessoas passam a saber da sua existência. Mesmo assim, desde
que se tenha as características comentadas aqui, qualquer empre-
sa de qualquer segmento pode ser considerada uma startup.


Uma startup é formada por um grupo de
pessoas que trabalham em cima de um novo
modelo de negócio que possa ser replicável e
escalável em um curto espaço de tempo, mas
sob um terreno de grandes incertezas.
COMO CHEGAR AO
VALOR DE MERCADO
DE UMA STARTUP?
Investimento-anjo: primeiros passos 16

Não é fácil definir quanto vale uma startup. Em muitos momen-


tos, ela ainda não chegou ao modelo de negócio ideal ou ainda
tem obstáculos a superar no seu caminho até a estabilidade. Além
do mais, não tem nenhum histórico de receitas e muitas vezes es-
tão abrindo um novo mercado, o que torna a sua medida de valor
ainda mais difícil.

Os especialistas no tema dizem que o valor de uma startup é


encontrado durante as negociações entre investidor e empreen-
dedor, após ponderações e avaliação de oportunidades. Mas é
bom que o empreendedor já tenha uma noção de quanto espera
captar pelo negócio que fundou.

O empreendedor precisa se aprofundar no tema, buscar conhe-


cimento especifico sobre como encontrar o valuation da sua star-
tup. Buscar a ajuda de profissionais é outra saída, mas às vezes
esse serviço custa caro.

Existem duas técnicas que são as mais comumente utilizadas


para se chegar ao valor aproximado de uma startup:

1. Técnica do FCD – Fluxo de Caixa Descontado: nesse modelo


a empresa projeta um futuro estimado de cinco anos e traz o
fluxo de caixa para o valor presente, determinando o retorno
sobre o investimento e considerando o custo de oportunida-
de do investidor. Trocando em miúdos, este cálculo ajuda o
investidor a entender que a startup que, de acordo com as
projeções futuras valerá X daqui à cinco anos, vale Y hoje. As-
sim ele passa a ter uma base de comparação com outras op-
ções de investimento disponíveis.
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2. Técnica de múltiplos em diversas bases: para utilizar essa


técnica primeiro você precisa encontrar uma empresa de
referência, que tenha sido vendida, para comparar com sua
startup. Pesquise reportagens sobre o tema e descubra o va-
lor da venda e o número de usuários dessa empresa.

Vamos voltar ao exemplo do WhatsApp:

O valor da venda foi de US$ 16 bilhões de dólares e a empresa


possuía 450 milhões de usuários. Ou seja, o Facebook pagou U$
35,56 por usuário.

Então, se você tem uma startup que faz o mesmo que o What-
sApp, é só fazer a conta e descobrir o quanto pode valer o seu
negócio.


O empreendedor precisa se aprofundar no
tema, buscar conhecimento especifico sobre
como encontrar o valuation da sua startup.
FAÇAM TODOS
BONS NEGÓCIOS!
Investimento-anjo: primeiros passos 19

Existem alguns mecanismos que auxiliam investidores e em-


preendedores durante o período de negociação para captação de
investimento para uma startup. São documentos que dão segu-
rança às duas partes e fazem com que uma especulação transfor-
me-se em um compromisso de intenções.

Em um processo de investimento, o Term Sheet é o primeiro


documento a ser assinado e apresenta os principais termos e as
condições para que a transação se efetive. A partir dele é que é
preparada a documentação da operação. Dessa forma, um Term
Sheet robusto facilita e agiliza a implementação do investimento,
reduzindo as chances de aparecerem questões novas a serem ne-
gociadas nos contratos definitivos. O Term Sheet contribui, mui-
tas vezes, para evitar frustrações na assinatura dos contratos de-
finitivos.

Depois de assumidos os compromissos, é hora de conhecer a


fundo a startup que receberá o investimento. Este processo é cha-
mado de Due Diligence, que nada mais é do que uma investigação
a cerca das condições financeiras, contábeis e legais da startup,
informações sobre os sócios, pesquisa de mercado e outros pon-
tos importantes sobre o produto ou serviço que a startup oferece.

É uma espécie de “pente fino”, onde tudo o que acontece na


startup passa a ser conhecido pelo investidor antes da concretiza-
ção do negócio e realização do investimento.

Depois dessa análise e não sendo detectada situação desconhe-


cida anteriormente que impeça a efetivação do negócio e haven-
do acordo sobre a redação final dos contratos, o investimento é
efetivado de acordo com o que foi pactuado no Term Sheet.
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Estes trâmites são muito importantes para que a negociação en-


tre investidor e empreendedor seja saudável para ambos e não
deve ser encarada como burocracia ou perda de tempo. São eta-
pas que precisam ser superadas para que o negócio decole e tra-
ga excelentes resultados a todos os envolvidos.


Term Sheet é o primeiro documento a ser
assinado e apresenta os principais termos e
as condições para que a transação se efetive.


Due Diligence, é uma investigação a cerca
das condições financeiras, contábeis e
legais da startup, informações sobre os
sócios, pesquisa de mercado e outros
pontos importantes sobre o produto ou
serviço que a startup oferece.
INVESTIDOR

EMPREENDEDOR

AS PRINCIPAIS DICAS
PARA TER SUCESSO
COM UMA STARTUP
Investimento-anjo: primeiros passos 22

Conhecimento, além de dinheiro: toda startup precisa de di-


nheiro para se desenvolver, mas o conhecimento do novo sócio
pode ser fundamental para o sucesso do negócio. Então, ao bus-
car investimento, dê prioridade para investidores que se interes-
sem realmente pelo seu negócio e que tenham tempo disponível
para partilhar experiências e relacionamento.

Clareza e transparência: durante a apresentação do projeto


o empreendedor deve ser o mais claro e transparente possível.
Primeiro porque o investidor não tem muito tempo disponível e
segundo porque é importante que o que está sendo vendido é
aquilo que será entregue. A falta de confiança e credibilidade nes-
sa fase do processo pode fazer com que a negociação não evolua.

Olhe longe: existe um mar de oportunidades de investimento


em startups no Brasil. Há excelentes projetos em todas as regiões
do país e por isso é importante “olhar para fora da caixa” e buscar
boas opções de investimento em polos como Manaus, Recife, Sal-
vador e tantos outros.

Paciência é a alma do negócio: para cada “sim”, uma startup re-


cebe pelo menos 10 “nãos”. E essas negativas não significam que
o negócio seja ruim. Talvez ele precise apenas de mais desenvolvi-
mento ou talvez não tenha encontrado ainda o investidor certo. A
ordem é seguir em frente sempre atento aos ajustes de leme que
forem necessários durante o trajeto.

Mostre algo concreto: é muito mais seguro para investidores


e empreendedores que a negociação pelo investimento seja feita
sob coisas palpáveis, ou seja, é importante que já exista o software
ou produto – ou pelo menos o protótipo deles – durante as nego-
Investimento-anjo: primeiros passos 23

ciações. Isso estreita o relacionamento e faz com que haja mais


conforto para as duas partes seguirem adiante.

Seja realista: ao apresentar projeções de mercado, planilhas


com expectativa de faturamento e escala de crescimento da em-
presa tente imprimir nos dados a percepção real do mercado. Não
seja muito otimista e também não se desvalorize. Seja apenas re-
alista e coerente com o que você tem e com o que pode ter daqui
a algum tempo. Forçar um número apenas para impressionar o
investidor pode ser um tiro no pé se as coisas não se confirmarem
lá na frente. Não crie expectativas, prefira minhocas!

Seja confiante: se nem você acredita na sua startup, como espe-


ra convencer o investidor? Os investidores procuram empreende-
dores que tenham brilho nos olhos, que sejam apaixonados por
aquilo que fazem e que, por isso, não medirão esforços para que o
negócio dê certo. Para ter confiança, é preciso ter conhecimento,
dominar o assunto e se posicionar em relação a suas convicções.
É este o perfil que o investidor espera que tenha o comandante
deste barco!

Mostre que você é capaz: tanto para investidores e empreen-


dedores é importante ter um histórico positivo de sucesso e tra-
balho. Manter contato com pessoas que sabem que você é capaz
de cumprir o que promete é fundamental para o sucesso da nego-
ciação. Traduza, em experiências passadas, a sua capacidade de
execução, de entregar aquilo que promete.
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Pense grande, pense global: já virou clichê dizer que hoje com a
internet e a globalização não existem mais fronteiras, mas é sem-
pre bom reforçar. Pensar grande e pensar pequeno gera o mes-
mo esforço, então pense no seu negócio lá na frente.


Ao buscar investimento, dê prioridade para
investidores que se interessem realmente pelo
seu negócio e que tenham tempo disponível
para partilhar experiências e relacionamento.
RUIM PRA
UNS, EXCELENTE
PARA OUTROS!
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Uma característica que diferencia o investimento em startups


de qualquer outro tipo de investimento é a subjetividade na hora
de fazer o julgamento sobre a viabilidade de um negócio. Na Bolsa
de Valores, por exemplo, o investidor busca os índices que trazem
maior retorno, não importando se são da Petrobras, da Vale ou
da OGX. O que o investidor busca é o mesmo que os demais, uma
taxa de retorno superior às outras tantas oportunidades de inves-
timento listadas ali naquele cenário.

Já no mercado de startups isso é bem diferente. Uma startup


que tenha um software que meça o número de passos que um
boi dá durante o dia pode não interessar a 99,9% dos investidores
que o analisarem, mas ela pode valer ouro nas mãos de uma em-
presa frigorífica gigante que está de olho em cada grama perdida
pelos bois durante o período de confinamento.

E esta subjetividade leva muitos investidores-anjo a realizarem


negócios com startups impulsionados por outro fator importante,
que é o network. Todo mundo sabe que é muito importante man-
ter uma boa rede de relacionamentos. Mas principalmente no
mercado de startups, muitas oportunidades de negócio surgem
porque dentro dessa rede há parceiros que têm a capacidade de
transformar, por exemplo, o software que conta os passos do boi
citado acima no maior sistema de monitoramento de rebanhos
bovinos do país, através de download gratuito em um grande por-
tal de internet que é gerido por um membro da rede de contatos
do investidor, através de pontos de venda em cooperativas e ca-
sas agrícolas que são presididas por alguém com quem o investi-
dor fez negócios no passado, etc.
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Resumindo, uma boa rede de relacionamento que venha de ca-


rona com o investidor pode dar a startup o combustível que falta
para que ela alcance uma larga escala de crescimento em um cur-
to espaço de tempo. É ter o olhar voltado para as oportunidades
disfarças que talvez estejam presentes em muitos novos negócios.


O que diferencia o investimento em startups
de qualquer outro tipo de investimento é a
subjetividade na hora de fazer o julgamento
sobre a viabilidade de um negócio.
ENTENDA O QUE
VOCÊ OUVE!
Investimento-anjo: primeiros passos 29

Cada indústria tem sua lista de jargões. No mundo do empreen-


dedorismo são vários os termos que você vai encontrar pela fren-
te ao longo de sua jornada. Como empreendedor, é importante
que você esteja familiarizado com eles. Conheça uma lista com 25
termos que todo empreendedor precisa saber:

Aceleradora: é o nome “moderno” para as incubadoras. Enquan-


to as incubadoras estão mais ligadas a universidades e a projetos
governamentais, as aceleradoras são financiadas com capital pri-
vado e apoiam startups, empresas de alto potencial de crescimen-
to. A aceleração pode incluir apoio financeiro, mas está baseada
principalmente no suporte à criação e ao desenvolvimento do ne-
gócio, com sessões de coaching e mentoria durante um período.

Break-even: em português, um “ponto de equilíbrio”. É quando


os custos da empresa são iguais às suas receitas. Como tudo que
a empresa recebe paga somente as despesas, o lucro (ou resulta-
do do período), acaba sendo 0, nesse caso.

Capital de giro: são os recursos financeiros utilizados para co-


brir os custos do dia a dia da empresa e para sustentá-la entre o
pagamento de despesas e o recebimento da receita de clientes.

Captação de recursos: obter investimentos, o que pode ser fei-


to por meio de empréstimos bancários, agências de fomento, fun-
dos de investimentos ou investidores-anjos.

Co-working: espaço de trabalho compartilhado por diversas


empresas, que passam a poder se relacionar e a trocar conheci-
mentos.
Investimento-anjo: primeiros passos 30

Crowdfunding: obtenção de capital através de financiamen-


to coletivo, em geral de pessoas físicas interessadas na iniciati-
va. Existem plataformas on-line especializadas nisso.

Crowdsourcing: forma de conseguir serviços/ajuda de for-


ma colaborativa para geração de conteúdos, solução de pro-
blemas, desenvolvimento de novas tecnologias, geração de
fluxo de informação e afins.

Early stage: são consideradas empresas em early stage (es-


tágio inicial) as que possuem até três anos de existência.

Elevator pitch: apresentação da ideia do negócio em aproxi-


madamente 30 segundos (o tempo que uma pessoa passaria
no elevador).

Escalabilidade: capacidade de replicar o produto/serviço


com facilidade atendendo a um grande público ou abrangen-
do um grande mercado consumidor.

Incubadora: as incubadoras têm um perfil mais adequado


para quem precisa de tempo e muito conhecimento para es-
truturar seu negócio. Depende de subsídios governamentais e
provavelmente vai precisar de uma quantidade relativamente
grande de investimentos para acontecer.

Investidor-anjo: os angels são profissionais experientes que


têm capital disponível para investir em novos empreendimen-
tos. Em troca desse capital, esperam um percentual da empre-
sa investida.
Investimento-anjo: primeiros passos 31

MEI: sigla para “Micro Empreendedor Individual”, é a pessoa


que trabalha por conta própria e se legaliza como empresário.

Mergers and Acquisitions (M&A): termo em inglês para “Fu-


sões e Aquisições” (abreviado M&A), é tanto um aspecto da es-
tratégia corporativa e finanças corporativas quanto compra,
venda, divisão e combinação de diferentes empresas.

Networking: ter ou estabelecer uma rede de contatos. “Fazer


networking”, como é empregado, costuma ser uma ótima for-
ma de ampliar a qualidade de seus relacionamentos e transfor-
má-los em benefício mútuo no meio profissional.

PME: é a sigla para pequenas e médias empresas. Uma pe-


quena empresa possui de dez a 49 funcionários. Já uma empre-
sa de médio porte possui entre 50 e 249 funcionários.

ROI: sigla da tradução de “Retorno sobre Investimento”, cor-


responde a um percentual da quantidade de dinheiro ganho
em relação à quantidade de dinheiro investido.

Seed capital: capital “semente”, aquele capital que se capta


quando o negócio está em sua fase inicial, para que ele possa
dar seus primeiros passos no mercado.

Spin-off: criação de uma nova empresa de produtos ou servi-


ços inovadores, criados inicialmente a partir de um projeto em
uma “empresa-mãe”. Geralmente, os empreendedores do novo
negócio trabalharam antes no desenvolvimento desse projeto
na empresa-mãe, que gerou o spin-off.
Investimento-anjo: primeiros passos 32

Stakeholders: são todos os impactados pelo negócio, sejam


eles sócios, acionistas, funcionários, clientes ou segmentos da
sociedade.

Startups: uma empresa projetada desde o início para ser


grande! Eric Ries, autor do livro “Lean startup”, define startup
como “um grupo de pessoas à procura de um modelo de negó-
cios repetível e escalável, trabalhando em condições de extre-
ma incerteza”.

Validação: ter alguém validando sua ideia, ou seja, se tornan-


do um cliente, usuário, ou estando engajado de qualquer forma
ativa em seu negócio, é o sinal verde de que ele pode dar certo.
Mas a validação é um exercício constante, um processo que exi-
ge flexibilidade, agilidade e resiliência para recomeçar diversas
vezes e não desistir.

VC (Venture Capital): traduzido como “capital de risco”, os VCs


apoiam empresas de pequeno e médio porte já estabelecidas
e com potencial de crescimento. Com duração média de 5 a 7
anos, os recursos investidos financiam as primeiras expansões,
levando o negócio a novos patamares no mercado.


A vida está cheia de desafios que, se
aproveitados de forma criativa,
transformam-se em oportunidades.
(Marxwell Maltz)
Investimento-anjo: primeiros passos 33

Referências:
Organização Anjos do Brasil
Endeavor Brasil
ABS - Associação Brasileira de Startups
Startup Brasil

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