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Equipe:
André Marques Ferreira Pedrosa
Joana de Araújo Silva Guerra
Érica Dias Tacchi
1. Introdução 3
1.1 Decreto 11.615/2023 da Presidência – Breve Histórico 3
2. O Decreto 11.615/2023 Artigo por Artigo 4
2.1 Capítulo I – Disposições Gerais (artigos 1º e 2º) 4
2.2 Capítulo II – Do Sistema de Regulação de Armas de Fogo, Munições e Acessórios
(artigos 3º a 10) 5
2.3 Capítulo III – Das Armas de Fogo (artigos 11 a 65) 7
2.4 Capítulo IV – Disposições Finais e Transitórias (artigos 66 a 84) 24
3. Considerações Finais 27
4. Anexos 30
1. INTRODUÇÃO
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2. O DECRETO 11.615/2023 ARTIGO POR ARTIGO
Já de acordo com o inciso XXIX, insumos para carregar ou recarregar munição são os
materiais utilizados para carregar cartuchos, incluídos o estojo, a espoleta, a pólvora ou
outro tipo de carga propulsora, o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo.
Atualmente, referidos insumos são PCE – Produtos Controlados pelo Exército, nos
termos de Portaria nº 118 – COLOG, de outubro de 2019 e, por carregarem tal definição,
exigem processo específico de aquisição.
Verifica-se, ainda, que o Decreto faz uma divisão de níveis entre atiradores, e o faz com
números de cartuchos por ano, e não com quantidade de insumos para os cartuchos.
Em relação aos níveis, ficou determinado (artigo 35) que o interessado deverá estar
filiado a entidade de tiro desportivo e comprometer-se a comprovar, no mínimo, por
calibre registrado: (i) 8 treinamentos ou competições em clube de tiro, em eventos
distintos, a cada doze meses, para o atirador de nível 1; (ii) 12 treinamentos em clube
de tiro e quatro competições, das quais duas de âmbito estadual, distrital, regional ou
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nacional, a cada doze meses, para o atirador de nível 2; e (iii) 20 vinte treinamentos em
clube de tiro e seis competições, das quais duas de âmbito nacional ou internacional, no
período de doze meses, para o atirador de nível 3.
O Decreto não traz uma definição expressa do que seria o cartucho, mas no inciso XXIX
já supra mencionado conseguimos fazer uma interpretação de que seria estojo,
espoleta, pólvora (ou outro propulsor), o projétil e a bucha. Ou seja, 5 itens que, ao final,
comporiam o cartucho. Reitera-se que se trata de uma interpretação do que o texto do
Decreto trouxe, daquilo que seria mais lógico, uma vez que, por exemplo, não ficara
determinado limite de compra de pólvora, e que os projéteis das armas, sejam elas de
uso restrito ou permitido, variam na quantidade usada. Portanto, não se tem no
Decreto, ainda com exemplo da pólvora, uma limitação de X quilos por atirador por ano,
e tampouco referência a alguma Portaria do Exército a ser utilizada como parâmetro.
Até a edição do Decreto, a Portaria nº 136 – COLOG trazia que a “quantidade anual de
pólvora é de até vinte quilogramas por pessoa registrada no Exército”, sem especificação
de nível de atirador, como se encontrava antes na Portaria nº 51 – COLOG, para atirador
nível 1, em 12 meses era possível adquirir 4 quilos de pólvora, nível 2, 8 e nível 3, 12, e
determinar qual será o limite a ser regulamentado é, ainda, especulação. Pelo caráter
de limitação, e não expansão do Decreto, quase certamente o limite será menos de 20
quilos, mas não conseguimos afirmar que será como na 51 ou até menos disso. Pelo
caráter já trazido, se recomenda que a comercialização do material seja feita com
parcimônia.
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do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República que houver
realizado o seu registro.
Art. 4º Competências da Polícia Federal
Foram atribuídas à Polícia Federal competências de definição, padronização,
sistematização, normatização e fiscalização de (i) registro de armas de fogo e cadastro
de munições e acessórios; (ii) concessão de porte de arma de fogo pessoal e de suas
renovações; (iii) transferência de propriedade, registro de perda, de furto, de roubo, de
extravio e de outras ocorrências relativas às armas de fogo, às munições e aos acessórios
suscetíveis de alterar os dados cadastrais; (iv) atividade de armeiro e seu vínculo com as
entidades de tiro; (v) instrução em armamento e tiro e comprovação de capacidade
técnica e aptidão psicológica; e (vi) concessão e emissão da guia de tráfego.
O inciso III traz ainda como competência “estabelecer as quantidades de armas de fogo,
de munições, de insumos e de acessórios passíveis de aquisição pelas pessoas físicas e
jurídicas autorizadas a adquirir ou portar arma de fogo, vinculadas ao SINARM,
observados os limites estabelecidos neste Decreto”, o que até o momento não ocorreu.
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extravio, furto, roubo, recuperação e apreensão de armas de fogo de uso permitido ou
restrito, dentre outros.
Ainda, há a previsão do cadastro de todas as armas importadas, produzidas e
comercializadas no país, com exceção das armas vinculadas ou pertencentes às Forças
Armadas, às Polícias Militares e aos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados e do
Distrito Federal, e ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República,
e as demais que constem dos seus registros próprios.
Até que os sistemas SINARM e SIGMA atuem conjuntamente, todas as informações
referentes aos CAC serão repassadas ao SINARM.
As armas de uso permitido adquiridas por pessoa autorizada também deverão ser
cadastradas no SINARM.
Por fim, há a informação de que as especificações e os procedimentos para o cadastro
das armas de fogo serão estabelecidos em ato do Diretor-Geral da Polícia Federal, o que
até o momento não ocorreu.
Art. 8º Serviço eletrônico para comunicação de ocorrências
Haverá um sistema eletrônico, a ser disponibilizado pela Polícia Federal, para
comunicação de ocorrências relacionadas ao disparo ou porte de arma em situações de
violência, sob efeito de substância química, embriaguez ou, ainda, omissão de cautela.
Art. 9º e Art. 10 Acessibilidade de dados
As políticas públicas serão orientadas conforme os dados disponibilizados sobre
controle de armas de fogo, munições e acessórios.
Para possibilitar o acesso aos dados, haverá uma plataforma de acesso único a todos os
serviços e documentos eletrônicos.
Comentário: Para este primeiro capítulo, verifica-se que a Polícia Federal recebeu
diversas competências antes exercidas pelo Exército, para manutenção, emissão e
fiscalização dos registros, porte e transferência de armas, bem como do cadastro de
todas as informações relacionadas às armas no país por meio do SINARM, sistema a ser
utilizado conjuntamente ao SIGMA, empregado atualmente pelo Exército.
Importante ressaltar, que novo Decreto previu diversas medidas a serem executadas
após sua promulgação, ou seja, muitos artigos encontram-se pendentes de
regulamentação, acordos a serem firmados e propostas acerca de temas específicos.
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Art. 11 Armas e munições de uso permitido
O novo Decreto retomou os parâmetros anteriores a 2019 para limites de armas curtas.
As armas e munições de uso permitido serão especificadas em ato conjunto do
Comando do Exército e da Polícia Federal, estando incluídas desde já no rol:
III - armas de fogo portáteis, longas, de alma lisa, de repetição, de calibre doze ou
inferior.
Importante ressaltar que para os calibres .38 PSL e .9mm Luger as definições passaram
a ser de uso restrito. Quanto a este ponto, se pode questionar se, ao impedir o acesso a
armamento adequado à defesa pessoal àqueles que preenchem os requisitos legais para
adquirir arma de fogo, o Decreto não estaria em desacordo com o Estatuto do
Desarmamento, ou estaria afastando aquilo que, de forma diligente e proporcional,
possa vir a garantir o necessário à segurança dos cidadãos.
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b) semiautomáticas de qualquer calibre; e
VI - armas de fogo não portáteis.
Ressalte-se que o Decreto não fez menção à arma longa semiautomática,
impossibilitando sua definição com de uso permitido ou restrito, razão pela qual
definição deverá ser feita elos órgãos competentes.
Art. 13 Ressalvas à proibição de venda e comercialização de armas de fogo de uso
restrito e de suas munições
A comercialização de armas de uso restrito e suas munições é vedada, exceto para
aquisição por instituições públicas e seus integrantes, no interesse da segurança pública
ou da defesa nacional, pelos atiradores de nível 3 (vide art. 37) e pelos caçadores
excepcionais (vide art. 39).
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que trata de declaração de efetiva necessidade, e não comprovação. Conclui-se,
portanto, que o Decreto atendeu a critérios trazidos no julgamento do STF na ADI 6.119,
que trouxe esse o prisma da comprovação.
Passa-se então a uma análise do que seria “efetiva necessidade”, que o Decreto
descreve como “os fatos e as circunstâncias concretas justificadoras do pedido, como as
atividades exercidas e os critérios pessoais, especialmente os que demonstrem indícios
de riscos potenciais à vida, à incolumidade ou à integridade física, própria ou de
terceiros”.
Art. 16 Competência para aquisição e o registro de arma de fogo dos integrantes das
Forças Armadas, das Forças Auxiliares e do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República
A aquisição e o registro de arma de fogo dos integrantes das instituições acima citadas
serão de competência de cada órgão e o cadastro do armamento será realizado pelo
SIGMA.
Art. 17 Comercialização nacional de armas de fogo
A comercialização nacional de armas de fogo dependerá de autorização do Comando do
Exército, mediante a concessão de Certificado de Registro, conforme previsto no
Regulamento de Produtos Controlados.
A cada efetivação de venda, dentro de 48 horas, as empresas autorizadas encaminharão
ao Comando do Exército e à Polícia Federal as informações sobre a mesma, bem como
atualização da quantidade de mercadorias disponíveis em estoque, para fins de cadastro
e registro da arma de fogo, da munição ou do acessório no SIGMA e no SINARM. Caberá
aos adquirentes comunicar a aquisição de armas de fogo, munições ou acessórios à
Polícia Federal e ao Comando do Exército, para fins de registro da arma de fogo, da
munição ou do acessório no SIGMA e no SINARM, no prazo de 7 dias úteis, contado da
data de aquisição.
Cabe ainda às empresas autorizadas manter à disposição do Comando do Exército e da
Polícia Federal a relação dos estoques e das vendas efetuadas mensalmente nos últimos
5 anos.
Art. 18 Aquisição de arma de fogo para caça excepcional, de tiro desportivo ou de
colecionamento
A aquisição de arma de fogo para caça excepcional, de tiro desportivo ou de
colecionamento dependerá de apresentação de CR pelo interessado. O CRAF resultante
da aquisição será vinculado exclusivamente à prática da atividade à qual foi apostilada
no CR.
Art. 19 Aquisição de armas de fogo por empresas de segurança privada
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As empresas de segurança privada poderão adquirir apenas armas de fogo de uso
permitido, mediante concessão prévia de CRPJ e comprovação anual do requisito de
idoneidade dos proprietários da empresa.
Art. 20 Alteração em dados cadastrais - prazo de 15 dias para atualização no sistema
O titular de CR, CRPF ou CRPJ fica obrigado a informar qualquer alteração em seus dados
cadastrais no prazo de quinze dias, contado da data da alteração, sob pena de suspensão
do registro, inclusive de CRAF eventualmente vinculado.
Art. 21 Mudança de domicílio ou outra situação que implique o transporte da arma
O proprietário deverá solicitar à Polícia Federal ou ao Comando do Exército guia de
tráfego para as armas de fogo cadastradas no SINARM ou no SIGMA, respectivamente,
na forma estabelecida em ato conjunto do Diretor-Geral da Polícia Federal e do
Comandante do Exército.
Art. 22 Transferência da propriedade de armas de fogo de uso restrito e permitido
A transferência de arma de fogo de uso permitido e de uso restrito, bem como a sua
entrega ao adquirente, estarão sujeitas à autorização prévia da Polícia Federal ou do
Comando do Exército, respectivamente.
O artigo previu ainda, a obrigatoriedade da comprovação do interesse do proprietário
na alienação a terceiro.
Art. 23 e Art.24 Validade do Certificado de Registro de Arma de Fogo – Território e
Tempo
O CRAF autoriza a posse da arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência
ou dependências desta, ou ainda de seu local de trabalho, desde que seja ele o titular
ou responsável legal pelo estabelecimento ou pela empresa.
A definição de interior da residência e local de trabalho se estende a toda a extensão da
área particular registrada do imóvel, edificada ou não, inclusive quando se tratar de
imóvel rural.
O prazo de validade do CRAF passou de 10 (dez) anos para:
I – 3 anos para colecionador, atirador desportivo e caçador excepcional;
II – 5 anos para registro concedido para fins de posse e caça de subsistência;
III – 5 anos para as empresas de segurança privada;
IV – indeterminado para os integrantes da ativa da PF, PRF, policiais penais,
polícias civis, polícias da Câmara e Senado, das guardas municipais, da ABIN, guardas
prisionais, do quadro efetivo do Poder Judiciário e Ministério Público no exercício de
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funções de segurança, dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, dos
auditores fiscais e analistas tributários.
Importante ressaltar que as empresas de segurança privada e as instituições elencadas
em IV deverão realizar a avaliação psicológica de seus integrantes para o manuseio de
arma de fogo a cada três anos.
Com a atual redação, o CRAF concedido para os CAC com validade restante superior a 3
anos, vencerá em 22/07/2026, iniciando-se o prazo de contagem de validade (3 anos)
na data de publicação do decreto, ou seja, ainda que obtido no prazo anterior de 10
anos, não vigerá até tal data (vide art. 80).
Art. 25 Renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo
O procedimento de renovação deve ser iniciado pelo titular do CRAF antes da expiração
do prazo, sob pena de cassação deste.
A renovação do CRAF de armas de fogo adulteradas, sem numeração ou com numeração
raspada, é vedada.
Art. 26. Não renovação do CRAF dentro do prazo
Não sendo o CRAF renovado dentro do prazo, o titular será intimado para, no prazo de
60 dias, sob pena de cassação e apreensão:
Caso seja notificado e o titular não tome as devidas providências, ficará impedido de
comprar novas armas ou munições e obter a emissão ou a renovação de passaporte
enquanto perdurar a situação de irregularidade.
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Foram acrescidas nova regras acerca do procedimento de cassação do CRAF.
O procedimento poderá ser instaurado de ofício ou mediante denúncia, quando houver
indícios de perda dos requisitos indicados nos incisos III a VIII do artigo 151.
Iniciado o procedimento de cassação, a autoridade poderá suspender administrativa e
cautelarmente o CRPF ou CRPJ e os CRAF a ele associados e a autorização para o porte
de arma de fogo de uso permitido, com imediata apreensão administrativa da arma de
fogo, dos acessórios e das munições.
A perda da idoneidade será demonstrada, dentre outros, pela a existência de mandado
de prisão cautelar ou definitiva, o indiciamento em inquérito policial pela prática de
crime e o recebimento de denúncia ou de queixa pelo juiz.
Se ação penal ou o inquérito envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, a
arma será apreendida imediatamente pela autoridade competente.
Ocorrendo a cassação, o titular será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar
interesse na entrega da arma de fogo à Polícia Federal, mediante indenização, ou
transferência da arma de fogo para terceiro.
Art. 29 Falecimento ou interdição do titular do Certificado de Registro de Arma de
Fogo
Na hipótese de falecimento ou de interdição do proprietário de arma de fogo, o
administrador da herança ou o curador possui o prazo de 90 dias, contados do
falecimento ou interdição, para comunicar à Polícia Federal ou ao Comando do Exército,
e poderá optar pela entrega da arma à PF, mediante indenização, ou transferência desta
para terceiro, permanecendo, neste caso, com a guarda da arma até a expedição do
CRAF ao novo proprietário.
VI - comprovar capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo, na forma prevista no § 5º;
VII - comprovar aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestada em laudo conclusivo fornecido por
psicólogo do quadro da Polícia Federal ou por esta credenciado; e
VIII - apresentar declaração de que a sua residência possui cofre ou lugar seguro, com tranca, para armazenamento
das armas de fogo desmuniciadas de que seja proprietário, e de que adotará as medidas necessárias para impedir
que menor de 18 anos de idade ou pessoa civilmente incapaz se apodere de arma de fogo sob sua posse ou de sua
propriedade, observado o disposto no art. 13 da Lei nº 10.826, de 2003.
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Art. 30 Da caça excepcional, do tiro desportivo e do colecionamento de armas de fogo
Os caçadores excepcionais, os atiradores desportivos e os colecionadores constituem
grupos específicos, diferenciados em função da finalidade para a qual necessitam do
acesso à arma de fogo.
A caça foi subdivida em excepcional e de subsistência.
Vejamos que neste artigo o Exército permaneceu com a competência para conceder o
CR para a prática das atividades de caça excepcional, de tiro desportivo e de
colecionamento de armas de fogo, em que pese a fiscalização das armas tenha sido
direcionada à Policia Federal.
Art. 31 Concessão prévia de CR por CAC pelo Comando do Exército, vinculado à
finalidade pretendida pelo interessado
A prática das atividades de caça excepcional, de tiro desportivo e de colecionamento de
armas de fogo dependerá da concessão prévia de CR pelo Comando do Exército,
vinculado à finalidade pretendida pelo interessado.
Art. 32 Vedações para CAC
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Ressalte-se que o CR será concedido mediante a comprovação de idoneidade e
inexistência de inquérito policial ou processo criminal, ocupação lícita e residência certa,
capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo e aptidão psicológica para o
manuseio de arma de fogo.
A prática de tiro na modalidade airsoft ou paintball é permitida aos maiores de 14 anos
de idade, independentemente de concessão de CR, devendo a entidades de tiro
desportivo requerer o correspondente apostilamento no CR.
As munições originais e recarregadas fornecidas pelas entidades de tiro desportivo não
poderão ser utilizadas fora dos limites das dependências do local.
Será permitido a aquisição de munição pelas entidades de tiro desportivo para
fornecimento aos seus membros, associados, integrantes ou clientes, desde que
limitado a um doze avos do inciso I do artigo 37. Comprovada a necessidade, o Exército
poderá autorizar a aquisição em quantidades superiores.
Temos hoje 3 níveis de atiradores, cada um com suas especificações. Exige-se certo
número de habitualidade por calibre registrado. Cumpre trazer uma reflexão quanto ao
número de habitualidades, se chegaria ou não a ser possível seu cumprimento, ainda
considerando a definição do texto para eventos distintos.
Art. 37. Quantidade de munições e insumos para uso exclusivo no tiro desportivo
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Nível do Atirador Cartuchos/Ano Cartuchos Arma .22, Armas de fogo
LR, SHORT, SR
Novos parâmetros foram adotados pelo Decreto. Anteriormente, não havia critérios
expressos de restrição quanto à localização de entidades de clube desportivo ou
funcionamento 24 horas. Na nova redação ficam incluídos os seguintes requisitos de
segurança pública na análise para concessão de registro às entidades de tiro desportivo
e às empresas de serviço de instrução de tiro:
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licenciamento pode se dar dessa forma, ou se por decisão administrativa fundada em
fatos supervenientes, emitida após regular procedimento.
Ressalte-se que, findo o prazo indicado para duração da caça excepcional, deverá o
titular do CR realizar novo apostilamento de igual natureza sob pena de perda
superveniente do requisito essencial à aquisição de arma.
Está autorizada, para esta modalidade, a utilização de uma arma de uso permitido, de
tiro simples, com um ou dois canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a dezesseis.
O uso distinto para o qual foi autorizado ensejará a tipificação de porte ilegal e disparo
de arma de fogo de uso permitido, além de outras tipificações penais.
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O artigo prevê o rol de vedações para o colecionamento de armas de fogo específicas,
quais sejam:
Com exceção dos museus, para os colecionadores pessoa física, há o limite de uma arma
de cada tipo, marca, modelo, variante, calibre e procedência.
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A expedição do CRAF referente ao porte de arma de uso permitido para defesa pessoal
tem caráter excepcional e será realizado pela Polícia Federal conjuntamente ao cadastro
no SINARM.
O documento referente ao porte de arma não poderá ser transferido, sendo válido
apenas em relação a arma nele especificada. A revogação do porte poderá ocorrer a
qualquer tempo.
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O porte de arma não é ilimitado, sendo vedado a condução da arma em locais públicos,
como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros locais
onde haja aglomeração de pessoas em decorrência de eventos de qualquer natureza.
O porte de arma será deferido aos integrantes das instituições referentes à segurança
pública e nacional, aos agentes da ABIN, do Departamento de Segurança do Gabinete
de Segurança Institucional da Presidência da República, aos integrantes das Carreiras de
Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de
Auditor-Fiscal e Analista Tributário, aos integrantes dos tribunais do Poder Judiciário,
Ministérios Públicos da União e dos Estados e respectivos servidores de seus quadros
pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, aos peritos
oficiais de natureza criminal e aos militares dos corpos de bombeiros e aos policiais da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
O porte de arma é garantido às praças das Forças Armadas com estabilidade (praça de
carreira com 10 anos ou mais de tempo de efetivo serviço. A autorização para os casos
de ausência de estabilidade ainda será regulamentada em ato do Comandante da Força
correspondente.
O porte de arma de fogo dos policiais militares e dos militares dos corpos de bombeiro
será regulamentado por atos dos Comandantes-Gerais das respectivas corporações.
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Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e dos Secretários de
Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal.
Para os guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 e menos de 500.000
habitantes, as instituições somente estabelecerão, em normas próprias, os
procedimentos de utilização da arma quando estiverem em serviço, sendo-lhes
permitido o porte de arma de fogo fora do serviço se comprovarem o risco à sua
integridade física, sendo tal regra aplicada também aos demais integrantes de órgãos,
instituições e corporações não autorizados a portar arma de fogo fora de serviço.
O CRAF ou o termo de cautela decorrente de autorização judicial para uso é exigido para
o porte de armas de fogo particulares e as institucionais não brasonadas.
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Art. 57 a Art. 60 Armas de fofo e Guardas Municipais
O porte de arma de fogo aos integrantes das guardas municipais, terá prazo de validade
de 10 anos a contar da emissão do porte e se limitará ao Estado em que exerce a função,
sendo permitida o porte no deslocamento para suas residências, mesmo quando
localizadas em Município situado em Estado limítrofe.
A formação dos guardas municipais ocorrerá somente nos locais definidos no rol
indicado no artigo 58.
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Ocorrendo a suspensão, a arma, seus acessórios e munição serão imediatamente
apreendidos, independentemente da existência de laudo de aptidão psicológica válido.
O procedimento acima descrito não se aplica aos agentes públicos e políticos com
autorização de porte de arma por prerrogativa de função, posto que as medidas serão
disciplinadas pelo titular de cada órgão ou entidade pública.
A aplicação dos exames poderá ser fiscalizada pela Policia Federal de forma presencial
ou remotamente.
Por fim, para os testes de tiro para comprovação da capacidade técnica para o manuseio
de arma de fogo poderão ser utilizadas as armas registradas no SINARM ou SIGMA em
nome do instrutor de armamento e tiro credenciado pela Polícia Federal.
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2.4 CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS (ARTIGOS 66 A 84)
Art. 66 Apreensão de armas de fogo
Trata do procedimento de doação à polícia ou a destruição das armas quando
inservíveis, após finalizados os procedimentos relacionados à elaboração do laudo
pericial e quando não houver mais finalidade da arma à persecução penal.
Art. 67 Apreensão armas de fogo e munições envolvidas em atividades ilícitas
Aborda o procedimento de doação das armas de fogo e munições apreendidas em
decorrência do tráfico de drogas, utilizadas em atividades ilícitas de produção ou
comercialização de drogas, ou que tenham sido adquiridas com recursos provenientes
do tráfico de drogas.
Art. 68 Devolução de armas apreendidas
As armas apreendias poderão ser devolvidas desde que comprovada a idoneidade
mediante apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais, a ocupação
lícita e de residência certa, bem como atestado de capacidade técnica e de aptidão
psicológica para o manuseio de arma de fogo.
Art. 69 Informações de cadastro
A solicitação de informações constantes dos sistemas SIGMA e SINARM pelos órgãos de
segurança pública serão realizadas à Polícia Federal ou ao Comando do Exército.
Art. 70 Indenização
O valor da indenização e o procedimento de pagamento referente à entrega de arma,
adquiridas regularmente, à Polícia Federal serão estabelecidos em ato do Ministro de
Estado da Justiça e Segurança Pública
Art. 71 Recursos financeiros
Os recursos financeiros para custeamento das indenizações terão dotação orçamentária
específica consignada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Art. 72 e Art. 73 Boa-fé presumida e entrega de arma de fogo
Os possuidores e proprietários de arma de fogo que as entregar espontaneamente à
Polícia Federal ou aos postos de recolhimento credenciados terão presumida a boa-fé,
ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.
A entrega espontânea de arma de fogo deverá ser realizada à Polícia Federal ou em
órgãos e entidades credenciados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública,
mediante a emissão da guia de tráfego.
A guia de trafego poderá ser emitida na internet e autorizará somente o transporte da
arma, devidamente desmuniciada e acondicionada de maneira que seu uso não possa
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ser imediato. A ausência da guia ou se realizado o transporte de forma contrária ao que
nela estiver estabelecido, ensejará as sanções penais cabíveis.
Art. 74 Empresas de segurança privada e transporte de valores
A entrega espontânea não se aplica às empresas de segurança privada e de transporte
de valores.
Art. 75 Multas
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Ficaram resguardadas as situações jurídicas devidamente formadas sob o regime
anterior.
Ainda em respeito ao ato jurídico perfeito, os novos limites quantitativos previstos nos
artigos 15, §2º, 36, 39, III, "a" e 42 também não se aplicam retroativamente, mas
apenas imediatamente, ou seja, a partir da publicação do Decreto.
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passará a valer, após o Decreto, o prazo no qual se encaixa de acordo com o art. 24,
incisos II e III, ou seja, 5 anos.
A título exemplificativo, um CRAF de 10 anos concedido em 20/07/2023, um dia antes
do Decreto, terá seu prazo reajustado para 5 anos.
Se já tiver passado mais da metade do prazo de 10 anos, ou seja, 5 anos e 1 dia, deverá
o proprietário providenciar a renovação do CRAF nos termos do artigo 25, ressaltando a
aplicabilidade deste dispositivo para arma de fogo ou de caça de subsistência e empresa
de segurança privada.
Para o CRAF anteriormente concedido para colecionador, atirador desportivo ou
caçador excepcional, incidirá o prazo de validade de 3 anos (art. 24, inciso I), contado da
data de publicação deste Decreto. Ou seja, com a atual redação, o CRAF concedido para
os CAC vencerá em 22/07/2026, iniciando-se o prazo de contagem de validade (3 anos)
na data de publicação do Decreto.
A título exemplificativo, se um CAC tinha um CRAF a vencer em 23/07/2023, após a
publicação de Decreto, ele teve esse CRAF renovado por 3 anos.
Questiona-se se a anulação de ato administrativo somente poderia ser feita em caso de
ilegalidade, e não se vislumbra ilegalidade alguma em registro concedido de acordo com
regulamentação a seu tempo válida, vigente e eficaz. Em outras palavras, se questiona
se poderia o Decreto anular CRAF concedido antes de sua publicação.
Art. 81 Recompra
Em ato ainda a ser publicado, o Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública
disporá sobre programa de recompra especial destinado à aquisição de armas de fogo
que se tornarem restritas após a publicação do Decreto.
Art. 82 e Art. 83 Alterações e revogações
São trazidas as alterações e revogações observadas em virtude da publicação do
Decreto, dentre eles dispositivos dos Decretos 9.847, 9.981 e 10.030/2019, 10.627 e
10.630/2021 e os Decretos 11.035/2022, 11.366 e 11.455/2023.
Art. 84 Vigência
Não houve prazo para início da eficácia das normas contidas no Decreto, tendo entrado
em vigor na data de sua publicação, ou seja, com vigência imediata.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
3.1 Por todo o exposto, é de se concluir que o Decreto trouxe alterações
significativas, inclusive com documentos oficiais tratando-o como “Decreto sobre
controle responsável das armas”. Dentre elas estão:
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- redução da quantidade de armas e munições acessíveis para civis
- retomada da distinção entre as armas de uso dos órgãos de segurança
e as armas acessíveis aos cidadãos comuns + Programa de recompra
- fim do porte de trânsito municiado para Caçadores, Atiradores e
Colecionadores
- restrições às entidades de tiro desportivo
- reforço do caráter excepcional da caça – abate de fauna exógena
- redução da validade dos registros de armas de fogo
- migração progressiva das competências referentes às atividades de
caráter civil envolvendo armas e munições para a Polícia Federal
3.2 Vislumbra-se também alguns limbos jurídicos, situações que ficaram sem
regulamentação, tais como as já abordadas neste parecer, ou até que poderiam ferir
procedimentos de atos administrativos.
3.3 Há quem esteja denominando o Decreto 11.615/2023 de “diploma-
esqueleto”, uma vez que, ainda que tenha vindo com a intenção de regulamentar
questões que estavam sem regulamentação, no limbo ou revogadas, não trouxe todo o
necessário para o exercício da atividade, necessitando de extensa regulamentação
complementar, como exposto neste parecer.
3.4 Eventuais alterações no texto legal, seja no Estatuto do Desarmamento,
seja no Decreto 11.615/2023, apenas podem ser dar através de novo Decreto
Presidencial, Projeto de Lei alterando a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ou,
ainda, Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo que esta última possui rol taxativo
de autores (presidente da República, pelos presidentes do Senado, da Câmara ou de
assembleia legislativa, pela Ordem dos Advogados do Brasil, pelo procurador-geral da
República, por partido político e por entidade sindical de âmbito nacional).
3.5 É de se ressaltar que o STF já exarou seu entendimento no sentido de que
“a posse de armas de fogo só pode ser autorizada às pessoas que demonstrem
concretamente, por razões profissionais ou pessoais, possuírem efetiva necessidade”,
razão pela qual qualquer sugestão de alteração que vá contra referido entendimento
que chegue para sua análise tem baixa chance de êxito.
3.6 Postos tais argumentos jurídicos e concluído o presente parecer,
colocamo-nos à disposição de V. Sas., para quaisquer esclarecimentos adicionais
necessários.
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Belo Horizonte/MG, 28 de julho de 2023.
Cordialmente.
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ANDRÉ MARQUES FERREIRA PEDROSA
OAB/MG 86.359
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ANEXOS
DOC 01 – TEXTO INTEGRAL DO DECRETO 11.615/2023
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