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agropecuarias-e-manejo-florestal-de-precisao-
promovem-o-desenvolvimento-sustentavel-no-acre)
Notícias
17/05/23
Com mais de quatro décadas de atuação no Acre, a Embrapa disponibilizou uma gama de tecnologias para
o desenvolvimento, inovação e sustentabilidade de cadeias produtivas estratégicas para a economia local e
regional. Presentes nos alimentos que chegam à mesa das famílias amazônicas, nos produtos da
biodiversidade da região, que conquistaram mercados nacionais e internacionais, e na madeira certificada
utilizada na construção civil no Brasil e exterior, essas inovações tecnológicas proporcionaram avanços na
produção agropecuária e florestal, com conservação ambiental, e ajudaram a gerar trabalho e renda no
campo.
A adoção de tecnologias digitais tornou o manejo de florestas mais produtivo e sustentável. O Modelo Digital
de Exploração Florestal (Modeflora (https://www.embrapa.br/en/busca-de-
publicacoes/-/publicacao/501879/manejo-de-precisao-em-florestas-tropicais-modelo-digital-de-exploracao-
florestal)), disponibilizado há 15 anos, é utilizado em 100% dos planos de manejo do estado do Acre e por
empresas florestais de outros estados da Amazônia (Amapá, Roraima, Rondônia, Amazonas e Pará). A
tecnologia fornece informações de alta precisão sobre as áreas manejadas, facilita o planejamento,
execução e monitoramento das operações de campo e reduz em 31,5% os custos de produção, com baixo
impacto ambiental, além de contribuir com o trabalho de fiscalização e controle realizado por órgãos
ambientais.
Estudos de impacto mostram que, somente em 2021, o manejo de 40 mil hectares de florestas com uso do
Modeflora rendeu uma economia de, aproximadamente, R$ 11 milhões para o setor florestal amazônico. Na
fase atual, a ênfase das pesquisas é no desenvolvimento de sistemas avançados que integrem novas
tecnologias digitais para melhorar a eficiência do Manejo Florestal 4.0, estratégia de produção florestal
baseada na automação, geração, transmissão e tratamento de dados de alta precisão, com foco no
aumento da eficiência na atividade.
Às versões iniciais do Modeflora, que integravam o Sistema de Posicionamento Global (GPS), Sistema de
Informação Geográfica (SIG) e ferramentas de Sensoriamento Remoto (SR), entre outras tecnologias,
somaram-se inovações científicas como o sistema de perfilamento a laser Lidar
(https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/4124/uso-do-lidar-como-
ferramenta-para-o-manejo-de-precisao-em-florestas-tropicais) (Light Detection and Ranging), que permite
mapear a floresta em 3D, e drones de última geração. Esses estudos envolvem o treinamento de algoritmos
de inteligência artificial para realização de inventários florestais 100% automatizados e identificação de
espécies florestais de valor econômico.
Criada em 1976, como Unidade de Pesquisa de Âmbito Estadual de Rio Branco (Uepae Rio Branco), em
um cenário econômico de base extrativista, a Embrapa chegou ao Acre com a missão de desenvolver
sistemas de produção agrícola e pecuários, em áreas recém-desmatadas, para aumentar a oferta de
alimentos. “Nessa época, mais de 90% dos alimentos consumidos no Estado eram adquiridos no centro-sul
do país por via aérea ou fluvial. Mais da metade (60%) da carne bovina consumida pela população acreana
vinha da Bolívia e de outras regiões do País, o que encarecia e restringia o consumo do produto”, conta o
pesquisador Judson Valentim, que está na Empresa há 43 anos.
A Empresa passou a investir em pesquisas com novas culturas agrícolas de relevância econômica e social
para a região, como banana e mandioca, e com produtos não madeireiros com elevado potencial de
mercado, incluindo a castanha-do-brasil e o açaí. Nos anos 2000, inicia as pesquisas com manejo florestal
empresarial para redução dos impactos ambientais da atividade e valorização da floresta em pé e de seus
serviços ecossistêmicos.
Bruno Pena, chefe-geral da Embrapa Acre, explica que além de desenvolver a produção, as tecnologias
geradas pela pesquisa científica impulsionaram a economia e contribuem continuamente para melhoria da
renda e qualidade de vida das famílias rurais do Acre e de outros estados da Amazônia. “Essas conquistas
envolvem parcerias sólidas e duradouras com instituições públicas e privadas e com produtores rurais que
acreditaram no poder de transformação da Ciência e ajudaram a assegurar o processo participativo no
desenvolvimento e validação de dezenas de tecnologias para o setor produtivo”, ressalta.
No segmento pecuário, as pesquisas realizadas em parceria com a Associação para Fomento à Pesquisa
de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) resultaram no desenvolvimento de capins adaptados ao
encharcamento do solo. Nos últimos 20 anos, a Embrapa Acre disponibilizou para o mercado 15 variedades
de forrageiras dos gêneros Arachis, Brachiaria, Cynodon e Panicum, para cultivo em solos encharcados,
característicos da Amazônia.
“O encharcamento do solo é uma das causas da Síndrome da Morte do Capim Braquiarão, doença
considerada o principal fator de degradação de pastagens na Amazônia. Além de proporcionar longevidade
às pastagens, as forrageiras resistentes se destacam pela qualidade nutricional da forragem, fatores que
melhoram a dieta animal, a produção de leite e carne e a rentabilidade dos sistemas pecuários a pasto da
região”, afirma o pesquisador da Embrapa Acre, Carlos Maurício de Andrade.
Paralelo ao trabalho com as gramíneas, a Empresa buscou alternativas tecnológicas para intensificar a
produção pecuária na Amazônia. Entre 2019 e 2022 lançou duas cultivares de amendoim forrageiro,
leguminosa com elevado teor de proteína (entre 23 e 29%), alta produção de forragem e tolerância a solos
encharcados, para consórcio com diferentes tipos de gramíneas.
Valentim explica que o uso de leguminosas consorciadas com gramíneas é uma estratégia para garantir
pastagens mais produtivas e forragem de alta qualidade para o rebanho, com baixo uso de insumos. Esse
sistema aumenta a produtividade do rebanho e fornece nitrogênio para as plantas por meio de fixação
biológica resultante da interação de bactérias do solo com as raízes da leguminosa, processo natural que
reduz o uso de adubos nitrogenados e as emissões de gases de efeito estufa na atividade pecuária.
“A adoção dessa tecnologia, em larga escala, ajudou a desenvolver a pecuária no Acre e contribuiu para
colocar o Estado na condição de exportador de carne bovina. Com um rebanho de 4,2 milhões de cabeças
de gado em uma área de 2,3 milhões de hectares de pastagens, em 2021 a produção superou 80 mil
toneladas do produto, resultado que garante o abastecimento do mercado interno e gera excedentes para
exportação. Cerca de 60% da carne bovina acreana é vendida para outros estados”, destaca o pesquisador.
Fortalecimento da agricultura
“As Boas Práticas de Fabricação envolvem cuidados específicos para cada etapa do processamento,
melhoram as condições de trabalho nas casas de farinha e agregam valor à produção. Quando adotamos
esses procedimentos, o preço do saco de farinha com 50 quilos subiu de R$ 50 para R$ 120 e, desde
dezembro de 2022, é comercializado a R$ 200. Hoje, geramos mais renda com o nosso trabalho e temos
comprador certo para a produção”, comemora a agricultora Maria José Maciel, moradora do município de
Mâncio Lima e presidente da Central Juruá, cooperativa que reúne produtores de farinha de cinco
municípios da região.
Os estudos com a Farinha de Cruzeiro do Sul também contribuíram para a conquista da Indicação
Geográfica (IG) pelo produto, em 2017, como reconhecimento do modo tradicional de elaboração, passado
de geração para geração há mais de 100 anos, pelos agricultores do Juruá. “Essa certificação atesta a
procedência do produto, evita fraudes com a sua denominação, valoriza a produção e contribui para a
abertura de novos mercados, fortalecimento da economia e desenvolvimento local”, afirma a pesquisadora
Virgínia Álvares.
Em outro eixo de atuação, as tecnologias para recuperação e aproveitamento de áreas degradadas,
disponibilizadas pela Embrapa, têm viabilizado o cultivo de grãos (soja e milho) em antigas áreas de
pastagens, convertidas em sistemas de integração lavoura-pecuária, estratégia que contribui para
intensificar a produção e expandir essas culturas no Estado.
Jana Saito, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Acre, enfatiza que além de avanços
significativos para o setor produtivo local e regional, uso sustentável dos recursos naturais e melhoria na
qualidade de vida dos produtores, os conhecimentos e tecnologias geradas pela Empresa serviram de
subsídios para a formulação de diferentes políticas de desenvolvimento do Estado, com destaque para o
Zoneamento Agrícola de Risco Climático para diferentes culturas e o Zoneamento Ecológico e Econômico
(ZEE), principal instrumento de gestão ambiental e territorial. Entretanto, as demandas da produção são
crescentes e a necessidade de inovação é contínua.
“Um dos principais desafios para a pesquisa científica é elevar a eficiência dos atuais sistemas
agropecuários regionais, para torna-los mais produtivos e sustentáveis, sem incorporação de novas áreas.
Fortalecer o uso de sistemas mais integrados e intensivos é uma das estratégias viáveis para chegar a esse
resultado. Outro enfoque científico necessário é o desenvolvimento de estudos para identificação e
aproveitamento sustentável de bioinsumos regionais, para gerar novas alternativas de trabalho e renda para
as populações amazônicas”, avalia a gestora.
Na opinião de José Luís Tchê, secretário estadual de produção e agronegócio, a Embrapa tem papel
estratégico no projeto de desenvolvimento sustentável do Acre e da Amazônia. Apesar dos avanços, a
produção agrícola em larga escala ainda não é uma realidade no Estado, mas, com tecnologias adequadas
é possível consolidar cadeias produtivas de alto valor para a economia local e desenvolver produtos com
qualidade diferenciada. “Além disso, o Acre conta com 85% da sua floresta nativa em pé, um vasto potencial
bioeconômico e o desafio de converter esses recursos naturais em alternativas produtivas, com
conservação ambiental. A pesquisa científica desempenha função transformadora nesse processo”, afirma.
Instalada em Rio Branco, capital do Estado, a sede da Embrapa Acre ocupa uma área de 1.200 hectares,
onde funcionam campos experimentais, laboratórios, casas de vegetação, setores administrativos e centro
de treinamento, dentre outras estruturas de pesquisa e gestão. A Empresa também mantém um escritório
de transferência de tecnologias na cidade de Cruzeiro do Sul, região do Juruá, desde 2002.
As pesquisas com povos indígenas, para fortalecer a produção agrícola, criar alternativas de renda e
garantir segurança alimentar nas aldeias, também confirmam a importância da Embrapa Acre em temas de
interesse nacional. Esse trabalho gerou subsídios para um acordo de cooperação técnica com a Fundação
Nacional do Índio (Funai), com a participação de todas as unidades da Embrapa que atuam com
populações indígenas. “Temos orgulho da trajetória da Empresa e o compromisso de continuar entregando
ativos tecnológicos relevantes para o desenvolvimento e sustentabilidade da Amazônia e de outras regiões
do País”, finaliza Bruno Pena.
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