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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

POLÍCIA CIVIL
GABINETE DA CHEFIA
DIVISÃO DE ASSESSORAMENTO JURÍDICO

PARECER 011/2007

CONTROLE EXTERNO DA POLÍCIA PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO/RS. INCIDENTES HAVI-DOS.
ANÁLISE DO ASSUNTO HISTORIANDO OS FATOS,
À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DAS LEIS.
PROPOSTAS DE REGULAMENTAÇÃO QUE
MANTENHAM A DIGNIDADE DAS FUNÇÕES DOS
DELEGADOS DE POLÍCIA, SUA CHEFIA
HIERÁRQUICA E O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE,
SEM DESCUMPRIR O COMANDO CONSTITUCIO-
NAL E A TAREFA MINISTERIAL. REVOGAÇÃO DE
ATOS VICIADOS E ENTENDIMENTO BILATERAL
ENTRE AS INSTITUIÇÕES.

Vêm a esta DAJ dois documentos, com outros


tantos, em cópias, acostados, versando sobre o mesmo
assunto básico: o dito controle externo da atividade
policial, pelo Ministério Público.

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A esses, somam-se outros ainda, recentemente


aportados na Chefia de Polícia, já nesta Gestão recém
iniciada, de 2007.

Útil apreciarmos tais peças, sob a mesma ótica,


vez que trata-se de facetas variadas de um único problema.
E problema o é, certamente.

O Ofício nº 096/I/2007, datado de 01 MAR 2007,


oriundo do Departamento Estadual de Polícia Judiciária de
Trânsito – DPTRAN, firmado pelo Diretor em exercício
daquele Departamento de Polícia, Delegado MILTON
SALATINO, dá notícia ao Exmº. Sr. Chefe de Polícia, de que
na data de 14 de FEV 2007, compareceram promotores de
justiça, ao DPTRAN, para praticar atos do controle dito
externo. A srª. Promotora TATIANA, indagada sobre qual
documentação pretendiam verificar, respondera que seria
TODA a documentação existente no Órgão policial; suas
palavras foram eu quero ver tudo..

A essa resposta, o Dr. SALATINO negou acesso,


afirmando que nesses termos tratar-se-ia de verdadeira
INSPEÇÃO, o que refoge ao múnus ministerial na espécie.
Assegurou, disse, total acesso à documentação que
versasse sobre caso específico, desde que relativo à
atividade de polícia judiciária e que dissesse respeito à
persecução penal, nos estritos termos da Lei Complementar
n º 11.578, ART. 1º, II/RS.

A promotora embasava-se na PORTARIA nº


273/01 da Chefia de Polícia/RS, segundo disse.

Em data de 01 MAR 2007, novamente


compareceu dita promotora, desta vez acompanhada de dois

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outros promotores e quatro assessores, objetivando efetuar


o que define o Delegado, como o controle INTERNO
(inspeção correicional), de exclusiva atribuição da
Corregedoria Policial.

O promotor NILSON DE OLIVEIRA RODRIGUES


FILHO, irresignado, teria pretendido examinar o
Departamento sem quaisquer limites e obstado, teria, em
tom altamente intimidatório e constrangedor, afirmado que
tomaria drásticas medidas contra a autoridade policial,
contra o Corregedor e contra o Chefe de Polícia. Frisou que
o tom ameaçador ficara bem claro.

O Delegado SALATINO transcreve posição


publicada na RT 664/387, de lavra do professor HUGO
NIGRI MAZZILLI, promotor de justiça, onde esse
representante do Parquet enfatiza o caráter de fiscalização
da atividade-fim da polícia judiciária, não as atividades-
meio, a serem examinadas pelo Ministério Público em sua
missão de exercer o controle externo das polícias. Encerra o
Delegado em tela, destacando a parceria indispensável
entre Polícia e MP, no combate ao crime, afirmando ser este
o momento de esclarecer dúvidas e atribuições, não sem
antes pacificar a questão da AMEAÇA irrogada pelo
promotor, na presença de funcionários policiais. Requereu in
fine curso ao Sr. Procurador Geral de Justiça com destino ao
Sr. Corregedor Geral do Ministério Público Estadual/RS,
para as necessárias apurações. Juntou cópia das
Comunicações de Ocorrências policiais nºs.
1822/2007/DPPA02 e 2467/2007/DPPA02, registradas em
razão dos fatos narrados.

O outro documento apontado, vem da DIVISÃO

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DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO – DIPLANCO,


deste Gab/Chefia de Polícia, firmado pelo seu Diretor,
Delegado de Polícia FÁBIO MOTTA LOPES.

Encaminha o Ofício nº 026/07/GCEAP, de 09


JAN 2007, oriundo do Grupo de Controle Externo da
Atividade Policial do Ministério Público Estadual/RS, firmado
pelo promotor NILSON DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO (o
mesmo promotor que, segundo o Delegado SALATINO, teria
proferido ameaças no DEPTRAN).

Nesse documento, dito servidor solicita dados


acerca de atividades policiais e outras de âmbito interno da
Polícia Civil. Ao tempo que deseja saber o número de
ocorrências criminais e não criminais (! ), o número de
inquéritos instaurados, remetidos e não remetidos, número
de procedimentos em andamento, no DPM, DEIC,
DEPTRAN, DENARC, DECA e COGEPOL, indaga o total de
servidores lotados em cada Delegacia e a distribuição do
efetivo real (cartórios, SI, Plantão, Gabinete,etc.), além do
número de flagrantes elaborados por todos os Órgãos
Policiais da Capital/RS, inclusive da 2 2ª DPPA.

A tais pretensões, negou informar o Sr. Diretor


da DIPLANCO, em despacho fundamentado, destacando que
o exercício do controle externo da atividade policial no RGS,
fora tratado pela Lei Complementar nº 11.578/2001, de
duvidosa constitucionalidade, diante da ausência de
congênere Federal, consoante exigência da Constituição do
Brasil, em seu ART. 22, I e ART. 129, VII.

Transcreve, inobstante, diz, o ART. 1º da


mencionada Lei Estadual, para concluir que esta não
permite ao MP conhecer dos dados estatísticos, nem quanto

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a efetivo e lotação de policiais, informações que reportam ao


CONTROLE INTERNO, a ser exercido pelos Órgãos da
Polícia Civil. Destaca ao final, que os atos de controle
externo devem ser à luz da legislação vigente, exercidos de
forma pontual.

Com data de 07 MAR 2007, em o Ofício nº.


198/2007/GCEAP, o promotor subscritor do anterior ofício
endereçado à DIPLANCO, dirige-se diretamente ao Exmº.
Sr. Chefe de Polícia, REQUISITANDO (grifo nosso) que o
Mandatário Maior Policial assegurasse o atendimento da
anterior solicitação.

Embasa com doutrina de jurista alienígena, que


não ilide a negativa e afirma que a Constituição Federal já
foi regulamentada por Lei Complementar, de nº 73/93,
reproduzindo suas disposições. A seguir transcreve o ART.
3º da Lei 11.578/2001/RS, mencionando a seguir o
PROVIMENTO nº. 08/2001/MP/RS, que teria instituído as
diretrizes do controle externo da atividade policial e cuja
constitucionalidade teria sido infirmada em sentença judicial,
que anexa ao ofício, destacando os itens da Lei acerca do
assunto. Conclui dizendo: desta maneira, os dados
estatísticos da polícia judiciária e total de servidores lotados
nas Delegacias de Polícia são informações atinentes ao
controle externo da atividade policial.

O mesmo subscritor do ofício acima mencionado,


endereça em 02 MAR 2007, no dia seguinte à frustrada
tentativa de inspeção no DEPTRAN, Ofício nº.
184/07/GCEAP/MP, igualmente ao Exmº. Sr. Chefe de
Polícia/RS, onde ...requisita com urgência ... informações
sobre quais providências foram adotadas contra o Delegado

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MILTON SALATINO.

Anexas ao ofício acima mencionado, vieram


cópias de um ofício e de duas ATAS, de não--realização do
controle dito externo, junto ao DPTRAN, firmadas pelos
promotores NILSON DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO e
TATIANA DE OLIVEIRA D‘AVILA.

Gize-se que no ofício ao Chefe de Polícia, o


promotor NILSON afirma que está a requisitar com
URGÊNCIA os esclarecimentos, PARA INSTRUIR O
INQUÉRITO CIVIL Nº 001/2007, instaurado naquela
Promotoria de Justiça.

Bem a propósito, também integra o conjunto de


documentos acostados, o DESPACHO datado de 22 FEV
2007, de lavra da promotora TATIANA DE OLIVEIRA
D’AVILA, onde determina a seus subordinados envio de
cópia da ATA de não inspeção à Corregedoria e ao Chefe de
Polícia, para que fossem tomadas as providências internas
cabíveis, marca novo ATO de inspeção e finaliza
encaminhando cópias de tudo ao colega com atribuições na
área da improbidade administrativa, (!) Dr. Nilson de Oliveira
Rodrigues Filho.. Já em análise este caso,, aporta, a 12
MAR 0o Ofício nº 210//07/MP, do MESMO PROMOTOR
FIRMATÁRIO DOS ANTERIORES, reiterando a “requisição”,,
a saber,, o QUE fora desencadeado contra o Delegado
recalcitrante e ASSINALANDO PRAZO DE 48 48 HORAS ao
Chefe de Polícia, para responder.(!.(!).). ((notável))

Os grifos são em função de situação a seguir


analisada, criado pelo MP, não só neste, como em casos
análogos.

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* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Paralelamente com os Expedientes


mencionados, outras solicitações do MP deram entrada na
Chefia de Polícia, algumas sob a forma de ofício, outras em
que nem a isso se deram ao trabalho os subscritores,
promotores de justiça.

Em anexo um exemplo, onde a promotora


TATIANA DE OLIVEIRA D’AVILA, em singelo e-mail, solicita
ao Sr. Chefe de Polícia, dados acerca do efetivo policial em
diversas cidades da Fronteira Oeste/RS, com
particularização de lotação nos setores das DPs. E a seguir,
sem maiores delongas, afirma que tais dados comporão
montagem de AÇÃO JUDICIAL que pretende intentar contra
o Governo do Estado, visando melhor dotar as Delegacias
de Polícia de recursos humanos.

A resposta que foi-lhe endereçada, noticia o


encaminhamento da solicitação, com apreciação de mérito, a
Exmª. Governadora do Estado/RS, através do Secretário da
Segurança, eis que a intenção, se atendida, macularia, sem
embargo, o dever de lealdade, ínsito a todo e qualquer
funcionário público, mais ainda à autoridade policial, pois
equivaleria a abastecer de informações, o advogado que
pretende processar o dono da firma, onde o empregado
presta serviços. Na esfera trabalhista, possivelmente
estaríamos diante de FALTA GRAVE, ensejadora de
demissão clausulada.

Sem olvidar, que a própria LEI (Estatuto dos


Servidores Civis/RS) nº. 10098 estabelece tal dever, além

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do Estatuto Policial Civil; tal demanda desde logo se afigura


de difícil sucesso, face à tão conhecida situação financeira
do Estado/RS.

Essas e outras solicitações desse jaez, algumas


como o Ofício nº. 248/2007, cópia anexa, bem dizem da
forma e da desconsideração com que os senhores
promotores de justiça encaram o que entendem como
“controle externo” da atividade policial. Arbitram prazos
exígüos para atendimento de suas requisições, impondo uma
subordinação que inexiste em qualquer diploma legal,
coagindo e constrangendo autoridades e servidores, como
se magistrados fossem. Mas esta já é uma conclusão do
assunto em pauta, a qual melhor embasada será, após
outras considerações indispensáveis à matéria.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

A Magna Carta de 1988, em seu ARTIGO 127 e


seguintes, trata DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA.Na
SEÇÃO I, cuida do Ministério Público.

Já desde aquela redação constitucional,


instalou-se a dúvida.O MP não estando incluído nos
anteriores Capítulos do TÍTULO IV: DA ORGANIZAÇÃO DOS
PODERES, como sejam no Legislativo, no Executivo e no
Poder Judiciário, seria um NOVO Poder de Estado?

Sem desdouro de inúmeras outras e abalizadas


considerações, de mestres constitucionalistas e exegetas do
ramo, no ARTIGO 2º , uma das cláusulas pétreas do
Diploma Excelso, estão descritos os TRÊS PODERES da
República. Não há nenhum parágrafo ou outra forma

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constitucional que complemente, dizendo E são funções


essenciais à República...

Até porque, no mesmo citado capítulo IV, outras


duas Seções sucedem-se, tratando da ADVOCACIA
PÚBLICA (ARTs. 131 e 132) e da ADVOCACIA E DA
DEFENSORIA PÚBLICA (ARTs. 133 a 135). Seriam tais
órgãos igualmente outros PODERES? É tão óbvio o
raciocínio, que custa a crer restem dúvidas. Manifestações
judiciais já pacificaram a questão. Recentemente até.

São órgãos do PODER EXECUTIVO, os


mencionados, com autonomia administrativa e funcional (a
Defensoria Pública Estadual, através da Emenda
Constitucional nº.45, do ano de 2004. – Conhecidos são os
caminhos que levam a tais conquistas institucionais e
corporativas).

Feitas essas iniciais considerações, com as


quais certamente não concordam alguns doutos e por
decorrência muitos leigos, (veja-se a coluna jornalística
reproduzida abaixo, publicada no jornal “O SUL” de
PALEGRE/RS, edição de 03 MAR 2007-SÁB., logo após
manifestação do Supremo Tribunal Federal, acerca de teto
salarial da magistratura e pouco depois de o mesmo STF ter
julgado à unanimidade (em DEZ 2006) que o Ministério
Público NÃO É PODER, NEM TEM CARÁTER NACIONAL.

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Junta-se o acima e tecem-se estas construções


preliminares, para pontificar que, embora não sendo PODER
da República, o MP, através de seus membros, PORTA-SE,
AGE, como se o fosse. Inclusive nas funções a ele não
cometidas por nenhum diploma constitucional ou legal.

Isto se diz, para exemplificar o que acontece c á


na ponta das atividades de controlar a atividade externa das
polícias.

Pois está tão disseminada a idéia de que o MP


tudo pode, que a própria vox populi assim o aceita, como
transcreve o colunista acima: ...pode não ser , mas na
prática, o é.

Quanto aos fatos trazidos à baila, comecemos


pela negativa do Sr. Delegado Diretor Interino do DPTRAN,
em abrir os arquivos e as gavetas de seu Departamento, à
insistente promotora e seus pares.

Bom dizer, desde logo, que o Delegado MILTON


SALATINO, em momento algum nega a existência e
conseqüente subordinação ao CONTROLE EXTERNO DA
POLÍCIA, a ser exercido pelo MP.

Ao revés, a autoridade policial enaltece a


parceria que deve medrar entre duas instituições voltadas a
combater o crime e defender a sociedade.

Da mesma maneira, o Sr. Delegado de Políci a


Dr. FÁBIO MOTTA LOPES, em seu despacho denegatório
das pretensões correicionais da srª. promotora TATIANA,
fala que ...no legítimo exercício do controle externo......).

Assim, bom pontificar o que sabe-se, é ponto

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pacífico entre os Delegados de Polícia Gaúchos: NINGUÉM


É CONTRA O CONTROLE EXTERNO DA POLÍCIA.

O que se deseja afastar, de vez, é a confusão


formada entre controle externo e controle INTERNO:
correição, inspeção, fiscalização administrativa, algo que
pelas Constituições em vigor (Federal e Estadual) e pelas
Leis infraconstitucionais, só compete à Corregedoria Policial
e demais Delegados de Polícia, no exercício de sua
atribuição de ADMINISTRAR a Polícia.

Senão vejamos; no ARTIGO 144 da Carta da


República, em seu parágrafo 4º, lemos:

Às polícias civis, dirigidas por


delegados de polícia de carreira,,
incumbem,, ressalvada a
competência da União,, as funções
de polícia judiciária e a apuração
das infrações penais,, exceto as
militares. (grifei)

Em sua congênere Estadual/RS, no ARTIGO 133


lemos verbis:

À Polícia Civil,, dirigida pelo


Chefe de Polícia,, delegado de
carreira, da mais elevada
classe.....(grifo nosso)

Ora, DIRIGIR é ADMINISTRAR, segundo


qualquer dicionarista pátrio ou não. Reza o festejado
AURÉLIO: (Edição Século XXI, 2ª impressão)

ADMINISTRAR: (Do latim

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‘administrare’) GERIR (negócios


públicos ou particulares.). REGER
com autoridade suprema;
governar,, dirigir...... Dirigir
qualquer instituição.. Manter sob
controle um grupo......GERIR
negócios públicos ou particulares;;
exercer função de administrador..

Não será preciso recorrer a mestres da ciência


da Administração para lembrar as basilares funções do
administrador: dirigir, coordenar, ordenar, estatuir,
CONTROLAR, fiscalizar, avaliar, reconduzir ou corrigir. Esta
a configuração clássica, desde Henry Fayol.

Então se ambas as Cartas Constitucionais


estabelecem que quem DIRIGE a Polícia Civil é o Chefe de
Polícia, delegado de carreira, suas funções não podem ser
pulverizadas, ou usurpadas.

Por que se afirma isso?

Pelo singelo e cristalino fato de que EFETIVOS ,


dados estatísticos, informações reservadas como
armamento, munição, viaturas, lotação de policiais,
máquinas, instrumentos de investigação, OPERAÇÕES
POLICIAIS, são todas atividades e dados que absolutamente
não dizem respeito à função de polícia judiciária em sua
atividade--fim, como quer a Lei.

São à evidência, funções ADMINISTRATIVAS,


que interessam à economia interna da instituição policial.
Refogem ao estatuído controle externo da ATIVIDADE
policial. São atividades-MEIO, não FIM.

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A Constituição Federal, em seu ARTIGO 129


reza verbis:

São funções institucionais do Ministério


Público::

. . .

VII - exercer o controle externo da


atividade policial,, na forma da lei
complementar mencionada no artigo
anterior;...

E mais não fala. Nem seria de boa técnica


legislativa, descer o Diploma Máximo a detalhes reservados
às leis ordinárias, linhas gerais que deve traçar. (Embora em
muitas ocasiões a Carta Maior tenha cometido tal pecado;
geralmente atendendo a interesses corporativos e/ou
imediatistas).

A lei complementar federal de nº. 75/1993, que


trata da organização, atribuições, vedações e sobre o
Estatuto do Ministério Público da União, a qual aplicável
será no âmbito dos Estados-membros, forte na Lei
8625/1993, reza:

O Ministério Público exercerá o control e


externo da atividade policial,, tendo em
vista as seguintes diretrizes::

a) o respeito aos fundamentos do Estado


Democrático de Direito,, aos objetivos
fundamentais da República Federativa
do Brasil,, aos princípios informadores
das relações internacionais,, bem

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como aos direitos assegurados na


Constituição Federal e na lei;;

b) a preservação da ordem pública,, da


incolumidade das pessoas e do
patrimônio público;;

c) a prevenção e a correção de
ilegalidade ou de abuso de poder;;

d) a indisponibilidade da persecução
penal;;

e) a competência dos órgãos incumbidos


da segurança pública..

No âmbito Estadual/RS, foi editada a Lei


Complementar n° 11.578, de 05 JAN 2001, dispondo so bre o
controle externo da atividade policial pelo Ministério Público.

Tal lei, oportuno lembrar, fora intentada em


1995/96, em termos julgados excessivamente intromissórios
à administração da Polícia Civil. Houve o debat e
democrático e após inclusive sustentação oral admitida
pelos legisladores estaduais, em plena Assembléia
Legislativa/RS, locução essa proferida exatamente pelo
Delegado de Polícia MILTON SALATINO, secundado pelos
seus pares, então da Diretoria da ASDEP – Associação dos
Delegados de Polícia/
RS - , os deputados estaduais/RS houveram por bem
REJEITAR o projeto proposto pelo MP, considerando-o
abusivo em seus termos.

A intenção de adentrar às Delegacias de Polícia,


executando toda a sorte de intromissões tão humilhantes

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quão ineficazes à idéia da Lei Maior, dormitou por algum


tempo e, não por acaso, veio a renascer e criar corpo,
transformando-se em LEI, exatamente durante um período
administrativo no Rio Grande do Sul, em que o coordenador
político da área de segurança pública, dentre muitas outras
afirmativas do gênero, dizia na imprensa, que o crime
organizado só existe porque existem Delegados de Polícia.
E que seu governo estava a combater a banda podre da
Polícia. sem nunca explicitar QUEM e QUAIS eram os
integrantes desta banda podre. Ou o QUE faziam, limitando-
se a denegrir os integrantes da Polícia Civil, de plano e
irresponsavelmente.

Oportuno a esse mote, recordar, trecho do voto


do Desembargador ARAKEN DE ASSIS, quando em
julgamento, na 4ª Câmara Cível/RS, decidia-se sobre
apelação contra decisão do juízo a quo, onde a ASDEP/RS
contestava ato do Procurador Geral de Justiça, referente à
regulamentação do controle externo.

Já no Relatório, o eminente Desembargador


assim se referia ao estamento dirigente da época (2002) no
RGS:

Por fim assinalo que recebi, em caráter


particular,, o Ofício de nº.183/200,
assinado pelo Sr. Secretário de Estado
da Justiça e da Segurança, José Paulo
Bisol,, no qual S. Exª . roga,
antecipadamente, minha compreensão e
toma a liberdade, que não lhe concedi,,
de esclarecer relevantes ‘fatos novos’
que influem no julgamento do agravo de

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instrumento,, versando sobre o mesmo


assunto, que será julgado nesta mesma
sessão..

E prossegue, no mesmo tom, ao final de seu


voto:

Finalmente não posso encerrar o voto


sem mencionar a falta de adequação do
Sr. Secretário da Justiça e da
Segurança,, ao remeter a
Desembargador deste Tribunal ofício
reservado,, relativamente à causa sob
julgamento.. Não sei o que S. Exa.
imagina lograr com seu intento,, mas não
aceito semelhante forma de
manifestação,, que traz implícita a
tentativa de influenciar o conteúdo de
pronunciamento jurisdicional.. Tenho
certeza de que o honrado Ministério
Público também não está de acordo com
tal conduta..

Exemplo de como as pessoas que dirigiam o


Estado/RS na época, pensavam. Aliás. GALLUM IN SUO
STERQUILINO PLURIMUM POSSE......

Pois foi nesse período altamente arbitrário, em


que leis e constituições foram desprezadas pelos
mandatários políticos, que logrou o M P, finalmente, ver
transformada em lei, sua intenção de controlar
INTERNAMENTE a Polícia.

E por que dizemos internamente?

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Observe-se, ainda que apensada esteja, a


redação da Lei indigitada.

ART. 11º - O Ministério Público,, nos


termos do art.. 127, VII da
Constituição Federal e do art..
111, IV,, da Constituição
Estadual,, no âmbito do Estado
do Rio Grande do Sul,, exercerá
o controle externo da atividade
policial civil e militar,, por meio
de medidas extra-judiciais e
judiciais,, podendo::

I – ter livre ingresso em


estabelecimentos e em unidades
policiais civis e militares;;

II– ter acesso a quaisquer documentos,,


informatizados ou não,, relativos `a
atividade de polícia judiciária civil e
militar e que DIGAM RESPEITO À
PERSECUÇÃO PENAL;..... (grifo
nosso)

Em seus outros 04 artigos e nos 04 incisos do


transcrito ART.1º, não consta nenhuma definição, ou
conceituação do que seja exatamente CONTROLE
EXTERNO, a não ser o transcrito no INCISO II acima.

E que delimita notavelmente a ação do promotor.


Pois os documentos a serem examinados, devem:

1) Ser relativos à ATIVIDADE DE POLÍCIA


JUDICIÁRIA. (civil ou militar).

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Aqui, de saída, uma incongruência reveladora. A


atividade de polícia judiciária é a atividade-fim por
excelência da POLÍCIA CIVIL. Está lá, na Constituição
Federal e na congênere Estadual/RS. É a atividade
finalística maior das organizações policiais que atuam no
meio CIVIL, elaborando o Inquérito Policial e seus
derivativos (alguns hoje já conspurcados, com todo o apoio
do mesmo MP que é tão cioso de ser o fiscal da lei e de
suas atribuições).

Ora, quando a Lei 11.578 em comento,


estabelece quais documentos são passíveis de serem
examinados pelo promotor, engloba aqueles atinentes à
principal (mas não à única) atividade da Polícia Civil e a
uma das mais irrelevantes, últimas, até pela incidência
estatística, das atividades da polícia MILITAR.

A polícia militar só elabora peças de polícia


judiciária, que digam respeito ao aspecto disciplinar/penal
de seus membros, enquanto, nessa última hipótese, tratar-
se de CRIME MILITAR. Sua atividade precípua, consignada
nas Cartas Maiores Republicanas, é a de efetuar o
policiamento ostensivo fardado. E se formos procurar na
indigitada lei, no texto em análise, INEXISTE comando que
permita ao promotor aferir, conhecer, fiscalizar,
CONTROLAR, a atividade-fim maior da polícia ostensiva.

Dir-se-ia que tal lei só foi editada, com vistas à


Polícia Civil, no Rio Grande do Sul.

Pois é exatamente o acesso aos documentos


que NÃO DIZEM RESPEITO à atividade de polícia judiciária,
que referem-se a outras atividades de Polícia Civil, sua
organização interna, seus efetivos, e outras, que está a se

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discutir e que originou o protesto e a negativa dos Delegado,


neste Expediente.

Só por esse detalhe, da tão esgrimida Lei


complementar 11.578/2001, pode-se vislumbrar o
endereçamento de tal norma.

Por isso é que anteriormente, historiamos a


gênese natimorta do tal diploma, destacando a seguir sua
aprovação, em momento político-administrativo
extremamente hostil à Polícia Civil e aos Delegados de
Polícia/RS.

A obedecer ao mandamus inquinado, o promotor


controla a atividade de polícia judiciária da Polícia Civil, em
todas suas expressões, mas no âmbito da polícia ostensiva,
força pública que é, com atribuições tão importantes e
relevantes na vida dos cidadãos, eis que é a polícia de rua,
fardada, visível, só pode examinar peças de polícia
judiciária militar.

Não é notável?

Será que ilegalidade e abuso de poder, que é o


apanágio da ação controladora do MP nas polícias, só
ocorre na atividade cartorial? No policiamento de rua não?

Observe-se que só esse detalhe, já basta, a um


exame ISENTO, para contaminar a Lei em pauta. Não é à
toa que chegam notícias de que a seguir, estará a ASDEP,
dentre outras agremiações, a questionar na Justiça a
existência e a constitucionalidade dessa lei.

Mas não é só.

A segunda condição do INCISO II do ART. 1º do

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diploma em tela, exige que

2) os documentos digam respeito À


PERSECUÇÃO PENAL.

Agora, sem desdouro do já apontado antes,


pergunta-se: em que, efetivos, número estatísticos internos,
condições e lotação de funcionários policiais, viaturas,
armamento, material apreendido, dizem respeito à
persecução penal documentalmente??

Pois são duas as conditio eleitas pela lei: devem


ser documentos relativos à atividade de polícia judiciária e
que digam respeito à persecução penal.

Uma ESCALA DE PLANTÃO, ou o número de


funcionários lotados na secretaria ou na SI de uma DP,
enquadra-se nesses parâmetros?

Bem, se alguém assim entender, diremos que a


atividade de limpeza e higiene, ou a manutenção dos
condicionadores de ar, também; a manutenção das viaturas
e das armas idem; muito mais a indumentária das
autoridades e dos agentes; por que não sua vida
particular,que como é sabido e consabido, em TODAS as
profissões, interfere na atividade profissional, a ponto de as
organizações privadas e públicas dedicarem VERBAS,
tempo e mão-de-obra, para otimizar e suavizar
conseqüências danosas oriundas da atividade dos
empregados, em inúmeras profissões, inclusive a policial. E
que dizer dos salários? Fácil de notar o início do
incongruente, vestíbulo do inusitado e caminho para o
absurdo.

Observa-se, a uma análise isenta e bem

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primária, que NENHUM dos diplomas legais abordados,


confere poderes aos srs. promotores, para imiscuirem-se na
ADMINISTRAÇÃO DA POLÍCIA.

E aliás só estão interessados na interferência na


administração da POLÍCIA CIVIL, pois como foi
demonstrado, no caso da militar, nem sequer o policiamento
ostensivo lhes interessa controlar. Só os IPMs!

Não é de suspeitar que algo está errado?

Essas perquirições são de extrema validade,


entendemos, no momento em que nova Gestão
Governamental se inicia, com diretrizes bem estabelecidas
no âmbito da segurança pública, com uma propalada
valorização das polícias.

E no momento em que o Ministério Públic o


Estadual/RS está prestes a escolher seu novo Procurador
Geral de Justiça.

A esse respeito, logo adiante retornaremos,


acerca da conveniência de rediscutir o assunto entre as
instituições.

De momento, indispensável ainda, analisar


outros atos administrativos, pertinentes ao assunto.

Em suas manifestações, a srª promotora de


nome TATIANA e o Sr. Promotor chamado NILSON, bem
assim, todos os outros seus pares, em situações análogas,
esgrimem, incessantemente a PORTARIA nº 273/2001, da
Chefia de Polícia e da Corregedoria-Geral de Policia,
conjuntamente.

O Sr. Delegado SALATINO, em sua

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manifestação, preâmbulo deste Expediente, diz:

A Promotora embasou, o tempo, todo,, sua


pretensão ( (de examinar “tudo”)) na
PORTARIA, nº273/01/273/01/CH/PC..

Na ATA nº001/2007, a promotora nominada


relata como atitude do Delegado:

......que só cumpre a Constituição Federal e a


Lei, e nega vigência à Portaria da Chefia de Polícia
nº273273/2001.../01...

A Portaria em epígrafe, tornou-se estandarte de


batalha dos promotores, ao serem-lhe questionados os
poderes de adentrar às dependências policiais CIVIS, para
examinar desde o inquérito até os ofícios e memorandos
internos.

Pela sua importância nesta análise, anexamos


cópia de tal ato administrativo e também da INSTRUÇÃO
NORMATIVA 01/95, da Chefia de Polícia/RS, revogada pela
peça referida.

O que se infere, após leitura atenta de ambos os


documentos, que configuram e concretizam atos
administrativos de GESTÃO INTERNA da Polícia Civil, é
algo bem distante do pretendido pelos controladores do MP.

Como seja:

1) A INSTRUÇÃO NORMATIVA 01/95 é


COMPLETA. É verdadeiro vade mecum da ação da polícia
judiciária, na atividade cartorial.

2) Abrange tal estatuto, desde o Inquérito

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Policial e suas derivações, detalhando a Notícia da Infração.


e Instauração,, Movimentação,, Instrução,, Intimações,,
Inquirições,, Reconhecimentos, Acareações, Diligências,
Busca Domiciliar, Apreensão e Arrecadação, Exame Pericial,
Cartas Precatórias, Inquirição do Autor e seu Indiciamento,
Relatório, Remessa, conclusa ou Inconclusa, Locais de
Infrações Penais e procedimentos pertinentes, Prisão em
Flagrante, Seqüestro e Indisponibilidade de Bens,
Concessão e Recolhimento de Fiança, Incidentes,
Indagações Policiais, Ato Infracional de Criança e
Adolescente, Adolescente Apreendido em Flagrante,
(com/sem violência à pessoa, à coisa, grave ameaça, etc.),
Adolescente Não Apreendido, Disposições Genéricas e
LIVROS CARTORÁRIOS. Tudo dividido em
capítulos,seções,etc., na melhor técnica legislativa – ainda
que em âmbito administrativo.

3) A PORTARIA 293, limita-se a estabelecer


procedimentos para descarte oficial de casos não
solucionados, destacando que há uma regulamentação
posterior, de comum acordo com a Justiça e com o MP, para
arquivamento desses feitos, majoritariamente de autoria
desconhecida e/ou de natureza não criminal.

E ao final estabelece uma série de LIVROS


CARTORÁRIOS e ADMINISTRATIVOS, obrigatórios nas
Delegacias, inclusive descendo ao nível das PASTAS-
ARQUIVO, mencionando ofícios, memorandos, ordens de
serviço, perícias. Deita detalhes do tipo espaço duplo ente
as linhas, para aposição de modificação de enquadramento
e outras pérolas do gênero.

Útil à análise, transcrever um dos

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CONSIDERANDO desse notável exercício de


intervencionismo explícito:

Na parte preambular, o segundo considerando,


reza:

CONSIDERANDO a necessidade de
atuali zação, compatibilização e consolidação
das diretivas internas referentes à
instrumentalização da atividade de Políci a
Judiciária,, visando a organização,,
CONTROLE INTERNO, otimi zação e geração
de estatísticas confiáveis;; (grifo nosso)

Além de se constituir tal peça, num exemplo vivo


da inesgotável veia burocrática de certos servidores, que em
perfeito idioma burocracês falam, falam e mais confundem
que esclarecem, os itens dispositivos dessa Portaria, fazem
apenas UMA COISA: ENGESSAM a atividade de polícia
judiciária. E REVOGAM A INSTRUÇÃO NORMATIVA 01/95,
de tão acertada técnica.

Ao determinar quantas LINHAS um lançament o


deve possuir e o que fazer, ponto a ponto, passo a passo,
quando por exemplo, o fato narrado não se constituir delito,
o que a Portaria 273 e suas decorrências ( a teratogenia
gerou filhotes depois) os então Chefe e Corregedor de
Polícia, apenas manietaram, amarraram as mãos e o cérebro
dos Delegados. O Código de Processo Penal, o Código
Penal, as Leis Extravagantes e Complementares, específicas
que devem ser, foram, sem exceção, desprezadas, como se
repositário de imbecilidades fossem.

Faltou apenas estabelecer o tipo de letra a ser

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empregado, sob cominações legais (ministeriais?).

Evidente que tal Portaria foi apenas firmada


pelos seus ditos autores. Não é crível que Delegados de
Polícia, com experiência nas lides de suas funções,
exarassem tal despropósito administrativo. A não ser que
outros interesses e objetivos houvesse.

Salta aos olhos que esse mandamento foi


emitido, visando estabelecer QUAIS LIVROS, quais
PASTAS-ARQUIVO (! ), quais documentos deveriam constar
em cada DP, para que o MP ali os encontrasse em ordem
alfabética e cronológica, isentos de pó e de ilegalidades.
Como se o crime e sua apuração fossem assépticos,
cobertos e alinhados militarmente em colunas.

O mais notável é que – basta examinar a


Portaria anexa – em nenhum comando, dito ato
administrativo de gestão policial, fala em CONTROLE
EXTERNO PELO MP!

Na prática, apenas estabelece metas e controles


cartorários e extra-cartorários, a serem implementados nas
Delegacias de Polícia, sem referir repita-se, em MOMENTO
ALGUM, obrigatoriedade de abrir tais pastas ao exame do
promotor.

Então, o descumprimento de tal peça, dat a


maxima venia à srª promotora TATIANA e sr. Promotor
NILSON, a uma, só seria aferível se efetivamente
examinassem gaveta por gaveta, prateleira por prateleira,
cofre por cofre, o interior do DPTRAN. A duas, não o fizeram
por terem sido obstados pelo Delegado SALATINO, que
impediu a devassa, indevida, à toda a prova.

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Como alegar, como o fizeram, ao Sr. Chefe de


Polícia, que o Delegado descumpriu a Portaria 273, se esta
não impõe nenhuma obrigatoriedade de aceitar o abuso, ou
que nome tenha tal ação?

Para saber se um Delegado descumpriu tal


Portaria, tem-se que contar um a um os ofícios, pastas,
livros e comparar com o numerus clausus lá elencado. Como
tal não se deu sequer de longe, no caso específico, não há
falar em descumprimento de norma interna policial.

Quanto às normas EXTERNAS, já se falou,


desde as Constituições até a LEI Estadual. Em nenhum
momento nesses diplomas, existe o detalhamento do que
seja exatamente o propalado CONTROLE EXTERNO.

A não ser as impropriedades apontadas antes,


como no caso da preferência escandalosa em controlar a
Polícia CIVIL e não o fazer na seara de principal atribuição
da polícia ostensiva.

Pode-se entender, com mínima visão e algum


conhecimento colecionado ao longo dos últimos doze anos,
como as coisas chegaram a tal grau de descontrole, de
imposição unilateral e de, permitam-me, subserviência
explícita, onde toda uma instituição, séria e honrada, como
qualquer outra, viu-se de joelhos perante outra, incipiente
em seu papel de controlador. (e quem será que controla o
controlador?)

Em determinado momento do julgamento da


Apelação Cível nº. 70003919180, em que a Associação dos
Delegados de Polícia – ASDEP/RS – irresignava-se contra
sentença de 1º Grau, que declarava constitucional o

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PROVIMENTO nº. 08/2001 (sempre naquele ano) do Exmº.


Sr. Procurador Geral da Justiça/RS, documento esse que é
previsto na Lei nº11.578/2001, e que estabelece no ÂMBITO
INTERNO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, procedimentos
tendentes a operacionalizar o controle externo da Polícia,
observa-se da lavra do Exmº. Desembargador ARAKEN DE
ASSIS:

...Por óbvio,, o Regulamento não poderá


ultrapassar a norma legal..... –Parece--me
entretanto, que, às vezes, há extrapolação, ,
impondo ao Delegado de Polícia correções
em sua conduta funcional e administração, ,
alheias,, realmente ,aos limites externos
impostos na Constituição (Art. 129,29, VII..
Veja--se à fl.. 770:0):

“Solicito a gentileza de informar o nome dos


servidores, policiais e civis, lotados nest a
Delegacia ((sic)), bem como as atividades
por eles realizadas.. Solicito também
informar o número de cartórios em
funcionamento e,, ainda,, o número de
funcionários previstos para estarem em
serviço neste órgão..

De fato,, seu atendimento implicaria a


submissão do Delegado `as imposições do
agente do Ministério Público,, transformando
o controle externo em relação hierárquica..
Veja--se o que pondera o ilustre Procurador
de Justiça do Estado de São Paulo HUGO
NIGRO MAZZILI ((Regime Jurídico do

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Ministério Público, p. 235,235,2ª ed.., São


Paulo, Saraiva,1995):, 1995):

“Por certo não é intuito de legislador criar


verdadeira hierarquia ou disciplina
administrativa,, subordinando a autoridade
policial aos agentes, do Ministéri o
Público....Tal controle externo não import a
poder disciplinar algum do Ministério Públic o
sobre a Polícia.. Na área funcional,, se o
promotor de justiça verificar a ocorrência de
quaisquer faltas disciplinares,, tendo ess e
órgão ministerial atribuições de control e
externo..... há de dirigir--se aos superiores
hierárquicos do funcionário público faltoso...
indicará as falhas e as providências que
entenda cabíveis,, para que a autoridade
administrativa competente possa agir.. Para
esse fim, poderá valer--se das normas gerais
de controle previstas na lei..

Nota-se que até mesmo o Desembargador que


negou provimento à pretensão da ASDEP contra o ato do MP
editado sob nº 08/2001, concorda e inclusive EXEMPLIFICA,
com palavras de um PROMOTOR, que o controle externo
deve ser isso mesmo: EXTERNO, não correição interna, ou
fiscalização administrativa.

O que se disse anteriormente relativo às


variadas atribuições da Polícia Civil, encontra-se
parcialmente elencado na LEI Nº 10.994/1997, quando são
definidos entre outros tópicos, as competências policiais
(melhor se tivesse dito atribuições).

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Ali constam, além da apuração das infrações


penais, e funções de polícia judiciária, os exames periciais,
colheita e resguardo de indícios, adoção de medidas
cautelares, representações judiciais, cumprimentos de
mandados de prisão, fornecimento de informações para fins
processuais, zelar pela ordem e incolumidade públicas
promovendo e participando de medidas de proteção à
sociedade e ao indivíduo, colaboração em todos os campos
da atividade, para uma melhor conveniência e harmonia, da
comunidade, fazer respeitar a dignidade da pessoa humana,
proteção dos direitos coletivos e individuais, evitar perigo a
bens públicos e particulares, lesões às pessoas, organizar,
executar e manter serviços de registro, cadastro, controle e
fiscalização de armas, munições e explosivos, etc., etc.

Como se vê, a Lei e seus derivativos NÃ O


COLIDENTES, estabelecem uma gama de atribuições à
Polícia Civil, das quais a atividade de polícia judiciária, é –
sem dúvida – a mais relevante, no contexto da persecução
penal a cargo do Estado.

Mas daí a controlar TODAS essas atividades ,


quando a Constituição e as leis derivadas, só admitem o
controle ministerial à atividade precípua, situa-se uma zona
pantanosa, hoje tão explorada por interesses varados
(difusos?) quão assimilada no interior de uma instituição
que, honrada e útil que é, por vezes parece padecer de
males inquisitoriais, que remontam a uma era trevosa, onde
a lei era um ser encapuzado com um archote na mão.

Escusando-nos pela ilustração forte, mas não se


admite que Polícia e MP, associados que devem ser na
defesa da sociedade, não se entendam, por absoluta

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ausência de limites ou desejo de mero poder.

E isso vale para ambas as partes, pois não há


nas relações interinstitucionais, bem assim em qualquer
relação humana, isenção absoluta de propósitos, nem únicas
vestais do reino. O que existe são homens e mulheres,
trabalhando em seus misteres, com maior ou menor
interesse e eficiência no que fazem. As instituições são o
que é cada indivíduo que as compõem.

Partindo desses princípios, vamos sugerir


algumas medidas.

Não sem antes dizer que a outra prefacial dest e


Expediente, oriunda da DIPLANCO, é mais um prisma do
mesmo arcabouço dissonante: onde começa o controle
externo e onde termina?

Sem definir antes, os exatos limites da atuação


do MP em seu munus controlador, não deve o Sr. Delegado
da DIPLANCO fornecer os dados elencados, por
constituírem-se, à evidência translúcida, em aspectos de
administração INTERNA da Organização Policial.

Já se falou aqui da impropriedade em subsidiar


com informações, o advogado que a seguir irá processar
nosso patrão, o dono da firma, mesmo sob pretexto de
melhorar nosso rendimento funcional, ou nossas condições
de trabalho.

Com certeza tal argumento calará fundo


naqueles que pretendem à força, obrigar o Estado-
administrador, a investir recursos que não possui. Ainda que
na urgentíssima função de melhor prover a segurança da
população.

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Enquanto não se redefinir o que seja


CONTROLE EXTERNO da Polícia (das polícias?) e em que
parâmetro deva ser realizado, não se pacificarão os ânimos,
de parte a parte.

A qualquer momento novas dissidências serão


percebidas, pelo que já se observa no âmbito policial.

E aqui exurge um ponto crucial: se os Delegados


não são contrários ao controle EXTERNO, se querem
colaborar com o MP e com as leis, defendendo a sociedade;
se não têm nada a esconder ou ocultar, em suas lides
diuturnas, onde reside o nó górdio da questão?

Sem medo de errar, afirmamos: HÁ QUE HAVE R


RESPEITO INSTITUCIONAL E PESSOAL, por parte de
promotores e Delegados.

No caso vestibular a estes autos, o Sr. Delegado


do DPTRAN, sentiu-se HUMILHADO! Sentiu-se
menoscabado frente a seus subordinados. E isso ocorre a
todo o momento, em todas as Delegacias de Polícia do
Estado, onde os Titulares são pouco menos que execrados,
pelos promotores, que adentram ostensivamente, com
petulância, nas Delegacias, como se chefes fossem dos que
ali labutam.

No momento em que os honrados membros do


MP Estadual/RS, entenderem que com tal atitude, tentando
humilhar os Delegados, estão a ENFRAQUECER A POLÍCIA
como instituição e estão a vulnerabilizar a sociedade, em
sua luta contra o crime, talvez se dêem conta da tremenda
responsabilidade de um controlador de outrem.

Não basta apontar os defeitos; há que dar

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SOLUÇÕES. E mais que isso, nunca se rebaixa uma


autoridade. Especialmente autoridades que comandam
HOMENS ARMADOS, que necessitam exercer na íntegra a
LIDERANÇA EFETIVA de um contingente de pessoas afeitas
à violência e ao descontrole, em seu dia-a-dia.

Não é por mero adorno que os princípios da


HIERARQUIA E DA DISCIPLINA constam nas leis, dísticos,
regulamentos, símbolos e documentos da Polícia Civil.

Se contaminarem o que os militares chamam de


cadeia de comando e ferirem o que não pode ser ferido, o
PRINCÍPIO DA AUTORIDADE, os promotores herdarão uma
reles malta de justiceiros, ao fim e ao cabo, não uma Polícia
moderna e democrática, que defenda o cidadão e a
sociedade organizada politicamente.

Em alguns quadrantes do Globo, essa inversão


de valores foi praticada, em nome de uma esdrúxula
revolução de classes e redundou em estrondoso fracasso. A
ponto de seus autores intelectuais serem justiçados e de
seus aplicadores práticos bem depressa transformarem-se
em impiedosos ditadores e verdugos (alguns sobrevivem até
hoje).

A sugestão é que se provoque contato de alt o


nível com o MP, aproveitando a breve assunção de nova
administração naquela instituição, quando então, os
cérebros lúcidos e os corações desarmados, de parte a
parte, poderão definir parâmetros que sejam interessantes
ao MP e não desonrosos à Polícia Civil.

Contudo, o caso pontual da AMEAÇA, feita ao


Delegado do DPTRAN permanece. E ameaça parcialmente já

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cumprida, a julgar pela notícia de instauração de inquérit o


civil contra o nominado Delegado.

Curioso saber em que ele poderia ser


enquadrado, por sua ação estritamente LEGAL e não
impeditiva de um controle EXTERNO.

(Novamente a pergunta que não cala: o QUE É


controle externo?)

E por outra, MUITO IMPORTANTE, basilar: na


ausência de esclarecimento, delimitações na Lei Federal do
MP, não pode, por mínima exegese, a Lei Estadual
estabelecer limites e padrões dissonantes. O tracejado pela
norma constitucional e em seguida pela legislação federal é
a pedra basilar, alicerce primário do que seja controle
EXTERNO.

Qualquer regramento destrógero ao alicerce,


será pó, na construção que se pretende perene e útil à
sociedade.

Portarias, Provimentos e que tais, não possuem


o condão de estabelecer o que a Lei Maior e suas afiliadas
não o fizeram. É o princípio da hierarquia das leis.

Há uma forma de consenso, mas como se disse,


para ser tratada, negociada entre mentes abertas e corações
desarmados.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Forte na análise acima, sugere-se:

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1) Envio imediato da comunicação Feita pelo Sr.


Delegado de Polícia MILTON SALATINO, em o
Ofício nº096/I/2007, acompanhado das peças
acostadas a esse, ao Exmº. Sr. PROCURADOR
GERAL DE JUSTIÇA, objetivando curso à
CORREGEDORIA GERAL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO/RS, para analisar e apurar a condut a
dos srs. Promotores NILSON DE OLIVEIRA
RODRIGUES FILHO e TATIANA DE OLIVEIRA
D’AVILA.

2) Revogação imediata da Portaria nº. 273/2001


e de suas similares 139,179 e 220, com
revitalização da INSTRUÇÃO NORMATIVA n º
01/95 atualizada e revista, se for o caso,
parametrizando o que seja controle externo da
atividade policial, a ser obedecido pelos srs.
Delegados de Polícia, preservando-se a
administração INTERNA da Organização e
resguardando o PRINCÍPIO DA AUTORIDADE e
a cadeia de comando e chefia, inapartável da
Polícia Civil, em seus princípios de HIERARQUIA
E DISCIPLINA.

3) Tentativa de entendimento, de cúpula, com a


administração do Ministério Público, tendente a
pacificar a questão controle externo de forma a
preservar a atribuição ministerial e ao mesmo
tempo, dignificar a posição do Delegado de
Polícia.

Minutas dos atos concretizadores das medidas


sugeridas, acompanham este Parecer.

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São as iniciais e urgentes ponderações


alcançadas por esta Divisão de Assessoramento Jurídico, em
(PALEGRE/RS), aos 15 MARÇO/2007, QUI.

Roberto Leite Pimentel Sérgio Abíbi de Castro,


Delegado de Polícia Delegado de Polícia
Assessor da DAJ/CH.POL. Diretor da DAJ/CH.POL.

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