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FAVENI

GIANNY BREVES MARQUES

CARAMBOLA E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA, UMA REVISÃO


BIBLIOGRÁFICA

VENDA NOVA DO IMIGRANTE, ES


2023
FAVENI

GIANNY BREVES MARQUES

CARAMBOLA E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA, UMA REVISÃO


BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em NUTRIÇÃO EM
NEFROLOGIA

VENDA NOVA DO IMIGRANTE, ES


2023
CARAMBOLA E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA, UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA

Gianny Breves Marques,

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços)

RESUMO- A Insuficiência Renal Crônica vem se tornando um problema para a saúde pública do Brasil, a
Averrhoa carambola apesar de muito utilizada pela medicina, vem sendo estudada pela sua toxicidade
que pode causar danos a pacientes portadores de Doença Renal Crônica, podendo causar sintomas
leves como soluço ou ocasionar problemas graves ou fatais como a morte, sendo assim seu consumo
deve ser evitado por portadores dessa doença. Esse trabalho é uma revisão bibliográfica que tem por
objetivo apresentar os riscos do consumo da carambola em pacientes portadores de nefropatias. Para
isso, foram selecionados artigos das línguas portuguesa e inglesa, publicados entre os anos de 2014 e
2021 que se encontram disponíveis para acesso na internet.

PALAVRAS-CHAVE: Carambola. Toxicidade. Insuficiência Renal Crônica.


1 INTRODUÇÃO

Uma doença de grande importância para a saúde pública é a insuficiência renal


crônica (IRC) que está se tornando um problema no Brasil e no mundo, pois é uma
doença de elevada morbidade e mortalidade. (DE SOUZA; DE OLIVEIRA, 2017)
Pacientes que possuem doença renal crônica necessitam de um atendimento
nutricional mais rigoroso que é fundamental para uma melhor qualidade de vida, dentre
os cuidados, está a restrição do consumo da carambola. (DOS SANTOS; DA COSTA
LIMA; DA SILVA DIAS).
A Averrhoa carambola ou no popular, carambola, apesar de muito utilizada pela
medicina e nutrição por conter diversas funções benéficas, inclusive no tratamento do
diabetes mellitus. (WIJAYARATNE, 2018; ROBERTI, 2014) Ela possui em sua
composição uma toxina chamada caramboxina que pode causar alterações
neurológicas, além disso, possui também o Ácido oxálico que pode causar problemas
tanto em indivíduos portadores de doença renal crônica, como em indivíduos saudáveis
(VANELLI; AMARAL; CORREA, 2014; ARANGUREN 2017).
É conhecido que indivíduos com doença renal crônica são mais sensíveis à
intoxicação por carambola, tanto por comer a fruta, como na ingestão do seu suco e
seu efeito é independente da diálise. A intoxicação se dá por manifestações
neurológicas com sintomas que varia de leve como um simples soluço à graves como a
morte, e apesar de ser mais sensível em pacientes portadores de doença renal crônica,
não se minimiza os problemas causados pelo excesso de seu consumo em pacientes
sem nenhuma nefropatia. (ANANNA, 2014)
Vários estudos têm sido realizados a fim de esclarecer o mecanismo pelo qual a
carambola torna-se tóxica para indivíduos com DRC, havendo necessidade de realizar
esse artigo de revisão para discutir e divulgar novas evidências sobre o tema. É
importante que os profissionais da área da saúde conheçam os reais efeitos e
mecanismos pelo qual a carambola possa ser letal aos pacientes nessa situação
clínica.
O objetivo deste trabalho é expor que pacientes portadores de doença renal
crônica que ingerem carambola podem desenvolver sintomas neurológicos, sintomas
graves ou até mesmo ocorrer problemas fatais, como a morte, não sendo um problema
específico de portadores de nefropatias, pois estudos mostram que o excesso do
consumo da carambola pode ocasionar problemas também em quem tem seus rins em
bom funcionamento.

2 DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho trata-se de uma revisão sistemática, contendo artigos


publicados entre os anos de 2014 e 2021, sobre a influência da ingestão de carambola
para pacientes com Doença Renal Crônica (DRC). Os critérios de inclusão e exclusão
dos artigos foram previamente estabelecidos. Critérios de elegibilidade englobaram:
artigos de revisão, relato de casos e artigo experimental publicados nos idiomas
português e inglês. Os critérios de exclusão foram: artigos de estudos com crianças,
tratamento e abordagem terapêutica na intoxicação. Além desses, foram excluídos
também os estudos não disponíveis para acesso pela internet e que não eram nos
idiomas português e inglês.
A carambola é uma fruta da família das oxalidáceas, espécie Averrhoa
carambola. Acredita-se que ela tem origem no sri-lanka e cultivada na Ásia e Malásia e
depois adaptada a países com clima tropical, como o Brasil, ela contém uma
quantidade considerável de vitamina A, C, complexo B, sais minerais e ácido oxálico.
(ROBERTI, 2014; SCARANELLO, 2014), Suas fatias quando cortadas transversalmente
têm a forma de estrela, que lhe dá o nome na literatura inglesa de “star fruit”. Seu sabor
varia entre o ácido e o doce, podendo encontra-la na cor amarela, que tem o sabor
adocicado e com menor quantidade de ácido oxálico, ou esverdeada com paladar ácido
e que contêm alto valor de ácido oxálico (OLIVEIRA e AGUIAR, 2015).
A carambola possui propriedades medicinais e nutricionais, no Brasil, ela é
popularmente conhecida como estimulante do apetite, antidesintérico, antiescorbúrtico,
e antipirético, é também usada no tratamento de eczema. Além disso, as folhas de sua
árvore são empregadas popularmente como antidiabético e tem sido utilizada para esse
fim, porém o uso de carambola em excesso vem sendo associado ao desenvolvimento
de nefropatias tanto em pacientes normais como em pacientes com função renal
anormal, por conta da presença de alta concentração de oxalato nessa fruta.
(WIJAYARATNE, 2018; ROBERTI, 2014)
O primeiro relato por intoxicação de carambola foi em 1980 por Muir e Lam, em
um trabalho experimental na Malásia, com a qual se descobriu um efeito depressor
sobre o sistema nervoso central, a partir daí, vários casos de pessoas com nefrologia
crônica foram relatados em diálise ou não, por intoxicação ao consumir a fruta.
(ROBERTI, 2014; SCARANELLO, 2014) Dentre relatos, os principais sintomas podem
ser: leves como soluços, vômitos, insônia..., moderados, como agitação psicomotora,
adormecimento, parestesias e perda de força muscular nos membros, confusão
mental leve ou pode ocorrer sintomas graves como confusão mental grave
progredindo para coma, convulsões evoluindo para status epilépticos,
instabilidade hemodinâmica progredindo para hipotensão e choque (DE SOUZA; DE
OLIVEIRA, 2017; BARRETTI, 2015).
Em atenção a sua expressiva quantidade de ácido oxálico, foi descoberto que ele
contém alta nefrotoxicidade, especialmente em portadores de doença renal crônica.
Isso acontece porque o ácido oxálico juntamente com o cálcio, no lúmen intestinal,
forma o oxalato de cálcio, substância esta de difícil dissolução e que acaba se
precipitando na luz intratubular do rim, causando lesão aguda obstrutiva. Além do mais,
o oxalato de cálcio age diretamente nas células epiteliais tubulares, induzindo à
apoptose. (REITER, 2018)
Apesar da medicina, em alguns países, utilizarem a carambola como terapia
alternativa, essa fruta recebe um destaque por ter esse ácido em sua composição, ele é
o provável responsável por efeitos prejudiciais aos pacientes portadores de doenças
renais crônicas. Além disso, possui uma neurotoxina, a caramboxina, capaz de
provocar alterações neurológicas nestes pacientes. Essa neurotoxina parece
apresentar especificamente inibição sobre o sistema de condução GABAérgico, que é o
principal sistema inibitório do sistema nervoso central, aumentando assim a
excitabilidade desse sistema. Isso explica em grande parte as manifestações clínicas
de pacientes que sofrem de envenenamento por carambola (VANELLI; AMARAL;
CORREA, 2014; ARANGUREN 2017)
Pacientes com doença renal crônica que estão nos estágios 3 a 5 são mais
passíveis de ter intoxicação, isso acontece porque em nefropatas a caramboxina não é
excretada devidamente, sucedendo assim o aumento de níveis séricos, o que permite a
passagem pela barreira hematoencefálica e consequente ação sobre o sistema nervoso
central. Em pessoas que não apresentam doenças renais, a caramboxina é absorvida,
distribuída e excretada pela via renal, porém não se deve extrapolar no consumo da
carambola porque estudos mostram que apenas 300 ml de seu suco natural em
indivíduos saudáveis pode provocar nefropatias em razão de seu teor de ácido oxálico
que é alto podendo assim ter como consequência cálculos renais ou até mesmo o
desenvolvimento de insuficiência renal aguda. (MEDEIROS; DA SILVA, 2018;
SANTOS, 2019)
Para pacientes portadores de DRC, essa neurotoxina não é excretada e fica
concentrada no sangue e no cérebro podendo atingir os neurônios e assim gerar efeitos
mais graves e até fatais, pelo fato da filtração dos rins ser baixa. Sendo assim, é de
suma importância conhecer os alimentos que devem ser evitados para que haja o
mínimo de complicações nestes indivíduos e para não ocasionar prejuízos à saúde. (DE
SOUZA; DE OLIVEIRA, 2017 e HERINGER et al, 2021).
3 CONCLUSÃO

A carambola é uma fruta muito estudada e de grande importância para o


tratamento de algumas patologias, e apesar de ser muito utilizada na medicina
brasileira, ela não possui atrativo para portadores de doença renal crônica pela sua
composição conter uma neurotoxina capaz de promover intoxicação nesses pacientes
podendo levar até ao óbito. Em pacientes sem DRC é muito importante ter cautela na
hora do consumo porque apesar de não ocasionar as mesmas consequências que em
pacientes portadores de doença renal crônica, foi comprovado que seu consumo em
excesso pode trazer consequências, como uma lesão renal. Sendo assim é de suma
importância conhecer as limitações e fazer o consumo de forma controlada, cautelosa e
em dose segura.
4 REFERÊNCIAS

ARANGUREN, Camilo et al. Toxicity of star fruit (Averrhoa carambola) in renal


patients: A systematic review of the literature. Saudi Journal of Kidney Diseases and
Transplantation, v. 28, n. 4, p. 709, 2017.

BARRETTI, Pasqual. Star fruit intoxication in chronic kidney disease patients:


from the first clinical description to caramboxin. Brazilian Journal of Nephrology, v. 37,
p. 429-430, 2015.

DE SOUZA, Nayara Barbosa; DE OLIVEIRA, Vanessa Patrocínio. Toxicidade da


carambola em pacientes portadores de insuficiência renal crônica. Nutrição Brasil, v.
16, n. 2, p. 117-119, 2017.

HERINGER, Tiago Antonio et al. Conhecimento sobre a doença renal crônica do


paciente em hemodiálise. Saúde e Desenvolvimento Humano, v. 9, n. 2, 2021.

MEDEIROS, Igor Gabriel Araújo; DA SILVA, Cristiane Pereira. Carambola


causadora de neuropatologias e nefropatias. Revista de trabalhos acadêmicos-
universo recife, v. 5, n. 1, 2018.

OLIVEIRA, Eduarda Savino Moreira de; AGUIAR, Aline Silva de. Por que a
ingestão de carambola é proibida para pacientes com doença renal crônica?. Brazilian
Journal of Nephrology, v. 37, p. 241-247, 2015.

REITER, Mercedes Gabriela Ratto et al. Nefrotoxicidade Causada pelo Consumo


de Carambola (Averrhoa Carambola). International Journal of Nutrology, v. 11, n. S
01, p. Trab543, 2018.

ROBERTI, Alexandre et al. Lesão renal aguda por consumo de carambola: relato
de caso e revisão da literatura. Lesão renal aguda por consumo de carambola, v. 12,
n. 2, p. 172-7, 2014.
SCARANELLO, Karilla Lany et al. Carambola como causa de lesão renal
aguda. Brazilian Journal of Nephrology, v. 36, p. 246-249, 2014.

VANELLI, Chislene Pereira; DO AMARAL CORREA, Tarcília Henrique; DO


AMARAL CORREA, José Otávio. Carambola (Averrhoa carambola): sua
neurotoxicidade e abordagens terapêuticas. HU Revista, v. 40, n. 3 e 4, 2014.

WIJAYARATNE, Dilushi Rowena et al. Star fruit nephrotoxicity: a case series and
literature review. BMC nephrology, v. 19, n. 1, p. 1-7, 2018.

DOS SANTOS, Daiana Moura; DA COSTA LIMA, Thalita Christina; DA SILVA


DIAS, Fernanda Dayana. capítulo 6 associação entre o consumo da carambola e
intoxicação nos indivíduos portadores de doença renal crônica. Nutrição interativa, p.
112

SANTOS, Jéssica Paula et al. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE GENOTÓXICA


DO EXTRATO AQUOSO DE Averrhoa carambola, POR MEIO DO TESTE DO
MICRONÚCLEO EM Tradescantia pallida. Revista GeTeC, v. 8, n. 21, 2019.

ANANNA, Mehruba Alam et al. Acute kidney injury due to star fruit ingestion: A
case report. Bangabandhu Sheikh Mujib Medical University Journal, v. 7, n. 2, p.
151-153, 2014.

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