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Controle de vetores e

animais sinantrópicos
SES-DF (Agente de Vigilância Ambiental
em Saúde - (AVAS) Conhecimentos
Específicos parte III - 2023 (Pós-Edital)

Autor:
Ana Paula Salim, Guilherme
Gasparini

27 de Março de 2023

03546944135 - Nilton Sergio Neto


Ana Paula Salim, Guilherme Gasparini
Controle de vetores e animais sinantrópicos

Sumário

1 - Biologia e controle de roedores, vetores e animais peçonhentos ................................................................. 3

1.1 – Roedores ............................................................................................................................................ 7

1.2 – Morcegos ......................................................................................................................................... 15

1.3 – Escorpiões ........................................................................................................................................ 29

1.4 – Vetores ............................................................................................................................................ 42

2 - Acidentes Por Animais Peçonhentos ............................................................................................................. 53

Questões Comentadas - Multibancas ................................................................................................................ 77

Questões Comentadas - Vunesp ....................................................................................................................... 79

Questões Comentadas - FGV ........................................................................................................................... 89

Referências ....................................................................................................................................................... 90

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APRESENTAÇÃO DO CURSO
Olá, amigos do Estratégia Concursos, tudo bem?

É com muita satisfação que iniciaremos nossa aula de Biologia, vigilância e controle de animais
sinantrópicos.

Nosso curso será fundamentado em teoria e questões. Traremos questões de todos os níveis, inclusive
questões cobradas em concursos diversos dentro da medicina veterinária, para nos prepararmos em relação
às diferentes possibilidades de cobrança.

Além do material em PDF, também teremos videoaulas! Essas aulas destinam-se a complementar a
preparação. Nas videoaulas focaremos em abordar os pontos principais das matérias.

É importante ressaltar que, ao contrário do PDF, AS VIDEOAULAS NÃO ATENDEM A TODOS OS PONTOS QUE
VAMOS ANALISAR NOS PDFS, NOSSOS MANUAIS ELETRÔNICOS. Por vezes, haverá aulas com vários vídeos;
outras que terão videoaulas apenas em parte do conteúdo; e outras, ainda, que não conterão vídeos.
Nosso objetivo é, sempre, o estudo ativo!

Essas observações são importantes pois permitirão que possamos organizar o curso de maneira focada para
as questões e temas mais cobrados em prova. Esta é a nossa proposta! E aí, estão prontos para começar?

Em caso de dúvidas ou sugestões fiquem à vontade para me contatar e adicionar nas redes sociais. Estamos
juntos nessa caminhada e será um prazer orientá-los da melhor maneira possível! Vamos nessa!

Instagram: @ana.paula.salim

Telegram: t.me/profanapaulasalim

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1 - BIOLOGIA E CONTROLE DE ROEDORES, VETORES E


ANIMAIS PEÇONHENTOS

Olá, alunos! Bem-vindos ao módulo de Biologia e controle de roedores, vetores e animais peçonhentos.

Antes de começarmos o estudo das espécies propriamente ditas, conheceremos uma legislação específica
sobre o tema, que é a Instrução normativa IBAMA nº 141, de 19 de dezembro de 2006 que regulamenta o
controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva.

E o que determina a IN IBAMA nº 141/06?

A IN IBAMA nº 141/06 estabelece alguns conceitos importantes para o nosso estudo como, por exemplo, a
diferença entre os conceitos de fauna sinantrópica e fauna sinantrópica nociva. Vamos a eles?

Como fauna sinantrópica entende-se as populações de animais silvestres nativas ou exóticas que utilizam
determinados recursos de uma área, de forma permanente ou transitória, durante sua passagem por aquela
localidade.

Fauna sinantrópica: entende-se as populações animais de espécies silvestres nativas ou


exóticas, que utilizam recursos de áreas antrópicas, de forma transitória em seu
deslocamento, como via de passagem ou local de descanso; ou permanente, utilizando-as
como área de vida (Brasil, 2006).

Já a fauna sinantrópica nociva são aqueles animais que interagem de forma negativa com a população
humana podendo provocar, por exemplo, agravos e doenças à saúde humana, conforme comentamos
anteriormente.

Fauna sinantrópica nociva: fauna sinantrópica que interage de forma negativa com a
população humana, causando-lhe transtornos significativos de ordem econômica ou
ambiental, ou que represente riscos à saúde pública (Brasil, 2006).

A IN IBAMA nº 141/06 estabelece, ainda, que o manejo ambiental para controle da fauna sinantrópica
nociva envolve a eliminação ou alteração de recursos utilizados pela fauna sinantrópica, a fim de alterar sua
estrutura e composição, e que não inclua manuseio, remoção ou eliminação direta dos espécimes.

É isso que a Instrução Normativa fala, no conceito de "manejo ambiental". Compreendido, pessoal?

Além disso, o que podemos dizer sobre o controle da fauna, de uma maneira geral? O controle da fauna
implica na captura de espécimes animais, seguida de soltura. A partir dessa captura, realizam-se
procedimentos de marcação, esterilização ou administração farmacológica.

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Ainda em relação aos conceitos estabelecidos pela IN IBAMA nº 141/06, qual é a definição de espécies
domésticas e de fauna exótica invasora? Vamos estudá-los?

Espécies domésticas são aquelas adquiridas e criadas pela população humana, estabelecendo com ela uma
relação de dependência, como cães, gatos, bovinos, suínos, aves, etc.

Espécies domésticas são aquela que, por meio de processos tradicionais e sistematizados
de manejo ou melhoramento zootécnico, tornaram-se dependentes do homem
apresentando características biológicas e comportamentais em estreita relação com ele,
podendo apresentar fenótipo variável, diferente da espécie silvestre que as originaram
(Brasil, 2006).

Já a fauna exótica invasora, são animais que foram introduzidos a um ecossistema do qual não faziam parte,
anteriormente, mas que se adaptam e passam a estabelecer uma relação de dominância em relação às
demais espécies nativas.

Fauna exótica invasora: animais introduzidos a um ecossistema do qual não fazem parte
originalmente, mas onde se adaptam e passam a exercer dominância, prejudicando
processos naturais e espécies nativas, além de causar prejuízos de ordem econômica e
social (Brasil, 2006).

Pessoal, até aqui, estão compreendidos esses conceitos? Prosseguiremos nosso estudo com a seguinte
pergunta:

Quais espécies passíveis de controle por órgãos de governo da Saúde, da Agricultura e do


Meio Ambiente, sem a necessidade de autorização por parte do IBAMA?

São elas (Brasil, 2006):

 invertebrados de interesse epidemiológico: insetos hematófagos, ácaros, helmintos e moluscos de


interesse epidemiológico, artrópodes peçonhentos e invertebrados classificados como pragas agrícolas pelo
Ministério da Agricultura;

artrópodes nocivos: abelhas, cupins, formigas, pulgas, piolhos, mosquitos, moscas e demais espécies
nocivas comuns ao ambiente antrópico, que impliquem transtornos sociais ambientais e econômicos
significativos;

animais domésticos ou de produção (Columba livia, Canis familiaris, Felis catus) e roedores sinantrópicos
comensais (Rattus rattus, Rattus norvegicus e Mus musculus);

quirópteros em áreas urbanas e peri-urbanas e quirópteros hematófagos da espécie Desmodus rotundus;

espécies exóticas invasoras comprovadamente nocivas à agricultura, pecuária, saúde pública e ao meio
ambiente.
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Para as demais, não relacionadas acima, o manejo e controle só serão permitidos após a aprovação e
autorização do IBAMA.

Atenção, pessoal! A eliminação direta de indivíduos das espécies em questão deve ser efetuada somente
quando tiverem sido esgotadas as medidas de manejo ambiental.

E em relação às espécies sinantrópicas nocivas, quais são passivas de controle?

Além disso, que tipos de profissionais que podem realizar o controle dessas espécies?

De acordo com a IN IBAMA nº 141/06 o controle espécies sinantrópicas nocivas pode ser efetuado por
pessoas físicas e jurídicas devidamente habilitadas para tal atividade. As pessoas físicas ou jurídicas
interessadas no manejo ambiental ou controle da fauna sinantrópica nociva, devem solicitar autorização
junto ao órgão ambiental competente nos respectivos Estados .

Observada a legislação e as demais regulamentações vigentes, são espécies sinantrópicas nocivas passíveis
de controle por pessoas físicas e jurídicas devidamente habilitadas para tal atividade, SEM a NECESSIDADE
DE AUTORIZAÇÃO por parte do IBAMA:

artrópodes nocivos como abelhas, cupins, formigas, pulgas, piolhos, mosquitos, moscas e demais espécies
nocivas que impliquem em transtornos sociais, ambientais e econômicos.

roedores sinantrópicos comensais (Rattus rattus, Rattus norvegicus e Mus musculus) e pombos (Columba
livia) observada a legislação vigente, especialmente no que se refere à maus tratos, translocação e utilização
de produtos químicos.

Atenção! No controle dos roedores e pombos deve ser observada a legislação vigente quanto aos maus
tratos desses animais, translocação e utilização de produtos químicos.

Para as demais espécies que não se enquadram nos critérios estabelecidos nos itens anteriores, o manejo
e controle somente serão permitidos mediante aprovação e autorização expressa do Ibama.

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São considerados espécimes da fauna silvestre todos os animais que de espécies nativas, migratórias e
quaisquer outras que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território,
terrestre ou aquático, brasileiro.

Em relação a esses produtos químicos, ou venenos utilizados no manejo e controle das espécies, a IN IBAMA
nº 141/06 estabelece, ainda, que os venenos e outros compostos químicos utilizados no manejo ambiental
e controle de fauna devem ter registro junto aos órgãos competentesem observância à regulamentação
específica vigente.

Fica facultada ação emergencial aos Ministérios da Saúde e ao da Agricultura, no que diz respeito ao manejo
ambiental e controle da fauna sinantrópica nociva, observadas a legislação e as demais regulamentações
específicas vigentes.

E o que é uma ação emergencial?

Ação Emergencial caracteriza-se pela necessidade premente de adoção de medidas de manejo ou controle
de fauna, motivadas por risco de vida iminente ou situação de calamidade e deve ser comunicada
previamente ao Ibama por meio de ofício, via postal ou eletrônica, de forma que lhe seja facultado indicar
um técnico para acompanhar as atividades.

As atividades e resultados das ações emergenciais devem ser detalhados em relatório específico
encaminhado ao Ibama 30 dias após sua execução.

Fica facultado aos órgãos de segurança pública, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, o manejo
e o controle da fauna sinantrópica nociva, sempre que estas representarem risco iminente para a
população.

Por fim, as pessoas físicas e jurídicas atuando sem a devida autorização ou utilizando métodos em
desacordo com a presente Instrução Normativa serão inclusas nas penalidades previstas na Lei.

E como deve ser o manejo específico de cada uma dessas espécies?

Para um controle eficaz da fauna sinantrópica nociva é necessário conhecer sua biologia, que envolve
alimentação, habitat e hábitos de vida. O estudo desses componentes resulta no que chamamos de "manejo
integrado" dos animais.

Iniciaremos, agora, o estudo sobre o controle de roedores, morcegos e vetores.


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1.1 – Roedores

Estudaremos sobre o controle de roedores com base no Manual de Controle de Roedores do Ministério da
Saúde (Brasil, 2002).

Os roedores pertencem à ordem Rodentia que significa roer. A principal característica dos roedores é a
presença de dentes incisivos proeminentes e que crescem de forma contínua.

Os roedores são capazes de viver em qualquer ambiente que lhes propicie condições de sobrevivência (como
água, comida e habitação) e apresentam grande capacidade de sobrevivência em condições adversas, como
calor e frio intenso.

Algumas espécies de roedores são consideradas sinantrópicas, pela sua associação ao homem. Essa
associação se dá em virtude desses roedores, muitas vezes, terem tido seus ambientes invadidos e
prejudicados pela ação do próprio homem.

Essas espécies são divididas em espécies sinantrópicas comensais e espécies sinantrópicas não-comensais
ou selvagens.

Das espécies sinantrópicas comensais, ou seja, aquelas que dependem unicamente do ambiente do homem,
a ratazana (Rattus norvegicus), o rato de telhado (Rattus rattus), e o camundongo (Mus musculus), são de
grande importância, devido à sua distribuição cosmopolita e por serem responsáveis por grandes prejuízos
econômicos e de ordem sanitária ao homem.

Já as espécies sinantrópicas não comensais apresentam a característica de formarem colônias no ambiente


silvestre longe do contato com o homem. Contudo, em decorrência das modificações ambientais promovidas
pelos processos de urbanização houve um estreitamento do contato dos roedores silvestres com o homem.

As espécies de roedores não comensais são importantes reservatórios de doenças, como a peste, tularemia
e a hantavirose. Entre esses, a espécie Bolomys lasiurus desempenha importante papel no ciclo
epidemiológico da peste bubônica.

São outras espécies de roedores sinantrópicos não comensais: Akodon spp; Bolomys spp; Calomys spp;
Cavia spp; Delomys spp; Euryzygomatomys spp; Kerodon spp; Nectomys spp; Oligoryzomys spp; Oryzomys
spp; Trichomys spp, entre outras.

Não entraremos em detalhes sobre as espécies de roedores selvagens. Contudo, é importante saber
diferenciá-las das espécies de roedores comensais, pois são frequentemente cobradas em prova!

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Comentaremos, agora, um pouco da biologia e do comportamento das três espécies de roedores


sinantrópicos comensais, individualmente.

Ratazana - Rattus norvegicus

Sinonímia: rato de esgoto, rato marrom, rato da Noruega, gabiru.

Localização: comum na faixa litorânea brasileira.

Biologia: vive em colônias, de tamanho variável de acordo com a disponibilidade de abrigo e alimento. Tem
preferência por abrigos abaixo do nível do solo, podendo ser encontradas em galerias de esgotos e águas
pluviais, caixas subterrâneas de telefone, entre outros.

A ratazana é a maior das espécies de rato, sendo mais forte e agressiva. Sua característica alimentar é de ser
onívora, preferindo grãos, carnes, ovos e frutas.

As ratazanas também podem construir seus ninhos dentro de estruturas próximas à locais pouco
movimentados, perto de fontes de água e alimentos.

Costumam apresentar neofobia, ou seja, acentuada desconfiança com relação à presença novos objetos ou
alimentos colocados no seu território.

As ratazanas podem percorrer grandes distâncias em caso de necessidade. Contudo, o raio de dispersão dos
indivíduos desta espécie, em condições normais, é curto, raramente ultrapassando os 50 metros.

A dispersão desses roedores pode ocorrer, ainda, de forma passiva, quando indivíduos são transportados
em caminhões, navios, trens, no interior de contêineres; ou de forma ativa, quando o indivíduo deixa sua
colônia em busca de outro local para abrigo.

Nesse sentido, a redução da disponibilidade são fatores fundamentais na dispersão desses roedores. O
processo de urbanização aliado à falta de planejamento dos grandes centros urbanos favorece o crescimento
da população e a dispersão das ratazanas.

Fatores como a presença de loteamentos sem saneamento básico, como as redes de esgoto e coleta de lixo
inadequada ou insuficiente, favorecem a proliferação desta espécie. Nesse contexto, uma zoonose de grande
importância passível de ser transmitida por esses animais é a leptospirose.

Rato de telhado - Rattus rattus

Sinonímia: rato de telhado, rato preto, rato de forro, rato de paiol, rato de silo ou rato de navio.

Localização: predominante no interior do Brasil, principalmente em propriedades rurais e pequenas cidades.

Biologia: os ratos de telhado são uma espécie arvícola, ou seja, possuem o hábito de viver em superfícies
altas das construções, em forros, telhados e sótãos onde constroem seus ninhos.

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Descendo ao solo em busca de alimento e água e vivem em colônias, cujo tamanho depende dos recursos
existentes no ambiente.

Seu raio de dispersão é maior do que o da ratazana, devido à sua habilidade em escalar superfícies e andar
sobre fios, cabos e galhos de árvores.

Sua dispersão em zonas urbanas é favorecida pelas características de construção e decoração das
construções, com forros falsos e galerias para passagem de fios que contribuem para o abrigo desta espécie.

O Rattus rattus apresenta hábito intradomiciliar, o que favorece um contato mais estreito com o homem.
São onívoros e têm preferência por preferência por legumes, frutas e grãos. Também apresentam
comportamento de neofobia.

Camundongo - Mus musculus

Sinonímia: camundongo, mondongo, catita, rato caseiro, rato de gaveta, rato de botica, muricha, entre
outros.

Localização: encontrado em praticamente em todas as regiões geográficas e climáticas do planeta.

São animais de pequeno porte com cerca 25 g de peso e 18 cm de comprimento (incluindo a cauda). Podem
ser transportados de maneira passiva para o interior das residências, tornando-se importantes pragas
intradomiciliares.

Apresentam um raio de dispersão pequeno, raramente ultrapassando os 3 m. O Mus musculus costuma fazer
seus ninhos no fundo de gavetas e armários pouco utilizados, no interior de estufas de fogões e em quintais
onde são criados animais domésticos.

Podem cavar pequenas ninheiras no solo, formando galerias onde há oferta de alimentos. São onívoros, ou
seja, alimentam-se de todo tipo de alimento, embora tenham preferência pelo consumo de grãos e cereais.

Os camundongos são animais curiosos e gostam de explorar o ambiente em que vivem (neófilos), não
apresentando o comportamento de neofobia.

Podem penetrar diversos locais por noite em busca de alimento, resultando em problemas de contaminação
de alimentos, além de dificultar o seu controle por raticidas.

Veremos com mais detalhes as diversas características dos roedores sinantrópicos comensais na Tabela 1.

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Tabela 1 - Biologia e comportamento das espécies de roedores sinantrópicos comensais.

Comportamento e Ratazana Rato de telhado Camundongo


Características Rattus norvegicus Rattus rattus Mus musculus
Peso 150 g a 600 g. 100 g a 350 g. 10 g a 21 g.
Corpo Robusto Esguio Esguio
Comprimento (corpo 22 cm 20 cm 9 cm
+ cabeça)
Cauda 16 cm a 25 cm 19 cm a 25 cm 7 cm a 11 cm
Orelhas Relativamente pequenas, Grandes e Proeminentes, grandes
normalmente meio enterradas proeminentes, finas, para o tamanho do
no pêlo: 20 mm a 23 mm sem pêlos: 25 mm a 28 animal: 10 mm
mm
Focinho Rombudo Afilado Afilado
Fezes Em forma de cápsula com Fusiformes Em forma de bastonetes
extremidades rombudas
Hábitat Tocas e galerias no subsolo, Forros, sótãos, paióis, No interior de móveis,
beira de córregos, lixões, silos e armazéns; podem despensas, armários,
interior de instalações, mais viver em árvores, mais geralmente no interior
comumente fora do domicílio comuns no interior do do domicílio
domicílio.
Habilidades físicas Hábil nadador; Cava tocas no Hábil escalador; Hábil escalador; Pode
solo Raramente cava tocas cavar tocas
Raio de ação Cerca de 50 m Cerca de 60 m Cerca de 3 m a 5 m
Alimentação Onívoro, prefere grãos, carnes, Onívoro, preferência por Onívoro, preferência por
ovos e frutas. legumes, frutas e grãos grãos e sementes
Neofobia Apresentam neofobia marcada Apresentam marcada Possuem hábito
em locais pouco neofobia exploratório (neofilia).
movimentados.
Trilhas Junto ao solo, próximos das Manchas de gordura São de difícil
paredes, sob forma de junto ao madeirame de visualização, mas podem
manchas de gordura. Formam telhados, tubos e cabos. ser observadas manchas
trilhas no solo causando o Presença de pelos e de gordura junto aos
desgaste da vegetação. fezes rodapés, paredes e
Presença de pegadas, fezes e orifícios por onde
pêlos. passam
Vida média 24 meses 18 meses 12 meses

Fonte: Brasil (2002)

Vimos um pouco sobre a biologia e o comportamento das espécies de roedores sinantrópicos mais
importantes para a saúde humana. E quais são as principais enfermidades transmitidas pelos roedores, vocês
sabem?

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Na tabela 2, segue um resumo das principais enfermidades transmitidas pelos roedores, de acordo com Brasil
(2002). Fiquem ligados, pois essas doenças são frequentemente cobradas em prova! Venham comigo!

Tabela 2 - Principais enfermidades transmitidas por roedores.

Doença Agente causal Modo de transmissão Reservatório


Hantavirose Hantavírus Aerossóis contaminados Akodon, Bolomys,
por fezes, saliva, sangue, Oligoryzomys, Rattus
urina de norvegicus (Seoul)
roedores infectados
Febre por mordedura Spirillum minus Mordedura Rattus norvegicus,
do rato (Sodoku) Streptobacillus Rattus rattus, Mus
moniliformis musculus
Leptospirose Leptospira interrogans Contato com água, solo Rattus norvegicus,
ou alimentos Rattus rattus, Mus
contaminados pela musculus
urina de roedores
Peste Yersinia pestis Picada de pulgas Rattus, Bolomys,
infectadas: Xenopsylla Meriones, Mastomys,
cheopis, Polygenis Cynomys, Bandicota
spp, Pulex spp.
Tifo murino Rickettsia typhi Fezes de pulgas Rattus rattus, Rattus
(Xenopsylla cheopis) norvegicus
contaminadas

Fonte: Brasil (2002).

Vistas as enfermidades estudaremos, agora, como realizar o combate desses roedores.

As medidas de manejo e combate aos roedores sinantrópicos envolvem, mais uma vez, o conhecimento de
sua biologia, de seus hábitos comportamentais, suas habilidades e capacidades físicas.

Além disso o controle dos roedores, também se fundamenta no exame e no conhecimento do local onde
esses roedores estão. A partir desses conhecimentos, tem-se o que chamamos de “manejo integrado”.

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E o que seria esse manejo integrado?

O manejo integrado consiste na redução ou remoção dos favores que favorecem o desenvolvimento
desses animais como, por exemplo, a eliminação das fontes de alimentos disponíveis em seu território. Outro
exemplo seria a eliminação das fontes de água e abrigo.

Em resumo, toda medida que dificulte a proliferação desses animais já constitui uma forma de
manejo integrado e pode causar um impacto importante nas populações de roedores.

Se ao manejo integrado for adicionado uma forma de combate direto, como métodos químicos ou físicos, a
fim de eliminar os roedores, o resultado final será um controle de maior duração e até permanente dessas
populações.

O manejo integrado dos roedores abrange cinco fases: inspeção, identificação, medidas corretivas e
preventivas (antiratização), desratização, avaliação e monitoramento. Vamos conhecê-las?

 Inspeção: a etapa de inspeção objetiva o melhor conhecimento do(a) ambiente(a), infestados ou não,
pelos roedoresonde deverá ocorrer a atuação. Essa etapa é importante para coletar dados necessários ao
planejamento das ações.

 Identificação: consiste na identificação da espécie (ou espécies) presentes localidade-alvo. O


reconhecimento das espécies é uma necessidade absoluta, visto que, ao se conhecer a espécie-problema é
possível saber as informações sobre sua biologia, hábitos e habilidades, facilitando as ações de combate.

 Medidas preventivas: trata-se de um conjunto de medidas preventivas e corretivas realizadas no meio


ambiente com o objetivo de impedir e/ou dificultar a instalação e a proliferação de novas colônias de
roedores.

Examinado o ambiente a identificação da espécie, é possível determinar os motivos que resultaram na


ocorrência daquela infestação e determinar as medidas de controle. Entre as medidas de controle podemos
citar, por exemplo o manejo adequado do lixo.

Nesse sentido, o lixo doméstico deve ser acondicionado em locais de difícil acesso para os roedores. Se o lixo
for acondicionado em sacos plásticos, estes não devem ser deixados nas calçadas e, sim, ser dispostos sobre
superfícies apropriadas ou sobre o muro da residência.

 Desratização: consiste no uso de processos capazes de produzir a eliminação física dos roedores
infestantes.

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A eliminação dos roedores pode ser atingida com o uso de métodos mecânicos ou físicos como o emprego
de ratoeiras, armadilhas e outros dispositivos de captura.

Outra opção é a utilização de aparelhos de ultrassom ou eletromagnéticos. Estes equipamentos presentam


limitado potencial de ação contra os roedores, além de custos de manutenção. Portanto, seu uso não é
recomendável em larga escala.

Outra forma de se eliminar os roedores é por meio de métodos químicos, com a utilização de substâncias
denominadas de rodenticidas, popularmente chamadas de raticidas.

De acordo com Brasil (2002) os raticidas agudos foram amplamente utilizados até meados do século XX e
apresentam toxicidade elevada com bloqueio do sistema nervoso central do animal afetado. São compostos
inespecíficos, cuja maioria não possui antídoto. Nesse sentido, o tratamento de intoxicações acidentais,
tanto no ser humano como em outros animais é complicado ou sem sucesso.

São exemplos de raticidas agudos: a estricnina, o arsênico, o antu (alfa-naftil-til-uréia), o sulfato de tálio, o
fosfeto de zinco, o monofluoracetato de sódio (1.080) e a fluoracetamida (1.081).

Vale ressaltar que, no Brasil, a utilização desses raticidas foi proibida pela Portaria nº 321, de 28 de julho de
1997, por conta de diversos acidentes fatais ocorridos em humanos por conta desses compostos. A referida
Portaria estabelece:

F.1 - São permitidos para emprego em produtos rodenticidas domissanitários as


substâncias ativas com monografia publicada pelo Ministério da Saúde conforme o uso
domissanitário autorizado.

F1.1. - Os produtos formulados devem atender as especificações do Anexo desta portaria.

F.2 - Estão proibidos à base de alfanaftliltiouréia (ANTU), anidrido arsenioso, estricnina,


fosfetos metálicos, fósforo branco, monofluoroacetato (1080), monofluoroacetamida
(1081), sais de bário e sais de tálio.

F.3 - É permitida a adição de inseticida e/ou fungicida às formulações de rodenticidas na


quantidade estritamente necessária à sua conservação.

F.4 - As formas de apresentação dos rodenticidas podem ser:

a) pós de contato;

b) iscas simples, parafinadas ou resinadas, na forma de grânulos, pellets ou blocos.

F.5 - Não são permitidas formulações líquidas, premidas ou não, pós solúveis, pós
molháveis ou iscas em pó.

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Alternativamente a esses compostos, os agentes do grupo dos hidroxicumarínicos têm sido amplamente
utilizados como rodenticidas com resultado eficaz no combate aos roedores. O cumafeno (warfarina) é
composto raticida, com ação anticoagulante, que mais se utiliza no controle de roedores nos últimos anos.

E como podem ser aplicados os raticidas?

Para a aplicação dos raticidas devem ser observados uma série de fatores como o tipo de terreno, a presença
de edificações, o tipo e o uso dessas edificações, a presença de crianças e animais, entre outros, a fim de
garantir a eficácia na eliminação dos roedores.

Por essa razão, os raticidas podem ser aplicados de diferentes maneiras, como:

 Iscas: geralmente constituídas por uma mistura de grãos (o milho, o arroz, o trigo, o centeio, a cevada, o
alpiste e a semente de girassol).

De acordo com cada fabricantes, as iscas podem ser apresentadas moídas, peletizadas, ou, ainda, integrais
contendo apenas grãos quebrados.

 Pós de contato: constituídos por pós inertes aos quais é adicionado o princípio ativo do rodenticida. Esses
pós são adicionados nos caminhos, trilhas e nos pontos de passagem dos roedores.

 Blocos impermeáveis: constituídos por cereais granulados envoltos por uma substância
impermeabilizante, como a parafina, que os torna um bloco único.

São utilizados em locais com alto teor de umidade, onde as iscas comuns seriam inutilizadas pela
deterioração.

Outro aspecto importante para comentarmos, sobre o controle de roedores, é sobre o método do censo por
consumo. Esse método é um dos poucos métodos aceitos para avaliação do número de roedores existentes
em uma área.

O método do censo por consumo baseia-se na oferta, em diversos pontos da área estudada, de quantidades
iguais de cereais previamente pesados (normalmente 30 gramas) sem a adição de componentes tóxicos.

No dia seguinte, realiza-se a repesagem dessas quantidades, duplicando-se a quantidade nos pontos onde
se constatou o consumo total dos cereais. Depois de alguns dias repetindo essa prática, verifica-se uma
estabilidade de consumo.

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Basta, então, dividir o total geral ingerido, por 15 gramas (média diária de consumo por ratazana) e chega-
se a um valor aproximado de quantos ratos existem na área.

1.2 – Morcegos

Estudaremos sobre o controle de roedores com base no Manual de Manejo e Controle de Morcegos em
áreas urbanas e rurais (Brasil, 1998).

Os morcegos são os únicos mamíferos com capacidade de vôo, devido à transformação de seus braços em
asas. Pertencem à Ordem Chiroptera, palavra que significa mão (chiro) transformada em asa (ptera).

A ordem Chiroptera contém atualmente quase 1 .000 espécies e representa cerca de um quarto de toda a
fauna de mamíferos do mundo. Os morcegos estão distribuídos em duas subordens - Megachiroptera e
Microchiroptera, 18 famílias e 168 gêneros.

A subordem Megachiroptera contém apenas a família Pteropodidae, que está restrita ao Velho Mundo
(África, Ásia e Oceania). Nesta subordem encontram-se os morcegos de maior porte, conhecidos
popularmente como raposas voadoras, que podem alcançar até 1,1 0m de envergadura e dois quilogramas
de peso.

Alimentam-se de partes florais e de frutos (fitofagia) e dependem de seus grandes olhos para os vôos
crepusculares e noturnos.

A subordem Microchiroptera é de ampla distribuição geográfica e inclui famílias, das quais três são
cosmopolitas, isto é, possuem representantes em diversas partes do mundo. Nove famílias desta subordem
ocorrem no Novo Mundo (as Américas), todas com representantes no Brasil.

Aproximadamente 140 espécies de morcegos têm sua ocorrência registrada no território brasileiro. Os
microquirópteros são geralmente animais pequenos podendo variar de alguns poucos gramas de peso até
150 a 200 gramas e de 10 a 80 cm de envergadura.

Seus vôos podem ser crepusculares e/ou noturnos e dependem de um sistema de orientação noturna muito
mais eficiente do que a visão dos megaquiróptero.

De modo geral, os morcegos saem de seus abrigos ao entardecer ou no início da noite. Apesar de voarem no
escuro, seus olhos são funcionais, havendo muitas espécies que localizam seu alimento com o auxílio da
visão, além do olfato.

Os microquirópteros se comunicam e voam orientados por meio de sons de alta frequência. O sistema é
conhecido como ecolocalização (popularmente chamado de sonar dos morcegos) ou localização pelos ecos.

Esses mamíferos voadores emitem ultrassons que, ao encontrarem um obstáculo, retomam em forma de
ecos captados pelos seus ouvidos muito sensíveis possibilitando a sua orientação. Com esse mecanismo, os
morcegos conseguem voar em locais completamente escuros, desviando-se de obstáculos e caçando insetos
durante o vôo.
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O sistema de ecolocalização é característico dos morcegos da subordem Microchiroptera, e um dos


principais responsáveis pela maior diversidade de espécies desse grupo. Esse sistema permitiu que os
microquirópteros explorassem diversos tipos de abrigo e de alimento.

Em relação à alimentação, entre os mamíferos, os morcegos representam o grupo mais versátil na


exploração de alimentos, podendo explorar uma grande variedade de tipos, como frutos, néctar, pólen,
partes florais, folhas, insetos, outros artrópodes (como escorpiões), pequenos peixes, anfíbios (rãs e
pererecas), lagartos, pássaros, pequenos mamíferos (roedores e morcegos) e sangue.
Algumas espécies, como as dos hematófagos, têm um regime alimentar bastante restrito (consomem
somente sangue), mas uma boa parte das espécies pode incluir em sua dieta vários tipos de alimentos.
Os morcegos insetívoros ocorrem em quase todo o mundo e compreendem a maior parte das espécies
(cerca de 70%) desses mamíferos voadores. Na natureza, apresentam uma função ecológica importante,
uma vez que auxiliam no controle de populações de diversos tipos de insetos como besouros, mariposas,
percevejos e pernilongos.
Os morcegos fitófagos (nectarívoros e frugívoros) são encontrados somente nas regiões tropicais e
subtropicais do mundo, onde existem plantas produzindo néctar e/ou frutos, praticamente, o ano todo. Nos
ecossistemas naturais, esses morcegos são importantes, pois promovem a polinização das flores e a
dispersão de sementes de diversas plantas, podendo ser consideradas espécies úteis.
Na região amazônica, os morcegos frugívoros são os principais agentes de recuperação das florestas,
espalhando sementes em áreas desmatadas natural e artificialmente. Pode-se dizer que a regeneração da
mata amazônica depende, diretamente, das atividades dos morcegos fitófagos neotropicais, recuperando
áreas degradadas pelo homem.
Poucas espécies são carnívoras. Estes morcegos saem para caçar pequenos vertebrados como peixes, rãs,
camundongos, aves e outros morcegos. Podem, ainda, completar a dieta consumindo insetos e,
eventualmente, frutos.

Os morcegos hematófagos compreendem apenas três espécies, que estão restritas à América Latina (região
neotropical): Desmodus rotundus, Diaemus youngi e Diphylla ecaudata. Exploram, basicamente, sangue de
vertebrados endotérmicos (aves e mamíferos). Será com em relação ao controle dessas espécies que
basearemos nosso estudo.
Morcegos hematófagos
Na Ordem Chiroptera, o hábito de se alimentar de sangue de vertebrados endotérmicos é conhecido apenas
em três espécies de morcegos da região neotropical (América Latina), que compõem a subfamília
Oesmodontinae, da família Phyllostomidae.
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Das três espécies conhecidas, Desmodus rotundus é a mais estudada por causa de sua importância social e
econômica. Sobre as duas outras espécies Diaemus youngi e Diphylla ecaudata ainda conhece-se muito
pouco de sua biologia, ecologia e real importância social e econômica.
Vejamos as características de cada uma dessas espécies.

Nome Científico: Desmodus rotundus


Nome Popular: Morcego-vampiro-comum
Família: Phyllostomidae
Morfologia:
Envergadura: 35cm
Comprimento da cabeça-corpo: 7 a 9 cm
Peso: 25 a 40g
Cor da pelagem: castanho escuro acinzentado ou avermelhado no dorso e castanho mais claro no ventre.
Biologia:
Alimentação: especializado em sangue de mamíferos, podendo aceitar o de aves.
Abrigos: locais mais escuros das cavernas, ocos-de-árvore, minas, casas, bueiros, sob pontes de estrada, etc.
Agrupamentos: colônias de 10 a 50 indivíduos são os mais comuns, porém não são raros as de mais de 100.
Reprodução: qualquer época do ano.
Gestação: 7 meses, produzindo apenas 1 filhote por parto e por ano.
Longevidade: 19 anos em cativeiro e mais de 10 anos na natureza.
Enfermidades: raiva, histoplasmose, mal das cadeiras, encefalite equina, brucelose.
Particularidades: Só ocorre na América Latina, onde é o principal transmissor da raiva aos herbívoros. Os
longos antebraços, tíbias e polegares dão um porte esbelto ao morcego, permitindo-lhe caminhar, saltar e
trepar em superfícies verticais e horizontais, com extrema agilidade.
Por causa de seu hábito hematofágico, possui uma arcada dentária pequena, com apenas 20 dentes (os
poucos molares são reduzidos). Apesar do medo que provoca, esse morcego não se aproxima das pessoas
voando em sua direção para morder seu pescoço.

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O ataque é sempre feito na surdina, quando cessa o barulho, a iluminação e os movimentos das pessoas.

Nome Científico: Diaemus youngi


Nome Popular: Morcego-vampiro-de-pontas-brancas-das-asas.
Família: Phyllostomidae.
Morfologia:
Envergadura: 40cm.
Comprimento da cabeça-corpo: 8,5cm.
Peso: 30 a 50g.
Cor da pelagem: castanho claro, brilhante.
Biologia:
Alimentação: Preferencialmente sangue de aves.
Abrigos: Ocos-de-árvores, próximos às matas.
Agrupamentos: Colônias pequenas de 6 a 30.
Reprodução: Um pico de reprodução por ano, com partos nos meses de verão.
Gestação: 7 meses e apenas 1 filhote por parto e por ano.
Longevidade: Desconhecida, mas em cativeiro duas fêmeas foram mantidas vivas por seis anos.
Enfermidades: Raiva.
Particularidades: Sua distribuição geográfica é semelhante ao vampiro comum (D. rotundus), com o qual é,
ocasionalmente, confundido.
Duas características morfológicas são marcantes em D. youngi: ponta branca das asas e um par de
glândulas bucais, localizadas internamente nas bochechas e que liberam uma substância volátil e
nauseante. Essa substância é liberada concomitantemente com um grito de aflição, principalmente quando
o morcego é manipulado.
O odor e o grito são considerados como mecanismos anti-predatórios. Por causa do hábito de tomar sangue,
possui poucos dentes.

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É uma espécie relativamente rara e que não provoca danos econômicos aos criadores de aves, pois atacam
galinhas que repousam em árvores. Por causa disso, não devem sofrer ações de controle pelos órgãos
oficiais. Para evitar seus ataques, as aves devem pernoitar em galinheiros.

Nome Científico: Diphylla ecaudata


Nome Popular: Morcego-vampiro-das-pemas-peludas.
Família: Phyllostomidae
Morfologia:
Envergadura: 30cm.
Comprimentod a cabeça-corpo: 6,5 cm.
Peso: 25 a 30g.
Cor da pelagem: castanho escuro ou claro.
Biologia:
Alimentação: preferencialmente sangue de aves e, eventualmente, de mamíferos (bovinos e suínos).
Abrigos: cavernas, minas e túneis abandonados.
Agrupamentos: colônias muito pequenas (3 a 12) e ocasionalmente até 50 a 70 indivíduos.
Reprodução: desconhecida, fêmeas grávidas são encontradas próximo ao meio do ano.
Gestação: o tempo de gestação é desconhecido, e produz apenas 1 filhote por parto e, talvez, 2 filhotes por
ano.
Longevidade: desconhecida
Enfermidades: raiva.
Particularidades: A distribuição geográfica é semelhante ao dos outros hematófagos. Apresenta porte
pequeno, pêlos longos e sedosos, orelhas arredondadas e olhos grandes. A membrana interfemural é
reduzida e com longos pêlos, que o caracteriza como morcego-das-pernas-peluda. A arcada dentária contém
26 dentes.
Os incisivos inferiores contêm muitos lóbulos (6 ou 7), que é uma característica única entre os morcegos.
Assim como D. youngi, é também uma espécie relativamente rara e não provoca danos econômicos aos
avicultores.

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Seus ataques às aves de fundo-de-quintal podem provocar a morte das mesmas. Para evitar isso, as aves
devem pernoitar em galinheiros que impeçam que os morcegos adentrem voando, isto é, devem possuir
uma porta a ser fechada todas as noites. De modo geral, não devem sofrer ações de controle pelos órgãos
oficiais.
Entendidas as características dos morcegos hematófagos vamos, agora, conhecer os métodos de controle
dessas espécies de acordo com Brasil (1998).

Controle de morcegos hematófagos


O conhecimento da epidemiologia da raiva transmitida pelo morcego hematófago, Desmodus rotundus, aos
animais herbívoros e ao homem, demonstrou a necessidade de que se estabelecessem estratégias para a
prevenção da raiva em animais, sendo que uma das estratégias foi o desenvolvimento de métodos de
controle das populações desta espécie.
Inicialmente, os métodos de controle foram desenvolvidos de forma empírica, utilizando o pouco
conhecimento disponível. De modo geral, esses métodos eram drásticos e buscavam eliminar todos os
morcegos do abrigo, através do uso de agentes físicos ou químicos, tais como gases tóxicos, fogo ou fumaça,
dinamite, armas de fogo e pincelamento de venenos nas paredes dos abrigos.
O conhecimento da ecologia, biologia e etologia de Desmodus rotundus permitiu o desenvolvimento de
métodos mais aperfeiçoados e seletivos para o controle de suas populações.

E quais seriam esses métodos de controle?

Os métodos de controle podem ser classificados em:


I. Métodos restritivos
São métodos que buscam evitar as agressões por morcegos hematófagos a animais e humanos, através de
meios físicos que funcionem como barreiras de proteção entre os animais e os morcegos hematófagos.
Esses métodos não matam o morcego, apenas restringem seu acesso a fontes de alimento e/ou abrigos.
Contudo, sua aplicação nem sempre é eficiente.
Duas formas foram, e ainda são, utilizadas:
a) Uso de luz como meio de proteção contra o morcego hematófago: este método se fundamenta no
conhecimento de que o Desmodus rotundus seria uma espécie fortemente lucífoga (aversão a luz), evitando,
dessa forma, áreas iluminadas.
Vantagens:

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• ecologicamente correto;
• não representa risco à saúde humana;
• não necessita de treinamento específico;
• fácil realização,podendo ser utilizada qualquer fonte de luz.

Desvantagens:

• restrito a pequenos rebanhos;


• alguns morcegos podem habituar-se à presença de luz e modificar sua estratégia de ataque;
• custo considerável.

b) Uso de barreira mecânica (telas de arame com malhas finas ou outros): este método funciona
impossibilitando que o morcego hematófago, Desmodus rotundus, chegue até aos animais ou ao homem.
Vantagens:

• ecologicamente correto;
• não apresenta risco à saúde humana;
• não necessita de treinamento específico;
• eficiente.
Desvantagens:

• restrito a pequenos rebanhos;


• custo poderá ser alto, dependendo do material utilizado.
II. Métodos seletivos
a) Indiretos: o controle é realizado através do uso de substâncias químicas anticoagulantes, usadas nos
animais sugados.
São métodos que buscam o controle do morcego hematófago Desmodus rotundus, sem manter contato
físico, e estão baseados no conhecimento do comportamento de ataque desta espécie, como:
I. hábito de utilizar da mesma presa por mais de uma noite seguida (anticoagulante via intrarruminal ou via
intramuscular);
II. hábito de utilizar o mesmo ferimento por mais de uma noite seguida (anticoagulantes tópicos)
III. hábito de, frequentemente, aproximar-se pousando no dorso do animal (anticoagulante via "pour-on").

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1. Anticoagulante intrarruminal
Este método consistia na aplicação intrarruminal, em bovídeos, da difenadiona {2- (difenilacetil)-1,3-
indadiona}. Uma vez aplicado,o produto antinha um nível sérico, pelo período de 72 horas, suficiente para
eliminar os morcegos hematófagos que por ventura viessem a sugar o animal tratado.
Esse método não se encontra atualmente disponível no Brasil.
Vantagens:

• ecologicamente correto
• não apresenta risco à saúde humana
• alta eficiência

Desvantagens:

• dificuldade de aplicação;
• pouca aplicabilidade em rebanhos extensivos pela dificuldade de observação dos animais
sugados;
• restrito aos bovídeos, não podendo ser utilizado em equídeos e suínos;
• não pode ser repetido o tratamentoa ntesd e decorridos3 0 dias da última aplicação
• não aplicáveln os 30 dias que antecedemo abate
• necessidade de treinamentoa ltamentee specífico
• custo elevado

2. Anticoagulante intramuscular
Este método consistia a aplicação intramuscular, em bovídeos recém-sugados por morcegos hematófagos,
da Warfarina sódica {3-(alfa-fenilo-beta-acetilo-etilo)-4-hidroxicumarina} e, atualmente, não se encontra
disponível no Brasil.
Vantagens:

• ecologicamente correto;
• baixo risco à saúde humana;
• alta eficiência;
• custo menor que o método anterior.

Desvantagens:

• pouca aplicabilidade em rebanhos extensivos pela dificuldade de observação dos animais


sugados;

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• uso restrito aos bovídeos, não devendo ser utilizado em equídeos e suínos;
• não deve ser utilizado em animais com menos de três meses de idade;
• repetição em período não inferior a 90 dias da última aplicação do produto;
• não aplicável nos 30 dias que antecedem o abate.

3. Anticoagulante tópico em mordeduras


Consiste na aplicação da Warfarina a 2%, veiculada em vaselina sólida, sobre as feridas recentes causadas
pelos morcegos hematófagos em animais de criação. Apesar de ser o único método seletivo disponível
atualmente no Brasil, tem sido aplicado em poucas regiões.
Vantagens:

• ecologicamente correto;
• baixo risco à saúde humana;
• boa eficiência;
• facilidade na aplicação do produto;
• não requer treinamento específico;
• baixo custo em relação aos métodos anteriores.

Desvantagens:

• pouca aplicabilidade em rebanhos extensivos pela dificuldade de observação dos animais


sugados

4. Anticoagulante tópico pour-on


Consiste em passar a Warfarina, veiculada numa mistura oleosa, no pescoço, dorso e lombo dos animais
que, provavelmente, seriam os mais atacados do rebanho.

b) Direto
O método busca o controle das populações de Desmodus rotundus, através da captura e do tratamento
tópico, com produtos à base de anticoagulantes, dos indivíduos capturados. O morcego, uma vez tratado,
será solto para retomar ao abrigo e impregnar seus companheiros, que irão morrer após a ingestão do
produto.
1. Anticoagulante tópico em morcegos

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Consiste na captura de Desmodus rotundus e seu pincelamento com anticoagulante à base de Warfarina,
veiculada em vaselina sólida. A técnica de pincelamento da pasta vampiricida deve ser realizada com critério,
para evitar transtornos como:
a) Excesso de pasta, que pode prejudicaro vôo, matando mais rapidamente o morcego tratado e reduzindo
o contato com outros membros da sua colônia, e o conseqUente despejar de maior quantidade de pasta no
meio ambiente.
b) Desperdício de pasta com o tratamento de número excessivo de morcegos de uma mesma colônia,
novamente despejando maior quantidade de pasta no meio ambiente (por exemplo, numa colônia de 100
indivíduos não há necessidade de se tratar mais do que 10 morcegos).
Vantagens:

• eficiente;
• resposta rápida do método.

Desvantagens:

• ecologicamente incorreto;
• alto risco à saúde humana;
• necesssidade de treinamento específico;
• alto custo.

Atualmente, este é o método mais utilizado no Brasil, apesar de não haver disponibilidade de pasta na
concentração adequada (1 %). A maioria dos técnicos tem feito uso da pasta vampiricida comercial, que é
indicada, especificamente, para uso em mordeduras.

Métodos de captura de morcegos

No desenvolvimento de atividades relativas a morcegos, deve-se considerar a diversidade de espécies


existentes e seus aspectos bioecológicos. Além disso, todas as espécies de morcegos, não somente as
hematófagas, podem transmitir o vírus rábico aos mamíferos em geral, inclusive ao homem.

Devemos, ainda, lembrar que as capturas devem ser realizadas:

1. Por órgãos oficiais competentes;

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2. Por profissionais especializados, submetidos devidamente ao tratamento anti-rábico (pré exposição) e


com resposta imunogênicas atisfatória.

3. Com a autorização do IBAMA, que fornece a Licença para Coleta de Material Zoológico.

Quais são os materiais necessários para a realização das coletas?

Cada equipe que realiza o trabalho de coleta deve dispor dos seguintes materiais (em quantidades
necessárias para cada integrante):

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

• 2 macacões em brim;
• 1 par de botas de borracha, cano longo;
• 1 lanterna a bateria, de longo alcance, a prova d'água;
• 1 par de luvas de raspa de couro, cano longo;
• 1 máscara semi-facial com filtro de carvão ativado;
• 1 par de óculos de proteção;
• 1 capa de chuva;
• 1 capacete com fixador regulável;
• 1 caixa de primeiros socorros (ácido pícrico, solução fisiológica, iodo ou mercúrio, repelente
para insetos, esparadrapo, gaze, faixas de algodão).

Equipamentos de uso técnico

a) 5 redes-de-espera, tipo "mist nets", com malhas pequenas, em tomo de 2 cm, em fios de náilon. As redes
são encontradas em vários tamanhos, porém as mais frequentemente utilizadas variam entre 6 e 12m de
comprimento por 2 m de altura, e dispõem, no seu sentido longitudinal, de cordões ou fios de reforço, que
nas extremidades formam uma espécie de laço para a fixação da rede nas estacas.

b) 2 puçás, ou coador, com rede de náilon ou algodão, com malha inferior a 2cm, medindo 0,45 m de
diâmetro e 0,85m de profundidade e com cabo que permita o encaixe de estacas.

c) 20 estacas de alumínio, madeira, tubos de PVC ou outros materiais rígidos, com encaixes em uma das
extremidades, possibilitando estender a(s) rede(s) na altura desejada. Cada estaca tem, aproximadamente
1,5m de comprimento e diâmetro inferior a 3cm para facilitar o seu transporte.

d) recipientes para acomodar ou transportar morcegos:

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- 10 sacos de pano de algodão, com aproximadamente 0,30m de largura por 0,35m de comprimento, provido
de cordão para amarrar a boca;
- 2 samburás ou gaiolas, com malha de alumínio não superior a 1cm;
- 1 lata ou balde de 18 litros, mesmo sem tampa, usado para acomodar molossídeos;
e) 2 frascos de pasta anticoagulante para morcegos hematófagos Desmodus rotundus;
t) 50 espátulas descartáveis de madeira.

Equipamentos de Apoio

• pinça reta, de ponta romba, com 30cm de comprimento


• lampião a gás
• facão com bainha de couro
• rolo de barbante
• corda em náilon tipo persiana com 20m
• rolo de fita adesiva
• mochila em lona impermeável

Métodos de Captura
Para que possamos aumentara eficiência de uma captura é necessário que a equipe chegue com
antecedência ao local, para melhor planejar a estratégia de ação como, por exemplo, prever os
equipamentos a serem utilizados, suaq uantidade e o método mais adequado para a situação.
1. Captura manual
Esse método é utilizado, principalmente, em locais onde os morcegos ficam alojados em pequenas frestas
(cumeeiras, beirais, rofos, pedras, etc). Em algumas situações, utiliza-se de instrumentos flexíveis (tipo
arame), que possibilite desalojar os morcegos de seu abrigo. A captura se faz com o auxílio de pinça e/ou
com a mão protegida por luva.

2. Captura com puçá ou coador


Esse método é empregado para capturar morcegos em seus abrigos diurnos (cavernas, minas, bueiros,
sótãos, em folhagens, etc.) ou quando abandonam o abrigo para a atividade alimentar (ocos de árvore,
juntas de dilatação, frestas de edificações).

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Em algumas situações, faz-se necessário encaixar estacas no cabo do puçá para alcançar os morcegos.
Agilidade e precisão são fatores extremamente importantes na utilização do puçá. A sua manobra deverá ser
rápida, com movimentos leves e ligeiros.

3. Captura com redes-de-espera


Esse método é utilizado para capturar morcegos em abrigos (cavernas, edificações, bueiros, etc.), fontes de
alimentação (currais, casas, chiqueiros, galinheiros, árvores, cursos d'água, etc.) e rotas de vôo (clareiras,
trilhas, estradas, cursos d'água, etc.).
As redes devem ser afixadas em estacas pelos cordões longitudinais ou "guias", geralmente em número de
quatro de cada lado. Esses cordões devem ficar esticados e as malhas soltas, formando bolsas, onde os
morcegos, após se chocarem contra a rede, ficam emaranhados. Se as malhas ficarem muito esticadas a rede
funcionará apenas como anteparo, não permitindo o enredamento dos morcegos.
As redes devem estar armadas a o entardecer (para a capturad e morcegos insetívoros) ou no início da noite
(para as demais espécies). E, a partir daí, são realizadas vistorias a cada 15 minutos.
Quanto mais rapidamente o morcego for detectado mais fácil toma-se sua remoção e menores são os danos
causados ao animal e à rede. Os morcegos, com exceção das espécies hematófagas, costumam danificar a
rede, porque possuem o hábito de mastigar os alimentos a serem ingeridos. Por esse motivo, devem ser
retirados de imediato. Verificar o lado por onde o morcego entrou na rede sempre facilita a sua retirada.
Ao término da captura, antes de desarmar a rede, remover insetos, folhas, gravetos, etc. Redes úmidas ou
danificadas devem ser esticadas à sombra no dia seguinte, para que sequem ou sejam consertadas (com fio
da mesma espessura).

4. Utilização de redes em áreas rurais


Apesar da grande diversidade de morcegos existentes nos ambientes naturais, apenas a espécie hematófaga,
Desmodus rotundus, será mencionada pela sua importância econômica e interesse em saúde pública. Essa
espécie pode ser capturada em seus abrigos ou junto à sua fonte de alimento.
Abrigos utilizados por morcegos hematófagos são facilmente identificados pela presença de fezes pastosas,
escuras e com odor característico ou pela observação dos mesmos. Uma vez definido o abrigo, é importante
conhecer as possíveis entradas e /ou saídas por onde transitam os morcegos e, em seguida, definir o local
onde serão armadas as redes.
A realização de capturas de Desmodus rotundus junto à sua fonte de alimento (currais, galinheiros,
chiqueiros, casas, etc.) deve ser precedida de uma criteriosa avaliação da localização da propriedade, da
espécie animal sugada, do número de animais ou pessoas que vêm sendo frequentemente sugados, da
periodicidade das agressões, da fase da lua vigente e do lado de onde, presumivelmente, os morcegos
devem chegar para se alimentarem.

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As redes deverão ser armadas nos lados pelos quais os morcegos provavelmente chegarão para sugar os
animais, geralmente voltadas para locais com formações rochosas, rios, vales, matas, etc. Isto não exclui a
possibilidade de os morcegos chegarem por outros locais.
Os locais onde serão instaladas as redes devem ser previamente limpos de raízes, galhos, folhas, pedras, etc,
para evitar que danifiquem as redes. Essa limpeza deve ocorrer numa faixa de dois metros de largura e em
todo o sentido longitudinal da rede, sendo a rede armada ao centro, ficando, aproximadamente, um metro
de área limpa de cada lado.
As redes devem ser armadas pelo menos a dois metros de distância das cercas, estando a parte inferior da
rede próxima ao solo, porém, sem tocá-lo. Dependendo da situação encontrada, como tipo de cerca,
vegetação arbustiva próxima, solo enlameado, pedras e outros obstáculos, as redes poderiam ser armadas
mais elevadas, porque nessas condições os morcegos hematófagos voam mais alto. Se necessário, podem
ser armadas duas redes, uma sobre a outra, duplicando a superfície da captura.
Antes do anoitecer, é preciso ter cuidado com redes armadas em currais, chiqueiros, galinheiros,entre
outros, a fim de que os animais não as danifiquem. Um cuidado que pode ser tomado nessas condições é
deixar a rede erguida, abaixando-a somente após o anoitecer.

5. Utilização de redes em áreas urbanas


Os morcegos são comumente encontrados em edificações ou em árvores. Observações prévias, feitas em
noites anteriores, são muito valiosas para o êxito da captura, pois auxiliam na escolha do horário, do local,
da altura e quantidaded e redes a serem armadas.
Nos ambientes urbanos torna-se, muitas vezes, difícil a fixação das estacas nos pisos pavimentados. Desse
modo podemos utilizar latas de 18 litros (tipo lata de tinta), preenchidas com argamassa de cimento e com
um orifício no centro, permitindo o encaixe da estaca.
Em fachadas de prédios que alojam morcegos nos elementos decorativos, as redes podem ser armadas em
cordas de náilon (tipo persiana), que correm por roldanas fixadas nas extremidades de dois caibros, que
sãoapoiados no telhado do prédio.

Alguns cuidados no manuseio dos morcegos


O técnico deverá estar sempre com uma das mãos calçada com luva, possibilitando conter o animal, e a
outra munida de pinça, para desemaranhar o animal da rede ou puçá.

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Uma vez removidos, os morcegos deverão ser colocados nos recipientes apropriados, identificados, e, ao
final da captura, soltos ou então transportados para o laboratório. Nunca colocar na mesma gaiola morcegos
hematófagos e não hematófagos, pois existe o risco de Desmodus rotundus atacar as demais espécies.

1.3 – Escorpiões

O escorpião é um artrópode quelicerado, pertencente ao Filo Arthropoda (arthro: articuladas/podos: pés),


classe Arachnida (por terem oito pernas) e ordem Scorpiones. A denominação escorpião é derivada do latim
scorpio/scorpionis. Em certas regiões do Brasil, também é chamado de lacrau.

A fauna escorpiônica brasileira é representada pelas famílias: Bothriuridae,Chactidae, Liochelidae e


Buthidae. Esta última representa 60% do total, incluindo as espécies de interesse em saúde pública.

Os escorpiões são animais vivíparos. O período de gestação é variado mas, em geral, dura três meses para o
gênero Tityus. Durante o parto, a fêmea eleva o corpo e faz um “cesto” com as pernas dianteiras, apoiando-
se nas posteriores. Os filhotes recém-nascidos sobem no dorso da mãe através do “cesto” e ali permanecem
por alguns dias quando, então, realizam a primeira troca de pele.

Passados mais alguns dias, abandonam o dorso da mãe e passam a ter vida independente. O período entre
o nascimento e a dispersão dos filhotes varia bastante. Para Tityus bahiensis e Tityus serrulatus é de
aproximadamente 14 dias.

Os escorpiões trocam de pele periodicamente, em um processo denominado ecdise; a pele antiga é a exúvia.
Passam por um número limitado de mudas até a maturidade sexual, quando então param de crescer.

A espécie T. serrulatus (escorpião amarelo) reproduz-se por partenogênese. Assim, só


existem fêmeas e todo indivíduo adulto pode parir sem a necessidade de acasalamento.
Este fenômeno facilita sua dispersão; por causa da adaptação a qualquer ambiente, uma
vez transportado de um local a outro (introdução passiva), instala-se e prolifera com muita
rapidez. Além disso, a introdução de T. serrulatus em um ambiente pode levar ao
desaparecimento de outras espécies de escorpiões devido à competição (Brasil, 2009).

Quais as espécies de importância em saúde e onde são encontradas?

Das 1.600 espécies conhecidas no mundo, apenas cerca de 25 são consideradas de interesse em saúde. No
Brasil, onde existem cerca de 160 espécies de escorpiões, as responsáveis pelos acidentes graves pertencem
ao gênero Tityus que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão.

As principais espécies capazes de causar acidentes graves são:


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• Tityus serrulatus

Conhecido como escorpião amarelo (Figura 1), é a principal espécie que causa acidentes graves, com
registro de óbitos, principalmente em crianças.

Figura 1: Tityus serrulatus (Brasil, 2009).

Principais características: possui as pernas e cauda amarelo-clara, e o tronco escuro. A denominação da


espécie é devida à presença de uma serrilha nos 3º e 4º anéis da cauda. Mede até 7 cm de comprimento.
Sua reprodução é partenogenética, na qual cada mãe tem aproximadamente dois partos com, em média, 20
filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida.

Distribuição geográfica: antes restrita a Minas Gerais, devido à sua boa adaptação a ambientes urbanos e
sua rápida e grande proliferação, hoje tem sua distribuição ampliada para Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Sergipe, Piauí, Rio Grande do
Norte, Goiás, Distrito Federal e, mais recentemente, alguns registros foram relatados para Santa Catarina.

• Tityus bahiensis

Conhecido por escorpião marrom ou preto (Figura 2).

Figura 2: Tityus bahiensis (Brasil, 2009).

Principais características: tem o tronco escuro, pernas e palpos com manchas escuras e cauda marrom-
avermelhado. Não possui serrilha na cauda, e o adulto mede cerca de 7 cm.
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O macho é diferenciado por possuir pedipalpos volumosos com um vão arredondado entre os dedos utilizado
para conter a fêmea durante a “dança nupcial” que culmina com a liberação de espermatóforo no solo e a
fecundação da fêmea.

Cada fêmea tem aproximadamente dois partos com 20 filhotes em média cada, por ano, chegando a 160
filhotes durante a vida.

Distribuição geográfica: é a espécie que causa mais acidentes em São Paulo, sendo encontrado ainda em
Minas Gerais, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina, e Rio Grande do Sul.

• Tityus stigmurus

Principais características: o escorpião amarelo do Nordeste (Figura 3), assemelha-se ao T. serrulatus nos
hábitos e na coloração, porém apresenta uma faixa escura longitudinal na parte dorsal do seu mesossoma,
seguido de uma mancha triangular no prossoma.

Figura 3: Tityus stigmurus (Brasil, 2009).

Também possui serrilha, porém, menos acentuada, nos 3o e 4º anéis da cauda.

Distribuição geográfica: é a espécie que causa mais acidentes no Nordeste, presente em Pernambuco, Bahia,
Ceará, Piauí, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe.

• Tityus obscurus

Conhecido por escorpião preto da Amazônia (Figura 4).

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Figura 4: Tityus obscurus (Brasil, 2009).

Principais características: quando adultos, possuem coloração negra, podendo chegar a 9 cm de


comprimento, porém quando jovens, sua coloração é bem diferente, com o corpo e apêndices castanhos e
totalmente manchados de escuro, podendo ser confundido com outras espécies da Região Amazônica.

Macho e fêmea são bem distintos, sendo que o primeiro apresenta os pedipalpos bastante finos e alongados,
assim como o tronco e a cauda em relação à fêmea.

Distribuição geográfica: espécie comum na Região Norte, principalmente no Pará e Amapá. Recentemente
exemplares têm sido encontrados no Mato Grosso.

• Controle de escorpiões

É necessário controlar as populações de escorpiões pelo risco que representam para a saúde humana, já
que a erradicação dessas espécies não é possível e nem viável. No entanto, o controle pode diminuir o
número de acidentes e, consequentemente, a morbi-mortalidade.

Algumas espécies de escorpiões são extremamente adaptadas a ambientes alterados pelo homem.

Esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como predadores de outros seres
vivos, devendo ser preservados na natureza. Já nas áreas urbanas, medidas devem ser adotadas para que
seja evitada a sua proliferação, por meio de ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental.

Desta maneira, identificar e conhecer a distribuição de escorpiões prevalentes permitirá planejar e


dimensionar as estratégias mais adequadas de controle para uma determinada área. Dessa forma, é
possível realizar o serviço de conscientização da população e prevenção dos acidentes por escorpião.
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A quem compete fazer o controle dos escorpiões?

De acordo com o inciso 10 do art. 3º da Portaria MS/GM nº 1.172, de 15 de junho de 2004, compete ao
município o registro, a captura, a apreensão e a eliminação de animais que representem risco à saúde do
homem, cabendo ao estado a supervisão, acompanhamento e orientação dessas ações.

Portanto, os estados e municípios devem promover a organização de um programa de controle dos animais
peçonhentos de importância em saúde, definindo as atribuições e responsabilidades dos setores que
compreendem a vigilância em saúde, juntamente com o serviço de controle de zoonoses, núcleos de
entomologia e outros centros de referência em animais peçonhentos.

A sensibilização de autoridades e gestores de saúde para a implementação de parcerias entre órgãos ligados
à limpeza urbana, ao saneamento, às obras públicas e à educação, é imprescindível para a implementação
das medidas de controle. Aliado a isso, ações continuadas de educação ambiental e em saúde garantem a
perenidade das mudanças geradas a partir das medidas de controle, de maneira que estas sejam
incorporadas no dia-a-dia da população.

As ações de controle de escorpiões consistem em:

a) Intervenção nas áreas de risco, as quais serão definidas por meio de:

1. Notificação de acidente;

2. Demanda espontânea da população.

b) Identificação de áreas prioritárias.

A identificação de áreas prioritárias é feita por meio de levantamento, monitoramento e avaliação, com o
mapeamento de áreas de maior concentração de ocorrência ou acidentes por escorpião, pesquisando
informações provenientes de:

• Dados do Sinan: mapa de todos os acidentes causados por escorpiões, que foram notificados
(via Sinan), ano a ano;
• Registro de ocorrência de escorpiões em residências ou imóveis limítrofes;
• Registros anteriores dos animais coletados e identificados: mapa de todos os imóveis com
registro de escorpião coletado, identificados em gênero e/ou espécie, ano a ano; levantamento
simultâneo de todos os endereços e localidades com a quantidade de animais capturados por imóvel.

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Os registros gerados por todas as fontes de informação do município (Sinan e registros de ocorrência de
escorpiões) devem ser marcados no mesmo mapa, de preferência de padrões diferentes para tipo de registro
e ano.

Com base na avaliação da situação da ocorrência de escorpiões, a gerência do Serviço Municipal de Saúde
de controle de acidentes por animais peçonhentos planejará as intervenções a serem realizadas.

Quando se deve desencadear uma ação de controle de escorpiões?

A intervenção para o controle de escorpiões consiste na busca ativa em todo e qualquer imóvel (área interna
e externa) visando a captura de exemplares, conhecimento e manejo dos ambientes propícios à ocorrência
e proliferação desses animais e conscientização da população.

A busca ativa deve ser desencadeada a partir das seguintes situações:

1. Notificação de acidente: deve desencadear visita domiciliar para busca ativa em 100% dos casos ocorridos
em zona urbana;

2. Demanda espontânea da população levando em conta as áreas prioritárias;

3. Identificação de áreas prioritárias: a busca ativa nesse caso deverá acontecer, no mínimo, a cada seis
meses.

Em ambas as situações, devem ser visitados além dos imóveis de ocorrência, os limítrofes (direita, esquerda
e fundos) e em frente.

No caso de ocorrência em zona rural, deve-se estabelecer um raio de 100m para busca ativa.

Como proceder na busca ativa?

Havendo ocorrência de escorpiões, causador de acidente ou não, ou no monitoramento de áreas prioritárias,


deve ser realizada a busca ativa.

Devido ao tipo de serviço que a busca ativa envolve, como manipulação de entulho, material de construção,
etc, esta não deve ser realizada por apenas um profissional, sendo necessário no mínimo dois.

Para realizar as atividades de busca ativa, os profissionais devem fazer uso dos equipamentos de proteção
individual (EPI) e o técnico de saúde deve solicitar o acompanhamento do responsável pelo imóvel durante
a busca ativa para que ele seja conscientizado do problema e das medidas de prevenção.
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Os locais escuros, úmidos e com pouco movimento, tanto na área externa como interna do imóvel, devem
ser examinados com especial atenção. A busca ativa deverá ser realizada nas áreas interna e externa dos
imóveis, principalmente nos seguintes locais:

• Área interna

1. Assoalhos e rodapés soltos;

2. Ralos de cozinha, banheiros e área de serviço;

3. Frestas e vãos de paredes;

4. Batentes de portas e de janelas;

5. Caixas e pontos de energia;

6. Sistema de refrigeração de ar;

7. Vigas e telhados em porões, sótãos e forros no teto;

8. Móveis, cortinas, estantes, quadros, lareiras;

9. Roupas e sapatos;

10. Objetos empilhados ou jogados;

11. Armários sob pias ou gavetas;

12. Panos de chão e toalhas penduradas;

• Área externa

1. Locais com material de construção (pilhas de telhas e tijolos, blocos de cimento, entulho, pedras,
amontoados de madeira, placas de concreto);

2. Lixo domiciliar;

3. Troncos, galhos e folhas secas caídas;

4. Objetos descartados, garrafas empilhadas;

5. Frestas e vãos de muros, tanques, fornos de barro e barrancos, galpões, depósitos, viveiros de mudas e
plantas;

6. Caixas de gordura, canalizações de água, caixas de esgoto, de energia.

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Áreas públicas próximas ao imóvel, como margens de rios, córregos e riachos, galerias de águas pluviais,
canais, e galerias de esgoto e bocas de lobo próximas aos imóveis também são focos de ocorrência de
escorpiões. Contudo, é necessária a autorização prévia dos órgãos competentes e equipamentos de proteção
adequados para a realização de atividades de controle nessas áreas.

Em caso de prédios, é necessário verificar todas as áreas comuns, principalmente: fosso do elevador, caixas
de passagem e de gordura, caixas e pontos de energia, lixeiras e/ou fosso de lixo. Deve-se comunicar o
condomínio dos prédios para conscientização dos moradores. O responsável pelo imóvel deve ser orientado
a entrar em contato com o serviço de controle caso encontre novos escorpiões no local.

O que fazer para controlar a ocorrência de escorpiões?

As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões baseiam-se na retirada/coleta dos escorpiões


e modificação das condições do ambiente a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência e
proliferação destes animais.

Na área externa do domicílio:

• Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados,
e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos baldios;
• Limpar terrenos baldios situados a cerca de dois metros (aceiro) das redondezas dos imóveis;
• Eliminar fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos e outros pequenos
animais invertebrados;
• Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção
civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade etc;
• Remover periodicamente materiais de construção e lenha armazenados, evitando o acúmulo
exagerado;
• Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos
(corujas, joão-bobo, etc.), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos e gansos (galinhas não são
eficazes agentes controladores de escorpiões);
• Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;
• Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;
• Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;
• Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas.

Na área interna:

• Rebocar paredes para que não apresentem vãos ou frestas;


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• Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha;


• Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;
• Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques;
• Telar aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos calafetados;
• Manter todos os pontos de energia e telefone devidamente vedados.

Como monitorar e avaliar as ações de controle?

Para monitorar e avaliar a eficiência das ações de controle é necessário construir indicadores que permitam
estabelecer o nível de infestação domiciliar e a intensidade dessa infestação.

Esses indicadores devem ser construídos a partir do levantamento de dados obtidos nas visitas domiciliares
de busca ativa de escorpiões ou inquéritos sobre a ocorrência de escorpiões, com a participação de outros
profissionais, como agentes comunitários de saúde e/ou agentes de endemias.

• Infestação domiciliar

É definida como a presença de escorpião de interesse em saúde, ou vestígios de sua presença como sua
exúvia, detectada durante a realização da visita. Pode ser referida a qualquer local em relação ao total de
unidades investigadas por vigilância.

O parâmetro a ser utilizado é a unidade domiciliar (UD), constituída pela habitação humana, seus anexos e
espaço próximo à habitação.

Índice de Infestação Domiciliar = nº de UD positivas / nº de UD pesquisadas ou sob vigilância x 100

A positividade na UD é dada pela presença de exemplares vivos ou mortos de escorpiões, ou vestígios de


sua presença (exúvia). É também considerada UD positiva aquela em que o morador estiver de posse do
escorpião.

O grau de infestação domiciliar representa a proporção de unidades domiliciares nas quais foram
encontrados escorpiões em relação às unidades domiciliares visitadas.

De acordo com a proporção de unidades domiciliares positivas, são estabelecidos os níveis de infestação
domiciliar, devendo o monitoramento ser feito com o objetivo de reduzir em, pelo menos, um nível o índice
obtido.

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Classificação dos níveis de infestação/dispersão:

Níveis (%) - Classificação:

> 50 - Altíssima

26 – 50 -Alta

1 – 25 - Média

0 (zero) - Baixa

• Intensidade de infestação:

Avalia a quantidade de escorpiões encontrada em um conjunto de unidades domiciliares positivas.

Índice de Intensidade de Infestação = nº de escorpiões encontrados / nº de UDs positivas

São contabilizados os escorpiões, ou suas exúvias, coletados pelo técnico de saúde durante a busca ativa,
ou no caso do escorpião estar de posse do morador.

Entendido isso, vamos a uma pergunta:

O controle químico funciona?

Não! De acordo com Brasil (2009) o hábito dos escorpiões de se abrigarem em frestas de paredes, embaixo
de caixas, papelões, pilhas de tijolos, telhas, madeiras, em fendas e rachaduras do solo, juntamente com sua
capacidade de permanecer meses sem se movimentar, torna o tratamento químico ineficaz.

O que também torna os escorpiões resistentes aos venenos é o fato de possuírem o hábito de permanecer
em longos períodos em abrigos naturais ou artificiais que impedem que o inseticida entre em contato com
o escorpião. Além disso, possuem capacidade de permanecer com seus estigmas pulmonares fechados por
um longo período.

A aplicação de produtos químicos de higienização doméstica compostos por formaldeídos, cresóis e


paracloro-benzenos e de produtos utilizados como inseticidas, raticidas, mata-baratas ou repelentes do
grupo dos piretróides e organofosforados não são indicados por causarem o desalojamento dos escorpiões
para locais não expostos à ação desses produtos, aumentando o risco de acidentes.

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Além disso, cria-se a falsa sensação de proteção por parte dos moradores que acreditam que o problema foi
resolvido, passando a negligenciar o trato com o ambiente.

Até o presente momento não foi definida cientificamente a eficácia dos produtos químicos no controle
escorpiônico em ambiente natural. Invariavelmente, por ocasião do lançamento de novos produtos no
mercado, a indicação de seu uso não vem respaldada por experimentos confiáveis.

No caso da necessidade de controlar baratas em locais com presença de escorpiões, recomenda-se o uso
de formulações tipo gel ou pó. Esta atividade deve ser executada somente por profissionais de empresas
especializadas.

Em áreas avaliadas como prioritárias, é importante lembrar que a aplicação de inseticidas para controle de
outros agravos (dengue, malária, leishmaniose, chagas, etc.) poderá aumentar a probabilidade de acidente
por escorpião devido ao efeito irritante desses produtos que provoca desalojamento, eliminação de fonte
de alimento e predadores.

Por isso, é necessário que a população desses locais seja devidamente conscientizada quanto às medidas de
prevenção de acidentes, previamente à aplicação destes produtos.

• Captura de escorpiões

O manejo de escorpiões exige uma série de cuidados, não só com o ambiente em que vivem, mas também
no manuseio, que deve ser feito por profissional com experiência.

A captura, a coleta e o transporte de material zoológico são de competência do Ibama, conforme Portaria
nº 332/90 e Instrução Normativa 109/97. Por isso somente seus técnicos ou profissionais autorizados e
licenciados são habilitados a coletar os escorpiões.

Os animais capturados devem ser enviados para instituições de pesquisa como universidades, zoológicos ou
institutos que produzem soro, pois representam importante material científico e para produção dos
antivenenos:

Observada a legislação e as demais regulamentações vigentes, são espécies passíveis de controle


por órgãos de governo da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente, sem a necessidade de
autorização por parte do Ibama (...): (...) artrópodes peçonhentos e invertebrados (...). (BRASIL,
2006)

Ou seja, havendo programas específicos dos referidos órgãos para controle de escorpiões e comprovação
da importância da coleta e da participação do coletor no programa, é autorizada a coleta. Nesse caso, estão

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incluídos os Centros de Controle de Zoonoses, órgãos municipais responsáveis pelo controle de agravos e
doenças transmitidas por animais (zoonoses).

Como capturar escorpiões com segurança?

Quando devidamente habilitado, o profissional pode coletar o escorpião com o auxílio de alguns
equipamentos. O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) é obrigatório durante as atividades de
vistoria e captura de escorpiões.

Os materiais para a realização das atividades de campo incluem:

• Bota ou sapato fechados;


• Calça comprida (colocar a boca da calça para dentro da meia);
• Camisa de manga curta ou longa com pulso justo;
• Luvas de “vaqueta” (luva de eletricista) ou raspa de couro;
• Pinça anatômica de aço inoxidável com aproximadamente 20 cm (a pinça de bambu pode ser
uma alternativa);
• Boné ou chapéu (cabelos longos devem ser mantidos presos);
• Crachá com identificação do agente;
• Recipiente transparente, preferencialmente de plástico (ex.: coletor universal), com boca
larga e tampa rosqueada;
• Para manter os escorpiões vivos, pote com tampa perfurada e algodão umedecido com água;
• Álcool etílico (70%) para fixação e conservação dos animais;
• Prancheta, caneta e lápis;
• Boletins de campo;
• Etiqueta adesiva ou fita crepe para identificação dos recipientes;
• Lanterna com pilhas;
• Material educativo contendo as medidas de prevenção de acidentes e manejo ambiental;
• Bolsa de lona ou similar para transporte dos materiais.

Em locais propícios à presença de roedores silvestres associados ao hantavírus, utilizar máscara descartável
P3 contra inalação de poeira.

Os escorpiões devem ser apreendidos, com pinça adequada, pelo metassoma (cauda) e colocado em um
recipiente que deverá ser mantido em local protegido do sol e da chuva. É importante providenciar seu
transporte para um dos locais de recepção. Devem ser mantidos em locais onde as crianças ou pessoas
curiosas não tenham acesso.

Qual destino dar aos escorpiões capturados?

Durante as atividades de controle e manejo populacional de escorpiões, os exemplares coletados nos imóveis
vistoriados podem ter diferentes destinos.

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• Animais mortos

O destino dos escorpiões mortos pode ser:

1. Coleção didática: exemplares representativos da região, identificados pelo local e data de coleta ou
captura e acondicionados em vidros com álcool, constituem ferramenta útil para orientar a população
quanto ao reconhecimento dos animais;

2. Identificação de espécies: exemplares de ocorrência não registrada para a região, ou que suscitem dúvidas
em sua identificação devem ser enviados a um serviço de referência para confirmação;

3. Descarte: exemplares não utilizados nas situações acima, que apresentem mau estado de conservação
devem ser desprezados seguindo regras para descarte de material biológico.

Os animais capturados devem ser acondicionados em frascos com álcool com identificação preenchida a
lápis, dentro do frasco, conforme etiqueta abaixo:

Como transportar escorpiões com segurança?

Os animais coletados pela população ou capturados durante a visita devem ser acondicionados em potes
individuais para cada imóvel, e identificados.

O transporte de animais vivos é uma operação que exige cuidado pelo risco de acidente. As embalagens
deverão estar firmes e rotuladas com avisos bem visíveis, alertando sobre a natureza do material
transportado.

Folhas secas ou bolas de papel não devem ser usadas como substrato por aumentar o risco de acidente
durante o manuseio. Os animais não devem nunca ser acomodados em recipientes de papel/papelão pois,
uma vez molhados, podem se rasgar e/ou desmanchar e os escorpiões escaparem.

Os escorpiões podem ser acomodados em caixas de plástico, com superfície lisa para não subirem e com
tampa furada. As dimensões podem variar conforme a quantidade de animais. Para 30 animais, são
recomendadas caixas de 22 x 12 x 14 cm; para mais de cem animais as caixas podem ser de 40 x 25 x 35 cm.

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Dentro delas deve ser colocado algodão, papel, ou pedaço de pano/gaze, umedecido com água, fixado com
fita adesiva ao fundo da caixa para evitar o choque entre os animais durante o transporte.

Para um armazenamento e transporte mais adequado, podem ser confeccionadas caixas de vidro (40/25/30
cm) que devem ser acomodadas em uma caixa de isopor para isolamento térmico, para ser utilizada em
casos de viagens longas e muito quentes. Internamente, o procedimento é igual às caixas de plástico. Nestas
caixas, podem ser acomodados até cerca de 400 animais vivos.

1.4 – Vetores

Aedes aegypti

O Aedes aegypti e também o Aedes albopictus pertencem ao ramo Arthropoda (pés articulados), classe
Hexapoda (três pares de patas), ordem Diptera (um par de asas anterior funcional e um par posterior
transformado em halteres), família Culicidae, gênero Aedes.

O Aedes aegypti é uma espécie tropical e subtropical, encontrada em todo mundo, entre as latitudes 35ºN
e 35ºS. Embora a espécie tenha sido identificada até a latitude 45ºN, estes têm sido achados esporádicos
apenas durante a estação quente, não sobrevivendo ao inverno.

A distribuição do Aedes aegypti também é limitada pela altitude. Embora não seja usualmente encontrado
acima dos 1.000 metros, já foi referida sua presença a 2.200 metros acima do nível do mar, na Índia e na
Colômbia (OPS/OMS).

Por sua estreita associação com o homem, o Aedes aegypti é, essencialmente, mosquito urbano, encontrado
em maior abundância em cidades, vilas e povoados. Entretanto, no Brasil, México e Colômbia, já foi
localizado em zonas rurais, provavelmente transportado de áreas urbanas em vasos domésticos, onde se
encontravam ovos e larvas (OPAS/OMS).

Os mosquitos se desenvolvem através de metamorfose completa, e o ciclo de vida do Aedes aegypti


compreende quatro fases: ovo, larva (quatro estágios larvários), pupa e adulto.

• Ovo

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Os ovos do Aedes aegypti medem, aproximadamente, 1mm de comprimento e contorno alongado e


fusiforme. São depositados pela fêmea, individualmente, nas paredes internas dos depósitos que servem
como criadouros, próximos à superfície da água. No momento da postura os ovos são brancos, mas,
rapidamente, adquirem a cor negra brilhante.

A fecundação se dá durante a postura e o desenvolvimento do embrião se completa em 48 horas, em


condições favoráveis de umidade e temperatura.

Uma vez completado o desenvolvimento embrionário, os ovos são capazes de resistir a longos períodos de
dessecação, que podem prolongar-se por mais de um ano. Foi já observada a eclosão de ovos com até 450
dias, quando colocados em contato com a água.

A capacidade de resistência dos ovos de Aedes aegypti à dessecação é um sério obstáculo para sua
erradicação. Esta condição permite que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes
secos, tornando-se assim o principal meio de dispersão do inseto (dispersão passiva).

• Larva

Como o Aedes aegypti é um inseto holometabólico, a fase larvária é o período de alimentação e


crescimento. As larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se principalmente de material orgânico
acumulado nas paredes e fundo dos depósitos.

As larvas possuem quatro estágios evolutivos. A duração da fase larvária depende da temperatura,
disponibilidade de alimento e densidade das larvas no criadouro. Em condições ótimas, o período entre a
eclosão e a pupação pode não exceder a cinco dias.

Contudo, em baixa temperatura e escassez de alimento, o 4º estágio larvário pode prolongar-se por várias
semanas, antes de sua transformação em pupa.

A larva do Aedes aegypti é composta de cabeça, tórax e abdômen. O abdômen é dividido em oito segmentos.
O segmento posterior e anal do abdômen tem quatro brânquias lobuladas para regulação osmótica e um
sifão ou tubo de ar para a respiração na superfície da água.

O sifão é curto, grosso e mais escuro que o corpo. Para respirar, a larva vem à superfície, onde fica em posição
quase vertical. Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um “S” em seu deslocamento. É sensível a
movimentos bruscos na água e, sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do
recipiente (fotofobia).

Na pesquisa, é preciso que se destampe com cuidado o depósito e, ao incidir o jato de luz, percorrer,
rapidamente, o nível de água junto à parede do depósito. Com a luz, as larvas se deslocam para o fundo.
Tendo em vista a maior vulnerabilidade nesta fase, as ações do Programa de Erradicação do Aedes aegypti
(PEAa) devem, preferencialmente, atuar na fase larvária.

• Pupa

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As pupas não se alimentam. É nesta fase que ocorre a metamorfose do estágio larval para o adulto. Quando
inativas se mantêm na superfície da água, flutuando, o que facilita a emergência do inseto adulto. O estado
pupal dura, geralmente, de dois a três dias.

A pupa é dividida em cefalotórax e abdômen. A cabeça e o tórax são unidos, constituindo a porção chamada
cefalotórax, o que dá à pupa, vista de lado, a aparência de uma vírgula. A pupa tem um par de tubos
respiratórios ou trompetas, que atravessam a água e permitem a respiração.

• Adulto

O adulto de Aedes aegypti representa a fase reprodutora do inseto. Como ocorre com grande parte dos
insetos alados, o adulto representa importante fase de dispersão. Entretanto, com o Aedes aegypti é
provável que haja mais transporte passivo de ovos e larvas em recipientes do que dispersão ativa pelo inseto
adulto.

O Aedes aegypti é escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e um desenho em forma de
lira no mesonoto. Nos espécimes mais velhos, o “desenho da lira” pode desaparecer, mas dois tufos de
escamas branco-prateadas no clípeo, escamas claras nos tarsos e palpos permitem a identificação da espécie.
O macho se distingue essencialmente da fêmea por possuir antenas plumosas e palpos mais longos.

Logo após emergir do estágio pupal, o inseto adulto procura pousar sobre as paredes do recipiente, assim
permanecendo durante várias horas, o que permite o endurecimento do exoesqueleto, das asas e, no caso
dos machos, a rotação da genitália em 180º.

Dentro de 24 horas após emergirem, ambos os sexos podem acasalar. O acasalamento geralmente se dá
durante o vôo, mas, ocasionalmente, pode se dar sobre uma superfície, vertical ou horizontal. Uma única
inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha a produzir durante sua vida.

As fêmeas se alimentam mais frequentemente de sangue, servindo como fonte de repasto a maior parte
dos animais vertebrados, mas mostram marcada predileção pelo homem (antropofilia).

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O repasto sanguíneo das fêmeas fornece proteínas para o desenvolvimento dos ovos. Ocorre quase sempre
durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. As fêmeas também se alimentam da seiva das
plantas. O macho alimenta-se de carboidratos extraídos dos vegetais.

Em geral, a fêmea faz uma postura após cada repasto sanguíneo. O intervalo entre a alimentação sanguínea
e a postura é, em regra, de três dias, em condições de temperatura satisfatórias. Com frequência, a fêmea
se alimenta mais de uma vez, entre duas sucessivas posturas, em especial quando perturbada antes de
totalmente ingurgitada (cheia de sangue). Este fato resulta na variação de hospedeiros, com disseminação
do vírus a vários deles.

A oviposição se dá mais frequentemente no fim da tarde. A fêmea grávida é atraída por recipientes escuros
ou sombreados, com superfície áspera, nas quais deposita os ovos. Prefere água limpa e cristalina ao invés
de água suja ou poluída por matéria orgânica. A fêmea distribui cada postura em vários recipientes.

É pequena a capacidade de dispersão do Aedes aegypti pelo vôo, quando comparada com a de outras
espécies. Poucas vezes a dispersão pelo vôo excede os 100 metros. Entretanto, já foi demonstrado que uma
fêmea grávida pode voar até 3km em busca de local adequado para a oviposição, quando não há recipientes
apropriados nas proximidades.

A dispersão do Aedes aegypti a grandes distâncias se dá, geralmente, como resultado do transporte dos
ovos e larvas em recipientes.

Quando não estão em acasalamento, procurando fontes de alimentação ou em dispersão, os mosquitos


buscam locais escuros e quietos para repousar. A domesticidade do Aedes aegypti é ressaltada pelo fato de
que ambos os sexos são encontrados em proporções semelhantes dentro das casas (endofilia).

O Aedes aegypti quando em repouso é encontrado nas habitações, nos quartos de dormir, nos banheiros e
na cozinha e, só ocasionalmente, no peridomicílio. As superfícies preferidas para o repouso são as paredes,
mobília, peças de roupas penduradas e mosquiteiros.

Quando o Aedes aegypti está infectado pelo vírus do dengue ou da febre amarela, pode haver transmissão
transovariana destes, de maneira que, em variável percentual, as fêmeas filhas de um espécime portador
nascem já infectadas.

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• Tratamento

O combate ao Aedes aegypti pode ser feito também pela aplicação de produtos químicos ou biológicos,
através do tratamento focal, tratamento perifocal e da aspersão aeroespacial de inseticidas em ultrabaixo-
volume (UBV).

a) Tratamento focal

Consiste na aplicação de um produto larvicida nos depósitos positivos para formas imaturas de mosquitos,
que não possam ser eliminados mecanicamente. No imóvel com um ou mais depósitos com formas
imaturas, todos os depósitos com água que não puderem ser eliminados serão tratados. Em áreas infestadas
bem delimitadas, desprovidas de fonte de abastecimento coletivo de água, o tratamento focal deve atingir
todos os depósitos de água de consumo vulneráveis à oviposição do vetor.

Os larvicidas utilizado na rotina do PEAa são:

• Temephós granulado a 1% (Abate, Larvin, Larvel e outros), que possui baixa toxicidade
(empregado em dose inócua para o homem, mas letal para as larvas).

• Bacillus turinghiensis israelensis (BTI) que é um inseticida biológico que poderá ser utilizado
de maneira rotativa com o temephós, evitando o surgimento de resistência das larvas a estes
produtos.

• Metoprene, substância análoga ao hormônio juvenil dos insetos, que atua nas formas
imaturas (larvas e pupas), impedindo o desenvolvimento dos mosquitos para a fase adulta.

• Eventualmente, o cloreto de sódio ou sal de cozinha, em solução a 3%, também poderá ser
utilizado como larvicida.

Tanto o temephós quanto o BTI e o metoprene, são agentes de controle de mosquitos, aprovados pela
Organização Mundial da Saúde para uso em água de consumo humano, por suas caraterísticas de
inocuidade para os mamíferos em geral e o homem.

Não serão tratados:

• Latas, plástico, e outros depósitos descartáveis que possam ser eliminados;


• Garrafas, que devem ser viradas e colocadas ao abrigo da chuva;
• Utensílios de cozinha que sirvam para acondicionar e cozer alimentos;
• Depósitos vazios (sem água);
• Aquários ou tanques que contenham peixes.
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• Vasos sanitários, caixas de descarga e ralos de banheiros, exceto quando a casa estiver
desabitada.
• Bebedouros de animais;

Os bebedouros de animais onde forem encontradas larvas ou pupas devem ser escovados e a água trocada
no máximo a cada cinco dias.

Os depósitos com peixes não serão tratados com temephós. Nestes casos, serão recomendadas aos
moradores formas alternativas para o controle de focos, podendo-se utilizar o BTI e o metoprene.

Os pequenos depósitos como latas vazias, vidros, plásticos, cascas de ovo, de coco, e outros, que
constituem o lixo doméstico, devem ser de preferência acondicionados adequadamente pelos moradores,
para serem coletados pelo serviço de limpeza pública.

Caso isso, por algum motivo, não ocorra, devem ser eliminados pelo agente.

Para evitar que o larvicida se perca nos depósitos que são lavados pelos moradores ou onde a água está
sujeita a constante renovação, como as caixas d’água, cisternas e calhas mal colocadas, ele deve ser colocado
nesses depósitos, envolvido e amarrado em um pano. Este artifício conhecido como “boneca de larvicida”
vem sendo utilizado em alguns Estados desde a Campanha de Erradicação do Aedes aegypti, no Pará, em
1967.

b) Tratamento perifocal

Consiste na aplicação de uma camada de inseticida de ação residual nas paredes externas dos depósitos
situados em pontos estratégicos, por meio de aspersor manual, com o objetivo de atingir o mosquito adulto
que aí pousar na ocasião do repouso ou da desova.

O tratamento perifocal, em princípio, está indicado para localidades recém-infestadas como medida
complementar ao tratamento focal. É adotado em localidades infestadas apenas em pontos estratégicos
onde é difícil fazer o tratamento focal, como os grandes depósitos de sucata, depósitos de pneus e ferros-
velhos, onde tenham sido detectados focos.

• Preparação da carga

Os inseticida atualmente empregados no tratamento perifocal são do grupo dos Piretróides, na formulação
pó molhável e na concentração final de 0,3 % de princípio ativo.

No caso da Cypermetrina, esta concentração será obtida pela adição de uma carga (78 gramas) do pó
molhável a 40 %, em 10 litros d’água. A mistura de inseticida com água deve ser feita diretamente no
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equipamento, parceladamente, com o auxílio de bastão agitador. A sequência da borrifação é a mesma que
se segue no tratamento focal, já descrita.

Técnica de aplicação

Durante o tratamento perifocal são exigidos cuidados no sentido de que o operador esteja protegido e o
inseticida não seja posto em contato com pessoas, pássaros, outros animais domésticos e alimentos. Não
deve ser aplicado na parte interna de depósitos cuja finalidade é armazenar água destinada ao consumo
humano.

São utilizado para o tratamento perifocal os equipamento de aspersão e compressão com capacidade para
dez litros, e bico apropriado. Deve ser feita a aplicação na parede externa do depósito, de cima para baixo,
que continua em faixas verticais com superposição de 5 cm. É necessário girar o depósito quando seu
tamanho o permita ou rodeá-lo da direita para a esquerda quando for fixo ou demasiadamente grande.

Na superfície próxima ao depósito tratado aplica-se o inseticida até um metro de distância em volta dele.

• Depósitos não borrifáveis

Não se borrifarão, em sua face interna, os recipientes que armazenam água para o consumo humano, como
caixas d’água, tonéis, tanques e outros, os quais devem ser mantidos hermeticamente fechados durante o
tratamento.

Depósitos expostos a chuvas também não receberão o tratamento perifocal.

• Tratamento a Ultrabaixo Volume (UBV)

Consiste na aplicação espacial de inseticidas a baixíssimo volume. Nesse método as partículas são muito
pequenas, geralmente se situando abaixo de 30 micras de diâmetro, sendo de 10 a 15 micras de diâmetro
médio, o ideal para o combate ao Aedes aegypti, quando o equipamento for do tipo UBV pesado.

O uso deve ser restrito a epidemias, como forma complementar para promover a rápida interrupção da
transmissão de dengue ou de febre amarela, de preferência associado a mutirão de limpeza e eliminação de
depósitos.

Devido ao reduzido tamanho das partículas, este método de aplicação atinge a superfície do corpo do
mosquito mais extensamente do que através de qualquer outro tipo de pulverização.

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Vantagens deste método:

• redução rápida da população adulta de Aedes;


• alto rendimento com maior área tratada por unidade de tempo;
• melhor adesividade das partículas ao corpo do mosquito adulto;
• por serem as partículas muito pequenas e leves, são carregadas pelo ar, podendo ser lançadas
a distâncias compatíveis com a largura dos quarteirões.

Desvantagens:

• exige mão-de-obra especializada;


• sofre influência do vento, chuva e temperatura;
• pouca ou nenhuma ação sobre as formas imaturas do vetor;
• ação corrosiva sobre pintura de automóveis, quando o tamanho médio das partículas do
inseticida for superior a 40 micras;
• necessidade de assistência técnica especializada;
• elimina outros insetos quando usado de forma indiscriminada.;
• não elimina mais que 80 % dos mosquitos;
• nenhum poder residual.

Cuidados especiais devem ser observados para se obter êxito na aplicação de inseticida a ultrabaixo-volume.
Recomenda-se que a pulverização com equipamento pesado seja sempre feita na parte da manhã, bem
cedo, ou ao anoitecer, uma vez que nesses períodos do dia normalmente não existe correntes de ar
significativas, que poderiam influenciar a eficácia da aplicação, além de facilitar a operacionalidade do
conjunto UBV devido a menor intensidade do tráfego urbano de veículos nesses horários.

O método não deverá ser empregado quando a velocidade do vento for superior a 6 km/hora para que as
partículas aspergidas não sejam transportadas para fora da área objeto de tratamento.

Quando a máquina pulverizadora for do tipo montada sobre veículo, a velocidade deste nunca deve
ultrapassar 16 km/hora durante o processo de aplicação. Neste caso, a boquilha do pulverizador deve ser
direcionada para as casas, obedecendo a um ângulo de inclinação de aproximadamente 45 graus, com vazão
regulada de acordo com o inseticida utilizado e velocidade do veículo.

Durante a aplicação o agente evitará o contato do inseticida com os olhos e demais partes do corpo; não
tratará o interior de fábricas, depósitos ou armazéns que contenham alimentos; não fará aplicação em áreas
com plantações de verduras, cereais, frutas.

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Deverá ter cuidado especial para que as máquinas estejam bem reguladas de modo que produzam partículas
que não manchem pinturas de carro, mármores e outras. Deverá cuidar ainda para que o local de limpeza
das máquinas seja sempre em áreas distantes de rios, córregos ou locais que tenham animais, evitando-se,
assim, envenenamento ou a poluição do ambiente.

O tratamento pelo método UBV deve ser feito em ciclos semanais para que sejam atingidos os adultos
provenientes de ovos e larvas remanescentes. Recomenda-se que o tratamento seja feito em uma cobertura
completa na área selecionada, no menor espaço de tempo possível, repetindo-se o tratamento na semana
seguinte.

A UBV portátil vem sendo utilizada como forma complementar a UBV pesada, principalmentenas áreas de
difícil acesso, como favelas, e são utilizados os seguintes equipamentos na aplicação de inseticidas por UBV
portátil:

• Nebulizador
• portátil;
• motorizado.

• Controle biológico

O controle biológico existe na natureza, reduzindo naturalmente a população de mosquitos através da


predação, do parasitismo, da competição e de agentes patógenos que produzem enfermidades e toxinas.

Atualmente, existem pesquisas no sentido de utilizar o controle biológico, que teria a grande vantagem de
minimizar os danos ambientais que os inseticidas comuns podem causar. Algumas pesquisas estão sendo
feitas com base no uso de algumas espécies predadoras (peixes larvófagos, copépodos), parasitas
(nematóides) e patógenos (protozoários – microsporídios , Bacillus produtores de toxinas, fungos e vírus).

Estes últimos, agem como inseticidas de natureza biológica, padrão que foge ao mecanismo clássico da
regulação biológica.

Nessa concepção de larvicidas biológicos, temos hoje produtos comerciais à base de Bacillus thuringiensis
sub.sp. israelensis (Bti), com boa atividade contra larvas de Aedes e o Bacillus sphaericus, para larvas de
Anopheles e Culex.

Ambos apresentam boa atividade contra larvas de várias espécies de culicíneos. Apesar dos avanços nessa
área de controle, ainda há muitos impedimentos quanto ao uso desses métodos em grande escala na prática
operacional de rotina, considerando os custos, o baixo efeito residual, e a intolerância à exposição direta da
luz solar.

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O uso de peixes larvófagos tem sido difundido em várias partes do mundo no controle de doenças como a
malária e o dengue, além de outras doenças ou incômodos também causados por mosquitos.

Espécies apropriadas de peixes apresentam usualmente as seguintes características:

• Preferência por larvas de mosquitos maior do que outros tipos de alimentos localizados na
superfície da agua;
• Tamanho reduzido para permitir o acesso superficial na água e penetração entre a vegetação;
• Tolerância à poluição, salinidade, temperatura variáveis e transporte.

Para esse fim, devem ser utilizados peixes originários da região onde o controle é realizado.

São exemplos:

Peixes do gênero Poeciliidae e Cyprinodontidae. Algumas dessas espécies têm sido usadas com sucesso em
vários países (Gambusia affinis) e o Guppy (Poecilia reticulata). O Gambusia é muito eficiente em água limpa
enquanto o Poecilia (lebiste) tolera altas temperaturas e pode ser usado com sucesso em águas poluídas
organicamente.

• Manejo ambiental

Um componente importante mas frequentemente pouco valorizado no combate aos vetores é o manejo do
ambiente, não apenas através daquelas ações integradas à pesquisa de focos e tratamento químico, tal como
a eliminação e remoção de criadouros no ambiente domiciliar, mas, também, pela coleta do lixo urbano
regular ou através de mutirões de limpeza, o que, na prática, tem sido feito apenas na vigência de
epidemias.

O armazenamento, coleta e disposição final dos resíduos sólidos, visando ao êxito no combate vetorial,
compreende três aspectos: a redução dos resíduos, acompanhada pela sua reciclagem ou reutilização, a
coleta dos resíduos e a sua correta disposição final.

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O trabalho educativo com vistas a difundir junto à população noções acerca do saneamento domiciliar e do
uso correto dos recipientes de armazenamento de água, é também de fundamental importância.

Recipientes como caixas d’água, tonéis e tanques, devem ser mantidos hermeticamente fechados, à prova
de mosquitos. Caso isso não seja possível naquele momento, o agente deverá escovar as paredes internas
do reservatório, com vistas a remoção de ovos por ventura aí existentes.

Outros recipientes ou objetos existentes nos domicílios, peridomicílios e pontos estratégicos, devem
merecer atenção dos agentes de saúde e dos moradores, pois podem servir de criadouros importantes para
o Aedes aegypti. Por exemplo:

• As calhas devem ser desobstruídas periodicamente e mantidas com inclinação adequada para
o escoamento da água.
• Cavidades em muros, pedras, arvores, etc., devem ser tampadas com barro ou cimento, de
modo a evitar que coletem água.
• Fragmentos de vidros (gargalos e fundos de garrafas) fixados em cima de muros, devem ser
preenchidos com barro ou areia grossa.
• As bromélias e outros vegetais que acumulam água entre as folhas devem ser eliminados.
• As floreiras existentes nos cemitérios (ponto estratégico), devem ser furadas por baixo, ou
preenchidas com areia grossa.

E aí, pessoal, compreendido? Vamos prosseguir nosso estudo, conhecendo um pouco sobre os acidentes por
animais peçonhentos.

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2 - ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS


Olá pessoal, bem-vindos ao nosso módulo de Acidentes por Animais Peçonhentos!

Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas produtoras de veneno ou substâncias tóxicas,
além de aparelho especializado (dentes ocos, ferrões, aguilhões ou cerdas), por onde o veneno é inoculado.

Os animais peçonhentos de importância para a saúde pública no Brasil são serpentes, aranhas, escorpiões,
lagartas, abelhas e alguns animais aquáticos que podem determinar diferentes tipos de envenenamento
(Tabela 3):

Tabela 3. Grupos de animais peçonhentos com nomeclatura popular e tipos de acidente causado.

Grupo Gênero Nome popular Tipo de acidente


Bothrops Jararaca, urutu, jararacuçu, Botrópico
cruzeira, comboia
Serpentes Lachesis Surucucu pico-de-jaca Laquético
Crotalus Cascavel Crotálico
Micrurus Coral verdadeira Elapídico
Escorpiões Tityus Escorpião, lacrau Escorpionismo
Loxoceles Aranha-marrom Loxocelismo
Phoneutria Armadeira, aranha-da-banana, Foneutrismo
Aranhas
aranha-macaca
Latrodectus Viúva negra Latrodectismo
Lonomia Taturana, lagarta-de-fogo, oruga, Síndrome hemorrágica
Lagartas tapuru, pararama por Lenomia
Outros Erucismo
Apis Abelha Múltiplas picadas por
Insetos
abelhas
Peixes Promomotrygon Arraia Acidentes com arraia
Fonte: Brasil (2009).

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• Ofidismo
Os acidentes ofídicos representam problema de saúde pública em virtude de sua alta frequência e
gravidade. A repercussão social ocorre pelas sequelas e óbitos que ocorrem principalmente em populações
rurais.
Identificar o animal causador do acidente pode auxiliar no diagnóstico do acidente. Os critérios básicos, como
presença de fosseta loreal e morfologia da cauda, são utilizados para distinguir serpentes peçonhentas de
não peçonhentas a uma distância segura:

Fosseta loreal: é o orifício situado entre o olho e a narina, daí a denominação popular de “serpente de
quatro ventas”. No Brasil, está presente nas serpentes do gênero Bothrops, Crotalus e Lachesis. Essas
serpentes são providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos.
Não possuem fosseta loreal as espécies do gênero Micrurus, que geralmente possuem padrão característico
de anéis pretos, vermelhos e brancos ou amarelos.
Cauda: entre as serpentes que possuem fosseta loreal, a distinção entre os gêneros é feita pelo aspecto da
cauda, que pode ser lisa (gênero Bothrops), com escamas eriçadas (Lachesis) ou com chocalho (Crotalus).
Na prática, nem sempre é possível ter o animal para identificação. Dessa forma, o diagnóstico é baseado no
reconhecimento dos sinais e sintomas característicos de cada acidente. Para orientar a terapêutica é
necessário, portanto, conhecer as principais atividades dos venenos (Tabela 4):

Tabela 4. Atividades dos venenos e efeitos causados pelos diferentes grupos de serpentes.

Atividade Efeito Veneno


Botrópico Laquético Crotálico Elapídico
Edema ++++ ++++ + +/-
Local Inflamatória aguda Dor +++ ++++ + +/-
Bolhas, necrose ++ +++ - -
Sistêmica Hemorrágica Sangramentos ++ +++ - -

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Sangue
Coagulante ++++ ++++ ++ -
incoagulável
Vômitos, diarréia,
Parassimpaticomimética bradicardia, - ++ - -
hipotensão
Paralisia muscular,
Neurotóxica - - ++++ +++
turvação visual
Dores musculares,
Miotóxica - - ++++ -
urina escura
Fonte: Brasil (2009).
O quadro clínico varia, portanto, conforme as atividades presentes nos venenos dos diferentes gêneros de
serpentes peçonhentas. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimento é fator determinante no
prognóstico.
Além disso, a ocorrência de complicações e óbitos está diretamente relacionada ao tratamento realizado
tardiamente, em geral, 6 a 12 horas.

I. Acidente botrópico
O acidente causado por serpentes do gênero Bothrops (nomes populares: jararaca, urutu, jararacuçu,
cruzeira, comboia) é o mais importante envenenamento ofídico no Brasil, pela frequência e amplitude com
que ocorre.
É responsável por 72,6% dos acidentes ofídicos que ocorrem no País. O quadro clínico pode apresentar
manifestações locais e sistêmicas.
Manifestações locais: nas primeiras horas após a inoculação do veneno, a atividade inflamatória dá origem
à dor e edema no local da picada, de intensidade variável e caráter progressivo, podendo acometer todo o
membro picado. Equimoses e sangramentos no ponto da picada podem ocorrer, bem como adenomegalia
regional.
Como complicações, a síndrome compartimental, embora rara, ocorre precocemente; o edema de grandes
proporções pode levar à diminuição na perfusão sanguínea, com consequente sofrimento de nervos, vasos
sanguíneos e músculos de compartimentos de membros inferiores ou superiores.
Mais comum é a infecção cutânea com abscesso, em geral associada à inoculação de bactérias presentes na
boca da serpente e à aplicação de substâncias contaminadas no local da picada. Picadas em extremidades
(dedos) favorecem o desenvolvimento de necrose, que pode evoluir para gangrena e amputação.

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Manifestações sistêmicas: a incoagulabilidade sanguínea e sangramento de pele e mucosas (equimoses a


distância, gengivorragia, em ferimentos preexistentes) são relativamente comuns, porém a presença de
hemorragia maciça ou em vísceras (pulmonar, uterina, cerebral) determina a gravidade dos casos.
Hipotensão e choque podem ocorrer em decorrência do sequestro de líquido para o local da picada,
hipovolemia por sangramento e liberação de substâncias vasoativas.
A insuficiência renal aguda pode ocorrer em consequência a esses fatores e a principal complicação
sistêmica neste tipo de acidente.

Quais são as ações do veneno botrópico?

I. Ação proteolítica: as lesões locais decorrem da atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da


liberação de mediadores da resposta inflamatória, da ação das hemorraginas sobre o endotélio vascular e
da ação pró-coagulante do veneno.
II. Ação coagulante: a maioria dos venenos botrópicos ativa, de modo isolado ou simultâneo, o fator X e a
protrombina. Possui também ação semelhante à trombina, convertendo o fibrinogênio em fibrina. Essas
ações produzem distúrbios da coagulação, como a incoagulabilidade sanguínea.
III. Ação hemorrágica: as manifestações hemorrágicas são decorrentes da ação das hemorraginas que
provocam lesões na membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e alterações da coagulação.
Em relação aos exames complementares, não existe exame específico para detecção da presença do
veneno. No entanto, os parâmetros de coagulação (TP, TTPA e dosagem de fibrinogênio) são importantes
para determinar a presença de atividade sistêmica e para acompanhamento da reversão da coagulopatia.
O tempo de coagulação (TC) é um teste simples e rápido, bastante útil e que pode ser utilizado na ausência
de equipamentos para realização do coagulograma. Outros exames laboratoriais poderão ser solicitados,
dependendo da evolução clínica do paciente, com especial atenção ao hemograma, dosagem de plaquetas
e testes bioquímicos para detecção da insuficiência renal aguda.

Atenção! São COMPLICAÇÕES do acidente botrópico (Brasil, 2021):


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- Síndrome compartimental: decorre da compressão do feixe vásculo-nervoso consequente ao grande


edema que se desenvolve no membro atingido, produzindo isquemia de extremidades.

- Abscesso: a ação “proteolítica” do veneno botrópico favorece o aparecimento de infecções locais. Os


germes patogênicos podem provir da boca do animal, da pele do acidentado ou do uso de contaminantes
sobre o ferimento. As bactérias isoladas desses abscessos são bacilos Gram-negativos, anaeróbios e, mais
raramente, cocos Gram-positivos.

- Necrose: é devida principalmente à ação “proteolítica” do veneno, associada à isquemia local decorrente
de lesão vascular e de outros fatores, como infecção, trombose arterial, síndrome de compartimento ou uso
indevido de torniquetes. O risco é maior nas picadas em extremidades (dedos), podendo evoluir para
gangrena.

- Choque: sua patogênese é multifatorial, podendo decorrer da liberação de substâncias vasoativas, do


sequestro de líquido na área do edema e de perdas por hemorragias.

- Injúria renal aguda (IRA): também de patogênese multifatorial, pode decorrer da ação direta do veneno
sobre os rins, isquemia renal secundária à deposição de microtrombos nos capilares, desidratação ou
hipotensão arterial e choque.

Tratamento: todos os pacientes com manifestações clínicas de envenenamento necessitam de soro, de


acordo com a intensidade do envenenamento, definido pelo quadro instalado. Antes mesmo da soroterapia,
algumas medidas devem ser instituídas:
a) Manter o membro picado elevado e estendido para alívio da dor e pressão sobre o compartimento;
b) Administrar analgésicos sistêmicos para alívio da dor;
c) Realizar hidratação vigorosa, procurando manter diurese.

Já o tratamento específico consiste na administração, o mais precocemente possível, do soro antibotrópico


e, na falta deste, das associações antibotrópico-crotálico ou antibotrópico-laquético.
A posologia depende da intensidade do quadro clínico (Tabela 5):

Tabela 5. Classificação da intensidade do envenenamento de acordo com as manifestações.

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Quadro clínico Manifestações clínicas Nº de ampolas de soro


Local: dor, edema e Sistêmico: hemorragia
equimose grave, choque, anúria
Leve Ausente ou discreta Ausente 2-4
Moderado Evidente Ausente 4-8
Grave Intensa Presente 12
Fonte: Brasil (2009).

A coagulopatia pode estar presente independentemente da gravidade. Se persistir a alteração na


coagulação 24 horas após a soroterapia, está indicada dose adicional de duas ampolas de antiveneno.

II. Acidente crotálico


As serpentes do gênero Crotalus (nome popular: cascavel) distribuem-se de maneira irregular pelo País.
Representam a segunda causa de acidentes ofídicos em termos de número de casos, porém apresentam a
maior letalidade (1,2%). As Crotalus preferem ambientes secos e abertos, não sendo comuns nas áreas onde
as Lachesis predominam.

O quadro clínico local se manifesta de forma diferente do acidente botrópico e laquético. Nos acidentes com
as Crotalus o local da picada não apresenta lesão exuberante.
São observados no segmento picado edema leve (às vezes ausente), eritema e parestesia, com
formigamento ou anestesia. Entre as manifestações sistêmicas, a característica clínica mais evidente é a
dificuldade de manter os olhos abertos, e o paciente apresenta aspecto sonolento, visão turva ou dupla,
diminuição ou paralisia da movimentação ocular.
Com menor frequência, ocorrem dificuldade de deglutição e modificações no olfato e no paladar. A
progressão da paralisia muscular pode levar à dificuldade de movimentação da caixa torácica e
insuficiência respiratória aguda.
O quadro é acompanhado por dores musculares generalizadas, sangramento discreto e urina escura, de
tonalidade avermelhada ou marrom.

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Quais são as ações do veneno crotálico?

São três as ações principais do veneno crotálico: neurotóxica, miotóxica e coagulante.


I. Ação neurotóxica: produzida principalmente pela fração crotoxina, uma neurotoxina de ação pré-
sináptica que atua nas terminações nervosas inibindo a liberação de acetilcolina. Esta inibição é o principal
fator responsável pelo bloqueio neuromuscular do qual decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos
pacientes.
II. Ação miotóxica: produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) com liberação de
enzimas e mioglobina para o soro e que são posteriormente excretadas pela urina. Essa capacidade de
produzir lesões no tecido muscular tem sido atribuída à crotoxina e a crotamina.
III. Ação coagulante: decorre de atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em
fibrina. O consumo do fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea. Geralmente não há redução
do número de plaquetas. As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas.
Em relação aos exames complementares, além das mesmas considerações feitas para o acidente botrópico,
atenção especial deve ser dada à função renal. O monitoramento da diurese e dos exames bioquímicos
(ureia e creatinina) é fundamental para a detecção precoce da injúria renal.

Atenção! São COMPLICAÇÕES do acidente crotálico (Brasil, 2021):

- Parestesias locais duradouras: são reversíveis após algumas semanas.

- IRA: ocorre com necrose tubular, geralmente de instalação nas primeiras 48 horas.

Tratamento: todos os indivíduos com manifestações clínicas de envenenamento necessitam de soro, de


acordo com a intensidade do envenenamento definida pelo quadro clínico instalado. Antes da soroterapia,
algumas medidas devem ser instituídas:
a) Manter o indivíduo em repouso;
b) Instituir hidratação vigorosa, procurando manter diurese.
O tratamento específico consiste na aplicação precoce em dose adequada de soro anticrotálico (SAC) ou
antibotrópico-crotálico (SABC) na ausência do soro específico (Tabela 6):

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Tabela 6. Classificação da intensidade do envenenamento de acordo com as manifestações.

Manifestações clínicas Nº de
Quadro
Distúrbios visuais, Dores Urina escura Oligúria/anúria ampolas
clínico
ptose palpebral musculares de soro
Discreta ou
Leve Ausente ou tardia Ausente Ausente 5
evidente
Pouco evidente
Moderado Discreta ou evidente Discreta Ausente 10
ou ausente
Grave Evidente Intensa Presente Presente 20
Fonte: Brasil (2009).

III. Acidente laquético


O gênero Lachesis (nome popular: surucucu pico-de-jaca) representa as maiores serpentes peçonhentas
existentes nas Américas que habitam matas fechadas, sendo encontradas principalmente na Amazônia e,
mais raramente, na Mata Atlântica. A letalidade (0,7%) é maior do que a causada por Bothrops (0,4%).
O número de acidentes não é elevado, embora o diagnóstico diferencial com o envenenamento botrópico
nem sempre seja possível nas áreas de floresta onde coabitam os dois gêneros.
O quadro clínico local é semelhante ao descrito no acidente botrópico, predominando a dor e edema.
Podem surgir vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero-hemorrágico, nas primeiras horas após o
acidente.
As mesmas complicações locais, como síndrome compartimental, necrose, infecção secundária, abscesso,
déficit funcional podem estar presentes em frequência e intensidade maior do que no acidente botrópico.
As manifestações sistêmicas são semelhantes às descritas no envenenamento botrópico. Além disso,
alguns pacientes podem apresentar hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão, bradicardia,
cólicas abdominais e diarreia.
A presença da chamada síndrome vagal possibilita a diferenciação clínica do envenenamento laquético.

Quais são as ações do veneno laquético?

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I. Ação proteolítica: por ação direta de proteases, principalmente trombinas e metaloproteinases.


II. Ação coagulante: toxinas atuam como trombina causando clivangem nas moléculas de fibrinogênio que
se transformam em fribinas, formando microcoágulos que se depositam no órgãos.
III. Ação hemorrágica: a atividade hemorrágica do veneno de Lachesis tem sido relacionada à presença de
hemorraginas.
IV. Ação neurotóxica: descrita e baseada no isolamento de uma forma de fosfolipases A2 que induzem, in
vitro, o bloqueio muscular irreversível.
Em relação aos exames complementares, também não existem testes laboratoriais para distinguir o
acidente laquético do botrópico. Dessa forma, os mesmos exames são recomendados, como: testes de
coagulação (TC, TP, TTPA e dosagem de fibrinogênio), hemograma, dosagem de plaquetas e testes
bioquímicos para detecção da insuficiência renal aguda.

Atenção! São COMPLICAÇÕES do acidente laquético (Brasil, 2021):

As complicações locais descritas no acidente botrópico também podem estar presentes no acidente
laquético.
Tratamento: os pacientes com manifestações clínicas de envenenamento necessitam de soro, de acordo
com a intensidade do envenenamento definida pelo quadro instalado. O soro botrópico-laquético (SABL)
deve ser utilizado por via intravenosa.

Tabela 7. Classificação da intensidade do envenenamento laquético de acordo com as manifestações.

Quadro clínico Manifestações clínicas Nº de ampolas de soro


Local Sistêmico vagal
Moderado Presente Ausente 10
Grave Evidente Presente 20
Fonte: Brasil (2009).
IV. Acidente elapídico
No Brasil é causado por serpentes do gênero Micrurus conhecidas como corais verdadeiras. São pouco
frequentes, correspondendo à quarta causa de acidentes por serpentes peçonhentas.
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As manifestações locais, quando presentes, restringem-se à parestesia e eritema discretas. O edema


geralmente se associa ao uso prévio de torniquetes.
As manifestações sistêmicas envolvem um quadro neuroparalítico que se inicia, em geral, poucas horas após
o acidente,sendo relatadas de acordo com o início e sequência de aparecimento: ptose palpebral bilateral,
simétrica ou assimétrica; dificuldade da acomodação visual, turvação ou borramento da visão;
oftalmoplegia e anisocoria; dificuldade para deglutição e mastigação, sialorreia, diminuição do reflexo do
vômito e ptose mandibular; diminuição da força muscular dos membros; desconforto respiratório até
dispneia restritiva e obstrutiva, que pode evoluir com insuficiência respiratória.

Quais são as ações do veneno elapídico?

Os constituintes tóxicos do veneno são denominados neurotoxinas (NTXs) e atuam da seguinte forma:
I. NTX de ação pós-sináptica: em razão do seu baixo peso molecular podem ser rapidamente absorvidas para
a circulção sistêmica, difundidas para os tecidos, explicando a precocidade dos sintomas de envenenamento.
As NTXs competem com a acetilcolina (Ach) pelos receptores colinérgicos da junção neuromuscular,
atuando de modo semelhante ao curare. Nos envenenamentos onde predomina essa ação (M. frontalis), o
uso de substâncias anticolinesterásticas (edrofônio e neostigmina) pode prolongar a vida média do
neurotransmissor (Ach), levando a uma rápida melhora da sintomatologia.
II. NTX de ação pré-sináptica: estão presentes em algumas corais (M. coralliunus) e também em alguns
viperídeos, como a cascavel sulamericana.
Atuam na junção neuromuscular, bloqueando a liberação de Ach pelos impulsos nervosos, impedindo a
deflagração do potencial de ação. Esse mecanismo não é antagonizado pelas substâncias
anticolinesterásicas.

Atenção! São COMPLICAÇÕES do acidente elapídico (Brasil, 2021):

A paralisia flácida da musculatura respiratória compromete a ventilação, podendo haver evolução para
insuficiência respiratória aguda e apneia.
Tratamento: todos os pacientes com manifestações clínicas de envenenamento necessitam de soro. É
indicado o soro antielapídico (Sael). A dose recomendada é de 10 ampolas.

Vamos comentar, agora, sobre os primeiros socorros ou primeiro atendimento nos casos de acidente
ofídico.
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O que fazer em caso de acidente ofídico?

• Afastar o acidentado da serpente;


• Sempre que possível manter o acidentado em repouso, evitando correr ou que se locomova
por seus próprios meios;
• Manter o membro picado mais elevado do que o restante do corpo;
• Limpar o local com água e sabão;
• Monitorar sinais vitais (pressão arterial e frequência cardíaca);
• Levar o acidentado o quanto antes para um hospital ou serviço de saúde mais próximo;
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saúde quanto aos pontos de
tratamento com o soro específico;
• Se for possível, levar o animal causador do acidente ao serviço de saúde.
==26f57c==

O que NÃO fazer em caso de acidente ofídico?

• Não amarrar ou fazer torniquete, pois essas medidas podem ocasionar maiores complicações
(necrose e síndrome compartimental), podendo levar, inclusive, à amputação;
• Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene,
fumo, ervas, urina) nem fazer curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência
de infecções;
• Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada. Essas medidas podem piorar a hemorragia
e causar infecções;
• Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina,
querosene etc., pois não têm efeito contra o veneno e podem causar problemas gastrointestinais
na vítima.

• Escorpionismo

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É o quadro do envenenamento humano causado pelo veneno escorpiônico. Os escorpiões são


representantes da classe dos aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, com
maior incidência nos meses em que ocorre aumento de temperatura e umidade.
Os acidentes com escorpiões ocorrem com maior frequência em locais onde há presença abundante de
baratas, sendo esse inseto o principal alimento do escorpião.
Os grupos mais vulneráveis são de pessoas que atuam na construção civil, crianças e donas de casa que
permanecem o maior período no intra ou peridomicílio. Ainda nas áreas urbanas, são sujeitos os
trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por manusear
objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar alojados.
São relatados no Brasil mais de 35.000 casos por ano de escorpionismo distribuídos em todos os estados,
tendo como representantes de maior importância nos acidentes quatro espécies do gênero Tityus: T.
serrulatus, T. bahiensis, T. stigmurus, e T. obscurus.
O gênero Tityus tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão.

Quais são as características principais dessas espécies?

Tityus serrulatus ou escorpião amarelo → responsável pela maioria dos acidentes graves. A reprodução é
partenogenética, na qual cada fêmea produz cerca de 40 filhotes por ano.
Tityus bahiensis → conhecido como escorpião marrom ou preto.
Tityus stigmurus → assemelha-se ao T. serrulatus nos hábitos e na coloração, porém apresenta uma faixa
escura longitudinal na parte dorsal.
Tityus obscurus → escorpião preto da Amazônia.
O veneno escorpiônico atua nas terminações nervosas. Dependendo da espécie, podem prevalecer
alterações em determinados órgãos-alvo (Tabela 8):

Tabela 8. Classificação da intensidade do envenenamento de acordo com manifestações.

Manifestações clínicas Espécie


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Atividade sobre Local Sistêmico T. T. T. T.


as terminações serrulatus bahiensis stigmurus obscurus
nervosas
Sensitivas Dor - +++ +++ ++ +
Motoras + + + +
Sistema nervoso Mioclonias - - - +++
autônomo hiperreflexia
Ativação adrenérgica +++ + - -
e/ou colinérgica
Fonte: Brasil (2009).
A sintomatologia local, por si só, não justifica o uso de antiveneno, sendo indicado na presença de
manifestações sistêmicas, sendo de especial importância na neutralização dos efeitos adrenérgicos e
colinérgicos, que podem levar o paciente a óbito, quando não tratado em tempo adequado.

O escorpionismo deve sempre ser considerado como um agravo que necessita de atendimento imediato,
pois o início das manifestações clínicas é precoce. A grande maioria dos acidentes é leve. No entanto,
crianças abaixo dos 14 anos, em acidentes causados por T. serrulatus(escorpião-amarelo), apresentam
maior risco de complicações sistêmicas e óbitos.
O quadro de envenenamento é dinâmico e pode evoluir para maior gravidade em minutos ou poucas horas.
Em relação às manifestações locais, o veneno escorpiônico provoca efeitos que podem surgir na região da
picada e/ou a distância. O quadro local caracteriza-se por dor de intensidade variável, com sinais
inflamatórios pouco evidentes, sendo incomum a observação da marca do ferrão.
De evolução benigna na maioria dos casos, tem duração de algumas horas e não requer soroterapia.
Já o quadro sistêmico pode se iniciar em minutos ou poucas horas (2-3 horas). Agitação desproporcional à
dor, sudorese profusa, hipertensão e taquicardia podem surgir inicialmente, dando lugar a náuseas e
vômitos, que prenunciam o aparecimento de manifestações vagais, como cólicas abdominais, diarreia e
outras que podem dar lugar à hipotensão, bradicardia.
Os óbitos, quando ocorrem, têm rápida evolução e estão associados a hipotensão ou choque, disfunção e
lesão cardíaca, bem como edema agudo pulmonar.
As manifestações sistêmicas, quando muito pronunciadas, podem mascarar o quadro local principalmente
por serem mais comuns em crianças. O diagnóstico precoce e a manutenção das funções vitais influem na
evolução do caso, além da idade do acidentado (abaixo de 14 anos e principalmente menores que sete anos)
e a espécie do escorpião.

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O envenenamento por T. obscurus em algumas regiões da Amazônia pode ocasionar manifestações


sistêmicas, tais como mioclonias, fasciculações e sensação de choque, não sendo observados em outras
partes do País.
Não há exames específicos para o diagnóstico do escorpionismo. Pacientes com manifestações sistêmicas
costumam apresentar alterações de vários exames laboratoriais, mais evidentes nos quadros graves, e
reversíveis, na maioria das vezes, nos primeiros dias após o acidente.

Tratamento: mesmo nos quadros leves, recomenda-se um período de observação na unidade de saúde nas
primeiras quatro a seis horas após o acidente, principalmente em crianças (Brasil, 2009).
A presença de instabilidade hemodinâmica, com hiperatividade adrenérgica ou colinérgica, requer a
monitorização contínua, preferencialmente em centro de terapia intensiva.
Para o tratamento sintomático, dependendo da intensidade da dor, podem ser indicados o uso de
analgésicos sistêmicos e infiltração local com anestésico do tipo Lidocaína 2% ou Bupivacaína 0,5%, sem
vasoconstritor.
O tratamento específico se baseia na soroterapia, indicada nos casos graves e moderados. De acordo com
a classificação do acidente, o soro antiescorpiônico (Saesc) ou o soro antiaracnídico (SAA) deve ser
administrado o mais rapidamente possível (Tabela 9):

Tabela 9. Classificação da intensidade do envenenamento de acordo com manifestações.

Quadro clínico CQ local CQ sistêmico Nº de ampolas


Neuromuscular Adrenérgico Colinérgico de soro
Leve Sim Não Não Não -
Moderado Sim ou não Sim ou não Sim Não 2a4
Grave Sim ou não Sim ou não Sim ou não Sim 4a8
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Fonte: Brasil (2009).


Na vigência de um caso moderado e grave, o acidentado deve preferencialmente ser encaminhado a um
hospital de referência para que seja monitorizado continuamente quanto à frequência cardíaca e
respiratória, pressão arterial, oxigenação, estado de hidratação e equilíbrio ácidobásico.
Exames como radiografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiografia são necessários para a detecção
de lesões cardíacas. Na vigência de insuficiência cardíaca congestiva e ou edema pulmonar, o tratamento
deve ser de suporte, utilizando-se diuréticos, hidratação cuidadosa, oxigênio nasal ou por máscara e, nos
casos mais graves, agentes inotrópicos e, se necessário, ventilação mecânica.

O que fazer em caso de acidente escorpiônico?

• Limpar o local com água e sabão;


• Aplicar compressa morna no local;
• Procurar orientação imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (posto de
saúde, hospital de referência);
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saúde quanto aos pontos de
tratamento com o soro específico;
• Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde.

O que NÃO fazer em caso de acidente escorpiônico?

• Não amarrar ou fazer torniquete;


• Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene,
fumo, ervas, urina) nem fazer curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência
de infecções;
• Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada;
• Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina,
querosene etc., pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro.

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• Aranhas
As aranhas são representantes da classe dos aracnídeos. Atualmente existem mais de 36.000 espécies
descritas que ocupam todas as regiões da Terra, com exceção da Antártida.
Alimentam-se principalmente de insetos, como grilos e baratas. Seus predadores são pequenos vertebrados
como roedores, répteis, peixes e filhotes de pássaros.
No Brasil, as aranhas consideradas de interesse para saúde pertencem a três gêneros: Phoneutria sp.,
Loxosceles sp. e Latrodectus sp. (Tabela 10).
Tabela 10. Gêneros e espécies das principais aranhas de interesse para saúde no Brasil.

Gênero e espécie Nome popular Morfologia


Phoneutria sp. Armadeira, Até 4 cm de comprimento e 15 cm de envergadura;
aranha-da- Não faz teia;
banana, Atividade caçadora noturna;
aranha-macaca Durante o dia abriga-se em lugares escuros e úmidos: troncos,
bromélias, folhas das bananeiras; nas residências: em sapatos,
atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, material de
construção, lenha.
Loxosceles sp. Aranha-marrom 3 a 4 cm de comprimento;
Teia irregular de aspecto semelhante a algodão;
Atividade noturna;
Abriga-se em fendas de barrancos, pedras, sob cascas e troncos,
em frestas de árvores, folhas caídas ao abrigo da luz; nas
residências: atrás ou embaixo de móveis, quadros, frestas nas
paredes, rodapés, caixas de papelão e ambientes com pouca
iluminação e movimentação.
Latrodectus sp. Viúva-negra 4 a 5 cm de comprimento;
Hábitos gregários;
Faz teia irregular na vegetação arbustiva, gramíneas, cascas de
coco, canaletas de chuvas, sob pedras.
Esconde-se dentro de construções, em ambientes sombreados,
frestas diversas, sob cadeiras e mesas em jardins.
Fonte: Brasil (2009).

Os venenos dos três gêneros de aranhas de importância em saúde (Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus)
possuem atividades bastante distintas, cujos envenenamentos apresentam características que permitem
a diferenciação entre os tipos de acidente com relativa facilidade.

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Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém sem relevância. A maioria vive nas
habitações humanas ou suas proximidades. As principais representantes desse grupo são as aranhas
caranguejeiras, aranha-de-grama, aranha-de-jardim, aranhalobo ou tarântula, aranha-da-poeira, papa-
moscas ou aranhas saltadoras.
De outro modo, lesões cutâneas são muitas vezes atribuídas a supostas picadas de aranhas domésticas.
Outros diagnósticos, como celulite, erisipela, infecção herpética, eczemas e outras afecções dermatológicas,
são usualmente motivo de consulta em que as aranhas são imputadas à “causa” dessas lesões que, em geral,
não são confirmadas com a história clínica.

I. Foneutrismo
O veneno de Phoneutria promove a despolarização de fibras musculares e terminações nervosas da junção
neuromuscular, bem como ativação do sistema nervoso autônomo, causando a liberação de
neurotransmissores adrenérgicos e acetilcolina, da mesma forma que o veneno escorpiônico.
Dessa forma, o quadro clínico dos acidentes por Phoneutria e escorpião são bastante semelhantes,
podendo até ser indistinguíveis caso o animal causador não seja identificado.

Em relação às manifestações clínicas predominam no foneutrismo as manifestações locais.


A dor imediata é observada na maioria dos casos, às vezes bastante intensa, podendo se irradiar até a raiz
do membro acometido.
Outras manifestações são também observadas: edema discreto, eritema, sudorese local, parestesia e a
marca dos dois pontos de inoculação.

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Já os sinais clínicos sistêmicos, incluem as manifestações adrenérgicas e colinérgicas podem surgir


precocemente e determinam a gravidade do envenenamento que ocorre principalmente em crianças.
No sistema cardiovascular, são observadas alterações hemodinâmicas caracterizadas por hipotensão ou
hipertensão arterial, bradicardia e arritmias. O edema pulmonar agudo e o choque são as principais causas
de óbito.
Não há exames específicos para detectar os casos de araneísmo. Na presença de alterações
cardiovasculares, exames específicos devem ser realizados à semelhança do envenenamento escorpiônico.
O tratamento sintomático inclui a aplicação de procedimentos terapêuticos para alívio da dor, com
infiltração anestésica local isolada ou associada a analgésicos por via oral ou uso exclusivo de analgésicos
por via oral.
O tratamento específico se baseia em soroterapia antiveneno (soro antiaracnídico; SAA), indicada nos casos
moderados e graves, aliada a medidas de suporte vital.
Todos os pacientes graves devem ser internados numa unidade de cuidados intensivos para
monitoramento dos distúrbios hemodinâmicos e respiratórios. A classificação deve ser feita com base nas
manifestações, como na Tabela 11.

O SAA é um concentrado de imunoglobulinas específicas indicado no tratamento dos acidentes por aranhas
do gênero Phoneutria e Loxosceles, e escorpiões do gênero Tityus.
Tabela 11. Classificação da intensidade do envenenamento de acordo com manifestações.

Classificação Manifestações clínicas Nº de


ampolas
Leve Dor, edema, eritema, irradiação, sudorese, parestesia. -
Moderada Quadro local associado a sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais, 2a4
agitação, hipertensão arterial.
Grave Além das manifestações acima: prostração, sudorese profusa, hipotensão, 5 - 10
priapismo, diarreia, bradicardia, arritmias cardíacas, arritmias respiratórias,
edema pulmonar, choque.
Fonte: Brasil (2009).
II. Loxoscelismo
O veneno loxoscélico possui uma substância denominada esfingomielinase-D, que age sobre o sistema
complemento e diferentes células como leucócitos, hemácias, plaquetas, sendo a ela atribuída a atividade
dermonecrótica e a hemólise intravascular.

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Pelo fato das Loxosceles serem pouco agressivas, os acidentes acontecem quando as aranhas são
comprimidas contra o corpo, no momento em que as pessoas vestem roupas, calçados, usam toalhas de
banho ou dormem.
A manifestações locais caracteriza a forma cutânea que é a mais comumente observada a partir de uma
picada pouco dolorosa ou despercebida.
Eritema e edema endurado que progride nas 2-4 horas subsequentes, acompanhados de equimose com
áreas de palidez, formando a chamada placa marmórea.
O quadro gudo pode evoluir com necrose e escara, que, após retirada, deixa uma úlcera com fundo
granulomatoso e bordos elevados.
As manifestações sistêmicas, inespecíficasm relativamente comuns podem aparecer nas primeiras 24 horas,
na forma de exantema morbiliforme ou escarlatiforme, febre, malestar, fraqueza, cefaleia, náuseas e
vômitos.
No entanto, o quadro sistêmico é definido pela presença de hemólise intravascular, caracterizando a forma
cutâneo-hemolítica (ou cutaneovisceral), onde, além da lesão cutânea, há presença de anemia aguda,
icterícia cutaneomucosa ou hemoglobinúria, que ocorrem, em geral, nas primeiras 72 horas após acidente.
Complicações como insuficiência renal aguda (IRA) e coagulação intravascular disseminada são menos
frequentes.
Tratamento: apesar de não haver um consenso na sua eficácia sobre a evolução da lesão cutânea, o
antiveneno (soro antiaracnídico ou antiloxoscélico) tem sido administrado nos casos atendidos
precocemente, até 72 horas após o acidente.
Entretanto, quanto maior é o tempo decorrido após o acidente, menor a eficácia da soroterapia sobre a
evolução da lesão cutânea.
Na forma cutâneo-hemolítica, o antiveneno tem sido indicado mesmo quando o quadro ocorre mais
tardiamente (Tabela 12).

Tabela 12. Classificação do tipo de loxoscelismo de acordo com manifestações

Tratamento
Tipo de
Manifestações clínicas Inespecífico Específico (nº
loxoscelismo
de ampolas)

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Edema, eritema, dor, equimose, palidez Corticóides


Cutâneo cutânea, bolha, vesícula, necrose, febre, mal- Analgésicos 5
estar, exantema Anti-histamínicos
Corticóides
Além das manifestações acima: icterícia,
Cutâneo - Hidratação
anemia, alterações laboratoriais indicativas de 10
hemolítico parenteral
hemólise, insuficiência renal
Diuréticos
Fonte: Brasil (2009).
III. Latrodectismo
O principal componente tóxico do veneno de Latrodectus é uma neurotoxina présináptica que atua sobre
terminações nervosas sensitivas, provocando dor intensa no local.
A dor local é imediata, podendo ser intensa, irradiando-se aos gânglios linfáticos regionais. Com a
progressão do envenenamento, podem ocorrer sudorese, hipertensão arterial, taquicardia, contraturas
musculares, com fasciculação, opistótono, abdome em tábua.
São ainda descritos trismo, blefaroconjuntivite, retenção urinária, priapismo, bradicardia e choque.
No Brasil, os casos com manifestações sistêmicas têm sido relacionados a acidentes com L. curacaviensis.
O tratamento específico se baseia nas medidas de suporte vital aliadas à administração de soro
antilatrodéctico, indicado nos casos moderados ou graves (Quadro 18).
O tratamento de suporte inclui a administração de analgésico, relaxante muscular e sedativo.

O que fazer nos casos de araneísmo?

O tempo entre a picada e o início dos sintomas se revela um elemento que pode contribuir para o
diagnóstico e é determinante para o tratamento, na medida em que somente o envenenamento por
Loxosceles cursa de maneira insidiosa, com o passar de horas.
Tanto o quadro clínico do foneutrismo como do latrodectismo se instalam nos primeiros minutos após a
picada.
Diferentemente do que é difundido popularmente, não há nenhum embasamento fisiopatológico que
justifique a suposição de que manifestações de envenenamento possam surgir dias após o acidente, ou que
múltiplas lesões sejam decorrentes da ação do veneno em diferentes partes do corpo, a não ser que haja
mais de uma picada (evento extremamente raro).
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Para que o tratamento seja realizado, é importante que algumas medidas sejam tomadas logo após o
acidente:

• Afastar o acidentado da aranha e, se for possível, capturá-la com muito cuidado;


• Limpar o local com água e sabão;
• Levar o acidentado o quanto antes para o serviço de saúde mais próximo;
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saúde quanto aos pontos de
tratamento com o soro específico;
• Monitorar sinais vitais (pressão arterial e frequência cardíaca).
• A identificação da aranha causadora do acidente pode ajudar no diagnóstico, portanto deve-
se levá-la ao serviço de saúde, quando capturada.

O que NÃO fazer?

• Não amarrar ou fazer torniquete, pois essas medidas podem acentuar a dor local;
• Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene,
fumo, ervas, urina);
• Não fazer curativos que ocluam o local, pois podem favorecer a ocorrência de infecções;
• Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada;
• Não esperar para dar atendimento à vítima em serviços de saúde de maior
• complexidade e mais distantes. Deve-se procurar o local mais próximo, o quanto antes;
• Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado ou outros líquidos como álcool, gasolina,
querosene etc., pois não têm efeito contra o veneno e podem causar problemas gastrointestinais
na vítima.

• Lepidópteros
São os acidentes provocados por insetos da ordem Lepidoptera, cujo envenenamento é decorrente da
penetração de cerdas ou espículas na pele e consequente inoculação de toxinas.
A maioria dos casos tem evolução benigna; sendo bastante comuns as chamadas queimaduras. No entanto,
o contato com lagartas do gênero Lonomia pode causar manifestações sistêmicas com risco potencial de
complicações e óbitos.
Os agentes causais do lepidopterismo são popularmente conhecidos como taturana, oruga, ruga, lagarta-
de-fogo, tapuru, pararama e apresentam grande variedade morfológica.

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As principais famílias de lepidópteros causadoras de acidentes são:


a) Família Megalopygidae: apresentam cerdas pontiagudas, curtas e que contêm as glândulas de veneno,
entremeadas por outras longas, coloridas e inofensivas.
b) Família Saturniidae: têm “espinhos” ramificados e pontiagudos de aspecto arbóreo, com tonalidades
esverdeadas mimetizando muitas vezes as plantas que habitam. Nesta família se inclui o gênero Lonomia,
com ampla distribuição em todo o País, causador de acidentes hemorrágicos.

• Dermatite causada por contato com lagartas


É o quadro dermatológico de instalação aguda e evolução benigna na maioria dos casos, com intensidade
que depende da profundidade e extensão do contato e da presença de traumatismos. Em geral, regride em
24 a 48 horas, sem maiores complicações.
Muito comum nas Regiões Sul e Sudeste, durante o verão.
As manifestações mais comuns são dor em queimação; edema e eritema; infartamento ganglionar
regional; vesiculação e, mais raramente, bolhas e necrose durante as primeiras 24 horas.

• Envenenamento por Lonomia


Os acidentes acontecem pelo contato com as cerdas de lagartas. Na Região Sul e Sudeste, ocorrem entre
os meses de outubro e abril, característicos da zona rural.
As crianças constituem o grupo etário mais acometido, já os casos graves têm sido registrados em idosos
com patologias prévias.

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O veneno de Lonomia provoca distúrbio na coagulação sanguínea, propiciando o surgimento de


manifestações hemorrágicas.
O quadro clínico local é indistinguível da dermatite provocada por lagartas de outros gêneros. Contudo, o
quadro sistêmico é caracterizado pela síndrome hemorrágica de instalação rápida, com gengivorragia,
equimoses de aparecimento espontâneo ou provocado (traumatismo, venopunção), epistaxe e em outros
sítios que podem determinar maior gravidade, como hematúria, hematêmese, hemoptise. Insuficiência
renal aguda e hemorragia intracraniana têm sido associadas a óbitos.
A IRA está presente em até 5% dos casos e contribuem para sua ocorrência a hipovolemia causada pelos
sangramentos e o retardo na terapêutica, levando na maioria dos casos à necrose tubular aguda.
Na presença somente de manifestações locais, não é possível o diagnóstico diferencial de acidente por
Lonomia e outros lepidópteros, a não ser que o agente causal seja identificado.
Nos casos de história de contato com lagarta em local de ocorrência de Lonomia, recomenda-se a observação
clínica e controle laboratorial durante as primeiras 24 horas após o acidente.
O tratamento é sintomático e envolve lavagem da área afetada com água fria e abundante; compressas
com gelo ou água gelada; analgésico sistêmico, do tipo de Dipirona ou Paracetamol, e infiltração local com
anestésico do tipo Lidocaína a 2%.
No controle do quadro urticante, recomenda-se o uso de corticosteroides tópicos e anti-histamínicos por
via oral.
Quando se trata de acidente com Lonomia, o indivíduo deve ser mantido em repouso, evitando-se
intervenções traumáticas, como injeções intramusculares e manipulações cirúrgicas até a normalização da
coagulopatia.
O tratamento específico é baseado na admnistração de soro antilonômico (SALon), conforme a gravidade
do envenenamento (Tabela 13).
O tratamento de suporte inclui a correção da anemia causada pelo sangramento, que deve ser feita
preferencialmente com concentrado de hemácias, evitando-se a administração de sangue total, plasmae
fatores de coagulação.
A hidratação intravenosa deve ser iniciada precocemente para o tratamento da insuficiência renal aguda.

Tabela 13. Classificação da intensidade dos casos de acordo com manifestações

Classificação Manifestações clínicas Nº de ampolas de soro


Leve Quadro local apenas, sem sangramentos ou -
distúrbio na coagulação
Moderada Quadro local presente ou não, presença de distúrbio 5
na coagulação, sangramento em pele e/ou mucosas

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Grave Independente do quadro local, presença de 10


sangramento em vísceras ou complicações com risco
de morte ao paciente
Fonte: Brasil (2009).

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QUESTÕES COMENTADAS - MULTIBANCAS


1. (Unoesc / Prefeitura de Maravilha - SC - 2022) “Acidentes com animais peçonhentos são
frequentemente relatados nas áreas rurais do Brasil por fazendeiros, vaqueiros e também veterinários de
campo, que acreditam que picadas de serpentes são responsáveis por mortes de animais, gerando assim
perdas econômicas aos pecuaristas. Casos esporádicos de acidentes com serpentes desse gênero podem
ocorrer em equinos, ovinos, bovinos, caprinos, suínos, caninos e felinos. Os ofídios desse gênero habitam
lugares úmidos, plantações, pastagens e lugares não habitados pelo homem. Possuem hábitos noturnos,
alimentam-se principalmente de pequenos roedores e atacam subitamente, erguendo o terço anterior do
corpo sem serem percebidos. Os constituintes do veneno dos ofídios desse gênero causam inflamação
local, necrose e dano ao epitélio vascular; ademais possui, também, ação proteolítica ou necrosante;
coagulante; hemorrágica e nefrotóxica”. A qual gênero de serpente o texto se refere:

a) Serpentes do gênero Bothrops.

b) Serpentes do gênero Micrurus.

c) Serpentes do gênero Lachesis.

d) Serpentes do gênero Crotalus.

Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. As complicações do acidente botrópico possui ação:
- Síndrome compartimental: decorre da compressão do feixe vásculo-nervoso consequente ao grande edema
que se desenvolve no membro atingido, produzindo isquemia de extremidades.
- Abscesso: a ação “proteolítica” do veneno botrópico favorece o aparecimento de infecções locais. Os
germes patogênicos podem provir da boca do animal, da pele do acidentado ou do uso de contaminantes
sobre o ferimento. As bactérias isoladas desses abscessos são bacilos Gram-negativos, anaeróbios e, mais
raramente, cocos Gram-positivos.
- Necrose: é devida principalmente à ação “proteolítica” do veneno, associada à isquemia local decorrente
de lesão vascular e de outros fatores, como infecção, trombose arterial, síndrome de compartimento ou uso
indevido de torniquetes. O risco é maior nas picadas em extremidades (dedos), podendo evoluir para
gangrena.
- Choque: sua patogênese é multifatorial, podendo decorrer da liberação de substâncias vasoativas, do
sequestro de líquido na área do edema e de perdas por hemorragias.
- Injúria renal aguda (IRA): também de patogênese multifatorial, pode decorrer da ação direta do veneno
sobre os rins, isquemia renal secundária à deposição de microtrombos nos capilares, desidratação ou
hipotensão arterial e choque.

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2. (Avança SP / Prefeitura de Amparo - SP - 2022) De acordo com o Instituto Butantan, o soro


antielapídico (bivalente) é o único medicamento eficaz para o tratamento de picadas por serpentes do
gênero:

a) Crotalus.
b) Lachesis.
c) Bothrops.
d) Philodryas.
e) Micrurus.
Comentários
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. No Brasil, o acidente elapídico é causado por serpentes
do gênero Micrurus conhecidas como corais verdadeiras. Todos os pacientes com manifestações clínicas de
envenenamento necessitam de soro. É indicado o soro antielapídico.

3. (IBFC / SESACRE - 2022) O tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é com soro
antiofídico, que é específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto antes for iniciada a terapia com
soro, menor será a chance de haver complicações. Assinale a alternativa que apresenta o soro indicado
para envenenamento pela espécie surucucu.

a) Antibotrópico

b) Anticrotálico

c) Antielapídico

d) Antilaquético

Comentários

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A surucucu pico-de-jaca pertence ao gênero Lachesis
e o acidente envolvendo essa serpente é o acidente laquético. Portanto, o soro utilizado é o soro
antilaquético.

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QUESTÕES COMENTADAS - VUNESP

1. (VUNESP / Prefeitura de Presidente Prudente - SP - 2022) Em áreas urbanas, o controle dos roedores
sinantrópicos, principal reservatório de leptospiras para os seres humanos, apoia-se no emprego
coordenado de medidas de antirratização (preventivas ou corretivas) e de desratização. Assinale a
alternativa que apresenta uma medida de antirratização corretiva.

a) Aplicação de defensas nas fiações que chegam às edificações.

b) Criação de barreiras físicas nas galerias subterrâneas.

c) Uso de ralos metálicos chumbados ao piso.

d) Disposição, manejo e destino adequado do lixo.

e) Uso de telas metálicas no bocal dos condutos de águas de chuva.

Comentários

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

Medidas de antirratização são medidas preventivas e corretivas adotadas no ambiente que visam impedir
ou dificultar a implantação de novas colônias de roedores. Examinado o ambiente a identificação da espécie,
é possível determinar os motivos que resultaram na ocorrência daquela infestação e determinar as medidas
de controle. Entre as medidas de controle podemos citar, por exemplo o manejo adequado do lixo.

2. (VUNESP / Prefeitura de Poá – SP – 2015) Assinale a alternativa que corresponde a um roedor


sinantrópico, não comensal.

a) Rattus norvegicus.

b) Rattus rattus.

c) Mus musculus.

d) Sylvilagus brasiliensis.

e) Bolomys lasiurus.
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Comentários

Entre os roedores sinantrópicos comensais estão a ratazana (Rattus norvegicus), o rato de telhado (Rattus
rattus), e o camundongo (Mus musculus).

Já entre as espécies de roedores não comensais estão o Bolomys lasiurus, que desempenha importante
papel no ciclo epidemiológico da peste bubônica, Akodon spp; Bolomys spp; Calomys spp; Cavia spp;
Delomys spp; Euryzygomatomys spp; Kerodon spp; Nectomys spp; Oligoryzomys spp; Oryzomys spp;
Trichomys spp, entre outras.

Portanto, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

3. (VUNESP / MPE-SP - 2016) No planejamento de um programa de controle de roedores de um dado


município, foi escolhida a realização da quantificação da população de ratazanas com o emprego do
método do senso por consumo de alimento. A média diária de consumo estipulada por ratazana, expressa
em gramas, deve ser de

a) 5.

b) 15.

c) 30.

d) 40.

e) 50.

Comentários

O método do senso por consumo é um dos poucos métodos aceitos para avaliação do número de roedores
existentes em uma área. Este método se baseia na oferta, em diversos pontos da área estudada, de
quantidades iguais de cereais previamente pesados (normalmente 30 gramas) sem a adição de componentes
tóxicos.

No dia seguinte, realiza-se a repesagem dessas quantidades, duplicando-se a quantidade nos pontos onde
se constatou o consumo total dos cereais. Depois de alguns dias repetindo essa prática, verifica-se uma
estabilidade de consumo.

Basta, então, dividir o total geral ingerido, por 15 gramas (média diária de consumo por ratazana) e chega-
se a um valor aproximado de quantos ratos existem na área.

Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

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4. (VUNESP / MPE-SP - 2016) Ao realizar a fiscalização de um estabelecimento que comercializa


raticidas, o profissional constatou a disponibilidade, para aquisição, de um produto cuja comercialização
é proibida pela legislação brasileira. Assinale a alternativa em que consta um produto nessa condição.

a) Warfarina.

b) Cumacloro.

c) Clorofacinona.

d) Alfanaftiltioureia.

e) Brodifacoum.

De acordo com a Portaria nº 321, de 28 de julho de 1997 está proibido o uso de rodenticidas à base de
alfanaftliltiouréia (ANTU), anidrido arsenioso, estricnina, fosfetos metálicos, fósforo branco,
monofluoroacetato (1080), monofluoroacetamida (1081), sais de bário e sais de tálio.

Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

5. (VUNESP / Prefeitura de Poá – SP – 2015) Nas áreas onde a raiva dos herbívoros ocorre sob a forma
endêmica, o combate aos morcegos hematófagos pode ser efetuado com

a) explosão de cavernas.

b) emprego de iscas de carne envenenada.

c) captura, identificação, aplicação tópica de anticoagulante e soltura.

d) captura, identificação e eutanásia.

e) captura, identificação, esterilização química e soltura.

Comentários

O método seletivo direto busca o controle das populações de Desmodus rotundus, através da captura e do
tratamento tópico, com produtos à base de anticoagulantes, dos indivíduos capturados. O morcego, uma
vez tratado, será solto para retomar ao abrigo e impregnar seus companheiros, que irão morrer após a
ingestão do produto.

Portanto, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

6. (VUNESP / Prefeitura de Cerquilho - SP - 2019) As equipes que fazem a captura de morcegos devem
estar, além de vacinadas contra a raiva, devidamente protegidas por EPIs (equipamentos de proteção
interna) imprescindíveis, como
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a) máscara de tecido de algodão.

b) luvas de látex com cano longo.

c) calça e camisa de algodão.

d) máscara semifacial com filtro.

e) tênis com sola de borracha.

Comentários

No desenvolvimento de atividades relativas a morcegos, deve-se considerar a diversidade de espécies


existentes e seus aspectos bioecológicos. Além disso, todas as espécies de morcegos, não somente as
hematófagas, podem transmitir o vírus rábico aos mamíferos em geral, inclusive ao homem.

Portanto, cada equipe que realiza o trabalho de captura deve dispor dos seguintes materiais (em quantidades
necessárias para cada integrante):

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

• 2 macacões em brim
• 1 par de botas de borracha, cano longo
• 1 lanterna a bateria, de longo alcance, a prova d'água
• 1 par de luvas de raspa de couro, cano longo
• 1 máscara semi-facial com filtro de carvão ativado
• 1 par de óculos de proteção
• 1 capa de chuva
• 1 capacete com fixador regulável
• 1 caixa de primeiros socorros (ácido pícrico, solução fisiológica, iodo ou mercúrio, repelente para
insetos, esparadrapo, gaze, faixas de algodão)

Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

7. (VUNESP / Prefeitura de São José dos Campos – SP – 2015) Em um programa de controle de


escorpiões, a relação entre o número de escorpiões encontrados em uma determinada área sobre o
número de casas da referida área em que foram encontrados escorpiões é considerado como um indicador
de

a) infestação domiciliar da área.

b) intensidade de infestação da área.

c) prevalência de infestação da área.

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d) incidência de infestação da área.

e) taxa de ataque de infestação da área.

Comentários

Intensidade de infestação: avalia a quantidade de escorpiões encontrada em um conjunto de unidades


domiciliares positivas.

Índice de Intensidade de Infestação = nº de escorpiões encontrados / nº de unidades domiciliares (UDs)


positivas

Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

8. (VUNESP / Prefeitura de Poá – SP – 2015) Assinale a alternativa que corresponde à espécie de


escorpião que tem sido responsabilizada pelo maior número de casos de acidentes com seres humanos no
Estado de São Paulo.

a) Tityus serrulatus.

b) Tityus bahiensis.

c) Tityus stigmurus.

d) Tityus metuendes.

e) Tityus silvestris.

Comentários

O Tityus bahiensis tem o tronco escuro, pernas e palpos com manchas escuras e cauda marrom-
avermelhado. Não possui serrilha na cauda, e o adulto mede cerca de 7 cm.

É a espécie que causa mais acidentes em São Paulo, sendo encontrado ainda em Minas Gerais, Goiás, Bahia,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do
Sul.

Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

9. (VUNESP / Prefeitura de Cerquilho - SP - 2019) O transporte de escorpiões capturados em áreas de


risco deve ser feito em caixas

a) forradas com folhas secas como substrato.

b) de plástico individuais para cada imóvel, rotuladas.

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c) de papelão grosso ou recipientes de telados.

d) com dimensões independentes do número de escorpiões.

e) de qualquer material, independentemente da influência térmica.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Folhas secas ou bolas de papel não devem ser usadas como substrato por
aumentar o risco de acidente durante o manuseio. Os animais não devem nunca ser acomodados em
recipientes de papel/papelão pois, uma vez molhados, podem se rasgar e/ou desmanchar e os escorpiões
escaparem.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O transporte de animais vivos é uma operação que
exige cuidado pelo risco de acidente. As embalagens deverão estar firmes e rotuladas com avisos bem
visíveis, alertando sobre a natureza do material transportado. Os escorpiões podem ser acomodados em
caixas de plástico, com superfície lisa para não subirem e com tampa furada.

A alternativa C está incorreta. Os animais não devem nunca ser acomodados em recipientes de
papel/papelão pois, uma vez molhados, podem se rasgar e/ou desmanchar e os escorpiões escaparem.

A alternativa D está incorreta. Os escorpiões podem ser acomodados em caixas de plástico, com superfície
lisa para não subirem e com tampa furada. As dimensões podem variar conforme a quantidade de animais.
Para 30 animais, são recomendadas caixas de 22 x 12 x 14 cm; para mais de cem animais as caixas podem
ser de 40 x 25 x 35 cm.

A alternativa E está incorreta. Para um armazenamento e transporte mais adequado, podem ser
confeccionadas caixas de vidro (40/25/30 cm) que devem ser acomodadas em uma caixa de isopor para
isolamento térmico, para ser utilizada em casos de viagens longas e muito quentes.

10. (VUNESP / Prefeitura de Itapevi - SP - 2019 Os locais onde há acúmulo de matéria orgânica, entulho,
lixos, depósitos e armazéns são favoráveis à proliferação da principal fonte de alimento dos escorpiões,
que são as

a) mariposas.

b) baratas.

c) lacraias.

d) minhocas.

e) taturanas.

Comentários

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São importantes fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais
invertebrados.

Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

11. (VUNESP / Prefeitura de Cerquilho - SP - 2019) No controle de insetos com o objetivo de evitar a re-
emergência de doenças transmitidas por vetores, o uso de piretroides apresenta a vantagem de serem

a) atóxicos para animais aquáticos.

b) inócuos para mucosas de mamíferos.

c) efetivos em altas doses.

d) decompostos no meio ambiente.

e) desativadores dos canais de sódio.

Comentários

Os piretróides possuem uma série de características que os distinguem da molécula natural como, por
exemplo, maior eficácia, estabilidade química e segurança, que os demais grupos de inseticidas. Sua
molécula é biodegradável, não causando problemas de contaminação ambiental.

Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

12. (VUNESP / Prefeitura de São José dos Campos - SP - 2019) Nas ações de combate ao Aedes aegypti
empregadas no Brasil, nas regiões em que é constatada resistência ao organofosforado temefós, tem sido
adotado o controle biológico larvário com o emprego do:

a) Bacillus larvae.

b) Bacillus cereus.

c) Bacillus thuringiensis.

d) Bacillus subtilis.

e) Bacillus liqueniformis.

Comentários

Quando se trata se larvicidas biológicos, há disponíveis, atualmente produtos comerciais à base de Bacillus
thuringiensis sub.sp. israelensis (Bti), com boa atividade contra larvas de Aedes e o Bacillus sphaericus, para
larvas de Anopheles e Culex.
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Portanto, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

13. (VUNESP / Prefeitura de Cerquilho - SP - 2019 As principais razões para utilização de controle
biológico estão relacionadas a:

a) persistência no ambiente.

b) acúmulo em tecidos animais.

c) atividade carcinogênica.

d) baixo impacto ambiental e social.

e) efeito restrito a uma espécie de mosquito.

Comentários

O controle biológico tem como grande vantagem de minimizar os danos ambientais que os inseticidas
comuns podem causar.

Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

14. (VUNESP / Prefeitura de Poá – SP – 2015) O soro antiofídico empregado contra o veneno produzido
pela cobra coral verdadeira é denominado

a) anticrotálico.

b) antibotrópico.

c) antielapídico.

d) antilaquético.

e) antilonômico.

Comentários

No Brasil, o acidente elapídico é causado por serpentes do gênero Micrurus conhecidas como corais
verdadeiras. São pouco frequentes, correspondendo à quarta causa de acidentes por serpentes
peçonhentas. Todos os pacientes com manifestações clínicas de envenenamento necessitam de soro. É
indicado o soro antielapídico (Sael).

Portanto, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

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15. (VUNESP / Prefeitura de Campinas - SP - 2019) Assinale a alternativa que indica o efeito observado
nos seres humanos picados pela aranha-marrom, Loxosceles sp.

a) Contratura muscular.

b) Necrose cutânea no local da picada.

c) Sudorese.

d) Intoxicação adrenérgica.

e) Intoxicação colinérgica.

Comentários

Nos acidentes envolvendo as aranhas do gênero Loxosceles sp. as manifestações locais caracteriza a forma
cutânea que é a mais comumente observada a partir de uma picada pouco dolorosa ou despercebida.
Eritema e edema endurado que progride nas 2-4 horas subsequentes, acompanhados de equimose com
áreas de palidez, formando a chamada placa marmórea.
O quadro gudo pode evoluir com necrose e escara, que, após retirada, deixa uma úlcera com fundo
granulomatoso e bordos elevados.

Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

• Outras bancas

16. (INSTITUTO AOCP / SES-PE - 2018) Um dos principais vetores de relevância para a saúde pública
atualmente no Brasil é o Aedes sp., por transmitir, entre outras doenças, a dengue. Com relação ao Aedes
aegypti adulto, assinale a alternativa que apresenta as características que podem ser visualizadas nesse
culicídeo e utilizadas para a sua identificação.

a) É escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e com um desenho em forma de lira no
mesonoto.
b) É claro, sem faixas nas bases dos segmentos tarsais e com um desenho em forma de losango no mesonoto.
c) É escuro, com faixas escuras nas bases dos segmentos tarsais e sem desenhos visíveis no mesonoto.
d) É claro, sem faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e com um desenho irregular no mesonoto.
e) É claro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e sem desenhos visíveis no mesonoto.

Comentários

A questão requer do candidato o conhecimento sobre as características do Aedes aegypti em sua forma
adulta.
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De acordo com Brasil (2001) O Aedes aegypti é escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais
e um desenho em forma de lira no mesonoto.

Lembrando que, nos espécimes mais velhos, o desenho da lira pode desaparecer, mas dois tufos de escamas
branco-prateadas no clípeo, escamas claras nos tarsos e palpos permitem a identificação da espécie.

Portanto, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

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QUESTÕES COMENTADAS - FGV


1. (FGV / Politec - AP - 2022) Uma pessoa sofreu um acidente ofídico, e conseguiu identificar a cobra
que a picou como sendo uma cobra coral-verdadeira.

O tratamento específico para esse tipo de envenenamento deve ser feito por administração de soro

a) antielapídico.

b) antibotrópico.

c) anticrotálico.

d) antilaquético

e) antivipérico.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A coral verdadeira perntence ao gênero Micrurus, e
o acidente envolvendo essa serpente se chama acidente elapídico. Portanto, o soro utilizado no acidente
envolvendo esse tipo de serpente é o soro antielapídico.

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REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Morcegos em áreas urbanas e rurais: Manual de
Manejo e Controle. Brasília, DF, 1998.

______. Ministério da Saúde. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos.
Brasília: MS, 2001.

______. Ministério da Saúde, FUNASA. Dengue - Instruções para pessoal de combate ao vetor. Manual de
normas técnicas. Brasília: MS, 2001.

______. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Controle de Roedores. 2002.

______. Instrução normativa IBAMA nº 141, de 19 de dezembro de 2006. Regulamenta o controle e o manejo
ambiental da fauna sinantrópica nociva.

______. Ministério da Saúde. Manual de Controle de Escorpiões. Brasília: MS, 2009.

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