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Joaquim Rodrigues 2
Engegraut Engenharia e Geotecnia, Rio de Janeiro, Brasil, joaquim@engegrautcom.br
RESUMO: Este trabalho exibe resultados e análises de dois anos de monitoramento de recalque em
obra de aterro sobre solo mole tratado com a técnica CPR (Consolidação Profunda Radial), na
Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro-RJ. Até o ano 2011, antes do tratamento, a baixa elevação
do terreno, causada por recalques por adensamento, fazia com que alagamentos fossem frequentes,
em períodos chuvosos. O processo de adensamento ocorria desde a década de setenta, quando
houve a construção de aterros às margens da Lagoa. Pelo fato da resistência não-drenada (Su)
apresentar valores crescentes com a profundidade, o tratamento geotécnico ocorreu de forma pouco
usual, não atingindo toda espessura da camada mole. Imediatamente após o tratamento, em
janeiro/2012, foram instaladas placas de recalques que são monitoradas ate os dias atuais. Pelo fato
da solução geotécnica ter sido do tipo “flutuante”, mensalmente são mensurados a magnitude e a
velocidade de recalque. Uma estimativa teórica de recalque primário é apresentada, comparando as
curvas recalque x tempo: situações com tratamento e teórica. O objetivo é verificar a eficiência do
tratamento que ocorreu de forma peculiar. Esse estudo apresenta: i) resultados de CPT-U após o
tratamento; ii) breve descrição do tratamento geotécnico; iii) estimativa de recalque teórico; iv)
resultados de placas de recalque.
Bulbos geogrout:
. 0,5 m < dc< 1.50 m - diam. do bulbo;
. 200.000 < EG < 300.000 kPa - modulo de
Figura 1. Etapa I: cravação de geodrenos. elasticidade do grouting;
. 1,5 MPa < Rc < 3,0 MPa - resistência a
compressão simples.
3 O ESTUDO DE CASO
(1)
Onde,
a – tensão de pré adensamento
i – tensão efetiva geostática Figura 11. Velocidade de recalque monitorada.
f – tensão efetiva final com sobrecarga
Cr = 0,1Cc = índice de recompressão
5 ANÁLISE DE RESULTADOS
Para o tempo (t) de recalque foi utilizada a
expressão (2): A Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura do
Corte do Cantagalo, teve diversos aterros
desde a década de setenta, de modo a REFERÊNCIAS
atenuar problemas frequentes de
alagamentos. A área tratada com CPR foi de Almeida, M. S. S. e Marques, M. E. S. (2010). Aterros
15.000m². Um percentual de 13% desta área Sobre solos moles – Projeto de Desempenho. Ed.
Oficina de Textos.
foi considerada como crítica, duas pequenas Asaoka, A. (1978). Observation Procedure of
áreas, com maior profundidade de solo Settlement Prediction, Soil and Fundation -
mole. Estas regiões apresentam recalques Japanese Society of Soil Mechanics and Fundation
dentro do previsto, conforme mostrado na Engineering – vol 18.
figura 11. Baker and Broadrick (1997) – Compaction Grouting: A
Twenty Year Update and a Vision for the 21 st
As circunstâncias ou limitações para o Century. ASCE Florida Annual Meeting.
tratamento, citadas no item 1, conduziram DNER - PRO 381. (1998)- Projeto de aterros sabre
para o tratamento do tipo “flutuante”. Os solos moles para obras viárias. Rio de Janeiro:
recalques desenvolvidos sob o CPR DNER.
apresentam boa concordância com as curvas EBGEO (2010)- Recommendation for design and
analysis of Earth structures using geosynthetic
recalque-tempo teórica (projetada). reinforcements.
Verificou-se que 87% da área, considerada Massad, F. (2009). Solos Marinhos da Baixada
não crítica, com espessura de solo mole Santista - Caracteristicas e propriedades
menor que 9,0m, sob o CPR, foi geotécnicas. Ed. São Paulo, Oficina de Textos.
Pinto, C. S. (2000). Curso básico de mecânica dos
estabilizada imediatamente após o
solos. Ed. São Paulo, Oficina de Textos.
tratamento. Sandroni, S. S. (2010). Sobre a prática da engenharia
A previsão do recalque primário total geotécnica com dois solos difíceis: os extremamente
está entre 47 cm e 55 cm. O monitoramento moles e os expansivos. Proc. XV Congresso
mostra que em fevereiro/2014 o Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia
Geotécnica, Gramado. pp. 97-187.
adensamento está em sua fase final. Pelo
Terzaghi, K. e Peck, R.B. (1948) Soil Mechanics in
método Asaoka, tem-se 40cm/47cm = 84% Engineering Practice, 2nd ed., McGraw Hill, New
de adensamento; e por Terzaghi há York, NY, USA, 685 p.
40cm/55cm = 72% de adensamento.
Estas duas pequenas áreas apresentam
velocidades decrescentes de recalque com
0,15mm/dia, ou seja, pouco significativas,
conforme curva teórica. Estas velocidades
correspondem a 75% de adensamento,
obtido a curto prazo: 2 anos.
A velocidade de recalque antes do CPR,
que era 2.5 mm/dia, em janeiro/2012, foi
reduzida para 0,15 mm/dia em
fevereiro/2014, atingindo 75% a 80% de
adensamento.
Após dois anos do tratamento, observa-se
que não há qualquer risco de alagamento
nas áreas de lazer, às margens da Lagoa
Rodrigo de Freitas.
AGRADECIMENTOS