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Por que um almanaque? (2) Por que um almanaque? (2) Por que um almanaque? (1)
Nordeste. Gerardo Luiz de Souza . tinta acrílica sobre madeira . acervo Museu de Folclore Edison Carneiro/CNFCP
realização
Mas guardou várias peculiaridades. Trabalha Mas guardou várias peculiaridades. Trabalha Quem, na sua vida, não folheou um almanaque?
ALMANAQUE PITINGA
ALMANAQUE PITINGA
com diferentes saberes que conversam e se com-
regional
parceria parceria
e apoio financeiro
parceria institucional
com diferentes saberes que conversam e se com- E, curiosamente, buscou, além do calendário, as
plementam. Não há saberes superiores e inferio- plementam. Não há saberes superiores e inferio- novidades, as dicas de beleza, seções de humor,
res, eles se somam para esquentar a conversa e res, eles se somam para esquentar a conversa e receitas culinárias, de saúde, indicações dos
circular suas atrações. Traz tanto o registro da circular suas atrações. Traz tanto o registro da plantios e colheitas etc.
distanciamentos, a cada nova leitura.
oralidade como conceitos mais elaborados. A oralidade como conceitos mais elaborados. A
diferenças e semelhanças, entre aproximações e
fronteira é aberta. Outra especificidade é a voca-
conhecer elementos de outros lugares, descobrir
fronteira é aberta. Outra especificidade é a voca- Mas de onde veio a ideia de uma publicação
ção da leitura partilhada. Antigamente isso era
dem se reconhecer em diversos traços culturais e
ção da leitura partilhada. Antigamente isso era que não se apresenta como um livro, com um
forçoso, porque poucos sabiam ler e os grupos
para os leitores da Várzea do Aritapera, que po-
forçoso, porque poucos sabiam ler e os grupos índice ordenador da sequência de assuntos? Pa-
se faziam em torno daquele que dominava a lei-
dialogam com aquele material, ele volta agora
se faziam em torno daquele que dominava a lei- rece mais um caleidoscópio que permite sempre
tura. Mas, mesmo hoje, é mais gostoso e rende
a inclusão de conteúdos que complementam e
tura. Mas, mesmo hoje, é mais gostoso e rende combinações diferentes; e nos garante essa liber-
mais uma boa roda de leitura.
ria da região. Carinhosamente preparado, com
mais uma boa roda de leitura. dade de abrir na página que quisermos e ler o
estudantes de Santarém sobre a cultura e memó- que nos interessar mais de perto. É uma leitura
A principal, certamente, é a identidade. Um al-
a partir do material das pesquisas realizadas por A principal, certamente, é a identidade. Um al- de muitas vezes. Não se esgota. De onde veio?
manaque precisa saber, de antemão, a quem se
Este é o Almanaque Pitinga, que foi construído manaque precisa saber, de antemão, a quem se
dirige e para que ele quer existir. A partir daí é dirige e para que ele quer existir. A partir daí é Pesquisemos. Entre as diversas contribuições
que se escolhem linguagens, textos, imagens, e a
por seus leitores preferidos.
que se escolhem linguagens, textos, imagens, e a que os árabes agregaram à nossa cultura estão
roupagem que vai ganhar para ser reconhecido
roupagem que vai ganhar para ser reconhecido
roupagem que vai ganhar para ser reconhecido os números que nos facilitam a vida, e está o
Nordeste. Gerardo Luiz de Souza . tinta acrílica sobre madeira . acervo Museu de Folclore Edison Carneiro/CNFCP
almanaque. A palavra, dizem os entendidos, é
Parque de diversões. Ernane Cortat . tinta acrílica sobre tela . acervo Museu de Folclore Edison Carneiro/CNFCP
por seus leitores preferidos. por seus leitores preferidos.
que se escolhem linguagens, textos, imagens, e a
dirige e para que ele quer existir. A partir daí é derivada de al-manaj, que, em árabe, significa “o
Este é o Almanaque Pitinga, que foi construído
manaque precisa saber, de antemão, a quem se Este é o Almanaque Pitinga, que foi construído círculo dos meses”, a passagem do sol no zodía-
a partir do material das pesquisas realizadas por
A principal, certamente, é a identidade. Um al- a partir do material das pesquisas realizadas por co. Por isso o calendário é tão importante: mar-
estudantes de Santarém sobre a cultura e memó- estudantes de Santarém sobre a cultura e memó- ca o caminho do tempo, as estações, as luas e as
ALMANAQUE PITINGA
ALMANAQUE PITINGA
ria da região. Carinhosamente preparado, com ria da região. Carinhosamente preparado, com marés. Outros contam que al-manaj quer dizer
mais uma boa roda de leitura.
a inclusão de conteúdos que complementam e a inclusão de conteúdos que complementam e “estação de parada”, também trazendo consigo
tura. Mas, mesmo hoje, é mais gostoso e rende
dialogam com aquele material, ele volta agora dialogam com aquele material, ele volta agora a noção do zodíaco, que tem doze estações de
se faziam em torno daquele que dominava a lei-
para os leitores da Várzea do Aritapera, que po- para os leitores da Várzea do Aritapera, que po- parada. Mas, de modo geral, é tido como lugar
forçoso, porque poucos sabiam ler e os grupos
dem se reconhecer em diversos traços culturais e dem se reconhecer em diversos traços culturais e em que o camelo ajoelha e descansa; onde os
ção da leitura partilhada. Antigamente isso era
conhecer elementos de outros lugares, descobrir conhecer elementos de outros lugares, descobrir condutores de caravanas param para descansar,
fronteira é aberta. Outra especificidade é a voca-
diferenças e semelhanças, entre aproximações e diferenças e semelhanças, entre aproximações e trocar notícias, fatos pitorescos, e olhar as estre-
oralidade como conceitos mais elaborados. A
distanciamentos, a cada nova leitura. distanciamentos, a cada nova leitura. las, assim como num almanaque.
circular suas atrações. Traz tanto o registro da
res, eles se somam para esquentar a conversa e
plementam. Não há saberes superiores e inferio- Depois de um percurso pela Europa, o almana-
parceria institucional parceria
com diferentes saberes que conversam e se com-
e apoio financeiro
parceria
regional
parceria institucional
e apoio financeiro
parceria parceria
regional que chega ao Brasil no século XIX, via França e
ALM
Mas guardou várias peculiaridades. Trabalha
realização
ALMANAQUE PITINGA realização
Portugal. No seu abrasileiramento se fez veículo
de propaganda de laboratórios, indústrias farma-
Por que um almanaque? (2) cêuticas e de produtos agrícolas. Eram inúmeros.
ALMANAQUE PITINGA
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional
2011
ALMANAQUE PITINGA
Os rios que eu encontro vão seguindo comigo.
João Cabral de Melo Neto [95]
S/ título
Sergio Vidal Niroche
Rio de Janeiro/RJ
tinta acrílica, tela, madeira
Acervo Museu de Folclore Edison Carneiro/CNFCP
Presidência da República Programa de Promoção do Artesanato de Tradição
Presidenta: Dilma Vana Rousseff Cultural – Promoart
Coordenação Técnica: Ricardo Gomes Lima
Ministério da Cultura Coordenação Administrativa: Elizabete Vicari
Ministra: Ana de Hollanda Polo: Cuias de Santarém (PA)
Programa Mais Cultura Supervisora: Zenilda Maria Bentes
Agente local: Rúbia Goreth Almeida Maduro
Realização
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Parceria local
Presidente: Luiz Fernando de Almeida Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém – Asarisan
Departamento de Patrimônio Imaterial Presidente: Lélia Almeida Maduro
Diretora: Célia Maria Corsino
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular Parceria regional
Diretora: Claudia Marcia Ferreira Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa
Associação de Amigos do Museu de Folclore Projeto Memória, Identidade e Patrimônio Cultural em
Edison Carneiro Comunidades Ribeirinhas de Santarém
Presidente: Lygia Segala Coordenação: Luciana Carvalho
realização
Almanaque Pitinga Éderson Almeida Caldeira
Edevaldo Correa Morais
Produzido a partir de materiais resultantes do curso Cultura Edilane Lisboa Rego
e Educação Patrimonial, realizado pela Associação das Edinalva Sousa da Silva
Artesãs Ribeirinhas de Santarém – Asarisan, no âmbito Elaine Patrícia Ferreira Martins
do Projeto Cultura Ribeirinha de Santarém, com recursos Elielson Lopes Duarte
obtidos através do edital 2004 do Programa Cultura Viva, Eliésio Rego Pereira
Ministério da Cultura, e apoio técnico do Centro Nacional de Elilson José Sousa Correa
Folclore e Cultura Popular – CNFCP. Elivandro dos Santos Sousa
Emanuel Caldeira Lisboa
Projeto Cultura Ribeirinha de Santarém Georgina Souza da Costa
Gilmara Lopes da Silva
Coordenação Givanildo Oliveira Rodrigues
Lélia Almeida Maduro Gizeli Azevedo Almeida
Júnio Caldeira de Sousa
Apoio local Luis Antonio Rego
Rúbia Goreth Almeida Maduro Luziana Pereira Caldeira
Manoel Hermógenes Caldeia Duarte
Curso Cultura e Educação Patrimonial (2005-2006) Maria Sebastiana Caldeira Correa
Coordenação técnica Miguel Barroso Silva
Lucia Yunes Natalina Castro da Silva
Luciana Carvalho Otávio Pereira Lisboa
Patrícia Bentes Pereira
Coordenação de campo Raimunda Lígia Pereira da Silva
Maria das Graças Tapajós Raimundo Stélio Sousa Correa
Zenilda Maria Bentes Renisson Rego Correa
Rosilda Correa Sousa
Pesquisas de campo e entrevistas Rosimar Pereira Pinto
Adelane Ferreira Azevedo Rosinete Rego Martins
Adrielson Viana Pereira Samuel Azevedo Ferreira
Bazília Rego Oliveira Sandra Silva do Rosário
Cleiton Sebastião do Rego Maduro Suelen Cristina Pereira Maciel
Dariana Silva Rego Uderlan Carlos Vinholte Caldeira
Darlisson Rego Correa Valdiane Caldeira de Sousa
Douglas Sousa da Silva Wirlande de Almeida Rego
Digitação das entrevistas Produção editorial e diagramação
Iannuzzy Mota Avellar e Duarte Consultoria Cultural Ltda.
Rafael Rocha
Desenhos
Adelane Ferreira Azevedo Revisão de textos
Alessandra Pereira Ferreira Ana Clara das Vestes
Bazília Rego Oliveira Fátima S. de Oliveira
Gizeli Azevedo Almeida
Luziana Pereira
Maria Lucinelma Pereira
Marlisson Pereira
Raimunda Lígia Pereira
Renisson Rego Correa
Sandra Silva do Rosário
Suelen Cristina Pereira Maciel
Valdiane Sousa
«««
∙ Dia da ∙ Dia do ∙ Dia do ∙ Dia de São Sebastião ∙Dia do
Confraternização Astronauta Compositor ∙ Dia do Farmacêutico Mágico
Universal (feriado)
Primeira quinzena:
∙ Criação do 1º Estatuto
festa de São
««
«
para as Colônias de
Pesca (1923)
∙ Dia da ∙ Fundação Sebastião e ∙ Cândido Mariano ∙Dia do ∙ Dia da
Liberdade da cidade de Santíssima Trindade da Silva Rondon Carteiro Saudade
de Cultos Belém/PA (1616) no Centro do – Marechal Rondon
Aritapera
∙ Dia de Reis ∙ Dia do Controle ∙ Dia Internacional ∙ Dia Nacional ∙ Dia do Portuário
∙ Dia da Gratidão da Poluição por do Riso do Aposentado
Agrotóxicos
8
« A região da atual cidade de Belém «« Sertanista que se destacou pela ««« São Sebastião (França,
era primitivamente ocupada pelos instalação de milhares de quilômetros 256 d.C.-286 d.C). De acordo com
Tupinambás. Seu núcleo original de linhas telegráficas nos pontos mais registros antigos, ele era um soldado
remonta ao contexto da conquista distantes do país. Fez levantamentos do exército romano que ajudava
da foz do rio Amazonas pelas forças cartográficos, topográficos, zoológicos, os cristãos enfraquecidos pelas
luso-espanholas sob o comando do botânicos, etnográficos e linguísticos torturas. Sua conduta branda com
capitão Francisco Caldeira Castelo da região. Registrou novos rios, os prisioneiros levou o imperador
Branco, que, em 12 de janeiro de corrigiu o traçado de outros e ainda Diocleciano a julgá-lo sumariamente
1616, fundou o Forte do Presépio. [21] entrou em contato com numerosas como traidor, ordenando a sua
sociedades indígenas. [68] execução a flechadas. [119]
« «««
∙ Dia de ∙ Dia do ∙ Dia do ∙ Carnaval ∙ Dia do Idoso
Iemanjá Zelador Esportista
««
∙ Nascimento de Padre Antônio ∙ Dia da Paz Mundial
Vieira (1608)
9
«Orixá africana, cujo nome deriva «« Nascido em Lisboa, veio para ««« O carnaval – festa da carne, em
das palavras “Yèyé omo ejá", em o Brasil criança e aqui ingressou latim – começou a ser comemorado
iorubá. Ou seja: "Mãe cujos filhos são na Companhia de Jesus. Tornou-se na Idade Média em contraposição ao
peixes". É saudada com a expressão conhecido por sua oratória e seu rigor da Quaresma. Teve origem nas
Odoyá que quer dizer: Odò (rio) e yá estilo de pregar a fé cristã. De seus festas da Grécia Antiga, nas danças
(mãe). Filha de Olokum, a dona do sermões, publicados entre 1679 e da Idade Média e nos bailes de
mar, é por isso mesmo referida como 1748, destaca-se o que convoca máscara do Renascimento. Na Antiga
sendo a rainha do mar. [81] os baianos a resistirem à invasão Roma, as atividades e negócios eram
holandesa no Nordeste brasileiro. [23] suspensos, as restrições morais eram
relaxadas, e os escravos ganhavam
liberdade para fazer o que quisessem. [3]
« No dia 8 de março de 1917, um ««A Festa Anual das Árvores, ««« O "Dia Mundial da Água" foi
grande número de operárias soviéticas, em razão das diferentes criado pela Assembleia Geral da
contrariando as ordens do Partido características fisiográfico-climáticas ONU em 21 de fevereiro de 1993,
Comunista, para o qual ainda “não era do Brasil, pode ser realizada para destacar a necessidade de
a hora”, saiu às ruas de Petrogrado, durante a última semana de março se preservar o precioso líquido.
precipitando a revolução russa. A – sobretudo nos estados do Norte A escassez da água, devido ao
origem da data, portanto, está ligada e Nordeste – ou na semana que desperdício e à poluição, acarreta
não a um sacrifício, mas a uma vitória começa em 21 de setembro mudanças climáticas, secas e
das mulheres, cuja mensagem dizia: nos estados do Sudeste, Sul inundações, afetando os rios, as
“nós podemos fazer isso.” [125] e Centro-Oeste. [52] nascentes, os mananciais de água
potável, sem a qual não pode existir
vida no planeta. [51]
11
«Comemorado em todo o continente ««Liderança do povo Pataxó Hã-Hã- «««“(...) Neste mesmo dia, a horas
americano desde 1940, quando se Hãe, foi assassinado enquanto dormia de véspera, houvemos vista de terra!
realizou, no México, o I Congresso num abrigo de ônibus em Brasília, a saber, primeiramente de um grande
Indigenista Interamericano, que reuniu após participar de manifestações pelo monte, muito alto e redondo; e de
líderes indígenas e representantes de Dia do Índio. [70] outras serras mais baixas ao sul
diversos países. No Brasil, a Semana dele; e de terra chã, com grandes
dos Povos Indígenas constitui não arvoredos; ao qual monte alto o
só um período de celebração, mas capitão pôs o nome de O Monte
também de luta e reivindicação das Pascoal e à terra A Terra de Vera
cerca de 215 sociedades indígenas Cruz! (...)” Trecho da Carta de Pero
existentes no país. [5] Vaz de Caminha [124]
:: É sabendo de onde se vem que se pode saber para onde se vai (provérbio africano)
MAIO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
T . Q . Q . S . S .D . S . T .Q . Q .S . S . D . S . T . Q Q S . S . D . S . T . Q Q S .S D . S T . Q. Q
««««
∙ Dia da ∙ Dia do ∙ Dia da Abolição ∙ Dia da Luta ∙Dia do ∙Dia do
Comunidade Campo da Escravatura Antimanicomial Apicultor Ceramista
∙ Dia de Nossa ∙ Dia Nacional
Senhora de Fátima dos Museus
∙ Dia do Sol
«««
∙ Dia do Armistício, ∙ Dia da ∙ Dia do ∙Coroação de
∙ Dia do Solo fim da 2ª Guerra Mundial
Fraternidade Brasileira
Trabalhador Rural Maria
∙ Dia do Sertanejo (1945)
∙ ∙ ∙ Dia da Costureira
∙ Aniversário da ∙ Dia da Cruz Vermelha
Dia Internacional da
Comunicação e das
Dia da Língua
Nacional
Asarisan ««
Telecomunicações
12
« O Decreto-Lei 2.162, criando «« Asarisan – Associação das ««« Nessa data é relembrado o fim ««««“ E pendido através de dois
o salário mínimo, foi assinado no Artesãs Ribeirinhas de Santarém, da Segunda Guerra Mundial (1939- abismos,
dia 1º de maio de 1940, mas só fundada em 2003. 1945). Armistício é a ocasião na qual Com os pés na terra e a fronte no
entrou em vigor dois meses depois, as partes envolvidas num conflito infinito,
beneficiando 60% dos trabalhadores. armado concordam com o seu fim Traze a benção de Deus ao cativeiro,
Os estudos indicaram a necessidade definitivo. A palavra deriva do latim: Levanta a Deus do cativeiro o grito!”
de uma remuneração mínima para arma (arma) e stitium (parar). [50] (Castro Alves) [7]
cobrir as despesas mensais com
alimentação, habitação, vestuário,
higiene e transporte, com base numa
família composta por dois adultos e
duas crianças. [77]
:: O mato alto encobre os gansos, mas não consegue abafar seus gritos (provérbio peul)
JUNHO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
S S .D . S . T . Q . Q . S . S . D . S . T .Q .Q .S . S . D . S . T . Q Q S . S . D . S . T . Q Q . S . S .
«««
∙ Primeiro aniversário ∙ Dia de ∙ Dia do Caboclo ∙ Dia de São
do Ponto de Cultura Santo ∙ Dia de São João Batista Marçal
das Artesãs Antônio
Ribeirinhas de de Pádua
««««
∙ Eclipse parcial Santarém – Asarisan
∙ Dia dos ∙ Dia do ∙ Aniversário de Santarém – 1661 ∙ Dia de São Pedro
da Lua Namorados Paleontólogo ∙ Separação total de Igreja e Estado e São Paulo
pelo Decreto 119-A, de 1890 ∙ Dia do Pescador
∙ Assembleia dos pescadores
em Santarém
« ««
∙Dia Mundial do ∙ Dia da Liberdade ∙ Dia do Educador ∙ Dia de Combate ∙ Dia da ∙ Fundação ∙ Início do inverno ∙ Dia
Meio Ambiente de Imprensa Sanitário à Desertificação e Imigração da CPT no hemisfério sul Internacional
∙Dia da Geologia ∙ Corpus Christi (feriado) à Seca Japonesa ∙ Dia do Cinema e do verão no do Orgulho Gay
Brasileiro hemisfério norte
13
« O Dia Mundial do Meio Ambiente «« Comissão Pastoral da Terra, ««« Procissão fluvial no Centro do ««««Nas festas juninas,
foi estabelecido pela Assembleia criada em 1975. Aritapera. introduzidas no Brasil pelos
Geral das Nações Unidas, em 1972, portugueses, o culto a São João
marcando a abertura da Conferência é o que ganha mais destaque.
de Estocolmo sobre Ambiente O imaginário cristão conta que a
Humano. Cataliza a atenção e a fogueira surgiu porque a mãe de
ação política de povos e países para São João, Santa Isabel, para avisar
aumentar a conscientização e a à sua prima, a Virgem de Nazaré,
preservação ambiental. [53] do nascimento de seu filho, mandou
acender uma fogueira no alto do
morro onde moravam. [5]
14
Às vezes, as pessoas nem conseguem acompanhar o que se passa no
silêncio das águas e dos solos. Mas sabem que os peixes desovam no tem-
* Ó manhã de sol
Anhangá fugiu
po da cheia e passeiam nos lagos e florestas se deliciando com frutas e Canta a voz do rio
sementes da floresta ala- Canta a voz do mar
gada. Os capins crescem Tudo a sonhar
Desenho de Maria Lucinelma Pereira
:: Os grandes momentos da vida vêm por si mesmos. Não tem sentido esperá-los (Thornton Wilder)
As florestas tropicais
As florestas tropicais estão situadas perto da linha do Equador. Elas já ocuparam
um quinto da superfície da Terra. Abrigam, aproximadamente, 1,5 milhão de
espécies de plantas e de animais, que constituem mais da metade da variedade
biológica conhecida no mundo. A maior floresta tropical do mundo se localiza
no Brasil, na bacia amazônica, e ocupa uma área de 5,3 milhões de km2.
O clima quente e úmido e a ampla luz do sol dão às plantas tudo que elas precisam
para se desenvolver. As árvores têm os recursos para crescer a alturas espetaculares
e vivem por centenas, e até milhares, de anos. Algumas árvores grandes, chamadas
emergentes, crescem mais de 75 metros e chegam a cobrir a copa das outras árvores.
[88]
(continua na página 82)
15
o que a gente
come mais
[57]
O que a gente come, na maioria das vezes, com certeza, é peixe. Os peixes que
a gente pega aqui por perto, pega mais pra comer. Quando a gente pega muito,
quando passa da comida, a gente vende, mas isso é difícil porque já não tem mais
Atirei um limão n’água quase. Caçar aqui é mais difícil.
e caiu enviesado.
Agora, de vez em quando, a gente come um frango, uma carne. Essas carnes,
Ouvi um peixe dizer:
frango, a gente compra na cidade. Quando a gente vai lá, a gente traz. O que
Melhor é o beijo roubado. [9]
a gente compra é só mesmo a cesta básica do mês. A farinha a gente tem aqui,
Carlos Drummond de Andrade porque faz e guarda. Tem também cheiro-verde, banana e outras frutas, graças a
Deus, a gente tem. [107]
Francisco Pimentel da Silva
Agricultor, Cabeça d’Onça
Gosto mais
Gosto mais do fogão a le-
nha, do torrador de café.
E da minha criação de ani- sumaúma-da-
mais (pato, cachorro, gatos), várzea
e gosto muito também das
minhas plantas. [107] Árvore muito grande, mede
Maria Sebastiana Pereira de 40 a 50m de altura, por
16 Carapanatuba
1,5 a 2m de diâmetro. Suas
sementes pequenas dão um
óleo amarelo-claro, que é
comestível e serve também
para iluminação.
[4]
Na festa do time se come carne de boi, se bebe refrigerante, suco, quando tem, e
bolo. E na festa do padroeiro se vende garapa, suco, refrigerante, também a cerveja,
galinha caipira, pato, carne de boi e outras comidas típicas da época.
A importância que tem a festa do time é que vêm pessoas de outras comunidades
que a gente conhece. É bom rever os amigos, até mesmo parentes. Na festa do santo
Dica de saúde
é que é o momento de meditação para ter a palavra de Deus e se reunir com outras
famílias da comunidade. [107]
Maria Lucinelma Pereira
Enseada do Aritapera
No meu terreiro, eu tenho a
corama, o jambu e a hortelã.
17
O jambu serve para intoxica-
ção no fígado. A corama ser-
ve para inflamação e espe-
cialmente para mulheres. A
hortelã é para tosse. [107]
Raimunda Santana de Azevedo
Lavradora e artesã,
Enseada do Aritapera
trava-língua
Um sapo dentro do saco.
O saco com o sapo dentro.
O sapo batendo papo,
O papo cheio de vento. [15] [66]
RECEITA Aí, ele fechou o olho, e quando mandaram ele abrir... quando ele abriu, diz que tinha um
18 palácio. Mas tudo era boto. Só era boto, e chegou lá no quarto, estava o boto deitado.
Cabeça de pirarucu Estava doente e com ferimento, e disse:
no tucupi – Você está vendo esse boto, aí? É aquele que, aquele dia que você andava pescando, você
Agora, um prato que é preferido mes- furou. Acertou ele. Ele está doente. Você vai tratar dele, se ele ficar bom, você volta; se ele
mo aqui em casa é uma cabeça de pi- não ficar, você vai ficar aqui.
rarucu no tucupi. Para fazer, é fácil. Tu Tinha uma velha, se deu com ele, aí ensinava remédio pra ele. Aí, tudo que a velha ensinava
pegas o tucupi e coloca pra ferver bem, ele fazia, e o boto foi se recuperando.
junto com o jambu. Ferve o primeiro E deixa, que lá, a falta do pescador... Aí foram perseguir o outro, para dar conta do
dia, o segundo dia, e aí, na terceira fer- amigo, que pescavam junto. E ele, sem saber, foi preso esse rapaz.
vida, já ferve junto com a cabeça do pi-
Quando ninguém mais se lembrava, ele apareceu. Aí contava a história. Amarelo, cabeludo,
rarucu. Mas, meu amigo, aqui em casa
aí, contava:
só sobra os ossos, mesmo porque não
tem jeito. O bicho é bom demais! [107] – Olha, eu estava tratando daquele boto. Contava pra eles que nós estava pescando, aí
Bernaldo Caldeira Correa
acertamos ele. E eu só voltei porque ele ficou bom, se ele não tivesse ficado bom, eu tinha
Cabeça d’Onça ficado lá. [121]
[101]
A minha panela que eu gosto muito é de barro. Tenho muito ciúme dela
e não gosto que ninguém mexa. Minhas canecas de fazer café também.
Mas, minha panela de barro que eu cozinho meu peixe pra eu comer é a
[48]
principal, porque a boia que é feita na panela de barro é mais gostosa.
A cuia serve pra beber mingau, pra beber água, pra lavar a mão, tirar água dicionário do PArAense
do pote pra gente se servir. Consigo a cuia daqui mesmo de casa, duma A linguagem regional foi reconhecida
cuieira que plantei. Quando eu quero, apanho e preparo pra eu usar. como patrimônio cultural de natureza ima-
terial para o Estado do Pará, nos termos do
Eu carrego água nos baldes de plástico, na panela de alumínio, nas latas. art. 286, da Constituição do Estado do Pará
20 Antigamente, eu usava baldes de cuia. Fazia aqueles baldes e um pau de (em 12 de setembro de 2011).
balde. Enchia os baldes e de lá ia tirando a água pra eu usar. A gente enchia Borimbora! – Vamos embora!
e botava nas vasilhas. Deixava assentar. Quando assentava bem, coava num Bora logo – Se apresse.
pano e colocava no pote pra poder beber e pra fazer outras bebidas. [107] Buiado – Com muito dinheiro.
Maria José Pereira Boró – Dinheiro trocado, moedas.
Enseada do Aritapera
Carapanã – Mosquito.
Égua! – Puxa vida! Bacana! Legal!
Mas quando... já! – Quem disse? Até pa-
rece! Que nada!
Pai d’égua – Excelente.
Pôpôpô – Embarcação pequena.
Papudinho – Cachaceiro.
Desenho de Miguel
:: Cada rio tem seu dono (Elisabeth Pereira Lopes, artesã e pescadora, Surubim-Açu)
embarcações tradicionais do Brasil
Com uma extensa costa litorânea, foi colonizado e explorado com base
na atividade náutica tradicional, cujas embarcações, construídas com
técnicas europeias, africanas e orientais trazidas pelos colonizadores e
integradas às técnicas indígenas, resultaram em diversos modelos adap-
tados às condições de navegabilidade locais, com soluções originais que
vêm sendo passadas através de gerações de mestres-carpinteiros navais.
22
A substituição por meios mais rápidos, como os barcos a motor, de fibra
ou alumínio, está condenando este patrimônio ao desaparecimento. O
fim de um modelo ou a morte de um mestre significam perdas irreversí-
veis de tecnologias desenvolvidas ao longo de séculos. [100]
[19]
~~~~~~~~
Corta, fura e nunca briga? [15]
Resposta: A tesoura
[27]
:: Se atravessamos o rio juntos, não há por que temer o crocodilo (provérbio africano)
brinCadeira que passa um caso de
de pai para filho assombração
Eu gosto de brincar de barco. Quando meus Foi assim: um menino estava jogando bola com outros. Para ir
primos estão aqui, eu brinco com eles e quan- pra casa, ele tinha que atravessar uma matinha perto de sua
do eles não estão, brinco só eu. Aqui tem casa. Já era tarde e a mãe veio buscar com um cipó para
um brinquedo que eu mesmo fiz que bater nele. Ele correu, chamando nome, rumo à
é um barco de isopor. [107] matinha. Então, a mãe foi pra casa pensando
Jerfeson (8 anos) que ele já tivesse chegado. Perguntou para
Estudante, Centro do Aritapera o marido, e nada dele chegar.
?
a soltar fumaça. Não demorou muito e
voCê sabia? o menino apareceu igual a um cão brabo,
correndo no rumo do rio e querendo mor-
O deserto do Saara é o der os que queriam pegar ele. Aí seu João o
mais extenso da Terra [76] segurou e o curador fez o trabalho. Ele se acalmou
e contou que as pessoas passavam perto dele, mas ele não
O deserto mais extenso da Terra é o Saara. Cobre uma área conseguia gritar porque tinha um homem alto e preto do seu
de 7 milhões e 780 mil quilômetros quadrados, desde o Mar lado. Desde que isso aconteceu, ele foi embora daqui. Ele
Vermelho até o Mediterrâneo. Apresenta desníveis espetacu- ainda é vivo e o senhor que pegou ele, seu João, também. [107]
lares. Alguns trechos situam-se a 134 metros abaixo do nível
Jerfeson (8 anos)
do mar; outros registram altura de até 3.300 metros. [41] Estudante, Centro do Aritapera
[122]
Na Amazônia é monstro lendário
Povoando as histórias e o imaginário
Não há quem zombe de sua existência
nAS OnDAS Dica de saúde
Até o mais valente teme sua aparência DO RáDIO
O primeiro transmissor de ondas de rádio no Bra-
Seu grito na floresta aturde e confunde Arruda serve pra mal pe-
sil de que se tem notícia foi instalado no ano de
Até o mais avisado dos caçadores se ilude gado. Erva-cidreira e ana-
1913, por Paul Forma Godley, na região Amazô-
A menção do seu nome congela o coração dor servem para calmante.
nica, a pedido do governo brasileiro. Ao retornar
Mapinguari! Mapinguari! A besta-assombração E boldo serve para dor de
para a América do Norte, em 1914, ele conhe-
ceu Edwin Howard Armstrong numa reunião do estômago. [107]
Edilene Lisboa
Clube de Rádio da América e se surpreendeu ao Centro do Aritapera
saber que Armstrong conseguia escutar essas es-
tações brasileiras com regularidade. [126]
:: É preciso ter o caos dentro de si para dar a luz a uma estrela bailarina (Nietzche)
São Francisco meu destino (fala 1)
Carlos Rodrigues Brandão
Foi assim. ouve o som do meu cair? Este ruído, que águas frias de nascer na serra até che-
Você está vendo esta cachoeira? Esta estrada afora me acompanha, das águas gar aqui nesta taça verde-e-azul escuro,
cascata alta que cai paredão abaixo, de despencadas desde o momento sem fim quase um cinza chumbo quando chove?
cima da serra até aqui, onde eu começo a que eu venho sendo, quando, lá do alto, Você me ouve? Me vê daí de onde está,
correr mais sereno o meu caminho? Você derramo as minhas águas claras, minhas beira-mata, beira-rio? [26]
golfinho- um BArco de
do-ganges verdAde
Já pesquei muito com meu cunha- Agora, a gente não enfrenta mui-
do e quando ele picava um pira- ta dificuldade, pois os barcos são
rucu, então a gente já estava certo: grandes. Mas, antes, era mais difí-
se eu roncar onça uma vez, você cil devido aos temporais. As cano-
vem; se eu roncar duas, é porque as eram pequenas, movidas a força
eu piquei o peixe. Aí, quando ele humana. Ruim mesmo era a traves-
fazia hum-hum, aí eu já ia com sia do Urubu para a Prainha porque
mais de mil pra lá, porque ele já ali corre muito e é largo. Até com
estava com o pirarucu no arpão. É o barco a motor é preciso ter um
essa diferença que tem. [107] pouco de cuidado. [107]
Omelete de
Entre os séculos XVI e XVII duas línguas francas se desenvol-
sobremesa
veram no país: o nheengatu, ou língua geral amazônica, e
a língua geral paulista, que predominou no sul. As duas se Ingredientes
originaram da formulação gramatical, feita por missionários • 2 pães tipo francês
jesuítas, de línguas do tronco tupi usadas por tribos da cos- amanhecidos e picados
ta, e se disseminaram pelo interior. • 1 xícara de chá de leite
• ½ xícara de açúcar
A língua geral paulista era usada pelos bandeirantes • 3 ovos
que colonizaram São Paulo e Minas Gerais, mas caiu • 1 pitada de sal
em declínio após seu uso ter sido proibido pelo Mar- • 1 colher de sopa de canela
O Çairé era símbolo de fé Esta festa era celebrada O Ganges e seus afluentes formam uma bacia hidrográfica fértil, com área
Dos índios em comunidade Por nossos antepassados de cerca de um milhão de quilômetros quadrados e que possui uma das
Representando as três pessoas Esquecida há 30 anos mais altas densidades populacionais de seres humanos em todo o planeta.
A Santíssima Trindade Volta agora a ser lembrada [61] A profundidade média do rio é de 16m, e a máxima é de 30. [117]
29
?
voCê sabia?
Lendo de trás
para frente
Na frase “SOCORRAM-ME
SUBI NO ÔNIBUS EM MAR-
ROCOS”, a ordem das letras
é a mesma lendo-se da es-
querda para a direita ou da
direita para a esquerda. [126] [128]
30
[67]
O papangu assusta
Esse personagem faz parte da cultura carnavalesca pernambucana. Foliões usam Lá no fundo do quintal
fantasias com máscaras criadas para assustar outros foliões. Alguns defendem que Tem um tacho de melado
papangu vem do costume de comer angu no carnaval e outros dizem que angu, no Quem não sabe cantar verso
Nordeste, é sinônimo de criança. O papangu assusta, sobretudo, os pequenos. É melhor ficar calado [15]
Câmara Cascudo conta que “o papangu tomava parte nas extintas procissões de
cinzas, caminhando a sua frente, armado de um chicote de couro torcido, com que
ia fustigando o pessoal que impedia sua marcha”. A Câmara do Recife o proibiu,
mas os papangus não morreram. As máscaras eram de pano, papel e goma. A
grande diversão consiste em não ser reconhecido por amigos e parentes. [10]
Foi uma vez, no Lago Grande... mas não é história, foi caso Vulto de coisa grande e medonha: é um modo de descrever a carranca. Na
real. Eu estava pescando com meu irmão. Botamos a malha- verdade, é uma escultura de madeira que mistura traços de gente, bichos
deira lá e, na hora de puxar, as africanas invadiram. Fomos e entes fantásticos, geralmente com olhos esbugalhados e vasta cabeleira.
pra água e eu mergulhei lá longe. Meu irmão ficou embaixo Sua origem remonta a figuras de proa encontradas em embarcações fení-
da proa da canoa, só se batendo com o chapéu e as africanas cias, assírias e egípcias.
invadindo, em cima dele. Eu mergulhei longe e cheguei em-
baixo de uma ilha. De lá, eu gritava para ele soltar a canoa e No Brasil, são encontradas nos barcos do rio São Francisco. Conta-se que
ir para onde eu estava, e ele nada. Até que ele resolveu deixar a primeira intenção era a de distinguir uma embarcação da outra, mas sur-
a canoa e ir ao meu encontro. Ele chegou muito baqueado giram lendas. Passaram a atribuir às carrancas o poder de proteger contra
porque as africanas tinham ferrado tanto que ele já estava tempestades, maus presságios, de afastar animais e monstros que à noite
com a cabeça toda inchada. [107] saem das águas para assombrar os navegantes. Ao visitar o São Francisco, 31
Raimundo Rego de Almeida
ainda se pode ouvir barqueiros antigos afirmarem que elas avisam sobre os
Pescador, Enseada do Aritapera
perigos com três gemidos. [115]
Desenho de Alessandra
Pereira Ferreira
[60]
O quE é O quE é?
Qual o pássaro que em gaiola não se prende,
só se prende quando se solta,
~~~~~~~~~~
por mais alto que ele voe, preso vai e preso volta? [1]
o cuidAdo com os
AnimAis nA cHeiA
Desenho de Suelen Cristina Pereira Ferreira
No tempo da cheia, é preciso levar o gado pra colônia e lá
o dono do campo cuida. O gado passa mais ou menos seis
meses na colônia e, de vez em quando, a gente vai ver. Os
outros animais domésticos ficam na várzea mesmo, em cima
das marombas. Maromba, pra quem não sabe, é um jirau fei-
to de pau partido e tirado no mato daqui mesmo da várzea. [62]
É muito ruim, mas é assim que se passa, durante o inverno,
com os animais domésticos na várzea. [107]
Clenildo
O diretório dos índios Para se proteger dessas espículas, o melhor é não entrar nas águas quando estas
estão provocando irritações nos olhos (geralmente no período de seca). Caso a
Nesse documento, de 1757, o Marquês de Pom- pessoa necessite entrar na água ela deve manter os olhos fechados, de maneira a 33
bal, primeiro-ministro de Portugal, proibia o ensi- evitar a entrada das espículas no olho. Se a água do rio é utilizada para o banho ou
no, no Brasil, de qualquer língua que não fosse a para beber, deve antes ser filtrada com pano bem fechado para retirar as espículas
portuguesa, argumentando: e não provocar irritação na pele ou envenenamento por ingestão.
Sempre foi máxima inalteravelmente prati-
cada em todas as Nações, que conquistaram
novos domínios, introduzir logo nos povos
conquistados o seu próprio idioma, por ser
indisputável que este é um dos meios mais
eficazes para desterrar dos povos rústicos a
barbaridade dos seus antigos costumes; e
ter mostrado a experiência que ao mesmo
passo que se introduz neles o uso da Língua
do Príncipe, que os conquistou, se lhes radi-
ca também o afeto, a veneração e a obedi-
ência ao mesmo Príncipe. [16] [33]
O que a gente usa é a malhadeira, a flecha, porque é mais gostoso mesmo. Aquele mo-
o caniço e o arpão. Trabalhar com o arpão mento de ficar trabalhando com ele ali: faz
é mais emocionante, porque se você pes- aquela força e afrouxa a linha. É isso que é
ca um pirarucu, ele corre bonito, e é muito mais emocionante.
movimentado. Você matar um peixe desses
é mais gratificante em todos os setores. Pri- No caso da pescaria com a flecha existe uma
meiro, porque ele dá mais renda e depois importância e uma diferença muito grande,
[25]
porque a flecha você pesca com ela,
e com esse tipo de arreio, você não
escabreia o peixe de maneira algu-
34 Pragas ma. Você passa flechando por ali e,
nas cuias quando você volta pelo mesmo ca-
minho, já tem peixe pra você pescar
As pragas que atacam a de novo. O curimatá é mais fácil de
plantação de cuia são: a bro- flechar porque ele vem pra cima da
ca, o camaleão (iguanas), o água pra comer limo, ele só come
vaga-lume e o toró. limo. Aí dá pra você flechar ele ba-
cana: enxerga ele comendo e mete
As brocas perfuram as cuias
o bico nele.
de dentro para fora, fazen-
do nós; o camaleão come os
botões das cuieiras, o vaga- A malhadeira é muito diferente:
lume rói as cascas da cuia e você arria aqui seu pano de malha-
o toró se alimenta das cuias, deira, você tira, e no outro dia você
ele rói as cuias. [107] vai, não tem mais peixe. [107]
Maria da Conceição Caldeira Rego Antonio Jacinto Ferreira da Costa
Artesã de cuia, Carapanatuba [4] Pescador, Surubim-Açu
:: Eu sou apenas uma, mas há uma multidão que me habita (Marguerite Youcenar)
Boi da cara preta
A enchente 39
aumentando
Antigamente, havia enchente sim,
mas era bem menor. E a cada época
que vai passando, vai aumentando,
aumentando, e fica como a gente
está vendo: bem grande!
:: A felicidade não é uma estação de chegada, mas uma maneira de viajar (M. Rumbeck)
ArmAdilHA PArA casas sem
mosquito divisões
Materiais necessários As casas eram feitas de forma mui-
• 200 ml de água quente to simples: não existia sala, quarto,
• 50 gramas de açúcar mascavo nada. Só era uma casa grande, porque
• 1 grama de levedura (fermento as famílias eram grandes. Só tinha a
biológico de pão) cozinha e uma parede que dividia a
• 1 garrafa plástica de 2 litros casa grande. Eram construídas pelos
Passo a passo próprios moradores da comunidade,
1. Corte uma garrafa de plástico no que se reuniam em grupos. Nesse gru-
meio. Guarde a parte de cima. po que se chamava puxirum, é que
2. Misture o açúcar mascavo com construíam essas casas. E os tipos de
40 água quente e deixe esfriar. Depois material usados nas casas eram muito
de frio, despeje na metade de bai- simples. A cobertura e a parede eram
xo da garrafa. de palha, os esteios eram de árvores
3. Acrescente a levedura. Não há necessidade de misturar. e tirados do mato, o piso não existia,
4. Coloque a parte do funil virada para baixo dentro da outra metade da garrafa. o que existia eram somente aterros e
assoalhos. [107]
5. Enrole a garrafa com algo preto, menos a parte de cima, e coloque em algum João Rosa da Silva (95 anos)
canto de sua casa. [11] Cabeça d’Onça
[96]
(continuação da página 70). Então, era feita uma ou duas A história que eu sei é que, bem na
capinas no roçado da juta e com uns quatro meses ela frente da igreja aqui do Centro, exis-
estava pronta pra ser cortada. Se ela estivesse em terra, te uma cidade grande no fundo. De
tinha que ser cortada e carregada para a água. Lá, era acordo com o que eu ouvi dizer, é uma
empilhada e afogada com um pau em cima. Com uns cidade muito bonita, muito iluminada
15 ou 20 dias, a fibra já estava boa para ser retirada dos e é o boto que vive nela. [107]
Tomás
[27] paus e, nesse momento, era feita a lavagem. Depois de Centro do Aritapera
lavá-las, colocava-se no varal com um pau apertando-
-as e, depois de enxuta, se faziam os fardos, amarrados com as cordas
das próprias fibras.
41
É importante lembrar que a juteira podia atingir três me-
tros de altura e, se chovesse muito no crescimento dela,
ela podia entanguir, ou seja, não crescer, porque dava
limo no toco. Se a água chegasse ao roçado antes da
juta estar madura, ela era retirada verde e “afogada”,
podendo apodrecer, ficar leve e feia. Existiam alguns pés
de juta, plantados especificamente para retirar as se-
mentes. Os frutos, depois de maduros, eram colocados em
um encerado e batidos para a retirada das sementes.
O que a gente come mais é peixe. A gente tira o barro, lá atrás da casa
Quando não tem peixe, come galinha da gente. De lá a gente bota de mo-
caipira, ovo, sardinha ou conserva em lho, amassa, faz a louça, bota no sol
lata. Faço muito peixe cozido ou frito, pra secar, depois queima e aí passa a ju-
ovo com macarrão, galinha assada, taicica. Então, tá pronta a vasilha. Faço
cozida ou então guisada. E, quando a muitas peças, como panela, alguidar,
gente vai a Santarém sempre traz ga- torrador, frigideira, tigela, tudo o que
leto ou carne. Mas tenho o meu modo quiser inventar do barro eu faço. [107]
de fazer galeto. Maria José Pereira
Artesã de barro, Enseada do Aritapera
Primeiro, corto o galeto, tirando toda
44 [4]
aquela pelanca que tem, e escaldo os
?
pedaços. Depois, deixo no escorredor
para tirar a água. Enquanto escaldo, voCê sabia?
logo corto o cheiro-verde. Quando está A corda é
seco, coloco numa panela junto com o
cheiro-verde, a cebola, o alho, o óleo, muito antiga
o colorau e o tempero seco. Deixo refo-
A corda é um dos utensílios mais anti-
gar e depois coloco um pouco de água
gos fabricados pelo homem. Em restos
e um pouquinho de sal. Cozinha até fi-
da Idade da Pedra, foram encontradas
car com um pouco de molho. Daí fica
cordas feitas de fibras torcidas e refor-
pronto. Então, é só colocar no bom que
çadas com um material resinoso. Os
é o prato para comer! [107]
egípcios já as fabricavam de algodão,
Mariângela Pereira Ferreira
Enseada do Aritapera
cerca de três mil anos antes da Era Cris-
tã. Sem cordas, não poderiam ter cons- [86]
:: Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso (provérbio chinês)
Pirâmides do Egito
Conhecidas como pirâmides de Gizé, as pirâmides do Egito ocupam a primeira posição entre
as maravilhas do mundo antigo. São monumentos contruídos em pedra e estão localizadas
no planalto de Gizé ao lado esquerdo do rio Nilo.
Foram erguidas por volta do ano 2700 a.C. pelos faraós Miquerinos, Quéfren e Quéop e
são cercadas de mistérios e grandes riquezas históricas e arqueológicas acerca da civilização
egípcia. Os egípcios acreditavam na vida após a morte e por isso tinham a preocupação de [76]
conservar o corpo e os pertences. A função das pirâmides era abrigar e proteger o corpo
mumificado do faraó, bem como seus objetos pessoais. [90] Açaí
Aproveitando a maré, antes mesmo
46 de o sol nascer, milhares de ribei-
rinhos da Amazônia vão empalhar
suas rasas de açaí para vender nas
grandes feiras. Quando o barco se
aproxima do Ver-o-Peso, o vende-
dor grita “sangue de vaca!”. Você
vai ver os compradores corren-
do para os barcos, metendo suas
unhas nos frutos para verificar se
são de boa qualidade. “Sangue de
vaca” é o açaí carnudo, cor de vi-
nho e fresquinho. Com seis meses
de idade, as crianças já tomam “vi-
nho” de açaí. Segundo um feirante,
“os intestinos dos paraenses já es-
tão acostumados a tomar açaí”. [120]
[32]
:: Aproveite bem as pequenas coisas; algum dia você vai saber que elas eram grandes (Robert Brault)
Florestania
?
ficou Cabeça d’Onça. Mas aqui não tem mais onça assim.
Aqui tem muita cuieira, isso é direto. A gente pega um ga- voCê sabia?
lho desse, finca ele na terra, e outro e outro. Se esse não
A árvore símbolo da várzea é a sumaúma, que atinge
nascer, aquele nasce. [35]
Depoimento constante do catálogo [18]
até 50 metros de altura e o tronco chega a um diâ-
As cuias de Santarém metro acima de dois metros.
:: Corta tuas correntes e serás livre, corta tuas raízes e morrerás (provérbio suaíli)
surubim-açu
:: Eu não sei o que existe no mundo, mas o invento enquanto espero (criança de 11 anos)
enseada do aritapera
As primeiras famílias que habitavam nessa comunidade eram as seguintes: Reça, Maria,
Correa, Ribeiro e Ferreira, e a partir daí a comunidade foi crescendo com a participação de
todos na Igreja de São Sebastião. Quando Dona Maria se entendeu, a bisavó dela já cuidava
em cuias e aí foi passando para filho e netos e as pessoas foram aprendendo a trabalhar nas
cuias e continuam a trabalhar nas cuias, e campos continuar trabalhando sem parar. Com
muita garra e união, hoje há colégios, sede, clubes de futebol, clubes de jovens, clube de
mães, associações e, finalmente, hoje, temos o grupo de artesãs com 11 participantes. [35] [48]
InTERIOR
Rosinha de Valença 51
Maninha me mande um pouco
Do verde que te cerca
Um pote de mel
Meu coleiro cantor,
meu cachorro veludo
E umas jaboticabas
Maninha me traga meu pé de laranja-da-terra
Me traga também um pouco de chuva
Com cheiro de terra molhada
Um gosto de comida caseira,
Um retrato das crianças
E não se esqueça de me dizer
Como vai indo minha madrinha
[113] E não se esqueça de uma reza forte
Contra mau olhado [93]
nas
a zo
Am
o
Ri
[116]
zonas
Ama
Rio
l
l l
l l
ll l
jós
l
apa
T
Rio
l l Santarém
l monte Alegre
l Alenquer
l belterra
l Curuá
ALMANAQUE PITINGA
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional
2011
ALMANAQUE PITINGA
O segredo é não correr
atrás das borboletas...
é cuidar do jardim para que
elas venham até você. [111]
Mario Quintana
:: Invisto no futuro porque nele pretendo passar a maior parte do meu tempo (Woody Allen)
AGOSTO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Q . Q . S . S .D . S . T .Q .Q .S . S . D . S . T . Q Q S . S . D . S . T . Q Q . S . S D. S . T . Q Q . S .
«« «««
∙ Dia Mundial ∙ Dia do ∙ Assunção de Nossa Senhora ∙ Dia Nacional ∙ Dia ∙ Dia Africano
da Amamentação Estudante ∙ Dia de Nossa Senhora da Glória do Folclore Nacional de da Medicina
Segundo fim de ∙ Dia dos Solteiros « Combate Tradicional
semana: festa ∙ Adesão do Pará à Independência ao Fumo ∙ Início do ano
Domingão dos da Sociedade do Brasil (assinada em 1823) letivo: último
Filhos de Surubim- Esportiva dia útil de
agosto
Açu radicados em
Santarém (sem
Cabeça d’Onça ∙ Dia do Combate ∙ Dia da
à Poluição Habitação
data fixa)
:: Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros já foram (Graham Bell)
SETEMBRO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
S .D . S . T .Q Q S . S . D . S . T . Q Q S . S . D . S . T Q. Q .S S D .S T Q. Q .S S D .
«
∙ Nossa Senhora Aparecida ««
∙ Nascimento ∙ Dia Pan-Americano ∙ Dia do – padroeira do Brasil (feriado ∙ Segundo domingo ∙ Dia do ∙ Dia Mundial da ∙ Dia das Nações
de Mahatma do Dentista Deficiente nacional) de outubro: Professor Oração pela Paz Unidas
Gandhi Físico ∙ Dia da Criança Festividades do
∙ Dia do Mar Círio de Nazaré
94
« No dia 16 de julho de 1930, o «« A Organização das Nações ««« O movimento reformista
papa Pio XI declarou Nossa Senhora Unidas foi criada em 1945, depois cristão, iniciado no século XVI por
Aparecida padroeira do Brasil. [99] da Segunda Guerra Mundial, para Martinho Lutero, protestava contra
manter a paz e promover a cooperação diversos pontos da doutrina da Igreja
Festa comemorativa do Dia da internacional na solução dos problemas Católica, propondo uma reforma.
Criança em Surubim-Açu. econômicos, sociais e humanitários. [79] O resultado da Reforma Protestante
foi a divisão da Igreja do Ocidente
entre os católicos romanos e
os reformados ou protestantes,
originando assim o protestantismo. [114]
« O Brasil foi o quarto país, em todo «« Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, ««« No Brasil, a questão da terra
mundo, a assegurar o voto feminino. [5] livre, no ano de 1655. Tornou-se líder do continua sendo um grave problema
Quilombo dos Palmares e é, hoje, para social, em função da grande
determinados segmentos da população desigualdade na distribuição de
brasileira, um símbolo de resistência. Em propriedades e recursos, envolvendo
1995, a data de sua morte foi adotada promessas de governos, tensões entre
como o Dia da Consciência Negra. [129] fazendeiros e trabalhadores rurais e
disseminando muita violência. [4]
∙ Dia de Santa ∙ Dia de Nossa ∙ Dia do Marinheiro ∙ Natal (feriado nacional) ∙ Dia da
Bárbara Senhora de ∙ Dia de Santa Luzia Festa de N. Sra. Esperança
∙ Criação do Guadalupe, ∙ Dia do Cego do Bom Parto em
Sindicato dos padroeira da Semana do 13 de Surubim-Açu (sem
Trabalhadores América Latina dezembro: festa data fixa)
Rurais de de Santa Luzia,
Santarém (1973) no Carapanatuba
« «««
∙ Dia ∙ Dia Nacional ∙ Dia de Nossa ∙ Dia do Palhaço ∙ Dia do ∙ Início do verão ∙ Morte de ∙ Dia do ∙ Dia
Mundial do do Samba Senhora da ∙ Dia Universal dos «« Mecânico no hemisfério sul Chico Mendes Vizinho Universal
Combate à Semana do 8 de Conceição Direitos Humanos e do inverno no do Perdão
AIDS dezembro: Círio hemisfério norte
da Conceição
92
« O dia 8 de dezembro é marcado «« “Todos os seres humanos ««« "No começo, pensei que
pela celebração do dogma da nascem livres e iguais em dignidade estivesse lutando para salvar
Imaculada Conceição definido pelo e em direitos. Dotados de razão e de seringueiras, depois pensei que
papa Pio IX en 1854. Essa data, consciência, devem agir uns para com estava lutando para salvar a floresta
em decorrência da devoção popular, os outros em espírito de fraternidade.” amazônica. Agora, percebi que estava
é festejada em quase todo o Declaração Universal dos Direitos lutando pela humanidade.”
território nacional. [82] Humanos: Artigo 1º [49] (Chico Mendes) [83]
Torneio esportivo
As festas esportivas, desde que me entendi, são feitas assim:
com muita música, muitos jogos de bola, etc. E vêm outras
pessoas de outras partes, de outras comunidades. Vêm tra-
zer seus times pra jogar bola. Quando eles não colocam boi
como prêmio, colocam dinheiro mesmo. Muita gente se en-
volve com isso. Depois, eles vão para outras comunidades
para pagar a visita dos que vêm pra cá. Aqui, eles chamam
isso de torneio esportivo. [107]
Lenil Correa (72 anos)
Enseada do Aritapera
[4]
Trecho do pastor Além da peua, a gente faz assim, com a mão. cesso, colocava em cima da vasilha, colocava
Música de José Agostinho Antigamente a gente pegava a cuia, partia, urina embaixo e, depois disso, estava pron-
da Fonseca raspava direitinho, pegava o caimbé e alisa- to o processo. Desse modo, as cuias ficavam
va ela. Depois, misturava o cumatê com o bem pretinhas e a pintura ficava também
Que visão seria esta? tapeuá até formar uma pasta. Em seguida, pretinha, não precisava passar outras vezes,
Me parece que sonhava esfregava bem na cuia e ela ficava pretinha. como as pessoas mais antigas faziam com a
Que um anjo junto a mim Só que quando secava, a gente pegava só o tinta. Nesse processo que a gente fazia não
Um mistério anunciava. tapeuá (que era o pau) e esfregava e ficava precisava passar tanto, somente uma vez. [107]
Sim! eu ouvi uma voz assim, ele sem a outra mistura, sem o líquido, Elias
Que mansamente dizia: só mesmo o pau pra secar. Depois desse pro- Artesão, Vila do Pariçó
87 Caem as folhas.
E nascem novas folhas.
rECEITA
Das flores saem os frutos.
E os frutos são alimento.
Os pássaros deixam cair as sementes. farinha de jatobá
Das sementes nascem novas árvores.
Raspe as sementes com uma faca
E vem a noite.
para obter a polpa. Em seguida,
Vem a lua.
soque a polpa no pilão ou bata no
E vêm as sombras
liquidificador e penere. A farinha
que multiplicam as árvores.
resultante serve para fazer bolos,
As luzes dos vagalumes
biscoitos,
são estrelas na terra.
pães e li-
E com o sol vem o dia.
cores. [120]
Esquenta a mata.
Ilumina as folhas.
Tudo tem cor e movimento. [76] [35]
À frente
o rei dos rios
que o Tapajós, de súbito, destrona.
Raios de luz
traçam a linha
que une e separa duas águas.
86
Raios de amor
traçam outra linha
não faço magia
que une e separa duas almas. [89]
Minha sobrinha estava doente. Cheguei lá e ela estava assim imóvel. Fiquei olhando, vendo a criança
que não chorava, que nem gemia. Aí, eu fiz uma oração: rezei três ave-marias e uma salve-rainha. A
criança melhorou mesmo. Então, começou a se dizer que eu sabia alguma coisa. Mas não era uma
oração de benzedeira, foi uma oração que eu fiz.
Às crianças sempre digo pra voltar aqui em três dias, e torno a rezar. Sempre a pessoa volta com três dias.
Não cobro nada porque não faço magia pra ninguém. [107]
Lenil Silva Maia
Artesã, Enseada do Aritapera
[24]
[110]
~~~~~
na beira da mata. Ela não sabia o que fazer. dela que virava lobisomem. [107]
Então, viu uma árvore grande perto e subiu.
Gernilane Caldeira Sousa (12 anos)
Resposta: Camisa
Tirou do ombro um xale e começou a bater Estudante, Carapanatuba
:: O artesanato faço porque gosto e também porque é o meu trabalho (Maria José Pereira, artesã, Enseada do Aritapera)
As escolhas do
desenvolvimento
Cotidiano
A partir do final da década de 1960,
baseado no princípio de que o gado
da pesCa
renderia mais que a mata em pé, o De manhã, eu destranço as minhas ma-
governo começou a apoiar a agrope- lhadeiras e saio pra colocar na água. E,
cuária. Muitos posseiros e fazendeiros enquanto elas estão na água, eu vou fazer
começaram a se estabelecer, mesmo outro tipo de pescaria. E assim o dia a dia
em área remotas da região. A flores- vai se passando.
ta foi sendo substituída pelo plantio
de culturas anuais e pastos, iniciando Pra mim, o mais importante é quando eu
uma onda de desmatamento.
[47]
pego bem peixe. Aí, eu vendo e divido 82
com meus vizinhos, isso pra mim é muito
Depois do ciclo da pecuária começou uma nova fase de valorização dos importante. [107]
recursos naturais da região – dois tipos de ouro foram descobertos: o ouro Rosemiro Correa da Silva
Pescador, Carapanatuba
amarelo da Província Mineral de Carajás e o ouro verde, ou seja, a madeira
(primeiro o mogno e depois outras espécies, como a castanheira). Como
resultado, até 1977, cerca de 70% das áreas de castanhais já haviam sido
desmatadas no sudeste paraense. [80]
animais velozes
Em corridas curtas, o guepardo alcança uma velocidade de até 120km/h e é
o mais rápido em terra. Em trechos mais longos, entretanto, o título do mais
veloz fica com o antílope americano, que consegue manter uma velocidade [26]
:: Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela (George Bernard Shaw)
?
brincadeiras de
Você sabia? ontem e de hoje
Cacau era moeda As crianças de antigamente brincavam de curralzinho no
chão e com cuinhas como se fossem gado. Os meus filhos
entre os maias brincavam antes assim. Nas brincadeiras de roda se juntavam
várias mocinhas, se davam as mãos, formavam uma roda e
As sementes de cacau tinham grande valor para os maias, povo na-
cantavam as músicas como essa:
tivo da América Central. Além de usá-las para fazer o "tchocolath",
bebida de rituais sagrados, cerimônias, e considerada medicinal, as
“Que lindo botão de rosa
sementes tinham função de moedas. 400 delas formavam um zontli,
que aquela roseira tem,
enquanto o portador de oito mil sementes tinha na verdade um xi-
por cima ninguém alcança
quipilli. Quanto isso representava? O preço de um coelho era oito se-
por baixo não vai ninguém,
mentes, já um escravo podia ser adquirido por apenas 100 unidades
(ou 0,25 xiquipillis). [42] 80
Bela pastora, entra na roda
veja lá o que vai fazer,
ponha um verso bem bonito
e abraçai o seu amor,
[56]
Quando começamos a fazer rádio, sempre surgia aquela expectativa: será que vou me sair
bem, será que vou fazer correto? Gravávamos o programa e aos domingos ele era apresenta-
do. Então, íamos para junto do rádio escutar, depois a alegria tomava conta da gente. “Poxa,
me saí bem!”, eu pensava. As pessoas nos encontravam pela rua e elogiavam nosso trabalho,
mas o que queríamos era fazer melhor, principalmente quando nos confrontávamos com os
profissionais, aqueles que já faziam rádio, televisão, há muitos anos. Certo dia, uma repórter
de televisão, já acostumada a dar notícias, se deparou com um grande acidente em uma
avenida da cidade. Então ela deu a seguinte reportagem “Estamos aqui, na avenida tal, onde
ocorreu um acidente e nos deparamos com um defunto morto na avenida”. Ela nem percebeu
por que a notícia chamava tanto a atenção da população. Você já pensou um defunto vivo? [107]
Nilson Corrêa
Agente de comunicação, Centro do Aritapera
Na língua nativa da tribo Kulina, que vive no coração da Amazônia, “Tocorimé Pamatojari” significa
“Espírito Aventureiro”, ou seja, nome que traduz a essência da embarcação que faz parte do Red Bull
Music Armada. Apelidada de “Toco” pela sua tripulação, o barco foi construído em plena Amazônia,
próximo a Santarém/PA, sendo o maior veleiro brasileiro totalmente construído em madeira. No seu
histórico náutico consta um título especial, o de veleiro oficial das comemorações dos 500 anos do
Brasil, em 2000. Um dos fundadores da embarcação, Markus Lehmann – um estrangeiro que escolheu
o Brasil para viver, atualmente radicado em Paraty/RJ – pretende ficar embarcado durante todo o tra-
jeto do Red Bull Music Armada. Perguntado sobre o que faz o “Toco” ser tão especial, ele diz: “Esse
barco é especial porque é brasileiro, foi construído a mão na Amazônia, com a melhor madeira do
mundo – de reflorestamento. O 'Toco' é uma plataforma que demonstra todo o potencial das ações
[102] de sustentabilidade." [39] 78
As pessoas mais procuradas para dar informações sobre o artesanato das cuias são
Um pau de doze galhos
principalmente as artesãs que trabalham em grupo. Apesar de já estarem acostuma-
Cada galho tem seu ninho
das com essas visitas, às vezes, elas ficam surpresas. Sentem-se contentes por saber
Cada ninho tem seu ovo
que outras pessoas estão, cada vez mais, buscando conhecer o artesanato da cuia,
Cada ovo um passarinho? [1]
mas, ao mesmo tempo, ficam preocupadas por não terem um conhecimento sufi-
ciente para responder com segurança. Outros visitantes vêm somente passear, como
no caso dos conterrâneos. São muito diferentes os interesses, mas os comunitários
ficam alegres com a presença deles. [107]
Francinelma Pereira Maciel
~~~~~
Estudante, Enseada do Aritapera
Resposta: O ano
77
?
o uso do que Você sabia?
plantamos Plebiscito e referendo
Bem, da mandioca a gente produz a fari- Plebiscito (plebis = povo e scitum = deci-
nha e o beiju só para o consumo. Do jerimum, [84] são, decreto) e referendo são duas formas
a gente faz mingau com arroz, cozinha com peixe diretas de consulta para saber se um povo aprova
salgado, coloca na carne, no feijão e outras comidas. Já ou rejeita certas decisões de seu governo. O plebiscito
com o milho, faz mingau, pamonha, tira para o sustento consulta o eleitor antes da decisão ser tomada e o re-
da galinha, do pasto, do porco, e vende uma parte. [107] ferendo depois. [45]
José Emídio Rego
Centro do Aritapera
:: Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas, é de poesia que estão falando (Manoel de Barros)
a festa acabou
Uma vez, fui com minha prima colocar um espinhel porque no outro dia eu ia pra
festa e tinha o compromisso de deixar comida para minha família. E aí, quando fo-
mos tirar o espinhel, tinha dois tambaquis: um estava numa ponta e o segundo na
outra ponta do espinhel. No momento que a minha prima foi tirar o primeiro tam-
baqui, o que estava na outra ponta rebanou. Então, a canoa se afastou e o anzol
entrou na coxa da minha prima. Vendo que ela estava anzolada, fui socorrer. Cortei
o fio do espinhel para poder matar os tambaquis. Depois de matá-los, fui com ela
pra casa para tirar o anzol de sua coxa e me preparar para ficar em casa porque, pra
nós, a festa já tinha acabado. [107]
Ana Eliete
Pescadora, Centro do Aritapera
75 [69]
74
[78]
:: É a chuva que cai, gota a gota, que enche o rio (provérbio africano)
desafios Promessa: doação
enfrentados de trabalho
:: Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem preço (Clarice Lispector)
pêssAnkAs
Em 1895, imigrantes ucranianos se estabeleceram Natal e à Páscoa, ocasião em que são produzi-
no interior do município de Itaiópolis (SC), for- das as pêssankas.
mando a comunidade de Iracema.
A palavra pêssanka deriva do verbo ucra-
Nos dias de hoje, vários costumes da niano pessati, que significa escrever. Po-
tradição ucraniana foram preservados, demos dizer, então, que as pêssankas
como a alimentação, as canções, o uso são “ovos escritos” ou “poemas ima-
de trajes típicos em comemorações, a géticos”. Cada traço, figura e cor das
língua (hoje fluente apenas entre os pêssankas tem um significado especial,
mais velhos), os bordados e, principal- sendo que alguns esão presentes em
69 mente, os rituais religiosos ligados ao toda a Ucrânia. [37]
Certa vez fiz um alguidar grande, aí na hora de queimar, Douglas Sousa da Silva
quebrou tudo. Espocava tanto que parecia um foguete, pois Estudante, Centro do Aritapera
:: Quem, junto ao poço, sabe ter paciência, um dia matará sua sede (provérbio senegalês)
processo de produção da cuia
Meu trabalho é assim: eu pego a cuia, serro, aí eu tiro o bucho e ponho ela um dia
pra secar. Então eu coloco pra cozinhar, depois pra raspar dentro e fora e deixo secar
novamente. Com uns quatro ou cinco dias, quando ela está bem sequinha, aí eu co-
meço a passar a tinta de axuazeiro. Eu passo a tinta três ou quatro vezes; só paro de
passar quando ela fica bem vermelhinha.
[35]
Então eu ponho pra secar e, quando ela tá bem sequinha, eu limpo o chão, semeio a
O uará
cinza e espirro o material, não pode dizer, né? Espirro, ensopo bem a cinza, aí venho O uará é uma casa de um tipo de cupim, que
com um pedaço de pano grosso, ensopo de novo com o material, espremo e coloco tem por nome uará. Ele faz a casa de terra,
em cima da cuia. Quando é no outro dia de manhã, que eu vou ver, ela está brilhando umas casas grandes que servem bem para fa-
que é uma beleza! [107] zer a maromba. [107] 68
Xerondina Amir Pereira
Pariçó, Monte Alegre Enseada do Aritapera
:: Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende (Leonardo da Vinci)
memórias das brincadeiras de criança
A brincadeira de casinha e de boneca era assim: a gente fazia de roda era assim: a gente juntava várias meninas e fazia uma
as nossas casinhas no chão, colocava umas tábuas, fazia parede roda pegando uma na mão da outra. Depois começava a ro-
de saco plástico e colocava os poucos brinquedos que a gente dar e a cantar umas musiquinhas que agora eu não lembro. As
tinha lá dentro. Aí a gente levava nossas bonecas e quando não crianças de hoje já não brincam como antigamente. Agora é
tinha boneca a gente brincava com garrafa, feito filho. Então a mais televisão, rádio, joguinho, festas e outras coisas mais que
gente brincava de comadre, uma ia visitar a outra. Além disso, hoje já existem. [107]
Nilza Correa Sousa
eu também brincava de roda, fazia brinquedo de barro, como Lavradora, Carapanatuba
panelinha, potinho, frigideira, alguidarinha, etc. A brincadeira Desenhos de Maria Lucinelma Pereira
:: Há uma primavera em cada vida. É preciso cantá-la assim florida. Que Deus nos deu voz foi pra cantar (Florbela Espanca)
as danças de antes
e as de hoje
A valsa é uma dança lenta, em que o casal dança só
com o toque da música; e o xote é uma dança em
que dança o casal e é mais agitado que a valsa. Na
maioria das músicas de hoje tem a voz da pessoa. Antiga-
mente, tinha o lundu, a dança do baião, a desfeiteira, e a
dança era mais no toque, não tinha a voz das pessoas. Era
só o toque dos instrumentos. Os senhores, os que tinham
os instrumentos, faziam essas danças na casa de qualquer
pessoa que quisesse. Era o clarinete, o saxofone, a flauta, o
cavaquinho, o acordeão, o violão, o pandeiro, etc. A quadri-
[71]
:: O único homem que não erra é aquele que nunca faz nada (Roosevelt)
.
A casa das galinhas
Alterações Temos umas duas cabeças de gado e, na enchente, meu pai
leva pra terra firme. Bem, essa terra firme é um local distante
naturais do clima
daqui, e pra chegar pra lá é necessário o transporte de bar-
Milhares de anos podem co. Chegando lá, o gado é desembarcado e depois vamos
passar até que a Terra es- levando ele, já por terra, a toque de cavalo. Até chegar lá em
quente ou esfrie apenas cima, no local onde o animal vai ficar no campo alugado, é
um grau. E isso, de fato, bem distante da margem do rio. Por isso é que é terra onde
acontece de forma natural. a água não invade, nem no período da seca, nem da cheia.
Além dos recorrentes ciclos As galinhas têm a casa própria delas. Inclusive a casa delas
de eras glaciais, o clima da
Dica de saúde
chama a atenção porque, agora mesmo, recente, estão no
Terra pode se modificar por fundo, e elas estão aí penduradas, trepadas nos galhos do
63
causa da atividade vulcâni- pau. Já ajeitei até uma maromba pra elas, mas, mesmo as- O amor-crescido faz o chá que é
ca, das diferenças na vida sim, ainda não foi necessário usar. bom para o fígado e o sumo serve
vegetal que cobre a maior Maromba é um assoalho improvisado que a gente faz quan- pra baque. Japana é bom pra diar-
parte do planeta, das mu- do o assoalho real mesmo está no fundo. Aí, a gente já im- reia e para ameba. Babosa é bom
danças na quantidade de provisa: joga tábua em cima pra formar um novo assoalho. pra caspa. [107]
radiação que o Sol emite e Só quando a água descer e o assoalho definitivo aparecer é
Ednalda de Sousa da Silva
das mudanças naturais na que a gente tira a maromba. É uma espécie de assoalho pré- Centro do Aritapera
química da atmosfera. [74] moldado. [107]
Douglas Sousa da Silva
Estudante, Centro do Aritapera
[27]
[13]
É muito difícil no tempo da cheia, porque tem que fazer uns chiqueiros altos
As casas onde a gente dorme de noite, para os porcos, e um atulho pras galinhas, para elas poderem passar a enchen-
como a gente diz, não são mais cobertas te. O atulho é feito assim: vai colocando paus ao redor de uma árvore ou em
de palha, mas têm cozinha coberta de outro local, e depois põe a premembeca, que é um capim, por cima dos paus.
palha. Acho que é porque acham a palha As galinhas até gostam de comer esse capim. É assim o atulho.
feia ou por pavulagem, porque, antiga- Mesmo assim, pode acontecer do sucuri pegar as galinhas, e
mente, eram todas cobertas com palha e quando a gente não vai ver, ele levou a galinha. [107]
todos moravam felizes nelas. A palha vem Mariângela Pereira Ferreira
[27] Dona de casa, Enseada do Aritapera
da terra firme, principalmente das comu-
nidades do Arapiuns. Um homem chama-
do Piota vem trazer para vender pra nós. 60
Desenho de Marlisson Pereira
As pessoas falavam que eles não acharam nada porque o ouro era só para o
compadre tirar. E, para ele voltar com o parceiro e tirar o ouro, antes ele tinha
que furar o dedo e pingar o sangue dele lá, que era para deixar marcado 58
o lugar. Ele não fez isso.
:: Nunca conseguirás convencer um rato de que um gato traz boa sorte (Clarice Lispector)
História de alenquer
A história da fundação de Alenquer começa em 1729, com margem esquerda do rio Surubiú e formaram uma aldeia à
a chegada dos Capuchos da Piedade, vindos de Portugal qual deram o mesmo nome do rio.
com a missão de catequizar os índios que habitavam aque- Só em 1758, com a visita do governador-capitão do Pará e
les sertões. Instalaram-se à margem direita do rio Curuá e Rio Negro, Francisco Xavier Mendonça Furtado, que a al-
construíram uma aldeia à qual deram o nome de Arcozelos. deia de Surubiú foi elevada à categoria de vila, recebendo o
Adiante, por conta das epidemias e dificuldades de comu- nome de Alenquer.
nicação, os catequistas resolveram mudar a sede para lugar Em 1881, durante o governo de Manoel Pinto de Sousa Dan-
"mais farto e sadio". Com ajuda dos índios, se situaram à tas Filho, Alenquer foi promovida a cidade pela Lei nº 1050. [97]
57
[17]
“A comunidade Aritapera deu-se início em homenagem a um de terras que inundam durante as cheias de inverno, quando
índio chamado Ari que morava em uma maloca chamada Ta- as árvores e construções “vão pro fundo” e os campos ala-
pera e assim foi fundada em 1821” (relato colhido na Oficina gam, misturando-se com o rio e obrigando a população local
de Reconstrução da Identidade Étnico-Cultural dos Ribeirinhos a se deslocar quase exclusivamente por meio de canoas e ra-
da Amazônica, promovida pelo grupo Consciência Indígena). betas mesmo entre casas vizinhas. Muitas delas, aliás, ficam
a poucos centímetros de ter suas palafitas completamente
O Aritapera compõe-se de um conjunto de comunidades situ- encobertas pelas águas barrentas do rio. Pode-se até pescar
adas em áreas de várzeas ao longo do rio Amazonas. Trata-se sentado no assoalho de casa. [35]
Desejar ser
55
A ciência pode classificar e nomear os órgãos
de um sabiá
mas não pode medir seus encantos.
TrAvA-línguA
A ciência não pode calcular quantos cavalos
de força existem Lá em cima daquela serra
nos encantos de um sabiá. Tem uma arara loura.
Quem acumula muita informação perde o Aquela arara loura falará?
condão de advinhar: divinare. Falarás, arara loura?
Os sabiás divinam. [20]
Manoel de Barros
[56]
:: Não pode saber o que é doce quem nunca experimentou o amargo (anônimo)
Carapanatuba O sucuriju barrigudo
A arte da cuia
Eu preparo a cuia do começo ao fim. ros, garça, gavião no galho do pau,
Eu sei florar com faca, eu sei florar com qualquer bicho. Tudo eu desenho. [107]
compasso. Tudo riscadinho! Eu mes- [35]
Maria Domingas dos Santos Menezes
mo faço os desenhos. Desenho pássa- Artesã e agricultora, Surubim-Açu
:: Nasci com uma rosa na mão; nunca morreu, nunca murchou (Helena Meirelles, violeira)