Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ICHCA
Curso de Música - Graduação
IDENTIFICAÇÃO
Nome da Disciplina: Apreciação Musical Código C.H. 36
Prof. Dr. Eduardo Xavier
h
Ementa A apreciação da música a partir dos pressupostos básicos do que é ouvir e escutar música, os
tipos de ouvintes, as formas musicais e a relação com elas por parte desses ouvintes.
Objetivo Geral:
Compreender a Apreciação Musical como disciplina formadora de ouvintes qualificados a uma
apreciação crítica da música.
Objetivos Específicos:
Conhecer, compreender e discutir a música
Ouvir e escutar a música.
Conteúdos:
A Apreciação Musical como disciplina;
Música clássica ou música erudita;
Ouvir e escutar;
Os tipos de ouvintes;
As vozes humanas;
Os instrumentos musicais;
Textura musical;
Formas fundamentais;
A música vocal;
A música de câmara;
A música sinfônica
Metodologia:
Aulas expositivas, leitura de textos, uso de CD’s e DVD’s.
Avaliação:
Exercícios, Provas práticas e teóricas.
Referencias:
ABBATE, Carolyn e PARKER, Roger. Uma história da Ópera. Trad. Paulo Geiger. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015.
ADLER, Samuel. The Study of Orchestration. 2ª ed. New York: W. W. Norton and Company, 1989.
ANDRADE, Mário de. Música, doce música. São Paulo: s.e., 1933.
ARISTÓTELES. Arte retórica e arte poética. 2ª ed. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Arte Poética,
1993.
BARBIER, Patrick. História dos castrati. Trad. Raquel Ramalhete. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1993.
BARFORD, Philip. Mahler: Sinfonias e canções. Trad. José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro:
Zahar, 1983.
BEINEKE, Viviane. A composição em sala de aula: como ouvir as músicas que as crianças fazem?
In: HENTSCHKE, Liane e SOUZA, Jussamara (Org.). Avaliação em Música: reflexões e práticas.
São Paulo: Moderna, 2003, p. 91-105.
BEKKER, Paul. The Orchestra. New York: W.W.Norton, 1963.
BENNETT, Roy. Elementos básicos da música. Trad. Maria Teresa de Resende Costa. Revisão
técnica Luiz Paulo Sampaio. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, com reimpressão em 2007.
CANDÉ, Roland de. Vivaldi. Trad. Luiz Eduardo de Lima Brandão. São Paulo: Martins Fontes,
1990.
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American Library,
1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
DOURADO, Henrique Autran. Dicionário de termos e expressões da música. São Paulo: Editora 34,
2004.
FELDMAN, Harry Allen. Como entender e apreciar Música: guia para ouvintes de rádio e concertos.
Trad. Fernando Tude de Souza. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1945.
FILHO, Caldeira. Apreciação Musical: subsídios técnico-estéticos. São Paulo: Fermata do Brasil,
1971.
FUNGILLO, Mário. Dicionário de Percussão. São Paulo: Unesp, 2002.
GRIFFITHS. Paul. A Música Moderna: uma história concisa e ilustrada de Debussy a Boulez. Trad.
Clóvis Marques. Rio de Janeiro, 2011.
HANSLICK, Eduard. The Beautiful in Music. Trad. Gustav Cohen. Indianapolis: Bob Merill, 1957.
HARRISON, Sidney. Cómo apreciar la Música. Trad. Rafael Lassaletta. Madrid: Edaf, 2005.
KAMIEN, Roger. Music, an appreciation. New York: McGraw-Hill, 2007.
KOBBÉ, Gustave. O Livro Completo de Ópera. (Ed.) Conde de Harewood. Trad. Clóvis Marques.
Rio de Janeiro: Zahar. 1991.
LEE, Vernon. Music and its lovers: an empirical study of emotional and imaginative responses to
music. London: George Allen and Unwin, 1932.
MATAMORO, Fernando Fraga Blas. A Ópera. Trad. Eduardo Francisco Alves. São Paulo: Angra,
2001.
MORAES, J. Jota de. O que é Música. 7ª ed., 4ª. reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 2010.
RUSHTON, JULIAN. A Música Clássica: uma história concisa e ilustrada de Gluck a Beethoven.
Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
STEFANI, Gino. Para entender a Música. 2ª ed. Trad. Maria Betânia Amoroso. São Paulo: Globo,
1985.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: Apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
XAVIER, Eduardo; A Voz Humana: pequeno guia prático. Maceió: Viva, 2020.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
1ª AULA
REFERÊNCIAS
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library, 1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: Apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
2ª AULA
OS ELEMENTOS DA MÚSICA
1 . RITMO
Os andamentos básicos são estes: grave (sério, em geral muito lento), lento (lento),
largo (muito vagaroso), larghetto (não tão largo), adagio (calmo), andante (andando
em passos tranquilos), andantino (não tão andante), moderato (moderado), allegretto
(não tão depressa quanto o allegro), allegro (animado, mas não necessariamente rápido
demais), vivace (vivaz), presto (muito depressa), prestissimo (o mais rápido possível).
A melodia, grosso modo, é a combinação de uma sequência de notas mais agudas com
as médias e as mais graves, moldadas em valores de tempo diversos, umas mais rápidas,
outras mais lentas, que sobem e descem, podendo se dar em frases curtas ou mais
longas. Para Hanslick (1986), tanto a melodia como a harmonia são criações do espírito
humano e elas não existem na natureza. Para o autor, apenas o ritmo se encontra
espontaneamente na natureza.
HARMONIA
AS VOZES HUMANAS
AS VOZES FEMININAS
SOPRANO
Lírico
Mirella Freni (1935)
Ária “O mio babbino caro” [Ó meu paizinho querido], da ópera “Gianni Schicchi” (1818), de
Giacomo Puccini (1858-1924).
Lírico-spinto
Renée Fleming (1959)
Ária “Casta diva” [Casta deusa], da ópera Norma (1831), de Vicenzo Bellini (1801-1835)
Dramático
Violeta Urmana (1961)
Ária “Pace, pace mio Dio” [Paz, paz, meu Deus], da ópera “La Forza del destino” [A Força do
Destino] (1862), de Giuseppe Verdi (1813-1901).
MEZZO-SOPRANO
Lírico
Elina Garanča (1976)
Ária “L’amour est comme um oiseaux rebelle’ [O amor é como um pássaro rebelde] ou
Habañera, da ópera “Carmen” (1875), de Geroges Bizet (1838-1875).
Coloratura
Cecilia Bartoli (1966)
Ária “Agitata da due venti” [Agitada por dois ventos], da ópera “Griselda” (1718), de Antonio
Vivaldi (1678-1741).
Dramático
Dolora Zajick (1952)
Ária “O don fatale” [O dom fatal], da ópera “Don Carlo” (1867), de Giuseppe Verdi
https://www.youtube.com/watch?v=MtGyWMCQGPQ
Voz de peito: Final da ária
AS VOZES MASCULINAS
TENOR
Lírico
Luciano Pavarotti (1935-2007)
Ária “La donna è mobile” [A mulher é mutável], da ópera Rigoletto (1851), de Giuseppe Verdi
Lírico-leggero
Juan Diego Flores (1973)
Ária “Pour mon âme” [Pela minha alma], da ópera La Fille du Régiment (A Filha do
Regimento, 1840), de Donizetti
Leggero
Raúl Gimenez (1950)
Ária “Sì, ritovarla io giuro” [Sim, eu juro encontrá-la], da ópera La Cenerentola (Cinderela,
1817) , de Giaocchino Rossini (1792-1868)
Dramático
Mario del Monaco (1915-1982)
Ária “Recitar mentre preso dal delírio” [Recitar ainda preso no delírio], da ópera I Pagliacci
(Os Palhaços, 1892), de Ruggero Leoncavallo (1858-1919)
BARÍTONO
Lírico
Dietrich Fischer-Dieskau (1925-2012)
“Stänchen” [Serenata], de Franz Schubert ()
Spielbariton
Alfoso Antoniozzi
Ária “Se qualunque de due figlie” [Se qualquer das duas meninas], de La Cenerentola, de
Rossini.
Dramático
Juan Pons (1946)
Ária “Nemico della patria” [Inimigo da pátria]. Da ópera Andrea Chénier (1896), de Umberto
Giordano (1867-1948)
BAIXO
Baixo-barítono
Bryn Terfel (1965)
Canção “What a wonderful world” [Que mundo maravilhoso], de George David Weiss e Bob
Thiefe
Cantante-lírico
Feruccio Furlanetto (1949)
Ária “La calunnia è um venticello” [A calúnia é uma brisa], da ópera Il Barbieri de Siviglia (O
Barbeiro de Sevilha, 1816), de Rossini
Bufo
Enzo Dara (1938)
Ária “Se qualunque de due figlie” [Se qualquer das duas meninas], de La Cenerentola, de
Rossini.
Profundo
Kurt Moll (1938)
Ária “Ha, wie will ich triumphiren” [Ah, como vou triunfar], da ópera Die Enfürung aus dem
Serail (O Rapto no Serralho, 1782), de Mozart.
REFERÊNCIAS
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: Apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
XAVIER, Eduardo. A Voz Humana: pequeno guia prático. Maceió: Viva, 2020.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
6ª AULA
MADEIRAS
AUTOR HTTPS
FLAUTA Antonio https://www.youtube.com/watch?v=wJL23sBvVIU
Vivaldi –
Concerto para
flauta N 2 em
sol menor, RV
439, “La
notte”
Waldir https://www.youtube.com/watch?v=umGL_JG6a8M
Azevedo,
Pixinguinha e
outros
OBOÉ Tchaikovsky – https://www.youtube.com/watch?v=gTHnVDJB7eQ
Sinfonia N. 4,
2º Mov.
Mozart – https://www.youtube.com/watch?v=atfKC9RDsR0
Concerto para
oboé em dó
maior, K 314
OBOÉ D’AMORE Bach:
Concerto para
oboé d’amore
BWV 1055
CORNE-INGLÊS Dvorak – https://www.youtube.com/watch?v=cttABgeKEDw
Sinfonia N. 9
(“Do Novo
Mundo”), - 2º
Mov
CLARINETE Mozart – https://www.youtube.com/watch?v=o_gm0NCabPs
Concerto para
clarinete em lá
maior, K 622
CLARONE Agamenon de https://www.youtube.com/watch?v=cROJ4ChYha8
Moraes –
Dança No. 1
FAGOTE Mozart – (Mozart) https://www.youtube.com/watch?
Concerto para v=PYOPQuhdoQM
fagote e
orquestra, si
bemol maior,
K 191
https://www.youtube.com/watch?v=PS0wQQlj-Kk
https://www.youtube.com/watch?v=WXwKj_Jvf_s
CONTRAFAGOTE https://www.youtube.com/watch?v=pdBE5-fVC3I
METAIS
AUTOR HTTPS
TROMPA Tchaikovsky – https://www.youtube.com/watch?v=AUES5PA0ALg
Sinfonia N. 5, 2º
Mov
Mozart – https://www.youtube.com/watch?v=m2HRwa0-RNo
Concerto para
Trompa N. 1, em
ré maior, K 412
TROMPETE Teleman – https://www.youtube.com/watch?v=ufGl19HiAC0
PICCOLO Concerto para
trompete e
orquestra em ré
TROMPETE Joseph Haydn – https://www.youtube.com/watch?v=ZUZYoVw7moc
Concerto para
trompete e
orquestra em mi
bemol
You raise me up https://www.youtube.com/watch?v=lMW9EkIRadQ
(??)
TROMBONE Nikolai Rimsky- https://www.youtube.com/watch?v=SBVU_ejKHfI
Korsakov –
Concerto para
trombone
TROMBONE Eric Ewazen – https://www.youtube.com/watch?v=nY4tpb8O_Rg
BAIXO Balada para
trombone baixo,
harpa e cordas
BOMBARDINO Astor Piazzolla – https://www.youtube.com/watch?v=mf2uYqDX8QA
(EUFÔNIO - Café 1930
EUPHONIUM)
TUBA Monti - Czardas https://www.youtube.com/watch?v=fYOsNp4O7AU
TUBA Richard Wagner: https://www.youtube.com/watch?v=Bs9dMjf8wX4
WAGNERIANA Der meistersinger
von Nürnberg e
outras peças
CORDAS
AUTOR HTTPS
VIOLINO Johann Sebastian https://www.youtube.com/watch?v=KpYUaRg0aDw
Bach – Partita N
2, ré menor,
BWV 1004
Mozart – https://www.youtube.com/watch?v=DjFss6yEUVo
Concerto para
violino e
orquestra N 1,
em si bemol, K
207
VIOLA Bach – Suite N. https://www.youtube.com/watch?v=ZKxpRfybe1U
1 para viola solo
(transposição)
Max Bruch – https://www.youtube.com/watch?v=yw_q0k7sw_o
Romanze op 85
Carl Stamitz – https://www.youtube.com/watch?v=d_H68LQAnD8
Concerto para
viola em ré
maior
VIOLONCELO/ Bach – Suite N. https://www.youtube.com/watch?v=mGQLXRTl3Z0
CELLO 1 para cello solo
(original)
Joseph Haydn – https://www.youtube.com/watch?v=mooB5Q-0FIE
Concerto para
cello e orquestra
N. 1 em dó
maior
Joseph Haydn – https://www.youtube.com/watch?v=EO2YtU7amKI
Concerto para
cello e orquestra
N. 2 em ré maior
CONTRABAIXO Lief Ellis The Spite of Thöke
Serge https://www.youtube.com/watch?v=Nt8fgyHrqaM
Koussevitsky:
Concerto para
contrabaixo e
orquestra
PERCUSSÃO
AUTOR HTTPS
TÍMPANO https://www.youtube.com/watch?v=F2ObigqMV1U
Phillip Glass – https://www.youtube.com/watch?v=Lnw0IHgjE2E
Concerto
fantasia para
tímpanos
BATERIA https://www.youtube.com/watch?v=hAIJq7X_07w
BONGÔ https://www.youtube.com/watch?v=I9gzjPLh-IA
MARIMBA https://www.youtube.com/watch?v=qYtrnr4chfU
VIBRAFONE https://www.youtube.com/watch?v=gFKcMLGNBPY
(VIBRAPHONE)
SINOS Vaclav https://www.youtube.com/watch?v=dZfT-MN8czk
TUBULARES Neilhybel -
Introit
GONGO https://www.youtube.com/watch?v=aEWeR1Ape38
KODO Obra : O-Daiko https://www.youtube.com/watch?v=C7HL5wYqAbU
https://www.youtube.com/watch?v=b8kuXyVZ5v8
REFERÊNCIAS
BENNETT, Roy. Elementos básicos da música. Trad. Maria Teresa de Resende Costa. Revisão
técnica Luiz Paulo Sampaio. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, com reimpressão em 2007.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: Apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
7ª AULA
a cantata surgiu cerca de 1589 como uma “cantata pastorale” (cantata pastoral) para o
casamento de Cesare d’Este e Virginia de Medici. Sua estrutura é relativamente
simples: uma obra vocal com acompanhamento instrumental para coro e solos ou para
apenas solos.
Desenvolve-se em poucos movimentos, muitas vezes contrastantes entre si (como nas
suítes orquestrais), nos quais prevalece o texto de ação psicológica, não narrativo,
tratando da alegria, tristeza, temor, paz, etc.
É uma forma puramente barroca, de origem italiana, tendo se desenvolvido pari passu
com a ópera, possuindo muitos dos elementos formais desta, como os recitativos, árias,
ariosi, ariette e coros, escritos não para a cena teatral, embora com tanto ou mais
dramaticidade do que as obras para o palco.
Lobet Gott in seinem Reich, BWV 11 [Deus adorado em seu Reino] (1735), de Bach,
também conhecida como Oratório da Ascensão, uma obra de beleza inefável. Bach
escreveu para a Festa da Ascenção outras cantatas, as BWV 37, 43 e 128, mas apenas a
BWV 11 é tida como oratório.
o oratório é um termo de origem ligado ao correlato “casa de prece”. Trata-se de uma
ópera sem figurino, cenário, maquiagem, nem tampouco encenação, tendo em
Rappresentazione di Anima e Corpo um antecedente apenas histórico, não formal.
de início, possuía um texto evangelizador utilizado a serviço da Contrarreforma,
passando a ser uma performance artística em duas partes, com um sermão no meio.
Oratório foi uma palavra inspirada nos espaços de oração ligados à Igreja Católica em
Roma, como San Girolamo della Carità ou do Crocefisso. As obras neles inspiradas
ganharam, posteriormente, mais visibilidade junto aos membros da hierarquia da Igreja
e aos palácios da aristocracia. O tema religioso, a partir daí, foi cedendo espaço à
temática secular e o sermão que separava as duas seções passou a ser ocupado com
outras diversões.
“Jesu, mein liebstes Leben” [Jesus, Amado de minha vida] e “Jesu meine Freud und
Wonne” [Jesus, minha alegria e delícia], da Quarta Parte do Oratório de Natal, de Bach,
além de coros e outros ensembles vocais e instrumentais. A ária de alto “Bereite dich
Zion” [Prepara-te, Sião] é um exemplo típico de ária da capo, assim como em O
Messias, de Handel, a ária de soprano “Rejoice, greatly, o daughter of Zion” [Regozija-
te, ó filha de Sião].
A ópera seguiu no final do século XVI e início do XVII como forma musical de teatro
cantado, o modelo das antigas obras cênico-musicais ou melodramas: um argumento,
um texto poético (o libreto) e a música.
O recitativo expressa as falas entre as personagens, como, se no fundo, elas
pretendessem confessar algo à plateia, (como se a ária também não o fizesse!). Ele é a
fala explícita dita em alto e bom som, enquanto que a ária desenvolve o pensamento da
personagem que fala para si (com a conivência da plateia).
o recitativo secco (seco) ou semplice (simples) como o accompagnato (acompanhado)
possuem a função de quebrar o ritmo às vezes onírico, às vezes heroico das árias.
No recitativo seco, a voz é acompanhada por um cravo ou violoncelo, o mais das vezes,
ou até mesmo por ambos. Esses instrumentos vão seguindo a voz, dando-lhe suporte
harmônico para que ela não se perca nas mudanças de tonalidade, mudanças que
geralmente acontecem no percurso.
o recitativo acompanhado em algumas cantatas e oratórios (e, por óbvio, nas óperas
barrocas), nem sempre com os tutti orquestrais, mas com algum instrumento
extraordinário, como o órgão.
O arioso está presente em todas as óperas, mesmo que seja numa breve passagem. Do
Barroco ao Romantismo, ele serve para quebrar a monotonia do recitativo e equilibrar o
cantabile das árias. No longo recitativo acompanhado na Cena 3 de A Flauta Mágica, o
Orador (Sprecher) canta o arioso “Sobald dich fürht der Freudschaft Hand ins
Heiligtum zum ew’gen Band” [Tão rapidamente como a mão da amizade a te conduzir
para o santuário do eterno vínculo].
A ária e os ensembles vocais (duetos, trios, quartetos, etc) são os momentos mais
esperados da ópera, aqueles nos quais a audiência dá vazão aos seus sentimentos mais
sinceros de tristeza, alegria, furor, tenacidade, raiva e sossego. A ária é, antes de tudo, o
ápice da cena dramática, seguindo-lhe, por grau de importância, os ensembles.
O Lied, dentre as formas musicais vocais é, talvez, a canção na sua expressão mais
erudita, no sentido de apuro e concisão de forma e conteúdo. Isso tem a ver com o modo
como se desenvolveu ao longo do século XIX.
em síntese, a base do Lied: um poema musicado, a voz e um instrumento
acompanhador. Para Haydn, Mozart e Beethoven, o piano foi o instrumento que bem se
amalgama com a voz no chamado canto de câmara.
A exposição dos sentimentos, num Lied, não se dá pelos números expandidos de
compassos, mas pelo que se pode expressar em sentimentos da maior profundidade
possível. Já não cabem nessa forma musical o virtuosismo das fioriture e das volate, ou
as passagens de rapidez, como nas árias de concerto ou nas de ópera. Pede-se aos
cantores verdade interpretativa, concisão na emissão sonora, além de dicção impecável
e exclamação perfeita das palavras.
REFERÊNCIAS
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: Apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
8ª AULA
TEXTURA MUSICAL
Kamien (2007) e Bennett (1998) adotam a exposição das texturas musicais na sequência
histórica. Já Copland (1974) as adota seguindo o grau de complexidade, da mais
singela, a monofonia, à mais complexa, a polifonia, passando antes pela homofonia.
A textura musical, ao tempo em que técnica de escrita, é um dos mais importantes e
refinados artifícios utilizados na composição de uma obra, em todas as suas formas. Na
música, a textura mostra como uma melodia ou várias melodias simultâneas se
amalgamam, ou se sobressaem numa espécie de impressão “táctil” da obra musical.
monofonia, “um som”, ao primeiro tipo de textura no qual se salienta apenas uma
melodia, portanto sem nenhum acompanhamento. Pode ser uma melodia solo ou
cantada por várias pessoas ou tocada por vários instrumentos, na mesma altura,
separadas por uma oitava ou mais oitavas, contanto que seja uma melodia única. Uma
canção ou um solo de flauta desacompanhado é uma melodia tratada monofonicamente;
a mesma canção cantada por um coro em uníssono ou executada por várias flautas,
violinos, clarinetes, ou outros instrumentos, em uníssono, também é monofônica.
segundo tipo, no qual se mesclam e interpenetram várias melodias simultaneamente, dá-
se o nome de polifonia, “muitos sons”. Existe, neste caso, uma melodia principal
seguida de várias outras secundárias, executadas ao mesmo tempo e que em termos
harmônicos se combinam. Muitas pessoas, em grande parcela, estão habituadas a ouvir
monofonicamente e quando se deparam com uma textura polifônica, o estranhamento é
natural.
a audição mais “apurada” – treinar a audição –, pois exige maior atenção e, sobretudo,
maior sensibilidade para o que se ouve: as vozes estão misturadas e quando nos
apercebemos de uma delas, por conta de sua melodia, tendemos a segui-la e, então, as
outras se perdem. De fato, não estamos acostumados a ouvir polifonicamente.
Abertura da Quinta Parte do “Oratório de Natal”, “Ehre sei dir, Gott, gesungen”
[Cantemos, ó Deus! Tua glória], de Bach. Basta acompanhar as melodias dos dois
oboés d’amore e o movimento agitado do primeiro violino. As duas melodias dos oboés
configuram, em certos trechos, a textura polifônica,
a homofonia ou “sons iguais”, numa tradução muito literal e distante do que significa
na verdade o termo, é aquele na qual uma melodia principal é acompanhada por blocos
sonoros, ou acordes. A homofonia vem a ser a ênfase de uma melodia que, para o seu
acompanhamento, faz-se necessária uma sucessão de acordes ou blocos sonoros
“condizentes” com o que ela dita. É o que se chama de harmonia vertical.
A música barroca se notabilizou por salientar essa animação vertical em apoio à
melodia. Adagio do Concerto N. 2, em sol menor, “O Verão”, RV 315, de As Quatro
Estações, de Vivaldi, é iniciar-se na compreensão da textura homofônica. Enquanto o
violino solo executa a sua melodia ondulada e florida, as cordas executam pequenos
acordes aqui e acolá e, de quando em vez, pequenas tempestades sonoras, retomando
em seguida a calma.
REFERÊNCIAS
BENNETT, Roy. Elementos básicos da música. Trad. Maria Teresa de Resende Costa. Revisão
técnica Luiz Paulo Sampaio. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, com reimpressão em 2007.
KAMIEN, Roger. Music, an appreciation. New York: McGraw-Hill, 2007.
COPLAND, Aaron. Music and imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library: 1963.
_______________. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
9ª AULA
O rondó é uma forma muito antiga e seu encanto reside na sua característica principal, a
repetição. Tem o significado de roda, de dança ou cantiga de roda, cujo nome remonta
ao latim rondellus, ou ao francês ronde ou rondeau;
Possui esquema constitutivo muito simples: a partir de uma seção A que é intercalada
por uma seção B, voltando à A que será seguida de uma seção C, voltando novamente à
A, podendo tomar o seguinte formato: ABACA ou até ABACADA, etc. No fundo, o
compositor determina o número de repetições, possuindo estas a forma de estribilho ou
refrão (A), intercalando-se as outras seções com as coplas (B, C, D, etc);
Copland (1974) afirma que o recurso da repetição, como o do rondó, é usado mais pela
música do que pelas outras artes, por uma razão simples: a música possui certo caráter
“amorfo”, o que eu traduziria também por caráter fluído, por isso, passível de ser pouco
absorvido em primeira audição, daí a repetição;
O primeiro e mais elementar tipo de repetição, num rondó, é aquele chamado de
repetição exata, cujo esquema pode ser representado por AAA; Der Vogelfänger bin ich
ja!, ária de Papageno na Flauta Mágica de Mozart;
O segundo tipo de repetição é a seccional, representada pelos esquemas formais
seccionais binários e ternários. A forma seccional binária se caracteriza pela fórmula
AB e pela sua repetição em AABB. Uma obra que a caracteriza é a Première Courante
[Primeira Corrente], do Livre I des Pièces de Clavecin [Livro I das Peças para Cravo]
(1713), de François Couperin (1668 - 1733);
A forma seccional de repetição ternária é ilustrada pelo minueto na fórmula ABA’, ou
seja, após o minueto (A), segue-se um trio contrastante (B), retornando o minueto (A’)
ao final. Exemplo claro dessa fórmula é o Menuetto, segundo movimento do Quarteto
N. 2 em fá maior, op. 77, Hob III: 82 (1799), “Lobkowitz”, de Haydn;
REFERÊNCIAS
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library, 1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
10ª AULA
Tem sua origem no cânone, embora de estrutura formal complexa é, por outro lado,
de fácil audibilidade: o tema é insistentemente repetido por todas as vozes ao longo
da obra, de modo muito engenhoso, causando uma sensação de desprendimento,
busca, fuga, como o próprio termo assente, enfim.
Copland (1974) fala da raridade das fugas a duas ou cinco vozes.
Como se trata de uma forma polifônica, o ouvinte será levado a ouvir duas ou mais
vozes simultaneamente. Desse modo, tentar separá-las, ouvindo-as uma a uma,
retomando o processo com a próxima voz e ainda outra voz, é um excelente
exercício de audição polifônica.
O tema, numa voz, é denominado sujeito (S) e o que vem a ser considerado o
segundo tema, nessa mesma voz, chama-se contrassujeito (CS). Quando uma voz
imita a outra, chama-se de resposta exata àquilo que foi “enunciado” pela anterior.
Existem também fugas nas quais a reposta difere da pergunta, seja uma reposta por
variação ou mesmo sem conexão temática com a pergunta, como é o caso da fuga
In te Domine speravi [Em Ti, Senhor, esperei], do Te Deum(?), de Luís Álvares
Pinto (1719 – 1789) ou a fuga Cum sanctis tuis in aeternum [Com os Teus santos
pela eternidade], finale do Agnus Dei do Requiem K 626 (1791), de Mozart.
Numa fuga a quatro vozes, após a primeira voz ser ouvida desacompanhada, surge a
segunda que tem que aguardar um determinado intervalo de tempo para iniciar a sua
apresentação, em consonância com primeira. Aparece a terceira, após aguardar o
seu tempo para entrar em consonância com as duas anteriores, surgindo depois a
quarta. Após a apresentação do sujeito e do contrassujeito em cada voz, haverá um
curto espaço de transição (T) no qual aparecerá a chamada voz livre (VL) que
desenvolverá outras ideias. Geralmente, finalizado o desenvolvimento da voz livre,
cada voz reapresenta o sujeito ou parte dele, como a reafirmá-lo o soberano da obra.
ESQUEMA FORMAL DE UMA FUGA A QUATRO VOZES
I S..CS……T…VL………S..CS………S..CS…….......S.........STRETTO-CADENZA
II resposta: S..CS……T…VL……S...CS………..S..................STRETTO-CADENZA
III S..CS……T…VL………..S.CS …….. ……STRETTO-CADENZA
IV resposta: S..CS....T.....VL…S.....CS...........STRETTO-CADENZA
ESQUEMA SIMPLIFICADO SEM (T) E (VL)
I S.............................S...........................S.............................S....STRETTO-CADENZA
II resposta: S.............…..........…S...............................S.............STRETTO-CADENZA
III S.............…....………..……..S.....................STRETTO-CADENZA
IV resposta: S....................….......S.................STRETTO-CADENZA
REFERÊNCIAS
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library, 1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
ICHCA – CURSO DE MÚSICA
APRECIAÇÃO MUSICAL
PROF. DR. EDUARDO XAVIER
11ª AULA
Após o allegro-sonata inicial, é de praxe que lhe sigam mais dois ou três
movimentos, segundo a ordenação beethoveniana da sonata para piano: um
andante ou adagio, um scherzo ou allegro e, por fim, um allegro ou presto na
forma rondó, ou na sinfonia, mais três movimentos de acordo com Haydn; no
concerto, mais dois;
REFERÊNCIAS
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library, 1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
A MÚSICA DE CÂMARA
REFERÊNCIAS
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library, 1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
REFERÊNCIAS
COPLAND, Aaron. Music and Imagination. 2ª impressão. New York: The New American
Library, 1963.
COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender Música. Trad. Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro:
Artenova, 1974.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva, 2017.
Como formas sinfônicas livres estão nessa categoria inseridas aquelas que não possuem
um allegro-sonata como o concerto e a sinfonia clássicas; desse modo, os poemas
sinfônicos ou música programática, as aberturas, danças e outras peças estão nessa
categoria incluídas;
A música de programa ou música programática foi uma criação do século XIX,
mas se voltarmos ao madrigal Sumer is icumen in, a música tende a suscitar as
imagens que as palavras sugerem. Mas a música de programa está mais para a
música instrumental e o termo não se aplica ipsis litteris à música com palavras,
embora as árias de ópera e o Lied tenham colaborado imensamente para o
desenvolvimento da música descritiva;
Exemplos de música instrumental de caráter programático não faltam, como
as famosas As Quatro Estações, de Vivaldi. Segundo Candé (1990), a obra é
baseada em quatro poemas, possivelmente do próprio compositor, representando
cada um uma estação do ano, ou a “Pastoral” beethoveniana;
Rossini pretendeu representar a natureza e a ação humana na abertura da ópera
Guillaume Tell (1831);
Beethoven antecipou em décadas as obras programáticas de Berlioz e também
Liszt, com a sua pouco lembrada sinfonia Wellingtons Sieg oder die Schlacht
bei Vittoria, op. 91, conhecida como “A Vitória de Wellington” ou “A Batalha
de Vittoria”, composta, em 1813, especialmente para celebrar a vitória do
general inglês Duque de Wellington sobre Napoleão, em 21 de junho de 1813,
marcando o declínio do imperador francês;
O poema sinfônico é uma forma essencialmente sinfônica prestando-se, com
justeza, à associação com a literatura, seja um conto, um poema ou um simples
roteiro a partir de uma lenda. Mas as fontes de inspiração são várias, da literatura
à pintura;
REFERÊNCIAS
CANDÉ, Roland de. Vivaldi. Trad. Luiz Eduardo de Lima Brandão. São Paulo: Martins
Fontes, 1990.
XAVIER, Eduardo. Apreciação Musical: apontamentos e discussões. Maceió: Viva,
2017.