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Junho, 2023
Feira de Santana-BA
Beatriz Moura, Larissa Alecrim, Lillian Mariane e Natália Santos
Junho, 2023
Feira de Santana - BA
As políticas públicas são um conjunto de processos, sendo estes, ações, programas,
medidas e iniciativas, criadas pelos governos, sejam eles, nacionais, estaduais e municipais.
Tem por finalidade trazer benefícios para diversos grupos, com incentivo da participação de
entes privados e públicos, para assegurar os direitos da população, aqueles previstos na
Constituição Federal de 1888, como exemplo a saúde, educação, lazer, moradia, trabalho,
segurança, entre outros.
É neste sentido, que procuramos através deste, fazer a análise do Programa “Minha Casa
Minha Vida", um projeto que nasceu no governo de Lula em 2009, considerado o maior
programa habitacional do país e buscar compreender através de levantamento bibliográfico,
todo o processo de criação e instalação no Brasil, além disso, com o intuito de discutir os
problemas encontrados, a fim de torná-la mais efetiva.
Podemos destacar os tipos de políticas públicas, que são elas, as distributivas destinadas
a apenas uma parte da população, redistributivas que tem por finalidade redividir os recursos
para uma parte da população, a partir da retirada do recurso do financiamento de todos, as
regulatórias que devem regular o funcionamento do Estado e as constitutivas que servem para
regular as próprias políticas. Logo, o programa Minha Casa Minha Vida é uma política
pública que se adequa nas distributivas.
O Programa Minha Casa Minha Vida foi criado em 2009, pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, e é vista como a maior política habitacional brasileira. Durante seus 11
anos de execução, o programa passou por quatro mandatos presidenciais, dando início com
Lula (2003-2010), em seguida, Dilma Rousseff (2010-2016), Michel Temer (2016-2018) e
Jair Bolsonaro (2018-2022), teve a sua execução organizada em fases, modalidades e faixas
de renda.
O programa Minha Casa, Minha Vida, foi criado no intuito de solucionar o problema
do déficit habitacional no Brasil, um levantamento de pesquisa realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística em 2008 indica que havia um déficit de 7,9 milhões de
moradias, cerca de 21% da população brasileira naquele ano. O déficit habitacional consiste
em um estimado número de famílias sem moradias ou que vivem em condições insalubres em
determinado lugar, dessa maneira, “É somente a partir dos anos 2000, sob o governo do
Partido dos Trabalhadores, que o Estado retoma a estratégia de investimento direto no setor
via políticas públicas, sendo o PMCMV o principal exemplo nesse sentido” (Lago, 2012;
Cardoso, 2013).
O programa criado pelo governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT) fundou-se em
Março de 2009 com o objetivo de ajudar as pessoas a financiarem o seu próprio imóvel tanto
em áreas urbanas quanto em áreas rurais, oferecendo subsídio e taxas de juros abaixo das
propostas pelo mercado, de modo que facilitasse a compra do mesmo.
Para que a implementação do programa ocorra, conta com o apoio dos Ministérios das
Cidades, também o Ministério da Fazenda, Ministério do planejamento orçamento e gestão,
os Distritos federais, municipais e estaduais e as empresas de construções civis, são todos
entidades que vão garantir o pleno funcionamento, gestão e diretrizes do programa.
O programa Minha Casa, Minha vida, visa atender o público de baixa renda
financeira, obtendo no máximo a faixa de renda mensal de R$ 8 mil reais, ressaltando que
este valor não inclui benefícios temporais, assistenciais ou previdenciários. Desse modo, as
famílias devem se inscrever no programa de acordo com sua renda, onde vai adquirir o
subsídio cujo o objetivo seria auxiliar nas parcelas de financiamento do ímovel, diminuindo o
valor através de descontos nas parcelas e possibilitando a compra, será dividido em
exatamente três faixas urbana e rural de acordo com a renda mensal da família. As urbanas e
rurais se diferenciam no processo, sendo a primeira urbana a faixa 1 que consiste em auxiliar
as famílias cuja renda mensal até R$ 2.640, a faixa 2 renda bruta mensal de R$ 2.640 a R$
4.400, e a faixa 3 renda bruta mensal de R$ 4.400 até R$ 8.000. E para as famílias residentes
nas zonas rurais, faixa 1 tendo a renda bruta anual de até R$ 31.680, faixa 2 de R$ 31.680 até
R$ 52.800, e faixa 3 renda bruta anual de R$ 52.800 até 96.000.
Segundo o Blog Politize, “ o imóvel a ser financiado deve respeitar um teto máximo
de valor, que varia de acordo com cada cidade. No Distrito Federal, em São Paulo e no Rio de
Janeiro, por exemplo, o imóvel deve ser avaliado em no máximo R$ 240 mil. Já nas capitais
do Norte e do Nordeste o teto limite é de R$ 180 mil", sendo assim o programa trata-se de
uma política que prioriza atender a todos os brasileiros que não tenham condições estáveis,
oferecendo oportunidades para que os mesmos tenham direitos a condições dignas de
moradia como visa a constituição federal “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o
trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Dessa maneira, o programa
conta com o auxílio financeiro de entidades das instituições municipais, estaduais, federais e
empresas, além de contribuir com o ramo da engenharia civil é um programa influente na
economia brasileira.
Principais Mudanças
No atual governo Lula (2023) há uma retomada do programa Minha Casa Minha
Vida, começando pela retomada das obras que estavam paradas desde o governo anterior, que
são aproximadamente 186,7 mil obras em todo o Brasil. A principal mudança nessa retomada
do programa é o retorno da Faixa 1, que agora é voltada para famílias com renda bruta de até
R $2.640. Anteriormente, a renda exigida era de R $1.800,00.
Cunha (2012), também nos adverte que entre os pontos de superação em relação às
políticas anteriores, está a atenção dada às famílias inseridas na faixa de renda entre 0 e 3
salários mínimos. Isso significa um avanço muito grande diante da sociedade extremamente
desigual e em que, imposto pelo "status quo" da sociedade os menos favorecidos não são
contemplados como deveriam com os direitos sociais "saúde, alimentação, trabalho e moradia
(...) E o Estado que deveria zelar por esses direitos é um dos agentes responsáveis pela
perpetuação desse tipo de descaso para com a população menos favorecida, pois se os fluxos
da globalização reduzem ou impedem também a ação efetiva das políticas públicas, diante da
capacidade estatal de intervir e acaba sendo conivente, é porque seus agentes compactuam
com os objetivos das empresas e outros órgãos privados que aparecem como agentes
expressivos na construção da ordenação e da centralidade.”
Este projeto também teve impactos positivos na economia do Brasil na época de sua
construção. Ela foi fundamental no enfrentamento da crise mundial de 2008 e passou a ter um
papel importante para atenuar os efeitos da crise registrada desde 2004 no Brasil, isso devido
a sua capacidade de gerar renda, emprego e arrecadação para o governo.
Somado a isto, as obras geraram 3,5 milhões de empregos por ano, em média,
segundo dados da CBIC (Câmara Brasileira da indústria da construção). Desse modo, foram
gerados R$105,6 bilhões em tributos indiretos, somando R$163,4 bilhões de maio de 2009 a
junho de 2018, segundo relatório da FGV para a Abrainc. A arrecadação proporcionada pelo
Minha Casa Minha Vida ao longo de 9 anos superou a soma dos subsídios dados no período.
O programa também tem peso importante no mercado imobiliário. Em 2018 representou 75%
das unidades habitacionais lançadas e 78% das unidades vendidas, segundo informações da
Abrainc (Associação Brasileira de incorporadoras imobiliárias).
Um dos fatores negativos da Minha Casa, Minha Vida é a localização das construções
que têm os seus locais escolhidos pelas construtoras que decidem a localização do
empreendimento, orientadas pela lógica financeira, elas constroem em terras baratas situadas
em locais periféricos e até em antigas áreas rurais, acessíveis por vias únicas, o que acaba
dificultando o acesso ao trabalho, a educação, saúde e transporte.
Além de apresentar habitações precárias com poucos cômodos onde precisam abrigar
famílias com um grande número de pessoas. Esse fator acaba prejudicando a qualidade de
vida e a possibilidade de bem estar dos residentes. Nesse sentido, Balbim e Lima Neto
(2013), revelaram que o PMCMV vai formando/configurando seu espaço, não se
contrapondo a geografia que explica o processo de urbanização brasileiro, de assentamento
dos mais pobres em periferias distantes, com o ônus individual de conseguir os demais meios
de reprodução da vida.
Apesar dessa política pública ter sido implementada, ainda temos um contingente
grande de déficit habitacional no Brasil. Muitas famílias ainda vivem em condições precárias,
tendo que pagar aluguel para possuírem moradias.
Avaliação
Portanto, entende-se que o PMCMV é reconhecido por trazer inovação social nas
políticas habitacionais, e mantém uma lógica durante todos esses anos de sua existência,
podemos citar: a financeirização da moradia com predominância dos interesses do mercado; a
massificação dos projetos, que desconsidera os diferentes arranjos familiares; a fragilidade
dos instrumentos de indução federal, tornando a implementação do Programa muito
dependente das capacidades dos atores locais; a desconsideração de outras estratégias de
combate ao déficit habitacional, como a regulação do aluguel; além da construção de
habitações em desconexão com políticas reguladoras do uso do solo, como Planos Diretores
(Moreira, 2016).
Extinção: o fim da maior política pública habitacional brasileira
Conclusão
Em 2020, sob a gestão de Jair Bolsonaro o PMCMV, foi substituído pelo Casa Verde e
Amarelo, que alterou alguns pontos do programa original, mas mantinha o mesmo objetivo
de facilitar o acesso de moradias para famílias de baixa renda, importante ressaltar que em
2020 o investimento foi o menor da história, o que tinha a vista era justamente acabar com o
maior programa habitacional do país, é necessário pautar que ainda estávamos passando por
uma crise econômica e sanitária devido a pandemia do covid-19, que vitimou mais de meio
milhão de pessoas e deixou outras em condições socioeconômicas desfavoráveis, fomentando
o cenário de disputas entre atores, interesses e ideias.
Em fevereiro de 2023, Lula assinou uma medida provisória para retomar o Minha
Casa, Minha Vida. Embora o programa não tenha gerado um impacto significativo no déficit
habitacional, esse seria ainda maior se não fosse por essa política, além disso, é de suma
importância que as famílias de baixa renda acessem o direito à moradia, previsto na
constituição.
Referências Bibliográficas
SOUZA, Isabela. Entenda o Programa Minha Casa, Minha Vida. Disponível em:
https://www.politize.com.br/minha-casa-minha-vida-entenda/.Acesso em: 01 jun. 2023.
Amore, C. (2015) “Minha Casa Minha Vida” para iniciantes. In: C. Amore, L. Shimbo & B.
Rufino (orgs) Minha casa... e a cidade? Avaliação do programa Minha Casa, Minha Vida
em seis estados brasileiros. Rio de Janeiro: Letra Capital, pp. 11-27.
Governo Federal. Lula retoma Minha Casa, Minha Vida e avisa: “A roda gigante desse
país começa a girar a partir de hoje”. Disponível em:
https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2023/02/lula-retoma-minha-casa-minha-v
ida-e-avisa-201ca-roda-gigante-desse-pais-comeca-a-girar-a-partir-de-hoje201d. Acesso em:
30 maio. 2023.
EUCLYDES, Fillipe Maciel, et.al. O processo de política pública do “Minha Casa, Minha
Vida’’: criação, desenvolvimento e extinção. Rev. Sociol. Polit. 2022.