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DESCONTINUIDADE SEM RUPTURA: AS REFORMAS EDUCACIONAIS DE


BENJAMIM CONSTANT E FRANCISCO CAMPOS

Taís Delaneze
Universidade Federal de São Carlos

RESUMO

Este trabalho faz um estudo analítico e comparativo de duas reformas propostas ao ensino
escolar brasileiro e a conjuntura em que se inseriu a ação de cada um dos dois reformadores
e agentes históricos em questão: Benjamim Constant e Francisco Campos. A Reforma
Benjamim Constant (1891) e a Reforma Francisco Campos (1931) vieram no bojo de duas
transformações políticas: a Proclamação da República e a Revolução de 1930. O recorte
temporal está situado, portanto, no interregno de 1889 à 1931 – data do primeiro evento
político citado e da implantação de segunda reforma educacional mencionada. O elemento
norteador da pesquisa é a questão da descontinuidade e da ruptura: o que caracterizou
mudança e o que significou permanência do status quo. Isso que diz respeito tanto às
reformas, quanto ao panorama político no interior da qual elas forma germinadas. Os
materiais utilizados na pesquisa são fontes documentais, os decretos-lei que corporificaram
as reformas; e fontes bibliográficas, obras expressivas para o entendimento dos
acontecimentos políticos, econômicos e sociais da chamada República Velha e do início da
Segunda República e da história da educação brasileira do período. O tratamento teórico-
metodológico do objeto de investigação está pautado na idéia de historicidade e na íntima
relação de interdependência dos fenômenos sociais. Busca-se o significado de cada fato
histórico dentro do conjunto de situações que determinam o contexto. Trata-se do emprego
do princípio de totalidade, ou seja, reconhecer a existência de um processo contínuo de
interação das partes com o todo. No caso desta pesquisa, os procedimentos metodológicos
definidos implicam no estabelecimento de inter-relações entre a questão educacional e a
conjuntura da época. A Proclamação da República foi um movimento de cúpula, feito à
revelia do povo e que não marcou uma ruptura. O ideal republicano de democracia,
caracterizado aqui como a participação popular na eleição de seus governantes, não foi
consolidado até 1930. A participação popular nas decisões políticas era ínfima. Em 1889,
portanto, o Brasil tornou-se um país republicano e sem participação política, através do
voto, da grande maioria dos “cidadãos” brasileiros. Da mesma maneira, a Reforma
Benjamim Constant, resultado desse processo, não conseguiu superar os preceitos da velha
ordem. A reforma tinha como princípios a liberdade e a laicidade do ensino, bem como, a
gratuidade da escola primária. Tinha também o intuito de acabar com os preparatórios e os
exames parcelados, estabelecendo para o ensino médio, um currículo formativo e em regime
seriado. Tal como a República não consolidou a democracia, a reforma não consolidou o
currículo científico e formativo, rompendo com o academicismo e com os ditos
preparatórios. E muito menos, assegurou a educação popular. Éramos um país de
analfabetos e nada democrático, no que concerne às decisões e participações políticas.
Tínhamos uma sociedade excludente, portanto, uma educação também excludente. No caso
da Revolução de 1930, a mudança resumiu-se mais ao controle gerencial do aparelho do
Estado sem, contudo, alterar substancialmente a natureza sócio-econômica dos grupos
sociais que detinham o poder. Ironicamente, uma “revolução” cruenta e inconciliatória
conduziria o país ao exercício da cidadania: o voto secreto e a justiça eleitoral.
Paradoxalmente, não havia escola para todos ou o acesso não era permitido a todos. O
exercício da cidadania estava garantido, através do voto. Mas a educação não estava
garantida, através da escola. A Reforma Francisco Campos efetivou-se por uma série de
decretos. Deu uma estrutura orgânica ao sistema de ensino, impondo pela primeira vez uma
reforma a todo território nacional. No caso do ensino secundário, ele deveria extinguir os
exames parcelados e estabelecer definitivamente o currículo seriado e enciclopédico.
Deveria ser formativo e não preparatório para o ensino superior. Os idealistas da Revolução
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de 1930 esqueceram de popularizar a educação: os exames de suficiência tornaram-se um


instrumento para conter o “estouro” do sistema bloqueado àqueles que não tinham a mesma
genealogia dos ex-senhores de escravos. Além de que, o próprio sistema de avaliação do
ensino secundário era excessivamente rígido, dando a tônica de sua extrema seletividade.
As políticas educacionais, aqui mencionadas, guardaram práticas dos sistemas anteriores:
ora na forma, ora no conteúdo e, nos dois momentos, no fato da exclusão popular. Da
mesma forma na história do Brasil, revolução não foi sinônimo de total ruptura com a
ordem estabelecida.

TRABALHO COMPLETO

1. Introdução

Este trabalho faz um estudo analítico e comparativo de duas reformas propostas ao


ensino escolar brasileiro e a conjuntura em que se inseriu a ação de cada um dos dois
reformadores e agentes históricos em questão: Benjamim Constant e Francisco Campos. A
Reforma Benjamim Constant (1890) e a Reforma Francisco Campos (1931-32) vieram no
bojo de duas transformações políticas: a Proclamação da República e a Revolução de 1930.
O elemento norteador da pesquisa é a questão da descontinuidade e da ruptura: o que
caracterizou mudança e o que significou permanência do status quo. Isso no que diz respeito
tanto às reformas, quanto ao panorama político no interior da qual elas foram germinadas.
A análise inicia-se com os antecedentes do episódio de 15 de novembro de 1889: uma
breve exposição do sistema político da Monarquia; o florescimento das idéias republicanas;
e a queda sucessiva dos pilares de sustentação do antigo regime, como um castelo de cartas.
Em um segundo momento, as análises giram em torno da composição política da
Primeira República, os acordos firmados entre os donos do poder, as mudanças e o legado
do sistema anterior. Posteriormente, o trabalho aborda o personagem Benjamim Constant,
tido como o fundador da República, e que foi o primeiro a ocupar o cargo da recém-criada
Secretária de Negócios da Instrução Pública, Correios e Telégrafos e, portanto, o primeiro a
promover uma reforma no ensino.
Em seguida, a abordagem direciona-se à análise da derrocada da República Velha pela
dita “Revolução de 1930”. A grande questão é o que ela significou, em termos de
transformações, em relação ao antigo estatuto político. Em conseguinte, é realizada uma
abordagem sobre o pensamento político e pedagógico de Francisco Campos. Tendo em vista
a conjuntura, avalia-se a suas ação e questiona-se, mais uma vez, a permanência ou a
ruptura de suas práticas com relação ao modelo anterior.
Por último, busca-se o significa real do conceito de revolução e de que modo ele se
aplica ao caso brasileiro, no período em questão.

2. O Prelúdio republicano

A Constituição imperial, promulgada dois anos após a emancipação política de


Portugal, determinou que o Brasil teria um sistema político monárquico, hereditário e
constitucional. Neste sistema, eram eleitos deputados e senadores por eleições indiretas e
pelo voto censitário.
Uma parcela de homens livres e com renda anual de 100 mil réis constituía os votantes,
aqueles que escolhiam um corpo eleitoral nas chamadas eleições primárias. Os eleitores, por
fim, elegiam os deputados e os em uma lista tríplice, em cada província, da qual um nome
seria escolhido diretamente pelo Imperador.
A Constituição definiu, ainda, um quarto poder – o chamado neutro ou moderador –
exercido direto pelo Imperador. Segundo FAUSTO (2001, p.81), a idéia de um poder
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moderador provinha do escritor francês Benjamim Constant1, cujos livros eram lidos por
Dom Pedro e por muitos políticos da época. Ele defendia a separação do Poder Executivo,
cujas atribuições caberiam aos ministros do rei e ao poder imperial. No Brasil, o poder não
ficou claramente separado do Executivo, resultando numa concentração de atribuições nas
mãos do Imperador.
O Ato Adicional à Constituição de 1824, a Lei de 12 de agosto de 1834, suspendeu o
poder moderador durante todo o período regencial. Mas a lei foi revogada no começo do II
Reinado, restituindo o poder centralizador para quem detinha as atribuições do poder
moderador.
Em fins de 1830, delinearam-se dois partidos, o Liberal e o Conservador, mas sem
grandes divergências ideológicas. No poder, ambos se comportavam da mesma maneira.
Tanto que ficou célebre uma frase atribuída ao político pernambucano Holanda Cavalcanti:
“Nada se assemelha mais a um ‘saquarema’ do que um ‘luzia’ no poder.” 2
Surgiram vários especialistas em burlar as eleições. Na definição de CARVALHO
(2002, pp.33-34), o “cabalista” era o responsável por incluir o maior número possível de
partidários de seu chefe na lista de votantes. Um ponto de inclusão ou exclusão era a renda.
Cabia ao “cabalista” fornecer a prova. No geral era o testemunho de alguém pago para jurar
que o votante tinha renda legal.
O “fósforo” comparecia às eleições para se passar pelo verdadeiro votante, inclusive
quando da morte deste.
O “capanga eleitoral” protegia os partidários e, sobretudo, ameaçava e amedrontava os
adversários, se possível impedindo que comparecessem à eleição.
No caso de não haver comparecimento de votantes, a eleição se fazia assim mesmo.
Eram as chamadas eleições feitas “a bico de pena”.
Em 1870, surge o Manifesto republicano. Ele se limitava a criticar os defeitos do
regime: o poder moderador; o sistema eleitoral; a centralização do poder, erguendo a
bandeira do federalismo como questão central e fundamental das aspirações republicanas. A
maior parte destas idéias pertencia ao Partido Liberal. A diferença estava em que os
republicanos afirmavam que só a república poderia colocá-las em execução.
De acordo com BASBAUM (1928, p.216), o Manifesto não convencia a ninguém. Os
que aderiram ou faziam por já serem republicanos ou por serem simplesmente contra a
Monarquia. De fato, o Partido Republicano Paulista, por exemplo, fundado em 1872,
transformou-se em asilo dos descontentes do regime.
Quando a Lei Áurea foi sancionada, houve até os chamados republicanos de “14 de
maio”, aqueles que integraram o partido por não receberem nenhuma indenização pela
libertação de seus escravos.
No último quartel do século XIX, o café já era o principal produto de exportação e o
poderio econômico passou dos senhores de engenho para os grandes barões do café. Em São
Paulo, os cafeicultores do Oeste paulista3 estavam politicamente organizados no Partido
Republicano Paulista.
O Partido Republicano era o reduto de diversas matizes ideológicas. Eram diferentes os
motivos que levavam seus integrantes a engrossarem as fileiras republicanas e diferentes as
formas que pensavam em conduzir o fim no regime e o estabelecimento da nova ordem
política.
Em 1887, os oficiais organizaram o clube Militar como associação permanente para
defender seus interesses, sendo Deodoro da Fonseca eleito presidente.

1
O Benjamim Constant citado não é o militar envolvido no movimento republicano brasileiro e que
constitui parte do objeto de estudo deste trabalho.
2
Saquarema foi o nome que se tornou comum para designar os conservadores. Luzia foi o nome que se
tornou comum para se referir aos liberais.
3
Neste período, a produção do Vale do Paraíba começou a declinar, seguindo direção inversa da
produção do Oeste paulista.
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A insatisfação militar e a propaganda republicana cresciam. Divergências com a Igreja


acabaram minando a relação entre o trono e o altar. Havia a impossibilidade de um III
Reinado, não pela Princesa Isabel, mas pela impopularidade de seu marido Conde D’Eu. E
por fim, a abolição da escravatura ruiu o último pilar de sustentação da Monarquia - as
oligarquias rurais.
A 11 de novembro de 1889, figuras civis e militares, como Rui Barbosa, Benjamim
Constant, Aristide Lobo e Quintino Bocaiúva, reuniram-se com o Marechal Deodoro,
tentando convence-lo a liderar um movimento contra o regime. O Marechal estava
descontente como o novo chefe de gabinete, Visconde de Ouro Preto, e com suas reformas e
nomeações.
Nas primeiras horas da manhã de 15 de novembro de 1889, Deodoro assumiu o
comando da tropa e marchou rumo ao Ministério da Guerra. A partir daí a cena é descrita
por FAUSTO (2001):

“Seguiu-se um episódio confuso, para o qual existem versões diversas, não


se sabendo ao certo se naquele dia Deodoro proclamou a República ou
apenas derrubou o Ministério. Seja como for, no dia seguinte a queda da
Monarquia estava consumada.” (p.132)

O fato é que a República mal esperou o amanhecer e nasceu da iniciativa quase


exclusiva do Exército.

2.1 O novo regime político: a derrocada do último trono das Américas

“O Povo brasileiro assistiu a proclamação de república,


achando que se tratava de uma parada militar.”
Aristides Lobo

Existia um Partido Republicano, mas não foi este que proclamou a república.
Quem o fez foi o Exército, num episódio que muitos chamaram de quartelada e que
ocorreu sob a mais absoluta indiferença popular.
O ano escolhido, coincidência ou não, foi o centenário da Revolução Francesa.
Mas segundo CARVALHO (1990, p.10), diferentemente do modelo europeu, as
ideologias republicanas, no Brasil, embora não negasse o envolvimento, permaneciam
enclausuradas no círculo fechado das elites educadas.
O Exército, em seu conjunto, não era republicano. De acordo com BASBAUM
(1986, p.13), quem assume a responsabilidade do golpe militar é um distinto oficial do
exército, o mais graduado, e que em toda sua vida fora monarquista e amigo do
Imperador.
Deodoro, chefe do governo provisório, venceu as eleições indiretas, em parte,
devido à ameaça armada. Durante seu governo constitucional, continuam os atritos;
contra o espírito caudilhesco e ditatorial do Marechal, houve um levante de navios na
Guanabara e ele renunciou para evitar uma guerra civil.
Não menos caudilhesco foi Floriano Peixoto, o vice-presidente que assumiu o
poder. Ele chegou a decretar estado de sítio, mas conseguiu governar até as primeiras
eleições diretas para presidente.
O governo Prudente de Morais marcou o fim da República da Espada (ou dos
Marechais) e a subida das oligarquias no poder. De Prudente a Washington, com
algumas exceções, as sucessões presidenciais foram um processo monótono em que os
dois maiores estados de representatividade econômica se revezavam no poder – São
Paulo e Minas Gerais – baseados no acordo firmado entre eles, denominada de política
“Café com Leite”.
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Em consonância com CARONE (1969, P.288), a Primeira República foi o


período em que os senhores do café ascendem ao poder, alcançam a plenitude e depois
declinam para seu ocaso.
A “política dos governadores” foi outra artimanha dos grupos no poder para o
bom funcionamento da máquina eleitoral. Ela causou uma deturpação do federalismo e
desencadeou o famigerado fenômeno do coronelismo.
CARVALHO (2002, P.56) advoga que o coronelismo não foi apenas um
obstáculo ao livre exercício dos direitos políticos. Ele também negava os direitos civis.
O coronel dava seu apoio político ao governador em troca da indicação de autoridades
como o delegado de polícia, o juiz, o coletor de impostos, o agente do correio, a
professora primária. Nas fazendas, imperava a lei do coronel, criada por ele e executada
por ele. Seus trabalhadores não eram cidadãos do Estado, eram súditos dele.
Antigos personagens retornam à cena política: os capangas eleitorais. As
eleições “a bico de pena” também continuaram.
Grande parte dos adultos escolhia não ser cidadão ativo, pois havia sem dúvida
fraude eleitoral. Votar não era só inútil como perigoso, pois os capangas atuavam para
assegurar os resultados das eleições a qualquer custo. CARVALHO (2002, p.89)
acrescenta que, o exercício da cidadania política era uma caricatura: o cidadão
republicano era o marginal mancomunado com os políticos, os verdadeiros cidadãos
mantinham-se afastados.
Tinha-se, indubitavelmente, um sistema de ficção democrática, um regime de
ilusória soberania popular.
Um sistema eleitoral fraudulento não foi a única herança do antigo regime. A
primeira Constituição republicana (1891) manteve a exclusão dos analfabetos do direito
de votar.
A Constituição de 1824 foi omissa com relação ao voto do analfabeto. Portanto,
foi um direito que se estendeu até a promulgação da Lei Saraiva.
O decreto nº3029 de janeiro de 1881, a lei mencionada, promoveu a reforma
eleitoral. A partir dela, as eleições passaram a ser diretas; o voto censitário foi mantido
(exigência líquida anual não inferior a 200 mil réis); e a contar do ano de 1882 só
seriam incluídos no alistamento eleitoral, o cidadão que soubesse ler e escrever. Todo
ano seria feita uma revisão do alistamento eleitoral para incluir ou excluir pessoas.
O decreto nº. 3122 de 7 de outubro de 1882 alterou algumas disposições da Lei
nº. 3029. O decreto afirma no artigo 1º, parágrafo 12:

“Nenhum cidadão será incluído no alistamento dos eleitores sem o ter


requerido por escripto de proprio punho e com assignatura sua, provando o
seu direito com os documentos exigidos pela lei. Será, porém, admitido
requerimento escripto e assignado por especial procurador, ao caso somente
de impossibilidade physica de escrever do cidadão, provado em documento.”
(BRASIL, 1883, pp. 73-74).

No parágrafo seguinte, é mencionada a exigência de prova de saber, o mesmo cidadão,


de ler e escrever, se pretende ser incluído no alistamento de eleitores.
Essa medida consegue reduzir drasticamente o eleitorado, de um pouco mais de 10% a
menos de 1%. (FAUSTO 2001, P.131).
Em conformidade com CARVALHO (2002, P.162), “na república que não era a cidade
não tinha cidadãos”.
Havia uma maneira de suplantar a herança perversa e, dar ares democráticos ao novo
regime: a expansão da instrução pública.
O processo de aprendizado democrático seria lento e gradual. CARVALHO (1990,
p.45) asseverou que seria um equívoco achar que o aprendizado do exercício dos direitos
políticos pudesse ser feito por outra maneira que não na sua prática continuada e num esforço
por parte do governo de difundir a educação primária.
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2.2 Benjamim Constant e a primeira reforma educacional

Benjamim Constant de Botelho Magalhães (1836 – 1891) recebeu a qualificação de


fundador da República. O Marechal Deodoro foi o proclamador e Floriano Peixoto figurou
como o consolidador.
Segundo CARVALHO (1990, p.40), Benjamim era o catequista, o apóstolo, o
evangelizador, o preceptor, o mestre, o ídolo da juventude militar. Ele é colocado no panteão
cívico do Brasil, ao lado de Tiradentes (Inconfidência) e de José Bonifácio (Independência). Era
essa para os positivistas ortodoxos, a trindade cívica que simbolizava o avanço da sociedade
brasileira em direção ao seu destino histórico, que era também a plenitude da humanidade em
sua fase positiva.
Benjamim foi o principal divulgador das idéias republicanas e positivistas na Escola
Militar, onde era professor.
O positivismo influenciou as palavras de “Ordem e Progresso” na nossa bandeira
nacional e também o pensamento político e pedagógico do fundador da República.
Logo após a proclamação do novo Regime, Constant integrou o Ministério da Guerra e
promoveu uma reforma do ensino militar. Contudo, o decreto nº. 346 de 19/04/1980 cria a
Secretaria de Negócios da Instrução Pública Correios e Telégrafos e Benjamim é para lá
transferido e tornando-se o 1º chefe da Pasta.
Ele promoveu uma reforma que abrangia o ensino primário, secundário e normal.
Porém, não se estendia a todo território nacional, podia servir no máximo de modelo.
A obrigatoriedade escolar está excluída tanto da Carta Constitucional, quanto da
Reforma Benjamim Constant, que se constituiu em uma série de decretos no ano de 1890 e que
ficou reduzida ao município neutro. Uma política educacional tão restrita foi possibilitada pela
Constituição de 1891 que promoveu a descentralização administrativa.
O artigo 35 da Constituição traz a assertiva de que incumbe ao Congresso, mas não
privativamente, criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados e prover a
instrução secundária no Distrito Federal.
Qual é o lugar que ocupa a educação elementar no processo de consolidação da
democracia brasileira? Em tese, deveria ser o baluarte das políticas educacionais. Mas não é
mencionada na primeira constituição republicana e na primeira reforma educacional ela ganha
uma estrutura complexa, restrita ao município neutro (RJ) e não há menção sobre sua
obrigatoriedade.
De acordo com CARTOLANO (1994, p. 71), Rui Barbosa acreditava ser a restrição ao
voto do analfabeto uma contribuição para a difusão da educação elementar. Já Benjamim
Constant parecia não entender a mesma questão como a razão para a criação de escolas. Para
ele, era necessário reformar conteúdos e métodos escolares, uma vez que era a partir da
qualidade da educação que haveria de se processar a redenção moral e social da sociedade.
A reforma Benjamim Constant enfatizou a necessidade de uma educação científica. O
conteúdo pedagógico deveria ser completamente desprendido de preconceitos teológicos,
metafísicos ou próprios de qualquer doutrina que não tenha por si a aprovação universal.
O exame de madureza permitia a equiparação dos exames de outros estabelecimentos
com o Ginásio Nacional para se ter acesso ao ensino secundário. O ensino secundário se
constituía na base propedêutica de línguas e ciências para a admissão no ensino superior. Ele
acabou por tornar-se enciclopédico – um saber em extensão-, ou seja, de tudo o que existe. Em
todos os níveis de ensino havia uma ampliação do número de cursos (disciplinas) e seus anos de
duração. As disciplinas deveriam ser sempre as mesmas, porém cada vez mais seriam estudadas
com maior profundidade.
De acordo com PRATTA (1998, p.140), o aluno era teoricamente educado para ser um
cidadão, supostamente direcionado pelo conhecimento das ciências, ao mesmo tempo em que o
acesso a esse conhecimento era restrito apenas à memorização do maior número possível de
informações. Portanto, a nascente República, com suas ilusões de progresso, também fracassou
na tentativa de romper com a tradição humanista, herança de muitos anos de educação clerical.
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A universalização da instrução elementar entre nós esbarrava não só na legislação


existente. Em consonância com CARTOLANO (1994, p. 130), ela esbarrava principalmente em
determinantes sócio-culturais e político-econômicos que privilegiavam a formação de uma elite
intelectual de “bacharéis” e de “doutores”, em geral, nascidos nas famílias de grandes
proprietários de terra, em detrimento dos despossuídos de quaisquer bens culturais ou materiais.
O título de bacharel ganhou foro de nobreza. Segundo BOMENY (2001, p.18-101), o
“bacharel”, aquele que completava o curso superior e o “coronel”, aquele que controlava a
política local do jogo de favores, constituíram-se nos dois pilares do prestígio, privilégio e
mando social na Primeira República (1889-1930). A República dos bacharéis era também a
república dos coronéis – muito distante da república dos cidadãos.
Benjamim Constant morreu em 1891 sem antes assinar sua exoneração do cargo. A
Secretaria foi extinta e, durante 40 anos, a educação ficou entregue a um departamento do
Ministério da Justiça, como no Império.

3. A Revolução de 1930: o fim da Política do “Café com Leite”

“Façamos a revolução, antes que o povo a faça.”


Antônio Carlos

A Primeira República começou com um golpe militar e terminou com um golpe militar.
O centenário da Independência, 1922, marcou o início de agitação nos quartéis. O
movimento chamado “tenentismo” trazia reivindicações como o voto secreto e a moralização
das eleições.
A marcha dos 18 do Forte de Copacabana significou o sacrifício de um ideal que iria
continuar. CARONE (1989, p.35) afirma: “1922 termina com o triunfo aparente dos
revolucionários; mas sob a calma dos festejos do Centenário da Independência, continuavam a
fermentar os mesmos problemas”.
A revolta do Forte de Copacabana foi uma tentativa de impedir a posse de Artur
Bernardes.
Desde a posse de Artur Bernardes, em 15 de novembro de 1922, o país viveu sob o
estado de sítio.
Em 1924, foi a vez de São Paulo. O levante resultou na Coluna Paulista, sob comando
de Isidoro Dias Lopes e com apoio de Miguel Costa, chefe da polícia do estado, que iria unir-se
no sul com a Coluna Prestes – sob comando como o próprio nome diz de Luís Carlos Prestes.
Os remanescentes desse movimento irão integrar a Aliança Liberal e derrubar a Velha
República dos coronéis, exceto Prestes.
Acima de tudo, a década de 20 foi marcada economicamente pelo esgotamento do
modelo agro-exportador calcado quase que exclusivamente no café (PENNA 1999, p.151).
Altas e quedas do preço do café implicavam em empréstimos no exterior e liquidamento
das dívidas. Mas as crises sucessivas fazem ver a necessidade a necessidade de uma defesa
permanente. De acordo com BASBAUM (1986, p.88), a República até então não tinha feito
outra coisa senão cuidar do café e dos que dele enriqueciam: a isso se reduzia a política do
nosso país. Mas a crise internacional refletiu na política interna de defesa do café.
Para a eleição da sucessão presidencial de Washington Luís, o candidato natural, de
acordo com a política “café com leite”, seria o mineiro Antônio Carlos.
Washington Luís indicou Júlio Prestes, visando a continuidade administrativa,
financeira e a defesa do café.
Durante o período da República Velha, o Rio Grande do Sul era o único estado que
poderia fazer sombra à política do “café com leite”. Contudo, permanecia fechado a todo
problema sucessório para evitar da parte do governo federal qualquer tentativa de intervenção
nos decênios governamentais de Borges Medeiros, que sucede a si mesmo durante 25 anos.
Diferentemente, do que ocorreu na eleição presidencial de 1930.
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e a Paraíba formam a Aliança Liberal. Embora
Getúlio Vargas tivesse constituído uma carreira política com a simpatia de Washington e tinha
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lhe prometido apoio, ele aceitou ser o candidato à presidência pela Aliança Liberal, tendo João
Pessoa como vice. De acordo com PENNA (1999, p.165), mais do que um partido de ocasião,
essa frente política com base nesses estados conseguiu alcançar dimensão política nacional. Ela
surgiu por convicções políticas mais densas do que o Partido Democrático4, mas essa maior
densidade não se traduziu em termos de oposição radical.
Houve uma intensa campanha pelo território nacional com comícios apoteóticos.
Parecia que a vitória estava nas mãos dos candidatos da Aliança Liberal, mas a máquina
eleitoral funcionou mais uma vez a favor do candidato do governo5.
João Pessoa, o candidato à vice-presidência pela Aliança, foi assassinado na Paraíba por
motivos da política local.
Houve um período de agitação política no país, a fraude eleitoral não era mais aceita
cordialmente. Remanescentes dos episódios de 1922, 1924 e da Coluna Prestes estacam juntos a
declarar que não era mais possível silenciar, diante da escancarada corrupção eleitoral. Parecia
que uma revolução social estava em marcha. Daí a célebre frase do governador mineiro Antônio
Carlos.
Góis Monteiro foi o chefe militar da “revolução” que estourou no dia 3 de outubro em
Porto Alegre, que em breve se estendeu a Minas Gerais e à Paraíba. Antecipando-se aos
acontecimentos, a Junta Militar governativa derruba Washington Luís com a intermediação da
Igreja Católica no dia 24.
A prisão e o exílio de Washington Luís configuravam situação análoga à que ocorrera
quando da queda da Monarquia. Até o ritual do término de uma época voltara a se repetir.
Tenentistas e oligarquias vitoriosas (R.S, S.P e M.G) já começavam a se digladiar pela
conquista de postos-chave, num prenúncio de cruenta guerra futura (CARONE, 1978, p. 18).
Getúlio Vargas foi empossado como chefe do governo provisório, permanecendo na
presidência, sem eleições diretas, até 1945. Os tenentes apossaram-se dos governos estaduais,
tornando-se interventores.

3.1 Francisco Campos e as novas providências para o ensino

Francisco Luís da silva Campos (1891 – 1968) foi professor de Filosofia do Direito
(1917); deputado à Assembléia Legislativa de Minas Gerais (1919-1921); deputado federal por
Minas Gerais (1922-1926) e secretário do Interior de Antônio Carlos (1926-1930). Esta foi a
trajetória de Francisco Campos até se tornar ministro da Educação e da Saúde Pública do
governo provisório da “Revolução de 3 de outubro”, onde permaneceu no cargo até 1932.
Quando foi secretário do Interior do governo de Antônio Carlos, promoveu uma
reforma no ensino primário e normal em Minas Gerais. Ele também foi um dos articuladores da
“revolução” no estado.
No governo de Vargas, Campos não só reformou o sistema nacional de ensino, como
também as instituições jurídicas e políticas. Ele foi o responsável, por exemplo, da elaboração
da Constituição de 1937.
Em uma análise do pensamento político de Campos, MEDEIROS (1978, p.12) afirma
que ele objetivava a montagem de um Estado nacional, antiliberal, autoritário e moderno. Ele
pretendia substituir e reconstruir, do alto, as instituições políticas e burocráticas, modernizando-
as.
A modernização institucional implicava na diminuição da autonomia dos estados e
municípios e no fortalecimento do poder central. Para ele, o Estado liberal era sinônimo de

4
O Partido Democrático, fundado em 1926, nascera basicamente de um desgaste do Partido Republicano
Paulista, de uma disputa em torno de postos no Instituto do Café. O conselheiro Antônio Prado tinha
interesses na área do café, mas se opunha à política de valorização do governo. (PENNA, 1999, p.165)
5
No Rio Grande do Sul, Getúlio obteve 699.627 votos contra 982 votos atribuídos a Júlio Prestes. São
Paulo não fez por menos, o que mudou foi apenas o resultado, com a inversão dessa proporção a favor do
paulista. (PENNA, 1999, p.168)
5423

Estado “dividido” e “desarticulado”, enquanto que o Estado nacional a que aspirava significava
Estado hegemônico, integrado e monolítico. Tornava-se evidente que o liberalismo era o
responsável último por nosso “atraso”. Para Campos, o futuro da democracia dependia do futuro
da autoridade. Portanto, de acordo com suas convicções políticas, a revolução só se operou,
efetivamente, em 10 de novembro de 1937.
Campos se dizia integrado na “formidável obra de defesa e da preservação moral e
política do país” (MEDEIROS, 1978, P.10). Procurava, então, a recuperação dos valores
perdidos, os quais ele identificava com a religião, a família e a pátria. Ele assinala que só
educação poderia incumbir-se dessa tarefa.
Francisco Campos assumiu o recém - criado Ministério dos Negócios da Educação e da
Saúde pública (MESP) em 1930. No interregno de 1930 a 1932, período em que ocupou a pasta
promoveu uma reforma no ensino em âmbito nacional. De acordo com ROMANELLI (2000,
p.131), era o início de uma ação mais objetiva do Estado com relação à educação. Foi a primeira
que deveria se estender a todo território nacional. O pensamento político de Campos refletiu no
em seu pensamento pedagógico: para um Estado homogêneo e centralizado, havia a necessidade
de uma política educacional de caráter nacional.
O pensamento educacional dos anos 20 é marcado pelo confronto de duas correntes
opostas: a dos reformadores e dos católicos. Essa polarização estava no ápice, no período da
gestão de Francisco Campos mo ministério.
Segundo ROMANELLI (2000, P.130), os reformadores defendiam os princípios de
gratuidade, obrigatoriedade e laicidade do ensino, a co-educação e o Plano Nacional de
Educação; e o grupo chefiado pelos católicos via na interferência do Estado um perigo de
monopólio e na laicidade e co-educação uma afronta aos princípios da educação católica. De um
lado, estava um grupo que desaprovava alterações qualitativas modernizantes nas escolas e a
democratização das oportunidades educacionais a toda a população. De outro lado, estava um
grupo que desejava mudanças qualitativas e quantitativas na rede de ensino público.
As vanguardas dos educadores brasileiros vinham se reunindo desde o final dos anos
20, em Conferências Nacionais. O ano de 1931 foi o cenário da IV Conferência Nacional de
Educação. Vargas esteve presente no evento, confessou aos educadores que o “governo
revolucionário” não tinha uma proposta educacional e que esperava dos intelectuais ali
presentes a elaboração do “sentido pedagógico da revolução”.
Francisco Campos não esperou a contribuição dos intelectuais para os projetos
pedagógicos da revolução. Tão logo foi empossado no MESP, tratou de promover uma reforma
do ensino e acabou colocando em execução uma política educacional própria, mas também
distante de princípios efetivamente democráticos.
A Reforma Francisco Campos efetivou-se por uma série de decretos. Criou o Conselho
Nacional de Educação e dispôs sobre o ensino secundário, comercial e superior e sobre a
instrução religiosa nos cursos primário, secundário e normal.
A República originada da “revolução” também vetou o direito do exercício político ao
analfabeto e não se preocupou em expandir a educação elementar. A Reforma Francisco
Campos mencionou a educação primária quando tratou da questão da instrução religiosa.
Tratava-se de um dos valores relegados ao descaso pelo antigo regime:

“Ao passo que, sob a bandeira da doutrina liberal e em nome da


liberdade de cátedra, era permitido o ensino das mais extravagantes e
destemperadas teorias e às escolas se franqueavam todas as superstições
científicas e todas as cosmogonias, teodicéias e teologias racionalistas, sob o
rótulo fraudulento de ciência, fechavam-se à religião as portas das escolas
como se se tratasse de uma expressão espúria da natureza humana.” 6

6
Educação e Cultura. Liv. Olympio Editora, 1940, p.150.
5424

Quando Campos legislou sobre o curso secundário e superior, tratou, essencialmente, da


educação das elites. Sua ação, nesse período, foi completamente coerente com seu pensamento
político: Ele ajudou na construção de um Estado forte e centralizado, adotando para a educação
uma política de abrangência nacional; resgatou alguns “valores perdidos”, através da instrução
religiosa; e reformou a educação das elites, já que, para ele, “uma nação vale o que vale as suas
elites” 7.

4. Considerações Finais

A Proclamação da República foi um movimento de cúpula, feito à revelia do povo e que


não marcou uma ruptura. O ideal republicano de democracia, caracterizado aqui como a
participação popular na eleição de seus governantes, não foi consolidado. A participação
popular nas decisões políticas era ínfima. Se por cidadãos entende-se que são aqueles que
exercem seus direitos e deveres políticos, dentre eles o voto, poucos eram assim considerados.
Em 1889, portanto, o Brasil tornou-se um país republicano e sem participação política,
através do voto, da grande maioria dos “cidadãos” brasileiros. Tratava-se de uma herança da
política imperial. Embora a República tivesse eliminado o voto censitário, manteve a exclusão
dos analfabetos e das mulheres.
Os impasses de 1930 foram resolvidos, pela primeira vez, com uma interrupção no
processo político do país, sem que esse fato fosse causado pela renúncia ou morte do
governante. A chamada “Revolução de 1930”, contudo não caracterizou uma ruptura absoluta
com o status quo, mas apenas uma mudança política. Trocaram-se antigas práticas políticas em
favor de uma maior subordinação ao Estado. A mudança resumiu-se mais ao controle gerencial
do aparelho do Estado sem, contudo, alterar substancialmente a natureza sócio-econômica dos
grupos sociais que detinham o poder. O exercício da cidadania estava garantido, através do voto
secreto e da justiça eleitoral, mas apenas a uma camada de letrados. Moralizaram-se as eleições
sem, contudo, popularizar a educação.
A reforma Benjamim Constant legislou sobre a instrução primária, mas reduziu-se à
esfera federal. A descentralização administrativa promulgada pela Constituição de 1891 deixava
a cargo dos estados e municípios a criar de seus sistemas completos de educação e prover a
educação primária. Quanto ao ensino secundário, não retirou seu caráter humanista seletivo.
A Reforma Francisco Campos nem legislou sobre a educação primária. Estabeleceu
uma política de abrangência nacional, mas dirigiu-se aos níveis de ensino, essencialmente,
destinado às elites.
As reformas educacionais aqui mencionadas guardaram práticas dos sistemas anteriores:
ora na forma, ora no conteúdo e, nos dois momentos, o fato da exclusão popular. Da mesma
forma, na história do Brasil as revoluções nunca forma de fato revoluções.
Na realidade, o termo revolução é aplicado inadvertidamente. Segundo PRADO JR.
(1987, p.11), no sentido em que é ordinariamente é usado, o termo tem o significado que mais
apropriadamente caiba ao termo “insurreição”. O autor advoga, ainda, que revolução em seu
sentido real e profundo, significa o processo histórico assinalado por modificações econômicas,
sociais e políticas sucessivas que, concentradas em um período histórico relativamente curto,
vão dar em transformações estruturais da sociedade, e em especial das relações econômicas e do
equilíbrio das diferentes classes e categorias sociais.
Contrapondo à segunda definição dada pelo autor supracitado, Gramsci (COUTINHO,
2003, PP. 195-196) define o conceito de revolução passiva, conceito este que se aplica ao caso
brasileiro.
A revolução passiva, ao contrário de uma revolução popular, é realizada “pelo alto”.
Um grupo social não é dirigente de outros grupos sociais, mas o Estado é dirigente do grupo. O
Estado substitui os grupos sociais locais na função de dirigir uma luta de renovação.
(COUTINHO, 2003, p.203)

7
Pela Civilização Mineira. Belo Horizonte: 1930, p.72.
5425

No Brasil, todas as opções concretas enfrentadas, direta ou indiretamente, ligadas à


transição para o capitalismo (desde a Independência política ao golpe de 1964, passando pela
Proclamação da República e pela Revolução de 1930) encontraram uma solução “pelo alto”, ou
seja, elitista e antipopular.
A revolução “pelo alto” implica sempre a presença de dois momentos: a restauração, na
medida em que é uma reação à possibilidade de uma transformação efetiva e radical de “baixo
para cima”; e o da renovação, na medida em que muitas demandas são assimiladas e postas em
prática pelas velhas camadas dominantes. Trata-se, portanto, de “reustaurações-progressistas”
ou “revoluções-restaurações”.
A conjuntura histórica, do recorte temporal deste trabalho, é caracterizada por certa
descontinuidade sem ruptura radical com a ordem estabelecida, refletindo nas políticas
governamentais para setores como a educação.

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