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1 INTRODUÇÃO
O turismo religioso pode ser entendido como uma atividade desenvolvida por
pessoas que se deslocam por motivos religiosos ou para participarem de eventos de
significado religioso. Compreendem peregrinações, romarias, visitas a locais de caráter
histórico-religioso, festas e espetáculos de cunho sagrado.
É um segmento que além de contribuir para a valorização e preservação das
práticas espirituais, enquanto manifestações culturais e de fé, pode contribuir maciçamente,
desde que realizado de maneira planejada, para o desenvolvimento positivo da economia, da
cultura e ao aumento da qualidade de vida da população local.
Atualmente, a cidade de São José de Ribamar, localizada no Estado do Maranhão,
destaca-se pela religiosidade manifestada através de eventos religiosos, dentre os quais foi
enfatizado o Festejo em homenagem ao santo, que por sua vez atrai todos os anos uma
expressiva quantidade de visitantes e turistas, que através da fé manifestam seus
agradecimentos às graças alcançadas.
Com intuito de dar prosseguimento a esta discussão, buscou-se identificar e
analisar através desta pesquisa o potencial do turismo religioso da cidade de São José de
Ribamar, bem como evidenciar os pontos positivos e negativos inerentes ao desenvolvimento
turístico da localidade supracitada, os quais foram obtidos através do levantamento de dados
presentes nas pesquisas bibliográficas e visitas de campo. Ao mesmo tempo em que poderá
surgir dentro das possibilidades e realidades existentes, propostas de melhoria e
implementação da atividade turística no município.
O trabalho está estruturado da seguinte forma: primeiramente é apresentada uma
análise acerca do turismo contemporâneo, em que se destaca a evolução do turismo como
atividade econômica desencadeante de fatores sociais. Estuda-se o turismo como fruto do
capitalismo, a partir do momento que encontra-se inserido em uma sociedade baseada
principalmente no consumo e faz-se um apanhado da importância do lazer num contexto
atual, além de apontar algumas das principais motivações para a prática da atividade turística
na atualidade.
Realiza-se ainda uma abordagem acerca da importância da segmentação turística,
onde inclui-se alguns dos principais tipos de turismo e o uso do marketing como instrumento
dessa segmentação. Ainda dentro da segmentação turística procura-se enfatizar a motivação
quanto às viagens com objetivos relacionados à cultura e religião.
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2 TURISMO CONTEMPORÂNEO
Portanto, as viagens foram sendo cada vez mais estimuladas em decorrência das
facilidades criadas até então, tornando-as cada vez mais organizadas e também acessíveis às
classes menos abastadas. Diversificam-se os grupos sociais que passam a desfrutar do prazer
de viajar. Com isso as viagens turísticas tornaram-se elemento constante da vida cultural e
sócio-econômica de muitas sociedades.
A partir de 1980, o desenvolvimento tecnológico permitiu que os serviços
turísticos, englobando todas as áreas da atividade, passassem a ser mais rápidos, eficientes e
com preços mais baixos. As reservas de acomodações nos meios de hospedagens, de lugares
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nas empresas transportadas, de aluguel de veículos, por exemplo, passaram a ser feitas
eletronicamente.
Os consumidores de viagens passaram a dispor em seus computadores
domésticos, de muitas das informações de que necessitavam. E o surgimento da globalização
foi de suma importância para acelerar o crescimento do turismo. Como afirma Oliveira (2002,
p. 27): “[...] as fronteiras, antes fechadas, abriram-se, permitindo a entrada de multidões de
turistas. O mundo ficou cada vez menor e as pessoas mais próximas umas das outras em
conseqüência da globalização”.
As telecomunicações, a área de multimídia e a Internet transformaram o setor
turístico, forçando mudanças nas apresentações dos produtos, na prestação dos serviços, na
comercialização e na comunicação, alterando os papéis de agentes tradicionais e criando
novos espaços de comercialização e relacionamento.
Segundo Dias (2003, p. 20) sobre os avanços tecnológicos no campo da
informação e das telecomunicações diz que “[...] com a facilidade de obtenção de informações
dos destinos e dos atrativos oferecidos, o turista torna-se mais exigente ao consumir o produto
in loco, pois recebeu informações amplamente disponibilizadas na Internet”.
Com isso, o turista começa a personalizar sua viagem; em função da facilidade de
informação, procura cada vez mais fazer seu próprio planejamento, evitando a padronização.
Ao chegar ao local de viagem, estabelece seus próprios contatos e roteiros que previamente
estabeleceu via Internet.
Segundo Beni (2003, p. 24) sobre o crescimento de sites de turismo “[...] os sites
de turismo têm crescido numa proporção geométrica em todo o mundo. Para se ter uma idéia
desse crescimento, somente no Brasil o salto nos dois últimos anos foi de 1.200 para 6.000
sites, ou seja, um aumento de 400%”.
Ressalta-se a possibilidade de os turistas elaborarem seus próprios pacotes
turísticos, incluindo-se reservas em hotéis, vôos aéreos, entre outros, com um simples acesso à
Internet ou aos sites de turismo, permitindo ao turista realizar uma espécie de “turismo
virtual”, onde ele poderá fazer uma pesquisa detalhada sobre os destinos que o interessam, e
ao final escolher um deles para visitar.
Mas além da pesquisa, é possível também, por meio dos recursos virtuais
(tecnológicos), conhecer previamente um local a ser visitado. E, para aqueles que por algum
motivo não podem se deslocar fisicamente é possível “visitar virtualmente” vários lugares do
mundo, pois através de alguns “cliques” pode-se estar em contato com os mais longínquos
espaços do planeta.
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Alguns turistas ainda preferem envolver-se com a realidade do lugar que visitam,
com locais onde as culturas autênticas permanecem preservadas e por esse motivo é possível
haver interação entre uma cultura e outra, seus costumes, e até mesmo com as práticas
religiosas ali existentes. Em contrapartida, é possível observar que existem turistas motivados
por outros interesses, como por exemplo, a um destino diferenciado, dotado de infra-estrutura
e segurança, em local paradisíaco, onde é possível o contato com a natureza e a possibilidade
de desfrutar várias opções de lazer e entretenimento, para todas as idades, local este
conhecido como “resort”. Neste último caso, a motivação é diferente em relação ao turismo
religioso e cultural, pois não existe interação entre as culturas e nem busca por lugares
considerados sagrados.
A visitação em massa a locais considerados turísticos, ou seja, aqueles eleitos
como preferidos pelos turistas, mais conhecidos como turismo de sol e praia, acaba
ocasionando uma sobrecarga nesses locais. Nesse contexto, nota-se uma crescente procura por
outros segmentos do turismo, como por exemplo, o turismo religioso e cultural, que ainda
assim não deixam de ser considerados tipos de turismo de massa, já que podem reunir
diversas pessoas no mesmo local e ao mesmo tempo, como é o caso dos eventos religiosos.
O turismo religioso surge como uma nova opção de segmentação do mercado
turístico, onde o produto turístico pode ser vendido a diferentes grupos sociais de diferentes
localidades, destacando-se os festejos, que movimentam fiéis de vários lugares, em busca de
realização espiritual, objetos e pessoas sagradas e geram fluxos contínuos de turistas de todas
as crenças e religiões.
O turista do segmento religioso, diferentemente dos turistas que viajam em busca
de praia, sol e mar, almeja a paz espiritual, pagamento de promessas, alcance de graças e
adoração aos santos, cultos, curas espirituais. Nesse sentido, vários lugares têm se destacado
pela prática do turismo religioso, a exemplo do Caminho de Santiago de Compostela,
localizado na Espanha, da Basílica de São Pedro, em Roma, da cidade de Fátima em Portugal,
a cidade de Aparecida em São Paulo e ainda São José de Ribamar no Maranhão, objeto deste
estudo, conhecida por ser o “santuário da fé dos maranhenses”, que movimenta milhares de
fiéis o ano inteiro e, principalmente, durante o Festejo de São José de Ribamar, santo
padroeiro do Estado.
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No turismo, pode-se imaginar, a priori, que tanto a área estatal como a empresarial
têm como objetivo real o lucro. O Estado espera da atividade turística o superávit no
balanço de pagamentos na conta específica, em razão do ingresso de divisas, e as
empresas que atuam no setor igualmente dimensionam a prestação de seus serviços
em razão da lucratividade dos investimentos necessários. (BENI, 2002, p. 27)
Para alguns autores, o turismo pode ser considerado como indústria por muitas
razões. Seja pela existência de uma organização dentro do setor que promove as viagens e
beneficia os locais receptores, seja pelos meios que utiliza ou pelos resultados que produz.
Neste caso, a especificação “indústria do turismo” está mais relacionada ao ponto de vista
econômico, na medida em que interage com vários segmentos de uma organização e ao final é
capaz de gerar lucro para um determinado local.
Dessa forma, do ponto de vista de negócio, o turista passa a ser visto apenas como
hóspede, consumidor ou cliente, e o turismo uma fonte de renda e divisas. Já para outros
autores como Coriolano (2006), “a rotulação indústria do turismo indica um equívoco
conceitual, reduz a dimensão da atividade ao setor econômico, quando ele é, também um
fenômeno sociocultural”.
Não podemos esquecer que o turismo além de gerador de renda e divisas é
também uma prática social, porque tem a capacidade de reunir oportunidades de aquisição
cultural, troca de experiências, realização de sonhos, busca de emoções e formas de
aprendizagem, tornando-se essencial para a interação entre as sociedades e à valorização da
identidade cultural de cada uma delas. Portanto, o turismo não deve ser considerado e
entendido apenas como uma forma de desenvolvimento econômico, mas sim sociocultural.
Em muitas circunstâncias, a dimensão cultural do turismo é substituída por uma
função puramente comercial, pois o viajante encontra em qualquer parte do mundo os espaços
similares e termina viajando numa seqüência de reproduções artificiais do mundo dos cartões
postais, apresentados através da publicidade.
Paralelamente ao trabalho, surgiram aos poucos as atividades ligadas ao tempo
livre, referentes aos deslocamentos para o campo, às férias, às festas públicas e privadas, às
procissões; apareceram os divertimentos e o turismo.
Na sociedade industrial, a atividade tornou-se um fenômeno de massa, podendo
atender a um maior número de pessoas das classes médias. Passou a gerar lucros e divisas,
algumas vezes, à custa de degradações, descaracterizações espaciais e discriminações sociais.
À medida que cresceram as cidades manufatureiras, surgiram as “semanas de
folga”, as férias e, com elas, aumentaram os balneários como opção de lazer para as classes
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turismo. Sem dúvida é uma atividade sócio-econômica, pois gera a produção de bens e
serviços para o homem visando à satisfação de diversas necessidades básicas e secundárias.
Devido a sua diversidade de ecossistemas que atrai o turismo alternativo e a
possibilidade da prática do turismo de sol e praia durante o ano todo, bem como a prática do
turismo cultural e religioso, que cada vez mais vem sendo procurado pelas pessoas, o Brasil é
um país com possibilidades de crescente aumento da chegada de turistas.
As motivações para fazer turismo são as mais diversas. Algumas pessoas viajam
apenas para diversão, outras por questões culturais (visitar museus, locais históricos), por
fatores religiosos, visitas a parentes, participar de eventos (congressos, feiras, exposições ou
por competições esportivas e até para tratamento de saúde). A partir dessas motivações
surgiram os segmentos do turismo, dinamizados pelo uso do marketing.
O tempo livre vem sendo cada vez mais utilizado como meio de evasão da vida
estressante das cidades, onde o trabalhador transforma-se em turista e decide o tipo de viagem
e o local que deseja passar suas férias. Diante das necessidades dos seus clientes, as agências
de viagens elaboram pacotes atraentes, envolvendo os mais variados segmentos turísticos,
sendo divulgados maciçamente através do marketing e de mais veículos de propagandas,
dentre eles os sites na Internet.
No Brasil, dentre os segmentos turísticos mais procurados pela demanda turística
estão o turismo de praia, o cultural e religioso. Apesar de ocupar o 30º lugar nos destinos
turísticos do mundo, segundo informações da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo,
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(2000), o Brasil possui potencial de sobra para melhorar seu desempenho, pois é um país com
enorme pluralismo de etnia, religião e cultura, onde não há guerras, terrorismo, catástrofes e
inverno rigoroso, e que possui um litoral de mais de 5.000 km com belas praias e clima
tropical. Em relação ao aspecto cultural e religioso, no Brasil, desenvolvem-se durante o ano
todo, grandes festas de cunho nacional, dentre estas se destacam os festejos religiosos que
movimentam fiéis de vários lugares.
O turismo religioso é considerado por alguns autores, como BARRETTO (1995),
“uma forma de turismo cultural, já que este tipo de turismo envolve atrativos culturais como:
patrimônio histórico, culinária local e regional, artesanato, música, festas religiosas,
manifestações folclóricas, eventos culturais, etc”.
O turismo religioso surge como uma nova opção de segmentação do mercado
turístico, onde o produto turístico pode ser vendido a diferentes grupos sociais de diferentes
localidades. É característico desse tipo de segmento turístico, reunir inúmeras pessoas em um
só local, todas motivadas principalmente pela fé, dentre outros fatores religiosos. A
segmentação turística é assunto a ser desenvolvido no próximo capítulo.
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E, por ser a atividade turística considerada por muitos autores responsável por um
processo de interação entre os povos, já que possibilita o conhecimento de diferentes
ambientes e culturas, fomenta a educação no seu sentido mais amplo e genérico, além disso,
envolve inúmeros setores da economia, direta e indiretamente, criando uma interrelação de
componentes ambientais, culturais, econômicos e sociais, envolvendo as pessoas em suas
expectativas.
Com o crescente desenvolvimento do turismo, o que se pôde observar foi um
grande número de indivíduos interessados em conhecer lugares, pessoas, costumes diferentes.
A partir desse ponto vários serviços de viagens foram elaborados com o objetivo de
comportar o maior número de adeptos, oferecendo lugares e serviços comuns a todos.
Podemos perceber, portanto, que o setor turístico e os próprios consumidores
(turistas) perceberam a necessidade de que fosse oferecido algo diferenciado, personalizado: a
partir de tal necessidade surgiu o que chamamos de segmentação do mercado turístico. As
pessoas escolhem o destino no qual querem visitar de acordo com as suas aspirações e pelos
mais variados motivos. Deste modo, atividade turística teve que se adaptar aos anseios dos
seus consumidores, buscando oferecer serviços que satisfizessem praticamente todos os
segmentos sociais.
É importante ressaltar que com a concorrência acirrada no mercado turístico, os
pacotes segmentados são cada vez mais produzidos, oferecendo por diferencial os gostos, as
opções e os desejos de cada pessoa. Dessa forma quem tem a ganhar é o consumidor que
encontra nos novos serviços turísticos personalizados aquilo que vem de encontro com suas
necessidades e anseios.
De acordo com Petrocchi (2004, p. 249):
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nos elementos do produto e nas condições do mercado, exigindo mudanças nos métodos
empresariais e levando à adoção e ao uso do marketing turístico.
Pode-se ressaltar que o mercado turístico se desenvolve principalmente segundo
as exigências dos fatores sociais, já que o turismo é reflexo de uma sociedade que demanda
cada vez mais inovações da atividade turística, e para acompanhar as mudanças que ocorrem,
faz-se necessário a introdução de práticas na área de marketing. Para isso, o marketing utiliza-
se da segmentação do mercado turístico como estratégia de oferecer maior satisfação ao
turista.
Além de ser um importante fator que busca oferecer satisfação ao turista, o
marketing deve promover a preservação dos locais onde atua, ou seja, não pode permitir que
se ultrapasse os limites de cada ambiente nem que se afete a comunidade local, trazendo má
qualidade de vida a mesma. Portanto, o marketing turístico deve incentivar o destino turístico
a se voltar não só à produção de bens e serviços, mas também a sua prosperidade em longo
prazo. Porém o que observa-se atualmente é que os objetivos do marketing quanto ao turismo
estão direcionados para cada vez mais massificá-lo, não dando importância para o seu
desenvolvimento sustentável.
Como afirma Cooper (2001 p. 382):
O marketing evoluiu em um contexto de pressões econômicas e empresariais. Estas
pressões exigiram um enfoque maior na adoção de uma série de medidas gerenciais
baseadas na satisfação de necessidades do consumidor. A chave para a importância
do marketing dentro do turismo foi o nível do crescimento econômico durante o
século XX, que levou a melhorias subseqüentes no padrão de vida, um aumento
populacional e maior tempo livre.
Podemos observar que a necessidade de mudança caiu sobre o setor por causa das
mudanças que ocorreram em relação às forças de mercado e ao consumidor. O moderno
marketing do turismo surgiu como uma reação empresarial às mudanças no ambiente social e
econômico, com as empresas ou órgãos turísticos mais bem-sucedidos, tendo demonstrado um
sentido afiado no oferecimento da boa estrutura organizacional e na oferta de produto ao
consumidor ou visitante.
Vivemos em tempos de intensa transição, onde o que é válido e consumido hoje,
amanhã já se torna obsoleto e não responde mais às necessidades que parecia satisfazer. Isso
acontece pelo fato de a sociedade ser dinâmica e estar em constante reciclagem de
conhecimentos, gostos e expectativas. Os mercados buscam reagir rápido a essa situação,
porque mudam também os produtos e serviços, os desejos e as motivações dos consumidores
e suas decisões de compra, os canais de distribuição, a publicidade e o marketing competitivo.
O marketing por sua vez procura através da segmentação, o incremento de novos produtos
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como forma de reagir ao turismo de massas, que acaba transformando alguns locais em
destinos saturados.
De acordo com Ansarah (1999 p. 17):
Diante da realidade do aumento do consumo de produtos turísticos e incremento do
turismo de massas, outros novos produtos começaram a surgir para atender cada vez
mais os turistas. Dentre as causas que levam as empresas a buscarem segmentos
específicos de mercado foi o próprio direcionamento do marketing que mudou,
fazendo deste um instrumento para conseguir vender o produto.
4 TURISMO RELIGIOSO
O turismo religioso pode ser entendido como atividade desenvolvida por pessoas
que se deslocam por motivos religiosos ou para participar de eventos de significado religioso.
Pode-se falar em turismo religioso quando o sagrado migra como estrutura de percepção para
o cotidiano, para as atividades festivas, o consumo e o lazer.
Na prática, são viagens organizadas que compreendem peregrinações, romarias,
visitas a locais sagrados, congressos e seminários ligados à evangelização, festas religiosas
que são celebradas periodicamente, espetáculos e representações teatrais de cunho religioso.
Pode ser definido como: “[...] o conjunto de atividades com utilização parcial ou total de
equipamentos e a realização de visitas a receptivos que expressam sentimentos místicos ou
suscitam fé, a esperança e a caridade aos crentes ou pessoas vinculadas a religiões”.
(ANDRADE, 1998, p.17).
Os termos peregrinações e romarias, antecedentes do turismo religioso moderno
aparecem hoje como sinônimos. Contudo, na sua origem encenavam significados e objetivos
diferentes.
Efetua-se sob formas de turismo individual ou de turismo organizado, em
programas cujos objetivos se caracterizam como romaria, peregrinação e penitência, de
acordo com os objetivos religiosos, dogmáticos e morais dos fiéis visitantes.
Embora as viagens dos cristãos a Roma tenham assumido um sentido especial,
único e apropriado, hoje, além de perder sua rigidez, o termo teve sua extensão ampliada a
todas as viagens de caráter religioso a qualquer centro espiritual de fé.
Porém, apesar da ampliação do significado, para Andrade (1998) “é indispensável
a atenção às seguintes especificidades técnicas, que devem ser observadas em trabalhos
promocionais, calendários de eventos e outros recursos de divulgação e de sistematização”.
Assim ele descreve as seguintes tipologias quanto às especificidades do turismo religioso:
Quando alguém, por livre disposição e sem pretender recompensas materiais
ou espirituais, viaja a lugares sagrados, o conjunto de atividades denomina-se
romaria.
Quando alguém visita lugares sagrados para cumprir promessas ou votos
anteriormente feitos a divindades ou a espíritos bem-aventurados, o conjunto de
atividades chama-se peregrinação.
Quando alguém, empenhado em remir-se de suas culpas ou de seus pecados,
de forma livre e espontânea ou por conselho ou disposição de líderes religiosos, se
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portuguesas em 1917. Sua aparição em Lourdes na França deu-lhe o nome de Nossa Senhora
de Lourdes. O achado da Imagem Virgem Negra na cidade de Aparecida do Norte, no Brasil,
deu-lhe o nome de Nossa Senhora de Aparecida, e assim, esta vai adquirindo nomes distintos,
de acordo com o local de aparição. Os fiéis aclamam sua fé a aquela que mais se identificam,
mas todas são uma só, segundo o catolicismo.
Sendo assim, o turismo religioso movimenta uma grande quantidade de pessoas o
ano inteiro, fazendo com que eventos religiosos ganhem a cada ano mais força e incentivo
para uma melhor estrutura para atender demandas ainda maiores.
No Brasil não poderia ser diferente, além de ser o maior país católico do planeta, tem
inúmeras manifestações da religião que, misturadas à cultura se transformam em verdadeiros
espetáculos de devoção, conseguindo mobilizar milhares de turistas.
Vale relembrar que existem vários tipos diferentes de viagens com intuito
religioso. A romaria, por exemplo, é a atividade turística feita por livre disposição do viajante
aos destinos sagrados, onde não há nenhum tipo de compromisso a ser cumprido, a não ser
conhecer a região. Já a peregrinação é quando o turista viaja para cumprir promessas ou votos
feitos a divindades. Neste caso, datas e prazos devem ser seguidos em função dos votos feitos.
Na maioria dos casos, o que levam estes turistas a praticarem os diferenciados
tipos de viagens religiosas é a necessidade de estar em destinos onde a fé se apresenta em
maior intensidade.
O que transforma uma cidade comum em um destino religioso são fenômenos sem
nenhuma explicação científica como aparições de imagens celestiais refletidas em algum
objeto, ou curas. O fato extraordinário se espalha, e muitas vezes, toma âmbito nacional,
fazendo com que a região passe a ser visitada por turistas nacionais e internacionais.
Mas as viagens, muitas vezes não se limitam aos destinos ditos religiosos, existem
também os destinos de caráter histórico-cultural. Muitos turistas fazem viajam em busca do
estilo Barroco brasileiro, que como característica principal mistura, de forma natural, a arte e
a religião.
As opções espalhadas pelo país são diversas, desde cidades barrocas minerais
como Ouro Preto, Congonhas do Campo e Mariana, até a capital baiana Salvador, que guarda
tantas outras obras-primas da arquitetura e da fé.
Segundo Dias (2003), encontramos dois tipos de visitantes, o peregrino puro, cuja
motivação é de natureza unicamente religiosa e sua jornada unifuncional, e o outro tipo de
visitante, que ao ampliar o leque de motivações na jornada, caracteriza a mesma como
multifuncional.
Considerando a realidade brasileira, Dias (2003) elaborou uma classificação de
atributos de atrativos turísticos e religiosos, cuja base leva em conta a área de destino, o
objetivo final e a motivação da viagem. Classifica esses atributos em seis diferentes tipos:
1. Santuários de peregrinação: locais de valor espiritual, com datas devocionais
especiais. Aparecida do Norte;
2. Espaços religiosos de grande significado histórico-cultural: podem ser
considerados atrações turístico-religiosas. Igrejas nas cidades históricas de Minas
Gerais;
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constam 27.800 graças documentadas, além de outras consideradas milagres. Foi canonizado
pelo Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil (São Paulo) em 11 de maio de 2007.
Em Belém do Pará, ocorre no mês de Outubro o Círio de Nazaré, evento que
reúne milhares de devotos de Nossa Senhora de Nazaré. A devoção a essa santa foi
introduzida no Pará pelos padres jesuítas, tendo o culto iniciado na cidade de Vigia. No século
XVII. O Círio de Nazaré, conta com cerca de um milhão de participantes e é um dos maiores
cortejos católicos do Brasil e do mundo, sendo celebrado desde 1793.
A procissão reúne centena de milhares de pessoas, em lento cortejo de quatro
horas, entre os quase cinco quilômetros que separam a Catedral Metropolitana da Basílica de
Nazaré. Este cortejo é o ápice das manifestações profanas e religiosas que acontecem durante
quinze dias: a chamada quadra nazarena. Nesse período vive-se um clima de confraternização
e alegria que não chega a ser superado pela festa natalina.
Ao lado da basílica é instalado o Arraial de Nazaré com comidas e bebidas típicas
e mercado de artesanato. A procissão é acompanhada nas ruas e através de barcos, na
chamada Romaria Fluvial que foi introduzida em 1985, buscando homenagear todos os que
vivem na dependência dos rios. O Círio é dividido em três momentos: a Trasladação, o Círio e
o Recírio, este último ocorre duas semanas após o Círio, quando ocorre uma procissão de
despedida.
No nordeste brasileiro se destaca a devoção a um padre, Padre Cícero, que viveu
na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Até o ano de 1872 o município era habitado por
escravos e arruaceiros, e não passava de um arraial com poucas casas e uma capela bem
pequena. No mês de Abril desse mesmo ano, chega para fixar residência na localidade o Padre
Cícero ou “padim” que mudou a história da região.
Padre Cícero ao dar a hóstia consagrada à beata Maria Magdalena do Espírito
santo se surpreendeu quando a hóstia se transformou em sangue. O fato se repetiu dezenas de
vezes com diferentes outros moradores da cidade.
As toalhas que eram usadas para limpar a boca das pessoas se tornaram objeto de
curiosidade e foram expostas para visitação. Apesar de terem sido testemunhados por muitos
moradores e Padres, o Milagre de Juazeiro nunca foi reconhecido pela Igreja e Padre Cícero
não foi beatificado.
Depois do dito milagre, a cidade com 250 mil habitantes, passou a ser visitada por
peregrinos de todos os lugares do país, principalmente do nordeste. Em novembro, mês dos
finados, mais de dois milhões de pessoas participam da grandiosa romaria organizada todos os
anos.
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Outra atração muito visitada pelos romeiros é a grandiosa estátua do Padre Cícero
com 27 metros de altura que fica na Serra do Horto onde ele gostava de fazer seus retiros
espirituais. O monumento representa a terceira maior estátua em concreto do mundo,
perdendo apenas para a Estátua da Liberdade em Nova Yorque e o Cristo Redentor no Rio de
Janeiro.
No período da Semana Santa, ocorre em Nova Jerusalém, Pernambuco, a
reconstituição da Via Sacra, onde são relembrados os últimos momentos de Jesus Cristo entre
os homens. Nova Jerusalém é um teatro ao ar livre, seus cenários buscam representar uma
reconstrução parcial da cidade de Jerusalém nos tempos em que viveu Jesus. Seu projeto foi
idealizado e construído por Plínio Pacheco. Todos os anos durante a Semana Santa realiza-se
o popular espetáculo da Paixão de Cristo. Participam dessa encenação cerca de 500 pessoas,
entre atores e figurantes.
Existe ainda um outro santuário religioso, que é a cidade de Nova Trento, no
estado de Santa Catarina. Em 1942, já com 77 anos, morre Irmã Paulina, comovendo a todos
que, mais tarde, foram reconhecidos por peritos médicos, teólogos e cardeais da Congregação
para a Causa dos Santos.
Em 18 de outubro de 1991 foi realizada sua beatificação pelo Papa João Paulo II,
na cidade de Florianópolis. Madre Paulina havia se transformado na primeira Santa brasileira,
além de fazer Nova Trento ficar famosa em todo o mundo.
Uma cidade que merece ter reconhecimento no cenário nacional do turismo
religioso é a cidade de São José de Ribamar, cidade balneária distante 32 km da capital do
Maranhão, onde acontece o festejo do santo da cidade no mês de setembro e que leva milhares
de fiéis a visitar o local para pagar suas promessas na igreja de São José de Ribamar ou aos
pés da estátua do santo. Essa festa ainda é eminentemente de maranhenses, entretanto já
começa a ter reconhecimento no cenário nacional, prova disso é a visita de turistas de outras
partes do Brasil na cidade principalmente durante a realização do Festejo.
De todos os locais com potencial turístico-religiosos já citados, destacaremos com
maior ênfase a cidade de São José de Ribamar, visando identificar a contribuição deste
segmento do turismo para o desenvolvimento econômico e cultural da mesma.
Além de poder usufruir de uma bela natureza, quem se desloca ao Maranhão, mas
precisamente à São José de Ribamar, também pode desfrutar do Turismo Cultural e Religioso.
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Com uma variedade de destinos seja na área cultural ou religiosa, o turista que visita o Estado
pode assistir a grandes demonstrações de fé e manifestações culturais.
Na capital do Estado, São Luís, o Centro Histórico, museus, teatros e uma
infinidade de manifestações populares garantem uma mistura de aprendizado e lazer aos
turistas, dando continuidade a essa mistura, podemos citar as cidades de Alcântara e São José
de Ribamar, onde também acontecem algumas das mais importantes festas religiosas do
Estado.
No mês de junho é a época em que a cidade de São Luís tem mais a oferecer, pois
é quando acontecem as festas em homenagem a Santo Antônio (13 de junho); São João (24 de
junho); São Pedro (29 de junho) e São Marçal (30 de junho). É nesse período que podemos
presenciar várias apresentações como bumba-meu-boi e o tambor de crioula em homenagem
aos Santos.
O bumba-meu-boi sintetiza influências indígenas, portuguesas e africanas em
festiva referência ao ciclo do gado no Estado. O tambor-de-crioula, por sua vez é herança
africana em estado quase natural, assim como o tambor de mina, de caráter religioso, que
remete ao candomblé através dos cultos Jeje e Nagô, preservados em seus dialetos originais.
Podemos perceber que os festejos católicos oficiais e os do catolicismo popular
são um misto de profano e sagrado porque, ao lado das missas, novenas e batizados, há
também os bares, shows, apresentações de grupos populares e outros.
No Maranhão há também a presença de uma forte religiosidade afro, denominada
de religiosidade afro-maranhense, conhecida como religião trazida pelos negros africanos de
origem jeje, nagô e outras para o Maranhão, isto é, o toque que indica um ritual de chamada e
louvação às entidades africanas (voduns e orixás) e cablocos de várias procedências.
Os rituais são realizados em casas de culto chamadas de terreiros ou casas de
mina, onde os iniciados recebem entidades em transe mediúnico em rituais acompanhados por
instrumentos como tambores (abatas, tambores da mata), cabaças e agogôs. O tambor de mina
é realizado nos terreiros principalmente nos dias em que a Igreja celebra as festas de seus
santos.
O tambor de mina surgiu com os negros jeje e nagôs e vem sendo mantido por
seus descendentes há mais de um século. Durante o ritual, os “encantados” se manifestam e
entram em contato com os devotos. No mês de junho, observa-se a presença de grupos de
bumba-meu-boi nos cultos do Tambor de Mina. Duas casas se constituem respectivamente
nas mais antigas de São Luís: a Casa das Minas e a Casa de Nagô.
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do mastro, prisão dos mordomos e visitas do imperador e mordomos são alguns momentos
que marcam a festa.
Outro grande festejo que atrai milhares de visitantes, dentre estes vários turistas, é
o Festejo de São José de Ribamar, na cidade de mesmo nome. A festa acontece sempre no
mês de setembro, tem a duração de dez dias e é sempre escolhido o período de lua cheia, pois
antigamente não tinha energia elétrica e com a escuridão era muito difícil fazer a romaria.
Hoje, apesar da iluminação elétrica, a tradição dos festejos na lua cheia continua.
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Muitas pessoas afirmam que a Igreja de São José de Ribamar já caiu por três
vezes, até ser construída de frente para o mar. Para os devotos, esse mistério é explicado pelo
desejo do Santo em ter a Igreja voltada para o mar. (Fig. 01).
A lenda da queda da Igreja de São José de Ribamar por três vezes é bastante
difundida pelos moradores da cidade, e a maioria deles acreditam fielmente nessa “história”,
os guias turísticos que por sua vez levam os turistas para conhecer a cultura, a religião e os
aspectos históricos quase sempre contam essa lenda para que estes entendam melhor a origem
da cidade.
Uma das maiores expressões de fé dos ex-votos ao Santo São José de Ribamar
consiste nas promessas que estes fazem com intuito de alcançarem milagres. Nada parece
abalar a fé dos devotos que, agradecidos, jogam no mar garrafas com velas, cartas, dinheiro
ou fotografias, encontradas pelos pescadores e levadas para a Casa dos Milagres, ao lado da
Igreja de São José de Ribamar. Ali, desde os anos 60, os romeiros depositavam os “milagres”,
ou ex-votos, proibidos de serem colocados no andor do santo como era feito.
São joelhos de cera, pés, cabeças, miniaturas de casas e barcos, etc, levados pelos
fiéis em procissão. Uma infinidade de objetos passaram a ser armazenados no Museu dos Ex-
Votos (Fig. 02), embaixo do monumento a São José.
Figura 02 - Interior do Museu dos Ex-Votos
A balneária cidade de Ribamar no período das festas do seu santo protetor muda,
radicalmente, de hábito pela enorme quantidade de pessoas que a visita seja para pagar
promessas, batizar, casar, passear, pedir graças, agradecer milagres alcançados pela
intercessão do santo São José, ou então simplesmente para entregar-se a momentos de oração.
É comum deparar-se com homens e mulheres de lágrimas nos olhos tomadas pela
emoção da fé que alimenta a esperança na busca de curas e milagres considerados
aparentemente impossíveis, mas que cujas graças acabam sendo alcançadas pelos fiéis.
É incalculável a quantidade de histórias sobre as graças alcançadas, se originam
das mais diversas formas do pagamento de promessas. A exemplo, como levar coração,
cabeça, rim, fígado e outros tantos órgãos feitos de cera para representar a cura de problemas
da saúde, outros sacrificam-se em extensas caminhadas até a igreja para agradecer pelo
emprego ou mesmo o casamento esperado há tanto tempo.
Um misto de adoração e respeito envolve a fé dos devotos de São José de
Ribamar. É também uma tradição que passa de pai para filho, a cada geração. A devoção
ímpar dos maranhenses por São José de Ribamar está, a cada ano que passa, levando um
infinito número de devotos ao Santuário do Padroeiro do Maranhão no período de seus
festejos que acontecem sempre no mês de setembro, conforme a lua.
Além da festa do Glorioso São José de Ribamar, a qual será um capítulo à parte
deste trabalho, os ribamarenses fazem ainda as festas de Nossa Senhora da Conceição, dia 8
de dezembro; do Divino Espírito Santo; de Nossa Senhora da Vitória; Cordões de Reis; Natal;
de São Gonçalo, São Benedito, São Judas Tadeu e a de São Pedro, promovida pelos
pescadores, sendo sua procissão feita no mar, em canoas e barcos bem-ornamentados.
É importante ressaltar que o município de São José de Ribamar é um dos maiores
pólos turísticos do estado do Maranhão, devido atrair milhares de turistas e visitantes todo
ano, que vêm, na sua grande maioria, movidos pela fé no Santo Padroeiro do Maranhão.
Acredita-se deste modo que a devoção popular a São José de Ribamar é um valioso fator
catalisador de fiéis e a maior ferramenta impulsionadora do turismo para região.
Atrações turísticas são o que não faltam em São José de Ribamar, a começar pela
adoração ao próprio Santo Padroeiro do Maranhão, somado a um meio ambiente de muito
valor, cercado de paias, com ecossistemas virgens, piscosidade rica, onde desponta uma
cozinha de frutos do mar, valioso artesanato e um povo humilde, mas bastante hospitaleiro,
49
uma característica autêntica do maranhense. Pode-se identificar estes atrativos tanto do lado
natural, quanto do lado cultural-religioso.
Porém neste sub-capítulo iremos nos ater, prioritariamente, aos pontos turísticos
que encontram-se relacionados ao turismo religioso de São José de Ribamar. Dentre estes
pontos turísticos podemos destacar: o monumento em homenagem ao Santo São José, de 17,5
m de altura, e do menino Jesus, com 8 metros de altura. (Fig. 03).
Na parte atrás da Igreja, mais ou menos em frente à Casa Paroquial foi construída
a Casa das Velas, construção das mais importantes, pois antigamente as velas eram acesas em
uma pequena dependência improvisada no lado direito da Igreja. Agora totalmente novo e
planejado para a finalidade que se destina, dando aos fiéis mais segurança.
O Caminho de São José pode ser considerado como a segunda etapa do Novo
Santuário, executado através de quadros, compostos por 22 estátuas, com toda fundamentação
bíblica, dentro da maior tradição católica, que mostram para contemplação pública os oito
momentos mais fortes da vida e da missão de São José, esposo de Maria e pai de Jesus Cristo.
Essas estátuas estão alojadas na praça, também chamada de Esplanada, como já foi dito
anteriormente. Cada conjunto de estátuas representa uma estação, no total de oito, todas
baseadas nas passagens bíblicas, com exceção da última, que retrata a tradição popular (Fig.
04).
Figura 04 - Imagem da Família Sagrada (Caminho de São José)
Fonte:
Os motoqueiros Arquivopor
se reúnem do si
fotógrafo
mesmos,Albani Ramosnenhuma entidade que os
não existe
aglutine para tal finalidade, fazem apenas uma comissão coordenadora. A tão sonhada
chegada se concretiza na madrugada de domingo, quando eles próprios anunciam a mesma
com buzinas e fogos de artifício. Na oportunidade é aberta a igreja e um padre é encarregado
de benzer o motoqueiro, a moto e o capacete.
Segundo relatos de alguns participantes do Festejo acontecido em setembro de
2007, algumas pessoas informaram que a Romaria dos Motoqueiros estaria sujeita a acabar,
devido aos transtornos que o barulho das motos causariam aos moradores que residem
próximo ao local por onde os motoqueiros passam e já que existe uma quantidade de motos ao
mesmo tempo em horário inadequado.
5.5.3 Procissão
desistirem de suas promessas ou da sua fé. Mesmo suados, sonolentos e famintos, os fiéis
cumprem as promessas feitas ao Santo.
Há ainda a Procissão Marítima, cuja realização aconteceu pela primeira vez
durante os festejos do ano de 2000, no dia 16 de setembro. Saindo da Praia do Vieira com
destino a Praia do Barbosa, ambas na cidade de São José de Ribamar. Réplicas das imagens
de São José e Nossa Senhora são conduzidas desde a igreja até o porto, em um andor
enfeitado com um arco feito com escamas de peixes grandes, num trabalho de grande
delicadeza e criatividade.
Durante o Festejo, muitas pessoas aproveitam o evento para usufruírem das
belezas naturais da cidade balneária de São José de Ribamar, já outros tentam ganhar um
dinheiro extra, vendendo as mais diversificadas mercadorias, somados ainda a um
considerável número de turistas que vêm de várias partes do país.
O batizado dos carros em São José de Ribamar é tradição tanto na época dos
Festejos quanto em outras épocas do ano. Está registrado no livro da Igreja de São José de
Ribamar que o primeiro batismo de carro foi realizado pelo padre João Lemmer, no ano de
1940. O segundo só viria a acontecer em 1954, realizado pelo padre Tiago Zwarthocd. Daí em
diante foi havendo uma continuidade, tornando-se constante sua realização.
Esse hábito de batizar o veículo recém-comprado tornou-se praxe para a maioria
dos maranhenses, principalmente para aqueles que são devotos de São José de Ribamar. Com
o tempo, a diversidade de batismo se multiplicou e atualmente batizam-se bicicletas, ônibus,
carroças, motos, e não há cobrança oficial. O “benzedor” mostra o bolso da sua bata, onde
cada pessoa coloca a contribuição que achar conveniente.
Atualmente a pessoa responsável pelo batismo dos carros é o senhor João
Gualberto Rabelo dos Santos, ministro da Eucaristia, que por sua vez orgulha-se do trabalho
que realiza. Ele fica encarregado de benzer os carros e logo após, presta contas das ofertas que
recebeu ao pároco. Esta renda é revertida em cestas básicas e remédios para a comunidade
(Fig. 08).
57
41%
59%
masculino
feminino
Pode-se observar de acordo com o gráfico acima, que existe um equilíbrio quanto
ao sexo dos turistas freqüentadores do Festejo de São José de Ribamar, onde se percebe uma
leve predominância para o sexo feminino, fato comprovado durante as entrevistas, onde foi
notória a presença de pessoas deste sexo.
59
3% 8%
15%
23%
26%
25%
15% 18%
13% 9%
8%
14% 23%
autônomo vendedor
func. público estudante
aposentado profissional liberal
outros
24%
40%
14%
21%
57%
8%
São Luís
outros Estados
61
27%
41%
32%
uma vez
2 a 4 vezes
mais de 4 vezes
desenvolvimento dessa atividade, que por sua vez foram apontadas pelos próprios
entrevistados.
Gráfico 7 - Importância do Turismo para a cidade de São
José de Ribamar:
4% 5%
14%
25%
21%
8%
23%
14%
86%
sim não
5%
30%
47%
18%
não existe
pouco divulgado
muito divulgado
razoavelmente divulgado
64
Conforme os dados acima inferiu-se que a maioria dos entrevistados acha que o
turismo religioso de São José de Ribamar é pouco divulgado, o que significa um percentual de
47% do total de entrevistados. Observou-se através da pesquisa, que a maioria das pessoas
entrevistadas que moram no Maranhão ainda acham insuficiente a divulgação dentro e fora do
Estado, pois segundo depoimentos dos turistas oriundos de outros Estados praticamente
inexiste divulgação a respeito do Festejo que acontece em homenagem ao santo São José de
Ribamar, ou mesmo sobre a cidade. Portanto, percebe-se que essa divulgação é restrita aos
municípios adjacentes ao local em estudo.
13%
27%
37%
23%
Tendo como base o gráfico acima pode-se inferir que a maioria dos entrevistados,
ou seja, um percentual de 37%, acha que falta mais divulgação dentro e fora do Maranhão,
principalmente no que diz respeito a outros Estados, pois somente através da divulgação
pode-se disseminar o conhecimento a respeito do Festejo e atrair um maior número de
visitantes para o município de São José de Ribamar. Um dos exemplos de locais que explora o
Turismo Religioso é a cidade de Belém do Pará, muito conhecida pela realização do Círio de
Nazaré, que apresenta grandes fluxos de turistas, e tudo isso se dá principalmente pelos
investimentos maciços que são feitos na divulgação do evento.
Um outro fator bastante enfatizado pelos entrevistados durante a aplicação dos
questionários e o qual apresentou o segundo maior percentual (27%), foi a respeito da falta de
investimentos por parte dos órgãos governamentais em segurança, e infra-estrutura básica e
turística. Esses requisitos são imprescindíveis para o bom funcionamento da atividade
turística e principalmente para satisfazer as necessidades dos turistas. Alguns dos
65
entrevistados disseram ainda que o Festejo deveria ter um calendário fixo, bem como ser
divulgado nacionalmente durante o ano todo e incluído em Roteiro Turístico Brasileiro.
8%
92%
sim não
Foi questionado aos visitantes se eles visitariam outras vezes a cidade de São José
de Ribamar durante a realização do Festejo, e de acordo com o gráfico acima obteve-se um
percentual de 92% do total correspondendo a resposta “sim”, enquanto que somente 8% dos
entrevistados respondeu negativamente à pergunta formulada. Portanto, supõe-se que o
Festejo realizado em 2007 teve uma grande aceitação por parte dos seus freqüentadores ou
ainda por aqueles que participaram pela primeira vez do mesmo.
15%
16% 9%
proposta de marketing
ampliar a dimensão do mesmo, de forma que pudesse ser inserido no cenário nacional como
um dos roteiros turísticos religiosos mais visitados do país. Observa-se no gráfico abaixo uma
predominância para todas as propostas citadas, a qual obteve-se um percentual de 35%, ou
seja, os entrevistados relataram que seria interessante a realização de uma proposta de
marketing no sentido de incentivar a divulgação do Turismo Religioso; a melhoria de infra-
estrutura turística e de apoio; proposta de incentivo à comercialização de artesanato e à
participação da comunidade local em atividades de cunho turístico que possibilitassem a
geração de renda.
Um outro aspecto que também merece mais atenção por parte dos organizadores
do Festejo, se refere à assistência aos idosos que muitas das vezes vêm de longe para
participarem do evento sem sequer disponibilizarem de recursos, neste caso, poderiam ser
criados espaços de hospedaria para os idosos, ou para outras pessoas, que não têm onde se
alojar. Sugeriu-se ainda, a possibilidade de haver um local fixo e padronizado para exposição
da venda de artesanatos, onde foi visto ao longo da pesquisa que os vendedores não possuíam
barracas padronizadas.
46%
54%
masculino
feminino
12% 5%
13% 29%
20%
21%
menos de 18 anos
18 a 28 anos
29 a 39 anos
40a 50 anos
51 a 61 anos
mais de 61 anos
12% 17%
5%
14%
21%
12%
19%
autônomo
vendedor
funcionário público
estudante
aposentado
profissional liberal
outros
12%
26%
20%
42%
1%
99%
sim não
17%
10% 42%
12%
19%
turismo religioso
turismo cultural
turismo religioso e cultural
turismo de natureza
todas as opções
22%
47%
31%
tem crescido
estável
tem diminuído
26%
74%
sim não
Das cem pessoas entrevistadas, 74% do total acha que o turismo religioso traz
benefícios à comunidade e apenas um percentual de 26% discordou. Segundo estas pessoas
71
que discordaram quanto aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento do turismo religioso,
este tipo de atividade atrai vandalismo e incentiva a violência, principalmente na época em
que é comemorado o Festejo. Outras pessoas identificadas nesse quantitativo são evangélicas
e, portanto não concordam com a realização do Festejo, ou ainda não percebem mudanças
quanto ao desenvolvimento da cidade em relação à implementação do turismo de modo geral.
9%
23%
12%
12%
44%
23%
77%
sim não
9%
22%
17%
52%
15%
85%
sim não
7 CONCLUSÃO
Tem que haver mais divulgação acerca do potencial turístico da cidade, pois só
assim os turistas irão ser motivados a conhecer de perto esse potencial. Por último é válido
ressaltar ainda a importância da realização de um planejamento turístico correto, cujas ações
aconteçam de forma criteriosa e que estas possam contribuir efetivamente para a maximização
do crescimento do turismo religioso e de modo geral em São José de Ribamar.
77
REFERÊNCIAS
ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. 8. ed. São Paulo: Ática,
1998.
ANSARAH, Marília Gomes dos Reis (Org). Turismo: segmentação de mercado. São Paulo:
Futura, 1999.
ANSARAH, Marília Gomes dos Reis. Turismo e lazer: cultura e manifestações no cotidiano
urbano: aspectos do turismo e do lazer cultural brasileiro, São Paulo: Futura, 1999.
BANDEIRA, Tereza Maria Portelada; QUEIROZ, Liduína Maria de Freitas. São José de
Ribamar: um exemplo de turismo religioso no espaço maranhense. 2005. Monografia (Curso
de Turismo) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, São Luís, 2005.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 7. ed. São Paulo: SENAC, 2002.
COOPER, Chris et. al. Turismo, princípios e práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
DIAS, Reinaldo; SILVEIRA, Emerson J. S. da. (Org). Turismo religioso: ensaios e reflexões.
Campinas: Alínea, 2003.
MIDDLETON, Victor T.C. Marketing de turismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus,
2002.
PETROCCHI, Mário. Marketing para destinos turísticos. São Paulo: Futura, 2004.
REIS, José Ribamar Sousa dos. São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua gente. São
Luís: Empresa Jornalística do Maranhão Ltda, 2001.
APÊNDICES
80
QUESTIONÁRIO 01:
Esta é uma pesquisa monográfica que será apresentada ao Curso de Turismo da Universidade
Federal do Maranhão para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Tem como objetivo
coletar dados e traçar o perfil do turista ou visitante freqüentador do Festejo de São José de
Ribamar.
Solicito a sua colaboração, respondendo a este questionário.
1 - Faixa etária:
( ) menos de 18 anos ( ) 40 a 50 anos
( ) 18 a 28 anos ( ) 51 a 61 anos
( ) 29 a 39 anos ( ) mais de 61 anos
2 - Sexo:
( ) masculino ( ) feminino ( ) outros
4 - Renda Familiar:
( ) até um salário mínimo ( ) de 4 a 6
( ) de 1 a 3 salários mínimos ( ) mais de 6
( ) sim ( ) não
6.1 - Em caso afirmativo, com que freqüência você visita São José de Ribamar?
7- Você acha que o turismo é importante para a cidade de São José de Ribamar?
( ) sim ( ) não
( ) sim ( ) não
81
_______________________________________________
_______________________________________________
( ) sim ( ) não
10 – Qual a sua opinião sobre a divulgação do Turismo religioso em São José de Ribamar?
11 - Em sua opinião, o que deveria ser feito para melhorar o Turismo Religioso em São José
de Ribamar?
_______________________________________________
_______________________________________________
( ) sim ( ) não
13 – Das propostas abaixo, quais você considera importante para ajudar a inserir o município
de São José de Ribamar no Cenário Nacional, como um dos principais Roteiros de Turismo
Religioso?
QUESTIONÁRIO 02:
Esta é uma pesquisa monográfica que será apresentada ao Curso de Turismo da Universidade
Federal do Maranhão para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Tem como objetivo
coletar informações dos moradores do município de São José de Ribamar acerca do Festejo,
bem como sobre as providências que eles acham que devem ser tomadas para o
desenvolvimento do Turismo Religioso na localidade.
Solicito a sua colaboração, respondendo a este questionário.
1- Faixa etária:
( ) menos de 18 anos ( ) 40 a 50 anos
( ) 18 a 28 anos ( ) 51 a 61 anos
( ) 29 a 39 anos ( ) mais de 61 anos
2- Sexo:
( ) masculino ( ) feminino ( ) outros
4- Renda Familiar:
( ) até um salário mínimo ( ) de 4 a 6
( ) de 1 a 3 salários mínimos ( ) mais de 6
( ) sim ( ) não
( ) sim ( ) não
6.1-Em caso afirmativo, qual tipo de turismo você acha que o município tem vocação?
( ) sim ( ) não
83
( ) sim ( ) não
_____________________________________________________________________
10- Em sua opinião, existe participação efetiva do poder público municipal em relação à
implementação do Festejo de São José de Ribamar?
( ) sim ( ) não
10.1-Em relação à questão anterior, você acha que há participação do poder público municipal
quanto à:
▪ Segurança?
▪ Outros?
( ) sim ( ) não
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________
ANEXOS
85