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1 INTRODUÇÃO

O turismo religioso pode ser entendido como uma atividade desenvolvida por
pessoas que se deslocam por motivos religiosos ou para participarem de eventos de
significado religioso. Compreendem peregrinações, romarias, visitas a locais de caráter
histórico-religioso, festas e espetáculos de cunho sagrado.
É um segmento que além de contribuir para a valorização e preservação das
práticas espirituais, enquanto manifestações culturais e de fé, pode contribuir maciçamente,
desde que realizado de maneira planejada, para o desenvolvimento positivo da economia, da
cultura e ao aumento da qualidade de vida da população local.
Atualmente, a cidade de São José de Ribamar, localizada no Estado do Maranhão,
destaca-se pela religiosidade manifestada através de eventos religiosos, dentre os quais foi
enfatizado o Festejo em homenagem ao santo, que por sua vez atrai todos os anos uma
expressiva quantidade de visitantes e turistas, que através da fé manifestam seus
agradecimentos às graças alcançadas.
Com intuito de dar prosseguimento a esta discussão, buscou-se identificar e
analisar através desta pesquisa o potencial do turismo religioso da cidade de São José de
Ribamar, bem como evidenciar os pontos positivos e negativos inerentes ao desenvolvimento
turístico da localidade supracitada, os quais foram obtidos através do levantamento de dados
presentes nas pesquisas bibliográficas e visitas de campo. Ao mesmo tempo em que poderá
surgir dentro das possibilidades e realidades existentes, propostas de melhoria e
implementação da atividade turística no município.
O trabalho está estruturado da seguinte forma: primeiramente é apresentada uma
análise acerca do turismo contemporâneo, em que se destaca a evolução do turismo como
atividade econômica desencadeante de fatores sociais. Estuda-se o turismo como fruto do
capitalismo, a partir do momento que encontra-se inserido em uma sociedade baseada
principalmente no consumo e faz-se um apanhado da importância do lazer num contexto
atual, além de apontar algumas das principais motivações para a prática da atividade turística
na atualidade.
Realiza-se ainda uma abordagem acerca da importância da segmentação turística,
onde inclui-se alguns dos principais tipos de turismo e o uso do marketing como instrumento
dessa segmentação. Ainda dentro da segmentação turística procura-se enfatizar a motivação
quanto às viagens com objetivos relacionados à cultura e religião.
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Em seguida aborda-se o turismo religioso, bem como seus aspectos históricos e a


dimensão que ele apresenta no mundo, destacando-se os principais destinos do Brasil e
Maranhão. Trata-se ainda neste item, das manifestações e dos eventos de cunho religioso e
cultural que acontecem no país.
Mais detalhadamente, o capítulo 5 contempla o Turismo Religioso em São José de
Ribamar, faz-se um apanhado geral sobre seus aspectos históricos, as lendas, milagres e
promessas feitas ao Santo, bem como aborda-se os atrativos turísticos que apresentam alguma
relação com a religião e finalmente a realização do Festejo de São José de Ribamar, citando
seus principais momentos.
Por fim são apresentados os resultados e discussões acerca dos dados obtidos
durante a realização da pesquisa de campo, onde faz-se uma análise sobre os questionários
aplicados junto aos visitantes que freqüentam o festejo, com o objetivo de traçar o perfil dos
mesmos. Analisa-se ainda neste item os questionários aplicados à comunidade local, com o
intuito de identificar a opinião da mesma sobre o festejo e sobre o turismo religioso de modo
geral.
A metodologia empregada para a elaboração deste trabalho baseou-se em pesquisa
bibliográfica e documental, em busca de referência teórica e maior aprofundamento em
relação ao tema abordado. Houve informações adquiridas através de revistas, jornais e
Internet. Foram realizadas entrevistas in loco com os turistas durante dois dias de festejo e
com a comunidade em outros dias aleatórios. Os questionários constaram de perguntas abertas
e fechadas e após a aplicação dos mesmos, foi realizada a tabulação dos dados e por fim o
cruzamento desses dados.
Além dos objetivos primordiais deste trabalho já citados anteriormente, visa-se
contribuir para que estudos posteriores possam ser melhor aprofundados e quem sabe servir
de base para incentivar potencialmente o crescimento do Turismo Religioso em São José de
Ribamar.
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2 TURISMO CONTEMPORÂNEO

As mudanças econômicas, políticas e culturais dos últimos anos foram intensas e


abrangentes. O fim da Guerra Fria, o colapso do socialismo, a introdução e crescente inserção
das novas tecnologias propiciadas principalmente pela Revolução Industrial alteraram
intensamente nossa concepção de mundo.
Portanto, é possível perceber que a sociedade passa por constantes mudanças e o
turismo surge a partir do resultado de tais transformações, onde pode-se identificar a sua
evolução na medida em que novas tecnologias foram sendo inseridas, bem como introdução
de melhores condições de trabalho, fato pelo qual proporcionou aos trabalhadores o chamado
tempo livre, gerando qualidade de vida, dentre outras práticas que foram fundamentais para o
surgimento e crescimento do turismo.
Para identificar o momento em que o turismo dá seus primeiros indícios de
desenvolvimento é interessante que se observe a ordem cronológica de alguns acontecimentos
que ocorreram na sociedade e por conseqüência favoreceram ao implemento do turismo,
conforme será exposto a seguir.
Com a criação das agências de viagens na década de 1850, foram publicados
muitos guias de viagens que não só forneciam informações sobre as distâncias, os caminhos e
as atrações, como também explicavam, sobre os locais visitados. Esse fato além de auxiliar os
viajantes, também reforçava socialmente o desejo de viajar, motivando as pessoas a se
deslocarem para conhecer outras realidades humanas e locais mais distantes do próprio
entorno.
Após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, aconteceram importantes
transformações no mundo, principalmente na área tecnológica, com a fabricação em massa do
automóvel e do ônibus, ou seja, novos meios de transporte tornaram-se agentes
impulsionadores do turismo.
A partir de 1930, o ônibus passou a apresentar maior rentabilidade que os trens.
Nessa fase, os destinos turísticos predominantes foram os balneários e águas termais e,
posteriormente, deram lugar ao alpinismo e aos acampamentos.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), o turismo sofreu uma
parada brusca. A situação econômica mundial não permitia gastos com supérfluos. Quando,
porém, a guerra terminou, surgiu uma grande novidade que revigorou a prática do turismo: a
utilização do avião como meio de transporte de civis.
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A expansão tecnológica se deu paralelamente a uma revolução de valores e


costumes que repercutiram em diversos setores, inclusive no de serviços, onde se inclui a
atividade turística. Nesse contexto o turismo foi intensificado e transformado em um mercado
promissor.
Em 1949, foi vendido o primeiro pacote de turismo que utilizou o avião como
meio de transporte. A partir de 1957, o avião já começou a fazer forte concorrência aos
navios, pois exigia menos tempo de deslocamento e oferecia preços mais acessíveis.
Após a Segunda Guerra Mundial em 1950, a economia mundial começou a dar
sinais de recuperação, propiciando melhorias nos meios de transporte e na infra-estrutura que
criaram um mecanismo de expansão do turismo por meio da abertura de estradas e da
liberdade propiciada pelos automóveis. O avião a jato veio, com menores custos, encurtar as
distâncias e o tempo de viagem, abrindo acesso a classes sociais que anteriormente não
podiam fazer turismo.
Os trabalhadores reivindicaram mais tempo de lazer e adquiriram o direito a férias
remuneradas. Assim, a melhoria nos meios de transporte, na vida das cidades, o trabalho nas
fábricas que substituiu o trabalho doméstico, foram alguns dos fatores que transformaram o
turismo em um fenômeno mundial de massas.
Nos períodos compreendidos entre os anos de 1960 e 1970, os agentes de viagens
começaram a utilizar as novas técnicas de administração e marketing, introduzindo o uso da
informática em suas empresas.
Em 1970, o mundo já contava com um extraordinário número de agências de
viagens, de companhias aéreas e de grandes cadeias hoteleiras. A grande
concorrência estabelecida entre os meios de transporte, como navios, trens, ônibus e
aviões, entre as cadeias hoteleiras e, principalmente, entre diferentes países, cada
qual querendo atrair para suas empresas e seus territórios maior número de
visitantes, fez com que as atrações turísticas fossem divulgadas mundialmente. Os
serviços foram aperfeiçoados e os preços reduzidos em razão da forte concorrência
comercial. (OLIVEIRA, 2002, p. 27)

Portanto, as viagens foram sendo cada vez mais estimuladas em decorrência das
facilidades criadas até então, tornando-as cada vez mais organizadas e também acessíveis às
classes menos abastadas. Diversificam-se os grupos sociais que passam a desfrutar do prazer
de viajar. Com isso as viagens turísticas tornaram-se elemento constante da vida cultural e
sócio-econômica de muitas sociedades.
A partir de 1980, o desenvolvimento tecnológico permitiu que os serviços
turísticos, englobando todas as áreas da atividade, passassem a ser mais rápidos, eficientes e
com preços mais baixos. As reservas de acomodações nos meios de hospedagens, de lugares
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nas empresas transportadas, de aluguel de veículos, por exemplo, passaram a ser feitas
eletronicamente.
Os consumidores de viagens passaram a dispor em seus computadores
domésticos, de muitas das informações de que necessitavam. E o surgimento da globalização
foi de suma importância para acelerar o crescimento do turismo. Como afirma Oliveira (2002,
p. 27): “[...] as fronteiras, antes fechadas, abriram-se, permitindo a entrada de multidões de
turistas. O mundo ficou cada vez menor e as pessoas mais próximas umas das outras em
conseqüência da globalização”.
As telecomunicações, a área de multimídia e a Internet transformaram o setor
turístico, forçando mudanças nas apresentações dos produtos, na prestação dos serviços, na
comercialização e na comunicação, alterando os papéis de agentes tradicionais e criando
novos espaços de comercialização e relacionamento.
Segundo Dias (2003, p. 20) sobre os avanços tecnológicos no campo da
informação e das telecomunicações diz que “[...] com a facilidade de obtenção de informações
dos destinos e dos atrativos oferecidos, o turista torna-se mais exigente ao consumir o produto
in loco, pois recebeu informações amplamente disponibilizadas na Internet”.
Com isso, o turista começa a personalizar sua viagem; em função da facilidade de
informação, procura cada vez mais fazer seu próprio planejamento, evitando a padronização.
Ao chegar ao local de viagem, estabelece seus próprios contatos e roteiros que previamente
estabeleceu via Internet.
Segundo Beni (2003, p. 24) sobre o crescimento de sites de turismo “[...] os sites
de turismo têm crescido numa proporção geométrica em todo o mundo. Para se ter uma idéia
desse crescimento, somente no Brasil o salto nos dois últimos anos foi de 1.200 para 6.000
sites, ou seja, um aumento de 400%”.
Ressalta-se a possibilidade de os turistas elaborarem seus próprios pacotes
turísticos, incluindo-se reservas em hotéis, vôos aéreos, entre outros, com um simples acesso à
Internet ou aos sites de turismo, permitindo ao turista realizar uma espécie de “turismo
virtual”, onde ele poderá fazer uma pesquisa detalhada sobre os destinos que o interessam, e
ao final escolher um deles para visitar.
Mas além da pesquisa, é possível também, por meio dos recursos virtuais
(tecnológicos), conhecer previamente um local a ser visitado. E, para aqueles que por algum
motivo não podem se deslocar fisicamente é possível “visitar virtualmente” vários lugares do
mundo, pois através de alguns “cliques” pode-se estar em contato com os mais longínquos
espaços do planeta.
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As grandes cadeias de hotéis, restaurantes e companhias de transporte se


consolidam e novos atrativos se configuram nos parques temáticos, na convivência com a
natureza, nos esportes, na aventura, na saúde, na religião e em tantos outros.
Como aponta Trigo (1998, p. 23) sobre algumas tendências do turismo:
A globalização das estruturas políticas e econômicas iniciou um movimento em
direção a um mundo sem fronteiras. [...] talvez como reação à globalização e à
padronização, há um crescente reconhecimento do valor da diversidade cultural.
Paralelamente, esse reconhecimento de manter e divulgar as características únicas e
especiais de grupos étnicos e sociedades receptivas como um princípio fundamental
de promoção e desenvolvimento.

Conforme a abordagem do autor, entende-se que a globalização teve papel


imprescindível no que tange à facilidade de comunicação entre os povos de várias culturas,
promovendo uma maior interação entre eles, de uma forma rápida e descomplicada. Em
contrapartida surge como reação à globalização, um maior interesse para o reconhecimento de
valores e costumes das sociedades entre si, bem como para a valorização e preservação da
identidade cultural, despertando nas pessoas a vontade de conhecer e ao mesmo tempo de
reconhecer suas afinidades com outras culturas.
Portanto, além do suporte tecnológico e das mudanças econômicas, o que
contribuiu para o aumento das viagens e do turismo foi a valorização que as pessoas
começaram a fazer das atividades ligadas ao lazer, às artes, à cultura, aos contatos
internacionais. Neste contexto, viajar tornou-se mais fácil, até mesmo um hábito, uma prática
social ou profissional comum ou mesmo uma necessidade para vários segmentos sociais.
O turismo, do ponto de vista econômico, só tende a ser favorecido, pois, além de
ser importante fonte de receita para os países em desenvolvimento e mesmo os desenvolvidos,
atende a uma necessidade de ocupação do tempo livre como o desenvolvimento espiritual e o
aprofundamento cultural.
Haja vista que uma das características fundamentais da vida e uma das principais
motivações humanas, que sempre tem acompanhado o homem na sua evolução histórica, é a
procura da diversidade e da variedade: diversidade de paisagens, de climas, de modos de vida,
de culturas e de civilizações.
É possível, portanto, que diferentes povos através da atividade turística, passem a
compreender o lugar que ocupam no mundo e a ligação que possuem uns com os outros.
Segundo estudos realizados em 2002 pela Organização Mundial do Turismo (OMT) indicam
a busca por interatividade como uma das tendências para as próximas décadas. (BRASIL,
2002)
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Alguns turistas ainda preferem envolver-se com a realidade do lugar que visitam,
com locais onde as culturas autênticas permanecem preservadas e por esse motivo é possível
haver interação entre uma cultura e outra, seus costumes, e até mesmo com as práticas
religiosas ali existentes. Em contrapartida, é possível observar que existem turistas motivados
por outros interesses, como por exemplo, a um destino diferenciado, dotado de infra-estrutura
e segurança, em local paradisíaco, onde é possível o contato com a natureza e a possibilidade
de desfrutar várias opções de lazer e entretenimento, para todas as idades, local este
conhecido como “resort”. Neste último caso, a motivação é diferente em relação ao turismo
religioso e cultural, pois não existe interação entre as culturas e nem busca por lugares
considerados sagrados.
A visitação em massa a locais considerados turísticos, ou seja, aqueles eleitos
como preferidos pelos turistas, mais conhecidos como turismo de sol e praia, acaba
ocasionando uma sobrecarga nesses locais. Nesse contexto, nota-se uma crescente procura por
outros segmentos do turismo, como por exemplo, o turismo religioso e cultural, que ainda
assim não deixam de ser considerados tipos de turismo de massa, já que podem reunir
diversas pessoas no mesmo local e ao mesmo tempo, como é o caso dos eventos religiosos.
O turismo religioso surge como uma nova opção de segmentação do mercado
turístico, onde o produto turístico pode ser vendido a diferentes grupos sociais de diferentes
localidades, destacando-se os festejos, que movimentam fiéis de vários lugares, em busca de
realização espiritual, objetos e pessoas sagradas e geram fluxos contínuos de turistas de todas
as crenças e religiões.
O turista do segmento religioso, diferentemente dos turistas que viajam em busca
de praia, sol e mar, almeja a paz espiritual, pagamento de promessas, alcance de graças e
adoração aos santos, cultos, curas espirituais. Nesse sentido, vários lugares têm se destacado
pela prática do turismo religioso, a exemplo do Caminho de Santiago de Compostela,
localizado na Espanha, da Basílica de São Pedro, em Roma, da cidade de Fátima em Portugal,
a cidade de Aparecida em São Paulo e ainda São José de Ribamar no Maranhão, objeto deste
estudo, conhecida por ser o “santuário da fé dos maranhenses”, que movimenta milhares de
fiéis o ano inteiro e, principalmente, durante o Festejo de São José de Ribamar, santo
padroeiro do Estado.
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2.1 Sociedade de consumo e turismo

Conforme mencionado anteriormente, com a modernidade e o desenvolvimento


das comunicações, do avanço tecnológico, de novos costumes, valores culturais e hábitos
emergentes, as viagens foram crescendo, sofisticando-se e se adequando às novidades globais
da época demandada pelos consumidores e oferecida pelos produtores. Nesse sentido
constrói-se a necessidade de praticar turismo pela sociedade moderna. E, como afirma
Coriolano (1998, p. 30): “A idéia de viajar vem penetrando de tal forma na mente do homem
moderno que cada vez mais, se fortalece como uma conquista, um direito, uma possibilidade,
um consumo criados no contexto da sociedade através dos meios de comunicação de massa
eletrônicos”.
Essa alteração no estilo de vida dos seres humanos vai, cada vez mais os
impulsionando a adotar, como alternativa de lazer, a viagem. E a sociedade capitalista,
responsável pela intensificação do ritmo de trabalho, logo transforma essa opção de uso do
tempo livre em mercadoria.
A modernidade industrial ao promover as inovações tecnológicas, informacionais
e organizacionais possibilitou ampliação do tempo livre, mas desempregando grande massa
de trabalhadores. Porém, foram as sociedades capitalistas que valorizaram o lazer, como
novos espaços de trabalho e de consumo. Afinal, o interessante ao capitalismo é a produção, o
lucro, que também podem ser extraídos do lazer e do turismo.
Para Coriolano (2006) “se o capitalismo luta pela maximização dos lucros, o
tempo livre é um desperdício, afinal para ele tempo é dinheiro”. Assim, o capitalismo
transforma o tempo livre em oportunidade de ganhos, tanto no turismo como no lazer local.
Transforma o lazer em consumo, em lucros, em oportunidade de negócio, considerado como
um dos mais oportunos e rentáveis, na atualidade.
Turismo e capitalismo se completam, pois o turismo é fruto dessa sociedade de
consumo e transforma o espaço e o próprio tempo em mercadoria. Assim fica cada vez mais
difícil ocorrer divertimento sem consumo. Em conseqüência disso, o turismo foi chamado de
indústria, pois nele ocorrem fenômenos de consumo, originam-se rendas, criam-se mercados
nos quais a oferta e a procura encontram-se.
O turismo que era para muitos uma atividade secundária, passou a receber atenção
especial em razão de ser uma fonte geradora de receitas e a exigir metódica e delicada
manipulação, consolidando-se dentro do conceito de “indústria normal”. Conforme Beni
(2002, p. 27):
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No turismo, pode-se imaginar, a priori, que tanto a área estatal como a empresarial
têm como objetivo real o lucro. O Estado espera da atividade turística o superávit no
balanço de pagamentos na conta específica, em razão do ingresso de divisas, e as
empresas que atuam no setor igualmente dimensionam a prestação de seus serviços
em razão da lucratividade dos investimentos necessários. (BENI, 2002, p. 27)

Para alguns autores, o turismo pode ser considerado como indústria por muitas
razões. Seja pela existência de uma organização dentro do setor que promove as viagens e
beneficia os locais receptores, seja pelos meios que utiliza ou pelos resultados que produz.
Neste caso, a especificação “indústria do turismo” está mais relacionada ao ponto de vista
econômico, na medida em que interage com vários segmentos de uma organização e ao final é
capaz de gerar lucro para um determinado local.
Dessa forma, do ponto de vista de negócio, o turista passa a ser visto apenas como
hóspede, consumidor ou cliente, e o turismo uma fonte de renda e divisas. Já para outros
autores como Coriolano (2006), “a rotulação indústria do turismo indica um equívoco
conceitual, reduz a dimensão da atividade ao setor econômico, quando ele é, também um
fenômeno sociocultural”.
Não podemos esquecer que o turismo além de gerador de renda e divisas é
também uma prática social, porque tem a capacidade de reunir oportunidades de aquisição
cultural, troca de experiências, realização de sonhos, busca de emoções e formas de
aprendizagem, tornando-se essencial para a interação entre as sociedades e à valorização da
identidade cultural de cada uma delas. Portanto, o turismo não deve ser considerado e
entendido apenas como uma forma de desenvolvimento econômico, mas sim sociocultural.
Em muitas circunstâncias, a dimensão cultural do turismo é substituída por uma
função puramente comercial, pois o viajante encontra em qualquer parte do mundo os espaços
similares e termina viajando numa seqüência de reproduções artificiais do mundo dos cartões
postais, apresentados através da publicidade.
Paralelamente ao trabalho, surgiram aos poucos as atividades ligadas ao tempo
livre, referentes aos deslocamentos para o campo, às férias, às festas públicas e privadas, às
procissões; apareceram os divertimentos e o turismo.
Na sociedade industrial, a atividade tornou-se um fenômeno de massa, podendo
atender a um maior número de pessoas das classes médias. Passou a gerar lucros e divisas,
algumas vezes, à custa de degradações, descaracterizações espaciais e discriminações sociais.
À medida que cresceram as cidades manufatureiras, surgiram as “semanas de
folga”, as férias e, com elas, aumentaram os balneários como opção de lazer para as classes
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trabalhadoras. Dessa modalidade evoluíram várias formas de lazer: os clubes, as cooperativas


de férias, o Touring Club, o Camping club, os albergues da juventude, os cruzeiros, etc.
A revolução industrial, ao acentuar a primazia e o valor extraído do trabalho,
ampliou as necessidades do lazer, sofisticou o produto, aprimorando-o no turismo. As férias,
ou o tempo livre, conquista dos operários fabris, antes usado para ficar em casa ou ir à Igreja,
foi redirecionado para passeios e viagens, conforme discutido anteriormente.
A sociedade de consumo com melhores e mais rápidos meios de comunicação
habilita-se para produzir cultura de massa, criando formas coletivas de lazer, como por
exemplo, o rádio, a televisão, o futebol, o turismo de sol e praia, os parques temáticos.
Na sociedade moderna, o turismo é um dos principais serviços de apoio à
produção e uma grande forma de consumo. Ao transferirem suas fábricas para os países
periféricos, os Estados ricos destinam maior movimentação ao turismo e ao consumo. A
sociedade industrial que se identifica agora como de produção flexível tem como base os
serviços.
A expansão do turismo no mundo contemporâneo configura-se fruto desse
processo histórico, das relações de trabalho que criaram o tempo livre, propiciado pelo
desenvolvimento tecnológico. O turismo representa um dos principais objetos do grande
consumo criado nesse contexto. O prazer, a liberdade e o lazer são enaltecidos nas sociedades
contemporâneas. Fica cada vez mais difícil desvencilhar férias, descanso e tempo livre das
atividades turísticas.
O estresse e as tensões vividas nos centros urbanos contribuem para que se
valorize e se destaque a atividade turística como necessidade básica das pessoas. Esta é vista
como necessária para uma trégua revitalizadora que propõe romper com as pressões
cotidianas, a rotina de trabalho e tantas outras obrigações rotineiras as quais o ser humano está
submetido.
É um período que favorece a reposição das energias, o descanso mental, o
crescimento pessoal e a fuga do cotidiano. Aproveitando tal contexto, a sociedade de consumo
começa a fortalecer o setor encarregado pela produção e pelo aperfeiçoamento dos produtos
turísticos.
Em contrapartida os turistas passam a ser mais exigentes, estão buscando novos
destinos e as melhores relações qualidade/preço; cria-se ambiente de grande concorrência
entre destinos turísticos, exigindo a utilização das técnicas de marketing.
O turismo se tornou uma das maiores atividades econômicas do mundo na geração
de divisas, empregos e recursos. Atualmente, é impossível limitar uma definição específica de
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turismo. Sem dúvida é uma atividade sócio-econômica, pois gera a produção de bens e
serviços para o homem visando à satisfação de diversas necessidades básicas e secundárias.
Devido a sua diversidade de ecossistemas que atrai o turismo alternativo e a
possibilidade da prática do turismo de sol e praia durante o ano todo, bem como a prática do
turismo cultural e religioso, que cada vez mais vem sendo procurado pelas pessoas, o Brasil é
um país com possibilidades de crescente aumento da chegada de turistas.

2.2 Lazer na contemporaneidade

A exaltação exacerbada do trabalho fez surgir o tempo livre e o lazer. Se na


sociedade industrial, o trabalho constituiu o cerne das preocupações, na chamada sociedade
flexível, o tempo livre, o lazer, o turismo e o prazer passam também a merecer igual atenção.
O turismo é um fenômeno dos tempos modernos, uma invenção do capitalismo,
portanto é relativamente recente. Surgiu quando o homem descobriu o prazer de
viajar, não apenas por necessidade e obrigação, mas por ser algo prazeroso, forma de
gozo, até se transformar em uma mercadoria como objeto de desejo e de felicidade.
(CORIOLANO, 2006 p. 21-22).

Ao contrário, a viagem existiu desde o início da existência humana e ocorria por


variados motivos: necessidade de suprir a sobrevivência, as guerras, os ritos sagrados, a busca
de saúde.
Na Antigüidade, as viagens eram vistas como um imperativo do destino; eram
realizadas como uma provação ou sofrimento, às vezes uma aventura, consideradas como
determinação da vontade divina. Isso se devia às condições precárias nas quais as pessoas
eram submetidas durante as viagens, ou seja, o deslocamento tornava-se muito demorado, por
conta de transportes e estradas de péssima qualidade, ao final essas pessoas chegavam ao seu
destino totalmente exaustas e sem vontade de repetir o trajeto.
Já a viagem turística muitas das vezes tem como objetivo primordial, sair do
cotidiano e possibilitar o encontro com o novo, o diferente, o desconhecido, a satisfação que
proporciona o consumo. O turismo, portanto, faz parte do mundo das mercadorias que atende
as novas necessidades geradas pelo capitalismo na sociedade de consumo.
Na vida moderna tanto a sensação de que o trabalho é estressante, quanto o
freqüente corre-corre das cidades fez priorizar a necessidade de lazer e da busca da felicidade,
fora deste cotidiano. Para muitos indivíduos, encontrá-la implica sair do mundo real, do
trabalho, viabilizado pela viagem turística. Muitos acreditam que a felicidade é facilmente
encontrada fora do cotidiano.
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Na modernidade, o trabalho permitiu a produção e o acúmulo de riqueza. Por


causa dele, se dá importância ao tempo livre e ao turismo. O tempo das pessoas que não
encontram emprego ou o perderam não pode ser direcionado para o turismo, porque esta
prática exige consumo e gastos, ao contrário dos que trabalham, que afastados
temporariamente continuam remunerados podendo converter seu tempo livre em turismo.
Entende-se o tempo livre, portanto, como aquele vinculado ao trabalho, pois, se
não houver o trabalho, o tempo não será livre, estará sempre desocupado. E somente este
tempo pode ser direcionado ao turismo, já que o mesmo é visto economicamente pela
sociedade capitalista como gerador de divisas e como um dos principais meios de
desenvolvimento para os países.
Com o aumento das horas ociosas, com a redução nos custos de transporte e com
o advento da globalização da informação sobre as atrações turísticas mundiais, o turismo
cumpre com sua função básica de transformar o tempo livre em lazer. E o faz na medida em
que propicia às pessoas a possibilidade de conhecer os mais diversos roteiros que incluem
locais fascinantes de se ver e visitar.
Segundo Oliveira (2002, p. 42):
Muitas pessoas viajam em busca de paz, pela necessidade do reencontro com a
natureza. A vida moderna e agitada dos grandes centros urbanos afastou o ser
humano do ambiente natural. Daí a importância do sol, da água e das belezas
naturais. As pessoas viajam também atraídas pelos contrastes geográficos, pelos
valores históricos e porque cada vez mais dispõem de mais tempo livre.

As motivações para fazer turismo são as mais diversas. Algumas pessoas viajam
apenas para diversão, outras por questões culturais (visitar museus, locais históricos), por
fatores religiosos, visitas a parentes, participar de eventos (congressos, feiras, exposições ou
por competições esportivas e até para tratamento de saúde). A partir dessas motivações
surgiram os segmentos do turismo, dinamizados pelo uso do marketing.
O tempo livre vem sendo cada vez mais utilizado como meio de evasão da vida
estressante das cidades, onde o trabalhador transforma-se em turista e decide o tipo de viagem
e o local que deseja passar suas férias. Diante das necessidades dos seus clientes, as agências
de viagens elaboram pacotes atraentes, envolvendo os mais variados segmentos turísticos,
sendo divulgados maciçamente através do marketing e de mais veículos de propagandas,
dentre eles os sites na Internet.
No Brasil, dentre os segmentos turísticos mais procurados pela demanda turística
estão o turismo de praia, o cultural e religioso. Apesar de ocupar o 30º lugar nos destinos
turísticos do mundo, segundo informações da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo,
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(2000), o Brasil possui potencial de sobra para melhorar seu desempenho, pois é um país com
enorme pluralismo de etnia, religião e cultura, onde não há guerras, terrorismo, catástrofes e
inverno rigoroso, e que possui um litoral de mais de 5.000 km com belas praias e clima
tropical. Em relação ao aspecto cultural e religioso, no Brasil, desenvolvem-se durante o ano
todo, grandes festas de cunho nacional, dentre estas se destacam os festejos religiosos que
movimentam fiéis de vários lugares.
O turismo religioso é considerado por alguns autores, como BARRETTO (1995),
“uma forma de turismo cultural, já que este tipo de turismo envolve atrativos culturais como:
patrimônio histórico, culinária local e regional, artesanato, música, festas religiosas,
manifestações folclóricas, eventos culturais, etc”.
O turismo religioso surge como uma nova opção de segmentação do mercado
turístico, onde o produto turístico pode ser vendido a diferentes grupos sociais de diferentes
localidades. É característico desse tipo de segmento turístico, reunir inúmeras pessoas em um
só local, todas motivadas principalmente pela fé, dentre outros fatores religiosos. A
segmentação turística é assunto a ser desenvolvido no próximo capítulo.
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3 TURISMO E SEGMENTAÇÃO: reflexos de uma demanda

A intensa atividade humana e os desgastes dela decorrentes levaram a própria


sociedade a procurar recursos capazes de fornecer aos indivíduos os necessários meios para o
atingimento de muitas de suas aspirações, entre as quais a prática do lazer e do turismo. E
sendo o homem,
Possuidor de desejos, dotado de vontade livre e com possibilidades de satisfazer suas
curiosidades e necessidades naturais, sempre procura responder às estimulações e às
motivações externas que o convidam ou impelem às ações diversas daquelas nas
quais se empenha de modo costumeiro ou quase permanente. (ANDRADE, 1998, p
87).

E, por ser a atividade turística considerada por muitos autores responsável por um
processo de interação entre os povos, já que possibilita o conhecimento de diferentes
ambientes e culturas, fomenta a educação no seu sentido mais amplo e genérico, além disso,
envolve inúmeros setores da economia, direta e indiretamente, criando uma interrelação de
componentes ambientais, culturais, econômicos e sociais, envolvendo as pessoas em suas
expectativas.
Com o crescente desenvolvimento do turismo, o que se pôde observar foi um
grande número de indivíduos interessados em conhecer lugares, pessoas, costumes diferentes.
A partir desse ponto vários serviços de viagens foram elaborados com o objetivo de
comportar o maior número de adeptos, oferecendo lugares e serviços comuns a todos.
Podemos perceber, portanto, que o setor turístico e os próprios consumidores
(turistas) perceberam a necessidade de que fosse oferecido algo diferenciado, personalizado: a
partir de tal necessidade surgiu o que chamamos de segmentação do mercado turístico. As
pessoas escolhem o destino no qual querem visitar de acordo com as suas aspirações e pelos
mais variados motivos. Deste modo, atividade turística teve que se adaptar aos anseios dos
seus consumidores, buscando oferecer serviços que satisfizessem praticamente todos os
segmentos sociais.
É importante ressaltar que com a concorrência acirrada no mercado turístico, os
pacotes segmentados são cada vez mais produzidos, oferecendo por diferencial os gostos, as
opções e os desejos de cada pessoa. Dessa forma quem tem a ganhar é o consumidor que
encontra nos novos serviços turísticos personalizados aquilo que vem de encontro com suas
necessidades e anseios.
De acordo com Petrocchi (2004, p. 249):
25

O destino turístico após a escolha dos mercados geográficos, necessita, então


conhecer os desejos e necessidades da população da região selecionada. Para tanto a
segmentação é uma ferramenta importante, pois divide o mercado em segmentos
menores. Por seu intermédio a oferta turística pode ser melhor estruturada em busca
do posicionamento competitivo. (PETROCCHI, 2004, p. 249)

Essa segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos


e tipos de transporte, da composição demográfica dos turistas, como faixa etária e ciclo de
vida, nível econômico ou de renda, incluindo a elasticidade-preço da oferta e da demanda, e
da sua situação social, como escolaridade, ocupação, estado civil e estilo de vida.
Para Beni (2002), a segmentação do mercado turístico é a melhor maneira de
estudá-lo, constituindo-se na “[...] técnica estatística que permite decompor a população em
grupos homogêneos”, e o principal meio disponível de fazê-lo é através do motivo da viagem.
A segmentação do mercado no turismo é, talvez, o exemplo mais prático desse
direcionamento em que o mercado de viagens diversifica-se de acordo com os grupos.
De acordo com Middeleton (2002, p.114), os negócios no turismo geralmente
voltam sua atenção “a determinados subgrupos de visitantes dentro do mercado total ou
segmentos, os quais identificam como as metas mais produtivas para suas atividades de
marketing”.
A segmentação é uma das estratégias de marketing adotadas e a sua função nesse
processo tem o objetivo de agrupar pessoas que tenham comportamentos semelhantes, com a
finalidade de direcionar esforços concentrados e especializados de marketing a esse grupo. A
partir dessa técnica de agrupar pessoas com perfis semelhantes, surgem vários segmentos na
atividade turística, dentre os quais destaca-se o turismo religioso.
O turismo religioso pode ser considerado como mercado de importância e que,
dependendo dos esforços de marketing desprendidos, pode ser um ramo da atividade
econômica de grande valor, na medida em que surge como setor da atividade turística que
vem tendo crescente ascensão.

3.1 Segmentação turística como estratégia de marketing

Conforme mencionado em capítulo anterior, o turismo tem séculos de existência,


mas devido às diversas mudanças que constantemente têm ocorrido na sociedade desde os
primórdios de sua existência, é que são consideradas como responsáveis por motivar os
desejos e as necessidades das pessoas e conseqüentemente acabam por refletir diretamente
26

nos elementos do produto e nas condições do mercado, exigindo mudanças nos métodos
empresariais e levando à adoção e ao uso do marketing turístico.
Pode-se ressaltar que o mercado turístico se desenvolve principalmente segundo
as exigências dos fatores sociais, já que o turismo é reflexo de uma sociedade que demanda
cada vez mais inovações da atividade turística, e para acompanhar as mudanças que ocorrem,
faz-se necessário a introdução de práticas na área de marketing. Para isso, o marketing utiliza-
se da segmentação do mercado turístico como estratégia de oferecer maior satisfação ao
turista.
Além de ser um importante fator que busca oferecer satisfação ao turista, o
marketing deve promover a preservação dos locais onde atua, ou seja, não pode permitir que
se ultrapasse os limites de cada ambiente nem que se afete a comunidade local, trazendo má
qualidade de vida a mesma. Portanto, o marketing turístico deve incentivar o destino turístico
a se voltar não só à produção de bens e serviços, mas também a sua prosperidade em longo
prazo. Porém o que observa-se atualmente é que os objetivos do marketing quanto ao turismo
estão direcionados para cada vez mais massificá-lo, não dando importância para o seu
desenvolvimento sustentável.
Como afirma Cooper (2001 p. 382):
O marketing evoluiu em um contexto de pressões econômicas e empresariais. Estas
pressões exigiram um enfoque maior na adoção de uma série de medidas gerenciais
baseadas na satisfação de necessidades do consumidor. A chave para a importância
do marketing dentro do turismo foi o nível do crescimento econômico durante o
século XX, que levou a melhorias subseqüentes no padrão de vida, um aumento
populacional e maior tempo livre.

Podemos observar que a necessidade de mudança caiu sobre o setor por causa das
mudanças que ocorreram em relação às forças de mercado e ao consumidor. O moderno
marketing do turismo surgiu como uma reação empresarial às mudanças no ambiente social e
econômico, com as empresas ou órgãos turísticos mais bem-sucedidos, tendo demonstrado um
sentido afiado no oferecimento da boa estrutura organizacional e na oferta de produto ao
consumidor ou visitante.
Vivemos em tempos de intensa transição, onde o que é válido e consumido hoje,
amanhã já se torna obsoleto e não responde mais às necessidades que parecia satisfazer. Isso
acontece pelo fato de a sociedade ser dinâmica e estar em constante reciclagem de
conhecimentos, gostos e expectativas. Os mercados buscam reagir rápido a essa situação,
porque mudam também os produtos e serviços, os desejos e as motivações dos consumidores
e suas decisões de compra, os canais de distribuição, a publicidade e o marketing competitivo.
O marketing por sua vez procura através da segmentação, o incremento de novos produtos
27

como forma de reagir ao turismo de massas, que acaba transformando alguns locais em
destinos saturados.
De acordo com Ansarah (1999 p. 17):
Diante da realidade do aumento do consumo de produtos turísticos e incremento do
turismo de massas, outros novos produtos começaram a surgir para atender cada vez
mais os turistas. Dentre as causas que levam as empresas a buscarem segmentos
específicos de mercado foi o próprio direcionamento do marketing que mudou,
fazendo deste um instrumento para conseguir vender o produto.

Além disso, o marketing ao adotar a estratégia de segmentação, o núcleo receptor


pode se preparar adequadamente para receber os diferentes públicos, atendendo os anseios e
as necessidades específicas de cada nicho específico de turista, trazendo assim maior
satisfação a cada grupo homogêneo e conseqüentemente consegue vender seu produto com
mais facilidade.
O marketing leva em conta que os turistas são diferentes em seus desejos,
curiosidades, motivações, localizações geográficas, atitudes e hábitos de viajar, identificando
os segmentos amplos que formam um mercado. Como conseqüência, podem ser estruturados
pacotes turísticos que atendam aos desejos desses segmentos e com preços compatíveis ao
poder de compra de cada um deles. As empresas buscam cada vez mais conhecer os seus
clientes, e depois de terem várias informações a respeito destes, é possível fazer um
diagnóstico contendo as características que contribuirão para atendê-los com produtos
personalizados. Como afirma Ansarah (1999 p. 19):
As empresas e os consumidores estão buscando novos caminhos para o mercado
turístico, e o que se observa é a segmentação como um dos caminhos escolhidos,
destacando-se como a ferramenta mais importante a informação a respeito do
cliente. Valendo-se dessas informações torna-se possível segmentar o mercado
atendendo aos desejos do cliente com produtos personalizados.

As estratégias de segmentação ganham ainda mais importância por causa da


proliferação de mídias que podem ser usadas em propaganda e canais de distribuição. Esses
aspectos ampliam as necessidades de melhor ajustar aos desejos de públicos específicos às
ações de canais de distribuição e de promoção, além de criar possibilidades de o destino
turístico focar determinados segmentos de mercados, encontrando menor número de
concorrentes.
No campo do turismo, como em qualquer outra atividade econômica, o
conhecimento do mercado é fundamental para orientar as ações das empresas que nele atuam
e a segmentação do mercado turístico é a base do sucesso estratégico, sendo possível assim,
formular valiosas estratégias, e o turismo, como um produto intangível, depende muito do
marketing para aproximar produtores e consumidores.
28

Através da segmentação, empresas ou quaisquer outros tipos de organizações


interessadas no turismo sistematizam as informações sobre cada consumidor, e a partir daí,
buscam formas de atendê-los de modo mais eficaz e rentável.
A cada ano, um expressivo contingente de viajantes preparam-se para conhecer
novos destinos turísticos e este desejo é alimentado dentre outros fatores pela comunicação
global da Internet e da televisão a cabo, através da profusão de novas publicações de
excelente qualidade gráfica e de conteúdo ilustrativo, como é o caso de suplementos e revistas
de turismo especializados, onde se percebe nitidamente a adoção e o uso do marketing.
Diante das diferenciadas necessidades dos seus clientes, as operadoras e agências
de viagens investem maciçamente em publicidade, e tentam oferecer serviços com preços
ajustados ao seu público, condições de pagamento, além de criatividade, para atrair e fidelizar
clientes.

3.2 Alguns segmentos do turismo

Conforme mencionado anteriormente, a segmentação do turismo vem ocorrendo


principalmente para atender às diferentes demandas, que têm solicitado produtos turísticos
diferenciados, fazendo surgir diversos tipos de turismo. Os vários tipos de turismo praticados
no mundo todo tornam essa atividade uma grande opção de desenvolvimento. Para efeito
deste trabalho, optou-se por abordar apenas alguns dos muitos segmentos do turismo
existentes na atualidade. Tais como:
 Turismo de lazer: voltado para pessoas que viajam por prazer, descanso, rever
amigos, visitar parentes, etc.
 Turismo de eventos e negócios: envolve pessoas com interesse em participar
de eventos focados no enriquecimento técnico, cientifico ou profissional, cultural
incluindo ainda o consumo. Já o de négócios é aquele praticado por pessoas que
viajam a negócios voltados por diversos setores da atividade comercial ou
indústria, para conhecer mercados e estabelecer contatos.
 Turismo cultural: caracteriza-se por uma permanência prolongada e um
contato mais “intimo” com a comunidade, ocorrendo viagens menores e
suplementares dentro da mesma localidade com o intuito de aprofundar-se na
experiência cultural. Este tipo de segmento é o que mais se relaciona com o
turismo religioso por se tratar de atividades turísticas que envolvem a cultura e
suas manisfetações, festejos, dentre outros.
29

 Turismo religioso: diferente de todos os outros segmentos de mercado do


turismo, tem como motivação fundamental a fé. Este segmento por ser objeto de
estudo deste trabalho será melhor explorado em capítulo posterior.
 Turismo da terceira idade e de saúde: em virtude da melhoria da qualidade
de vida nos países desenvolvidos, as pessoas estão alcançando idades cada vez
mais avançadas. Os idosos, agora com mais vigor físico, estão viajando com mais
freqüência. Em geral, esse tipo de turista é atraído por locais seguros, com belas
paisagens e que não exigem muito esforço físico, constituindo o turismo da
terceira idade. Já o turismo praticado por pessoas que necessitam realizar
tratamentos de saúde e, por isso, procuram locais onde existam clínicas e serviços
médicos especializados, é chamado turismo de saúde.
 Turismo de educação: segmento da educação teria nichos em cursos,
seminários, intercâmbios estudantis, participações em concursos, visitas a museus,
monumentos da história, eventos culturais, viagens pedagógicas e vários outros.
 Turismo de natureza: o objetivo desses visitantes é respirar ar puro, apreciar
a beleza do ambiente e registrar em fotos e filmes os elementos da fauna e flora.
Dentre esses, se destacam o turismo cultural e o turismo religioso, onde no
primeiro segmento as pessoas viajam em busca da variedade cultural e das manifestações
típicas de cada região, enfim, de atrativos culturais como: patrimônio histórico, culinária local
e regional, artesanato, música, festas religiosas, manifestações folclóricas, eventos culturais e
científicos etc.
Quanto ao segmento do turismo religioso, constata-se que não é de hoje que as
pessoas viajam em busca de graças, de paz, de conforto espiritual, desde os tempos bíblicos
que isso acontece. O turismo religioso é um dos segmentos da atividade turística que
movimenta um grande número de fiéis em uma viagem pelos mistérios da fé e da devoção a
algum santo, é praticado por pessoas interessadas em visitar locais sagrados e hoje é um
mercado que cresce a cada ano e cria oportunidades de empregos e negócios para muitas
pessoas.
Atualmente multiplicam-se os destinos religiosos, à medida que surgem boatos ou
fatos de aparições de seres celestiais ou de realizações de milagres e curas efetuadas por
algum religioso ou místico. As notícias e o marketing direto ou indireto acerca dos locais
onde acontecem os feitos extraordinários atraem os agentes turísticos, que em geral, se
antecipam a qualquer medida ou manifestação de autoridades religiosas.
30

O turismo religioso se utiliza da religiosidade, da fé, de crenças, de superstições


ou mesmo da simples curiosidade popular para atrair pessoas a lugares que se não fosse pela
motivação espiritual não seriam um destino atrativo.
Como em outros segmentos do turismo, o turismo religioso tem seus prós e
contras. A massificação, congestionamentos, poluição, super lotação de Igrejas e Templos são
alguns efeitos negativos desse tipo de turismo, uma vez que as cidades, em sua maioria, não
possuem uma super estrutura para receber visitantes, muitas vezes são localidades simples, de
comunidades humildes que com o tempo vão tomando dimensões maiores com a exploração
turística. Por outro lado, esse segmento é uma possibilidade de diversificação de renda e
movimentação da economia local das localidades receptoras.
Num momento em que a sociedade passa por profundas transformações religiosas,
com a morte do Papa João Paulo II, com o surgimento de novas religiões e o fortalecimento
de outras já existentes e até com brigas e guerrilhas onde a religião é o tema central, o turismo
religioso ganha lugar de certa notoriedade.
O que se espera é que os destinos sejam planejados, que as localidades “ganhem”
com o turismo. Que seja uma troca justa: elas cedem seu espaço, sua espiritualidade, sua fé
em algo sobrenatural e recebam em troca uma melhor qualidade de vida adquirida por meio
da atividade turística.
31

4 TURISMO RELIGIOSO

O turismo religioso pode ser entendido como atividade desenvolvida por pessoas
que se deslocam por motivos religiosos ou para participar de eventos de significado religioso.
Pode-se falar em turismo religioso quando o sagrado migra como estrutura de percepção para
o cotidiano, para as atividades festivas, o consumo e o lazer.
Na prática, são viagens organizadas que compreendem peregrinações, romarias,
visitas a locais sagrados, congressos e seminários ligados à evangelização, festas religiosas
que são celebradas periodicamente, espetáculos e representações teatrais de cunho religioso.
Pode ser definido como: “[...] o conjunto de atividades com utilização parcial ou total de
equipamentos e a realização de visitas a receptivos que expressam sentimentos místicos ou
suscitam fé, a esperança e a caridade aos crentes ou pessoas vinculadas a religiões”.
(ANDRADE, 1998, p.17).
Os termos peregrinações e romarias, antecedentes do turismo religioso moderno
aparecem hoje como sinônimos. Contudo, na sua origem encenavam significados e objetivos
diferentes.
Efetua-se sob formas de turismo individual ou de turismo organizado, em
programas cujos objetivos se caracterizam como romaria, peregrinação e penitência, de
acordo com os objetivos religiosos, dogmáticos e morais dos fiéis visitantes.
Embora as viagens dos cristãos a Roma tenham assumido um sentido especial,
único e apropriado, hoje, além de perder sua rigidez, o termo teve sua extensão ampliada a
todas as viagens de caráter religioso a qualquer centro espiritual de fé.
Porém, apesar da ampliação do significado, para Andrade (1998) “é indispensável
a atenção às seguintes especificidades técnicas, que devem ser observadas em trabalhos
promocionais, calendários de eventos e outros recursos de divulgação e de sistematização”.
Assim ele descreve as seguintes tipologias quanto às especificidades do turismo religioso:
 Quando alguém, por livre disposição e sem pretender recompensas materiais
ou espirituais, viaja a lugares sagrados, o conjunto de atividades denomina-se
romaria.
 Quando alguém visita lugares sagrados para cumprir promessas ou votos
anteriormente feitos a divindades ou a espíritos bem-aventurados, o conjunto de
atividades chama-se peregrinação.
 Quando alguém, empenhado em remir-se de suas culpas ou de seus pecados,
de forma livre e espontânea ou por conselho ou disposição de líderes religiosos, se
32

dirige a lugares sagrados ou a outros lugares, em espírito de arrependimento e


compunção, o conjunto de atividades é designado como viagem de penitência ou
viagem de reparação.
No Brasil, o termo romaria está mais relacionado ao caráter coletivo da viagem,
sendo o romeiro um membro da comunidade que faz a jornada religiosa comum. O peregrino,
ao se deslocar para o santuário, tem o pensamento voltado estritamente para a busca de
cumprir seus votos, feitos antes, pagar sua promessa ou agradecer uma benção, em
reconhecimento a uma graça recebida. Portanto aqui no Brasil, convencionou-se chamar todos
esses tipos de viagens citadas anteriormente de turismo religioso, englobando características
pertinentes a cada uma delas.
Por peregrino entende-se aquele que caminha por lugares desconhecidos. Nesse
sentido, a peregrinação passa a ser compreendida como uma caminhada difícil, normalmente
em busca de um lugar sagrado. Tal ação exige sacrifício, penitência, demonstração pública da
fé e uma manifestação concreta de reconhecimento de uma graça alcançada. O ato de
peregrinar sob a perspectiva externa envolve o encontro com o outro, e sob o ponto de vista
interno, envolve o encontro consigo mesmo. A peregrinação como conceito de turismo
baseia-se no fato de que o comportamento do peregrino e do turista é semelhante tanto na
viagem como na permanência no local de destino.
O peregrino e o romeiro, embora utilizem as instalações turísticas, na realidade,
não apresentam o mesmo perfil. O turista religioso apresenta semelhanças com os peregrinos,
pois ambos compartilham uma crença religiosa e passam a maior parte do tempo em visitação
aos locais religiosos.
Porém os peregrinos muitas vezes aproveitam para serem turistas, sendo a
motivação religiosa apenas um pretexto para a realização da viagem, aproveitando-a pra
visitar outros locais de interesse cultural e recreativo.
No Brasil, existem muitos locais de peregrinação que serão abordados ainda neste
trabalho, mas a ênfase será dada ao município de São José de Ribamar que, devido à fé dos
maranhenses, recebe um considerável fluxo de visitantes, movimentando assim o comércio
em geral, gerando lucro para a cidade, o que favorece o desenvolvimento do turismo na
localidade.
O peregrino e o turista compartilham a mesma jornada voluntária e temporária
para um lugar diferente do seu habitual. Eles geram conseqüências econômicas, urbanas e
demográficas idênticas, pois os turistas consomem, compram artesanatos e outros produtos,
33

comem em restaurantes, dormem em hospedarias, hotéis, pousadas, enfim, fazem circular


renda na economia local, nacional e internacional.
Com isso o turismo religioso passa a ser visto como uma oportunidade de
negócios: criam-se empregos para guias, incrementa-se o artesanato em geral e o ligado às
peças religiosas, aumenta-se à utilização da estrutura de apoio ao turismo como hotéis,
pousadas, agências de viagem, etc, sem falar no aumento do comércio local e serviços de
apoio como aluguel de carros, diversão, entre outros.

4.1 Enfoque histórico

A experiência histórica da peregrinação remonta a períodos recuados no tempo e é


encontrada nas diversas culturas humanas; ultrapassando os limites do mundo ocidental está
presente nas milenares manifestações religiosas do judaísmo, do islamismo, do budismo e do
hinduísmo.
No mundo antigo, as peregrinações, consideradas quer de um ponto de vista
histórico e/ou religioso, faziam referência a uma viagem empreendida individual ou
coletivamente para visitar um lugar santo, uma cidade ou um templo consagrado pela
recordação ou pela presença de um herói, de uma divindade ou de um poder sobrenatural. Os
locais sagrados podiam ser, por exemplo, um templo, um rio, uma montanha, um lago. Alguns
destes locais são mundialmente conhecidos e, ainda hoje, continuam a atrair multidões de
peregrinos. A cidade de Meca na Arábia, o rio Ganges na índia ou o Monte Sinai no Egito são
alguns dos mais famosos locais sagrados conhecidos desde tempos imemoriais.
Através da tradição cristã, foi que as peregrinações passaram a ter maior
representatividade, particularmente no mundo ocidental, onde os efeitos das formas religiosas
do século XVI foram mais intensos.
O sentido comunitário das romarias imprimiu um significado diferente daquele
das primeiras peregrinações. As romarias passaram a ser expressão de um projeto mais
complexo do que o simples ato de viajar a um lugar sagrado, elas representaram uma política
religiosa de moralização dos costumes e das devoções do catolicismo tradicional.
De acordo com Andrade (1998, p. 79): “[...] nos séculos III e IV da era cristã, os
fiéis começaram a cultivar o hábito de viagens de caráter religioso a eremitérios, mosteiros e
conventos da Síria, do Egito e de Belém, a fim de encontrar-se com os “servos de Deus”, para
pedir-lhes conselhos, orações, bênçãos e curas.
34

Foi o início da longa série de visitas a igrejas e santuários em cujos terrenos


encontravam-se os restos mortais de mártires célebres e aos locais por onde Cristo, seus
apóstolos e discípulos passaram, viveram e morreram, além de outros lugares celebrizados por
eventos importantes do Antigo Testamento.
A partir de 333 d.C., um maior fluxo de fiéis começou a se deslocar para Roma,
onde localiza-se o Vaticano, também considerado o maior pólo de turismo religioso do
mundo, além deste podemos citar Jerusalém e Santiago. O motivo que ocasionou o
nascimento destas rotas atuou como um fator desencadeante de processos de socialização,
baseados em relações humanas, razões econômicas ou de índole artístico e cultural.
Associadas às transformações ocorridas na segunda metade do século XX, com a
melhoria das estradas de rodagem e a popularização dos automóveis, as viagens aos
santuários passaram a ser vistas como excursões religiosas.
Atualmente, neste início de terceiro milênio, assistimos a um interessante
processo de revitalização da peregrinação, com motivações e exigências muito diversas.
Assim, surgem dimensões como o comércio, a arte e a música, criando-se, por si mesmo, em
volta a este fenômeno, um grande movimento cultural que durante séculos, acompanhava o
fator central da peregrinação. Com este movimento de massas, que supõe a peregrinação,
relacionava-se a história, a gastronomia, a hospedagem, a arte, o assentimento de novos
povos, dando um efeito de intercâmbio gerado pela peregrinação.
Os caminhos da peregrinação eram e são ainda, caminhos de comunicação e
difusão de tudo aquilo que se via, escutava, construía ou se lia em cada um dos principais
centros das rotas religiosas. A transmissão de mercadorias, idéias, estilos artísticos, formas
musicais e sensibilidades líricas encontravam um público imemorável nos peregrinos, os
quais expandiam as novas descobertas comuns.
De acordo com Dias (2003), “o turismo religioso é uma viagem em que a fé é o
motivo principal, mas que pode traduzir motivos culturais em conhecer outras manifestações
religiosas”. Dessa forma, o “[...] turismo religioso é aquele empreendido por pessoas que se
deslocam por motivações religiosas e/ou para participarem em eventos de caráter religioso.
Compreende romarias, peregrinações e visitação a espaços, festas, espetáculos e atividades
religiosas”. (DIAS, 2003, p. 17).
Nota-se que a visitação em locais místicos e/ou sagrados vem sendo realizada há
muito tempo; várias regiões espalhadas pelo mundo todo despertaram a atenção das pessoas e
provocaram o conseqüente deslocamento das mesmas para tais locais.
35

Porém, só recentemente, a partir do século XXI, é que os setores ligados ao


turismo percebem a importância de tal modalidade como fonte geradora de empregos e de
renda tanto para investidores quanto para a comunidade local.
Foi percebendo isso, que os agentes turísticos começaram a notar a expressiva
demanda voltada para o segmento religioso. Investimentos com equipamentos e serviços
foram e vem sendo realizados gradativamente com o objetivo de complementar a atração
religiosa e aumentar a permanência do turista no local visitado.
Existem várias localidades no mundo inteiro conhecidas por serem sagradas e
pelas manifestações de fé praticadas pelos nativos e que atraem cada vez mais pessoas de
outras religiões. Podemos citar como exemplo notório de rota da peregrinação, o Caminho de
Santiago de Compostela, que se estende por toda a Península Ibérica até a cidade de Santiago
de Compostela, no extremo oeste do Reino da Espanha, onde acredita-se está o túmulo do
apóstolo homônimo. Desde o século IX, homens e mulheres partem de suas cidades tendo
como destino aquele lugar sagrado, movimento este que teve seu auge nos séculos XII e XIII
com a passagem de centenas de milhares de viajantes. Hoje em dia, pessoas de todas as idades
imitam os passos medievais e percorrem este antigo traçado; um por espírito religioso-cristão,
outro por misticismo, busca interior ou apenas como uma grande aventura.
Outro local de grande importância para o turismo religioso é a Basílica de São
Pedro, na Cidade do Vaticano, em Roma. É a segunda maior de todas as igrejas católicas.
Cobre área de 23000 m² e pode albergar mais de 60 mil pessoas. É um dos lugares mais
sagrados do Catolicismo. A construção começou em 1506 e terminou em 1626 sendo
parcialmente erguida com dinheiro angariado pela venda de indulgências. Fica localizada na
Praça de São Pedro, desenhada por Bramante, com contribuições de muitos outros artistas do
Renascimento e do maneirismo, como Michelangelo, Rafael e Bernini. Recentemente foi
comprovado que a Basílica guarda o túmulo de São Pedro embaixo do altar principal e
diversos outros papas também estão ali enterrados.
Não podemos esquecer-nos de Meca que é considerada a cidade santa do mundo
árabe, berço de Maomé, localizada na Arábia Saudita. Outro destaque é a cidade de Lourdes,
na França, sem muitos atrativos e cuja importância está no número representativo de milagres
que ocorrem na região e a fé dos que visitam o local em busca de curas. Lourdes tornou-se
sagrada a partir da aparição de Nossa Senhora à Bernadete em 1858.
Cabe lembrar ainda de outro importante núcleo receptor em termos de fé e,
conseqüentemente, em termos de turismo. Trata-se da cidade de Fátima, em Portugal – essa
pacata cidade tornou-se famosa após a aparição da santa de mesmo nome para três crianças
36

portuguesas em 1917. Sua aparição em Lourdes na França deu-lhe o nome de Nossa Senhora
de Lourdes. O achado da Imagem Virgem Negra na cidade de Aparecida do Norte, no Brasil,
deu-lhe o nome de Nossa Senhora de Aparecida, e assim, esta vai adquirindo nomes distintos,
de acordo com o local de aparição. Os fiéis aclamam sua fé a aquela que mais se identificam,
mas todas são uma só, segundo o catolicismo.
Sendo assim, o turismo religioso movimenta uma grande quantidade de pessoas o
ano inteiro, fazendo com que eventos religiosos ganhem a cada ano mais força e incentivo
para uma melhor estrutura para atender demandas ainda maiores.

4.2 Turismo religioso no Brasil

O turismo religioso se apresenta como um dos segmentos que mais crescem


atualmente no Brasil. Segundo dados da EMBRATUR, 15 milhões de brasileiros se dirigem
anualmente a destinos religiosos.
Essas manifestações contribuem de maneira significativa para a divulgação da fé
e, sobretudo para o desenvolvimento dos equipamentos turísticos e dos centros de
peregrinação, favorecendo as comunidades locais e gerando nova e substancial fonte de renda.
No Brasil, existem vários lugares conhecidos pelos atrativos religiosos que
possuem, entre eles podemos citar a cidade de Aparecida no estado de São Paulo. Em Belém,
no estado do Pará, ocorre o Círio de Nazaré, evento que reúne milhares de devotos de Nossa
Senhora de Nazaré. Ocorre ainda no período da Semana Santa, em Nova Jerusalém,
Pernambuco, a reconstituição da Via Sacra. Há também a cidade de São José de Ribamar, no
Maranhão, conhecida por seus eventos de cunho religioso, que movimenta muitos fiéis. Este e
aqueles núcleos receptores do turismo religioso citados no parágrafo acima, serão melhor
explorados em capítulos posteriores.
No Brasil, este segmento turístico é praticado por pessoas que possuem algum
tipo de devoção e viajam para o pagamento de promessas, por motivo de orações,
autoconhecimento, eventos religiosos, etc.
O catolicismo apresenta uma grande diversidade de opções para o turismo, devido
à tradição que possui. Estas tradições podem manifestar-se de várias formas, como festejos,
congressos, entre outros. Já para o segmento evangélico as manifestações religiosas são
realizadas em forma de cultos, shows gospel, retiros espirituais, dentre outros.
Conforme mencionado anteriormente, em todo o mundo, as cidades religiosas
atraem visitantes em busca de experiências que despertem seus sentimentos de fé e esperança.
37

No Brasil não poderia ser diferente, além de ser o maior país católico do planeta, tem
inúmeras manifestações da religião que, misturadas à cultura se transformam em verdadeiros
espetáculos de devoção, conseguindo mobilizar milhares de turistas.
Vale relembrar que existem vários tipos diferentes de viagens com intuito
religioso. A romaria, por exemplo, é a atividade turística feita por livre disposição do viajante
aos destinos sagrados, onde não há nenhum tipo de compromisso a ser cumprido, a não ser
conhecer a região. Já a peregrinação é quando o turista viaja para cumprir promessas ou votos
feitos a divindades. Neste caso, datas e prazos devem ser seguidos em função dos votos feitos.
Na maioria dos casos, o que levam estes turistas a praticarem os diferenciados
tipos de viagens religiosas é a necessidade de estar em destinos onde a fé se apresenta em
maior intensidade.
O que transforma uma cidade comum em um destino religioso são fenômenos sem
nenhuma explicação científica como aparições de imagens celestiais refletidas em algum
objeto, ou curas. O fato extraordinário se espalha, e muitas vezes, toma âmbito nacional,
fazendo com que a região passe a ser visitada por turistas nacionais e internacionais.
Mas as viagens, muitas vezes não se limitam aos destinos ditos religiosos, existem
também os destinos de caráter histórico-cultural. Muitos turistas fazem viajam em busca do
estilo Barroco brasileiro, que como característica principal mistura, de forma natural, a arte e
a religião.
As opções espalhadas pelo país são diversas, desde cidades barrocas minerais
como Ouro Preto, Congonhas do Campo e Mariana, até a capital baiana Salvador, que guarda
tantas outras obras-primas da arquitetura e da fé.
Segundo Dias (2003), encontramos dois tipos de visitantes, o peregrino puro, cuja
motivação é de natureza unicamente religiosa e sua jornada unifuncional, e o outro tipo de
visitante, que ao ampliar o leque de motivações na jornada, caracteriza a mesma como
multifuncional.
Considerando a realidade brasileira, Dias (2003) elaborou uma classificação de
atributos de atrativos turísticos e religiosos, cuja base leva em conta a área de destino, o
objetivo final e a motivação da viagem. Classifica esses atributos em seis diferentes tipos:
1. Santuários de peregrinação: locais de valor espiritual, com datas devocionais
especiais. Aparecida do Norte;
2. Espaços religiosos de grande significado histórico-cultural: podem ser
considerados atrações turístico-religiosas. Igrejas nas cidades históricas de Minas
Gerais;
38

3. Encontros e celebrações de caráter religioso: têm como o objetivo atividades


confessionais. Encontros de carismáticos da Igreja Católica;
4. Festas e comemorações em dias específicos: eventos dedicados a
determinados símbolos de fé, calendários litúrgicos ou manifestações de devoção
popular. Círio de Nazaré, Lavagem da Igreja do Bonfim;
5. Espetáculos artísticos de cunho religioso: caracterizados por encenação da
Paixão de Cristo em Nova Jerusalém (PE);
6. Roteiros da Fé: caminhadas de significado espiritual, pré-organizadas em um
itinerário turístico-religioso. Rota Caminho da Fé, com 415 km, entre Tambaú
(SP) e Aparecida (SP); e o Caminho do Sol, com 209 km, entre Santana do
Parnaíba e São Pedro (SP).
É importante observar que essa classificação não envolve apenas o sentido
religioso e espiritual do viajante, mas também o conhecimento histórico, o cultural, o
patrimonial, o artístico e o natural, reafirmando o caráter multifuncional do turismo religioso.
A cidade de Aparecida, localizada a 170 km da capital de São Paulo, é
considerada a capital da fé e o maior pólo de turismo religioso no Brasil. Seu mais importante
símbolo é o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, considerado o
maior santuário mariano do mundo, que recebe anualmente cerca de sete milhões de romeiros.
No mês de outubro, quando se comemora o dia Santa, a cidade chega a receber
uma quantidade seis vezes maior que sua população local. São mais de 200 mil fiéis de todo o
país que viajam em busca da bênção da Padroeira.
Tanta devoção teve origem no ano de 1717 quando três pescadores, na tentativa
de conseguirem alguma pesca nas águas do rio Paraíba, lançaram sua rede e puxaram uma
pequena imagem feita em barro cozido. Sem saberem o que estava acontecendo sentiram que
aquela imagem poderia ser um sinal dos céus, já que depois disso, a pesca que não acontecia
há muito tempo, foi abundante.
Os pescadores e toda a população local chamaram o acontecimento de Milagre do
Peixe. Este fato ocorreu no dia 12 de Outubro, quando hoje é comemorado oficialmente o dia
de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.
Não podemos esquecer-nos de mencionar outro “ícone” do turismo religioso, que
é o Frei Galvão, ele foi um frade católico e o primeiro santo nascido no Brasil (São Paulo).
Foi beatificado em 1998 pelo Papa João Paulo II, dele recebendo os títulos de Homem da Paz
e da Caridade e de Patrono da Construção Civil no Brasil. De seu processo de beatificação
39

constam 27.800 graças documentadas, além de outras consideradas milagres. Foi canonizado
pelo Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil (São Paulo) em 11 de maio de 2007.
Em Belém do Pará, ocorre no mês de Outubro o Círio de Nazaré, evento que
reúne milhares de devotos de Nossa Senhora de Nazaré. A devoção a essa santa foi
introduzida no Pará pelos padres jesuítas, tendo o culto iniciado na cidade de Vigia. No século
XVII. O Círio de Nazaré, conta com cerca de um milhão de participantes e é um dos maiores
cortejos católicos do Brasil e do mundo, sendo celebrado desde 1793.
A procissão reúne centena de milhares de pessoas, em lento cortejo de quatro
horas, entre os quase cinco quilômetros que separam a Catedral Metropolitana da Basílica de
Nazaré. Este cortejo é o ápice das manifestações profanas e religiosas que acontecem durante
quinze dias: a chamada quadra nazarena. Nesse período vive-se um clima de confraternização
e alegria que não chega a ser superado pela festa natalina.
Ao lado da basílica é instalado o Arraial de Nazaré com comidas e bebidas típicas
e mercado de artesanato. A procissão é acompanhada nas ruas e através de barcos, na
chamada Romaria Fluvial que foi introduzida em 1985, buscando homenagear todos os que
vivem na dependência dos rios. O Círio é dividido em três momentos: a Trasladação, o Círio e
o Recírio, este último ocorre duas semanas após o Círio, quando ocorre uma procissão de
despedida.
No nordeste brasileiro se destaca a devoção a um padre, Padre Cícero, que viveu
na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Até o ano de 1872 o município era habitado por
escravos e arruaceiros, e não passava de um arraial com poucas casas e uma capela bem
pequena. No mês de Abril desse mesmo ano, chega para fixar residência na localidade o Padre
Cícero ou “padim” que mudou a história da região.
Padre Cícero ao dar a hóstia consagrada à beata Maria Magdalena do Espírito
santo se surpreendeu quando a hóstia se transformou em sangue. O fato se repetiu dezenas de
vezes com diferentes outros moradores da cidade.
As toalhas que eram usadas para limpar a boca das pessoas se tornaram objeto de
curiosidade e foram expostas para visitação. Apesar de terem sido testemunhados por muitos
moradores e Padres, o Milagre de Juazeiro nunca foi reconhecido pela Igreja e Padre Cícero
não foi beatificado.
Depois do dito milagre, a cidade com 250 mil habitantes, passou a ser visitada por
peregrinos de todos os lugares do país, principalmente do nordeste. Em novembro, mês dos
finados, mais de dois milhões de pessoas participam da grandiosa romaria organizada todos os
anos.
40

Outra atração muito visitada pelos romeiros é a grandiosa estátua do Padre Cícero
com 27 metros de altura que fica na Serra do Horto onde ele gostava de fazer seus retiros
espirituais. O monumento representa a terceira maior estátua em concreto do mundo,
perdendo apenas para a Estátua da Liberdade em Nova Yorque e o Cristo Redentor no Rio de
Janeiro.
No período da Semana Santa, ocorre em Nova Jerusalém, Pernambuco, a
reconstituição da Via Sacra, onde são relembrados os últimos momentos de Jesus Cristo entre
os homens. Nova Jerusalém é um teatro ao ar livre, seus cenários buscam representar uma
reconstrução parcial da cidade de Jerusalém nos tempos em que viveu Jesus. Seu projeto foi
idealizado e construído por Plínio Pacheco. Todos os anos durante a Semana Santa realiza-se
o popular espetáculo da Paixão de Cristo. Participam dessa encenação cerca de 500 pessoas,
entre atores e figurantes.
Existe ainda um outro santuário religioso, que é a cidade de Nova Trento, no
estado de Santa Catarina. Em 1942, já com 77 anos, morre Irmã Paulina, comovendo a todos
que, mais tarde, foram reconhecidos por peritos médicos, teólogos e cardeais da Congregação
para a Causa dos Santos.
Em 18 de outubro de 1991 foi realizada sua beatificação pelo Papa João Paulo II,
na cidade de Florianópolis. Madre Paulina havia se transformado na primeira Santa brasileira,
além de fazer Nova Trento ficar famosa em todo o mundo.
Uma cidade que merece ter reconhecimento no cenário nacional do turismo
religioso é a cidade de São José de Ribamar, cidade balneária distante 32 km da capital do
Maranhão, onde acontece o festejo do santo da cidade no mês de setembro e que leva milhares
de fiéis a visitar o local para pagar suas promessas na igreja de São José de Ribamar ou aos
pés da estátua do santo. Essa festa ainda é eminentemente de maranhenses, entretanto já
começa a ter reconhecimento no cenário nacional, prova disso é a visita de turistas de outras
partes do Brasil na cidade principalmente durante a realização do Festejo.
De todos os locais com potencial turístico-religiosos já citados, destacaremos com
maior ênfase a cidade de São José de Ribamar, visando identificar a contribuição deste
segmento do turismo para o desenvolvimento econômico e cultural da mesma.

4.3 Turismo religioso no Maranhão

Além de poder usufruir de uma bela natureza, quem se desloca ao Maranhão, mas
precisamente à São José de Ribamar, também pode desfrutar do Turismo Cultural e Religioso.
41

Com uma variedade de destinos seja na área cultural ou religiosa, o turista que visita o Estado
pode assistir a grandes demonstrações de fé e manifestações culturais.
Na capital do Estado, São Luís, o Centro Histórico, museus, teatros e uma
infinidade de manifestações populares garantem uma mistura de aprendizado e lazer aos
turistas, dando continuidade a essa mistura, podemos citar as cidades de Alcântara e São José
de Ribamar, onde também acontecem algumas das mais importantes festas religiosas do
Estado.
No mês de junho é a época em que a cidade de São Luís tem mais a oferecer, pois
é quando acontecem as festas em homenagem a Santo Antônio (13 de junho); São João (24 de
junho); São Pedro (29 de junho) e São Marçal (30 de junho). É nesse período que podemos
presenciar várias apresentações como bumba-meu-boi e o tambor de crioula em homenagem
aos Santos.
O bumba-meu-boi sintetiza influências indígenas, portuguesas e africanas em
festiva referência ao ciclo do gado no Estado. O tambor-de-crioula, por sua vez é herança
africana em estado quase natural, assim como o tambor de mina, de caráter religioso, que
remete ao candomblé através dos cultos Jeje e Nagô, preservados em seus dialetos originais.
Podemos perceber que os festejos católicos oficiais e os do catolicismo popular
são um misto de profano e sagrado porque, ao lado das missas, novenas e batizados, há
também os bares, shows, apresentações de grupos populares e outros.
No Maranhão há também a presença de uma forte religiosidade afro, denominada
de religiosidade afro-maranhense, conhecida como religião trazida pelos negros africanos de
origem jeje, nagô e outras para o Maranhão, isto é, o toque que indica um ritual de chamada e
louvação às entidades africanas (voduns e orixás) e cablocos de várias procedências.
Os rituais são realizados em casas de culto chamadas de terreiros ou casas de
mina, onde os iniciados recebem entidades em transe mediúnico em rituais acompanhados por
instrumentos como tambores (abatas, tambores da mata), cabaças e agogôs. O tambor de mina
é realizado nos terreiros principalmente nos dias em que a Igreja celebra as festas de seus
santos.
O tambor de mina surgiu com os negros jeje e nagôs e vem sendo mantido por
seus descendentes há mais de um século. Durante o ritual, os “encantados” se manifestam e
entram em contato com os devotos. No mês de junho, observa-se a presença de grupos de
bumba-meu-boi nos cultos do Tambor de Mina. Duas casas se constituem respectivamente
nas mais antigas de São Luís: a Casa das Minas e a Casa de Nagô.
42

Em Alcântara, no segundo domingo de agosto, acontece a festa de São Benedito,


uma herança bastante viva da marcante presença dos africanos no Maranhão. Os devotos
formam uma grande procissão que percorre as ruas da antiga cidade, protagonizando um
espetáculo de fé e beleza.
Ainda em Alcântara, em maio, acontece a Festa do Divino, o mais freqüentado
evento profano-religioso do Maranhão. A festa tem lugar em várias outras regiões do Estado,
mas é nesta cidade que alcança um esplendor ímpar. Caixeiras do divino, doces de espécie,
imperador, imperatriz, procissões e fé são sinônimos dessa grandiosa manifestação popular
que atrai anualmente centenas de turistas.
A elegância e riqueza vivenciadas por Alcântara durante seu apogeu econômico
são relembradas a cada ano durante a Festa do Divino Espírito Santo, uma das manifestações
culturais mais expressivas do calendário cultural e religioso do Maranhão.
É provável que tenha chegado ao Maranhão com açorianos que aportaram na
região entre 1615 e 1625. Apesar de sua origem européia, é forte a participação de negros na
festa alcantarense, marcada pelo toque das caixeiras e pela distribuição do doce-de-espécie.
Em São Luís, a Festa do Divino é muito valorizada nos terreiros de mina,
enquanto em Alcântara se caracteriza como uma festa tipicamente católica, sendo muitas de
suas cerimônias realizadas na Igreja local.
A Festa tem seu ápice durante o domingo de Pentecostes (50dias após a Páscoa),
mas desde a quarta-feira da semana anterior, os festeiros começam a se preparar para o grande
dia em que o imperador recepciona seus convidados com um almoço e farta mesa de doces.
Em Alcântara, imperador e imperatriz, mordomo-régio e mordoma-régia
alternam-se a cada ano. Os festeiros são escolhidos com um ano de antecedência, tornando a
festa do Divino de Alcântara a maior festa do Maranhão, uma vez que seu ciclo dura um ano.
É tempo necessário para que imperador e mordomo-régio festeiros se preparem
para promover a maior festa da cidade, pois a sociedade local vive em função dessa festa.
Para representá-los no trono são escolhidas crianças ou adolescentes.
Além do imperador, mordomo-régio e mordomos-baixos, que compõem o império
fictício reconstruído a cada ano durante a festa, as caixeiras desempenham um papel
importante. São mulheres que acompanham o cortejo tocando pequenos tambores conhecidos
como caixas.
A Festa do Divino de Alcântara é rica em rituais. Leitura do pelouro, transmissão
dos postos, recebimento da santa Croa, missa do fogo, buscamento do mastro, levantamento
43

do mastro, prisão dos mordomos e visitas do imperador e mordomos são alguns momentos
que marcam a festa.
Outro grande festejo que atrai milhares de visitantes, dentre estes vários turistas, é
o Festejo de São José de Ribamar, na cidade de mesmo nome. A festa acontece sempre no
mês de setembro, tem a duração de dez dias e é sempre escolhido o período de lua cheia, pois
antigamente não tinha energia elétrica e com a escuridão era muito difícil fazer a romaria.
Hoje, apesar da iluminação elétrica, a tradição dos festejos na lua cheia continua.
44

5 TURISMO E RELIGIOSIDADE EM SÃO JOSÉ DE RIBAMAR: lendas e milagres

5.1 Aspectos históricos

O município de São José de Ribamar está localizado no litoral do Estado, mais


precisamente no Golfão Maranhense, faz parte de um conjunto com outros três municípios:
São Luís, onde está a capital do Estado, Paço do Lumiar e Raposa. Regionalmente pertence à
Mesorregião Norte Maranhense, com particularidades territoriais na Microrregião da
Aglomeração Urbana de São Luís.
São José de Ribamar limita-se ao norte com o Oceano Atlântico e o município de
Paço do Lumiar; ao Sul, por Rosário e Axixá; a Leste, por Icatu; a Oeste, por São Luís. A
sede do município possui uma altitude de 20 metros acima do nível do mar e sua posição
geográfica é determinada pelo paralelo de 02º 33’ de latitude Sul em sua intersecção com o
meridiano de 44º 44’ longitude Oeste.
A área geográfica do município é de 434,2 quilômetros quadrados, ocupados com
uma população de 134.593 mil habitantes (conforme o censo 2006).
O município é atualmente bem servido de transportes, onde predomina o
rodoviário, tendo fluxo principal pela rodovia estadual MA-201, seguidos pela MA-202 e por
outras rodovias secundárias municipais. Existe ainda a opção de transporte marítimo, no qual
dispõe de dois portos de pequeno porte, mas bastante tradicionais no município, que são:
Vieira e Barbosa, o segundo se destaca como melhor referencial para o embarque e
desembarque de pequenas embarcações que saem para o interior do Estado.
A paisagem natural de São José de Ribamar está assentada numa planície marinha
insular, cuja posição é responsável, em grande parte, pela umidade e pelo clima tropical, que
por sua vez colabora para a existência de uma vegetação exuberante, em que pese às
alterações sofridas devido à agricultura itinerante, voltada principalmente para a
hortifruticultura.
O clima úmido é o principal causador de um índice pluviométrico anual que gira
em torno dos 2.000 mm, proporcionando assim, a formação de uma rede hidrográfica de
pequenos rios, entre os quais se destacam o Antônio Esteves, o Paciência e o Jeniparana, que
embora perenes, estão bastante degradados, em função do assoreamento, da devastação da
mata ciliar e da poluição.
Com temperatura média de 26º, bafejada por brisas terrestres e marítimas, a
pequena cidade de São José de Ribamar viveu durante muitos anos da pesca artesanal e da
45

hortifruticultura, tendo seu aspecto bucólico entrelaçado ao sentimento religioso de um santo,


cuja fama de milagroso alcança todo o Estado e, inclusive, estados circunvizinhos.
As origens da cidade estão ligadas ao salvamento de um navio português. Existem
duas versões sobre a presença do santo. Uma delas relata que o capital do navio português
havia feito uma promessa de que caso se salvasse de um naufrágio voltaria ao local com uma
imagem de São José.
A outra versão diz que numa certa ocasião os pescadores levaram suas redes ao
mar inúmeras vezes sem conseguir pegar nenhum peixe. Num determinado momento, ao ser
retirada uma das redes, veio nela uma imagem. Recolhida a imagem, a rede foi novamente
lançada ao mar, vindo repleta de peixes. Como o fato ocorreu no dia 19 de março, esse é o dia
de São José de Ribamar, esse nome foi atribuído ao santo, em razão de ele ter sido recolhido
de cima, isto é, “in-riba do mar”. Este foi considerado como o primeiro milagre do santo.
No tocante aos dados históricos, sabe-se que São José de Ribamar localiza-se
onde antes existia uma aldeia de índios, em terras consideradas na época como propriedade da
Companhia de Jesus. Em 16 de dezembro de 1627, por determinação do então Governador do
Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho, estas terras foram concedidas por carta de datas e
sesmarias aos índios. Após mais de um século, a 13 de março de 1729, houve a demarcação e
o tombamento dessas terras pelo Ouvidor-Mor, Matias da Silva, por ordem de sua majestade.
Em 7 de junho de 1755, um alvará do Governador Gonçalo Pereira Lobato e
Souza concedeu finalmente, aos índios sua liberdade como pessoas e elevou a aldeia à
categoria de lugar.
De acordo com a Lei de 11 de março de 1913, o lugar foi elevado à categoria de
Vila e Município, simultaneamente. Contudo, pelo Decreto-Lei nº. 47, de 27 de fevereiro de
1931, verificou-se a extinção do município e a conservação de Vila (Vila São José), desligada
da Vila do Paço.
Com o Decreto Lei nº. 159, de 06 de dezembro de 1938, a Vila São José, passou a
ser distrito de São Luís. Em 24 de setembro de 1952, a lei nº. 758 assinada pelo Governador
Eugênio Barros restabeleceu a categoria de município a Ribamar.
Passando-se dezessete anos, o Governador José Sarney, definitivamente, restaurou
a denominação pela lei Estadual nº. 2.980, de 16 de setembro de 1969, para São José de
Ribamar, em homenagem ao Santo Milagroso Padroeiro da Cidade e atualmente Padroeiro do
Maranhão.
46

5.2 A Lenda da queda da igreja por três vezes

Muitas pessoas afirmam que a Igreja de São José de Ribamar já caiu por três
vezes, até ser construída de frente para o mar. Para os devotos, esse mistério é explicado pelo
desejo do Santo em ter a Igreja voltada para o mar. (Fig. 01).

Figura 01 - Igreja de São José de Ribamar

Fonte: BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.

Mas tecnicamente falando a respeito dessas construções, há de se convir que as


igrejas eram construídas de madeira, nas suas respectivas bases, ou seja, não possuíam
alicerces. Portanto, ficava bastante fácil, a destruição pelo forte grau de salito da região
praiana. Quando edificaram com alicerces recomendados pela engenharia, não houve mais
demolições.
Segundo o depoimento do Sr. Antônio de Jesus Alves para o Jornal Imparcial, na
sua edição de 10 de setembro de 1975, no livro São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua
gente, afirma que nasceu em 1889 e se criou em São José de Ribamar. Andou pela Marinha e
Polícia Militar, hoje paralítico, estende a mão à caridade na porta da Igreja de São José de
Ribamar. Consta em seus relatos:
Quando eu era menino, começou a construção desta Igreja (a atual). Por três vezes
construíram sem ter a frente para o mar, anoitecia em pé e amanhecia tudo no chão.
Era o Santo que derrubava, porque a Igreja teria que ser construída de frente para o
mar e não de frente para a cidade, como eles queriam. Depois inverteram a frente da
Igreja, ela foiçou como está até hoje, onde me encontro a 21 anos pedindo esmolas.
(REIS, 2001)
47

A lenda da queda da Igreja de São José de Ribamar por três vezes é bastante
difundida pelos moradores da cidade, e a maioria deles acreditam fielmente nessa “história”,
os guias turísticos que por sua vez levam os turistas para conhecer a cultura, a religião e os
aspectos históricos quase sempre contam essa lenda para que estes entendam melhor a origem
da cidade.

5.2 Os milagres e as promessas ao santo São José de Ribamar

Uma das maiores expressões de fé dos ex-votos ao Santo São José de Ribamar
consiste nas promessas que estes fazem com intuito de alcançarem milagres. Nada parece
abalar a fé dos devotos que, agradecidos, jogam no mar garrafas com velas, cartas, dinheiro
ou fotografias, encontradas pelos pescadores e levadas para a Casa dos Milagres, ao lado da
Igreja de São José de Ribamar. Ali, desde os anos 60, os romeiros depositavam os “milagres”,
ou ex-votos, proibidos de serem colocados no andor do santo como era feito.
São joelhos de cera, pés, cabeças, miniaturas de casas e barcos, etc, levados pelos
fiéis em procissão. Uma infinidade de objetos passaram a ser armazenados no Museu dos Ex-
Votos (Fig. 02), embaixo do monumento a São José.
Figura 02 - Interior do Museu dos Ex-Votos

Fonte: BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.

São José de Ribamar é um santo de grande devoção do povo maranhense e é


considerado o padroeiro do Maranhão. O que explica a grande quantidade de Josés e Marias
de Ribamar entre os nascidos no Estado.
48

A balneária cidade de Ribamar no período das festas do seu santo protetor muda,
radicalmente, de hábito pela enorme quantidade de pessoas que a visita seja para pagar
promessas, batizar, casar, passear, pedir graças, agradecer milagres alcançados pela
intercessão do santo São José, ou então simplesmente para entregar-se a momentos de oração.
É comum deparar-se com homens e mulheres de lágrimas nos olhos tomadas pela
emoção da fé que alimenta a esperança na busca de curas e milagres considerados
aparentemente impossíveis, mas que cujas graças acabam sendo alcançadas pelos fiéis.
É incalculável a quantidade de histórias sobre as graças alcançadas, se originam
das mais diversas formas do pagamento de promessas. A exemplo, como levar coração,
cabeça, rim, fígado e outros tantos órgãos feitos de cera para representar a cura de problemas
da saúde, outros sacrificam-se em extensas caminhadas até a igreja para agradecer pelo
emprego ou mesmo o casamento esperado há tanto tempo.
Um misto de adoração e respeito envolve a fé dos devotos de São José de
Ribamar. É também uma tradição que passa de pai para filho, a cada geração. A devoção
ímpar dos maranhenses por São José de Ribamar está, a cada ano que passa, levando um
infinito número de devotos ao Santuário do Padroeiro do Maranhão no período de seus
festejos que acontecem sempre no mês de setembro, conforme a lua.
Além da festa do Glorioso São José de Ribamar, a qual será um capítulo à parte
deste trabalho, os ribamarenses fazem ainda as festas de Nossa Senhora da Conceição, dia 8
de dezembro; do Divino Espírito Santo; de Nossa Senhora da Vitória; Cordões de Reis; Natal;
de São Gonçalo, São Benedito, São Judas Tadeu e a de São Pedro, promovida pelos
pescadores, sendo sua procissão feita no mar, em canoas e barcos bem-ornamentados.
É importante ressaltar que o município de São José de Ribamar é um dos maiores
pólos turísticos do estado do Maranhão, devido atrair milhares de turistas e visitantes todo
ano, que vêm, na sua grande maioria, movidos pela fé no Santo Padroeiro do Maranhão.
Acredita-se deste modo que a devoção popular a São José de Ribamar é um valioso fator
catalisador de fiéis e a maior ferramenta impulsionadora do turismo para região.

5.4 Pontos turísticos e turismo religioso

Atrações turísticas são o que não faltam em São José de Ribamar, a começar pela
adoração ao próprio Santo Padroeiro do Maranhão, somado a um meio ambiente de muito
valor, cercado de paias, com ecossistemas virgens, piscosidade rica, onde desponta uma
cozinha de frutos do mar, valioso artesanato e um povo humilde, mas bastante hospitaleiro,
49

uma característica autêntica do maranhense. Pode-se identificar estes atrativos tanto do lado
natural, quanto do lado cultural-religioso.
Porém neste sub-capítulo iremos nos ater, prioritariamente, aos pontos turísticos
que encontram-se relacionados ao turismo religioso de São José de Ribamar. Dentre estes
pontos turísticos podemos destacar: o monumento em homenagem ao Santo São José, de 17,5
m de altura, e do menino Jesus, com 8 metros de altura. (Fig. 03).

Figura 03 - Estátua de São José de Ribamar e o Menino Jesus

Fonte: BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.

Uma característica interessante do monumento é que o Santo aparece calçado com


botas, bastante conhecido em Portugal, cujas botas o caracteriza como protetor dos
navegadores, o que é demonstrado nas suas vestes idênticas a dos comandantes das esquadras
européias.
Atualmente, a igreja faz parte de um complexo arquitetônico a céu aberto,
concluído em 1998, onde consta o Caminho de São José (conjunto de esculturas em mármore
que conta a vida de São José), Concha Acústica (em forma de bíblia aberta para celebração da
missa) e o monumento a São José, e, embaixo, o Museu dos Ex-Votos.
50

Na parte atrás da Igreja, mais ou menos em frente à Casa Paroquial foi construída
a Casa das Velas, construção das mais importantes, pois antigamente as velas eram acesas em
uma pequena dependência improvisada no lado direito da Igreja. Agora totalmente novo e
planejado para a finalidade que se destina, dando aos fiéis mais segurança.
O Caminho de São José pode ser considerado como a segunda etapa do Novo
Santuário, executado através de quadros, compostos por 22 estátuas, com toda fundamentação
bíblica, dentro da maior tradição católica, que mostram para contemplação pública os oito
momentos mais fortes da vida e da missão de São José, esposo de Maria e pai de Jesus Cristo.
Essas estátuas estão alojadas na praça, também chamada de Esplanada, como já foi dito
anteriormente. Cada conjunto de estátuas representa uma estação, no total de oito, todas
baseadas nas passagens bíblicas, com exceção da última, que retrata a tradição popular (Fig.
04).
Figura 04 - Imagem da Família Sagrada (Caminho de São José)

Fonte: RAMOS (apud BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.)

O Museu dos Ex-Votos é considerado um importante ponto turístico, sendo


bastante visitado por turistas, é um local especialmente preparado para os devotos
depositarem objetos a serem usados no pagamento de suas promessas. Sobre este Museu
foram edificadas duas imagens gigantes, ou seja, a de São José e do Menino Jesus.
O Salão das Graças, outro ponto turístico de São José de Ribamar, é o local onde
são levados os ex-votos ofertados ao Santo, pelos romeiros. Cada ex-voto, ou seja, aquele
levado ao Salão como gratidão por uma bênção recebida, vem acompanhado da sua história
ou causa que levou a fazer a promessa. No Salão das Graças há os mais variados tipos de ex-
votos, destacando-se, os confeccionados em cera, sendo a maioria das promessas feitas em
51

decorrência de doenças, os mais diversificados tipos de ex-votos encontrados dizem respeito a


partes do corpo humano.
A Gruta de Nossa Senhora de Lourdes é um dos atrativos religiosos de maior
destaque da cidade de Ribamar. Foi construída em área da Paróquia de São José de Ribamar.
É uma réplica da famosa Gruta francesa de nossa Senhora de Lourdes (Fig. 05). A Gruta é
feita de pedra, e no centro encontra-se um altar para celebrações eucarísticas do tempo em que
os padres celebravam a missa de costa para o público. E além de servir para visitação, serve
de ponto privilegiado para admiração da Baía de São José.

Figura 05 - Velas acesas em adoração, interior da Gruta de Lourdes


)

Fonte: BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.

Dispondo de um grande Complexo turístico-cultural-religioso, São José de


Ribamar possui um dos mais modernos e bonitos acervos do Norte e Nordeste brasileiro e,
quiçá, do país. Porém sabe-se que este Santuário da fé necessita de conservação e preservação
para continuar sendo palco de uma verdadeira atração turística. E para tanto faz-se necessário
a colaboração do poder público e da comunidade local principalmente, já que esta é a
principal guardiã de todo esse patrimônio. Sendo assim todas e quaisquer atividades que
venham a ser desenvolvidas no complexo e/ou em sua periferia devem ser previamente
planejadas, buscando dessa maneira, alcançar o desenvolvimento sustentável.
52

5.5 O festejo de São José de Ribamar

O Festejo de São José de Ribamar é um dos maiores eventos da igreja católica no


Maranhão e que atrai muitos visitantes todos os anos durante o mês de setembro. Há mais de
200 anos os devotos se reúnem para homenagear São José de Ribamar, considerado o Santo
padroeiro do Estado. Os católicos, turistas e visitantes dispõem de uma vasta programação
que inclui romarias, missas, novenas, procissão feiras e shows culturais.
Setembro, mesmo não sendo o mês oficial de São José pela Igreja Católica
Universal, foi escolhido para homenagear São José de Ribamar. Apesar de o mês oficial que
se comemora o aniversário do Santo é março. Tendo em vista que aqui no Maranhão esta é
considerada uma época chuvosa, isto dificultaria, portanto a realização do Festejo. Segundo
relato de alguns moradores, os fiéis mais antigos resolveram fazer os Festejos em homenagem
ao Santo, no mês de setembro.
A festa não tem um calendário fixo, tem duração de 10 dias e é sempre escolhido
o período de lua cheia. Tal escolha é impregnada de crendices populares, mas existe uma
corrente que, como há mais de um século quando foram realizados os primeiros festejos, não
havia energia elétrica, o que “guiava” os romeiros era a lua cheia.
O Festejo de São José de Ribamar é uma enorme expressão de religiosidade com
uma popularidade inigualável, que impressiona a todos, inclusive os fiéis mais devotos. São
pessoas de todos os lugares que se dirigem até o Santuário para pagar promessas, receber ou
pedir alguma graça (Fig. 06).
Figura 06 - Devota pagando promessa durante a procissão

Fonte: RAMOS (apud BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.)


53

Na madrugada de domingo, chegam os romeiros dos municípios, da cidade e dos


povoados vizinhos. O Festejo é caracterizado por eventos em homenagem ao santo,
sintetizados numa mistura de espetáculos pagãos e religiosos. Durante o Festejo a cidade de
São José de Ribamar muda a sua rotina, onde pode-se presenciar festas para todos os gostos,
shows culturais, venda de artesanatos locais, missas, romarias, procissões e o que é mais
importante, a pureza e a grandeza da fé dos romeiros.
O festejo possui características peculiares que revelam e garantem seu espaço no
cenário turístico e é sem dúvida um dos principais meios de desenvolvimento para o
município onde é realizado. Os próprios moradores reconhecem que o Festejo é de suma
importância para o crescimento socioeconômico e fazem questão de participarem
efetivamente do mesmo.
Como partes cruciais do Festejo não podem deixar de serem citadas as Romarias
dos Motoqueiros, dos Devotos e principalmente a Procissão. Nos capítulos subseqüentes serão
abordadas todas essas manifestações que fazem parte do Festejo de são José de Ribamar, bem
como o Batizado dos Carros, que acontece tanto na época da festa, quanto no restante do ano.
Vale ressaltar que no ano de 2007, o Festejo foi realizado no período de 21 de a
30 de Setembro, com o tema: “Não tenhas medo José”, que segundo a Bíblia reflete a
perseverança e a fé daqueles que crêem em Deus e por isso, tudo pode superar.

5.5.1 Romaria dos Motoqueiros

A romaria dos motoqueiros é realizada há precisamente 11 anos, onde milhares de


motoqueiros, com suas respectivas motocicletas saem do bairro da Cohab, ou melhor, retorno
da Forquilha, em São Luís com destino ao Santuário de São José de Ribamar. Neste percurso,
os motoqueiros dirigem suas motos com velocidade baixa, entre 20 e 30 quilômetros por hora,
até o final da romaria, a qual é feita em mais ou menos uma hora e meia (Fig. 07).
54

Figura 07 - Romaria dos Motoqueiros

Fonte: RAMOS (apud BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.)

Fonte:
Os motoqueiros Arquivopor
se reúnem do si
fotógrafo
mesmos,Albani Ramosnenhuma entidade que os
não existe
aglutine para tal finalidade, fazem apenas uma comissão coordenadora. A tão sonhada
chegada se concretiza na madrugada de domingo, quando eles próprios anunciam a mesma
com buzinas e fogos de artifício. Na oportunidade é aberta a igreja e um padre é encarregado
de benzer o motoqueiro, a moto e o capacete.
Segundo relatos de alguns participantes do Festejo acontecido em setembro de
2007, algumas pessoas informaram que a Romaria dos Motoqueiros estaria sujeita a acabar,
devido aos transtornos que o barulho das motos causariam aos moradores que residem
próximo ao local por onde os motoqueiros passam e já que existe uma quantidade de motos ao
mesmo tempo em horário inadequado.

5.5.2 Romaria dos Devotos

Todos os anos as cenas se repetem em maior número, como tradicionalmente o


dia maior dos Festejos acontece em um domingo, conforme a lua. Portanto, entre a noite de
sábado e a madrugada de domingo, uma enorme procissão de fiéis romeiros percorre a estrada
que liga São Luís a São José de Ribamar, todos co destino ao Santuário de São José.
Os percursos das caminhadas originam-se geralmente do bairro da Cohab, em São
Luís, cujo trecho até o Santuário é de mais ou menos uns vinte quilômetros, o qual aproxima-
se entre cinco a seis horas de caminhada. Para isto, os romeiros carregam mantimentos, água;
55

e o mais forte que é a persistência de cumprir as promessas, agradecer e fazer pedidos ou


então apenas dar demonstração, pelo qual São José de Ribamar é tão querido pelos
maranhenses, desde o mais humilde até o mais abastado. Pode-se perceber notoriamente
durante todo o percurso a enorme demonstração de fé, devoção e sacrifício dos romeiros.
Por toda a estrada, encontram-se vendedores ambulantes instalados nos
acostamentos para venderem as mais diversificadas comidas e bebidas, ou até mesmo
artesanatos religiosos. Os grupos de romeiros fazem algumas paradas durante a romaria,
cumprindo uma programação predeterminada, com a finalidade de descanso e recuperação
das energias gastas na caminhada.
Praticamente às quatro horas de domingo, a grande maioria dos romeiros já se
encontra na Cidade Santa de Ribamar, então é dado o início das oferendas, primeiro com as
velas, cada romeiro acende sua vela, agradecendo, naturalmente às graças alcançadas, bem
como pela vitória de ter conseguido realizar todo o percurso da caminhada, durante a romaria.
À medida que vão chegando, os romeiros vão deixando peças de cera que
simbolizam a parte do corpo curada pelo Santo. As orações são intensas, muitos homens,
mulheres e crianças permanecem de olhos fechados por vários minutos, enquanto oram. Os
fiéis ficam à espera da primeira missa que tem início às seis horas da manhã. Após a
cerimônia, centenas de fiéis permanecem na Ermida, enquanto esperam a missa solene,
tradicionalmente rezada pelo Arcebispo Metropolitano de São Luís.

5.5.3 Procissão

Desde o início dos Festejos de São José de Ribamar, a procissão é o ponto


principal das homenagens. É no percurso da procissão que a maior parte dos devotos
aproveita para retribuir as graças alcançadas. São pedras sobre a cabeça, pés descalços, velas
de todos os tamanhos, pessoas de joelhos, crianças vestidas de anjo, pessoas distribuindo água
e tantas outras manifestações de agradecimento e de fé.
Durante a procissão, são quatro quilômetros de grande emoção e devoção ao
Santo Padroeiro do Maranhão. Tem início com a saída da Igreja da Matriz, em São José de
Ribamar, indo até o Cruzeiro onde faz o retorno para a Ermida, no percurso são gastos
aproximadamente duas horas e meia.
Pode-se perceber que o Festejo de São José de Ribamar é uma enorme prova de
fé, pois nem mesmo o sol, a poeira e as precárias instalações, ainda, da cidade fazem os fiéis
56

desistirem de suas promessas ou da sua fé. Mesmo suados, sonolentos e famintos, os fiéis
cumprem as promessas feitas ao Santo.
Há ainda a Procissão Marítima, cuja realização aconteceu pela primeira vez
durante os festejos do ano de 2000, no dia 16 de setembro. Saindo da Praia do Vieira com
destino a Praia do Barbosa, ambas na cidade de São José de Ribamar. Réplicas das imagens
de São José e Nossa Senhora são conduzidas desde a igreja até o porto, em um andor
enfeitado com um arco feito com escamas de peixes grandes, num trabalho de grande
delicadeza e criatividade.
Durante o Festejo, muitas pessoas aproveitam o evento para usufruírem das
belezas naturais da cidade balneária de São José de Ribamar, já outros tentam ganhar um
dinheiro extra, vendendo as mais diversificadas mercadorias, somados ainda a um
considerável número de turistas que vêm de várias partes do país.

5.5.4 Batizado dos Carros

O batizado dos carros em São José de Ribamar é tradição tanto na época dos
Festejos quanto em outras épocas do ano. Está registrado no livro da Igreja de São José de
Ribamar que o primeiro batismo de carro foi realizado pelo padre João Lemmer, no ano de
1940. O segundo só viria a acontecer em 1954, realizado pelo padre Tiago Zwarthocd. Daí em
diante foi havendo uma continuidade, tornando-se constante sua realização.
Esse hábito de batizar o veículo recém-comprado tornou-se praxe para a maioria
dos maranhenses, principalmente para aqueles que são devotos de São José de Ribamar. Com
o tempo, a diversidade de batismo se multiplicou e atualmente batizam-se bicicletas, ônibus,
carroças, motos, e não há cobrança oficial. O “benzedor” mostra o bolso da sua bata, onde
cada pessoa coloca a contribuição que achar conveniente.
Atualmente a pessoa responsável pelo batismo dos carros é o senhor João
Gualberto Rabelo dos Santos, ministro da Eucaristia, que por sua vez orgulha-se do trabalho
que realiza. Ele fica encarregado de benzer os carros e logo após, presta contas das ofertas que
recebeu ao pároco. Esta renda é revertida em cestas básicas e remédios para a comunidade
(Fig. 08).
57

Figura 08 - Batizado dos Carros

Fonte: BANDEIRA; QUEIROZ, 2005.

Segundo relatos do senhor João Gualberto, o dia de maior movimento de batismo


de carros é o domingo, onde já teria acontecido de serem batizados cerca de 150 carros num
só dia. O ato do batismo acontece individualmente e os carros são colocados em fila,
acompanhando o fundo da igreja, ruas próximas e às vezes ocupando as transversais paralelas.
Os carros são bentos com água benta, e as pessoas rezam pedindo proteção a São
José de Ribamar durante o ritual do batismo. João Gualberto declara uma prece,
recomendando o carro a Deus e pedindo também proteção para as pessoas que o ocuparem.
Assim, a tradição de batizar o carro chama a atenção das pessoas que visitam o
local, já que dentre outras manifestações de fé e devoção dos devotos de São José, este
acontecimento não poderia ficar de fora. Incluindo-se dentre várias atrações turísticas que
solidificam o turismo religioso de São José de Ribamar.
Visando analisar a importância do turismo religioso em São José de Ribamar, bem
como a sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do município em questão,
onde inclui-se prioritariamente a opinião da comunidade local e dos turistas, é que propõem-
se a discussão e análise dos dados obtidos através da pesquisa de campo, assunto que será
melhor aprofundado no capítulo posterior.
58

6 ESTUDO SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL DO TURISMO EM SÃO JOSÉ DE


RIBAMAR

A pesquisa in loco foi realizada através da aplicação de 180 questionários, sendo


que 80 foram aplicados nos dias 29 e 30 de Setembro do ano de 2007, (compreendendo parte
do período do Festejo de São José de Ribamar) e 100 aplicados nos dias 13 e 14 de Novembro
do mesmo ano no município de São José de Ribamar. Ressalta-se que os primeiros
questionários (oitenta) foram direcionados aos turistas de forma aleatória e (cem) à
comunidade local.
Esta pesquisa buscou de início traçar o perfil do turista que freqüenta o Festejo e
sua opinião sobre o mesmo. Em seguida, identificar as informações dos moradores acerca do
Festejo, bem como as providências que poderiam ser tomadas para o desenvolvimento do
Turismo Religioso na localidade e até mesmo do próprio Festejo de São José de Ribamar.
Ressalta-se que os resultados da pesquisa de campo são essenciais para o
direcionamento e análise dos pontos positivos e negativos do Turismo Religioso na cidade de
São José de Ribamar.

6.1 Análise dos questionários aplicados aos turistas

Gráfico 1 - Sexo (questionários aplicados aos turistas):

41%

59%

masculino

feminino

Pode-se observar de acordo com o gráfico acima, que existe um equilíbrio quanto
ao sexo dos turistas freqüentadores do Festejo de São José de Ribamar, onde se percebe uma
leve predominância para o sexo feminino, fato comprovado durante as entrevistas, onde foi
notória a presença de pessoas deste sexo.
59

Gráfico 2 - Faixa Etária (questionários aplicados aos turistas):

3% 8%
15%
23%

26%

25%

menos que 18 anos de 18 a 28 anos


de 29 a 39 anos de 40 a 50 anos
de 51 a 61 anos maior que 61 anos

Em relação à faixa etária, ocorre um equilíbrio entre as idades que compreendem


entre 29 a 39 anos, e entre 40 a 50 anos, sendo que há a predominância de pessoas idades que
compreendem esta última faixa etária, comprovando assim que o Festejo é freqüentado
principalmente por pessoas mais velhas. No entanto, também notou-se a presença de muitos
jovens durante o Festejo, conforme mostra o gráfico acima, com percentual de 23% do total
de entrevistados, fato que demonstra que a crença no santo São José de Ribamar permanece
viva durante várias gerações.

Gráfico 3 - Ocupação (questionários aplicados aos turistas):

15% 18%

13% 9%

8%
14% 23%

autônomo vendedor
func. público estudante
aposentado profissional liberal
outros

Como pode-se observar no gráfico acima, há um predomínio de funcionários


públicos que trabalham principalmente em órgãos públicos municipais e estaduais (23% dos
entrevistados) e em seguida destacam-se os autônomos (18%), em sua maioria constituída por
60

comerciantes. Obteve-se um percentual praticamente idêntico no que se refere aos


profissionais liberais (13%), estudantes (14%) e “outros” (15%), onde neste último estão
incluídas as seguintes ocupações: professores, empregadas domésticas, donas-de-casa,
agricultores, etc.

Gráfico 4 - Faixa Salarial (questionários aplicados aos turistas):


20% 16%

24%
40%

até 1 salário m ínim o


de 1 a 3 salários
de 4 a 6 salários
m ais de 6 salários

Considerando a faixa salarial dos indivíduos questionados, verificou-se que a


maioria, ou seja, 40% dos entrevistados, ganha em média de 1 a 3 salários mínimos. Foi
equilibrado e expressivo o percentual de pessoas que ganham de 4 a 6 salários (24%) ou mais
de 6 salários (20%). Pode-se perceber dessa forma, que os turistas que freqüentam o Festejo
possuem uma renda salarial diversificada, contudo o público maior do Festejo tem renda
média entre 1 a 3 salários mínimos.

Gráfico 5 - Procedência (questionários aplicados aos turistas):

14%

21%

57%

8%

São Luís

municípios adjacentes a São


José de Ribamar
Interior do MA

outros Estados
61

Em relação à procedência dos visitantes do Festejo de São José de Ribamar,


pôde-se identificar que a maioria dos visitantes origina-se da capital São Luís,
apresentando um percentual de 57%, ou seja, mais da metade do total de entrevistados.
Observa-se também através do gráfico acima um expressivo percentual de
pessoas oriundas do interior do Maranhão, em contra partida nota-se que a quantidade
de visitantes que procedem de fora do Estado ainda é pequena, representada somente por
14%. E uma das principais causas para a ausência de conhecimento do Festejo em
outros Estados é a falta de divulgação fora do Maranhão, dado que será constatado em
gráfico posterior.
Gráfico 6 - Freqüência de Visitação à Cidade de São José
de Ribamar:

27%
41%

32%

uma vez

2 a 4 vezes

mais de 4 vezes

Dos oitenta turistas entrevistados, um percentual de 74% respondeu que


visitam sempre a cidade de São José de Ribamar e 26% responderam negativamente.
Portanto, contabilizou-se somente os dados das respostas positivas (74%) com o
objetivo de identificar a freqüência de visita à cidade pelos indivíduos questionados.
Ao questionar os participantes da pesquisa sobre a freqüência à cidade de
São José de Ribamar e conseqüentemente ao Festejo, obteve-se um percentual de 41%,
ou seja, a maioria dos entrevistados freqüenta a cidade por mais de 4 vezes durante o
ano. O que significa que os visitantes freqüentam a cidade durante o restante do ano,
independentemente de estar no período do Festejo.
Dos oitenta turistas entrevistados, 100% acham que o turismo é importante
para São José de Ribamar, a partir desse dado foi questionado a eles sobre os aspectos
que são favorecidos com o implemento do turismo nesse município. Posto isso, analisar-
se-á o gráfico abaixo, onde constarão as principais áreas beneficiadas pelo
62

desenvolvimento dessa atividade, que por sua vez foram apontadas pelos próprios
entrevistados.
Gráfico 7 - Importância do Turismo para a cidade de São
José de Ribamar:

4% 5%
14%
25%

21%
8%

23%

desenvolve o comércio desenvolve a economia


gera renda desenvolve a cultura e a religião
gera empregos desenvolve o município em geral
outros

Segundo análise das respostas da maioria dos entrevistados e através dos


dados gráficos acima, pode-se observar que o implemento do turismo em São José de
Ribamar desenvolve o município de modo geral com um percentual de 25%. Em
segundo lugar foram obtidas com expressivo percentual (23%) as respostas relacionadas
ao desenvolvimento da cultura e ao fortalecimento da religião, apontando assim a
importância do turismo para estas áreas.
Em suma, os entrevistados afirmaram que o turismo é imprescindível para o
crescimento da economia, geração de empregos e renda, desenvolvimento do comércio
local, divulgação e valorização da cidade, e, sobretudo à valorização da cultura e da
religião.
63

Gráfico 8 - Crescimento do Turismo Religioso de


São José de Ribamar:

14%

86%

sim não

Quanto ao questionamento sobre o crescimento do Turismo Religioso no


município de São José de Ribamar, foi identificado que um percentual de 86% dos
entrevistados respondeu positivamente, constatando-se, portanto, que o turismo religioso
é uma atividade que vem crescendo gradativamente a cada ano naquela localidade.
Enquanto que somente um percentual de 14% dos entrevistados acha que esse
crescimento permanece estagnado, conforme dados observados no gráfico acima.
O gráfico a seguir trata sobre a opinião dos turistas sobre a divulgação do
turismo religioso em São José de Ribamar, ou seja, identifica se há divulgação e
procura-se inferir através dos questionamentos a dimensão da mesma.

Gráfico 9 - Divulgação do Turismo Religioso de São José


de Ribamar:

5%
30%

47%

18%

não existe
pouco divulgado
muito divulgado
razoavelmente divulgado
64

Conforme os dados acima inferiu-se que a maioria dos entrevistados acha que o
turismo religioso de São José de Ribamar é pouco divulgado, o que significa um percentual de
47% do total de entrevistados. Observou-se através da pesquisa, que a maioria das pessoas
entrevistadas que moram no Maranhão ainda acham insuficiente a divulgação dentro e fora do
Estado, pois segundo depoimentos dos turistas oriundos de outros Estados praticamente
inexiste divulgação a respeito do Festejo que acontece em homenagem ao santo São José de
Ribamar, ou mesmo sobre a cidade. Portanto, percebe-se que essa divulgação é restrita aos
municípios adjacentes ao local em estudo.

Gráfico 10 - Ações que precisam ser implementadas para o


desenvolvimento do Turismo Religioso:

13%
27%

37%
23%

mais assistência aos vendedores de artesanato;


mais divulgação dentro e fora do Estado do MA;
mais incentivo às atividades turísticas;
mais investimentos em segurança, infra-estrutura básica e turística.

Tendo como base o gráfico acima pode-se inferir que a maioria dos entrevistados,
ou seja, um percentual de 37%, acha que falta mais divulgação dentro e fora do Maranhão,
principalmente no que diz respeito a outros Estados, pois somente através da divulgação
pode-se disseminar o conhecimento a respeito do Festejo e atrair um maior número de
visitantes para o município de São José de Ribamar. Um dos exemplos de locais que explora o
Turismo Religioso é a cidade de Belém do Pará, muito conhecida pela realização do Círio de
Nazaré, que apresenta grandes fluxos de turistas, e tudo isso se dá principalmente pelos
investimentos maciços que são feitos na divulgação do evento.
Um outro fator bastante enfatizado pelos entrevistados durante a aplicação dos
questionários e o qual apresentou o segundo maior percentual (27%), foi a respeito da falta de
investimentos por parte dos órgãos governamentais em segurança, e infra-estrutura básica e
turística. Esses requisitos são imprescindíveis para o bom funcionamento da atividade
turística e principalmente para satisfazer as necessidades dos turistas. Alguns dos
65

entrevistados disseram ainda que o Festejo deveria ter um calendário fixo, bem como ser
divulgado nacionalmente durante o ano todo e incluído em Roteiro Turístico Brasileiro.

Gráfico 11 - Satisfação dos Visitantes quanto ao Festejo


de São José de Ribamar:

8%

92%

sim não

Foi questionado aos visitantes se eles visitariam outras vezes a cidade de São José
de Ribamar durante a realização do Festejo, e de acordo com o gráfico acima obteve-se um
percentual de 92% do total correspondendo a resposta “sim”, enquanto que somente 8% dos
entrevistados respondeu negativamente à pergunta formulada. Portanto, supõe-se que o
Festejo realizado em 2007 teve uma grande aceitação por parte dos seus freqüentadores ou
ainda por aqueles que participaram pela primeira vez do mesmo.

Gráfico 12 – Propostas para a Inserção de São José de Ribamar


como Roteiro Nacional do Turismo Religioso:
25%
35%

15%
16% 9%

proposta de marketing

melhoria da infra-estrutura turística e de


apoio
incentivo à comercialização de
artesanato
incentivo à participação da comunidade
local em atividades turísticas
todas as alternativas citadas

Com o objetivo de identificar a opinião dos visitantes entrevistados sobre o


Festejo realizado no ano de 2007, perguntou-se quais propostas eles achavam coerentes para
66

ampliar a dimensão do mesmo, de forma que pudesse ser inserido no cenário nacional como
um dos roteiros turísticos religiosos mais visitados do país. Observa-se no gráfico abaixo uma
predominância para todas as propostas citadas, a qual obteve-se um percentual de 35%, ou
seja, os entrevistados relataram que seria interessante a realização de uma proposta de
marketing no sentido de incentivar a divulgação do Turismo Religioso; a melhoria de infra-
estrutura turística e de apoio; proposta de incentivo à comercialização de artesanato e à
participação da comunidade local em atividades de cunho turístico que possibilitassem a
geração de renda.
Um outro aspecto que também merece mais atenção por parte dos organizadores
do Festejo, se refere à assistência aos idosos que muitas das vezes vêm de longe para
participarem do evento sem sequer disponibilizarem de recursos, neste caso, poderiam ser
criados espaços de hospedaria para os idosos, ou para outras pessoas, que não têm onde se
alojar. Sugeriu-se ainda, a possibilidade de haver um local fixo e padronizado para exposição
da venda de artesanatos, onde foi visto ao longo da pesquisa que os vendedores não possuíam
barracas padronizadas.

6.2 Análise dos questionários aplicados à comunidade local

Dos questionários aplicados junto à comunidade, foram levantados os dados


conforme apresentados a seguir:
Gráfico 13 - Sexo (questionários aplicados à comunidade local):

46%

54%

masculino

feminino

Observa-se que entre os entrevistados, existe uma leve predominância dos


moradores de sexo feminino. Em relação à faixa etária predomina as idades que
compreendem 18 a 28 anos, representando um percentual de 29% dos entrevistados, levando-
67

se ao entendimento que o município de São José de Ribamar possui população relativamente


jovem, conforme mostra o gráfico a seguir:

Gráfico 14 - Faixa Etária (questionários aplicados à comunidade local):

12% 5%

13% 29%

20%
21%
menos de 18 anos
18 a 28 anos
29 a 39 anos
40a 50 anos
51 a 61 anos
mais de 61 anos

Gráfico 15 - Ocupação (questionários aplicados à comunidade local):

12% 17%
5%

14%

21%

12%
19%

autônomo
vendedor
funcionário público
estudante
aposentado
profissional liberal
outros

Em relação às ocupações que são exercidas pelos ribamarenses, constatou-se que


a maioria dos entrevistados, ou seja, 21% do total, trabalha em atividades relacionadas ao
comércio. Outra expressiva parte é representada por funcionários públicos municipais e
estaduais, principalmente pelos que trabalham na prefeitura do referido município. Observou-
se segundo o gráfico acima um equilíbrio bem acentuado entre estudante e “outros”, este
último representado por motoristas, donas-de-casa, pedreiros e corretores.
68

Gráfico 16 - Faixa Salarial (questionários aplicados à


comunidade local):

12%
26%

20%

42%

até 1 salário mínimo


de 1 a 3 salários mínimos
de 4 a 6 salários
mais de 6 salários

Considerando a faixa salarial dos indivíduos questionados, verificou-se que a


maioria (42%) ganha em média de 1 a 3 salários mínimos, e 26% do total ganham até um
salário mínimo, comprovando assim que boa parte dos ribamarenses vivem com uma renda de
apenas 1 salário mínimo. Somente 12% dos entrevistados ganham mais de 6 salários mínimos,
segundo dados do gráfico acima.

Gráfico 17 - Vocação de São José de Ribamar para a Atividade


Turística:

1%

99%

sim não

Foi questionado aos moradores entrevistados a opinião deles sobre a capacidade


turística de São José de Ribamar, ou seja, se eles consideram ou não o local apropriado para o
turismo. A maioria quase que absoluta considera São José de Ribamar um município turístico.
69

No gráfico acima, obteve-se os percentuais relacionados ao(s) tipo(s) de


turismo(s) que São José de Ribamar tem vocação para explorar. Foi questionado somente aos
entrevistados que responderam “sim” à vocação turística do município em estudo. Dos tipos
de turismo relacionados obteve-se um expressivo percentual de 42% referente ao turismo
religioso, comprovando a vocação desse tipo de turismo para a cidade de São José de
Ribamar, mostrando assim, que própria comunidade local tem consciência da importância e
da predominância do turismo religioso.
Em relação ao turismo cultural observou-se que esse tipo de turismo também é
muito relevante para a cidade, e que juntamente com o turismo religioso fazem de São José de
Ribamar um local turístico visitado a cada ano por um número expressivo de turistas.

Gráfico 18 - Tipo(s) de Turismo(s) predominante(s) em São José de


Ribamar:

17%

10% 42%

12%
19%

turismo religioso
turismo cultural
turismo religioso e cultural
turismo de natureza
todas as opções

No gráfico acima, obteve-se os percentuais relacionados ao(s) tipo(s) de


turismo(s) que São José de Ribamar tem vocação para explorar. Foi questionado somente aos
entrevistados que responderam “sim” à vocação turística do município em estudo. Dos tipos
de turismo relacionados obteve-se um expressivo percentual de 42% referente ao turismo
religioso, comprovando a vocação desse tipo de turismo para a cidade de São José de
Ribamar, mostrando assim, que própria comunidade local tem consciência da importância e
da predominância do turismo religioso.
Em relação ao turismo cultural observou-se que esse tipo de turismo também é
muito relevante para a cidade, e que juntamente com o turismo religioso fazem de São José de
Ribamar um local turístico visitado a cada ano por um número expressivo de turistas.
70

Gráfico 19 – Crescimento do Turismo Religioso em São José de


Ribamar:

22%

47%

31%

tem crescido
estável
tem diminuído

Ao serem questionados sobre o crescimento do turismo religioso em São José de


Ribamar, a maioria dos entrevistados respondeu que este tem crescido a cada ano e um
expressivo percentual de 31% do total, apontou que o crescimento desse tipo de turismo tem
se mantido estável. Isso implica dizer que os moradores daquela localidade estão conscientes
do crescimento da atividade turística, bem como da importância que esta proporciona ou
ainda proporcionará ao desenvolvimento da cidade. Porém um percentual de 22% acha que o
turismo tem diminuído, portanto, tal resultado pode estar relacionado à falta de investimento
por parte do trade turístico. Pode-se observar tais dados no gráfico acima.

Gráfico 20 - O turismo religioso traz benefícios à


comunidade local de São José de Ribamar?:

26%

74%

sim não

Das cem pessoas entrevistadas, 74% do total acha que o turismo religioso traz
benefícios à comunidade e apenas um percentual de 26% discordou. Segundo estas pessoas
71

que discordaram quanto aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento do turismo religioso,
este tipo de atividade atrai vandalismo e incentiva a violência, principalmente na época em
que é comemorado o Festejo. Outras pessoas identificadas nesse quantitativo são evangélicas
e, portanto não concordam com a realização do Festejo, ou ainda não percebem mudanças
quanto ao desenvolvimento da cidade em relação à implementação do turismo de modo geral.

Gráfico 21 - Por que o turismo religioso pode trazer


benefícios à comunidade local?:

9%
23%
12%

12%

44%

incentiva o comércio local


gera renda e empregos
melhora a qualidade de vida
incentiva a cultura
outros

Foi questionado aos entrevistados que responderam positivamente à pergunta


anterior, ou seja, um percentual equivalente a 74% sobre os motivos pelos quais eles achavam
que o turismo religioso traria benefícios à comunidade local. A maioria (44%) respondeu que
o turismo gera renda e empregos, sendo uma das primeiras e principais respostas apontadas
durante as entrevistas.
Uma grande quantidade (23%) acha que o desenvolvimento do turismo religioso
beneficia o comércio local principalmente durante a realização do Festejo, devido ao fluxo de
pessoas que movimenta todos os dias. Os demais entrevistados que responderam acerca da
melhoria da qualidade de vida e do incentivo à cultura somam 24%, sendo que ocorreu um
empate entre ambos, cada um com um percentual de 12%. Por fim, o item “outros” apontou
um percentual de 9%, equivalendo ao aumento do fluxo de consumidores e clientes nos bares,
restaurantes e hotéis, conseqüentemente gerando aumento no faturamento e também porque
traz lazer e diversão à comunidade local.
72

Gráfico 22 - Desenvolvimento de Atividades Econômicas durante


Festejo:

23%

77%

sim não

Questionou-se durante a entrevista se as pessoas costumavam realizar alguma


atividade econômica durante o Festejo e constatou-se que a maioria, ou seja, 77% dos
entrevistados não desenvolvem atividades com fins lucrativos nesse período, como se pode
observar o gráfico acima.

Gráfico 23 - Principais atividades econômicas desenvolvidas


pela comunidade durante o festejo:

9%
22%

17%
52%

venda de artigos religiosos e artesanatos


organização e divulgação do Festejo
venda de bebidas e comidas
outros

Para as pessoas que responderam “sim” à pergunta do gráfico anterior,


questionou-se ainda quais tipos de atividades econômicas elas realizavam durante o Festejo, e
a maioria, ou seja, um percentual de 52% disse que comercializava bebidas e comidas. E o
segundo percentual mais expressivo (22%) foi referente à venda de artigos religiosos e de
artesanatos.
73

Gráfico 24 - Participação do poder público quanto à


implementação do festejo:

15%

85%

sim não

Considerando a opinião das pessoas entrevistadas em relação à participação


efetiva ou não do poder público municipal quanto à implementação do Festejo de São José de
Ribamar, obteve-se um percentual de 85% de respostas positivas e somente uma minoria, de
15% do total, discordou da existência dessa participação.
Em relação ainda à mesma questão enumerou-se alguns itens que são de suma
importância para o desenvolvimento do turismo e que foram questionados aos entrevistados,
ou seja, perguntas sobre ações que são ou não realizadas pelo poder público tais como:
divulgação do Festejo, melhoria da infra-estrutura de modo geral, e por último, segurança. O
que pôde-se constatar segundo a tabulação dos dados obtidos durante a pesquisa foi que 75%
do total dos entrevistados acha que o poder público ajuda maciçamente na divulgação do
Festejo. Em relação à infra-estrutura um total de 63% acha que o poder público investe nesta
área. Por último em relação à segurança, constatou-se um equilibrado percentual no resultado,
onde a maioria, ou seja, 59% respondeu que há investimento em segurança e um outro
expressivo percentual (41%) respondeu que não há investimentos nessa área, ficando muito a
desejar segundo relatos de vários entrevistados.
74

7 CONCLUSÃO

A abordagem realizada nesse estudo sobre turismo religioso, voltada


principalmente ao município de São José de Ribamar, serviu como meio de fortalecer a idéia
de que este segmento pode contribuir visivelmente para a valorização e a preservação das
práticas espirituais, enquanto manifestações culturais e de fé. E, à medida que fortalece a
cultura local, consegue ainda gerar renda para a comunidade através de atividades exercidas
durante a realização de eventos religiosos, como é o caso do Festejo de São José de Ribamar,
incrementando positivamente a economia, a cultura e a qualidade de vida da população
daquela localidade.
Apesar de possuir um notável potencial para o turismo religioso, como pôde ser
constatado durante a realização das pesquisas de campo, o município de São José de Ribamar
ainda não está efetivamente preparado para receber uma grande quantidade de turistas,
semelhante a outras localidades do Brasil, onde ocorrem grandes eventos do segmento
religioso, como por exemplo, Belém no Pará, conhecida pelo seu grande evento religioso, o
“Círio de Nazaré”. Ainda que seja uma cidade pequena, se comparada à Belém, São José de
Ribamar não oferece as condições necessárias para que haja um crescimento mais visível do
turismo local. Mesmo analisando-se a partir da dimensão do Festejo de São José de Ribamar,
percebemos ainda a falta de um planejamento adequado para a realização do mesmo e certa
inércia do poder público quanto ao incentivo de projetos que viabilizem a atividade turística.
O turismo em São José de Ribamar ainda é limitado, onde o fluxo de visitantes e
turistas é relativamente pequeno, só tendo um significativo aumento durante a realização do
Festejo em homenagem ao santo; do Lava-Pratos (evento que acontece após o término do
carnaval), dentre outros. Dessa forma, se o turismo fosse melhor aproveitado enquanto
atividade econômica, social e cultural que é. E, isto poderia ser feito através do incentivo a
projetos que envolvessem a comunidade e pessoas interessadas na prática dessa atividade,
sem dúvida os ganhos seriam maiores, já que o local em estudo possui vários atrativos tanto
na esfera religiosa e cultural quanto natural, seria interessante executar como parte desse
projeto um roteiro turístico contínuo que explorasse conjuntamente os atrativos naturais e
culturais, já que o fluxo de turistas é maior durante o Festejo, podendo assim evitar a
sazonalidade do turismo em São José de Ribamar.
Para fundamentar as idéias ressaltadas anteriormente sobre a situação do turismo
religioso em São José de Ribamar, tomou-se por base, pesquisas realizadas através de material
bibliográfico e, principalmente, da coletada in loco, onde observou-se além das questões
75

citadas acima, outras relacionadas ao desenvolvimento da atividade turística em São José de


Ribamar.
A priori notou-se uma certa fragilidade no que tange ao planejamento turístico.
Tendo por base principalmente o Festejo, observou-se que o município de São José de
Ribamar mantem ainda uma estrutura inadequada para a receptividade dos visitantes, como
por exemplo, insuficiência de informações sobre a cidade e materiais expositivos para
apreciação do público.
Outra questão observada e que deixou a desejar foi a divulgação do Evento
(Festejo), principalmente fora da cidade e também alguns itens imprescindíveis para o
crescimento e consolidação da atividade turística numa localidade, ou seja, equipamentos
turísticos de qualidade, segurança eficiente e infra-estrutura básica e de apoio adequadas.
Mesmo que o item relacionado à qualidade dos equipamentos turísticos não tenha sido
enfatizado durante a realização desta pesquisa, é importante ressaltar que sobre um olhar mais
superficial, pôde-se notar a insuficiência de tais equipamentos na cidade, contendo poucas
opções de bares, restaurantes e hotéis, empresas de turismo receptivo, locadoras de veículos,
etc.
Percebe-se que há poucas parcerias formadas entre as entidades ou órgãos que
promovem o turismo e até mesmo falta de incentivo por parte dos órgãos públicos estaduais e
municipais para que haja implementação e viabilização de projetos ligados à área. Talvez esse
seja o fator que mais dificulte o avanço do turismo religioso no local em estudo, visto que tais
órgãos têm uma grande participação e responsabilidade sobre a implantação de projetos
turísticos.
Outro ponto importante e que parece ter sido esquecido, é a falta de participação
da comunidade local em ações ligadas ao turismo, onde nota-se uma pequena parcela da
população envolvida em atividades turísticas durante o Festejo. No entanto, o número de
beneficiados com os ganhos originados pelo turismo poderia ser bem maior se fosse
corretamente planejado e explorado.
Portanto, com o término desta pesquisa pôde-se inferir que é imprescindível o
incentivo dos órgãos ligados direta e indiretamente ao turismo antes de tudo e para que haja
uma implantação da atividade turística eficiente é necessário que seus equipamentos atendam
tanto à comunidade local quanto à demanda, oferecendo serviços com qualidade, infra-
estrutura básica e turística adequadas, participação efetiva da comunidade em atividades
turísticas.
76

Tem que haver mais divulgação acerca do potencial turístico da cidade, pois só
assim os turistas irão ser motivados a conhecer de perto esse potencial. Por último é válido
ressaltar ainda a importância da realização de um planejamento turístico correto, cujas ações
aconteçam de forma criteriosa e que estas possam contribuir efetivamente para a maximização
do crescimento do turismo religioso e de modo geral em São José de Ribamar.
77

REFERÊNCIAS

ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. 8. ed. São Paulo: Ática,
1998.

ANSARAH, Marília Gomes dos Reis (Org). Turismo: segmentação de mercado. São Paulo:
Futura, 1999.

ANSARAH, Marília Gomes dos Reis. Turismo e lazer: cultura e manifestações no cotidiano
urbano: aspectos do turismo e do lazer cultural brasileiro, São Paulo: Futura, 1999.

BANDEIRA, Tereza Maria Portelada; QUEIROZ, Liduína Maria de Freitas. São José de
Ribamar: um exemplo de turismo religioso no espaço maranhense. 2005. Monografia (Curso
de Turismo) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, São Luís, 2005.

BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Papirus,


1995.

BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 7. ed. São Paulo: SENAC, 2002.

_____. Globalização do turismo: megatendências do setor e a realidade brasileira. São


Paulo: Aleph, 2003.

BRASIL. Ministério do Esporte e turismo. Meu negócio é turismo, [Brasília], 2002.

COOPER, Chris et. al. Turismo, princípios e práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira. Do local ao global: o turismo litorâneo


cearense. Campinas: Papirus, 1998.

____________. O Turismo nos discursos, nas políticas e no combate à pobreza. São


Paulo: Annablume, 2006.

DIAS, Reinaldo; SILVEIRA, Emerson J. S. da. (Org). Turismo religioso: ensaios e reflexões.
Campinas: Alínea, 2003.

EMBRATUR. Roteiros da Fé Católica no Brasil. Brasília: EMBRATUR, 2000.


78

MIDDLETON, Victor T.C. Marketing de turismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus,
2002.

OLIVEIRA, Antônio Pereira. Turismo e desenvolvimento: planejamento e organização. 4.


ed. rev.e ampl. São Paulo: Atlas, 2002.

PETROCCHI, Mário. Marketing para destinos turísticos. São Paulo: Futura, 2004.
REIS, José Ribamar Sousa dos. São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua gente. São
Luís: Empresa Jornalística do Maranhão Ltda, 2001.

TRIGO. Luiz Gonzaga Godoi. A sociedade pós-industrial e o profissional em turismo.


Campinas: Papirus, 1998.
79

APÊNDICES
80

APÊNDICE A: Questionário aplicado aos turistas.

QUESTIONÁRIO 01:

Esta é uma pesquisa monográfica que será apresentada ao Curso de Turismo da Universidade
Federal do Maranhão para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Tem como objetivo
coletar dados e traçar o perfil do turista ou visitante freqüentador do Festejo de São José de
Ribamar.
Solicito a sua colaboração, respondendo a este questionário.

1 - Faixa etária:
( ) menos de 18 anos ( ) 40 a 50 anos
( ) 18 a 28 anos ( ) 51 a 61 anos
( ) 29 a 39 anos ( ) mais de 61 anos

2 - Sexo:
( ) masculino ( ) feminino ( ) outros

3 - Qual a sua profissão?


_______________________________________________

4 - Renda Familiar:
( ) até um salário mínimo ( ) de 4 a 6
( ) de 1 a 3 salários mínimos ( ) mais de 6

5 - Qual a sua procedência?


_______________________________________________

6- Você vem sempre a São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não

6.1 - Em caso afirmativo, com que freqüência você visita São José de Ribamar?

( ) uma vez ( ) 2 a 4 vezes ( ) mais de 4 vezes

7- Você acha que o turismo é importante para a cidade de São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não

7.1 - Em caso afirmativo, em que aspectos?


_______________________________________________
_______________________________________________

8- De acordo com a sua opinião, o desenvolvimento do Turismo Religioso no município de


São José de Ribamar traz benefícios à comunidade local?

( ) sim ( ) não
81

8.1- Em caso afirmativo, em que aspectos?

_______________________________________________
_______________________________________________

9 - Em sua opinião, o Turismo Religioso tem crescido em São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não

10 – Qual a sua opinião sobre a divulgação do Turismo religioso em São José de Ribamar?

( ) não existe ( ) muito divulgado


( ) pouco divulgado ( ) razoavelmente divulgado
( ) outros

11 - Em sua opinião, o que deveria ser feito para melhorar o Turismo Religioso em São José
de Ribamar?

_______________________________________________
_______________________________________________

12 – Você voltaria mais vezes para o Festejo de São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não

13 – Das propostas abaixo, quais você considera importante para ajudar a inserir o município
de São José de Ribamar no Cenário Nacional, como um dos principais Roteiros de Turismo
Religioso?

( ) Proposta de Marketing Turístico (incentivar a divulgação);


( ) Melhoria da infra-estrutura básica e de apoio;
( ) Proposta de incentivo à comercialização de artesanato por parte dos órgãos
governamentais;
( ) Proposta de incentivo à participação da comunidade local em atividades de cunho
turístico-religioso que possam gerar renda para a mesma.

Obrigada por sua colaboração!


82

APÊNDICE B: Questionário aplicado à comunidade local.

QUESTIONÁRIO 02:

Esta é uma pesquisa monográfica que será apresentada ao Curso de Turismo da Universidade
Federal do Maranhão para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Tem como objetivo
coletar informações dos moradores do município de São José de Ribamar acerca do Festejo,
bem como sobre as providências que eles acham que devem ser tomadas para o
desenvolvimento do Turismo Religioso na localidade.
Solicito a sua colaboração, respondendo a este questionário.

1- Faixa etária:
( ) menos de 18 anos ( ) 40 a 50 anos
( ) 18 a 28 anos ( ) 51 a 61 anos
( ) 29 a 39 anos ( ) mais de 61 anos

2- Sexo:
( ) masculino ( ) feminino ( ) outros

3- Qual a sua profissão?


_________________________________________________

4- Renda Familiar:
( ) até um salário mínimo ( ) de 4 a 6
( ) de 1 a 3 salários mínimos ( ) mais de 6

5-Você é morador do município de São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não

6- Você considera São José de Ribamar um município turístico?

( ) sim ( ) não

6.1-Em caso afirmativo, qual tipo de turismo você acha que o município tem vocação?

( ) turismo religioso ( ) turismo cultural


( ) turismo de natureza ( ) outros

7- O que você acha sobre o Turismo Religioso quanto ao seu crescimento?

( ) tem crescido ( ) estável ( ) tem diminuído ( ) não sabe informar

8- De acordo com a sua opinião, o desenvolvimento do Turismo Religioso no município de


São José de Ribamar traz benefícios à comunidade local?

( ) sim ( ) não
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8.1- Por quê?


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________

9- Você desenvolve alguma atividade econômica durante o Festejo?

( ) sim ( ) não

9.1- Em caso afirmativo, qual ou quais?

_____________________________________________________________________

10- Em sua opinião, existe participação efetiva do poder público municipal em relação à
implementação do Festejo de São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não

10.1-Em relação à questão anterior, você acha que há participação do poder público municipal
quanto à:

▪ Divulgação do Festejo de São José de Ribamar?

( ) sim ( ) não ( ) não tem conhecimento

▪ Infra-Estrutura de modo geral?

( ) sim ( ) não ( ) não tem conhecimento

▪ Segurança?

( ) sim ( ) não ( ) não tem conhecimento

▪ Outros?

( ) sim ( ) não

___________________________________________________________________________
________________________________________________________________

Obrigada por sua colaboração!


84

ANEXOS
85

ANEXO A: Folder do Festejo de São José de Ribamar.(2007)

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