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A MILITÂNCIA PARTIDÁRIA É O ÓPIO DO POVO!

As religiões são organizações de cunho espiritual com inferências sociais. Solidária e baseada em um credo que por
sua vez está em torno de uma fé e de uma divindade. Embora a ação delas sejam rigorosamente metafisica, está no
cerne da religião se apropriar de alguns aspectos constituintes da pessoa humana. Entre estes, posso citar três coisas
fundamentais que o ser humano não deveria abrir mão: da consciência, do foro íntimo e dos princípios”. Diz um
velho ditado popular: “que religião e política não se discute? Mas o porquê deste enunciado se proliferar como
verdade absoluta? Simples! Estas duas coisas são tão semelhantes que imbricam em si aspectos próprios da
constituição de ambos na alienação de seus pares.

Então aqui traço um paralelo que demonstra de forma cabal que a religião e a politica partidária são tão parecidas
quanto maléficas ao individuo

1- Toda religião tem perspectiva salvífica – Fora dessa fé não pode haver salvação.

Quando um cidadão encontra um Partido, encontra um tesouro. Vale a pena vender tudo para comprar o campo
onde o tesouro está enterrado. O seu partido não é o melhor dos partidos políticos. É o único partido verdadeiro. Os
outros são simulacros de partido. É assim desse modo que o partidarismo político implanta os dogmas da salvação
na cabeça de seus militantes. Na verdade, me parece que os partidos políticos cooptaram em seus discursos a
narrativa religiosa para angariar a simpatia dos incautos e permanecer no poder. Assim, em suas sentenças sempre é
possível reconhecer dois caminhos antagônicos – de um lado, os grandes profetas milagrosos (os caciques dos seus
partido), guiando o povo à salvação e à compreensão das verdades divinas (politicas); de outro, os demônios (seus
opositores) que todos e devem combater e condena-los à danação eterna pois estão a obscurecer o entendimento
do homem a respeito da verdade que está além de suas siglas partidárias. E se por acaso, alguma voz se levante com
uma nova denúncia, que escancare a falibilidade celestial do partido, este logo é encarado como uma artimanha
demoníaca, uma manipulação astuta daqueles que insurgiam dos porões do inferno para confundir seu sacro
dogmatismo clericais e perpétuos.

Ainda para captação de fiéis, estes partidos se colocam na base das necessidades básicas de uma comunidade. Ou
seja, eles se estabelecem nas periferias de um grupo desprezado (ou não), se reúnem em torno de um tema comum,
nas áreas mais extremas, discutindo ideologias, assistencialismo e serviços sociais. Inserindo uma perspectiva de
redenção ou explorando o anseio de uma classe, ou a necessidade de uma categoria, atribuindo assim, uma
identidade coletiva a seus membros. E não é assim que a religião também funciona!

2- Toda religião é maniqueísta (Os partidos também)

A maioria dos partidos não conseguem pôr em prática o afã de fazer a revolução democrática porque estão dentro
de uma estrutura originada e regida por princípios religiosos: O discurso do bem e do mal. Foi exatamente dessa
forma que partidos como PSDB e PT chegaram ao poder! Demonizando seus opositores, fracionando verdades,
separando textos e contextos, partindo ao meio, dividindo. Para eles, sempre houve dois caminhos muito claros a
seguir: De um lado, os vilões típicos: “os coxinhas”, a “elite branca”, “gente sectária e ignorante”, “que não gosta de
ver gente pobre crescendo na vida”. Do outro: “Os Ptralhas”, os super-heróis dos oprimidos”, “os grandes líderes
sindicais”, “os salvadores do proletariado”, “o líder supremo dos operários”. Mas todos fazem parte do mesmo
sistema, e buscam o com suas cores e bandeiras o símbolo mor da ascensão financeira, a dizer o Poder Absoluto. Se
tornam a burocracia oficial, construída com o único objetivo de defender os interesses de sua classe. E age através
de tratativas malignas e usurpadoras daquilo que a religião tenta castrar: A consciência, o foro íntimo e os princípios.

É justamente nesses rótulos maniqueístas que nasce a intolerância, o ódio, a contenda. Nasce aí, a diáspora hipócrita
e partidária. E nela, aquele que antes era o opresso se torna o atual opressor, onde antes era escravo se torna o
escravizador, perpetuando um clima de ódio desnecessário. Quando foi que ter uma opinião contrária, fez do outro
o nosso inimigo? Que insensatez é esta que coloca o pensar contrário como mau

3- Na religião há uma doutrina rígida e absoluta (nos partidos também)

Vejamos esta analogia: Para isto vou me valer do regimento interno do Pt. Não que ele seja o pior, nem mesmo
porque eu queira execra-lo, mas simplesmente porque tive acesso a seu estatuto. O cidadão, para filiar-se ao PT,
renuncie a tudo. Uma vez filiado, ele não terá mais direito de escolher seus candidatos. Seu dever será "votar nos
candidatos indicados" pelo Partido. (cfr. Estatuto do Partido dos Trabalhadores, aprovado em 11/03/2001, art. 14,
Ou seja, “Sou vereador e o Partido me proíbe de propor um projeto de lei pró-vida”, “não tenho motivo para
reclamar. O Partido deve ter suas razões”. Se sou senador e cabe a mim a tarefa de emitir um relatório sobre um
projeto de aborto, eu, por fidelidade ao partido, não posso manifestar-me contra a proposta. Devo agradecer ao
Partido por ele, benignamente, permitir que eu passe o encargo de relator a um colega abortista. Se sou deputado
federal e o Partido manda que eu me ausente de uma sessão deliberativa, onde meu voto, contrário ao aborto,
atrapalhará a aprovação de um projeto, a resignação será minha melhor atitude “moral”

4- Em toda Religião há um credo intolerante (dogmas) que desqualifica o pensamento alheio (Nos partidos
também):

Você se lembra da última eleição? Ela (a intolerância) estava lá o tempo todo. Aécio era um filhinho de papai,
machista, que cheirava cocaína, batia na mulher, arriscava retirar direitos sociais, defendia que os jovens estivessem
na cadeia ao invés das escolas, ameaçava a democracia, defendia a escravidão, o genocídio da juventude negra e
pregava ódio contra os nordestinos. Marina Silva! Era um serviçal dos interesses dos banqueiros, tinha desvio de
caráter, ameaçava tirar comida da mesa dos mais pobres e acabar com os programas sociais, Radical cristã, era
simpática à ditadura militar e cumpria um script que logo a transformaria numa versão feminina de Fernando Collor.
Dilma era terrorista, sapatona, burra, manipulada, etc.

Por que isso acontece? Como a política partidária é essencialmente identidade de grupo, todo essa lenga-lenga se
proliferou afetando opiniões de analfabetos políticos e dos menos versados nesta pseudo-ciencia. Afinal, quem se
importa com propostas quando a discussão está presa a questões morais como a luta do bem contra o mal e seguir
cegamente as ordens de um líder messiânico?

5- Toda Religião Tem beatos (Nos partidos temos militantes)

Os militantes são guardiães fiéis e depositários reais dos preceitos correligionária da sigla. E os infiéis que
questionem a santidade oficial do partido, são tratados como cães que foram adestrados para servir aos interesses
de organizações escusas como a Rede Globo, ou a Veja, A Carta capital, qualquer instituição que realize crítica ao
líder partidário. Neste interim, é proibido se valer da razão para analisar, julgar ou até mesmo lançar um novo olhar
sobre um assunto polêmico ou proposta de lei, só é permitido ver através das lentes luminosas dos partidos. Se
desqualifica toda opinião contrária colocando-as como ianques interessados em sugar cada gota do nosso petróleo.
Ou então os opostos são taxados como massa de manobra, incautos de “boa vontade” “Todos babões aduladores da
direita”, “Reacionários! Assim sendo. quem não tem partido, recebe rótulos da pior espécie. Mas não sabe eles, que
estão irremediavelmente condenados ao estado de letargia reflexiva.

Como na religião os partidos captam fiéis através de um terrorismo intelectual de classes, Vejamos: Comunista
comem criancinhas”, “A esquerda é terrorista”, “Ah se não houver as reformas a aposentadoria acaba”, “se não
mudarmos a legislação o emprego formal se esvairá” ou “Querem dar um golpe no povo”, diz. “Acabar com o Bolsa
Família, com o Minha Casa, Minha Vida, com o Prouni, o Pronatec, e várias conquistas sociais. Querem dar um golpe
no povo e acabar com o aumento anual do salário mínimo e da aposentadoria. Querem dar um golpe no povo e
acabar com o SAMU, o Mais Médicos e as UPAs. Querem dar um golpe no povo e acabar com a distribuição de renda
para manter os privilégios dos banqueiros.

Fico abismado com a desonestidade intelectual destes argumentos. Sou contra o golpe, sou contra estas reformas a
toque de caixa também, quero a equidade na distribuição de renda, de direitos, quero o poder na mão do povo. Mas
não posso omitir o direito do outro à informação integral, sem cortes nem manipulação. Não se constrói uma nação
democrática negando ao cidadão uma conjuntura global das implicações das leis ou reformas. Não se faz cidadãos
formatando em suas mentes pensamentos prontos e fechados! Mesmo assim, os partidos preferem sua ideologia ao
bem do Todo.

É preciso, porém, lembrar, que há os que acreditam na religião e os que a usam para seu próprio benefício, para
alcançar ou ampliar o seu poder e seus privilégios. Do mesmo existem pessoas sensatas dentro dos partidos e há
aqueles que a tratam do mesmo modo citado acima. Se isto sempre existiu em todas as religiões. Com certeza,
acontece também nos partidos, e não é fácil distinguir os fiéis dos falsos fiéis. Quero demonstrar aqui que com essa
politicagem (religiosidade) difusa. O partidarismo político está pútrido, e o cidadão não precisa mais ir a um partido
(templo) para se sentir em paz com a sua consciência. Basta refletir sobre as manchetes de jornais que protelam um
juízo de valor ora a esquerda e outro canal a direita. Estranha-me, que os partidos ainda não reconheceram que sua
religião partidária está falida. Qual cidadão acredita em partido depois da LAVAJATO? Porém confesso que o que
está falido é a política (religião) organizada. Agora irá surgir outra coisa. Desaparecerá o partidarismo (que é um
estado religioso) e começam a haver profissões de fé (perspectivas esperançosas), e crenças (de algo melhor que
está por vir). Mas sem o aparato institucional político partidário (religioso, rsrsrsrsrsr).

André Giordani

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