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Organizadores
Prof.ª Dr.ª Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Prof. Dr. Ricardo Nonato Almeida de Abreu (UFMA)
Prof. Dr. Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)
Prof. Dr. José Magno de Sousa Vieira (UFMA)
Prof. Dr. Luís Henrique Serra (UFMA)
Prof.ª Dr.ª Luziane de Sousa Feitosa
Prof.ª Dr.ª Mariana Aparecida de Oliveira Ribeiro (UFMA)
Prof. Dr. Paulo da Silva Lima (UFMA)
Prof.ª Dr.ª Valnecy Oliveira Correa Santos (UFMA)

CONGRESSO INTERNACIONAL DE LETRAS – CONIL

ISSN 2763 – 910X

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Copyright © 2023 Copyright ©Autoras e autores
Todos os direitos garantidos. Quaisquer partes desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada
desde que levados em conta os direitos das autoras e dos autores.

Capa: Radiley Suelma Oliveira


Diagramação: os organizadores:
Revisão
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Centro de Ciências de Bacabal - CCBa
Projeto Gráfico
Coordenação de Letras – UFMA
Centro de Ciências de Bacabal – CCBa

Conselho Científico

Prof. Drº. Wellington Santos da Silva (UFRJ); Prof. Drº. Thomas Massao Fairchild (UFPA); Prof. Drº.
Wheriston Silva Neris (UFMA); Prof. Drº. André Carneiro Ramos (Unimontes); Prof. Drº. David Langa
(Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique); Prof.ª Dr.ªGlória da Ressureição Abreu França (UFMA);
Prof. Drº. Cacio José Ferreira (UFAM); Prof. Drº. Dilson César Devides (UFMT); Prof. Drº. Fábio Bonfim
(UFMG); Prof. Drº. Norival Bottos Júnior (UFAM); Prof. Drº. Fábio José Santos de Oliveira (UFMA/UFS); Prof.
Drº. Fábio Marques De Souza (UEPB); Prof. Drº. Franco Baptista Sandanello (Academia da Força
Aérea/AFA); prof.ª Drª. Georgiana Márcia de Oliveira Santos (UFMA); Prof. Dr. José Antônio Vieira
(UEMA);prof.ª. Drª. Marinete Luzia Francisca de Souza (UFMT/CUA); Prof.ª Dr.ªAna Jovanovic Kuzmanovic
(Universidade de Belgrado); Prof.ª Dr.ªMonica Fontenelle Carneiro (UFMA); Prof.ª Dr.ªTheciana Silva
Silveira (UFMA); Prof.ª Dr.ªNaiara Sales Araujo Santos (UFMA);Prof.ª Dr.ªElen Karla Sousa da Silva
(UEMA);Prof.ª Dr.ªHeloísa Reis Curvelo (UFMA);Prof.ª Dr.ª Katia Cilene Ferreira França (UFMA);Prof.ª Dr.ª
Maria Aparecida da Silva Miranda (SEEC/RN);

Lucélia de Sousa Almeida;Ricardo Nonato Almeida de Abreu; Rubenil da Silva Oliveira; José Magno de
Sousa Vieira; Luís Henrique Serra; Luziane de Sousa Feitosa; Mariana Aparecida de Oliveira Ribeiro; Paulo
da Silva Lima; Valnecy Oliveira Correa Santos.

Caderno de Resumos
ISSN 2763-910X [Digital]

CONGRESSO INTERNACIONAL DE LETRAS (CONIL)


Vol. VI 2023

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 45
SOBRE O CONIL 46
PROGRAMAÇÃO 47

FUSÃO DISCURSIVA: UMA PROPOSTA DE COMO PERCEBER AS RELAÇÕES


DISCURSIVAS 50
Antonio Carlos Soares (UFPA)

DOM CASMURRO, UMAS DAS OBRAS MAIS INTRIGANTES DA LITERATURA


BRASILEIRA DESEMPENHA QUAL PAPEL NA PLATAFORMA DIGITAL INSTAGRAM A
SER ANALISADO NO PERFIL PESSOAL DA PROFESSORA POLIANNE BARBOSA DA
SILVA SÁ 51
Polianne Barbosa da Silva Sa (UEMA)

A PRESENÇA DO NEGRO NOS ANÚNCIOS DE COMPRA E VENDA NO JORNAL O PAIZ 52


Ana Gabriela da Cruz Pereira (UEMA)

VARIAÇÃO NA CONCORD NCIA EM SENTENÇAS SN SER SN NO PORTUGUÊS


CLÁSSICO 52
Luiz Adriano Ramos Silva (UFPE)

A HOMOFOBIA NO ROMANCE CRIME DE HONRA (2005), DE CASSANDRA RIOS 53


Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

ENTRE 'TORNAR-SE' E 'DESCOBRIR-SE': PROCESSOS DISCURSIVOS NA AFIRMAÇÃO


DA IDENTIDADE NEGRA NO BRASIL 53
Gabriela Batista Santos de Andrade (CEFET-MG)

LITERATURA INDÍGENA E A ILUSTRAÇÃO DA MEMÓRIA: UMA ANÁLISE DE "FLOR DA


MATA" DE GRAÇA GRAÚNA 55
Amanda da Silva Theodoro (UEMA-SUL)
Jeniel Silva Gomes (UEMA-SUL)

A PROSA DE FICÇÃO NO JORNAL PUBLICADOR MARANHENSE NA DÉCADA DE 55


1870
Antonia Raiane Santos Silva (UEMA)

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CONSERVANDO AS VOZES ANCESTRAIS NA LITERATURA INDÍGENA: UMA
REFLEXÃO PÓS-COLONIAL E IDENTITÁRIA DO POEMA "EU MORO NA CIDADE" DE
MARCIA KAMBEBA 56
Paula Costa dos Santos (UESPI)

A RESISTÊNCIA SOCIAL BAIANA VERSIFICADA NO FOLHETO O AUMENTO DA CARNE


VERDE, DE CUÍCA DE SANTO AMARO, "POETA-REPÓRTER" 57
Mikeias Cardoso dos Santos (UFMA)

A INSURGÊNCIA DA FLÂNEUSE NEGRA EM LITANIA DA VELHA, DE ARLETE


NOGUEIRA DA CRUZ: UM OLHAR DECOLONIAL SOBRE A EXPERIÊNCIA SUBALTERNA
DO ESPAÇO 57
Mairylande Nascimento Cavalcante (UFMA)

FEMINISMO PÓS-COLONIAL E A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA OBRA LUCY, DE


JAMAICA KINCAID 58
Nágila Alves da Silva (UESPI)
Maria de Nazaré Pereira dos Santos (UEMA)

RELAÇÕES DE GÊNERO E RESISTÊNCIA EM AGONTIMÉ, DE JUDITH GLEASON 58


Maria Cleidimar Silva Ribeiro (Secretaria de Estado da Educação)

IMAGENS DISSONANTES: FICÇÃO HISTÓRICA DE AUTORIA FEMININA BRASILEIRA 59


Dinameire Oliveira Carneiro Rios (UFT)

OS GÊNEROS TEXTUAIS COMO CONDICIONANTE PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL NO


EJA 60
Eduarda Abreu do Nascimento (IFPA/BELÉM)
Lucas Pinto de Almeida (IFPA - Belém)

MATERNIDADE E TRABALHO, UMA DISSIDÊNCIA À NORMA DE GÊNERO 60


Ednolia da Silva Farias (UFMA)

A MULHER NA SOCIEDADE JAPONESA: UMA ANÁLISE DE "GROTESCAS", DE NATSUO


KIRINO 61
Allana da Silva Araujo (UFMA)

A PRÁTICA DA PESQUISA NA GRADUAÇÃO E REFLEXOS NOS CURSOS DE


LICENCIATURA EM LETRAS 61
Ana Luíza Estrela da Silva (UEMA)

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HUMOR, IRONIA E DISCURSO: UMA ANÁLISE DO DISCURSO POLÍTICO AO ATO
NEGACIONISTA PRESENTE NAS CHARGES 62
Carliane Miranda Carneiro Aguiar (UFMA)

UM ESTUDO DO GÊNERO DISCURSIVO "COMENTÁRIO VIRTUAL" NAS INTERAÇÕES


POLÊMICAS DO TWITTER: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS 63
Jairo Venício Carvalhais Oliveira (UFMG)
Giovanna Tanure Ramalho (UFMG)

MODOS MULTISSEMIÓTICOS DO GÊNERO CHARGE NO PERÍODO PANDÊMICO 64


Emanuel Teixeira da Silva (UNIMONTES)
Samuel Parrela Braga (UNIMONTES)

LIÇÕES DE TRABALHO COM O TEXTO EM SALA DE AULA 64


Natalia Moraes Cardoso (UFPA)

PROJETO MINHA TERRA TEM: EXPOSIÇÃO VIRTUAL SOBRE O BICENTENÁRIO DO


POETA GONÇALVES DIAS E O ENSINO DE LITERATURA 65
Jeyciane Elizabeth Sá Santos (IEMA)

GÊNEROS MULTIMODAIS E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA 66


Leandro de Assis Nascimento dos Santos (UFMA)

A IDENTIDADE DOS CODOENSE A PARTIR DA FIGURA LENDÁRIA DE MESTRE BITA


DO BARÃO 66
Raiane Silva Lima (UFMA)

TEOR TESTEMUNHAL NO POEMA MORTE E VIDA SEVERINA, DE JOÃO CABRAL DE


MELO NETO 67
Maria Fatima Paula dos Santos (UFPA)

UMA ANÁLISE TRIDIMENSIONAL FAIRCLOUGHIANA DO CONTO LOFOTE E SUA MÃE,


DE ANTÔNIO CARLOS VIANA 67
Maria Oscilene de Souza Fonseca (UFS)

SENHOR DAS MOSCAS: UMA ALEGORIA DO CAOS INFERNAL 68


Giovanna Cordeiro Saldanha Braga (UEMA)

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O ESPAÇO: UMA ANÁLISE COMPARADA DAS OBRAS "CAROLINA" EM HQ DE
SIRLENE BARBOSA E JOÃO PINHEIRO E O "QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA
FAVELADA" DE CAROLINA MARIA DE JESUS 69
Silmayra Pinto Lima (UFMA)

UM VIÉS MULTISSEMIÓTICO NA ANÁLISE DE RELAÇÕES DE PODER NO GÊNERO


FILME 70
Maria Gabriela de Souza (Unimontes)
Maria Clara Gonçalves Ramos (Unimontes))

A INFLUÊNCIA DA ADJETIVAÇÃO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA


FEMININA 70
Ludimila Silva de Almeida (UEMA)

NO TOQUE DO TERECÔ: UMA PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIO DO


LÉXICO ESPECIALIZADO DO TERECÔ, EM CODÓ-MA 71
Laryssa Francisca Moraes Porto (UFMA)

A EXPRESSÃO VARIÁVEL DO IMPERATIVO GRAMATICAL NO MARANHÃO 72


Matheus da Silva Lopes (UFMA)

O FASCISMO EM HARRY POTTER: A REPRESENTAÇÃO DO TOTALITARISMO EM UMA


NARRATIVA JUVENIL 72
Gabriela Cristina Barros Nascimento (UEMA)

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E ENSINO: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE


LÍNGUA PORTUGUESA NO 6° ANO DO FUNDAMENTAL 73
Yara Gonçalves leite Sousa (UFMA)

A REPRESENTAÇÃO DA TRAVESTI DA TERCEIRA IDADE, UMA ANÁLISE DO


DOCUMENTÁRIO DIVINAS DIVAS (2016) 74
Jorge da Silva Moreira (UFMA)

OS PROCESSOS COGNITIVOS DE DOMÍNIO GERAL NA FORMAÇÃO DE


IDIOMATISMOS 74
Ana Ligia Scaldelai Salles (UNESP/IBILCE)

A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE SOB A PERCEPÇÃO DOS CEGOS ACERCA DA


VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DA LÍNGUA ORAL 75
Gessika Demétrio de Alcântara (UERN)
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CLAUSURA OU LIBERDADE? ENTRE SUBMISSÃO E EMPODERAMENTO: HORROR
SOCIAL E CORPORALIDADE COMO PANOS DE FUNDO DO PROTAGONISMO
FEMININO 75
Claudia Cristina Ferreira (UEL)

UMA POLÍTICA DA LÍNGUA EM ASSIM FALAVA ZARATUSTRA DE NIETZSCHE:


VARIAÇÕES DELEUZE-GUATTARIANAS DA ANÁLISE DE DISCURSO 76
Arthur Victor Gomes da Silva Barros (UFCat)

PARA UMA DEFINIÇÃO DE TERMINOLOGIA COSMÉTICA E SUA RELAÇÃO COM A


NOMENCLATURA 77
Juliana Pereira Guimarães (UERJ)

GÊNERO, SEXUALIDADE E RAÇA NA OBRA AMORES DI(VERSOS), DE DANIELA


BENTO 77
Daynara Lorena Aragão Côrtes (UFS)

UM EXÍLIO EM SI: LIMIARES ENTRE VIDA E FIM NA OBRA A MÁQUINA DE FAZER


ESPANHÓIS, DE VALTER HUGO MÃE 78
Diana Gonzaga Pereira (UFF)

GÊNERO E A REDAÇÃO DO ENEM: UMA PERSPECTIVA SOBRE A PRODUÇÃO DO


PROJETO DE TEXTO 79
Katharine Silva de Oliveira Soares (IFMA)

LETRAMENTO LITERÁRIO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 79


Raymara Cris Lopes Coqueiro (UEMA)

AS REFORMULAÇÕES NAS PARAFRASES EM MONOGRAFIAS DE ITAPECURU MIRIM-


MA 80
Rosa Alice de Lima Rocha (UEMA)

UM RECORTE DA LEI 11.326 DE JULHO DE 2006: TENSÕES E APAGAMENTOS NA


SIGNIFICAÇÃO DO SUJEITO AGRICULTOR FAMILIAR E DE SUA RELAÇÃO COM A
PROPRIEDADE DE TERRA 81
Alessandra Stefanello (UNICAMP),
Caroline Aparecida Fazio (UNICAMP)

TEORIA, PRÁTICA E PRAZER NO ENSINO DE LITERATURA NO BRASIL: UM


EQUILÍBRIO INALCANÇÁVEL? 82
Johnny Glaydson dos Santos Tavares (UFPE)
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LITERATURA AFRO-BRASILEIRA INFANTOJUVENIL: REPRESENTATIVIDADES EM
AMORAS 82
Beatriz Montes dos Santos (UFS)

CONTO NA SALA DE AULA: UMA PRÁTICA DE LEITURA NA PERSPECTIVA DO


MÉTODO RECEPCIONAL 83
Solanna Cristhina Mendes Nóbrega (C. DE E. PROFESSORA MARIA CASIMIRO
SOARES)

A MPB E A DITADURA MILITAR: A SEMIÓTICA DA LINGUAGEM POÉTICA UTILIZADA


PELOS COMPOSITORES COMO MÉTODO DE SOBREVIVER A CENSURA. 83
Ana Caroline Ferracioli (UNEMAT/SINOP),
Alex Wolney de Oliveira Correia (UNEMAT/SINOP)

A MATERIALIZAÇÃO DAS PARÁFRASE DE REFORMULAÇÃO EM TEXTOS


MONOGRÁFICOS DE PEDREIRAS-MA 84
Kassyane Kaiane Araújo dos Santos (UEMA)

QUANDO A ALMA TOCA A CHAMA: O PACTO COM AS LITERATURAS OBSCURAS NA


SAGA DARK SOULS 85
Marlus Regis Alvarenga (UnB)

MORTE E MELANCOLIA NA PAISAGEM POÉTICA DE JOAQUIM CARDOZO 85


Wilck Camilo Ferreira de Santana (UFPE)

A UTILIZAÇÃO DE PARÁFRASES PARA EFEITOS DE SENTIDO EM MONOGRAFIAS DA


UEMA COMPUS CAXIAS 86
Aimê Lima dos Santos (UEMA)

DEMON SLAYER: METÁFORAS COM ANSIEDADE NA LITERATURA ORIENTAL


CONTEMPORÂNEA 87
Anderson Sousa de Araújo (UFMA)

A (IM)PARCIALIDADE DO DISCURSO JORNALÍSTICO: QUANDO A SELEÇÃO LEXICAL


REPRESENTA IDEOLOGIAS 87
Raimundo Marcelo dos Santos Dias (UEMA)

OS CAMINHOS DA MEMÓRIA NO ROMANCE LA MUERTE DE ARTEMIO CRUZ 88


Nayara dos Santos Pereira (UEFS)
Edson Oliveira da Silva (UEFS)
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BAIRRO DE FÁTIMA E LIBERDADE: VARIAÇÕES SEMÂNTICO-LEXICAL NOS CAMPOS
TERRITORIALIDADE, RELIGIÃO E CRENÇAS DOS QUILOMBOLAS URBANOS DA
CAPITAL MARANHENSE. 89
Tatiana do Nascimento Cunha (UFMA)
Georgiana Márcia Oliveira Santos (UFMA)

ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE AS VOZES QUE SUSTENTAM O ENSINO DE LEITURA


DA BNCC (EF) - ANOS FINAIS 90
Álvaro Lopes Silva da Rocha (UFRN)

PROJETO DE INICIAÇÃO À LÍNGUA ESPANHOLA 90


Carla Cristina Zurutuza (UFMS)

DAS REDES SOCIAIS PARA A SALA DE AULA: OS MEMES COMO OBJETO DE


APRENDIZAGEM 91
Marion Rodrigues Dariz (IFSul)

OS DICIONÁRIOS ESCOLARES COMO MEDIADORES DO ENSINO DA POLISSEMIA E


DA HOMONÍMIA NO LIVRO DIDÁTICO 92
Silvânia Aparecida Alvarenga Nascimento (UFCAT)

DESCOLONIZANDO O FUTURO: O QUE O "DUNA" (1965), DE FRANK HERBERT, NOS


ENSINA SOBRE A COLONIZAÇÃO? 93
Luis Felipe Dias Ribeiro (UFPI)

(RE)SIGNIFICANDO O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA : A INSERÇÃO DO GÊNERO


MEME NA SALA DE AULA 93
Claudiana Ribeiro (UEMA)
Luciana Martins Arruda (UEMA)

A MEMÓRIA COLETIVA EM O ALIENISTA, DE MACHADO DE ASSIS 94


Eloilma Carvalho Pires (UFPI)

A CULPABILIZAÇÃO DA VITIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL NOS CONTOS "A LÍNGUA DO


"P"" E "DEBAIXO DA PONTE PRETA" 95
Radiley Suelma Silva De Oliveira (UFMA)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)

LOCAIS NA LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA LEITURA DISTANTE 95


Lara Sousa Pires (UEMA)
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O FEMINISMO NEGRO E A CONTRIBUIÇÃO CULTURAL E SOCIAL DA HERANÇA
ANCESTRAL EM "PONCIA VICÊNCIO", DE CONCEIÇÃO EVARISTO 96
Luis Fernando Lima Camelo (UFMA)

UM VALENTE FEITO DE FERRO E DE FLOR: MEMÓRIA E TESTEMUNHO EM "HISTÓRIA


DE UM VALENTE", DE FERREIRA GULLAR 96
Susane Martins Ribeiro Silva (UFPE)
Ana Maria Areias da Silva (UFPE)

O MEME ANCORADO TEORICAMENTE COMO PRÁTICA LINGUAGEIRA EM


MOVIMENTO LINGUÍSTICO-DISCURSIVO E SUA POTÊNCIA COMUNICATIVA NA
SOCIEDADE 97
Ana Paula Camacho Rosa (UEL)
Suzete Silva (UEL)

O SEXO COMO FATOR DETERMINANTE NAS GÍRIAS PRESENTES NA FALA DOS


ADOLESCENTES DE SANTA INÊS-MA 98
Carlos Henrique Alves Silva (UFMA)

A SOLIDÃO DA MULHER NEGRA DISCURSIVIZADA NAS MÍDIAS DIGITAIS: DISCURSO


RACISTA, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA 99
Monik Milany Santos Santana (UESB)
Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes (UESB)

EXPLORANDO AS VANGUARDAS EUROPEIAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA POR


MEIO DAS METODOLOGIAS ATIVAS EM UMA INSTITUIÇÃO DO ENSINO MÉDIO 99
Robson de Macêdo Cunha (UEMA)

AS IMAGENS PRODUZIDAS PELOS DISCURSOS DA ESCRITA ACADÊMICA SOBRE


ENSINO DE LEITURA LITERÁRIA 100
Sacha Emmanuelle de Sousa Gomes (UFPA)

MULTIMODALIDADE E DESINFORMAÇÃO: UM OLHAR PARA AS FAKE NEWS À LUZ


DA GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL (GDV). 101
Joao da Silva Araújo Júnior (UFMA),
Lívia Karoline Pinheiro Mendonça dos Santos (UFMA)

O USO DA MORFOSSINTAXE NA PERSPECTIVA DA LEITURA EM DIÁLOGO COM A


LINGUÍSTICA APLICADA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA 101
Maria Regina Coelho Costa Moraes (UFMA)

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A RESISTÊNCIA FEMININA MACHADIANA: UMA ANÁLISE DO ROMANCE DOM
CASMURRO 102
Thamires Mikaelle Da Silva Araujo (UEMA),
Erilane Santos Machado (UEMA)

A EPOPEIA TOCANTINENSE E O DISCURSO FUNDADOR 103


Kyldes Batista Vicente (UNITINS),
Liliane Scarpin S. Storniolo (UNITINS)

A MORTE COMO LIBERTAÇÃO DO CORPO FEMININO EM MURMÚRIOS DE MARIANA


LUZ 104
Mirna Rocha Silva (UFMA)

SEMÂNTICA EM SALA DE AULA: UMA SUGESTÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COM


PALAVRAS HOMÔNIMAS 104
Sônia Maria Nogueira (UEMASUL),
Aline Marques Borges Alves (UEMASUL)

O IMPERATIVO GRAMATICAL NO FALAR MARANHENSE: O QUE DIZEM OS DADOS 105


Lucas Brasil Sousa Coutinho (UFMA)

A TEMÁTICA DA MORTE E A FORMAÇÃO DO LEITOR NO CONTO ANTES DO BAILE


VERDE, DE LYGIA FAGUNDES TELLES 106
Letícea Maria Alves Braga (UFPI)

DISCURSIVIDADES SOBRE AS CULTURAS E A OPACIDADE DA LÍNGUA: UMA ANÁLISE


DE UMA PROPOSTA LEGISLATIVA 106
Vitória dos Santos Pires (UFMA)

A CIBERCULTURA E O ENSINO DENTRO DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


(EAD) 107
Antonia Edaurda Trindade da Silva (UFPI)

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO SERTÃO BRASILEIRO ATRAVÉS DO CINEMA E


DA POESIA. 108
Rayara Tágila de Sousa Barbosa (UEMASUL)
Gleicyanne Cristina Silva Matos (UEMASUL)

ESCREVIVÊNCIA E AUTONOMIA DAS PERSONAGENS EM GENI, DE LEITE DO PEITO


(1988), E CAROLINA, DE DIÁRIO DE BITITA (1986) 108
Alice Maria Araujo da Fonseca (UFPI)
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A SIMBOLOGIA EM "LA CRUZ DEL DIABLO": UMA LENDA DE GUSTAVO ADOLFO
BÉCQUER 109
Carol Silva dos Santos (UFMA)
Isabel Abreu Guimarães (UFMA)

XICA DA SILVA E CHICA DA SILVA: ENTRE FICÇÃO E HISTÓRIA 109


Bruno Andrade da Gama (UFOPA)
Eliane Ferreira Bernardino (Unasp)

ESTUDO DA INTEGRAÇÃO DA UNIDADE LEXICAL "PLACENTA" AO LÉXICO


PORTUGUÊS 110
Luana da Silva Borges (UFMS-Campo Grande)

HISTÓRIA, MEMÓRA E TRAUMA EM TORO ARADO 110


Harion Márcio Costa Custódio (UFMG)

LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA, MULTILINGUAGES E O ENSINO DE SURDOS 111


Rita de Cássia Almeida Silva (UEPA)

"E AQUI FALAM DIFERENTE?": PERCEPÇÃO/AVALIAÇÃO DE FALANTES


LUDOVICENSES 112
Cibelle Corrêa Béliche Alves (UFMA/UnB)

A FORMAÇÃO DE LEITORES NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA PROPOSTA DE LEITURA


SEMÂNTICO-ENUNCIATIVA 113
Xirley Pereira Lemos Cabral (UNIFESSPA)
Rosimar Regina Rodrigues De Oliveira (UNIFESSPA)

DOCILIZAÇÃO DOS CORPOS E INTERSECCIONALIDADE EM A ESCRAVA, DE MARIA


FIRMINA DOS REIS 114
Rayniere Felipe Alvarenga de Sousa (UFMT)

UMA ANÁLISE DA MATERNIDADE NO ROMANCE SUÍTE TÓQUIO, DE GIOVANA


MADALOSSO 114
Gabriel Silva de Mello (UEM)

A REPRESENTAÇÃO DO EPISTEMICÍDIO EM O AVESSO DA PELE E A RECONSTRUÇÃO


DA IDENTIDADE NEGRA 115
Alessandra Ayssa de Oliveira Pereira (UFMA)

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO PORTUGUÊS FALADO NO MARANHÃO:
PRESENÇA/AUSÊNCIA DE ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE NOME PRÓPRIO NA FALA
DOS HABITANTES DE BACABAL E SÃO LUÍS 116
Thomaz Vinicius Nunes Carvalho (UFMA)
Ricardo Passos Viana (UFMA)

OS CONTOS DE FADAS NA ESCRITA DE MARINA COLASANTI: NARRATIVAS, IMAGENS


E VOZES INSURGENTES 116
Vivian Castro de Miranda (UFSM)

GÊNERO, ANCESTRALIDADE E METAMORFOSE EM LA MUJER HABITADA, DE


GIOCONDA BELLI 117
João Pedro Sgarbi Rocha (UFSM)
Vinícius Marangon (UFSM)

ENUNCIAÇÃO PERSPECTIVA DE ESTUDO DA INDEFINIÇÃO DA LINGUAGEM 118


Luana Stefanny de Sousa Lima (UEMA)

OS INDEFINIDOS EM ANÁLISE ENUNCIATIVA DA LINGUAGEM 118


Amanda Lima da Silva (UEMA)
Leonildes Pessoa Facundes (UEMA)

ANÁLISE DAS FORMAÇÕES DISCURSIVAS E INTERDISCURSO NA BIOGRAFIA "LUIZ


CARLOS PRESTES, UM COMUNISTA BRASILEIRO" ESCRITA POR SUA FILHA E
BIÓGRAFA ANITA LEOCADIA PRESTES 119
Raquel Lima de Abreu Aoki (UFMG)
Márcia Elísia Matos Aguiar (UFMG)

O ASPECTO TEMÁTICO-ATEMPORAL EM "DRÁCULA" E A RESSIGNIFICAÇÃO DO


VAMPIRO 120
Santiago Daniel Dubra (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

A MEMÓRIA FOTOGRÁFICA COMO TESTEMUNHO: REPARAÇÃO EMPÁTICA PELA


COMPAIXÃO 120
Deurilene Sousa Silva (UFPA),
Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja (UFPA)

A CARTOMANTE: REFLEXÕES SOBRE O ADULTÉRIO E AS CONVENÇÕES SOCIAIS NA


SOCIEDADE BURGUESA DO SÉCULO XIX 121
Loyane da Silva Vasconcelos (UEMA)

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ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL DO PERSONAGEM SACI NA OBRA DE MONTEIRO
LOBATO E DE ADÃO ALMEIDA: UM ESTUDO COMPARATIVO 121
Luana Camila dos Santos Gomes (UNIFESSPA)

POETRY SLAM E PANDEMIA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO POÉTICA ORAL NO


LIMIAR ENTRE A RUA E A INTERNET 122
Guilherme dos Santos Ferreira da Silva (UFRJ)

DIZERES SOBRE GÊNERO E RAÇA NO DOCUMENTÁRIO O SILÊNCIO DOS HOMENS


(2019) 123
Guilherme Medeiros (UNICAMP)

O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS NA TERCEIRA IDADE NOS CONTOS


ADELHA SANTANA LIMOEIRO E REGINA ANASTÁCIA DE CONCEIÇÃO EVARISTO 123
Denise Santos Miranda Pereira (UEMA)
Welida Maria Gouveia Silva (UFMA)

POESIA E TESTEMUNHO: A ESCRITA DE ADEMIR BRAZ COMO REGISTRO DE


CONFLITOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA PARAENSE 124
Anaiara Cristina Lima Silva (UNIFESSPA)

PRÁTICAS DE MULTILETRAMENTOS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: GÊNEROS


TEXTUAIS E A EXPERIÊNCIA DE UMA DOCENTE PESQUISADORA 124
Fabiana Costa de Sousa (UEMASUL),
Maria da Guia Taveiro Silva (UEMASUL)

A OBJETIFICAÇÃO DE GÊNEROS EM APLICATIVOS DE RELACIONAMENTO 125


Laize Oliveira Silva (UEMA)

O ECOAR DA MINHA VOZ DEFORMADA: RESISTÊNCIA E REPRESENTATIVIDADE DA


MULHER NEGRA EM TORTO ARADO (2018), DE ITAMAR VIERA JR 125
Rosy dos Santos Lima (UESPI)
Maria do Carmo Moreira de Carvalho (UESPI)

NÃO PODEMOS FUGIR DO BICHO-PAPÃO: UMA ANÁLISE DE THE BABADOOK E


ACALANTO 126
Joana Tainá Batista Costa (UESPI)
Ayrton de Souza Lopes (UESPI)

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UMA ANÁLISE TESTEMUNHAL DO POEMA "DOCE DOURADO", DE REUNIVAN
FERREIRA MORAIS 126
Syndel dos Santos Fernandes (UNIFESSPA)

MEMÓRIA ENTRE ASPAS: ESBOÇO FENOMENOLÓGICA EM A NATUREZA DA


MORDIDA 127
Thiago Costa Tavares (UEMA)

REPRESENTAÇÕES FEMININAS EM SONHOS & DESVARIOS, DE FÁTIMA


BETTENCOURT 127
Carolina de Lima Andrighetti (UFFS)

"NÃO FALAMOS SOBRE ELA": A LÓGICA COLONIAL A PARTIR DAS RELAÇÕES DE


GÊNERO NA OBRA HIBISCO ROXO DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE 128
Olga Beatriz Saraiva Silva (UEMA)
Luzia Kely de Souza Silva (UEMA

MEMÓRIAS DE UM PASSADO ESQUECIDO: A RESISTÊNCIA FEMININA EM COLUMBUS


AND BEATRIZ (1892) E COLÓN A LOS OJOS DE BEATRIZ (2000) 129
Amanda Maria Elsner Matheus (UNIOESTE)

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO SERTÃO BRASILEIRO ATRAVÉS DO CINEMA E


DA POESIA. 129
Gleicyanne Cristina Silva Matos (UEMASUL)
Rayara Tágila de Sousa Barbosa (UEMASUL)

A CONTADORA DE HISTÓRIAS: AS "ESCREVIVÊNCIAS" DE BECOS DA MEMÓRIA


(2006) 130
Alyne Barbosa Lima (UFU)

LITERATURA INDÍGENA EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE PRÁTICA PARA A


EDUCAÇÃO BÁSICA 131
Jordana Costa Rodrigues (UFFS)
Demétrio Alves Paz (UFFS)

ENSINO DE INGLÊS PARA A TERCEIRA IDADE: PROPOSTA DE UNIDADE DIDÁTICA


PARA NÍVEIS A1 E A2 131
Patrícia Mara de Carvalho Costa Leite (UFSJ),
Matheus Augusto de Carvalho (UFSJ)

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ENEM: UMA ANÁLISE DAS PROVAS DE LINGUAGENS E CÓDIGOS E SUAS
TECNOLOGIAS (2019, 2020, 2021) 132
Kelly de Castro Batista (UEPA)
Lílian Marques da Silva (UEPA)

CARA-DE-BRONZE: HOMEM MORGADO DA MORTE 133


Rosalina Albuquerque Henrique (Semec-Belém)

A MORENINHA: UMA ANÁLISE SOBRE A IDEALIZAÇÃO DA MULHER PARA A


BURGUESIA 133
Ana Beatriz Magalhães da Conceição (UFMA)

A FIGURA FEMININA NO FESTIVAL DAS PATROAS: UMA ANÁLISE FRASEOLÓGICA E


SEMÂNTICA NAS CANÇÕES DO FEMINEJO 134
Pâmela dos Santos Fuzaro (UFMS)

AQUISIÇÃO DO VOCABULÁRIO EM SALA DE AULA POR INTERMEDIO DA LEITURA 135


Andréia Ferreira Cabral Santos (UEMASUL)
Francisca Maria de Araújo Sousa Oliveira (UEMASUL)

MEMÓRIA, HISTÓRIA, TRAUMA, ESQUECIMENTO E SILÊNCIO RELATADOS POR


"MORTOS SOBREVIVENTES", EM PEDRO PÁRAMO DE JUAN RULFO 135
Raianny Oliveira Da Silva (UEMA)

UM ESTUDO SOBRE O SUÍCIDIO NO CONTO UMA BRANCA SOMBRA PÁLIDA, DE


LYGIA FAGUNDES TELLES 136
Radiley Suelma Silva De Oliveira (UFMA)
Francisca Joziane de Matos Silva (UFMA)

UMA ANÁLISE DA ANTOLOGIA "NO ENTANTO: DISSONÂNCIAS", DE FRED CAJU 137


Vicente Vinícius Gonçalves Lira (UFMA)
Andréia Pereira de Sousa (UFMA)

MEMÓRIA E TESTEMUNHO EM MULHERES EMPILHADAS 137


Gabriela Pirotti Pereira (UFRGS)

O GÊNERO MULTIMODAL NA ESCOLA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA UMA


PRÁTICA DE LEITURA INTERDISCIPLINAR NOS ANOS FINAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL 138
Maria Goreth De Sousa Varao (UFPI)
página 16 de 315
OS CORPOS DA DIFERENÇA CULTURAL 138
Walquíria Almeida Andrade (UNIFESSPA)

AMOR, VINGANÇA E ABUSO SEXUAL INFANTIL: A METÁFORA ANIMAL E


ANIMALIZAÇÃO EM TRÊS PORCOS DE MARCELO LABES E EM O CADERNO ROSA DE
LORI LAMBY DE HILDA HILST 139
Marcelo Luiz Santos Moreno (UFMA)

MARIA ARAGÃO E JEAN JAURÉS: O(S) CORPO(S) EM PRAÇA PÚBLICA 139


Maria Clara Cunha Paixão Gomes (UFMA

DESCONSTRUINDO FRONTEIRAS: AS COMPLEXIDADES DO PODER E DA CULTURA


NO CONTO "LUZ", DE LESLEY NNEKA ARIMAH 140
Lays Christine Santos De Andrade (UESPI)

DESEJO E LIBERDADE: A RECONFIGURAÇÃO DA VAMPIRA A PARTIR DA RELAÇÃO


ENTRE MARCELINE, DA ANIMAÇÃO HORA DE AVENTURA, E CARMILLA, DE LE FANU 141
Giovanna Suleiman das Dores (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Fernanda da Cunha Correia (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

LITERATURA INDÍGENA E CORPOREIDADE: GÊNERO, SEXUALIDADE E


EMPODERAMENTO CULTURAL 141
Rosivânia dos Santos (UFS)
Margarida Maria Araújo Bispo (UFBA)

"UMA PASSAGEM AO ATO" : GÊNERO E SUICÍDIO NOS CONTOS "UMA BRANCA


SOMBRA PÁLIDA", DE LYGIA FAGUNDES TELLES E "A LIBERDADE DE ESCOLHA", DE
FENANDO MONTEIRO 142
Raquel Aparecida Dal Cortivo (UNIR),
Pedro Manoel Monteiro (UNIR)

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: VARIAÇÃO LEXICAL DOS SINAIS DE BEIJU E CUSCUZ


NA GRANDE ILHA DE SÃO LUÍS 143
Renan Pires Azevedo (UFMA)

DEPOIS DO FELIZES PARA SEMPRE: A REINVENÇÃO CINEMATOGRÁFICA DOS


CLÁSSICOS EM O FANTÁSTICO MISTÉRIO DE FEIURINHA 143
Anita Rebeca Silva Santos (UFMA)

página 17 de 315
EDUCAÇÃO E IGUALDADE SOCIAL: PARA TER DIREITO OU POR QUE TEM DIREITO? 144
Eunice Cardoso Lauriano Ferreira (UFR),
Ana Rodrigues de Souza (UFR)

O GÊNERO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO: UMA PROPOSTA DE ENSINO


EXTENSIONISTA NA UNITINS 145
Manoel Felipe Alves dos Santos (UNITINS)
Eliene Rodrigues Sousa (UNITINS)

UMA ANÁLISE DA DÊIXIS PRESENTE NOS DISCURSOS DE POSSE DO PRESIDENTE


LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA 146
Anne Pauliny Braga Almeida (UNILAB)
Kennedy Cabral Nobre (UNILAB)

MEMÓRIA, TRAUMA E RESISTÊNCIA NA LITERATURA DE MULHERES NEGRAS SUL-


AFRICANAS 146
Joana dArc Martins Pupo (UEPG)

CLARÃO - A POESIA CONTEMPORÂNEA DO MARANHÃO E O LETRAMENTO LÍRICO 147


Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva (UFMA)

REVISÃO INTEGRATIVA: LETRAMENTOS LEXICAIS 147


Samy Evelyn Barros Mota (SEMED IMPERATRIZ),
Alexandre da Silva Sousa (SEDUC-MA E UEMASUL)

CORPOS MARCADOS PELO MEDO: UMA ANÁLISE DE "A DEVORADORA" E


"PÉROLAS SOB PÁLPEBRAS", DE JULIANA CUNHA 148
Julia D'Auria Antuniassi (UEL)
Cláudia Cristina Ferreira (UEL)

PROJETO DE ENSINO ENCONTOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM TRABALHO


COLETIVO COM A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO 149
Poliana Sella ( (IFPR)
Regina Breda ( (IFPR)

O TEXTO E TEXTUALIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA


E DA ESCRITA 150
Ana Rodrigues De Souza (UFR)
Eunice Cardoso Lauriano Ferreira (UFR)

página 18 de 315
O LUGAR SOCIAL DE MULHERES MOÇAMBICANAS: SUBALTERNIZAÇÃO E GÊNERO
EM A NOIVA DE KEBERA DE ALDINO MUIANGA 151
Janaira Caroline Da Silva Rodriges (UFPI)

O GÊNERO DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO OBJETO DE ENSINO: PRÁTICAS DE


ANÁLISE LINGUÍSTICA NAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS 151
Adriene Ferreira de Mello (UERJ)

OS PROBLEMAS DO COTIDIANO DE MULHERES AFRODESCENDENTES NA OBRA


PONCIÁ VICÊNCIO 152
Patrícia de Sousa Silva (UFMA)

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS DESDOBRAMENTOS DA HISTÓRIA


DAS IDEIAS DISCURSIVAS A PARTIR DE MICHEL PÊCHEUX E DE ENI ORLANDI 152
Daniel Santos Oliveira (PPGLL / UFAL)

STAR WARS E A LUTA PELA LIBERDADE: COMO A FICÇÃO EXPLORA O CONCEITO


DE LIBERDADE E AUTORITARISMO NA TELA. 153
Mateus Ribeiro Soares (UFMA)

AS VOZES DE MULHERES NEGRAS NA TENSÃO DOS SILÊNCIOS: ÁGUA DE BARRELA


E SOLITÁRIA, DE ELIANA ALVES CRUZ 153
Jéssica Catharine Barbosa de Cravalho (UFPI)

"EU ENTENDI A REFERÊNCIA": O PAPEL DOS MEMES HUMORÍSTICOS NAS


DINÂMICAS DE PODER NAS REDES SOCIAIS 154
Cleyse Guimarães Siebra (UFMA)

A INTERSECCIONALIDADE INCORPORADA ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS: UM OLHAR


SOBRE OS SUJEITOS DO REASSENTAMENTO NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE
SANEAMENTO DE PARAUAPEBAS, NO PARÁ 155
Jéssica do Carmo Borges Mousinho (UNIFESSPA)

A FICÇÃO QUE SER FICÇÃO? PACTO REFORMULADO COM O REAL NOS CONTOS DE
GUIMARÃES ROSA 156
Luziane de Sousa Feitosa (UFPA)

UMA ANATOMIA POÉTICA DO CORPO NEGRO 156


Michael de Assis Lourdes Weirich (UFF)

página 19 de 315
BACURAU: ESPAÇOS TRANSGRESSORES, DIÁLOGOS INTENSOS E CONFLITOS
SOCIOPOLÍTICOS - UMA ANÁLISE DA NARRATIVA NO ROTEIRO 157
Sayara Saraiva Pires (UFPI)

"ANTS DON'T SERVE GRASSHOPPERS! IT'S YOU WHO NEED US!": UMA ANÁLISE POR
MEIO DA PERSPECTIVA MARXISTA DO FILME A BUG'S LIFE (1998) 157
William Melo Araújo (UESPI)

AYAAN HIRSI ALI - O TESTEMUNHO DE UMA MULHER QUE DESAFIOU O ISLÃ 158
Patricia Ribeiro Brasil Mayer (UERN)

AS DIVERSAS SEXUALIDADES NA LITERATURA FANTÁSTICA BRASILEIRA DO PRÉ-


MODERNISMO AO CONTEMPORÂNEO 159
Thaíne Fernanda Sell (UFSM)

AS TRAVESSIAS DO DESEJO LÉSBICO NA POÉTICA (I)MORAL DE CASSANDRA RIOS 159


Ivanildo da Silva Santos (UFPB)
Maiza Rodrigues do Nascimento Oliveira (IFMG)

O CORPO TRANSFIGURADO EM VERSOS DE HILDA HILST 160


João Paulo Fernandes (UNIVASF)

A MÚSICA COMO GÊNERO TEXTUAL FACILITADOR PARA O ENSINO DA LÍNGUA


PORTUGUESA: UMA FERRAMENTA DEVIDAMENTE EXPLORADA, OU NÃO? 161
Carlos Eduardo de Melo Pereira da Veiga (UFRPE)
Ewerton Ávila dos Anjos Luna (UFRPE)

TRIUNFO DO BEM: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE TERESA MARGOLLES E VARLAM


CHALÁMOV 161
Andressa Lira Bernardino (UFPE)

INTERSECÇÕES DE RAÇA, GÊNERO E CLASSE EM EU, TITUBA, BRUXA NEGRA DE


SALÉM 162
Lara Beatriz Aragão da Rocha (UFS)

AS HEROÍNAS SUICIDAS EM TOLSTÓI E ALDIR BLANC 163


Renato dos Santos Pinto (UFF)

página 20 de 315
DA LEITURA PARA A ESCRITA: O USO DE INTERTEXTOS COMO APORTE PARA A
PRODUÇÃO TEXTUAL DE DISCENTES DO 3º ANO, NO ENSINO MÉDIO DA REDE
PÚBLICA ESTADUAL DE SÃO LUÍS – MA 163
Maria da Consolação Borba Torres (SEDUC-MA)

METODOLOGIAS ATIVAS E O USO DE TECNOLOGIA: POTENCIALIZANDO O


APRENDIZADO 164
Flavio de Sousa Melo (UNIFESSPA)

UMA ANÁLISE DAS PROPAGANDAS OFICIAIS DO MEC: O DISCURSO DE MÉRITO NA


PROPAGANDA OFICIAL DO ENEM 2020 165
Michelle Silva de Oliveira (UFMA)

MENSAGENS DE ADEUS À LUZ DA AVALIATIVIDADE 166


Aldeir Gomes da Silva (UFPE)

SALVADOR, CIDADE E MIRAGEM: POESIA E HISTÓRIA EM SESMARIA, DE MYRIAM


FRAGA 166
Aline Costa Cerqueira (UEFS)

A NEGRALIZAÇÃO EM AMÉRICA NEGRA & OUTROS POEMAS AFRO-BRASILEIROS:


TECITURAS DE NOVAS NARRATIVA DAS AMÉRICAS 167
Laiana Emília de Queiroz Nepomuceno (UFPI)

MEMÓRIA ORAL: NARRATIVAS TESTEMUNHAIS POR UMA BENZEDEIRA 167


Renê Souza Andrade (UEFS)

TOTALITARISMO DROMOLÓGICO EM FAHRENHEIT 451 (1953): UMA AMEAÇA A


LEITURA LITERÁRIA COMO EXPERIÊNCIA NA MODERNIDADE TARDIA 168
Andressa Silva Sousa (UEMA)

DECOLONIALIDADE DE SABERES NA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-


RACIAIS: A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO DE PROFESSORES DO SISTEMA
ORGANIZACIONAL MODULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL-SOMEF, EM TOMÉ-
AÇU/PA. 169
Loana Farias Da Silva (UFRA)

INTERPRETAÇÕES DE JAIR BOLSONARO SOBRE "QUEM É O ÍNDIO" 169


Gessica Pereira de Jesus Lima (UFOB)
Thiago Alves França (UESB)
página 21 de 315
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA AFEGÃ EM A CIDADE DO SOL, DE
KHALED HOSSEINI 170
Danielly Martins de Souza (UFRA)
Marcelo Spitzner (UFRA)

O DISCURSO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO CONTRAPALAVRA NA LEITURA E


CONSTRUÇÃO DO TEXTO JORNALÍSTICO EM TEMPOS DE NEGACIONISMOS 171
Diogo Gonçalves da Silva (UFMA)

PROPOSTA DE DESENHO DE EXPERIMENTO PARA O ESTUDO DA ATRIBUIÇÃO DE


PAPEIS SEMÂNTICOS POR FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO 171
Isaque do Nascimento Fernandes (UFMA)

ATITUDES SOCIOLINGUÍSTICAS DE LUDOVICENSES RELATIVAS AO USO DO


INDICATIVO E DO SUBJUNTIVO A PARTIR DE ENTREVISTAS ABERTAS 172
Wendel Santos (UFMA)
A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM COMO FORMA DE INTERAÇÃO: SOB A PERSPECTIVA 173
DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA
Jéssica Tayrllinny Pereira dos Santos (UEMA)

O CORPO MESTIÇO NA LITERATURA CABO-VERDIANA DO GRUPO CLARIDADE 174


Igor Santos Carneiro (UEMA)

NEOLOGISMOS NA LITERATURA FEMININA SUL-MATO-GROSSENSE


CONTEMPORÂNEA 174
Simone Lima Ferreira de Paula (UFMS)

DENOMINAÇÃO PARA O HOMOSSEXUAL MASCULINO NO MARANHÃO: UMA


DISCUSSÃO SOBRE A IMAGEM MASCULINA NA SOCIEDADE A PARTIR DO LÉXICO 175
João Victor Carvalho Brasil (UFMA)

SEMÂNTICA NOSSA DE CADA DIA: ESTUDO TEÓRICO-PRÁTICO DE EXPRESSÕES


IDIOMÁTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL 176
Matheus Carvalho Lima (UEMASUL)
Sônia Maria Nogueira (UEMASUL)

LEITURA: RESPONSABILIDADE DE TODAS AS DISCIPLINAS 176


Geisa Aparecida Dariva Pinheiro (SEED - PARANÁ)

página 22 de 315
"HUMANOS SÃO MAIS COMPLICADOS DO QUE DIZIAM OS PANFLETOS": O
CONCEITO DE INTERCULTURALIDADE RETRATADO NA ANIMAÇÃO HOME DA
DREAMWORKS (2015) 177
Esther Pereira Araujo (UESPI)

AS REPRESENTAÇÕES DOS CORPOS FEMININOS EM A SOMBRA DO PATRIARCA, DE


ALINA PAIM 178
José Domingos de Jesus Santos (UFS)

"I LIKE GIRLS BUT NOW I LIKE A BOY????": OS DILEMAS QUEER VIVENCIADOS POR
NICK NELSON NAS PÁGINAS DE HEARTSTOPPER EM RELAÇÃO À CONSTRUÇÃO DE
SUA SEXUALIDADE 179
Vitor Hugo Sousa Oliveira (UESPI)

AS CONTRADIÇÕES DO ESPAÇO CIDADE X FAVELA EM QUARTO DE DESPEJO-


DIÁRIO DE UMA FAVELADA, DE CAROLINA MARIA DE JESUS 179
Pedro Henrique De Oliveira Arraz

EU QUERO APRENDER A ESCREVER TEXTOS OFICIAIS 180


Vanessa Ferro Assunção (UEMA)

ENTRE O FINITO E O INFINITO: PERCEPÇÕES DA MORTE EM 'A VIAGEM' DE VIRGINIA


WOOLF 181
Natália Leitão Barros da Silva (UFMA)
Gabriel de Jesus dos Anjos Costa (UFMA)

A INFLUÊNCIA DO ESTILO PARENTAL PERMISSIVO-INDULGENTE NA CONSTRUÇÃO


DO PERSONAGEM BRÁS CUBAS NA OBRA MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS 182
Daniella Furtado Moraes (UFMA),
Natália Leitão Barros da Silva (UFMA)

O CONCEITO FOUCAULTIANO DE DELINQUÊNCIA PERCEBIDO NA MÚSICA


"FAROESTE CABOCLO", DE RENATO RUSSO 182
Davi de Lira Santana (UFMA)

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO FÁBULA: PRODUÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO


FUNDAMENTAL 183
Jennifer Patícia De Araújo (SEDUC/AL),
Flávia Leônia Ferreira Da Rocha (SEDUC/AL)

página 23 de 315
TRABALHANDO A REESCRITA DE TEXTOS DOS ALUNOS DA EJA: UMA REFLEXÃO
SOBRE OS ELEMENTOS ARTICULADORES NO TEXTO 184
Flávia Leônia Ferreira da Rocha (SEDUC - AL)
Jennifer Patrícia de Araújo (SEDUC - AL)

AS ÁGUAS E AS QUESTÕES SOCIAIS NA POESIA DO SUL E SUDESTE DO PARÁ 184


Iêda Mano Fernandes (UNIFESSPA)

ETERNO FEMININO MALDITO: SEXUALIDADE E TRANSGRESSÃO EM HISTÓRIA DE


GENTE ALEGRE, DE JOÃO DO RIO 185
Sabrina Ferraz Fraccari (UFSM)

OS NÍVEIS NARRATIVOS DO TEXTO À TELA EM ALEXANDRE E OUTROS HERÓIS 185


Wanderson de Freitas dos Santos (SEMED/AÇAILÂNDIA - MA)

CONTOS QUE RECONTAM A NAÇÃO: A MEMÓRIA COMO RECURSO À IDENTIDADE


NA PRODUÇÃO CONTÍSTICA DE OLINDA BEJA 186
Mithiele da Silva Scarton (E. M. de E. F. Prof. Francisca Lencina),
Daniel Conte (UFRGS)

LÁGRIMAS QUE SÃO OS FIOS PARA OS TEARES DA ALMA: GÊNERO E RAÇA NAS
REFLEXÕES DA OBRA INSUBMISSAS LÁGRIMAS DE MULHERES (2020) DE CONCEIÇÃO
EVARISTO 187
Amanda da Conceição Santiago (UFCAT)
Lucas Silvério Martins (UFCAT)

SOMOS TODOS AUTORES, MAS UNS SÃO MAIS DO QUE OUTROS: AUTORIA E
STATUS NA ERA DA INTERNET 187
Sergio Marcone da Silva Santos (UFPR)

LITERATURA NO PALCO: UMA PRÁTICA DIALÓGICA EM SALA DE AULA NA CIDADE


DE PARINTINS-AM 188
Dilce Pio Nascimento (CESP/UEA)

O DUPLO EM LA NINÃ QUE PERDÍ EN EL CIRCO DE RAQUEL SAGUIER 189


Flayra de Oliveira (UFFS)
Ana Carolina Teixeira Pinto (UFFS)

POR ENTRE ASSASSINOS E SUICIDAS - RELAÇÕES DE PODER NA OBRA DE F.


DOSTOIÉVSKI 189
Raphael Bessa Ferreira(UEPA)

página 24 de 315
A REPRESENTAÇÃO FEMININA: AS NARRATIVAS DAS PERSONAGENS BIBIANA E
BELONÍSIA NO ROMANCE TORTO ARADO, DE ITAMAR RANGEL VIEIRA JUNIOR
(2019) 190
Camila Gonçalves da Costa (UFMS)

A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO EM MIRIAM ALVES E HELENA ALMEIDA 191


Scheila Cristina Alves Costa Leite (UFMA)

VARIAÇÃO TERMINOLÓGICA DA COVID 19 191


Daniel de Sousa Ribeiro (UFMA)

DISCURSO E RESISTÊNCIA: UMA ANÁLISE LITERÁRIA DA CANÇÃO LIONS DE SKIP


MARLEY PELAS LENTES DA CORRENTE PÓS-COLONIAL 192
Michel Marques Correia (UESPI)

O ALEGRE CANTO DA PERDIZ: UMA TRISTE HISTÓRIA SOBRE A COLONIZAÇÃO 193


Laura Henriques de Almeida Demarque (UFF)

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA COMO RECURSO EXPRESSIVO: A ANÁLISE DE UM POEMA


DE PATATIVA DO ASSARÉ 193
Tallyson Tamberg Cavalcante Oliveira da Silva (UFRJ)

ENTRE A CRUZ E O ATABAQUE, MEMÓRIAS CULTURAIS INTERCRUZADAS:


CONFLITOS, TENSÕES E DESLOCAMENTOS NA SÃO LUÍS DE JOSUÉ MONTELLO 194
Welida Maria Gouveia Silva (UFMA)
Francinaldo Pereira da Silva (UEMA)

"A CARNE MAIS BARATA DO MERCADO É A PELE NEGRA": CONSTRUÇÃO,


REPRESENTATIVIDADE E IMOBILIZAÇÃO DO CORPO FEMININO EM ÁGUA DE
BARRELA, DE ELIANA ALVES CRUZ 194
Francisca Joziane de Matos Silva (UFMA)

POESIA E IMPRENSA: UMA ANÁLISE DOS POEMAS "PALAVRAS ERRANTES DAS


MULHERES POETAS, DE MARILZA RIBEIRO E "PROTESTO PARA TEREZA, DE
WLADEMIR DIAS PINO 195
Simoni Rodrigues dos Santos (UNEMAT)

A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE LÉSBICA NO ROMANCE CONTROLE, DE


NATÁLIA BORGES POLESSO 195
Carolina Montebelo Barcelos (PUC-Rio)

página 25 de 315
A VARIAÇÃO E O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO LIVRO DIDÁTICO: UMA
INVESTIGAÇÃO SOBRE O ENSINO DOS PRONOMES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO 196
Wendy Naelly Freitas Santana da Silva (UFMA),
Gabriela da Silva Lima (UFMA)

A LITERATURA COMO MEIO DE RESISTÊNCIA CONTRA O CERCEAMENTO E A


PERSEGUIÇÃO ÀS IDENTIDADES TRANS: UMA ANÁLISE DA NARRATIVA
AUTOBIOGRÁFICA ERRO DE PESSOA: JOANA OU JOÃO (1984), DE JOÃO W. NERY 197
Laura Valerio Sena (UFSM)

"MONA, MAPÔ E OCÓ": A PRODUTIVIDADE LEXICAL DAS FORMAS DE TRATAMENTO


DO BAJUBÁ MARANHENSE 198
Wanderson Nascimento Moraes (USP)
Mariângela de Araújo (USP)

REGIONALISMOS NO MUNICIPIO DE CORONEL JOSÉ DIAS (PI) 199


Ana Leticia de Lima Santana (UFPI)

SABERES TRADICIONAIS: MEMÓRIA CULTURAL DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO


QUILOMBO DE UMARIZAL 200
Hillery Christie dos Santos de Brito (UNIFESSPA)

BIOBIBLIOGRAFIA E REXISTÊNCIA EM VIRGÍNIA WOOLF E ADRIANA LUNARDI: A


MORTE EM PERSPECTIVA VESPERAL 200
Sara Gonçalves Rabelo (IF-Goiano)

ESTEREÓTIPO E OPRESSÃO: DESAFIOS ENFRENTADOS PELA PERSONAGEM


MATILDE NO ROMANCE LEITE DERRAMADO 201
Dhianifer Feitosa de Araújo (UNIFESSPA)

PERCEPÇÕES SENSÍVEIS DIANTE DA FINITUDE EM UMA DUAS, DE ELIANE BRUM 202


Neila da Silva de Souza (UnB)

UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS PERSONAGENS: VENÂNCIO DE TUDO É RIO


E, O HOMEM DO SUBSOLO DE MEMÓRIAS DO SUBSOLO 202
Ana Cimália dos Santos Dias (UFMA)

LA MUJER COMO NOVELISTA, DE ALFONSINA STORNI: CONSIDERAÇÕES SOBRE A


LITERATURA DE AUTORIA FEMININA NA DÉCADA DE 1920 203
Cristiane de Mesquita Alves (UFPA)

página 26 de 315
DE FRANKENSTEIN A FRANK-N-FURTER: UMA VISÃO SOBRE PÓS-HUMANISMO E
IDENTIDADE QUEER 203
Ingrid Vanessa Souza Santos (UEPB)

UM OLHAR SOBRE O CAIS EM JOSUÉ MONTELLO: A RELAÇÃO ENTRE A OBRA CAIS


DA SAGRAÇÃO E O COMÉRCIO EM SÃO LUÍS NO SÉCULO XX 204
Mariana Silva Rodrigues (UFMA)

REESCRITURA DO CORPO EM LAVOURA ARCAICA, DE RADUAN NASSAR 205


Maria Luiza Navarro Martins (UEL)

METÁFORAS VISUAIS EM QUADRINHOS DE UMA VIDA COM TRANSTORNO BIPOLAR 205


Amanda Foro da Silva Mendes (UNIFESSPA)

ORGIA DOS LOUCOS, DE UNGULANI BA KA KHOSA: ENTRE HISTÓRIA E


RESSENTIMENTOS 206
Eliane Rosa de Góes (UNASP)

UM RECORTE NO UNIVERSO MUSICAL DE CHANTS POPULAIRES 207


Elizabeth Serra dos Santos (UFRJ)
PROPAGANDAS NA SALA DE AULA: UMA VISÃO DISCURSIVO-CRÍTICA E
MULTIMODAL 207
Elisa Sodré Teixeira (UEMA)

DO AMOR À AGRESSÃO: UMA ANÁLISE DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A


MULHER EM ARAMIDES FLORENÇA E LIA GABRIEL, DE CONCEIÇÃO EVARISTO 208
Amanda Rodrigues da Silva (UFMA)
Danielle Magalhães Sousa Moraes (UFMA)

PAISAGEM NATURAL E URBANIZAÇÃO: KYOTO E TÓQUIO NA OBRA "BELEZA E


TRISTEZA, DE YASUNARI KAWABATA 209
Ryan Gabriel dos Reis Vieira (UFAM)

PONDERAÇÕES ACERCA DA HIPERSEXUALIZAÇÃO DO HOMEM NEGRO NO CONTO


OS AMORES DE KIMBÁ DE CONCEIÇÃO EVARISTO 209
Jose Gierbson Lima e Oliveira (Ufma)

HELENA GONZAGA COMO REPRESENTATIVIDADE FEMININA NAS CANÇÕES DE


JOÃO DO VALE 210
Wanderson Fernando Moraes De Aguiar (FEMAF)
Jéssica Miranda (FEMAF)

página 27 de 315
AS MÚLTIPLAS FACES DE EROS NA POESIA DE REGINE LIMAVERDE E HILDA HILST 211
Antônio Marques Pereira Filho (UFMS )

NEOLOGISMOS FORMADOS POR DERIVAÇÃO SUFIXAL REFERENTES A GRUPOS


SOCIAIS: ESTUDO DAS PALAVRAS NOVAS E APLICAÇÕES NA SALA DE AULA 211
Vinícius Sáez de Oliveira Coelho (UFMG)

"O PAI DO SENHOR DO ENGENHO FOI QUEM O CHAMOU ASSIM: CACHORRO


VELHO, E NINGUÉM MAIS VOLTOU A LEMBRAR DO SEU VERDADEIRO NOME":
MEMÓRIA, IDENTIDADE, RESISTÊNCIA E DIÁLOGOS DECOLONIAIS EM PERRO VIEJO,
DE TERESA CÁRDENAS 212
Rayanne Soares da Paz (UFPE)
Imara Bemfica Mineiro (UFPE)

O PASSADO E O PRESENTE DO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR NAS CRÔNICAS


DE RECORDAÇÕES DE BECOS E VIELAS 213
João Elias da Cruz Neto (UEFS)

BILDUNGSROMAN E NACIONALISMO EM DOM SEGUNDO SOMBRA 213


Anderson Felix Dos Santos (UFPE)

PARA NÃO LER INGENUAMENTE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS: A RELAÇÃO


VERBO-VISUAL NA HQ DIOMEDES DE LOURENÇO MUTARELLI 214
Elisa Dayane Feitosa Souza (UFPI)

UMA PERSPECTIVA DE MULTILETRAMENTO A PARTIR DA OBRA "FOGO, GENTE!", DE


CRISTINO WAPICHANA: UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA PARA O 6º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL 214
Romília de Sá Feitosa (UEMASUL)
Leylla Gabryelle Carvalho de Moraes Guimarães (UEMASUL)

RESGATANDO A ANCESTRALIDADE POR MEIO DO TEATRO 215


Cristina Gomes de Brito (UFPI)

"A EXPRESSÃO DO ASPECTO NAS PERÍFRASES VERBAIS COM PARTICÍPIO NOS


TEXTOS JORNALÍSTICOS" 216
Tereza Cristina Mena Barreto De Azevedo (UEMA)
Ana Julia Pereira Barros Lima (UEMA)

página 28 de 315
VOZES FIOS: O PALAVRARMAIS, DE CECÍLIA VICUÑA 216
Lorena Luana Dias da Silva (FURG)

LEITURA E PRODUÇÃO DE ESTÓRIAS: UMA EXPERIÊNCIA COM GÊNERO NARRATIVA


A PARTIR DA IMPLEMENTAÇÃO DO CICLO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 217
Luciana Ferreira de Sousa Silva (UFT)

A MEMÓRIA PULSANTE DA GUERRA EM "MAUS: O RELATO DE UM SOBREVIVENTE" 218


Raquelle Barroso de Albuquerque (UFC)

PALAVRAS TAMBÉM PRECISAM SER AFIADAS - CORPOS ENTRE NARRATIVAS: A


LITERATURA INDÍGENA NO BRASIL COMO TERRITÓRIO DE RESISTÊNCIA 218
Érika de Freitas Arvelos (UFU)

TESTEMUNHO NOS CURRAIS DO BRASIL: O CINEMA COMO REGISTRO ESTÉTICO DE


MEMÓRIAS TRAUMÁTICAS 219
Augusto Sarmento-Pantoja (IFPA)
Anairan Jeronimo da Silva (UFPA)

A EXPRESSÃO DO ASPECTO NAS PERÍFRASES VERBAIS COM GERÚNDIO NOS


TEXTOS JORNALÍSTICOS 220
Jefferson Pinheiro (UEMA)
Tereza Cristina Mena Barreto de Azevedo (UEMA)

O ENTRE LUGAR DOS PERSONAGENS DOMINGAS E NAEL, NA OBRA DOIS IRMÃOS


DE MILTON HATOUM 221
Sâmulla Sousa Monteles do Carmo (UNIFESSPA)

IMAGENS DO CABELO NA POÉTICA DE CRISTIANE SOBRAL 221


Alice Silva Sousa (UFMA)

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO CAMPO LEXICAL: UM ESTUDO SOBRE OS SINAIS DOS


BUMBA BOI DO MARANHÃO 222
Ana Claudia Furtado Rocha (UFMS)
Raimunda Nonata Alves Cidreira (UFMA)

UMA CASA EM RUÍNAS: O MUNDO PRIVADO E SEUS DESLOCAMENTOS NA POESIA


DE MYRIAM FRAGA 222
Thais Rabelo de Souza (UFPE)

página 29 de 315
A IMPORTÂNCIA DA POESIA NA (TRANS)FORMAÇÃO DO (ESCRI)LEITOR 223
Caroline Silva da Luz (UERGS)

AMBIGUIDADE DE SEGMENTAÇÃO: CASOS EM QUE A CADEIA FALADA VIABILIZA


SEGMENTAÇÕES DE SENTIDOS ALTERNATIVOS 223
Suely Da Silva Lima Sá (UEMASUL)
Daniela Silva Ribeiro (UEMASUL)

"O ANJO PORNOGRÁFICO": REPRESENTAÇÕES DA IDENTIDADE GAY EM O MENINO


DO GOUVEIA (2017) 224
Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS SOBRE O FALANTE NATIVO DE INGLÊS: UM CHAMADO À


REFLEXÃO CRÍTICA ATRAVÉS DAS THUMBNAILS DO YOUTUBE 225
João Victor Pereira dos Santos (UESPI)
Renata Cristina da Cunha (UESPI)

"BRASIL UTÓPICO": JORNADAS DE JUNHO, PENSAMENTO REACIONÁRIO E


DOCUMENTO DE BARBÁRIE 225
Abilio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO: ENTRE O ASSOMBRO E O HUMOR


NO ÂMBITO DA NARRATIVA INFANTIL 226
Jackeline Pereira Mendes (UFCG)
Maria de Fátima Alves (UFCG)

ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA-METODOLÓGICA PARA O


LETRAMENTO CRÍTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA 226
Fabiane Lemes (UFU)
Rogério de Castro Ângelo (UFU)

DO POEMA À PINTURA: ABRINDO NOVOS CAMINHOS PARA A LITERATURA


POTIGUAR 227
Patrícia da Silva Martins (UFRN)
Marta Aparecida Garcia Gonçalves (UFRN)

AMBIGUIDADE DE SEGMENTAÇÃO: CASOS EM QUE A CADEIA FALADA VIABILIZA


SEGMENTAÇÕES DE SENTIDOS ALTERNATIVOS 228
Daniela Silva Ribeiro (UEMASUL)
Suely da Silva Lima Sá Maranhão (UEMASUL)

página 30 de 315
A VARIAÇÃO DIATÓPICA NAS DENOMINAÇÕES PARA A PESSOA QUE NÃO GOSTA
DE GASTAR SEU DINHEIRO NO ESTADO DO MARANHÃO 228
Vitória Ellen Castro Costa (UFMA)
Laura Rebeca Monteiro Carmo (UFMA)

"ELA NÃO É RAPARIGA, ELA É VENDEDORA DE AMOR": O REFLEXO DO


IMAGINÁRIO SOCIAL NAS DENOMINAÇÕES PARA PROSTITUTA NO ESTADO DO
MARANHÃO 229
Gabriel de Matos Pereira (UFMA)
Theciana Silva Silveira (UFMA)

ECOS DA MORTE NO DISCURSO RELIGIOSO EM LAVOURA ARCAICA, DE RADUAN


NASSAR 230
Juliana da Silva Bello (UEL)

VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SUBALTERNIDADE FEMININA INDÍGENA NA OBRA DOIS


IRMÃOS, DE MILTON HATOUM 230
Joelma Lobo de Lira (Receita Federal)

JADINE CHILDS: MULHER NEGRA INTERSECCIONAL 231


Glacilda Nunes Cordeiro Santos (UFPI)

HOMENS PRETOS QUE SE AMAM: O HOMOAFROEROTISMO NA POESIA DE FELIPE


JORDAN 231
Igor Marangon (UNEMAT)

MORTE EM DESCONSTRUÇÃO: UMA LEITURA DERRIDIANA DO CONTO OUM ZAHAR


DE ISABELLE EBERHARDT 232
Paola Karyne Azevedo Jochimsen (Universidade de Coimbra)

INCIDÊNCIAS DA COLONIALIDADE/DECOLONIALIDADE NO ROMANCE COMPASSO


BINÁRIO DE ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ 233
Deyse Gabriely Machado Brito (UFMA)

MEMÓRIA E HISTÓRIA: CRUZAMENTO EM K.- RELATO DE UMA BUSCA E OS


VISITANTES, DE BERNARDO KUCINSKI 233
Denise Bonfim Oliveira (UFPI)

OS DESAFIOS NA PRÁTICA DE DOCENTE LGBTQIAPN+: UMA ABORDAGEM


DISCURSIVO-CRÍTICA 234
Welistony Câmara Lima (UEMA)

página 31 de 315
MACHADO DE ASSIS EM SALA DE AULA: UMA PRÁTICA DE LEITURA E LETRAMENTO
LITERÁRIO NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO 235
Diana Sousa Silva Correa (IFMA)

A FORÇA ARGUMENTATIVA DO DIZER NO GÊNERO TEXTUAL "PALESTRA" 235


Paloma Sabata Lopes da Silva (UFPR)

O GÊNERO NOTÍCIA ONLINE: MULTISSEMIOSE E HIPERTEXTUALIDADE NA LEITURA


DIGITAL 236
Flavisanaldo Pereira da Slva (UFMA)

VOZES E IMAGENS DE SEVERAS (R)EXISTÊNCIAS 237


Anairan Jeronimo da Silva (IFPA)

ESTUDOS SOBRE O LÉXICO DE ORIGEM INDÍGENA EM COMUNIDADES DO


SEMIÁRIDO BAIANO 237
Saádia Ramos Ferreira (UEFS)

O GÊNERO LITERÁRIO EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE PROJETO 238


Djario Dias De Araújo (UFPE)

GÊNERO TEXTUAL E LETRAMENTO LITERÁRIO: PRÁTICAS DE INTERAÇÃO


LINGUÍSTICA 239
Marco Aurélio Godinho Rodrigues (UFMA)

MEMES E A INTERTEXTUALIDADE NA ERA DA INTERNET: UMA ABORDAGEM


SEMIÓTICA E INTERDISCIPLINAR 239
Sidinei Dias dos Santos (UNIFESSPA)
Gilmar Correia Gomes (UNIFESSPA)

AULA DE MÚSICA, DE PATRÍCIA LINO COMO RECRIAÇÃO METAFÓRICA DA PÓS-


AUTONOMIA DA LITERATURA 240
Karina Frez Cursino (UFF),
Adriano Guedes Carneiro (UFF)

A INTERMIDIALIDADE NA HISTÓRIA DE NOTRE-DAME: UM ESTUDO DA RELAÇÃO DO


MONUMENTO E DA OBRA DE VICTOR HUGO 241
Bruna Alves de Oliveira Ambrosio (UNIFESP)

DISCURSO DE RESISTÊNCIA EM TENDA DOS MILAGRES: A LUTA DE MINORIAS NA


ESCRITA DE JORGE AMADO 241
Rita de Cássia Melo Escórcio (UESPI)
Carmelinda Carla Carvalho e Silva (UESPI)
página 32 de 315
MULHER DE FRENTE: UM MODO DE FALAR DO SER MULHER. 242
Priscila Fernandes Gomes Araújo Lopes (UFMA)

"COMENDO E BEBENDO Á TRIPA FORRA": UMA LEITURA DISTANTE DA COMIDA E


DA BEBIDA NA LITERATURA MARANHENSE 242
Eduardo Ferreira da Silva (UEMA)

GÊNEROS DIGITAIS: MULTILETRAMENTOS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA 243


Mariane Gomes Garcez (UFMA)
Eliane Pereira dos Santos (UFMA)

LITERATURA, HISTÓRIA E TRADIÇÕES EM A PEDRA DO REINO, DE ARIANO


SUASSUNA 244
Carmelinda Carla Carvalho e Silva (UESPI)

UMA PROPOSTA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA POR MEIO DO GÊNERO


PROPAGANDA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA
ARGUMENTATIVA E DO LETRAMENTO CRÍTICO 244
Gláucia Kely Moreira Franco (UFU)

A SOCIEDADE NAS OBRAS METRÓPOLIS DE FRTIZ LANG ADAPTADO DO LIVRO DE


THEA VON HARBOU PELO VIÉS INTERMIDIÁTICO E GUMBRECHTIANO 245
Eduardo Bacarin Costa (UEL)
Marcio Luiz Carvalho (UEL)

O IMAGINÁRIO DO PROFESSOR NA ORGANIZAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO DE


LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO REMOTO 246
Eliane Pereira dos Santos (UFMA)
Maria Francisca da Silva (UFMA)

DESAFIOS À ORDEM SOCIAL: LESBIANIDADE E ADULTÉRIO EM AMORES, MARIAS E


MARÉS, DE CHICO FONSECA 246
Saulo da Silva Lucena (UFMA)

"POR QUE TODO FILME SOBRE O SERTÃO TEM QUE TER SOFRIMENTO?" : A
CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DO JOVEM A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA FILMICA
NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA MATERNA E LITERATURA
BRASILEIRA NO SERTÃO DO SERIDÓ 247
Hugo Carvalho Villa Maior (UFF/IFRN)

página 33 de 315
AS CONTRIBUIÇÕES GÊNEROS TEXTUAIS PARA O ENSINO DE TRADUÇÕES
PORTUGUÊS- ESPANHOL NA ESFERA ACADÊMICA 247
Viviane Cristina Poletto Lugli (UEM)
Daiane Karla Correia Jodar (UNESPAR)

O FUNCIONAMENTO DINÂMICO DA UNIDADE LINGUÍSTICA NOVO: UM ESTUDO DA


SIGNIFICAÇÃO SOB O PONTO DE VISTA DOS PROCESSOS ENUNCIATIVOS 248
Isael da Silva Sousa (UNEMAT)
Albano Dalla Pria (UNEMAT)

UMA LEITURA INTERARTÍSTICA DO FOLHETO DE CORDEL "O DIABO CONFESSANDO


UM NOVA-SEITA", DE LEANDRO GOMES DE BARROS 249
Bruna Costa Pinto (UFMA)

FIGURAÇÕES DA MULHER INDÍGENA EM A MULHER HABITADA, DE GIOCONDA


BELLI: UM ESTUDO SOB A PERSPECTIVA PÓS-COLONIAL 249
Eveline Gonçalves Dias (UFMA)

ANÁLISE DO DISCURSO MIDIÁTICO - NOTÍCIAS DE JORNAIS PARAENSES - E SUAS


INFLUÊNCIAS NA FORMAÇÃO DISCURSIVAS DOS SUJEITOS SOBRE OS GAVIÕES DO
PARÁ NO PERÍODO DE 1980 A 1990 250
Caroline Leite Araújo (UNIFESSPA),
Paulo da Silva Lima (UFMA)

A ESTÉTICA DA (RE)EXISTÊNCIA FEMININA NO LAGER: UMA LEITURA DE LILITH, DE


PRIMO LEVI 251
Edson Sousa Soares Soares (UFU)

SALA DE AULA INVERTIDA: UM RELATO DE SEU USO NO ENSINO DE LITERATURA 251


Juliana Madna Amorim Mendes
Maria Helena Nascimento Conceição (COLÉGIO JESUS MARIA JOSÉ)

RESISTÊNCIA E POLÍTICA NA PROSA FICCIONAL DE SAMIR MACHADO DE MACHADO 252


Mykaelle de Sousa Ferreira (UERJ)

A ESTÉTICA INTERSECCIONAL EM 'LUA NOVA DEMAIS' 252


Isabella Zaiden Zara Fagundes (UFU)

NOTAS SOBRE O IMPRESSIONISMO LITERÁRIO A PARTIR DE UM CONTO DE


ADELINO MAGALHÃES 253
Franco Baptista Sandanello (AFA)

página 34 de 315
IDENTIDADE E CULTURA EM POEMAS DE LÍNGUA INGLESA: REPRESENTAÇÕES DO
SUJEITO HÍBRIDO EM SHIRE, DIAZ E KAUR 253
Sharmilla O'hana Rodrigues da Silva (UESPI/ UFPI)

A CONTEMPORANEIDADE AO RÉS DO CHÃO: UMA LEITURA DE CRÔNICAS DE LUIZ


RUFFATO 254
Gislei Martins De Souza Oliveira (IFMT)

DJUENA TIKUNA E MÁRCIA WAYNA KAMBEBA: DUAS VOZES DE MULHERES NO


CIBERESPAÇO 255
Erika Rodrigues Jerônimo (UNITINS)

O DIÁLOGO ENTRE TEXTOS: A CONCEPÇÃO DE INTERTEXTUALIDADE E SEUS


REFLEXOS NA TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIA (1917-1979) 255
Gabriela Cristina Borborema Bozzo (UNESP)

CONSTRUTORES DE ESPAÇOS MENTAIS DE BASE VERBAL NA GRAMÁTICA DO


PORTUGUÊS 256
Gisele Cássia de Sousa (UNESP)

WHAT WAS I MADE FOR?: RELAÇÕES DE GÊNERO, DIREITOS REPRODUTIVOS E


PROPRIEDADE PRIVADA, A PARTIR DE UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DE BARBIE (2023),
DE GRETA GERWIG 257
Carla Bastos (UFMA)
Yasmine Louro (UFT)

ÚRSULA: UM OLHAR SOBRE OS SUJEITOS ESCRAVIZADOS 257


Laine Barros Fortes (UFMA)

O TEXTO LITERÁRIO E SUAS PERSPECTIVAS: DE COLONIZAR PARA DECOLONIZAR 258


Dúlcima Sangalli (UCS)

UMA REVISÃO DE ÚRSULA(1859), DE MARIA FIRMINA DOS REIS, PELA CRÍTICA


LITERÁRIA NEGRA 259
Morgana da Silva Albuquerque (UERJ)

A (DES)LEGITIMAÇÃO DO RACISMO ESTRUTURAL CONTRA ESTUDANTES DE


MEDICINA NO BRASIL VIA ENEM: O QUE DESVELAM AS MÍDIAS SOCIAIS? 259
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
Maria de Jesus da Cunha do Nascimento (UESPI)

página 35 de 315
EI, VOCÊ! ANUNCIE AQUI: UMA PRÁTICA ESCOLAR SOBRE PROTAGONISMO E
EMPREENDEDORISMO NA EJA 260
Kilma Cristeane Ferreira Guedes ((PPGL/UFPB)

A (DES)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO(A) PROFESSOR(A) NO MOVIMENTO ESCOLA


SEM PARTIDO SOB AS LENTES DA ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA 261
Grasyela da Silva Brito (UESPI)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)

OS MEANDROS DO BELO E DO FEIO: A ESTÉTICA DO CORPO NA OBRA NOJO, DE


DIVANIZE CARBONIERI 262
Walason Silva Carneiro (UNEMAT)

A MEMÓRIA DISCURSIVA NAS NARRATIVAS MUSICAIS: DOS ESPAÇOS DOS JOVENS


DA PERIFERIA AO FUNK DA OSTENTAÇÃO 262
Franciele Lucia Libardi (UNIOESTE)
Rosely Sobral Gimenez Polvani (UNIOESTE)

AS NUANCES DO HORROR NOS K-DRAMAS: O MEDO, O MONSTRO E O ABJETO EM


CELEBRITY DA NETFLIX (2023) 263
Jose Antonio Moraes Costa (SEMED | UNDB)

A POESIA VISUAL DE DIEGO MENEZES DOURADO: UMA PROPOSTA DE


RETEXTUALIZAÇÃO 264
Renata da Silva de Barcelos (UNICARIOCA)

ORALITURA E ESCREVIVÊNCIA NA PERFORMANCE DE MULHERES NEGRAS NO


POETRY SLAM BRASILEIRO 264
Gisett Lara (UFRJ)

A RACIALIZAÇÃO DE ALGUMAS FRONTEIRAS: HISTÓRIA, IDENTIDADE E MEMÓRIA


EM A NOVA AURORA, DE ASTOLFO MARQUES, E VENCIDOS E DEGENERADOS, DE
NASCIMENTO MORAES 265
Larissa Emanuele da Silva Rodrigues de Oliveira (UFMA)
Alexandra Araujo Monteiro (UFMA)

O HUMOR NAS TIRINHAS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA EM UM LIVRO DIDÁTICO DE


LÍNGUA PORTUGUESA 265
Rizia Amanda Pereira Ramos (UESPI

GÊNEROS LITERÁRIOS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 266


Angela Rita Christofolo de Mello (UNEMAT)
Albina Pereira de Pinho (UNEMAT)
página 36 de 315
O EXÍLIO REPUBLICANO ESPANHOL E O APOGEU DO MERCADO EDITORIAL
ARGENTINO: A FUNDAÇÃO DAS EDITORAS LOSADA, SUDAMERICANA E EMECÉ 267
Dayse Helena Viana de Albuquerque Gouveia (UFPB)

AS LINHAS (NÃO) INVISIVEIS DA HISTÓRIA EM O TEMPO ENTRE COSTURAS (2012),


DE MARIA DUEÑAS 268
Flamilla Pinheiro Costa (UFMA)

ESTUDO DE CASO: A RELAÇÃO DO AUTOR COM A PALAVRA DO OUTRO 268


Nora Monteiro Pinto De Almeida (UFPA)

BREVE ESTUDO COMPARATIVO ENTRE GRACILIANO RAMOS E ALDEMIR MARTINS 269


Fábio José Santos de Oliveira (UFS/ UFMA-PPGLB)

RADUAN NASSAR E FRIEDRICH NIETZSCHE EM TORNO DA PERGUNTA: PARA QUE


SERVE UM CORPO? 270
Jivago Araújo Holanda Ribeiro Gonçalves (UFPI)

O MITO DO VAMPIRO E QUEERCODING EM CARMILLA DE SHERIDAN LE FANU 270


Pâmela Sampaio Teixeira (UFS)

SUBALTERNIZAR PARA SOBREVIVER? A PERSONAGEM DANA COMO


REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA ESCRAVIZADA NO ROMANCE "KINDRED", DE
OCTAVIA BUTLER 271
Gisele Sousa Santos (UFC)

TOPONÍMIA: NOMES DE ESCOLAS DA CIDADE DE AÇAILÂNDIA-MA 271


Wanessa de Sousa Santos (UEMASUL)
Nayane da Silva Pereira (UEMASUL)

A VARIAÇÃO DENOMINATIVA NA TERMINOLOGIA DA COVID-19 NA IMPRESSA DO


BRASIL E DE PORTUGAL: UM ESTUDO CONTRASTIVO 272
Airton Gonçalves Leite (UFMA)

A DISCURSIVIZAÇÃO DA IMAGEM DA CRIANÇA NO LIVRO DIDÁTICO EM


DIFERENTES ÉPOCAS 273
Érica Cristina Frazão De Moura (UFMA)

página 37 de 315
"ERA ESSE HOMEM QUE ME VIOLENTAVA, QUE MACHUCAVA MEU CORPO": A
METAFORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM ARAMIDES FLORENÇA, DE
CONCEIÇÃO EVARISTO 274
Mary Cristina Rodrigues Diniz (UFMA)
Rita de Cássia Oluveira (UFMA)

TRAÇOS DO SURREALISMO NO FILME DE ANIMAÇÃO PLANETA FANTÁSTICO, DE


RENÈ LALOUX 274
Marcio Luiz Carvalho (UEL)

ESTUDO SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA EM CASOS DE


FEMINICÍDIO: UMA ANÁLISE DE GÊNERO 275
Joanice Soares de Sousa (UNIFESSPA)

O REALISMO-NATURALISMO QUEIROSIANO POR ÁLVARO LINS 276


Marcos Antonio Rodrigues (UNESP)
Michelle Luengo Segantini (UNESP)

XUNUNU TAMU, NA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA: O TESTEMUNHO COMO


RELIGAMENTO DA HISTÓRIA À MEMÓRIA 276
Jucicleide Pereira Mendonça dos Santos (UFPA)

A CONSTRUÇÃO E A PERFORMANCE AUTOFICCIONAL: RELIGIÃO E


HOMOAFETIVIDADE NA OBRA PAI, PAI DE JOÃO SILVÉRIO 277
Caio Vinícius Costa Brito (UFMA)

GÊNERO E PODER: A VIOLÊNCIA SOBRE O CORPO FEMININO EM DALCÍDIO


JURANDIR 278
Maria do Socorro Paixão dos Santos (UFMA)

POESIA MARANHENSE CONTEMPORANEA: UM ESTUDO DO PROJETO "CLARÃO" 278


Dinah da Silva Campos (UFMA)

O SOFRIMENTO COMO ANIQUILADOR DO DESESPERO E OS REFLEXOS DE UMA


MORTE IMINENTE 279
Kathleen Barcelos Vieira Monteiro (UFRRJ)

A VIOLÊNCIA CONTRA O SER MULHER EM "O PESO DO PÁSSARO MORTO" DE ALINE


BEI 279
Danielle Stephany Soares Rocha (UEMA)
página 38 de 315
DO PASSADO PARA O PRESENTE: BIOGRAFIA E MEMÓRIA DE UMA ATIVISTA 280
Ana Letícia Prado de Campos (UFRGS)

TOPONÍMIA EM LIBRAS: ESTUDO DAS UNIDADES DE SAÚDE DE FEIRA DE


SANTANA- BA 280
Liliane Lemos Santana Barreiros (UEFS)
Midian Jesus de Souza Marins (UFRB/UEFS)

ELEMENTOS DO DISCURSO MIDIÁTICO NA CENOGRAFIA DE MEMES HUMORÍSTICOS 281


Anna Flora Brunelli (UNESP)

UMA LEITURA ECOCRÍTICA E ECOFEMINISTA DA OBRA A PARÁBOLA DO SEMEADOR


(1993), DE OCTAVIA BUTLER 282
Stephane Thayane dos Santos Serejo (UFMA)

AVALIAÇÕES SOCIOLINGUÍSTICAS DE BACABALENSES SOBRE A FRICATIVA


ALVEOLAR DESVOZEADA [ S ] EM CODA SILÁBICA 283
João Vitor Cunha Lopes (UFMA)

MEMÓRIA-DOR: ASPECTOS MEMORIALÍSTICOS DO NARRADOR EM O PAI DA


MENINA MORTA (2018), DE TIAGO FERRO 283
Renildo Rene de Oliveira Medeiros (UFRN)

O CÔMICO E O RISO DIANTE DA MORTE EM "O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO"


DE JOSÉ SARAMAGO 284
Rafael Iatzaki Rigoni (UFPR)

O NEGRO NA LITERATURA BRASILEIRA OITOCENTISTA: UM OLHAR SOBRE O


ROMANCE ÚRSULA DE MARIA FIRMINA DOS REIS 285
Elielton Sampaio (UFMA)
Raimundo Nonato Sodré da Conceição (UFMA)

SOBRE AS APORIAS DA MORTE E AS METÁFORAS DO CORPO: ANGELA CARTER E


UM PROJETO LITERÁRIO CONTRA HEGEMÔNICO 285
Gil Derlan Silva Almeida (UFPI),
Sebastião Alves Teixiera Lopes (UFPI)

AMOR À MORTE: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO CONTO "VENHA VER O PÔR DO


SOL" 286
Monica da Costa Cintra

AS MÁSCARAS DA COLONIZAÇÃO, EM YAKA, DE PEPETELA 286


Adriano Guedes Carneiro (UFF)
página 39 de 315
O ENSINO DE GRAMÁTICA EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM ESTUDO DE
CASO 287
Marcos Adilio Oliveira Moraes (UFMA)
Ana Lucia Rocha Silva (UFMA)

A ESCRITA E O OUTRO: AS DIVERSAS VOZES NO TEXTO ACADÊMICO 287


Daniel Pereira da Silva (UFMA)

AS ESTRATÉGIAS ESTÉTICAS DO HORROR NA CRIAÇÃO LITERÁRIA DE MARÍA


FERNANDA AMPUERO E MARIANA ENRÍQUEZ 288
Fábio Farias Botelho (UFS)

A LITERACIA NO LIVRO A CONQUISTA: LÍNGUA PORTUGUESA - ESTUDOS


PRELIMINARES 289
Ynnara Soares Reis (UFMA-PPGLB)
Heloísa Reis Curvelo (UFMA-PPGLB)

LITERATURA DE TESTEMUNHO PRODUZIDA NO PARÁ: A REVOLTA DOS CABANOS.


UMA ABORDAGEM NA LITERATURA DE CORDEL DE HELIANA BARRIGA 289
Isabel De Cassia Paes Almeida Pauxis (UNIFESSPA)

INSURGENTES RESISTÊNCIAS EM "O VELHO CURTUME DO BAIRRO", DE MÁRCIO


SOUZA 290
Júlio Lopes Cruz (UEMASUL),
Gilberto Freire de Santana (UEMASUL)

"A BELEZA QUE TE ATRAI É ESSA QUE NASCE DOS AVESSOS": UMA ANÁLISE DA
REPRESENTAÇÃO DA MULHER, SOB O VIÉS DA CRÍTICA FEMINISTA, NOS CONTOS
DO LIVRO TERESA DECIDE FALAR, DE LINDEVANIA MARTINS 291
Ana Karoline de Almeida Da Silva (UFMA)

EMP?DER [ (AR) ]: DISCURSIVIDADES DE ESTUDANTES DE UM CENTRO DE ENSINO


EM PERÍODO INTEGRAL MEDIANTE A METODOLOGIA FEMINISTA COMO
EMANCIPAÇÃO FEMININA 291
Gabriela Magalhães Sabino (UFG)

DA COR DA TERRA: SER INDÍGENA, SER MÚLTIPLO? 292


Thalissa Ferreira Rodrigues (UFMA)

ANTÍGONA: TIRANIA, HONRA E RESISTÊNCIA 293


Júlia Graziela da Silva dos Santos (UFMS)
página 40 de 315
HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO: UMA ANÁLISE DOS ADOLESCENTES
HOMOSSEXUAIS E A ESCOLA A PARTIR DA TEORIA QUEER 293
Ednardo Costa Montelo (UFMA)

A LITERATURA NO CURSO DE LETRAS LIBRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO


MARANHÃO 294
Naysa Christine Serra Silva (UFMA),
Thelma Helena Costa Chahini (UFMA)

IDENTIDADE E RESISTÊNCIA: O PROTAGONISMO INDÍGENA EM A TERRA É A MÃE


DO ÍNDIO (1989), DE ELIANE POTIGUARA 294
Ronald Eduardo Pereira Nascimento (UFMA)
Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

O LETRAMENTO LITERÁRIO NA UTILIZAÇÃO DA SEQUÊNCIA BÁSICA PARA O ENSINO


DE ALUNOS SURDOS 295
Renan Torres da Costa (UNIFESSPA)

ENSINO E EXTENSÃO: UMA PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO CULTURAL E CIDADÃ


DO DISCENTE DO ENSINO BÁSICO 295
Bárbara Poli Uliano Shinkawa (IFPR)

A MEMÓRIA COMO RETRATO DOS "ESQUECIDOS" EM PONCIÁ VICÊNCIO DE


CONCEIÇÃO EVARISTO 296
Emerson Silva Sousa (UFMA)

UMA BRUXA CONTEMPORÂNEA? NOVOS CAMINHOS PARA A RECONSTRUÇÃO DE


UMA IMAGEM BEM CONHECIDA 296
Camylle Crystina Pessoa Bezerra (UFMA)

AS RELAÇÕES DE PODER EM CORALINE: O PAPEL DA (OUTRA) MÃE NA NARRATIVA


E O ARQUÉTIPO DA MADRASTA VILÃ NO CONTO DE NEIL GAIMAN 297
Vivian Jordanna Carvalho de Melo Azevedo (UEMA

JUANITA LA LARGA: A ESTEREOTIPIA FEMININA NO REALISMO ESPANHOL. 297


Jennyfer Cristine Bouéres Evangelista (UFMA

A TERRA DOS MIL POVOS: DESCOLONIZANDO O DISCURSO DO "DESCOBRIMENTO"


E ESTEREÓTIPOS INDÍGENAS 298
Antonia Beatriz de Paula Viana (UFMA)
página 41 de 315
TOPÔNIMOS DO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS E SUA GAMIFICAÇÃO 298
Dayanne Karen Ferreira da Silva (UFMA)
Heloísa Reis Curvelo (UFMA)

O RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DO SER NEGRO NO BRASIL: UMA LEITURA


COMPARADA DE JOÃO EM O BEIJO NA PAREDE E HENRIQUE NA OBRA O AVESSO
DA PELE DE JEFERSON TENÓRIO 299
Havilla Cristina Costa da Silva (UFMA)

GRAÇA GRAÚNA E PAULO LEMINSKI: HAICAIS EM QUESTÃO 300


Gabriela Raizaro Tosi (PUC-SP)

O CARNAVAL LATINO-AMERICANO COMO FERRAMENTA DE ENSINO: UM RELATO


DE EXPERIÊNCIA DE TIROCÍNIO DOCENTE EM DISCIPLINAS DE ESPANHOL DO
CURSO DE LETRAS(ESPANHOL)/UFBA 301
Sueli Fontes De Araujo (UFBA)

FC DISTÓPICA CONTEMPORÂNEA NO CINEMA BRASILEIRO: ANÁLISE DO FILME


MEDIDA PROVISÓRIA (2022) 302
Jucélia de Oliveira Martins (UFG/UFCAT)

A LITERATURA ECOANDO VOZES: MEMÓRIA E TESTEMUNHO EM "UM RIO SEM FIM",


DE VERENILDE SANTOS PEREIRA 302
Neila Braga Monteiro (UEA)

DA MORTE À PERFORMANCE: O A(U)TOR CONTEMPORÂNEO 303


Ane Beatriz dos Santos Duailibe (UFPA)

VARIAÇÃO TERMINOLÓGICA DENOMINATIVA EM MONOGRAFIAS DO CURSO DE


LETRAS DA UFMA DE BACABAL 303
Erika Vanessa Melo Barroso (UFMA)

NARRAR O TRAUMA: MEMÓRIA, IDENTIDADE E LUTO EM AZUL CORVO, DE


ADRIANA LISBOA, E MAR AZUL, DE PALOMA VIDAL 304
Patricia Mariz da Cruz (UFF)

MARCAS DE POSSE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO À LUZ DA TEORIA ENUNCIATIVA


DE CULIOLI 305
Marli Ferreira de Carvalho Damasceno (UFPI)

página 42 de 315
A INFLUÊNCIA DO DIALETO CEARENSE NA LINGUAGEM DA POPULAÇÃO
RAPOSENSE 305
Gabriel Quirino Ferreira (SEDUC-MA)
Rakell Ainy Freitas Luz (SEMED- São Luís)

OPRESSÃO E EXPLORAÇÃO DO CORPO NEGRO EM A COSTA DOS MURMÚRIOS, DE


LÍDIA JORGE 306
Talia Cristiane Elias Brito (UERN)
Annie Tarsis Morais Figueiredo (UERN)

CONTRA OS MEMORICÍDIOS, OS TESTEMUNHOS DAS MULHERES AFRO-


BRASILEIRAS: CAROLINA MARIA DE JESUS E STELLA DO PATROCÍNIO EM DIÁLOGO 307
Gabrieli Almeida Da Silva Peron (UEM)
Fernanda de Andrade (UEM)

DA EDENIZAÇÃO À DEGENERAÇÃO: VISÕES DO HOMEM E DA NATUREZA


AMERICANA (SÉCULOS XV-XVIII) 307
Bruna Maria Freitas de Sousa (UFPE)

O FUNCIONAMENTO DO SILÊNCIO E DA CENSURA: SOB A CAMPANHA DA MARCA


DULOREN - EU ME AMO 308
Eliane Cristina Ormonde Leitão Mosquezi (Colégio Estadual Ferreira)

LETRAMENTO LITERÁRIO: UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE A PARTIR DO CONTO "A


MOÇA TECELÃ", DE MARINA COLASANTI 309
Francisco Honório de Abreu Neto (UECE)

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA NA OBRA MISSAL DE CRUZ E SOUSA. 309


José John Almeida Soares (UFMA)

DISCURSOS DISSIDENTES – ESCREVER COMO RESISTÊNCIA À DEPRECIAÇÃO DO


CORPO NEGRO 310
Ana Maria Urquiza de Oliveira (USP)

ANALISE DO DISCURSO QUANTO A NOÇÃO DE LIBERDADE EM PARECERES E


DECISÕES NA LINHA DA ESCOLA POSITIVISTA 311
Walber Neto Lopes Pinto (UFMA)
José Ribamar Moura (UFMA)

AS RELAÇÕES ENTRE O PODER E OPRESSÃO CONTRA O CORPO NEGRO: UMA


LEITURA DO CONTO MACHADIANO O CASO DA VARA 311
Mikael Gomes Dantas (PPGLB-UFMA)
página 43 de 315
MÍMESIS ESPECULATIVA E A RE-VELAÇÃO COMO ESTRUTURA FENOMENOLÓGICA
DA EXPERIÊNCIA FICCIONAL: PARA FUNDAMENTAÇÃO ONTOLÓGICA DA
FENOMENOLOGIA LITERÁRIA 312
Gabriel Loureiro Pereira da Mota Ramos (Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität
Bonn)

DA IMANÊNCIA AO IDEOLÓGICO: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE AS


TEORIAS LINGUÍSTICAS DE SAUSSURE, DE BENVENISTE E DO CÍRCULO DE BAKHTIN 313
Maria Eduarda dos Santos Silva (UFPE)

O SUICÍDO LITERÁRIO COMO LABORATÓRIO DE OBSERVAÇÃO SOCIAL:


CONSTRUINDO AS BASES TEÓRICAS DE ANÁLISE DA OBRA CROCODILO DE JAVIER
CONTRERAS 314
Mayara Aparecida Batista de Souza (UFMA)

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VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE LETRAS – CONIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
CENTRO DE CIÊNCIAS DE BACABAL – CCBa
16 A 18 DE AGOSTO DE 2023

APRESENTAÇÃO

Em 2023, o projeto do VI CONIL busca compreender as múltiplas relações de gênero e


suas implicações com o poder na língua e na literatura, sobretudo as estruturas e desafios que
as envolvem, além disso, nesta edição, que atravessa áreas do saber que pensam o gênero
como um conceito político importante para a afirmação do corpo do humano como um lugar
de disputas e de controle social. Pensando no contexto de pluralidade dos gêneros e nos
desafios impostos aos corpos que fogem à norma, a sexta edição do Congresso Internacional
de Letras traz como tema principal a tríade gênero, poder e linguagem, pensando-se, aqui, o
gênero não como um problema da sexualidade, mas como um problema político ou até
perigosamente ontológico (BUTLER, 2015).
Em época de grande complexidade social e embate, o conceito de gênero tem sido
fortemente explorado pelas ciências de um modo geral e, por vezes, inadequado, pela direita
política a qual diz haver uma "ideologia de gênero". Julgamos conveniente dissociar sexo de
gênero e assim pensar a última como "um conjunto de convicções pelas quais se considera
socialmente o que é masculino ou feminino" (GROSSI, 1998, p. 8). Também se ressalta que
gênero remete ao lugar ocupado pelo sujeito dentro de uma cultura, da relação binária -
homem ou mulher, porque gênero é construção social e, por conseguinte, cultural (SCOTT,
2011).
O Congresso, nesse sentido, busca apresentar um conjunto de produções acadêmicas e
culturais (conferências, apresentações de comunicação oral, atividades culturais, publicações
de anais e cadernos de resumos etc.) que estudem e deem destaque para o fenômeno da
visibilidade dos discursos acerca do tema em debate. Como um grande espaço de escuta e
partilha de saberes, o VI CONIL também conclama outros temas de pesquisas tanto na área de
linguística quanto na de literatura para que possam apresentar ideias, resultados de pesquisas,
discussões no grande campo das ciências humanas e sociais.

Os organizadores

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SOBRE O CONIL – CONGRESSO INTERNACIONAL DE LETRAS – UFMA

O VI Congresso Internacional de Letras é uma continuidade e extensão do I Colóquio


Internacional de Letras (I CIL) "Linguagem e Diversidade Cultural", realizado em junho de 2016, que
contou com a participação de mais de 500 pessoas, e do I Congresso Internacional de Letras (I CONIL
- 2017) "Língua Portuguesa e suas Literaturas no Mundo", que atraiu mais de 800 participantes.
Os Anais do I CONIL publicaram mais de 160 trabalhos apresentados no evento. Essa trajetória
contínua com o II Congresso Internacional de Letras (II CONIL - 2018) "Transdisciplinaridade, língua
portuguesa e literatura", que teve mais de 800 inscritos e aproximadamente 300 trabalhos
apresentados. O III CONIL (2019) “Línguas e Literatura em tempos de resistência” contam com a
participação de cerca de 700 pesquisadores e mais de 300 comunicadores.
No IV Congresso (2021) o tema foi "Línguas e Literatura, do códice ao hipertexto: a inter-relação
do sujeito e da tecnologia", evento totalmente on-line, devido a ocorrência da pandemia de COVID-19,
ainda assim, foram mais de 540 registros de trabalhos inscritos e 1200 participação de ouvintes. Em
2022, o V CONIL refletiu sobre "A Carnavalização na Língua e na Literatura: Diversidade, Variação e
Linguagem, manteve o formato on-line e o sucesso garantido.
Nesta edição, o VI Congresso Internacional de Letras (VI CONIL – 2023) visa discutir a relação
de Gênero, Poder e Linguagem. A motivação para a escolha dessas palavras-chave se deu pela
observação de que a linguagem efetua um fundamental papel arquitetônico no exercício do poder em
diferentes contextos e relações sociais, dentre elas, a de gênero. Ao tratar essa relação, estamos diante
da significativa dualidade que a linguagem possibilita: a de que ela pode ser ferramenta de dominação
e controle, ou arma de resistência e emancipação.
Pensar a relação intrínseca entre Gênero, Poder e Linguagem é debater uma temática ancestral,
que continua em uma sempre nova atualidade. No mundo em constante embate e discussão entre o
antes e o agora, o antigo e o hodierno, em que um sujeito é sempre, intrinsecamente, o do seu tempo,
sem, todavia, deixar sua desvinculação da experiência histórica, é extremante importante debater como
o controle do discurso reflete desigualdades sociais e estruturas de poder arraigadas. Por isso, o
subtítulo "velhas estruturas, novos desafios na língua e literatura", ressaltamos, nesse sentido, a
necessidade de examinar como estruturas antigas de poder se manifestam de maneiras renovadas no
campo da linguagem e da literatura.

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PROGRAMAÇÃO

16/08/2023

9h30 Solenidade de Abertura

10h
Conferência de abertura

Milton Hatoum – Escritor


Mediação: Prof. Dr. Ricardo Nonato Almeida

Local: Transmissão pelo Youtube


https://www.youtube.com/watch?v=coJjfGaQWjU
14h às 16h
Simpósios

Local: Salas google meet lista completa em:


www.conilufma.com.br
16h
Intervalo
16h30
Mesa redonda 01 – "Gênero, poder e literatura"

Profª Drª Rosane Maria Cardoso


Prof. Dr. Saturnino José Valladares López (UFAM)
Profª Algemira de Macedo Mendes (UESPI)

Mediação: Prof. Dr. Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

Local: Transmissão pelo Youtube


https://www.youtube.com/watch?v=QRUJzcsl8_8
19h
CONFERÊNCIAS

Prof. Dr. Daniel Conte (FEEVALE/UFRGS)


Prof. Dr. Gabriel Nascimento (UFSB)

Mediação: Prof. Dr. Wendel Santos (UFMA)


Local: Transmissão pelo Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=kdquHeiXEds

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17/08/2023

8h - 10h
Mesa redonda 02: "Gênero e Poder na Linguagem: as demandas da
atualidade"

Prof. Dr. Alexandre António Timbane (UNILAB)


Prof.ª Dr.ª Aparecida de Jesus Ferreira (UEPG)
Prof. Dr. Marcos Ramos (UNIVERSIDAD NACIONAL DE COLOMBIA)

Mediação: Prof. Dr. José Magno Vieira (UFMA)

Local: Transmissão pelo Youtube


https://www.youtube.com/watch?v=kz5IPQAw0dk

10h às 12h Simpósios


Local: Salas google meet lista completa em:
www.conilufma.com.br
14h às 16h
Simpósios
Local: Salas google meet lista completa em:
www.conilufma.com.br
16h

Intervalo

16h30 às 18h30
Mesa-redonda 03: "LITERATURA: Linguagem e Resistência"

Prof. Dr. Sávio Roberto Fonseca de Freitas (UFPB)


Prof.ª. Dr.ª Érica Fernandes Alves (UEM)
Prof.ª Dr.ª Cintia Kutter (UFRA)

Mediação: Prof.ª Dr.ª Luziane de Sousa Feitosa (UFMA)


Local: Transmissão pelo Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=xMa1m_MEgQY

19h Conferências
"Processos criativos na "letra": poder e linguagem nas obras de arte"

Prof. Dr. Roberto Medina (UnB-DF)


Prof. Dr. Luiz Fernando Medeiros (UFF-RJ)
Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Maesso (UnB-DF)

Mediação: Prof.ª Dr.ª Mariana Aparecida Ribeiro


Local: Transmissão pelo Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=L-W0Bq_mNCU

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18/08/2023

8h às 10h
Mesa-redonda 04: "Diversidade, Língua e Discurso"

Prof. Dr. Raquel Meister Ko Freitag (UFS)


Prof. Dr. Eduardo de Assis Duarte (UFMG)

Mediação: Prof. Dr. Luís Henrique Serra

Local: Transmissão pelo Youtube


https://www.youtube.com/watch?v=FHXTHKuvV_Y
10h30
Conferência de Encerramento

Alexander Ortega (IUT de Paris – Rives de Seine – Université Paris Cité)

“A noite dos homens-espelho: uma crônica do corpo masculino”

Mediação: Prof. Dr. Paulo da Silva Lima


14h às 18h
Simpósios

Salas do Google meet


Local: Salas google meet lista completa em:
www.conilufma.com.br

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FUSÃO DISCURSIVA: UMA PROPOSTA DE COMO PERCEBER AS RELAÇÕES DISCURSIVAS

Antonio Carlos Soares (UFPA)

Resumo: O presente trabalho alinha-se à análise francesa do discurso e se propõe a


problematizar a noção de relação entre discursos de campos distintos, na medida em que
propõe um novo olhar para o mesmo fenômeno das relações discursivas. Ele é fruto do
desenvolvimento de uma tese de doutorado em estudos linguísticos na Universidade Federal
do Pará que tem como título: Fusão discursivo-espetacular: o político, o religioso e o midiático
na campanha de Jair Bolsonaro ao cargo de Presidente da República do Brasil, em 2018. No
período inicial de observação, percebeu-se em circulação discursos oriundos de três campos,
o que poderia ser atribuído ao fato de que há uma constante relação entre os discursos
conforme teorizam Bakhtin (2003) e Maingueneau (2008). Nessa perspectiva da relação,
alguns caminhos de análise foram sendo descartados ao longo da pesquisa. O primeiro deles
refere-se à justaposição dos discursos como se estivessem lado a lado na cena de enunciação.
Não é esse o tipo de relação para a qual os dados recolhidos dos programas veiculados na
propaganda eleitoral apontam. Um segundo modo de interpretar os dados é de uma relação
em que um campo “utiliza-se” do outro seja por meio de simbologia, citação, paráfrase etc.
Embora seja bastante comum analisar um conjunto de dados sob essa perspectiva, também
ela não se mostrou nem fecunda nem coerente diante da realidade apontada pela materialidade
encontrada. O que mais se aproximou do modo como se interpreta a relação entre os discursos
nos dados do corpus foi o que Maingueneau (2015) denominou de “encaixamento de cenas
englobantes” que diz respeito à possibilidade de conceber uma mesma cena englobante ora
como midiática, por exemplo, ora como radiofônica. Definitivamente, embora possa apontar
para algumas áreas de intersecção dos campos, também essa última forma, não é suficiente
para uma interpretação coerente do fenômeno ora estudado. Diante disso, refletiu-se
seriamente sobre a natureza da relação entre os discursos que circularam na prática discursiva
implicada na campanha de Jair Messias Bolsonaro, em 2018. Esse processo reflexivo levou a
assumir que, para muito além da relação de justaposição ou de encaixamento de cenas
englobantes, a fusão entre os discursos político, religioso e midiático é o que melhor define a
natureza dessa relação. Essa definição de interpretar o fenômeno estudado a partir do prisma
da fusão serviu, ao mesmo tempo, como suporte teórico e metodológico. Ao interpretar que
na campanha em tela ocorreu uma fusão discursiva, isso significa que o fenômeno da fusão se
deu na própria cena de enunciação que o legitima e é legitimada por ele. Assim, na cena
enunciativa se percebe uma prática discursiva cujas especificidades apontam para uma unidade
fundida de discursos em que os sentidos dos seus enunciados são negociados a partir dessa
perspectiva. Ou seja, a fusão faz com que os enunciados se tornem uma unidade indivisível.

Palavras-chave: Análise do discurso. Relação discursiva. Fusão.

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DOM CASMURRO, UMAS DAS OBRAS MAIS INTRIGANTES DA LITERATURA BRASILEIRA
DESEMPENHA QUAL PAPEL NA PLATAFORMA DIGITAL INSTAGRAM A SER ANALISADO NO
PERFIL PESSOAL DA PROFESSORA POLIANNE BARBOSA DA SILVA SÁ

Polianne Barbosa da Silva Sa (UEMA)

Resumo: Dom Casmurro de Machado de Assis, o romance realista que já serviu de objeto de
muitas discussões no campo literário, talvez por ser uma obra considerada por muitos
atemporal, pois apesar de ter sido escrita em 1899, ainda hoje é lida e aplaudida
continuamente pela crítica, por alunos de Letras e por quem gosta de uma boa leitura.
Almejando não cair da redundância do tema, nos fortalecemos nas palavras de Compagnon
(2010), que afirma “que a mimesis como exemplifica o autor não seria simplesmente a arte da
imitação, ela significa conhecimento, e a representação dos atos praticados pelos humanos
através da linguagem”, de tal modo vamos buscar enveredar por este caminho na busca do
novo, pois o público não será somente estudantes de cursos de graduação, serão pessoas que
em sua maioria estão fora dos muros das universidades, na verdade estão atras da tela de um
celular ou computador, tendo informações diárias ao seu alcance através da rede mundial de
internet, e daí acreditamos que a realidade se “mistura” com a ilusão. Compagnon em sua obra
deixa explícito o choque que ocorre também entre a literatura e a realidade; a literatura não
fala de outra coisa a não ser de literatura, ou seja, o foco seria apenas literário onde as histórias
não fugiriam do contexto da obra, a realidade já é algo muito subjetivo e cheio de mistérios,
nem sempre o que é real é o que você consegue enxergar, existem diversas maneiras de se vê
a realidade, pois o ser humano na sua essência por vezes não consegue transparecer suas
verdades. E na internet especula-se muito que o “palco” das redes sociais é totalmente
diferente dos “bastidores”, mas almejamos de todas as formas “arrancar” verdades desses
seguidores em suas respostas sobre suas concepções sobre a menina/mulher dos “olhos de
ressaca”. A pesquisa/campo a ser realizada na rede social Instagram, teve como base o fato
óbvio que não pode ser negado, é que estamos na era da informação, e o advento da internet
potencializou essa propagação informacional ainda mais. As redes sociais na internet têm se
expandido de uma forma tão grandiosa que em muito está modificando as relações pessoais,
profissionais dos seres humanos, já que de fato o mundo é globalizado e dependente dessa
condição, mais essa dependência da rede mundial dos computadores nos faz refletir como ela
tornaram mais dinâmica a comunicação. O computador e o celular são os principais meios
utilizados nessa nova interação. O estudo permitiu abrir um campo de estudo amplo e que
pode contribuir para inúmeros objetos de pesquisa relacionados as redes sociais, as próprias
relações sociais, construção da identidade dos usuários e porque não a possibilidade de um
novo espaço de incentivo para leitura, para citar alguns exemplos. Os resultados que seguem
são uma parcela das discussões realizadas na pesquisa de natureza interdisciplinar, que por
sua complexidade e originalidade, expõe uma necessidade de cautela na abordagem de
conclusões parciais e convida à continuidade de estudos, apesar de já termos algumas
conclusões na análise.

Palavras-chave: INSTAGRAM, ROMANCE, INTERNET, CAPITU.

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A PRESENÇA DO NEGRO NOS ANÚNCIOS DE COMPRA E VENDA NO JORNAL O PAIZ

Ana Gabriela da Cruz Pereira (UEMA)

Resumo: Este trabalho, cujo objetivo é analisar a circulação de romances no jornal O Paiz,
vincula-se ao projeto “A Circulação Literária de Romances entre Pará e Maranhão na Imprensa
Oitocentista”, coordenado pela Profa. Dra. Izenete Nobre Garcia. Esta pesquisa objetiva
apresentar e analisar os dados parciais sobre a circulação de romances, na década de 1870,
que foram noticiados ou publicados nesse jornal maranhense. A partir da década de 1870, o
Brasil vivenciava uma série de medidas políticas e sociais por conta da crescente discussão e
pressão para o fim da escravatura, que ocorreria em meados de 1888. Porém, mesmo com
várias leis sendo impostas pelo governo não significava que a questão social e cultural estava
resolvida, pois quando analisamos os anúncios publicados nos jornais na imprensa diária ou
no período matutino, facilmente encontram-se anúncios nos quais o negro é entendido como
um objeto ou até mesmo comparado a um animal. Eram anúncios que transmitiam um falso
respeito às leis estabelecidas, maquiando seus verdadeiros interesses sociais. Um exemplo
recorrente encontrado nos anúncios do jornal O Paiz era a procura e venda de “ama de leite”
vendo os anúncios de anos anteriores observa-se que em determinados anúncios a uma
procura de ama de leite, no entanto, sem cria e que fosse limpa já que ela alimentaria e cuidaria
do filho(a) do fazendeiro/comerciante da época. Com a abolicionismo crescendo foi-se
aumentando a procura por ama de leite com cria sendo que o filho desta escrava teria o
comprador como “tutor”, ou seja, a criança trabalharia para este fazendeiro/ comerciante até
aos 18 anos, se chegasse a esta idade, pois a maioria sofria maus traços e acabava morrendo
antes de completarem a maior idade. A metodologia aplicada foi de análise de dados quali-
quantitativamente, por meio da descrição dos dados e estudo de casos, quando necessário.
Para tanto, baseou-se nos estudos de Gilberto Freire (2012), Márcia Abreu (2019), Roger
Chartier (1991), Ana Luiza e Tânia Regina De Luca (2006).

Palavras-chave: Circulação. Jornal. Anúncios. Trabalho. Escravo.

VARIAÇÃO NA CONCORD NCIA EM SENTENÇAS SN SER SN NO PORTUGUÊS CLÁSSICO

Luiz Adriano Ramos Silva (UFPE)

Resumo: O presente trabalho constitui um estudo voltado ao Português Clássico (séculos XVI
ao XVIII), sobre a variação da concordância em sentenças copulares equativas - nas quais o
verbo “ser” cumpre o mesmo papel do sinal de igualdade (=) e estabelece uma relação de
equidade entre dois sintagmas nominais (SNs) com o mesmo referente -, especialmente, nos
casos em que há assimetria entre os sintagmas determinantes à direita e à esquerda do verbo-
cópula quanto aos seus traços de número. Para tanto, foram considerados pressupostos da
Sociolinguística Variacionista (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 1968, e LABOV, 1972 e 1994),
para a coleta de dados e composição do corpus de análise, bem como da Teoria Gerativa, em
sua versão de Princípios & Parâmetros (CHOMSKY, 1981 e 1986), para explicar teoricamente
os mecanismos de concordância nas sentenças equativas. A alternância na concordância de
verbos copulativos em predicações de base nominal é um fenômeno atestado em diversas
línguas, tais como alemão e persa (KAHNEMUYIPOUR, 2017). Na coleta de dados, foram
selecionados documentos dos séculos XVI, XVII e XVIII, disponíveis no Corpus Histórico do
Português Tycho Brahe. Em se tratando dos resultados obtidos, observou-se que desde o
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século XVI as sentenças equativas de ordem SN1-ser-SN2 apresentam variação na
concordância, havendo períodos com mais dados em que a concordância é realizada com o
elemento à direita da cópula e períodos em que predomina a concordância com o elemento à
sua esquerda. No total, dos 38 dados analisados, 19 (50%) realizam concordância com o
sintagma determinante à sua direita e os outros 19 (50%), com o sintagma determinante à sua
esquerda. Apesar da escassez de dados passíveis de análise, dada a especificidade do
fenômeno, tal resultado pode indicar uma relação com o processo de mudança relacionado ao
parâmetro pro-drop e, consequentemente, à transição do Português Brasileiro para uma língua
semi-pro-drop ou não-pro-drop.

Palavras-chave: equativas, cópula, concordância.

A HOMOFOBIA NO ROMANCE CRIME DE HONRA (2005), DE CASSANDRA RIOS

Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

Resumo: O presente artigo pretendeu analisar a homofobia no romance Crime de Honra, da


autora Cassandra Rios. Para isso foi feita uma pesquisa conforme os pressupostos da pesquisa
qualitativa e quanto ao instrumento do tipo bibliográfica fundamentada em Mott (2003), Parker
(2012), Miskolci (2012), Foucault (2010, 2014 e 2017), Louro (2013), Sedwgick (2009), entre
outros. Entendeu-se que a homofobia consiste na repulsa à orientação sexual homoafetiva, a
qual pode ser propagada como crime de ódio generalizado contra toda e qualquer pessoa que
não corresponda aos estereótipos da heteronormatividade compulsória naturalizada na esfera
social como padrão a ser seguido. O romance Crime de Honra (2005) foi o último escrito pela
autora, dois anos antes de sua morte e denuncia a homofobia e os males causados em
consequência da não aceitação de si, assim, o crime é praticado por um sujeito que é incapaz
de viver bem a sua sexualidade. Nesta perspectiva, a vítima e o criminoso são o mesmo sujeito,
um homem comum com quem podemos encontrar nos locais públicos como a rua, a feira, a
escola, nas filas dos bancos e até mesmo dentro das nossas casas, mas que por não viver o
seu desejo atormenta o outro. Sendo assim, Crime de Honra assume o estereótipo de que todo
aquele que reprime o seu desejo sexual homoafetivo torna-se um potencial homofóbico,
cristalizando assim a ideia de que o armário adoece o sujeito que nele busca viver.

Palavras-chave: Armário; Homoafetividade; Cassandra Rios.

ENTRE 'TORNAR-SE' E 'DESCOBRIR-SE': PROCESSOS DISCURSIVOS NA AFIRMAÇÃO DA


IDENTIDADE NEGRA NO BRASIL

Gabriela Batista Santos de Andrade (CEFET-MG)

Resumo: Durante o ano de 2023 foi finalizado, no Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Cefet-MG), o projeto de Iniciação Científica “Entre ‘tornar-se’ e ‘descobrir-se’:
processos discursivos na afirmação da identidade negra no Brasil”, realizado por meio do Edital
DPPG Nº 113/2021. Com ênfase nos funcionamentos discursivos que envolviam os verbos
tornar-se e descobrir-se nos processos de (re)conhecer as diversas vivências das negritudes
brasileiras, procuramos identificar e interpretar as relações discursivas nos movimentos de
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identificação do sujeito por meio da Análise do Discurso (AD) materialista. Dessa forma,
mobilizamos os conceitos de formação ideológica e formação discursiva de Pêcheux (1975),
além das contribuições sobre os processos de identificação do sujeito negro de Modesto
(2021) e Silva-Fontana (2021). Compreendemos, assim, que o sujeito do/no discurso é
constituído pelas formações ideológicas e pelas formações discursivas em condições de
produção determinadas, logo, as determinações históricas e ideológicas são constitutivas dos
discursos e dos sujeitos racializados (MODESTO, 2021). Ou seja, do nosso ponto de vista
teórico, discutimos as relações entre discursividades (os discursos do eugenismo, da
democracia racial, da brasilidade, dos movimentos negros) em que os sujeitos se inscrevem
para (se) significarem como pessoas afro-brasileiras, e como na enunciação de si (CESTARI,
2015) dizem sobre a racialidade de modo que seja possível descobrirem-se e tornarem-se
sujeitos racializados. Esses dois verbos foram destacados pelo seu semantismo, pois dão
indícios de que as relações que os sujeitos estabelecem com sua identidade racial não é fixa e
aparecem já nos títulos dos livros que compõem o corpus da pesquisa. São eles: Tornar-se
negro: ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social, de Neusa
Santos Souza (1983), Mulato: Negro Não-Negro e ou Branco, Não-Branco, de Eneida de
Almeida dos Reis (2002) e Quando me descobri negra, de Bianca Santana (2015). Compostos
por transcrições de relatos coletados por suas respectivas autoras, todas as obras foram
classificadas como produções bibliográficas de diferentes campos, apesar de possuírem como
fator em comum as motivações iniciais da escrita, uma vez que as escritoras passaram pelas
movimentações e processos de identificação racial. Santana foi convidada a escrever um livro
de literatura (classificado em sua ficha catalográfica como literatura brasileira: romance) e,
justamente por isso, menciona suas dúvidas iniciais ao aceitar tal convite por não se considerar
“escritora o suficiente” para realizar a tarefa, mas também ponderar que, ela mesma, assim
como tantas outras pessoas que conhecia, gostariam de ler livros com mais representatividade
até aceitar a proposta de escrita. Já Reis e Souza produzem dentro do campo da psicologia
social. Em Mulato, Reis, que é professora e também psicóloga, pesquisa a identidade “mulato”
em forma de sua dissertação de mestrado em Psicologia Social, pela PUC/SP. Em Tornar-se
Negro, Souza, que teve uma trajetória nas lutas antirracistas e para a saúde mental, também
escreveu a obra em questão para sua dissertação de mestrado no ano de 1981, conseguindo
que fosse publicado como livro comercial ainda durante o período de ditadura no Brasil, em
1983. Nosso foco é o modo como os discursos racistas, na condição de discursos dominantes,
são constitutivos das ideologias dominantes que atravessam as subjetividades das pessoas
negras que, por sua vez, os reproduzem tanto dentro de suas relações interpessoais bem como
em seus próprios processos de afirmação da negritude. Afinal, a própria designação de
negritude entre pessoas negras em tons distintos é uma questão. Nesse contexto, partimos da
hipótese de que, por conta do racismo, da eugenia e do mito da democracia racial, o
reconhecimento da própria negritude é mais complexo para negros de pele clara do que para
negros retintos, causando uma divisão dentro da comunidade negra. As análises empreendidas
levaram-nos a agrupar as sequências discursivas por suas regularidades, que, no processo de
descrição-interpretação do corpus, compreendemos como diferentes formações discursivas
(FD) com as quais os sujeitos se identificam. Propusemos, então, três grandes movimentos
subjetivos em comum no que diz respeito às suas próprias percepções raciais, ou seja, em
como pode-se tornar e/ou descobrir uma identidade racial. No primeiro movimento, quando
ainda se sobrepõe a ideologia dominante, vemos a crença sobre as características negativas
atribuídas aos sujeitos negros e sua propagação mantida pelo racismo estrutural, o que gera
o desejo de afastamento do sujeito negro pela vivência e ideia do que (supostamente) significa
ser negro. No segundo, na enunciação de si, o sujeito começa a se desdobrar e iniciar a
descoberta de si, significando uma percepção de que as características negativas antes tidas
como absolutas não são verdadeiramente intrínsecas à população negra. Enfim, no terceiro
movimento, tal percepção evolui para ser efetivamente comportamental, ou seja, além de se
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descobrir negra/o/e, o sujeito torna-se e, para mais, reflete sua identidade racial dizendo sobre
comportamentos positivos que parecem significar um processo de empoderamento como
sujeito racial.

Palavras-chave: Análise do Discurso, Negritude, Identidade.

LITERATURA INDÍGENA E A ILUSTRAÇÃO DA MEMÓRIA: UMA ANÁLISE DE "FLOR DA MATA"


DE GRAÇA GRAÚNA

Amanda da Silva Theodoro (UEMA-SUL)


Jeniel Silva Gomes (UEMA-SUL)

Resumo: Na trajetória da literatura brasileira canônica, a mesma aparenta rejeitar alguns dos
moldes literários eurocêntricos, porém, como uma literatura dita nacionalista mas ainda reflexo
do pensamento social e contexto histórico, falhava na tentativa de retratar os povos indígenas
de forma fidedigna, sujeitando-os ao papel de objetos e não sujeitos das histórias, ignorando
a cultura dos mesmos e impondo uma série de estereótipos ao retratá-los como reles
instrumentos da sociedade, ignorando a realidade multiétnica e pluricultural que representava
a nação brasileira. Portanto, tendo em vista as diversas formas da representação dos indígenas
brasileiros na literatura considerada cânone, o presente trabalho pretende discutir as
representações da memória e cultura indígenas em haicais e ilustrações do livro Flor da mata
(2014), da escritora indígena potiguara Graça Graúna. Foi desenvolvida uma análise
bibliográfica de caráter qualitativo utilizando as contribuições teóricas de Janice Thiél e Daniel
Munduruku, à respeito das representações da cultura indígena na literatura, bem como os
estudos de Will Eisner sobre narrativas gráficas. Concluiu-se que que Graça Graúna une em seu
livro, várias das características mais presentes nas literaturas indígenas, ao retratar em seus
haicais, mas principalmente em suas ilustrações, a verdadeira cultura indígena.

Palavras-chave: Literatura Indígena, Ilustrações, Haicai.

A PROSA DE FICÇÃO NO JORNAL PUBLICADOR MARANHENSE NA DÉCADA DE 1870

Antonia Raiane Santos Silva (UEMA)

Resumo: Este trabalho integra o projeto “A circulação de romances entre o Pará e Maranhão
na imprensa oitocentista”, coordenado pela profa. Dra. Izenete Nobre Garcia, cujo objetivo é
estudar comparativamente os romances compartilhados entre as duas províncias. Já essa
pesquisa, ora proposta, objetiva apresentar dados parciais do levantamento dos romances
publicados ou anunciados, na década de 1870, pelo Publicador Maranhense. Esse jornal diário,
dirigido e impresso em São Luis, teve grande circulação na província do Maranhão de 1842 a
1885. O recorte da década de 1870 foi realizado por se considerar que nesse momento já
havia um público produtor e leitor de romances, mais consolidado tanto no Pará quanto na
famosa “Atenas maranhense”. Baseado no aporte teórico da Historiografia Literária,
desenvolvida nos estudos de Roger Chartier, Márcia Abreu e Pierre Bourdieu, os meios
utilizados para realização do trabalho foram a coleta e análise de dados provenientes do
periódico pesquisado, tendo como finalidade criar um banco de dados com as informações
adquiridas. Diante dos achados, observou-se que as informações políticas e sobre a questão
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religiosa foram a predominância no ano de 1870, concentrando-se a presença de romances
apenas nos anúncios de venda. Ali, foi possível encontrar à disposição nas livrarias da cidade:
O Guarany, Os Varões ilustres do Brasil, Obras de Alvares de Azevedo. Os folhetins apareceram
mais frequente somente a partir de 1871. Foi possível observar na própria estrutura do jornal
como as obras publicadas foram ganhando seu espaço dentro do jornal e a partir disso
tomando para si uma fama além das páginas da imprensa.

Palavras-chave: Jornal. Publicador Maranhense. Prosa de Ficção.

CONSERVANDO AS VOZES ANCESTRAIS NA LITERATURA INDÍGENA: UMA REFLEXÃO PÓS-


COLONIAL E IDENTITÁRIA DO POEMA "EU MORO NA CIDADE" DE MARCIA KAMBEBA

Paula Costa dos Santos (UESPI)

Resumo: Este artigo é um estudo sobre a literatura indígena contemporânea no Brasil, com um
foco particular na obra de Márcia Kambeba (2013), uma escritora indígena dos povos
Omágua/Kambeba do estado do Amazonas. O estudo se concentra em seu poema “Eu moro
na Cidade” (Ay Kakyritama), que faz parte de seu livro também intitulado Eu moro na Cidade;
esse poema é um exemplo significativo do contraponto presente na literatura contemporânea,
uma vez que articula as experiências e desafios da vida urbano através da lente de uma
identidade indígena. O artigo se propõe a examinar a literatura indígena baseado na teoria
pós-colonialista, buscando entender como as narrativas literárias indígenas podem oferecer
perspectivas únicas e valiosas para a compreensão das comunidades indígenas, suas
experiências históricas e suas lutas de resistência e pertencimento. O poema “Eu Moro na
Cidade”, de Marcia Kambeba, é analisado em profundidade, evidenciando a complexidade e a
riqueza da experiência urbana indígena. A autora explora a dualidade entre o mundo urbano e
o universo tradicional, destacando os desafios e as contradições enfrentados pelos indígenas
que migraram para as cidades. Para isso, uma pesquisa do tipo bibliográfica com abordagem
qualitativa de cunho exploratório foi realizada a partir dos pressupostos teóricos pós-
colonialistas de Homi Bhabha (2010) e Thomas Bonnici (2012), bem como nas autorias
indígenas de Graça Graúna (2013), Marcia Kambeba (2018), Fernanda Vieira (2021) e Daniel
Munduruku (2018), para examinar o papel da literatura indígena na desconstrução de
estereótipos e na preservação das vozes ancestrais. Nesse sentido, o artigo comprovou o
legado do colonialismo na literatura indígena e como a voz desses povos foi marginalizada e
subjugada ao longo da história. O resgate dessas vozes através da escrita e da oralidade ganha
destaque como uma forma de resistência cultural e de reafirmação de identidades indígenas.
Em suma, o estudo comprovou a relevância da literatura indígena na preservação das vozes
ancestrais, no resgate da história e cultura desses povos, e na construção de uma sociedade
mais inclusiva e respeitosa com suas diversidades culturais. A análise pós-colonialista e
identitária apresentada neste artigo destacou a importância de valorizar e promover a literatura
indígena como uma forma de combater estereótipos, preconceitos e desigualdades,
promovendo um diálogo intercultural e interétnico mais enriquecedor e transformador.

Palavras-chave: identidade, indígenas, cidade, vozes.

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A RESISTÊNCIA SOCIAL BAIANA VERSIFICADA NO FOLHETO O AUMENTO DA CARNE VERDE,
DE CUÍCA DE SANTO AMARO, "POETA-REPÓRTER"

Mikeias Cardoso dos Santos (UFMA)

Resumo: O trabalho tem a intenção de apresentar a crítica social baiana relatada pelos versos
singulares de Cuíca de Santo Amaro, “poeta-repórter”. O cordel é um gênero textual que
aparece em Portugal por volta do século XVII, e, no Brasil, nasce no século XIX. Essa modalidade
literária popular surge primeiramente de forma oral e, com o passar do tempo, foi impressa e
publicada nos chamados folhetos de feira. Por meio da poesia de cordel, o cordelista versifica
com maestria temas do cotidiano das pessoas, de maneira cômica e, às vezes, com crítica aos
desgovernos, ao caos da saúde pública, aos altos impostos, à luta por melhorias no trabalho,
etc.. A literatura de cordel apresenta em sua produção assuntos diversificados e que são de
suma importância para o trabalhador, pois é por meio dessa literatura popular que os
trabalhadores reivindicam seus direitos diante dos desgovernos presentes na nossa história.
No decorrer do trabalho, serão apresentadas a vida e a obra do cordelista e a análise da crítica
social baiana por meio de estrofes do cordel em estudo. O folheto que será utilizado na
pesquisa é intitulado O aumento da carne verde, de Cuíca de Santo Amaro, “poeta-repórter”,
e relata o aumento do preço de um alimento que ajuda a saciar a fome do trabalhador do país,
a carne bovina; porém, no desenrolar da trama, os políticos, os jornais e as emissoras que
poderiam reverter o aumento do produto nos abatedouros do estado cruzam os braços e não
ajudam. Existe somente um homem que é valoroso e pode trazer de volta a esperança, Graça
Lessa, que era visto pelos baianos como a salvação para tal situação e, consequentemente,
como um político exemplar. A pesquisa está apoiada em autores como: Cevasco (2008, 2009),
Bosi (2002), Curran (1990), Curran (2021) Dalcastagnè (2017), Deleuze (1978), Diégues Jr.
(1973), Maranhão e Medina (2020), dentre outros.

Palavras-chave: Cuíca de Santo Amaro; cordel; Carne verde.

A INSURGÊNCIA DA FLÂNEUSE NEGRA EM LITANIA DA VELHA, DE ARLETE NOGUEIRA DA


CRUZ: UM OLHAR DECOLONIAL SOBRE A EXPERIÊNCIA SUBALTERNA DO ESPAÇO

Mairylande Nascimento Cavalcante (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa analisa a insurgência da flâneuse negra no poema narrativo Litania da
Velha (2002), da autora maranhense Arlete Nogueira da Cruz. O estudo é desenvolvido à luz
da antropologia social dos estudos decoloniais em concordância com o descentramento do
espaço e do conceito de flâneur — o poeta do asfalto — na medida que intenta questionar os
sentidos da modernidade/colonial e da modernidade capitalista do século XIX, palco do homem
burguês a experienciar a cidade. O debate, dessa maneira, encaminha-se para uma análise das
relações de gênero, raça e classe, objetivando compreender como a experiência do ser, do
espaço e da própria modernidade é mutável de acordo com essas intersecções e a localização
do sujeito. Para tanto, considera-se a insurgência da mulher flâneuse na América Latina, ainda
pouco explorada na crítica literária e nos estudos sociológicos que constituem o flâneur. Este
estudo é de cunho bibliográfico, tendo como principais aportes teóricos no cerne dos estudos
decoloniais Lélia Gonzalez (2020) e María Lugones (2014); Thiane Nunes (2022) e Priscilla
Ferguson (1994) nas minúcias da flanadora; Regina Dalcastagnè (2012, 2015a, 2015b), Milton
Santos (2001, 2013) e Boaventura de Sousa Santos (2007), na elaboração do espaço da
desigualdade. Conclui-se que, ao longo da caminhada da velha pedinte negra, o espaço não é
neutro e homogêneo, mas sim uma construção relacional que envolve as colonialidades que
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reverberam a condição subalterna da personagem e, por conseguinte, influenciam em suas
experiências e na determinação de seu lugar na urbe. Portanto, percebe-se que a Velha flâneuse
negra através do não parar cria caminhos decoloniais que desestabilizam o lugar fossilizado
da experiência da cidade para (re)exitir por sua própria (sub)existência.

Palavras-chave: Litania da Velha; flâneuse; decolonialidade.

FEMINISMO PÓS-COLONIAL E A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA OBRA LUCY, DE JAMAICA


KINCAID

Nágila Alves da Silva (UESPI)


Maria de Nazaré Pereira dos Santos (UEMA)

Resumo: O presente artigo propõe investigar como o feminismo em diálogo com o pós-
colonialismo se relaciona com obra literária Lucy (1994), da escritora caribenha Jamaica
Kincaid, a fim de verificar a forma como a mulher, sendo um sujeito duplamente colonizado, é
representada na narrativa e de que forma a escritora retrata as questões relacionadas à
identidade, à diáspora e ao feminismo em seu enredo. O romance de formação protagoniza o
processo diaspórico e identitário vivenciado pela personagem Lucy, e isso faz com que o
enredo seja importante para esse estudo. Por vários séculos, a literatura assim como toda a
sociedade foram regidas pelo sistema patriarcal e pelo discurso hegemônico masculino, dessa
forma as mulheres eram subjugadas e não tinham liberdade de expressão. Entrar no ramo das
letras era impossível, pois esse era um lugar destinado apenas aos homens. A literatura pós-
colonial e o feminismo são caraterizados como movimentos de resistência, pois objetivam
modificar as sociedades com passado colonial. Por isso Kincaid evidencia na obra analisada
atos de resistência praticados pela personagem Lucy, que em diversos momentos do enredo
mostra sua posição crítica sobre a sua condição de subalternidade e as múltiplas formas de
opressões nas quais ela vivencia. Entre vários estudiosos, utilizaram-se os arcabouços teóricos
de Stuart Hall (2003), Thomas Bonnici(2012), Homi Bhabha (2013), Edward Said (2011) e
Grada Kilomba (2019) que, em conjunto com Kincaid, oferecem discussões e reflexões sobre a
posição da mulher na pós-colonialidade. A literatura feminista pós-colonial objetiva não apenas
a revisão do sujeito feminino colonizado, mas busca trazer para o centro de sua escrita as
pautas relacionadas as mulheres, como sexualidade e identidade com o intuito de dar espaço
de escuta a elas para relatarem suas experiências enquanto sujeito subalterno.

Palavras-chave: Feminismo, Pós-colonialismo, Kincaid, Lucy.

RELAÇÕES DE GÊNERO E RESISTÊNCIA EM AGONTIMÉ, DE JUDITH GLEASON

Maria Cleidimar Silva Ribeiro (Secretaria de Estado da Educação)

Resumo: A escritora Judith Gleason produz importantes reflexões acerca da quebra de


estereótipos de gênero ao apresentar personagens femininas que desafiam as expectativas
tradicionais de suas comunidades. retratando em sua obra a mulher como figura forte,
resiliente, compassiva e solidária, capaz de enfrentar os desafios da vida com determinação e
coragem personificado em Agontimé, que não se encaixa nos papéis tradicionais de submissão
ou dependência das mulheres, mas sim mostra-se independente, confiante e com voz ativa,
sendo uma excelente curandeira, uma líder respeitada e uma mulher corajosa, que não teme
confrontar os poderosos em busca da justiça. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho é
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refletir sobre as relações de gênero e resistência no romance “Agontimé e sua lenda: rainha na
África, mãe de santo no Maranhão” da autora citada. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica
amparada em KILOMBA (2019), EVARISTO (2017), entre outros, para sustentar a representação
social e identidade presentes no percurso histórico das mulheres representadas na obra, vez
que ao longo do tempo, algumas mães de santo no Maranhão se tornaram referências locais e
suas histórias são passadas oralmente entre os adeptos da religião. Cada mãe de santo tem
sua própria história e trajetória de vida, que contribuem para sua reputação e autoridade
dentro da comunidade religiosa local. É importante ressaltar que a religião afro-brasileira
possui uma diversidade de crenças e tradições, e as histórias e lendas podem variar entre as
regiões e casas religiosas. Portanto, a lenda específica de Agontimé pode não ser conhecida
ou difundida em outras comunidades religiosas afro-brasileiras. O estudo dá voz para as
mulheres silenciadas pelo racismo estrutural que perpassa a figura feminina, negra, praticante
de uma religião. A obra recebe este título em reconhecimento e respeito às mulheres que
exercem essa função dentro da comunidade religiosa afro-brasileira e não se refere a uma lenda
específica associada a Agontimé como uma entidade ou figura mitológica.

Palavras-chave: Mulher negra; Agontimé; Resistência.

IMAGENS DISSONANTES: FICÇÃO HISTÓRICA DE AUTORIA FEMININA BRASILEIRA

Dinameire Oliveira Carneiro Rios (UFT)

Resumo: Este trabalho apresenta um breve panorama acerca da produção feminina de viés
histórico dentro da literatura brasileira, especialmente na segunda metade do século XX.
Problematizando, inicialmente, o conceito de autoria feminina, a partir dos estudos de Nelly
Richard (2002), constrói-se um percurso acerca da literatura feita por mulheres ao longo da
historiografia literária brasileira, tendo como referência as concepções patriarcais em torno da
representação dos estereótipos acerca da mulher e suas consequentes desconstruções e
críticas. Baseando-se em estudos como os de Lobo (2002) e Xavier (1999), é analisado o
surgimento de uma produção de autoria feminina que foi capaz, dentro da literatura nacional,
de construir uma nova identidade para a mulher e se desligar, enfim, das representações
calcadas sobre a noção de gênero, já que muitas das autoras referidas deixam de estabelecer
a origem dos conflitos nas relações de gênero, o que propicia um desenho identitário livre do
peso da tradição. Ao ser inserida como presença e voz ativa na literatura, a mulher
“desnaturaliza” a visão de um cânone tradicional centrado sobre o homem, revela a importância
de valorizar as diferenças e as alteridades e se torna responsável pela revisão do passado
literário e social, inscrevendo na história a participação feminina e abalando as “certezas”
historicamente construídas pela perspectiva falocêntrica. É dentro desse contexto que emerge
a forte relevância dos romances históricos produzidos por mulheres a partir do século XX.
Essas narrativas se enquadram com facilidade nos pressupostos históricos articulados pela
Nova História e se alinham aos questionamentos da pós-modernidade, principalmente no que
diz respeito à impossibilidade de um acesso total ao passado.

Palavras-chave: Ficção, autoria, mulher, história.

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OS GÊNEROS TEXTUAIS COMO CONDICIONANTE PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL NO EJA

Eduarda Abreu do Nascimento (IFPA/BELÉM)


Lucas Pinto de Almeida (IFPA - Belém)

Resumo: Segundo Bakhtin (1979), um determinado gênero do discurso guia-nos no processo


do nosso discurso: os gêneros escolhidos nos sugerem os tipos e os seus veículos
composicionais, de acordo com o teórico, o gênero do discurso escolhido norteará o indivíduo
em sua produção textual, os meios utilizados para que se alcance este fim está inteiramente
ligado a forma e ao conteúdo, que proporcionará na visão criada do aluno como construir um
texto. Este presente trabalho tem como objetivo demonstrar a influência que o gênero textual
condiciona nas atividades enunciativas, principalmente na produção textual. O ensino de
línguas dar-se-á sobretudo através de textos, já que possuem um caráter enunciativo. Com
base em Marchushi e Bakhtin o texto é uma reconstrução, ou mais bem dito, uma refração do
processo de valoração que o aluno pode fazer. Nesse sentindo, é observado que o ensino de
gêneros textuais em sala demonstra uma perspectiva diferenciada de aprendizagem para o
discente, a partir da leitura e compreensão de textos que primeiramente são esquematizações
das figuras e depois tornassem o objeto do dizer. Pensando nisso, resultou-se em sala de aula,
de uma turma do segundo ano do EJA, o ensino dos gêneros textuais conto e crônica, a partir
de uma perspectiva valorativa, na qual o discente constrói seu ponto de vista dentro de uma
visão para sua produção textual, ou seja, o texto de acordo com seu contexto condicionará a
escrita do aulista, dimensionando-se a partir de uma TIC, que nesse caso se dará pelo projeto
denominado Estante Mágica, cujo possui uma plataforma interacionista para a produção de
livros. Como resultado previsto, acredita-se em uma produção consolidada, com forma,
conteúdo, contextos definidos, propiciando uma escrita autoral onde o aluno torna-se
protagonista de sua aprendizagem, permitindo com que seu texto estabeleça uma função
comunicativa para sua prática social.

Palavras-chave: Gêneros textuais; Ensino; Produção textual; Texto.

MATERNIDADE E TRABALHO, UMA DISSIDÊNCIA À NORMA DE GÊNERO

Ednolia da Silva Farias (UFMA)

Resumo: Este artigo objetiva analisar as obras As Alegrias da Maternidade (2018) de Buchi
Emecheta e Quarto de Despejo: diário de uma favelada de Carolina Maria de Jesus (2020), a
fim de verificar nos dois textos como são construídas a intersecção entre maternidade e
trabalho a partir da reconfiguração do gênero. Metodologicamente, optamos por realizar uma
revisão literária que se debruça sobre as teorias que fazem referências às mulheres mães e
negras, bem como o significado do trabalho nas sociedades em que se desenvolvem as
narrativas, a saber, Nigéria e Brasil. Essas questões serão alicerçadas nos estudos que tratam
do feminismo negro e a maternidade como observados em Angela Davis (2016) e Elisabeth
Badinter (1985). A nigeriana e protagonista Nnu Ego, assume um papel representativo da
condição da mulher na sua cultura, aquela que precisa gerar filhos para conquistar o respeito
social e tornar-se uma mulher completa, caso isso não acontecesse, esta seria submetida às
condições de trabalhos específicos dos homens. Uma outra perspectiva, é vista na sociedade
brasileira, Carolina que é mãe negra e solo, passa a assumir o papel do homem e da mulher
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no que diz respeito às relações do trabalho, enfrentando as todas as dificuldades para
conseguir prover as necessidades dos filhos. Em suma, observamos que há uma dissidência no
que diz respeito às questões de gêneros, por uma lado temos uma sociedade que imprime nas
mulheres que são impossibilitadas de tornar-se mãe os trabalhos que são considerados
específicos dos homens – tornar-se homem - por outro lado, temos uma cultura que faz da
mulher mãe e solo, esse protótipo de homem, isso se justifica pelo fato de esta não ter marido
para prover as necessidades da família.

Palavras-chave: Trabalho. Dissidência. Maternidade. Nnu Ego. Carol.

A MULHER NA SOCIEDADE JAPONESA: UMA ANÁLISE DE "GROTESCAS", DE NATSUO KIRINO

Allana da Silva Araujo (UFMA)

Resumo: A literatura japonesa escrita por mulheres remonta desde o período clássico, que
compreende todo o período que antecede a instauração do Meiji (final do século XIX), até a
contemporaneidade, e tem grande expressão e relevância, com nomes como Murasaki Shikibu
(autora de Genji Monogatari, ou O Romance de Genji, datado de 1008), Sei Sh?nagon (autora
de Makura no S?shi, ou O livro do travesseiro, do início do século XI) ou, entre as autoras
contemporâneas, Banana Yoshimoto (Kitchen, lançado em 1988), Hiromi Kawakami (Sensei no
kaban, ou A valise do professor, lançado em 2001) e Natsuo Kirino (Gurotesuku, ou Grotescas,
lançado em 2003). Essas obras literárias produzidas por mulheres japonesas abordam uma
variedade de temas que englobam desde aspectos subjetivos dos seres humanos, como
solidão, depressão e luto, até questões de cunho político e social. Em Grotescas (2010), Natsuo
Kirino coloca a figura da mulher em evidência ao mesmo tempo em que explora a face mais
obscura de uma sociedade misógina, classista e racista, na qual o individual se sobrepõe ao
coletivo, o que gera impacto principalmente aos indivíduos marginalizados. Dividido em oito
partes e com narrações alternadas, Grotescas conta a história do assassinato de Yuriko Hirata
e Kazue Sat?, duas garotas de programa que, junto a narradora-personagem, são ex-alunas de
uma instituição de ensino de elite de Tóquio, enquanto põe em evidência o papel da mulher
no ambiente familiar e no espaço laboral, bem como sua marginalização. Dessa forma, este
artigo tem cunho qualitativo e bibliográfico e tem como objetivo analisar como a mulher é
inserida (ou marginalizada) na sociedade japonesa sob a perspectiva dos estudos de gênero a
partir de textos teóricos de Barbara E. Thornbury, Aki Iida, Machiko Matsui, Robert J. Smith,
entre outros, tendo em vista os temas específicos abordados na obra de Natsuo Kirino, como
a solidão e o individualismo, a falta de equidade no trabalho, entre outras questões.

Palavras-chave: Literatura japonesa, Natsuo Kirino, Grotescas.

A PRÁTICA DA PESQUISA NA GRADUAÇÃO E REFLEXOS NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM


LETRAS

Ana Luíza Estrela da Silva (UEMA)

Resumo: O trabalho intitulado “A prática da pesquisa na graduação e seus reflexos nos cursos
de licenciatura em letras: Uma análise discursiva da relação entre fazer científico e escrita
acadêmica de monografias do Curso de Letras de diferentes instituições (UFMA - São Luís,
UFMA – Bacabal e UEMASUL – Imperatriz) ” possui a proposta de incentivar a produção de
pesquisa a análise de textos acadêmicos e sua prática discursiva ao decorrer da graduação
acadêmicas, com o objetivo principal de analisar os efeitos de sentido desenvolvidos por meio
da articulação entre as formas de produção escrita e a construção de concepções sobre o fazer
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científico nos cursos de Letras de Universidades públicas do Maranhão através da problemática:
“Como o sujeito se comporta diante da Teoria durante a produção escrita em Textos
acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em Letras da UFMA em São Luís e Bacabal, e na
UEMASUL, em Imperatriz?” objetivando identificar nos textos acadêmicos as marcas de seus
autores; observar as marcas das percepções dos pesquisadores nas fundamentações teórica
de trabalhos monográficos do curso de Letras; Analisar o comportamento dos graduandos no
decorrer da produção escrita; Apresentando um acervo de textos acadêmicos, que em vários
casos ainda são desconhecidas desse público, desenvolvido por graduandos dos cursos de
letras – monografias – com fundamentação teórica derivada de diversos autores presentes na
área das letras, linguagens e linguística que auxiliam na compreensão do discurso configurados
no campo da pesquisa científica acadêmica. A apresentação e análise das monografias
dissertam aos graduandos, o discurso científico baseados em teses e contribuindo na formação
acadêmica ao desenvolver o formato do texto comum nos padrões de pesquisa acadêmica e
fazer científico, seguindo os fundamentos teóricos de Sírio Possenti (2002) e Dominique
Maingueneau (2004). A leitura e análise dos trabalhos monográficos visa a criação de linhas
de pensamento baseadas em teses de autores revolucionários nos estudos das ciências da
linguagem e da linguística e sua contribuição na prática da pesquisa nos cursos de letras, que
corrobora para o desenvolvimento científico regional da área em destaque ao ser utilizada
como parâmetro de análise de desempenho e os compromissos com a educação das
instituições educacionais públicas e da sociedade como um todo ao desenvolver o indicador
social da língua.
Palavras-chave: Análise, pesquisa e escrita.

HUMOR, IRONIA E DISCURSO: UMA ANÁLISE DO DISCURSO POLÍTICO AO ATO NEGACIONISTA


PRESENTE NAS CHARGES

Carliane Miranda Carneiro Aguiar (UFMA)


Resumo: As charges trazem como principais características o teor humorístico, explicitado pelas
formas verbais e não verbais presentes em suas construção, a crítica que se apresenta de forma
irônica ou satirizada o que propícia a equivocidade em suas análises, e a conexão com a
realidade por isso, em sua total composição levanta oportunidade para refletir acerca dos
discursos presentes nela, pois estão concernentes com acontecimentos reais . Neste sentido, o
presente artigo intenta através de seu corpus de estudo analisar como o discurso político
presente nas charges de Duke e Cellus se desloca para o ato negacionista e qual efeito ele
causa na sociedade. Sendo de total relevância para o levantamento de elementos discursivos
o artigo retomará através de seus dados conceitos e relações sobre acontecimentos discursivo,
memória discursiva, relação humor e discurso, além de outros para compreensão do gesto
interpretativo. Para fundamentar o texto foi de suma importância utilizar autores que versam
sobre Análise do Discurso como Pêcheux (1981) e Orlandi(2020), autor que pesquisa textos
humorísticos como elemento para Análise de Discurso como Possenti(2010 );Além disso,
complementam o aporte teórico Charaudeau (2013), Silva e Sargeni ( 2005) e Bochett (
2017),sendo autores fundamentais para o auxílio na discursão sobre o discurso político tanto
explicito como implícito existentes nas charges. Em relação a metodologia a pesquisa no que
diz respeito aos procedimentos caracterizou-se como documental e bibliográfica, sob a
perspectiva da A.D em que se analisou as charges de Duke e Cellus, quanto a abordagem o
trabalho possui a natureza qualitativa. No tocante das análises pode-se perceber através dos
dados o quão o discurso político parte de uma ideologia que interpela os sujeitos a dividir
opiniões acerca dos acontecimentos por eles vivenciados e como essa divisão repercute em
ações e atos que fixam na memória discursiva e no comportamento de cada sujeito.

Palavras-chave: humor,charge, discurso político, negacionismo


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UM ESTUDO DO GÊNERO DISCURSIVO "COMENTÁRIO VIRTUAL" NAS INTERAÇÕES POLÊMICAS
DO TWITTER: PROCESSOS E ESTRATÉGIAS

Jairo Venício Carvalhais Oliveira (UFMG)


Giovanna Tanure Ramalho (UFMG)

Resumo: As relações sociais, na contemporaneidade, têm sido substancialmente marcadas por


novas formas de comunicação e diretamente impactadas pelas tecnologias digitais. No âmbito
do discurso jornalístico online, nota-se um crescimento relevante de plataformas e espaços
destinados à participação efetiva do público leitor em relação às múltiplas informações que
circulam por meio dos diferentes gêneros textuais. Com base nessa perspectiva, é plausível
afirmar que os veículos de comunicação têm apostado numa explícita “visada de captação”,
colocando em cena diferentes estratégias para atrair, conquistar e fidelizar sujeitos
consumidores de informação. Assim, a internet configura-se, cada vez mais, como um espaço
público que possibilita a emissão de pontos de vista e de juízos de valor sobre diferentes fatos
e acontecimentos, sendo, portanto, um terreno fértil para o estudo da argumentação no plano
textual-discursivo. Partindo desses apontamentos, esta comunicação tem por objetivo
apresentar, sob uma perspectiva enunciativa, estratégias argumentativas que caracterizam a
construção interacional do ethos de si e do outro em comentários online da mídia brasileira.
Os comentários foram produzidos em resposta a uma reportagem veiculada na versão digital
do jornal Folha de S. Paulo, em março de 2021. No processo de análise, a pesquisa
desenvolveu-se em três fases. Num primeiro momento, procurou-se investigar de que modo o
internauta - no papel de sujeito argumentante - se posiciona em relação ao seu interlocutor,
ao seu próprio ponto de vista e a outras vozes presentes na situação comunicativa. Na
sequência, buscou-se apontar os principais recursos linguísticos utilizados pelos comentaristas
para a tessitura da argumentação. Por fim, a pesquisa examinou o impacto das estratégias
anteriormente sinalizadas na construção interacional do ethos de si e do outro, revelando,
portanto, a existência de diferentes imagens discursivas que habitam a materialidade textual
dos comentários. Para sustentar teoricamente as análises, a investigação ancorou-se em
postulados da Análise Semiolinguística do discurso (Charaudeau, 1992, 2004, 2016), em
estudos contemporâneos sobre a argumentação, com destaque para trabalhos sobre ethos
(Amossy, 2005; Charaudeau, 2007; Maingueneau, 2008, 2020) e ethos em interação (Chanay
e Kerbrat-Orecchioni, 2007; Kerbrat-Orecchioni, 2008, 2016) e, ainda, em conceitos sobre a
violência verbal (Charaudeau, 2019). Os resultados obtidos evidenciaram uma variação nos
modos de organização enunciativa, levando em conta a posição que o comentarista busca
ocupar em determinadas situações. Isso revela que o internauta, enquanto sujeito
argumentante, pode mostrar sua opinião pessoal, lançando mão de um comportamento
elocutivo em alguns casos. Pode, também, estabelecer um processo de interlocução com outros
sujeitos, utilizando um comportamento alocutivo, ou, ainda, pode encenar uma pretensa
objetividade em seu discurso, afastando-se do seu ato de comunicação, em um comportamento
delocutivo. Esses modos de enunciar são acompanhados de vocábulos e expressões
axiológicas, com destaque para recursos linguísticos que indicam níveis distintos de impolidez
e violência verbal. Por fim, verificou-se que o emprego dos mecanismos supracitados mantém
estreita relação com a construção diversificada do ethos de si e do outro na configuração
textual dos comentários, revelando, por assim dizer, a intrínseca relação entre aspectos
enunciativos, linguísticos e discursivos na formulação axiológica e interacional dos sentidos.

Palavras-chave: Comentário virtual, polêmica, argumentação.

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MODOS MULTISSEMIÓTICOS DO GÊNERO CHARGE NO PERÍODO PANDÊMICO

Emanuel Teixeira da Silva (UNIMONTES)


Samuel Parrela Braga (UNIMONTES)

Resumo: Este estudo, advindo do projeto de pesquisa de iniciação científica voluntária “A


Construção de Sentidos no Gênero Charge no Período Pandêmico” (edital PRP 7/22), objetiva
a análise sociossemiótica de diferentes multimodos de leitura crítica desse gênero na educação
básica. Para atingir tal propósito, utilizamos como arcabouço teórico-metodológico a Gramática
Sistêmico-Funcional de Halliday e Matthiessen (2004), selecionando as seguintes categorias
analíticas: os contextos, as variáveis sociossemióticas do contexto de situação, os processos,
as circunstâncias e os participantes (sistema de transitividade da metafunção ideacional), bem
como as proposições e propostas (sistema de modo e modalidade da metafunção interpessoal).
Nesse sentido, buscamos realizar uma leitura crítica do gênero charge, lançando mão das
ferramentas de análise dessa teoria, na utilização de uma gramática que opera no nível (extra)
linguístico, ao pensar o texto como dependente de um contexto sociocultural, permitindo ao
aluno olhar não apenas para a estrutura da linguagem, mas também para a função
desempenhada por ela. A escolha do gênero charge justifica-se pela possibilidade de ele
demonstrar como a linguagem pode operar em um dado contexto, podendo ser utilizada para
codificar experiências, estabelecer relações e/ou expressar conteúdos, desempenhando um
papel social: o de propor uma reflexão quanto ao contexto em que estamos inseridos, ainda
com reflexos da pandemia. Metodologicamente, por uma análise qualitativo-interpretativista,
selecionamos uma charge inserida no contexto pandêmico acarretado pela COVID-19, alocada
na mídia digital. Como resultados, esperamos demonstrar como diferentes escolhas
linguísticas, realizadas pelo chargista, configuram-se conforme as intencionalidades discursivas
dele. Buscamos, ainda, contribuir para a compreensão crítica de diferentes sentidos e
ideologias que está para além da superfície léxicogramatical do texto, buscando instigar uma
leitura mais responsiva por parte dos alunos, bem como a perspicácia para a identificação de
intenções manifestas nos diferentes textos multimodais que são veiculados na sociedade.

Palavras-chave: Textos multimodais. Gênero charge. Pandemia.

LIÇÕES DE TRABALHO COM O TEXTO EM SALA DE AULA

Natalia Moraes Cardoso (UFPA)

Resumo: No presente trabalho, que é um recorte de nossa tese de doutoramento em


andamento, apresentamos uma discussão acerca de como o procedimento de reescrita pode
se modular conforme cada produção escrita, imprimindo um objetivo diferente para cada texto.
Dentro da concepção de linguagem como trabalho que ocorre na interação, esta entendida
aqui como produtora de compromissos entre os sujeitos que não se fazem pré-existentes a
ela, mas com ela – a interação. Nesse sentido, ao dar visibilidade ao trabalho linguístico
desempenhado pelo aprendiz e, nessa esteira pressupor o também linguístico trabalho do
professor em suas ações sobre o texto em construção, pode-se fazer o estudante perceber e
regular aspectos da sua leitura e escrita, de modo a construir uma postura mais analítica diante
de seu próprio texto. Uma das formas mais visíveis dessas duas ações, do aprendiz e do
professor, sobre o texto é o procedimento de reescrita. A reescrita aqui é assumida como parte
integrante do processo de escrita, em que o sujeito age sobre o texto por meio de operações
linguísticas diferenciadas as quais não deixam de incluir o cálculo do outro em cada linha
escrita. Para fins metodológicos, utilizamos para analisar os dados do corpus a metáfora das
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lições necessárias à conquista da singularidade na escrita, proposta por Riolfi e Barzotto
(2011). Do corpus composto por vinte e três produções escritas por alunos de uma turma de
9º ano do ensino fundamental, trazemos três escritos que nos ajuda a demonstrar como o
professor pode propor diferentes formas de trabalhar com a reescrita para além de práticas
como: “passar o texto a limpo” ou até mesmo “produzir um texto novo”, bastantes comuns no
cotidiano da sala de aula de língua portuguesa. As categorias propostas para a análise são as
seguintes: (Re)escrita como organização do dizer; (Re)escrita processo recursivo; (Re)escrita
como reposicionamento subjetivo. Para empreender a discussão, o aporte teórico conjuga
autores e autoras como: Bakhtin (2012), Geraldi (1984; 2015; 2019), Riolfi (2011), Fairchild
(2014), a partir desses estudiosos consideramos que o processo de escrita é um processo no
qual subjetividades são mobilizadas, mediante as diferenciadas relações construídas em um
cenário de ensino e aprendizagem. Tal percepção é construída por meio de procedimentos
metodológicos pautados no paradigma indiciário de Ginzburg (1999). Os resultados,
esboçados por meio três das lições, talvez, ajude a compreender o ato de escrever na escola,
num primeiro estágio, como um “ato de sofrimento consentido” seguindo-se para o estágio
que se torne uma via de mão dupla em que o sofrimento tem e não tem sentido.

Palavras-chave: Ensino de escrita; (Re)escrita; Singularidade.

PROJETO MINHA TERRA TEM: EXPOSIÇÃO VIRTUAL SOBRE O BICENTENÁRIO DO POETA


GONÇALVES DIAS E O ENSINO DE LITERATURA

Jeyciane Elizabeth Sá Santos (IEMA)

Resumo: Com o título “Minha Terra Tem” inspirado na Canção do Exílio, que começa com os
versos "Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá", um dos poemas líricos mais conhecidos
do poeta romântico maranhense Gonçalves Dias, publicado em 1857 no livro Primeiros Cantos.
A pesquisa busca apresentar o projeto a partir de reflexões sobre o processo de ensino e
aprendizagem de literatura com uso de novas tecnologias disponíveis no contexto educacional.
Para tanto, utiliza-se do desenvolvimento de uma exposição virtual organizada por estudantes
do 1º ano em homenagem ao bicentenário do nascimento do poeta. Desenvolvida no Instituto
Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA/Gonçalves Dias), localizado no
município de São Luís-MA. O objetivo da pesquisa é tornar atrativo o ensino de literatura,
despertar nos alunos a busca por informações de fatos que marcaram a vida e obra do autor
que dá nome à escola e proporcionar o estímulo à leitura de forma criativa. As estratégias de
ação apresentadas partiram da utilização de livros assim como o universo online por meio do
acesso aos conteúdos disponibilizados no youtube sobre a biografia de Gonçalves Dias como
também vídeo-aulas que explicam como desenvolver a exposição virtual utilizando a ferramenta
artsteps (https://www.artsteps.com/), além de exercitar a escrita de descrições, gravar áudios
curtos com informações que completam as obras do acervo. Com olhar fundamentado nas
reflexões realizadas por teóricos da comunicação sobre práticas comunicativas (FRANÇA,
2004); O que é o virtual? (LEVY, 1996); Jornalismo, memória e história na era digital
(PALÁCIOS, 2014); literatura e globalização (SANTOS, 2011); O perigo de uma história única
(ADICHIE, 2019). De caráter qualitativo (DESLAURIERS; KÉRISIT, 2008), neste primeiro
momento, a investigação parte de uma consulta bibliográfica, estudo documental, observação
direta, ao final, apresenta-se análises e discussões dos registros diários mantidos tanto pela
professora-pesquisadora quanto pelos estudantes sobre suas vivências.

Palavras-chave: Literatura. Comunicação Ensino. Tecnologia.

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GÊNEROS MULTIMODAIS E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Leandro de Assis Nascimento dos Santos (UFMA)

Resumo: Habilidades e competências são desafios enfrentados pelos professores e alunos no


intuito de alcançarem qualidade no processo educacional, sobretudo, na utilização de textos
multimodais. Além disso, o cenário hipermoderno, influenciado pelas novas tecnologias
digitais, é um aspecto social marcante para a crescente produção e contato com esses gêneros.
Por isso, o modo de se comunicar está em constante mudança, pois a ascensão da imagem na
era digital tem tornado a leitura cada vez mais multimodal, isto é, os textos produzidos não se
limitam a uma estrutura verbal apenas, mas se utilizam de uma variedade de modos de
construção textual, como imagens - sendo elas estáticas ou animadas - som, vídeo, etc. Tais
mudanças na sociedade requerem transformações também na escola, especialmente no que
tange ao desenvolvimento de habilidades de leitura e interpretação dos alunos. Nesse sentido,
o objetivo geral desta pesquisa é investigar se o ensino de língua portuguesa tem contemplado
a multimodalidade de forma a desenvolver a competência leitora e interpretativa dos alunos
sob a perspectiva dos multiletramentos. A fundamentação teórica está ancorada,
principalmente, nos pressupostos bakhtinianos acerca dos gêneros discursivos como real
unidade da comunicação (BAKHTIN, 2003); multiletramentos; (ROJO, 2012: 2015);
multimodalidade (KRESS E VAN LEEUWEN 1996); gêneros e compreensão textual (MARCUSCHI,
2000: 2008), dentre outros. Haja vista que há um problema coletivo e existe um interesse em
encontrar medidas para enfrentá-lo, essa investigação é qualitativa, pois propõe apresentar
discussões acerca do ensino de língua portuguesa (PRODANOV & FREITAS, 2013). O corpus é
composto por questionários aplicados a alunos da 3° série do ensino médio de uma escola
pública, no município de Miranda do Norte, Maranhão. Os resultados apontam que muitos
alunos têm dificuldades para expor um posicionamento crítico acerca de determinado texto, e
isso se agrava ainda mais quando se trata de um gênero multimodal, principalmente no que
se refere à análise de elementos implícitos.

Palavras-chave: Gêneros discursivos, multimodalidade, ensino de LP.

A IDENTIDADE DOS CODOENSE A PARTIR DA FIGURA LENDÁRIA DE MESTRE BITA DO BARÃO

Raiane Silva Lima (UFMA)

Resumo: A cidade de Codó-MA é conhecida por sua cultura acentuada das religiões de matrizes
africana, possuindo em seu território muitos terreiros e o mais conhecido é o Rainha de Imanjá
do pai de santo Mestre Bita do Barão (in memória). Nessa perspectiva essas ideias
preconcebidas tendem-se a enraizar dentro da sociedade reforçando a identidade mística
popular que na cidade de Codó-MA, tem-se a generalização da religiosidade do povo, por meio
de um conjunto de ideias estereotipadas caracterizando a população local como praticante
deste tipo de expressão religiosa. É necessário ressaltar que outras religiões também se fazem
presentes dentro desse cenário religioso, tais como: protestantes, loja maçônica e espírita; cada
qual seguindo a sua doutrina sendo propagada de várias maneiras, por meio de pregações,
opinião de pessoas, ensinamentos, textos de obras, sendo assim catequizados como uma forma
de doutrina a ser seguida. A investigação sobre a identidade da população codoense está
centrada no conceito de diferente que estão associado as relações de poder e
representatividade como afirma Silva (2000) “Quem tem o poder de representar tem o poder
de definir e determinar a identidade”. O trabalho tem como objetivo de: Analisar a identidade
do codoense a partir das culturas religiosas praticadas no município. Conhecer a cultura
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codoense que disseminou o conhecimento local por todo país. Caracterizar a religiosidade do
município da qual ficou empregada esse secretismo religioso. Buscar a importância dos
terreiros e a figura lendária de Mestre Bita do Barão para a caracterização de terra de
macumbeiros. E o estudo sobre a identidade codoense consistirá por meio da análise de obras,
sites e revistas para a construção identitária do local que o município está inserido.

Palavras-chave: Cultura, Codó, Religiosidade.

TEOR TESTEMUNHAL NO POEMA MORTE E VIDA SEVERINA, DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO

Maria Fatima Paula dos Santos (UFPA)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo trazer reflexões a partir do poema Morte e Vida
Severina- Auto de Natal Pernambucano, texto escrito entre 1954 e 1955, de João Cabral de
Melo Neto sob o viés do teor testemunhal. Esse poema é marcado por uma linguagem poética
que imprime denúncia social, no prisma do fazer poético, que se une a uma postura crítica e
comprometida com a realidade vivida pelas personagens, conferindo ao poema um caráter
testemunhal e contestador. Para tal, Melo Neto utiliza uma linguagem objetiva e concisa com
emprego de versos curtos e precisos, com vocábulo simples buscando transmitir a realidade
despojada da saga do retirante que sai da Serra da Costela para Recife em busca de uma vida
melhor. Para realização deste trabalho usamos suportes impressos e digitais de autores como:
Nunes (1974), Sarmento-Pantoja (2019/2021), Seligmann-Silva (2001/2003), Secchin (2020),
dentre outros que teorizam sobre a literatura de testemunho sob o viés do teor testemunhal.
Nesse sentido, observamos o teor testemunhal no poema Morte e Vida Severina, quando o
retirante narra sua saga durante seu trajeto, e segue à procura pela vida, mas encontra a morte.
A cada passo a esperança, mas ao mesmo tempo é renovada pela morte porque a vida do
retirante é miserável. Com esse jogo, Melo Neto enfatiza a contundência da mensagem que
confere uma força poética singular ao poema. Outra, nas últimas cenas do poema, o retirante
deixa de se apresentar e passa a ser espectador, momento da apresentação do nascimento da
criança, um sinal de prosperidade. Além do mais, o poema aborda a importância de preservar
as tradições populares, mesmo em meio à adversidade. Rompe com estereótipos e expõe a
crueldade das desigualdades sociais. Portanto, esse poema de gesto testemunhal, pois, não só
testemunha sobre a vida do Severino, como também de outros Severinos anônimos.

Palavras-chave: Morte e Vida Severina, Teor testemunhal, João.

UMA ANÁLISE TRIDIMENSIONAL FAIRCLOUGHIANA DO CONTO LOFOTE E SUA MÃE, DE


ANTÔNIO CARLOS VIANA

Maria Oscilene de Souza Fonseca (UFS)

Resumo: A presente análise tem como objeto de estudo o conto Lofote e sua Mãe, que faz
parte da obra Aberto está o Inferno (2004), do escritor sergipano Antônio Carlos Viana (1944-
2016). Nosso trabalho justifica-se e fundamenta-se na concepção de que a literatura é um
instrumento de denúncia das relações (abusivas) de poder, cujas assimetrias de um grupo social
a outro tornam-se produto de ideologias capitalistas. Em um intuito multidisciplinar, a pesquisa
está centrada na Análise Crítica do discurso, ACD, mas valoriza também percepções da leitura
e do leitor. Serão abordadas determinadas estratégias ficcionais, tais como o “repertório”,
“efeito estético”. No campo do discurso, mais especificamente, importa problematizar os liames
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do discurso direto e discurso indireto. Iremos averiguar que o discurso incorpora significações
para manter, e não aleatoriamente, a hegemonia e suas relações de poder, em que o discurso
é concebido como um produto ideológico a serviço desta hegemonia. O estudo está
estruturado na pesquisa bibliográfica de caráter documental, cuja metodologia é de caráter
exploratório, em que faz uso de recursos bibliográficos. O estudo pressupõe, portanto, que
existe uma hegemonia ideológico-estética que controla, de certa forma, a produção e
distribuição do discurso literário. A abordagem está centralizada, portanto, no “modelo
tridimensional” faircloughiana, que engloba a prática social, a prática discursiva e a prática
textual. Os aspectos formais da língua então são interpretados na junção entre a prática textual
e a social, diante da qual se insere uma metodologia sociocultural da comunicação. Nesse
âmbito, a ACD formula uma corrente crítica de pensamento para combater desigualdades e
práticas arcaizantes que aprisionam o discurso em um determinado tempo e circunstância.
Determinados teóricos, portanto, são fundamentais para compor os objetivos desta pesquisa:
o linguista britânico Norman Fairclough (1941-), o crítico literário alemão Wolfgang Iser (1926-
2007) e o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984). Nossa pesquisa dialoga com outros
pesquisadores de temas afins e com a fortuna crítica de Viana, cujas entrevistas estão centradas
na obra deste autor.

Palavras-chave: Assimetria, exclusão, hegemonia, repertório.

SENHOR DAS MOSCAS: UMA ALEGORIA DO CAOS INFERNAL

Giovanna Cordeiro Saldanha Braga (UEMA)

Resumo: Gostaríamos de aqui trazer a obra Senhor das Moscas, escrita pelo britânico William
Golding, e trazer considerações acerca do título da obra e o porquê de ter sido intitulada tal
como foi. Para isso, precisaremos retomar ao Antigo Testamento, no Livro de Reis 1, momento
em que vemos pela primeira vez a figura do Baal-Zebube: “E caiu Acazias pelas grades de um
quarto alto, que tinha em Samaria, e adoeceu; e enviou mensageiros, e disse-lhes: Ide, e
perguntai a Baal-Zebube, deus de Ecrom, se sararei desta doença” (1Rs 1:2). Quando
pesquisamos a origem do deus de Ecrom, ou Baal-Zebube, verificamos que este é de origem
filisteia, cujo significado é a junção de duas palavras: Baal, que significa Divindade, Senhor;
Zebub, por sua vez, significa pestilência, mosca. Dessa forma, temos que a origem do termo
Senhor das Moscas se liga à figura do deus de Ecrom, o qual, nos tempos do Antigo
Testamento, era considerado como a divindade que trazia doenças através de pestes – como
as moscas, e se faziam preces a fim de que se obtivesse a cura dessas enfermidades. Esse
termo, no Novo Testamento, passou a ser escrito como Belzebu, e atribuiu-se o seu poder ao
maligno, atrelado ao obscuro Satanás. Ao falar sobre os milagres que Jesus realizou, vemos
em Mateus 9:34: “Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos
demônios”, e o príncipe seria Belzebu, tal como encontramos em Mateus 12:24, quando os
fariseus não creem que existe um Deus de Milagres: “(...) Este não expulsa os demônios senão
por Belzebu, príncipe dos demônios”. Assim, temos que Belzebu passa a ser uma entidade
atrelada a Satanás, uma espécie de princípe do Inferno. Analisado o termo título da obra,
podemos questionar a sua pertinência. Fato é que a situação que encontramos em Senhor das
Moscas pode, perfeitamente, aproximar-se de uma alegoria apocalíptica: temos crianças
perdidas numa ilha, desprovidos de qualquer questão moral ou jurídica, as quais farão de tudo
para sobreviver – nesse ínterim, caçam porcos para a alimentação. O ponto que troca-se a
civilidade pela barbárie faz com que o clima inicial, ao estilo de Gênesis – um paraíso –, torne-
se o caos através da violência e do fogo. Acerca do próprio deus do Ecrom, ele faz sua aparição
para o personagem Simon, que consegue ver Belzebu em uma cabeça de porco completamente
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tomada por moscas, a qual está espetada em uma lança. Naquele momento, há a certeza que
o maligno tomou conta da ilha: “Estou avisando. E vou ficar com raiva. Está entendendo?
Ninguém aqui quer você. Está claro? A gente vai se divertir nessa ilha. Então nem pense em
tentar nada, meu pobre menino perdido, senão –” (GOLDING, 2014, p. 158). Nesse trecho,
temos a pestilência, o inferno instaurado, a desesperança e o domínio do indizível nesse
romance: o horror que se segue é somente a concretização daquilo que o título já advertiu, e
os meninos que ali se encontram são apenas marionetes do próprio caos – apenas instrumentos
de Belzebu.

Palavras-chave: Senhor das Moscas, Belzebu, Obscuridade, Caos.

O ESPAÇO: UMA ANÁLISE COMPARADA DAS OBRAS "CAROLINA" EM HQ DE SIRLENE


BARBOSA E JOÃO PINHEIRO E O "QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA" DE
CAROLINA MARIA DE JESUS

Silmayra Pinto Lima (UFMA)

Resumo: Este trabalho pretende realizar uma análise por meio do método comparado, de
aspectos espaciais das obras “Carolina" em HQ (história em quadrinhos) de Sirlene Barbosa e
João Pinheiro e o "Quarto de despejo: diário de uma favelada" de Carolina Maria de Jesus,
através de fortunas teóricas e críticas que abarquem a topoanálise dentro das descrições do
ambiente encontradas nas produções artísticas citadas. Ambas as obras tratam sobre as
vivências e experiências de Carolina Maria de Jesus, seja na favela, seja no centro urbano de
São Paulo e é percebido como esses locais podem ser representativos dentro do
desenvolvimento interpretativo da história narrada. Nas histórias lidas, o quarto de despejo se
configura como ambiente metafórico de marginalização, e a cidade, como local palpável da
civilização e modelo ideal de moradia. A temática escolhida emana da inquietação, baseada na
pergunta-problema, norteadora da investigação e desenvolvimento desta pesquisa: Como
ocorre a representação simbólica do espaço físico e social nas obras “Carolina” e “Quarto do
despejo: diário de uma favelada”? Dessa forma, ao comparar o diário e o HQ, utiliza-se uma
ferramenta oriunda e estrutural do pensamento humano, além de ser base do aparelhamento
cultural, tendo como meta considerar os aspectos contrapostos em suas similitudes e
distinções (CARVALHAL, 1986). Nessa perspectiva, a análise insurgi das discussões a partir de
autores que abordam a influência e significações do espaço na obra literária, tais como:
BACHELARD, 2008; JAMESON, 2006; LINS, 1976, atuando como embasamento para
verificação das composições do espaço realizadas pelos autores em um universo simbólico,
físico e social. Ao analisar o espaço nas obras mencionadas aqui, é possível compreender e
interpretar o teor testemunhal de Carolina Maria de Jesus, não só no eixo literário, contudo em
suas vertentes de denúncia social, política e cultural dos locais onde ela se faz presente, mesmo
que não esteja, de fato, incluída.

Palavras-chave: Topoanálise, Carolina, Espaço, Favela, São Paulo.

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UM VIÉS MULTISSEMIÓTICO NA ANÁLISE DE RELAÇÕES DE PODER NO GÊNERO FILME

Maria Gabriela de Souza (Unimontes)


Maria Clara Gonçalves Ramos (Unimontes))

Resumo: Neste estudo, fruto do projeto de pesquisa O Gênero Filme como Atividade
Sociossemiótica na Mídia Digital (edital PRP 7/22), desenvolvido na Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes), objetivamos analisar como a produção de sentidos por meio do
uso de multimodos sociossemióticos pode agregar o ensino básico, em um recorte de cenas
fílmicas brasileiras, do longa nacional “Bacurau” (2019), que denunciam a estratificação social.
Metodologicamente, de cunho descritivo e interpretativo-qualitativo, com o aporte teórico da
Semiótica Social (HODGE; KRESS, 1988), sob o viés da Gramática Sistêmico-Funcional, com
foco no sistema extralinguístico (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014 [2004]), e da Gramática do
Design Visual, a partir das ferramentas analíticas dos significados representacionais, interativos
e composicionais, (KRESS; VAN LEEUWEN, 2021 [1996]). Justifica-se a relevância deste estudo
por buscar desenvolver o letramento visual crítico nos alunos, refletindo sobre como a
hibridização linguística atua no desvelamento de relações hegemônicas de poder, como a
resistência do povo brasileiro marginalizado que luta e resiste historicamente às artimanhas
do sistema capitalista e opressor. Ademais, por buscar promover o desenvolvimento da leitura
crítica de filmes nacionais, pensando na valorização do cinema e dos filmes para o
estabelecimento de uma sociedade capaz de fruir a arte, refletir e associá-la como ferramenta
também de denúncia social. Nesse viés, a leitura multimodal possibilita a criação de relações
de sentido estabelecidas pelos produtores do discurso e espectadores, articulando questões
regionais, étnicas, socioculturais, econômicas e políticas que circundam as realidades dos
discentes. Como resultados, a pesquisa busca estimular a importância de se analisar e refletir
acerca de diferentes estratégias sociossemióticas que (re) constroem um texto inserido
contextualmente numa cultura e marcado por ideologias, ampliando possibilidades outras de
sentido articuladas pelos alunos, na tentativa de transformar a sociedade, formando cidadãos
mais engajados na luta contra heranças históricas que marginalizam e inviabilizam a identidade
de minorias.

Palavras-chave: Sociossemiótica, Gênero filme, Relações de poder.

A INFLUÊNCIA DA ADJETIVAÇÃO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA FEMININA

Ludimila Silva de Almeida (UEMA)

Resumo: O discurso publicitário se utiliza dos mais variados recursos linguísticos e


multissemióticos (ROJO, 2013) para tentar persuadir o seu enunciatário a adquirir um produto
ou um serviço. No entanto, é preciso destacarmos que todo produto traz consigo uma ideia ou
ideologia (BRANDÃO, 2004), isto é, uma maneira de pensar que reflete o comportamento de
uma determinada época. Em se tratando do “ideal” de beleza feminina, constatamos que o
discurso publicitário tem se utilizado de variados recursos linguístico-discursivos para propagar
o que a sociedade entende como “corpo feminino ideal”. Dentre esses recursos, destacamos o
uso dos adjetivos e os seus efeitos de sentido. Para Mattoso Câmara (2007), os adjetivos são
os elementos gramaticais mais afetivos, pois eles demonstram a relação subjetiva entre o
locutor e o referente e o engajamento afetivo do locutor que o utiliza para fazer avaliações,
julgamentos, apreciar, depreciar, valorizar ou desvalorizar um sujeito e/ou objeto. Com o
objetivo de discutirmos o processo de adjetivação utilizado pelos publicitários para se referir
à mulher e ao corpo feminino em diferentes épocas, esta comunicação pretende refletir sobre
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a análise de quatro anúncios publicitários para mostrar como ocorreu a construção das
identidades femininas feitas pelos anunciantes. A metodologia utilizada é de cunho
bibliográfico e qualitativo. A análise dos anúncios publicitários revelou que os adjetivos
empregados para fazer referência à mulher, geralmente, são pejorativos e estão associados a
uma sociedade machista, isto é, a mulher deve sempre priorizar ter um corpo que agrade ao
homem/marido. Os adjetivos empregados nas construções textuais, bem como as ideologias,
variaram de uma época para outra. Algumas vezes, o ideal de beleza é o de uma mulher
“robusta” e, em outras, o de uma mulher “esbelta”. Em suma, essa variação do ideal de beleza
feminina foi marcada pelos anunciantes por meio do uso de expressões comparativas como
“mulheres magras de nascença versus criaturas fortes e cheias de vida” e “contraste [entre
mulher gorda e esbelta] que ridiculariza”.

Palavras-chave: Seleção lexical, Adjetivação, Discurso publicitário.

NO TOQUE DO TERECÔ: UMA PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIO DO LÉXICO


ESPECIALIZADO DO TERECÔ, EM CODÓ-MA

Laryssa Francisca Moraes Porto (UFMA)

Resumo: O léxico do discurso especializado carrega as manifestações culturais, identitária e as


ideologias de um grupo. Ao estudar as unidades lexicais que compõem a linguagem
especializada do terecô- religião de matriz africana praticada, principalmente, no interior do
estado do Maranhão- adentramos na conceptualização de mundo dos sujeitos praticantes de
terecô. Esta investigação delimitou-se na cidade de Codó-MA, pois é considerada o berço do
terecô no estado (Ahlert, 2012). O presente estudo, ainda em andamento, possui um caráter
etnográfico, qualitativo e descritivo e tem como objetivo principal produzir um glossário
etnoterminológico da linguagem especializada dos terecozeiros em Codó-MA. Como objetivos
específicos, estabeleceu-se (i) levantar as especificidades denominativas e conceptuais do
terecô, em Codó-MA e ii) produzir um glossário etnoterminológico. Para fundamentar esta
pesquisa, foram usados os trabalhos de Ferretti (2001; 2007); Araújo (200); Ahlert
(2012;2013); Centriny (2015); Gomes (2015); Lima (2019). No que diz respeito aos aspectos
linguísticos utilizamos a Terminologia (Cabré, 2005; Krieger, 2000; Araújo, 2015), Semiótica
das Culturas (Pais, 2009; Greimas, 2000; Fiorin, 2021) e Etnoterminologia (Barbosa, 2000,
2004, 2007; Silva, 2009; Latorre, 2011, Santos, 2013, Porto, 2020). Metodologicamente,
foram feitas pesquisas bibliográficas, em seguida, fizemos entrevistas com base no
questionário etnoterminológico composto de 47 questões aplicado aos oito
terecozeiros/umbandistas distribuídos igualmente entre os sexos masculino e feminino com o
seguinte perfil: nascidos em Codó-MA e que não tenham passado mais de ? de sua vida em
outra localidade; praticantes de terecô há mais de 10 anos e que desenvolvem atividades nos
terreiros que frequentam. Como critério de seleção dos terreiros visitados, demos importância,
neste estudo, para aqueles que tenham mais de dez anos de fundação. A entrevista foi gravada
em áudio e transcrita ortograficamente. Antes da aplicação do questionário, os colaboradores
leem e assinam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após as entrevistas
gravadas em formato Mp3, os vocábulos-termos foram organizados por meio de fichas
etnoterminológicas e, por fim, será construído um glossário etnoterminológico a partir da visão
de mundo dos terecozeiros/umbandistas de Codó-MA. Como resultados, os dados mostraram
que a unidade lexical guna apresenta as acepções mourão, força da casa, assentamento, quarto
de segredo.

Palavras-chave: NO TOQUE DO TERECÔ: uma proposta de elaboração.


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A EXPRESSÃO VARIÁVEL DO IMPERATIVO GRAMATICAL NO MARANHÃO

Matheus da Silva Lopes (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa é um recorte da realidade linguística no estado do Maranhão, que tem
por tema a variação de sentenças imperativas. Por meio dos dados coletados pelo Projeto Atlas
Linguístico do Maranhão - ALiMA, buscamos investigar a variação do modo imperativo utilizado
na construção de sentenças em Língua Portuguesa: o imperativo verdadeiro e o imperativo
supletivo (SCHERRE, 2007). À luz das teorias da Dialetologia e da Sociolinguística, aqui
representadas por Cardoso (2010), Labov (2008 [1972]), Scherre et al (2007), entre outros,
objetivamos mapear a variação das sentenças imperativas no Maranhão, considerando variáveis
sociais e linguísticas. A metodologia de coleta e análise dos dados segue os percursos traçados
pelos projetos ALiMA e VarSint, sendo o primeiro a base de dados da qual o corpus foi extraído
e o segundo, o projeto de pesquisa com o qual se estabelece uma interface teórico-
metodológica e prática, ao qual o estudo está vinculado. A pesquisa envolve cinco municípios
maranhenses, a saber: Alto Parnaíba, Bacabal, Caxias, Imperatriz e São Luís. Esta última, a
capital do estado, merece atenção especial devido ao número de informantes e à divisão em
duas escolaridades distintas, diferentemente das demais localidades. Os resultados obtidos
evidenciam que o estado do Maranhão utiliza majoritariamente o imperativo verdadeiro, dado
o expressivo número de sentenças com essa forma no corpus. Além disso, após rodadas
estatísticas realizadas no programa GoldVarb X, constatamos que as variáveis sexo, polaridade
da sentença e faixa etária são as que mais influenciam no fenômeno investigado. Para a variável
sexo, identificamos que os homens fazem maior uso do imperativo verdadeiro; já para a variável
polaridade da sentença, os dados apontam que essa forma imperativa é majoritariamente
favorecida por sentenças afirmativas; por fim, para a faixa etária, constatamos que os
informantes entre 50 e 65 anos utilizam o imperativo verdadeiro de forma mais acentuada do
que os informantes com idade entre 18 e 35 anos. Dessa forma, o estudo por nós empreendido
representa mais um passo na representação do estado dentro do panorama nacional das
pesquisas sobre variação linguística e pode servir de embasamento para futuras investigações
acerca do mesmo tema.

Palavras-chave: Dialetologia, Sociolinguística, imperativo.

O FASCISMO EM HARRY POTTER: A REPRESENTAÇÃO DO TOTALITARISMO EM UMA


NARRATIVA JUVENIL

Gabriela Cristina Barros Nascimento (UEMA)

Resumo: Harry Potter é uma saga de livros infanto-juvenil mundialmente conhecida, publicada
de 1997 a 2007 no Reino Unido pela escritora britânica Joanne Kathleen Rowling. Nestes
livros, que se enquadram no gênero do fantástico-maravilhoso, segundo as teorias de Todorov
(2017), temos a história de um garoto órfão, que vive com os tios em Surrey, e que no seu
aniversário de 11 anos descobre que na verdade é um bruxo e deve passar a frequentar a
Escola de Magia de Bruxaria de Hogwarts. Lá, Harry descobre mais sobre o mundo mágico e o
papel que deve desempenhar na luta contra as Artes das Trevas, que ganham ascensão
gradativa no mundo bruxo, com a dominação social, a ideologia preconceituosa sendo
disseminada e normalizada e a opressão baseada na raça. Na saga, a crítica ao racismo, à
xenofobia, às fake news (bem antes de esse termo alcançar a popularidade que possui hoje),
ao negacionismo e especialmente aos regimes fascistas que dominaram a Europa no século XX
tem sua representação no ciclo de Lorde Voldermort e os Comensais da Morte, seus
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seguidores. É muito pertinente ressaltar a forma como é feita essa representação, de forma
gradativa, com detalhes e informações plantados nos diálogos de forma que o leitor absorve
o que está acontecendo no mundo bruxo de forma sutil; é como acontece com a ascensão dos
regimes totalitários/fascistas também fora da ficção, haja vista que essas ideologias (que nunca
se extinguem totalmente, mas sempre se renovam em preconceito e tentativas de segregação)
ascendem e conquistam seguidores de forma que muitas pessoas não percebem o que está
acontecendo, até que as mudanças politico-sociais já tomaram muita dimensão. Portanto, o
objetivo deste trabalho é analisar a representação do fascismo na obra e as implicações, bem
como correlacionar com a realidade. Para as observações e estudos acerca do tema, busca-se
ancoragem teórica em Bettelheim (2021), Cândido (2006), Coelho (2002), Eco (2018), Stanley
(2018) e Todorov (2017), além dos livros de J. K. Rowling.

Palavras-chave: fascismo, literatura fantástica, harry potter.

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E ENSINO: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA NO 6° ANO DO FUNDAMENTAL

Yara Gonçalves leite Sousa (UFMA)

Resumo: Este trabalho surgiu a partir de uma atividade proposta na disciplina de História da
Língua portuguesa, Ministrada pela professora Dra. Valnecy Oliveira Corrêa Santos no 4º
Período do curso de letras. A tarefa consiste na produção de um texto de opinião com base
no que foi dialogado em sala de aula sobre história da Língua e Ensino aprendizagem de
Língua Portuguesa em paralelo ao que se observou durante o estudo de campo realizado para
disciplina de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa l, ministrada pela Professora Dra.
Mariana Ribeiro Oliveira. As observações foram registradas em diários de campo e para
execução desta tarefa foram observadas 20 horas-aulas, no 6° ano do Ensino Fundamental em
uma escola da rede pública situada no município de Bacabal-MA. Diante do exposto
buscaremos entender: Em relação ao ensino de língua portuguesa, qual seria a função do
professor (a)? Assim, nosso objetivo é estabelecer uma discussão entre o ensino de gramática
e o que foi observado na escola com base, no respaldo teórico de: Leme Britto (2003) em "o
Normativismo linguístico x democracia", Geraldi (1984) em seu livro "O texto na sala de aula"
e Ilari e Basso (2014) "O português da gente: a língua que estudamos e falamos", os quais,
dialogam sobre o ensino de gramática e propõem práticas contextualizadas, tendo o texto
como unidade básica. Dessa forma, observamos quais são os conceitos gramaticais trabalhados
nas aulas assistidas com intuito de analisar se o ensino ainda é baseado na norma, bem como,
na prescrição linguística, apesar do avanço dos estudos linguísticos acerca do texto e das
abordagens feitas nos cursos de licenciatura em Letras-Português. Nessa perspectiva, faz-se
necessário um breve apanhado histórico para compreender sobre como todo esse complexo
processo histórico influenciou no ensino atual, além de entender sobre a imposição da língua
portuguesa e língua nacional e de como o colonizador utilizou-se disso como instrumento de
implementação de dominação a nível de silenciar as demais Línguas e a perspectiva de um
possível bilinguismo.

Palavras-chave: Ensino de Gramática; História da Língua Portuguesa.

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A REPRESENTAÇÃO DA TRAVESTI DA TERCEIRA IDADE, UMA ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO
DIVINAS DIVAS (2016)

Jorge da Silva Moreira (UFMA)

Resumo: O presente trabalho visou analisar a representação das travestis de terceira idade no
documentário “Divinas Divas” (2016) dirigido por Leandra Leal e ora disponibilizado na Netflix
e em outras plataformas digitais. O documentário dirigido pela atriz e herdeira do Teatro Rival
expõe a vida e trajetória das travestis e artistas lendárias que brilharam e encantaram os palcos
das casas noturnas dos anos de 1960, inclusive do Rival. A partir das narrativas de artistas
como Rogéria, Divina Valéria, Camille K, Marquesa, Fujika de Holliday, Jane Di Castro, Eloína
dos Leopardos e Brigitte de Búzios foi possível constatar de perto como era a realidade de
quem possuía um corpo transformista, e ainda mais, de quem decidiu viver da arte queer
naquele período. Além desses tópicos, o principal, foi verificar por meio das falas das travestis,
como a questão da idade modificou suas vidas. Como os seus corpos recebem desejos após
os 50 anos e ainda, como a sociedade vê o sujeito homoafetivo depois de chegar à velhice. A
pesquisa, caracteriza-se como qualitativa e de cunho bibliográfico e documental tendo como
suporte autores como Trevisan (2018), Butler (2016), Mota (2019), Oliveira (2019), Henning
(2013) e o documentário.

Palavras-chave: Travestis; Velhice; Arte Querr; Homoafetividade.

OS PROCESSOS COGNITIVOS DE DOMÍNIO GERAL NA FORMAÇÃO DE IDIOMATISMOS

Ana Ligia Scaldelai Salles (UNESP/IBILCE)

Resumo: Tomando como base os pressupostos teóricos da Linguística Funcional (BYBEE, 2016
[2010]; FURTADO DA CUNHA; BISPO; SILVA, 2013) e dos modelos construcionistas baseados
no uso (TRAUGOTT E TROUSDALE, 2021 [2013]), o presente trabalho visa analisar como os
processos cognitivos de domínio geral, a saber categorização, chunking, memória enriquecida,
analogia e associação transmodal atuam na formação dos idiomatismos. Estes, por sua vez,
são reconhecidos por se constituírem como uma construção particular à sua língua que
carregam consigo um sentido conotativo, isto é, em que seu significado parte do todo e não
de cada item isolado. Na abordagem em questão, a estrutura linguística não é vista como inata,
mas derivada de processos cognitivos de domínio geral inerentes à cognição humana. Para
Bybee (2016 [2010]), esses processos cognitivos de domínio geral estão sempre presentes
nos usos efetivos que o falante faz da língua, mas também se mostram operantes em outras
áreas da cognição humana, sendo responsáveis pela forma como a língua se estrutura e pela
maneira como ela muda. Constata-se, assim, que a formação de construções idiomáticas, no
caso deste estudo as do português brasileiro, como “gritar a plenos pulmões”, “dar pano para
as mangas” e “tirar leite de pedra”, por exemplo, pode ser explicada através dos cinco
processos cognitivos listados, uma vez que tais construções são conceptualizadas como um
bloco em termos cognitivos, resultantes de um pareamento de forma e significado e implicam
o conhecimento de aspectos socioculturais de uma dada língua para sua interpretação, dada a
sua criação a partir das experiências de mundo e de língua do falante. Como universo de
investigação, são usadas as subamostras do Corpus do Português, organizado por Davis e
Ferreira (2006; 2016), NOW (notícias da Web), com aproximadamente 1,4 bilhões de palavras
retiradas de jornais e de revistas online desde 2012 até à atualidade e Web e Dialetos, com
45 milhões de palavras catalogadas de 1300 a 1900.

Palavras-chave: Idiomatismos, processos cognitivos, construções.


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A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE SOB A PERCEPÇÃO DOS CEGOS ACERCA DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA DA LÍNGUA ORAL

Gessika Demétrio de Alcântara (UERN)

Resumo: Partindo da concepção que o sistema linguístico do português brasileiro não é


homogêneo devido à diversidade cultural do nosso país que acaba influenciando a língua seja
em seu aspecto diastrático, como diatópico, diacrônico e diafásico. A partir do entendimento
da construção de nossa identidade por intermédio da língua e da sua importância no processo
de comunicação e socialização dos indivíduos, os estudos da sociolinguística tendem observar
a estruturação e evolução linguística junto aos parâmetros sociais, de modo a observar que
eles se relacionam, pois é perceptível uma mudança na linguagem dos falantes de acordo com
o contexto, idade, local, classe social etc, no qual estão inseridos. Logo, tendo consciência que
a variação da língua é presente e constante em nosso dia a dia o presente trabalho tem por
objetivo observar a influência que a variante escolaridade exerce quanto a percepção de
enunciados orais, fazendo um comparativo entre pessoas cegas em relação as videntes. Sendo
assim, contamos com a participação de cegos e videntes da cidade de Campina Grande e de
João Pessoa, no estado da Paraíba, com escolaridade entre, ensino fundamental, ensino médio,
EJA e ensino superior, a fim de que seja feita uma breve análise qualitativa das observações
dos enunciados apresentados para ambos os públicos participantes. Desse modo, nossa base
teórica conta com estudos que vão de Vygotsky (1997) sobre teoria da Compensação, Bagno
(2007) em relação a variação Linguística, Labov (2008) e Tarallo (2002) com reflexões a
respeito da sociolinguística, entre outros. Nossa suposição é que se tratando de cegos a língua
será percebida de acordo com as particularidades do ouvinte e, no que se refere a esse público
eles acabam utilizando apenas a audição para entender/perceber a linguagem falada sem o
auxílio da visão, que é usado pelos videntes para averiguar se há convergência entre o que
está sendo dito e escutado.

Palavras-chave: língua, cegos, percepção.

CLAUSURA OU LIBERDADE? ENTRE SUBMISSÃO E EMPODERAMENTO: HORROR SOCIAL E


CORPORALIDADE COMO PANOS DE FUNDO DO PROTAGONISMO FEMININO

Claudia Cristina Ferreira (UEL)

Resumo: A corporalidade sob o viés do horror social, uma das vertentes do insólito ficcional
ou do fantástico contemporâneo, tem evidenciado valores patriarcais presentes, e ainda
persistentes, na sociedade pós-moderna. No movimento de trazer à luz, a fim de denunciar e
incitar mudanças sociais, temas como violência urbana, étnico-racial, de gênero, machismo,
dentre outros, são contemplados em diversas narrativas contísticas contemporâneas latino-
americanas, sobretudo recorrentes a partir de 2015. Nesse sentido, temos o escopo de
fomentar discussões acerca da corporalidade e do protagonismo feminino sob a perspectiva
do horror social em contos latino-americanos. Dessa forma, a priori, apresentamos o que
apregoam os teóricos acerca dos temas abordados, a saber: corpo (McCarty, 1984; Tucker,
1991; Xavier, 2007); horror (Carroll, 1999; França, 2008; Markendorf; Ripoll, 2017; Nestarez,
2022). Posteriormente, analisamos dois contos, no intuito de evidenciar como o corpo feminino
traduz no texto literário o que se encontra na realidade extraficcional. Em outras palavras, o
que se faz presente nos ditames sociais é projetado em narrativas insólitas, retratando que a
nossa realidade e a realidade ficcional dialogam, entrelaçando realidade e ficção como forma
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de denunciar as amarguras, injustiças e crueldades impostas em corpos femininos.
Esclarecemos que os contos selecionados são de autoria da equatoriana María Fernanda
Ampuero (Lorena – 2021) e da argentina Angélica Gorodischer (Una mujer notable – 2015).
Em suma, em ambas as narrativas contísticas, o corpo feminino é (ab)usado, violado e
violentado. No primeiro conto, a protagonista aceita a posição de subserviência e se cala diante
de seu destino. No segundo, a protagonista vinga-se de seu transgressor, embora após sua
morte. A transgressão ocorre como forma de denúncia e, posterior, empoderamento diante do
fatídico final, porém só após a morte e contando com a sororidade é que a protagonista alcança
a liberdade, longe de seu opressor.

Palavras-chave: Horror social; corpo transgressor; protagonismo.

UMA POLÍTICA DA LÍNGUA EM ASSIM FALAVA ZARATUSTRA DE NIETZSCHE: VARIAÇÕES


DELEUZE-GUATTARIANAS DA ANÁLISE DE DISCURSO

Arthur Victor Gomes da Silva Barros (UFCat)

Resumo: O presente resumo é decorrente de um projeto de pesquisa de mestrado inserido


linha de pesquisa Discurso, Sujeito e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Estudos
da Linguagem da Universidade Federal de Catalão. Neste, buscamos analisar a obra Assim
falou Zaratustra, do filósofo alemão Friedrich W. Nietzsche, de modo a encontrar nela (ou não)
a materialidade de uma nova pragmática ou política da língua, segundo Deleuze e Guattari.
Escolhemos tal obra como corpus de pesquisa por ser a obra máxima do autor tanto por seu
estilo, enigmático e poético, quanto pela forma de exposição de conceitos fundamentais de
suas outras obras. A obra se difere das produções das diversas escolas filosóficas anteriores,
escapando de um modelo de escrita filosóficas como uma construção de sistemas. No nosso
trabalho, em um primeiro momento, produzimos a análise por meio da intersecção com autores
da Análise do Discurso que se dedicam à análise do discurso filosófico, dentre eles, Alain
Lhome, Sírio Possenti, Francine Circurel e Dominic Maingueneau, que concebem e trabalham
com os conceitos de sobreasseveração, destacamento e enunciador universal para compor um
arcabouço teórico interpretativo das fórmulas filosóficas, máximas que condensam e
transmitem conceitos chaves de alguma obra filosófica dentro do arquivo filosófico e para além
deste. Partindo da definição de fórmula filosófica para analisar a forma da escrita que se adota
nas produções da filosofia, pinçamos elementos como figuras de sintaxe e pensamento e suas
formas de emersão na tecitura textual; a adoção de determinados tempos verbais, a
composição de máximas e a pretensão de destacamento dentro do corpo de um texto filosófico.
Posteriormente, fazemos a análise das formulas levando em consideração as concepções da
etapa anterior em sua intersecção com os conceitos compostos por Gilles Deleuze e Felix
Guattari acerca da linguística e da literatura. Aqui pedem passagem os conceitos de palavras
de ordem, como os vetores da função linguagem; a interação entre conteúdo, o estado de
coisas, corpos que emergem na narrativa compondo a paisagem do texto, e a expressão, o que
se fala sobre os corpos, ou seja, a transformação incorpórea que se incide sobres os corpos e
opera transfigurando as significações que emergem na tecitura escrita. Desta forma,
demonstramos como, a partir da análise das fórmulas filosóficas destacadas, partindo das
extensão conteúdo-expressão, pode-se produzir uma nova pragmática, ou seja, um novo
tratamento para língua, uma língua menor, uma linha de fuga.

Palavras-chave: Fórmulas; Conteúdo; expressão; Língua menor.

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PARA UMA DEFINIÇÃO DE TERMINOLOGIA COSMÉTICA E SUA RELAÇÃO COM A
NOMENCLATURA

Juliana Pereira Guimarães (UERJ)

Resumo: A terminologia dos rótulos de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes é


pouco estudada e comumente incompreendida por falantes não especializados na área da
saúde e correlatas. Desde 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária vem discutindo a
obrigatoriedade de apresentar em português a composição desses produtos. Esta abordagem
constitui um recorte da pesquisa de doutorado, ainda em fase inicial, que objetiva descrever
essa linguagem especializada a fim de acessibilizá-la ao público leigo. O referencial teórico-
metodológico compreende Terminologia (CABRÉ, 1999; BARROS, 2004; KRIEGER; FINATTO,
2004), Nomenclatura (SAGER, 1993), Pesquisa Terminológica (PAVEL, NOLET, 2003)
Linguística de Corpus (SARDINHA, 2004), com auxílio dos softwares Google Keep e Voyant
tools. Os três corpora, em construção, são: Corpus Rótulos, Corpus Nomenclatura, Corpus
Biblio. Esta apresentação focaliza o estudo da relação entre terminologia e nomenclatura, que
apresentam conceitos e objetos distintos, não obstante obtêm significações imprecisas
propostas pelos dicionários, que as igualam. A ‘terminologia’ consiste no conjunto de termos
técnico-científicos, representando o conjunto das unidades lexicais típicas de uma área
científica, técnica ou tecnológica. Já a ‘nomenclatura’ constitui uma lista de convenções que
preceituam nomes-símbolos, a fim de satisfazer certos critérios teóricos e metodológicos
científicos. O estatuto específico de termo é atribuído pelas condições pragmáticas, para
adequá-lo a determinada situação, ao passo que o estatuto do nome-símbolo é estipulado
pelas convenções nomenclaturais. A terminologia abarca a linguagem humana e a linguagem
simbólica (nomenclatura). Destaca, ainda, as unidades terminológicas nos rótulos mencionados
(p. ex. termos simples: glicerol, sorbitol; termos complexos: sacarina sódica, propilenoglicol; e
termos braquigráficos: CI 42090, CI 74160), que constituem a terminologia cosmética e
apresentam, por sua vez, equivalentes extraídos de textos multilíngues padronizados por
organismos internacionais, tais como: Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos;
Denominação Comum Brasileira; Denominação Comum Internacional; Denominação Química de
Química Pura e Aplicada; Nomenclatura Binominal; Nomenclatura Internacional Color Index. Por
fim, tenciona apresentar algumas perspectivas e resultados iniciais.

Palavras-chave: Terminologia, Nomenclatura, Rótulos Cosméticos.

GÊNERO, SEXUALIDADE E RAÇA NA OBRA AMORES DI(VERSOS), DE DANIELA BENTO

Daynara Lorena Aragão Côrtes (UFS)

Resumo: Amores di(versos) (2021), de Daniela Bento, mescla o engajamento a favor da


pluralidade sexual bem como da identidade de gênero. Atravessado por esses temas, a questão
racial aparece como um traço marcante na literatura da poetisa. Isso resulta não somente das
interseções sociais, mas também do profundo diálogo com a sua atuação militante no circuito
cultural brasileiro, sobretudo, na região Nordeste. Desse modo, com o objetivo de divulgar a
produção da autora em destaque e analisar detalhadamente a obra, nos debruçamos sobre os
seus versos com base nos estudos de Beatriz Nascimento (2022), no tocante à construção da
consciência racial promovida pela literatura e da identidade negra nas artes, Sueli Carneiro
(2011), ao tratar do sexismo, das desigualdades no Brasil e os seus efeitos na construção da
cidadania, e Grada Kilomba (2019), quanto às consequências da colonização no imaginário
individual e coletivo negro ligado à racialização das relações afetivas no contexto pós-colonial,
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entre outros nomes. Constatamos, a partir das vozes convocadas para o diálogo com a poesia
da cearense, naturalizada sergipana, que a associação do debate acerca da sexualidade, do
gênero e da raça é eixo central da literatura brasileira contemporânea e sua potência encontra-
se no engendramento das temáticas ligadas à diversidade refletida na palavra poética. Além
disso, evidenciamos o empenho da restituição da humanidade às vivências silenciadas e
estereotipadas por anos no âmbito da criação literária para assegurar a positivação da imagem
da população LGBTQIAP+, das mulheres e da diáspora negra. Logo, o intrínseco diálogo com
as demais obras da poetisa – Machismo: o que precisa mudar (2019); Coisa de preto (2021)
e O feminino que carrego: cotidiano em prosa e verso (2021); – foram fundamentais na busca
pela ampliação reflexiva do trabalho que não se pretende estanque em suas contribuições
relativas à interpretação do conjunto da obra de Daniela Bento.

Palavras-chave: Gênero, sexualidade, raça, Amores di(versos).

UM EXÍLIO EM SI: LIMIARES ENTRE VIDA E FIM NA OBRA A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS,
DE VALTER HUGO MÃE

Diana Gonzaga Pereira (UFF)

Resumo: O envelhecimento, muito além de um processo natural pelo qual o indivíduo biológico
passa, é, também, um processo plurissignificativo a respeito do sujeito social. Tendo isso em
vista, envelhecer torna-se, portanto, um limiar entre a experiência, a sabedoria, e a iminência
do fim. É sobre essa tênue linha que esta proposta se delineia: um olhar sobre as personagens
do asilo de A máquina de fazer espanhóis, do escritor português Valter Hugo Mãe, e sobre as
formas como cada um lida, um dia de cada vez, com esta constante ambivalência entre a vida
e a certeza da morte. Buscar-se-á, igualmente, observar e analisar os processos de regresso
ao passado, através da memória, e como essa imersão, sobretudo na instituição asilar, contribui
para a renovação ou ressignificação da identidade dos sujeitos ali alojados. As relações
familiares, os espaços reservados aos enfermos e a condição humana - de solidão, de tristeza,
da saudade, do medo - servirão como norte para esta proposta, a fim de compreender como
homem e velhice se (re)integram para completar, encerrar ou encontrar, finalmente, sentido ao
ciclo da vida; De modo semelhante, um olhar atento para o papel que a sociedade desempenha
em relação ao velho e o tratamento dispensado a eles, em relação a sua produtividade ou à
falta dela, ao descarte do sujeito, por vezes, considerado inútil na conturbada pós-
modernidade, dentre outros aspectos, interessam a esse estudo. Neste sentido, será preciso
pensar a vivência e a velhice dos sujeitos asilados, ressaltar a potencialidade da memória e do
afeto na incessante construção identitária desses sujeitos, moldados pela riqueza da vida e
pela presença constante da morte. Para tanto, os estudos de Baruch de Spinoza, Stuart Hall,
Maurice Halbwachs e Maurice Blanchot serão estudos basilares para que este trabalho se
conclua, assim como uma revisita à fortuna crítica a respeito do autor, também se faz
necessária.

Palavras-chave: Velhice; Experiência; Memória, Sociedade.

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GÊNERO E A REDAÇÃO DO ENEM: UMA PERSPECTIVA SOBRE A PRODUÇÃO DO PROJETO DE
TEXTO

Katharine Silva de Oliveira Soares (IFMA)

Resumo: A produção textual é um dos grandes desafios da escrita para educando de uma
forma geral. A produção da redação do Enem vai muito além, é uma questão que instiga alunos
e professores, principalmente durante o último ano do ensino médio. Nosso estudo tem por
objetivo fazer uma análise da redação do Enem a partir da perspectiva das teorias de gênero
e como a prática de escrita do projeto de texto pode ajudar nesse desenvolvimento. Em seus
estudos sobre o gênero, Mikhail Bakhtin estabelece os gêneros do discurso como sendo o
resultado de formas-padrão relativamente estáveis de um enunciado, social e historicamente
determinadas. Nesse sentido, a redação do Enem se configura como um gênero relativamente
novo, emergindo com o status de um gênero discursivo, visto que se constitui a partir de
determinadas práticas sociais e tem sido foco de estudos de muitos professores e
pesquisadores, que buscam entender como as novas propostas para o ensino de língua
portuguesa que trabalhem a construção da redação com base na sua compreensão e produção
do projeto de texto, podem atender as competências propostas pela Base Nacional Curricular
Comum (BNCC) para o ensino médio. Nosso trabalho foi desenvolvido a partir das reflexões
geradas em nossa prática na coordenação do projeto de ensino denominado “Pré-Enem”. O
projeto nasceu no do Instituto Federal do Maranhão, no Campus Bacabal, para facilitar a
preparação para todas as provas do Enem, e não apenas as de linguagens, dos alunos das
turmas de terceiro ano do ensino médio integrado ao curso técnico. Entendendo toda a
problemática que subjaz o ensino da redação do Enem como gênero e como a compreensão
do projeto de texto possibilita uma escrita assertiva, propomos uma análise de como a relação
entre projeto de texto e escrita da redação pode auxiliar os discentes na construção do texto
dissertativo-argumentativo exigido pelo exame.

Palavras-chave: Gênero; Redação do Enem; Projeto de texto.

LETRAMENTO LITERÁRIO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Raymara Cris Lopes Coqueiro (UEMA)

Resumo: Sabe-se que o processo de ensino e aprendizagem das crianças em fase de letramento
é um dos fatores preponderantes da educação, assegurando o desenvolvimento integral das
mesmas. A educação infantil é base do sistema educacional. Porém, é necessário que encarem
essa realidade, professores competentes e que tenham o prazer, o amor em ensinar.
Etimologicamente, a palavra letramento proveio da palavra literacy da Língua Inglesa. Literacy
vem do Latim que quer dizer letra. Letramento é uma nova perspectiva sobre a prática social
e escrita. O profissional da educação deve ter em mente o perfil de sala de aula que tem, seus
alunos, conhecendo todos e suas particularidades e rever suas metodologias do trabalho que
exerce em seu espaço escolar, principalmente no que diz respeito a esse processo, buscando
meios eficazes como instrumentos para aperfeiçoar e enriquecer o processo de letramento. O
artigo constitui um estudo de pesquisa de dados bibliográficos acerca da produção de
conhecimentos sobre o trabalho pedagógico literário na educação infantil no processo
educacional, dando ênfase à importância desse trabalho no contexto da educação, aspecto este
indispensável no desenvolvimento pleno leitor no público alvo. O presente trabalho, um estudo
acerca da importância e os requisitos da literatura no processo de letramento, dando ênfase a
Literatura Infantil, área de conhecimento onde a literatura em geral se submete aos objetivos
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educacionais. Abrangendo desde os tempos passados até a atualidade, os suportes literários
foram ganhando força, tornando-se importante na discussão em torno da alfabetização como
ferramenta de apoio ao processo ensino-aprendizagem, assim como a importância das políticas
públicas no contexto das literaturas. A formação e capacitação de profissionais com intuito de
atender os discentes de forma satisfatória, desenvolvendo as habilidades e proporcionando
sucesso na leitura. A literatura relacionada ao processo de letramento apresenta benefícios na
educação. Diante do contexto abordado é importante ressaltar que, com a modernização, os
livros se tornam cada vez mais obsoletos, fato este que preocupa a realidade da educação
brasileira, resultando que falar de uma escola e em especial de uma educação infantil no mundo
globalizado requer analisar um novo perfil de educador para nova geração de aluno que está
inserido na era moderna.

Palavras-chave: Modernidade; Literatura; Letramento.

AS REFORMULAÇÕES NAS PARAFRASES EM MONOGRAFIAS DE ITAPECURU MIRIM-MA

Rosa Alice de Lima Rocha (UEMA)

Resumo: Entendemos que a análise de discurso é uma prática da linguista no campo da


enunciação, e que apresenta a análise e interpretação da estrutura de um texto, de uma forma
mais profunda e explicativa, nos permite ler e compreender o contexto social e histórico em
que ele foi produzido. Dessa forma, esse trabalho visa analisar discursivamente textos
monográficos, uma vez que é o primeiro passo percorrido por um acadêmico para adentrar o
mundo da pesquisa. Afim de realizar essa analise foi formulado uma pergunta de pesquisa para
ser norteadora na construção da pesquisa, sendo esta: De qual maneira percebe-se a
materializações de paráfrase nas produções acadêmicas na universitária do Maranhão? Além
disso, vale ressaltar que tanto objetivos geral e específico foram traçados, o geral, visamos
identificar como está materializado nas paráfrases de reformulações no ambiente universitário.
E de maneira especifica: Verificar trechos das monografias que possuem paráfrases; identificar
o tipo de paráfrase presente no texto cientifico; analisar de que maneira o autor usou
determinada paráfrase e suas modificações de sentido do texto analisado. Sendo assim, a
metodologia utilizada segue uma linha bibliográfica, documental e qualitativa uma vez que
focaliza em analisar monografias. Usando, sobre tudo, a fundamentação teórica de Fuchs
(1986), que realiza um estudo a respeito das paráfrases, assim, será o ponto central desta
analise, uma vez que será feita partindo dessa premissa. Especificamente a paráfrase de
reformulação. Outro autor usado como fundamentação é Viera (2013) que apresenta ressalvas
concernente a escrita acadêmica. Portanto, essa análise do discurso tem como campo alvo as
monografias acadêmicas dos alunos do polo da UEMA localizada em Itapecuru Mirim.

Palavras-chave: Paráfrases, Produção acadêmica, Discurso.

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UM RECORTE DA LEI 11.326 DE JULHO DE 2006: TENSÕES E APAGAMENTOS NA
SIGNIFICAÇÃO DO SUJEITO AGRICULTOR FAMILIAR E DE SUA RELAÇÃO COM A PROPRIEDADE
DE TERRA

Alessandra Stefanello (UNICAMP),


Caroline Aparecida Fazio (UNICAMP)

Resumo: Levando em consideração a historicidade do desenvolvimento das formas


campesinas, as discussões acerca do que seria agricultura familiar são recentes, sobretudo, se
pensarmos numa formulação contemporânea ao paradigma agrário de políticas mercadológicas
e de expansão da mecanização agrícola. A nomeação “agricultura familiar” surgiu por volta da
segunda metade do Século XX (NAVARRO, 2010), ganhando força para significar o sujeito da
terra, aquele que organiza o trabalho da família sobre a estrutura de um sistema de
subsistência, ao mesmo tempo que não deixa de estar inserido em um sistema comercial de
produção primária cujos lucros ajudam na manutenção de seu lugar social. Junto à nomeação,
poderíamos pensar como se constitui um lugar de memória atravessado por outros sujeitos,
tais quais os quilombolas, assentados, boias-frias, trabalhadores rurais e, até mesmo, colonos,
caboclos, posseiros, sitiantes, entre outros, tecendo um imaginário sobre a relação entre terra
e subsistência. No Brasil, o que delimita e define, juridicamente, o que seria agricultura familiar
é a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, sancionada ainda no primeiro Governo do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lei permite que, caso se encaixem nos requisitos
propostos, extrativistas, silvicultores, aquicultores, pescadores, povos indígenas, entre outros,
possam ser incluídos como agricultores familiares e, desse modo, possam reivindicar todos os
direitos previstos no texto jurídico. Tomando a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006,
recortamos o Artigo 3º, o qual define o que é agricultor familiar e cita os requisitos para se
enquadrar como tal. A partir da Análise de Discurso materialista, postulada por Pêcheux e
outros autores, na França, e desenvolvida, no Brasil, por Orlandi e demais pesquisadores,
buscamos compreender, em nosso objeto de análise, como o discurso jurídico produz tensões
e apagamentos na significação do sujeito agricultor familiar e em sua relação com a
propriedade de terra. Enquanto analistas de discurso, é caro entender como os discursos se
formulam e se retomam, no jogo ideológico cuja estrutura se dá pela memória discursiva, que
organiza-se a partir de filiações de sentidos. Dessa maneira, a especificidade de nosso objeto
de análise convoca uma memória que é apagada pelo texto da lei, de maneira que no
documento jurídico esses enunciados apareçam enquanto uma denominação forjada pelo
próprio Direito, reproduzindo esse efeito ensimesmado próprio do discurso jurídico, que
silencia de seu funcionamento a exterioridade que o atravessa. Assim, ao olharmos para nosso
recorte, questionamo-nos como o discurso jurídico intervém nas redes de memória que
significam o sujeito agricultor familiar, de forma a sobrepor esses processos de significação
numa relação com discursos que não se filiam na constituição dessa posição-sujeito, ou seja,
descaracterizando esses sujeitos na relação com as suas condições de formação subjetiva, o
que afeta o processo de produção de sentidos.

Palavras-chave: memória, agricultor familiar, trabalho, terra.

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TEORIA, PRÁTICA E PRAZER NO ENSINO DE LITERATURA NO BRASIL: UM EQUILÍBRIO
INALCANÇÁVEL?

Johnny Glaydson dos Santos Tavares (UFPE)

Resumo: Imagine, por exemplo, uma balança que busque medir o peso/valor de importância
de certos direcionamentos quando estamos diante do estudo de uma obra literária. Em
julgamento prévio, qual direção pesa/vale mais? a) estudar a vida do autor da obra; b) estudar
o seu contexto de produção; c) estudar aspectos literários/artísticos e linguísticos contidos
nela; ou d) estimular o prazer da leitura e constituir conexão entre leitor e obra diante do seu
estudo. Na verdade, há necessidade de um desses direcionamentos possuir um peso/valor
maior? É possível um equilíbrio entre essas e outras direções frente à análise literária e frente
a seu estudo no contexto brasileiro? Pensando ainda sobre o nosso país, há adulterações sob
as análises literárias mediada pela comunidade escolar que beneficiam, de certo modo, algum
desses direcionamentos? Se refletirmos a fundo, há de admitir que questões/problemáticas
como essas, frente ao ensino de literatura no Brasil, não são novas, contudo, há de admitir que
elas persistem em ser evocadas na contemporaneidade. Portanto, acompanhado por tais
inquietações, este trabalho tem como objetivo refletir sobre o ensino de literatura no Brasil
frente aos desequilíbrios constantes evidenciados nos discursos, nas práticas e nas
abordagens. Visando delimitar nosso ponto analítico, nossa reflexão foca no público do ensino
básico, precisamente no ensino fundamental II, e por se tratar de uma discussão que sobressai
o campo teórico e contempla o campo pedagógico, realizamos diálogos entre teóricos
nacionais que versam sobre teoria da literatura, como Candido (1977), documentos normativos
direcionados ao público analisado, como a BNCC (2018), e teóricos que levantam questões
pedagógicas diante desse documento normativo, como Amorim e Souto (2020). Através da
abordagem estabelecida (um estudo qualitativo exploratório), obtemos como resultado uma
lúcida noção que, primeiro, é preciso um vislumbre dos desequilíbrios nessas práticas para
que, assim, possamos estabelecer ações que busquem agir dentro deles, considerando
contextos, vivências e realidades distintas no Brasil.

Palavras-chave: Literatura, Ensino Fundamental, Desequilíbrio.

LITERATURA AFRO-BRASILEIRA INFANTOJUVENIL: REPRESENTATIVIDADES EM AMORAS

Beatriz Montes dos Santos (UFS)

Resumo: Este trabalho apresenta como proposta uma investigação acerca da importância das
representatividades de pessoas negras no contexto da literatura infantojuvenil. Para isso, foi
escolhido o livro Amoras (2018), do rapper e escritor Emicida, cujo texto literário encaixa-se
no âmbito das discussões étnico-raciais e dos movimentos sociais antirracistas. Nesse contexto,
pretende-se discorrer sobre as características afro-brasileiras que integram a obra supracitada,
além de fazer um levantamento de teorias que apontam a relevância de tratar sobre a presente
temática ainda na infância. A partir disso, busca-se compreender como as representatividades
nos livros infantojuvenis podem contribuir para a formação das identidades das crianças
negras, possibilitando o desenvolvimento tanto de suas autoestimas quanto de suas
percepções acerca de quem elas são e de suas ancestralidades culturais. Também faz-se
necessário ressaltar as funções das ilustrações presentes nos livros, uma vez que a literatura
infantojuvenil é comumente reconhecida por abraçar a união entre a linguagem verbal e a não-
verbal, logo, propõe-se examinar como as imagens são retratadas e como elas manifestam, de
forma positiva, aspectos associados às negritudes. Em relação aos pressupostos teóricos,
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destacam-se as contribuições de Regina Zilberman e Marisa Lajolo (2006), Costa (2020),
Djamila Ribeiro (2019); Silvio Almeida (2020), Silva (2011); Stuart Hall (2016), Malafaia
(2018), dentre outros. Por fim, o intuito principal deste trabalho é o de apresentar a literatura
infantojuvenil como uma das ferramentas fundamentais para tratar da temática étnico-racial
através de leituras fluidas e sutis, que levem novas e boas perspectivas para as crianças,
contrariando assim “a história única” destinada aos povos negros e que ainda tem sido
veiculada. Dessa forma, por meio desses estudos, procuramos contribuir para a ampliação e o
fortalecimento do reconhecimento das diversidades que fazem parte da sociedade brasileira,
com a esperança de que um dia ela seja menos excludente.

Palavras-chave: Literatura infantojuvenil, antirracista, Amoras.

CONTO NA SALA DE AULA: UMA PRÁTICA DE LEITURA NA PERSPECTIVA DO MÉTODO


RECEPCIONAL

Solanna Cristhina Mendes Nóbrega (C. DE E. PROFESSORA MARIA CASIMIRO SOARES)

Resumo: A literatura é um direito que precisa ser assegurado ao ser humano (CANDIDO, 2011),
e a escola – espaço educacional responsável pela promoção do acesso à leitura – tem a função
de prover condições exitosas dessa atividade para que adolescentes experimentem o texto
literário, objetivando uma postura ativa, prazerosa e crítica frente ao texto. Com esse intuito,
faz-se urgente abordagens teórico-metodológicas que atendam a essa formação a partir de
textos que apresentem situações sociais vivenciadas por grupos historicamente
marginalizados. Sendo assim, diante da necessidade de se discutir temas conflituosos em sala
de aula, como os referentes aos diversos papéis sociais da mulher, que este estudo direciona
a uma prática de leitura a partir do conto “Quantos filhos Natalina teve?”, da escritora
Conceição Evaristo, com base no Método Recepcional, elaborado por Bordini e Aguiar (1993),
baseado na teoria da Estética da Recepção (JAUSS, 1994). Por meio de uma pesquisa de
natureza qualitativa-interpretativa, este trabalho objetiva destacar as impressões de leitores
adolescentes de um escola pública de Bacabal frente à experiência literária. Esse momento
também visa propiciar a eles momentos para discussão e reflexão acerca de temáticas
relevantes à condição da mulher, de modo que consigam pensar em lutas enfrentadas por
mulheres ao longo da história, vítimas de contextos misóginos e machistas, que ainda se
apresentam em nossa sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Leitura literária, Método Recepcional.

A MPB E A DITADURA MILITAR: A SEMIÓTICA DA LINGUAGEM POÉTICA UTILIZADA PELOS


COMPOSITORES COMO MÉTODO DE SOBREVIVER A CENSURA.

Ana Caroline Ferracioli (UNEMAT/SINOP),


Alex Wolney de Oliveira Correia (UNEMAT/SINOP)

Resumo: A Música Popular Brasileira desempenhou um papel fundamental durante a ditadura


militar, ao exercer não apenas influência cultural, mas também atuando como meio de
comunicação direta com a população, resistindo ao sistema conservador e opressor
estabelecido em 1964 após o golpe cívico-militar que culminou por mais de duas décadas,
chegando ao fim no ano de 1985. Durante esse período sombrio e turbulento inúmeras
pessoas foram vítimas das sanções impostas pelos militares. Nessa fase qualquer forma de
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manifestação contra o regime era duramente reprimida, ou seja, tudo que fosse subversivo ao
sistema receberia algum tipo de punição como a censura, prisão, tortura, exilio, e até mesmo
a morte. No entanto, a luta contra a opressão persistiu e a classe artística, em especial os
poetas e compositores, acabara desempenhando um papel significativo, fornecendo
informações e questionando os acontecimentos que afligia o Brasil na Ditadura Militar.
Ademais, os músicos da época precisaram adotar uma estrutura de linguagem poética e
metafórica em suas canções, um método necessário para driblar a censura, permitindo que
expusessem de maneira perspicaz a crueldade política que assolava o país naquele momento.
Então, partiremos do pressuposto de que a linguagem é a capacidade de manifestar desejos e
opiniões, expressar sentimentos e emoções, além de ser um meio no qual é possível
compartilhar vivências e experiências. Para o presente artigo será realizada uma análise acerca
de três obras musicais, sendo duas delas, “Aquele abraço” e “Domingo no Parque”, compostas
por Gilberto Passos Gil Moreira, que tem papel significativo quando o assunto é música
brasileira, Gil além de cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista também é político e
escritor. A terceira composição selecionada para estudo, é intitulada “ Alegria, alegria” e foi
escrita por Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, o escritor detém em suas obras musicais uma
ampla competência poética e um notável valor intelectual. Para entendermos melhor o processo
estrutural via canção, utilizaremos a fundamentação teórica com base nos estudos de analise
semiótica através das letras desenvolvido por Tatit (2008), juntamente com os elementos da
semiótica tensiva de Zilberberg (2011) além de, aplicar os estudos ideológicos acerca do uso
material da linguagem de Fiorin (1998).

Palavras-chave: Música; Ditadura Militar; Linguagem; Semiótica.

A MATERIALIZAÇÃO DAS PARÁFRASE DE REFORMULAÇÃO EM TEXTOS MONOGRÁFICOS DE


PEDREIRAS-MA

Kassyane Kaiane Araújo dos Santos (UEMA)

Resumo: As pesquisas realizadas nas licenciaturas são, por vezes, associadas aos programas
de financiamento que são fornecidos para os discentes na graduação, limitando o ato de
pesquisa somente para os programas de bolsas de IC, entretanto, o presente trabalho não
busca analisar a pesquisa partindo desse ponto de vista, uma vez que visa realizar uma
discussão acerca da pesquisa associada ao ensino, por este motivo, o principal intuito desse
estudo é investigar quais os reflexos que a prática de pesquisa na graduação são mostrados
nos textos monográficos escritos nos últimos 5 anos na campus de Pedreiras-MA. Sob esse
viés, a escrita da monografia é significativa na criação de um caráter de um aluno pesquisador,
e por essa perspectiva é possível perceber nas monografias algumas marcas dentro do texto
que contribuem para a criação de um pesquisador, como é o exemplo das paráfrases. Partindo
desse ponto de vista, levantou-se o seguinte questionamento: Como é materializado as
paráfrases de reformulação nas produções monográficas da universidade estadual do
Maranhão campus Pedreiras? Para que este questionamento fosse respondido, objetivos foram
traçados. De modo geral, visamos como são materializadas as paráfrases de reformulação na
escritas dos textos científicos da universidade estadual do Maranhão no campus de Pedreiras-
MA. De forma específica; Identificar as monografias que possuem paráfrases de reformulação;
analisar como são construídas esse tipo de paráfrase nos textos e verificar as modificações dos
sentidos entre o texto fonte e o escrito com essa formulação. Tendo como embasamento teórico
os estudos realizados por Fuchs (1986) que apresenta o conceito de paráfrases, Vieira (2013)

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utilizado para discutir a respeito da escrita do texto acadêmico na graduação, e Maingueneau
(2004) com a conceituação do discurso indireto.

Palavras-chave: Discurso, Paráfrases, Monografia.

QUANDO A ALMA TOCA A CHAMA: O PACTO COM AS LITERATURAS OBSCURAS NA SAGA


DARK SOULS

Marlus Regis Alvarenga (UnB)

Resumo: Quando a FromSoftware lança, em 2011, o primeiro jogo da série souls, Dark Souls,
não imaginava que o mundo dos RPGs – role playing games (ou jogo de interpretação de
papéis) iria dar uma grande volta. Não só a inovação na gameplay, com um sistema muito mais
punitivo e severo de circunstâncias que os clássicos como Final Fantasy (SquareEnix) mas no
que tange ao enredo, tudo era inovador. Em Dark Souls a saga dos mortos vivos (ou os
escolhidos para trilhar os caminhos da chama) vai muito além da clássica visão fantasmagórica
do terror. Com referências em Shakespeare, Edgar Allan Poe, Lovecraft e nos mais
contemporâneos como George R.R. Martin Game of Thrones) e Tolkien (The Lord of The Rings),
o produtor e escritor do enredo Hidetaka Miyazaki vai além da multimídia, convergindo entre
suas histórias elos irreparáveis de traição, ascensão, queda e terror gore, com fortes influências
medievais nos referenciais sobre pecados e religiosidade. Usando como base as provocações
do pecado em A História do Diabo (1965), de Vilém Flusser, o pagamento e memória em
Memórias de Cego (1991), de Jacques Derrida e as faces do religioso em Profanações, de
Giorgio Aganbem (2005) – e, contudo, em comunicação direta com o shakesperiano Macbeth
(1606), o essencial Histórias Extraordinárias (1845) de Allan Poe e outras obras que margeiam
essa temática, essa comunicação tem como fundamento tecer um paralelo entre o imaginário
souls, literaturas clássicas e teorias acerca do sagrado e do profano, no campo da memória e
do esquecimento. Afinal, o que é uma alma vagante, um resquício de cinzas em uma fogueira
apagada entre ossos, senão um petardo à memória de quem lembra? O pacto selado entre os
lugares de conflito e desesperança conduzem a narrativa a uma vitória? Como o jogo reflete
uma tendência que se espalhou desde o Romantismo do século XIX e se mantém viva como a
chama que cinge as armas? Só o escolhido poderá quebrar a maldição que une, em intermídias,
o possível e o reimaginado.

Palavras-chave: DarkSouls, Videogames, Literatura, Terror, RPG.

MORTE E MELANCOLIA NA PAISAGEM POÉTICA DE JOAQUIM CARDOZO

Wilck Camilo Ferreira de Santana (UFPE)

Resumo: A temática da morte, com suas variantes, é sobremodo recorrente na obra de um


número expressivo de poetas e pintores modernistas. Desempenhando relações com esse
tema, a construção poética da paisagem no livro Poemas [1974], de Joaquim Cardozo [1897-
1978], poeta pernambucano, aparece mediada pelo olhar do eu poético que sente o peso de
uma cultura decadente, sendo a morte, portanto, uma das linhas temáticas do livro. Poeta na
periferia do capital, a obra cardoziana coloca esse problema sob novas perspectivas, a exemplo
da morte como destruição da memória urbana. Nessa direção, a partir da leitura do poema
“Recife morto” [1924], o objetivo do trabalho é analisar como a morte aparece representada
na composição da paisagem. Fruto da dissertação “Eu sou o que vejo: o caminhar como
construção estética da paisagem na poética de Joaquim Cardozo” [2021], os resultados desta
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pesquisa apontam que o moderno, na lógica interna do texto, é proposto como ameaça, tendo
em vista que o novo coloca em risco a sedimentação da urbe. Isto posto, o que se encontra
presente nas entrelinhas do texto é a importância da tradição debatida pelo Regionalismo de
1926, da qual o poeta fez parte. No sentido de quadros paisagísticos da modernidade, é essa,
portanto, uma obra que estabelece conexões pelas quais é possível perceber uma cronologia
acerca do passado, de forma que o tecido da paisagem surge como indagação da memória, do
sujeito e do destino da cidade. No decorrer da análise, a morte aparece, ainda, como elemento
de sensibilidade às cores, à emotividade, havendo, na sua representação, uma perspectiva de
crise, característica associada a um estilo de escrita que trabalha a decadência. A desilusão e
a dor existencial que marcam o eu poético imprimem uma atmosfera do fim de um tempo. Quer
dizer, o teor melancólico explorado nas caminhadas noturnas e sombrias desse sujeito amplia
a sua capacidade de percepção da decomposição do conjunto urbano, ressaltando o fato de
que, atrelada à ideia da passagem do tempo, a melancolia aparece em atração por imagens da
morte. Assim, na leitura do poema, o tema da morte da cidade representa uma fissura pela
qual é possível perceber contradições da vida moderna, de modo que, para tal, foi
imprescindível o diálogo com o pensamento de teóricos como Collot (2013), no que diz
respeito à ideia de paisagem e de suas representações; e de Ariès (2012) e Jacobs (2011),
fortalecendo o debate das diferentes perspectivas de representação da morte. Buscou-se, por
fim, sublinhar que essa paisagem defunta não designa lugares descritos, mas delineia imagens
provenientes da vida sensorial, de forma que se volta para elementos que constituem o terreno
de um estado de ânimo e que funciona como ressonância subjetiva ao instante que constrói
uma imagem do mundo e do eu.

Palavras-chave: Joaquim Cardozo, Paisagem, Morte, Melancolia.

A UTILIZAÇÃO DE PARÁFRASES PARA EFEITOS DE SENTIDO EM MONOGRAFIAS DA UEMA


COMPUS CAXIAS

Aimê Lima dos Santos (UEMA)

Resumo: Partindo da ideia de que a pesquisa é um instrumento fundamental e indispensável


para a formação acadêmica, com seu papel de promover a criticidade contribuindo para a
valoração da graduação, da produção de conhecimento e para a formação profissional, o
presente estudo visa apresentar uma análise sobre a concepção e prática do fazer científico
nos cursos da área de letras. Onde focalizamos a análise dos efeitos de sentido da prática de
pesquisa e dos diferentes modos de escrita presentes nas produções acadêmicas científicas
materializados nas monografias de graduandos do curso de Letras da UEMA Caxias, que são
reflexos da prática científica na graduação. Segundo Vieira e Campos(2016) a produção escrita
das monografias de um jovem pesquisador é influenciada e condicionada pela percepção que
o aluno desenvolve em relação a determinada área de estudo. Nesse contexto, as monografias
refletem a representação que o aluno constrói sobre o tema investigado durante a graduação,
e dentro do texto monográfico é possível identificar indícios do fazer científico na utilização de
mecanismos para construção do texto, a exemplo a paráfrase. Dessa forma o presente trabalho
tem como finalidade responder ao seguinte questionamento: Como as paráfrases se
materializam nas monografias dos cursos de Letras da UEMA campus Caxias-MA? Esta
problemática está voltada para identificar o modo como as paráfrases são utilizadas nas
produções de textos monográficos dos cursos de Licenciatura em Letras da Universidade
Estadual do Maranhão campus Caxias e, a fim de responde-la, foram delineados alguns
objetivos que visam identificar o modo como as paráfrases se materializam nas produções de
textos monográficos, verificar qual o tipo de paráfrase está sendo utilizado: equivalência,
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sinonímia ou reformulação e por fim, analisar os efeitos de sentido pretendidos com o seu uso
partindo da definição e diferenciação de paráfrases apresentados por Catherine Fuchs(1986).
Para a fundamentação deste estudo, buscamos ancoragem nos pressupostos teóricos de
Maingueneau(2004) com os estudos sobre discurso indireto, Vieira e Campos(2016) com a
discussão sobre a pratica de pesquisa na graduação e produção de textos acadêmico-
científicos, e Fuchs(1986) com a conceituação e classificação de paráfrases.

Palavras-chave: Paráfrase, Monografias, Escrita acadêmica.

DEMON SLAYER: METÁFORAS COM ANSIEDADE NA LITERATURA ORIENTAL


CONTEMPORÂNEA

Anderson Sousa de Araújo (UFMA)

Resumo: O presente artigo deseja analisar o mangá Demon Slayer (2016 - 2020) de Koyoharu
Gotouge (1989), ao apontar as construções metafóricas que o autor evidencia em sua obra
com a ansiedade, que partem desde a estruturação de todo o mundo fantasioso de sua
narrativa, sua sociedade e contexto, até aspectos mais íntimos de cada personagem, suas
histórias, emoções, traumas e angústias. Sob esta afirmação, o objetivo geral: analisar as
construções metafóricas com a ansiedade no mangá Demon Slayer. Os objetivos específicos:
apontar a importância da discussão e evidenciação de transtornos psicológicos por meio da
literatura contemporânea; Observar como Gotouge escreve a sociedade de sua narrativa de
maneira a destacar os aspectos psíquicos das personagens; e discutir as causas, sintomas e
tratamentos para a ansiedade através de paralelos com a obra. Ainda, é fundamental enfatizar
que para tal compreensão dos conceitos fundamentais de ansiedade e elementos ligados a ela
a bibliografia utilizada foi Candido em Literatura e sociedade (2006), Gurgel e Vereza O dragão
da inflação contra o santo guerreiro: um estudo da metáfora conceitual (1996), Lakoff e
Johnson Metáforas da vida cotidiana (2002), Regina Margis Relação entre estressores, estresse
e ansiedade (2003), Serra O que é a ansiedade? (1980), dentre outros autores que se
mostraram pertinentes à discussão proposta.

Palavras-chave: Ansiedade, Demon Slayer, Literatura social.

A (IM)PARCIALIDADE DO DISCURSO JORNALÍSTICO: QUANDO A SELEÇÃO LEXICAL


REPRESENTA IDEOLOGIAS

Raimundo Marcelo dos Santos Dias (UEMA)

Resumo: O discurso jornalístico defende a transmissão das informações de maneira neutra e


imparcial. O jornalista se coloca como alguém que não interfere na transmissão da notícia.
Todavia, os conceitos de formação discursiva e de ideologia, propostos pela Análise do
Discurso Francesa, em especial os apresentados por Gregolin (1997), Brandão (2004) e
Orlandi (2007) sobre discurso, desconstroem essa ideia de imparcialidade, enfatizando que os
sujeitos enunciadores “moldam” e constroem os discursos conforme o ponto de vista defendido
por eles. Nesse sentido, esta comunicação tem como principal objetivo identificar qual foi o
ponto de vista defendido pelos enunciadores de quatro matérias jornalísticas, veiculadas em
sites da Internet, a partir da seleção lexical utilizada na construção textual. Essas matérias
enfatizam a ação praticada por duas ativistas que jogaram sopa de tomate na tela “Girassóis”,
de Vicent Van Gogh, protestando contra o uso de combustíveis. A metodologia utilizada foi de
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cunho bibliográfico e qualitativo. A análise dos dados revelou que a seleção lexical feita pelos
enunciadores/jornalistas para a construção das matérias sinalizou qual é o ponto de vista
defendido por eles sobre o fato ocorrido, isto é, as posições ideológicas. Enquanto uns
noticiavam o ato como ativismo climático ou engajamento social, sinalizando a prática de uma
ação positiva; outros noticiavam o ato como vandalismo, sinalizando a prática de uma ação
negativa. Isso nos leva a concluir que o discurso jornalístico é parcial e tende a interferir na
opinião dos seus enunciatários.

Palavras-chave: Discurso jornalístico, Seleção lexical, Ideologia.

OS CAMINHOS DA MEMÓRIA NO ROMANCE LA MUERTE DE ARTEMIO CRUZ

Nayara dos Santos Pereira (UEFS)


Edson Oliveira da Silva (UEFS)

Resumo: O presente trabalho tem como intuito analisar a obra La muerte de Artemio Cruz
(1974) do escritor Carlos Fuentes (1928-2012). O romance conta a história de um homem
que viveu durante a Revolução Mexicana, e agora já ancião, acamado conta sua história através
de relatos de sua memória que se intercalam com a situação atual em que vive. O escritor
mexicano nasceu no Panamá, filho de diplomatas mexicanos, viveu viajando por vários países
até que em sua adolescência foi viver no México. Carlos Fuentes é um autor renomado que
ganhou grandes prêmios por seus escritos e ocupou cargos importantes, inclusive políticos
pelo seu país. No romance La muerte de Artemio Cruz, investigaremos a relação que a obra
apresenta entre a história e a memória, análises que serão realizadas à luz da teoria de
estudiosos como Le Goff (1990), Paul Ricouer (2014), Eberhard Lammert (1995) entre outros
autores que se dedicaram a estudar a história e a relação que a mesma estabelece com a
memória, na perspectiva do romance literário. A obra, que é considerada uma das mais
importantes da literatura latino-americana, apresenta uma narrativa complexa e multifacetada
que aborda temas como a Revolução Mexicana, a corrupção política e o declínio da elite
dominante do país. Através da história de Artemio Cruz, um protagonista controverso que
viveu muitas das transformações políticas e sociais que marcaram a história do México, Fuentes
explora as conexões entre passado e presente, memória e esquecimento, e as diferentes
maneiras pelas quais a história é construída e transmitida. O problema central desse trabalho
é entender como o romance constrói a relação entre história e memória, e como essa relação
se reflete nas experiências do protagonista e dos personagens secundários. Assim
pretendemos responder a seguinte pergunta: como se dá a relação entre história e memória
no romance La muerte de Artemio Cruz de Carlos Fuentes? A pesquisa buscará identificar os
percursos estéticos e ficcionais que o autor utiliza para encadear essas noções e como a obra
contribui para uma reflexão mais ampla sobre a relação entre literatura, história e memória na
América Latina.

Palavras-chave: História, Memória, México, A morte de Artemio Cruz.

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BAIRRO DE FÁTIMA E LIBERDADE: VARIAÇÕES SEMÂNTICO-LEXICAL NOS CAMPOS
TERRITORIALIDADE, RELIGIÃO E CRENÇAS DOS QUILOMBOLAS URBANOS DA CAPITAL
MARANHENSE.

Tatiana do Nascimento Cunha (UFMA)


Georgiana Márcia Oliveira Santos (UFMA)

Resumo: Pesquisas recentes mostram o estado do maranhão como o segundo do pais com
habitantes autodeclarados negros ou afrodescendentes, este fato reforçou esta abordagem
realizadas nos bairros de Fátima e Liberdade, considerados quilombos urbanos, os bairros
retratados nesta pesquisa estão localizados no município de São Luís da capital maranhense.
Os informantes/moradores dessas comunidades são geralmente retirantes da baixada
maranhense marcada por sua população afrodescendentes refletida no contexto destas
comunidades, fortemente marcada por suas relações culturais, em ambas herdadas de suas
origens nas cidades do interior do estado. Esses típicos quilombos urbanos da capital
maranhense constituem-se em uma riqueza para os dias atuais no que se refere a formação
histórica, cultural, social e pluriétnica da sociedade maranhense aqui investigados a partir de
diversas perspectivas histórico, cultural e linguístico. Optamos nesta pesquisa por uma
abordagem etnoterminológica sobre o corpus linguístico de comunidades quilombolas
rurais/urbanas brasileiras podendo nos fornecer as orientações e informações para a resolução
da questão principal desta pesquisa: quais especificidades denominativas, quais
especificidades semântico-conceptuais revelam a singular visão de mundo construída, em
territórios urbanos do Maranhão, atualmente denominados quilombos urbanos ludovicenses?
A pesquisa tem como objetivo principal identificar e analisar as especificidades denominativas
e, principalmente, as especificidades semântico-conceptuais destes quilombos urbanos, Bairro
de Fátima e Liberdade - redutos de negros/as, típicos representantes das comunidades
afrodescendentes e ancestrais do estado do Maranhão. Temos como aporte teórico os estudos
desenvolvidos por HALL (2003, 2006), POTTIER (1970), HYME (1964), BARBOSA (1993,
2004, 2007, 2009), PAIS (2007), SANTOS (2013), MATOS (2014). As etapas da pesquisa
como a coleta de dados foram realizadas mediante um processo de entrevistas com homens e
mulheres, negros e negras, autodeclarados conforme a pesquisa do IBGE, identificados por
faixas etárias I (18 a 40 anos) e faixa etária II (<50 anos) que habitam nos bairros há décadas
e que desenvolvem alguma atividade social e cultural nestas localidades. A pesquisa constatou
que estes quilombos urbanos constroem e registram uma visão de mundo própria por meio,
sobretudo, de lexias ressemantizadas dos povos quilombolas. No campo semântico da
territorialidade, religião e crenças. A importância deste trabalho, nitidamente marcada pela
escassez de estudos, tem sua importância a partir de uma perspectiva etnoterminológica, sobre
as particularidades linguísticas que reconstruíram e revelaram os processos indentitários dos
grupos negros formadores destes territórios, Bairro de Fátima e Liberdade, principalmente pela
necessidade de reconhecimento destes territórios quilombolas - neste caso o Bairro de Fatima
- marcantes na capital do Estado do Maranhão.

Palavras-chave: Etnoterminologia; Quilombos urbanos; Liberdade.

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ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE AS VOZES QUE SUSTENTAM O ENSINO DE LEITURA DA BNCC
(EF) - ANOS FINAIS

Álvaro Lopes Silva da Rocha (UFRN)

Resumo: O presente trabalho possui como objetivo geral investigar o que os documentos
nacionais que orientam a formação de currículos educacionais e as práticas pedagógicas no
país abordam sobre o fenômeno da leitura e como orientam a sua prática nos espaços
escolares, a partir da análise sobre e o que fundamenta esses textos, quais as vozes que
sustentam as postulações apresentadas. Nessa perspectiva, sendo a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) um documento normativo referência para o ensino de leitura na educação
básica, mais precisamente no recorte dos Ensino Fundamental - Anos Finais, o trabalho possui
como perguntas de pesquisa: Quais são as vozes que sustentam a proposta do ensino de
leitura presente na BNCC? Como elas estão materializadas no texto? Quais as suas
implicações? Para tanto, como objetivos específicos, o trabalho enfoca: a) analisar como se
configura a proposta do ensino de leitura da BNCC (EF) - Anos Finais; b) identificar quais as
vozes que constituem o documento e como elas estão postas no texto; c) verificar e postular
possíveis incongruências do modo como a leitura é abordada na BNCC em relação à perspectiva
enunciativo-discursiva de linguagem que o documento adota. A pesquisa segue a abordagem
qualitativa com objetivos exploratórios e o corpus do trabalho é formado pelo subcapítulo
4.1.1 Língua Portuguesa da BNCC (EF) - Anos Finais. Tomamos como aporte teórico as
postulações de Orlandi (1987; 2008) a respeito da concepção de leitura sob a ótica dos
estudos discursivos e demais contribuições na área da análise do discurso de linha francesa
para as análises dos dados e, para embasar a noção das vozes que sustentam os discursos,
nos reportamos a Authier (1990; 1998; 2004) que nos aponta uma heterogeneidade que é
elemento constitutivo do dizer, ou seja, todo texto é composto por outros que estão
materializados através de marcas linguísticas. Esperamos somar contribuições às discussões
sobre como o ensino de leitura no campo discursivo em relação ao que está posto em
documentos normativos, como a BNCC, que regem o fazer docente, tendo em vista que é dever
do professor realizar a leitura da Base e compreender com clareza as orientações para colocá-
las em prática em sala de aula.

Palavras-chave: BNCC, Ensino de Leitura, Vozes

PROJETO DE INICIAÇÃO À LÍNGUA ESPANHOLA

Carla Cristina Zurutuza (UFMS)

Resumo: O relato de experiência do Projeto de Iniciação à Língua Espanhola que visa à oferta
do Espanhol como língua estrangeira (E/LE) aos alunos do 6º a 9º anos da Escola Municipal
Licurgo de Oliveira Bastos, a fim de cumprir as atividades da disciplina Estágio Curricular
Supervisionado em Língua e Literaturas de Língua Espanhola. Tal projeto é desenvolvido pelos
alunos do quarto ano do curso de Letras Português/Espanhol da Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul. A opção de ofertar a Língua Espanhola deve-se ao fato de que os
acadêmicos envolvidos neste projeto não encontraram escolas que ofereçam essa língua no
ensino fundamental, devido a dois motivos: 1) a lei 2.787, de 24 de dezembro de 2003, no
artigo 60, inciso segundo, regula que “serão incluídas no currículo duas línguas estrangeiras,
sendo uma obrigatória e outra optativa”. Dessa forma, a Secretaria de Educação do Estado de
Mato Grosso do Sul define a Língua Inglesa como língua estrangeira obrigatória e a Língua
Espanhola como opcional no Ensino Fundamental, sendo retirada do currículo escolar; 2) Em
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05 de agosto de 2005, a Lei n. 11.161/05 que dispõe sobre a oferta de língua espanhola que
obrigava no ensino médio e facultava para o ensino fundamental, e foi revogada pela Lei n.
13.414. de 16 de fevereiro de 2017. Cujo no Novo Ensino Médio, também, faculta a oferta da
língua estrangeira espanhola tanto no ensino fundamental, quanto ao ensino médio, e faz-se
obrigatória a oferta da Língua Inglesa a partir do 6º ano do ensino fundamental. Dessa forma,
são poucas as escolas que ofertam a Língua Espanhola no Ensino Médio, visto que ela é
opcional nesse nível do ensino. E no ensino fundamental escola apenas uma oferece língua
espanhola, no estado de Mato Grosso do Sul, município de Campo Grande. Levamos em conta,
também, a importância de aprender uma segunda língua para a valorização curricular dos
alunos e a inserção destes no mercado de trabalho competitivo. O ensino de uma Língua
Espanhola de nível fundamental tem como objetivo a formação de cidadãos – tem caráter
formador e educativo, daí a importância do diálogo entre essa e as demais disciplinas dos
componentes curriculares, expondo aos alunos uma consciência da diversidade que constitui
o mundo. Dessa forma, este projeto visa a contribuir com a aprendizagem de uma segunda
língua, neste caso o Espanhol. Além disso, faz-se importante o ensino de E/LE no Brasil devido
a sua importância política e econômica, sobretudo em nosso estado, que é corredor cultural
entre os países da língua castelhana e está inserido nas políticas econômicas do MERCOSUL.
Outra contribuição, é a criação da RILA (ROTA DE INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA), também,
chamada de Rota Bioceânica é um projeto de desenvolvimento que torna menor o trajeto entre
Brasil e o Oceano Pacífico, visando as exportações e importações, e passando pelo Paraguai,
Argentina e chegando aos portos do Chile. Portanto, podendo potencializar a economia de
Mato Grosso do Sul, além do turismo e vida social estreitando o contato em relação aos países
vizinhos.

Palavras-chave: Estágio, Língua Espanhola, Ensino fundamental.

DAS REDES SOCIAIS PARA A SALA DE AULA: OS MEMES COMO OBJETO DE APRENDIZAGEM

Marion Rodrigues Dariz (IFSul)

Resumo: Inúmeras são as transformações pelas quais a linguagem passa, requerendo, assim,
novas formas de comunicação e modalidades textuais no processo da leitura e escrita.
Pensando nessa perspectiva de mudanças, este trabalho se constitui um recorte de tese de
doutorado no qual tomamos como objeto semiótico de estudo o gênero meme. Embora o
meme não seja um termo novo (criado pelo biólogo Dawkins, 1976), sua presença como
gênero textual se potencializou e ganhou espaço com o advento das mídias digitais e redes
sociais. Para Horta (2015), o meme se constitui “um fenômeno de linguagem, que emerge de
práticas comunicacionais em um meio (a web)”. Por isso, a inclusão desse gênero (com os
demais) no rol das Atividades Organizadoras de Ensino - AOE (MOURA, 2001, 2010, 2017)
ocorre por sua recorrência no cotidiano de jovens e adolescentes; pensou-se o meme como
gênero sincrético cujo estudo aconteceu e resultou em atividades de produção a partir de
aspectos considerados interessantes/marcantes pelos estudantes nos textos literários. A
proposta de AOE, com base nos estudos de Moura, é fundamentada na Teoria Histórico-Cultural
da Atividade (Vygotsky e Leontiev) e sua escolha deve-se ao fato de ser uma teoria a se prestar
à organização do processo de ensino e de aprendizagem se apresentando como uma
possibilidade para realizar a atividade educativa. Essas AOE se constituem uma intervenção
pedagógica (DAMIANI, 2012; DAMIANI et al, 2013) que foi produzida pela professora-
pesquisadora com o objetivo de promover a leitura literária da obra “Contos Gauchescos” de
João Simões Lopes Neto e, posteriormente, foi implementada e avaliada. Nessa avaliação
investigam-se, nos textos produzidos, os efeitos de sentido que emergem a partir da leitura da
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obra literária e, para tanto, utilizam-se os pressupostos da Semiótica Discursiva por ser uma
disciplina ancilar das Ciências Humanas (OLIVEIRA, 2017) e por considerá-la um arcabouço
teórico-metodológico que possibilita o estudo de diferentes textos que circulam no contexto
contemporâneo, em sua totalidade de sentido, dotados de um plano de conteúdo e um plano
de expressão. Assim, é no encadeamento da forma da expressão e do conteúdo que a semiótica
atua, é a partir da articulação desses dois planos que se constrói o sentido do texto. O plano
de conteúdo em qualquer texto que seja – partindo do pressuposto semiótico de que tudo é
texto – se organiza em um Percurso Gerativo de Sentido (PGS) a partir de três níveis:
fundamental, narrativo e discursivo. Esse PGS é importante para análise dos processos de
significação que caracterizam o texto (LIMA, 2009), mas é mais no plano da expressão que
focaremos a análise, pois é, nesse plano, que podemos perceber o sentido pelos órgãos
sensoriais, “apresenta-se, por isso mesmo quase invisível no texto, apesar de seu caráter
sensorial, para garantir o papel de expressar o conteúdo” (BARROS, 1986, p.34).

Palavras-chave: gênero meme; aprendizagem; produção de sentido;

OS DICIONÁRIOS ESCOLARES COMO MEDIADORES DO ENSINO DA POLISSEMIA E DA


HOMONÍMIA NO LIVRO DIDÁTICO

Silvânia Aparecida Alvarenga Nascimento (UFCAT)

Resumo: A implementação dos dicionários escolares pelo Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) é um marco valioso no contexto educacional. Esses instrumentos pedagógicos auxiliam
o consulente na construção do significado, principalmente na aprendizagem da polissemia e
da homonímia. Para a compreensão desses fenômenos semânticos, o uso do dicionário escolar
é fundamental, pois este abarca informações sobre os diversos usos e sentidos expressos pelas
palavras. Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo discutir o fenômeno da polissemia e
da homonímia no livro didático em contraposição aos dicionários escolares. Nossa
fundamentação teórica está alicerçada em estudiosos da Lexicologia e da Lexicografia,
respectivamente: Abbade (2012), Barros (2002), Barbosa (1984,1990, 1992), Biderman
(1996, 2001), Câmara Jr. (1981), Casares (1984), Dapena (2002), Dubois et al,. (2006), Fiorin
(2000), Henriques (2018), Ilari e Basso (2009), Krieger (2012), Krieger e Finatto (2004),
Matoré (1953), Oliveira e Isquerdo (2001), Orsi (2012), Polguère (2018), Rangel (2012),
Rangel e Bagno (2006), Silva (2001), Weinreich, (1984) e Welker (2004). No que se refere aos
estudos semânticos, nos centramos em Cançado (2005), Ferreira (2022), Herinques (2011),
Ilari e Geraldi (1998), Polguère (2018), Tamba (2006), Ullmann (1972) entre outros. Nossos
corpora são compostos pelo livro didático destinado ao 8º ano, da coleção “Apoema”, de
Teixeira et al. (2018). Quanto aos dicionários escolares, selecionamos as obras aprovadas pelo
PNLD para os anos finais do Ensino Fundamental: “Dicionário escolar da Academia Brasileira
de Letras”, de Bechara (2011); “Aurélio Júnior: dicionário escolar da língua portuguesa”, de
Ferreira (2011); “Caldas Aulete - minidicionário contemporâneo da língua portuguesa, de
Geiger (2011); “Dicionário didático de língua portuguesa”, de Ramos (2011) e “Saraiva jovem;
dicionário da língua portuguesa ilustrado”, de Saraiva e Oliveira (2010). A metodologia
adotada é bibliográfica e documental, com abordagem qualitativa. Nossos resultados
demonstram que a polissemia e a homonímia exigem distinções adequadas, sendo os
dicionários instrumentos primordiais para esclarecer as dúvidas dos alunos em relação à
compreensão desses fenômenos semânticos. Contudo, a pesquisa apontou que as informações
expressas nos dicionários escolares do tipo 3 podem ser aperfeiçoadas, pois falta
homogeneidade nos critérios lexicográficos dos dicionários analisados, comprometendo o
aprendizado dos alunos. Consideramos que para contribuir de forma significativa promovendo
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o conhecimento sobre esses fenômenos semânticos, os dicionários precisam oferecer um
suporte eficiente e coeso sobre as definições das palavras homônimas e polissêmicas.

Palavras-chave: Dicionários, Livro didático, Polissemia, Homonímia

DESCOLONIZANDO O FUTURO: O QUE O "DUNA" (1965), DE FRANK HERBERT, NOS ENSINA


SOBRE A COLONIZAÇÃO?

Luis Felipe Dias Ribeiro (UFPI)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o processo de descolonização no romance
de ficção científica "Duna" (1965) de Frank Herbert e, como foco central, a trama que
acompanha o protagonista Paul Atreides e a população nativa do planeta Arrakis, os Fremen.
Para isso, foi utilizado como referencial teórico o primeiro capítulo do livro "Science Fiction,
Imperialism and the Third World: Essays on Postcolonial Literature and Film" (2010), intitulado
"Postcolonial Science Fiction: The Desert Planet" (2010), escrito pelo estudioso Gerald Gaylard.
A partir das análises perspicazes que Gaylard nos apresenta ao redescobrir o romance sob
uma perspectiva pós-colonial, este trabalho elabora uma perspectiva literária que se afasta das
abordagens padrão da opressão dos colonizadores sobre os colonizados. Por fim,
apresentamos uma reflexão sobre a colonização e como a descolonização é possível não
apenas na ficção, mas em nosso mundo.

Palavras-chave: Ficção Científica, Colonização, Descolonização

(RE)SIGNIFICANDO O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA : A INSERÇÃO DO GÊNERO MEME NA


SALA DE AULA

Claudiana Ribeiro (UEMA)


Luciana Martins Arruda (UEMA)

Resumo: Gêneros textuais como memes, tirinhas e charges, que geralmente apresentam uma
linguagem mais coloquial, multimodal e multissemiótica (cf. ROJO, 2013), não costumavam ser
utilizados como objeto de ensino na sala de aula. Os gêneros textuais contidos nos livros
didáticos eram crônicas, contos, reportagens e demais textos literários. Entendia-se que o
ensino da língua materna deveria priorizar o uso de uma linguagem formal pautada nas normas
prescritas na Gramática Tradicional. No entanto, as redes sociais e as páginas da internet
exibem uma variedade de textos que apresentam conteúdo temático, estilo e construção
composicional diversificados. Sendo assim, o surgimento e a circulação de novos gêneros têm
promovido uma reflexão sobre quais textos devem ser utilizados no ensino da língua. Nesse
sentido, esta comunicação tem como principal objetivo discutir quais são os tipos de
conhecimento acionados durante a leitura e a compreensão de quatro memes que abordam
temas sociais. Para atingir o objetivo proposto, utilizamos como fundamentação teórica as
bases da linguística textual, no que tange ao estudo gênero (BAKHTIN; 2003) e aos tipos de
conhecimento (KOCH, ELIAS; 2008). A metodologia utilizada foi de cunho bibliográfico e
qualitativo. De um modo geral, a análise dos memes revelou que somente o conhecimento
linguístico, ou seja, o conhecimento das regras e das estruturas da língua portuguesa, como
os conhecimentos morfossintáticos, não foram suficientes para a compreensão desse gênero
textual. Isso porque a formação da competência linguística ocorre a partir do domínio de outros
conhecimentos como, por exemplo, o conhecimento de mundo, que exige do leitor o
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entendimento de vários tipos de linguagem. Logo, é preciso (re)significar e repensar sobre o
ensino de língua portuguesa e a inserção de novos gêneros textuais na sala de aula.

Palavras-chave: Ensino; leitura; memes; tipos de conhecimento.

A MEMÓRIA COLETIVA EM O ALIENISTA, DE MACHADO DE ASSIS

Eloilma Carvalho Pires (UFPI)

Resumo: Na perspectiva dos estudos literários a memória é estudada para além de suas funções
psíquicas, geralmente sua abordagem contempla a construção das personagens em um
determinado contexto social, sobre o qual se emergem os traços característicos da personagem
e as tramas que alicerçam o desenrolar da narrativa. O uso que se faz da memória abarca o
falar, o sentir e pensar, assim perpassa por condições biológicas que são estudadas por áreas
específicas como, a psicologia, a biologia, psiquiatria, neurologia, entre outras que manifestam
interesse em analisar o comportamento humano, bem como suas patologias neurológicas.
Essas condições biológicas sofrem constantes alterações que por vezes comprometem algumas
propriedades da memória, como conservar informações necessárias ao processo de atualização
das lembranças, de modo que essas lembranças estejam sempre vinculadas ao senso de
realidade e no modo como essa realidade é representada. Daí, a importância em se preservar
a memória para, a partir dela, valorar comportamentos como o de conservar, atualizar e narrar
a história na perspectiva de assegurar sua continuidade e barrar o esquecimento, sem, no
entanto, confundir os fatos com a história que se narra deles. Esse artigo busca analisar a
caracterização da memória coletiva em O Alienista, de Machado de Assis. Dentre as ações que
caracterizam a memória coletiva no conto, realçamos a prevalência de forças opositoras que
agem umas sobre as outras em diversas situações, podendo resultar em um processo de
manutenção de perspectivas conservadoras, quanto em um processo de transformação das
condições sociais. Vale ressaltar que a memória coletiva, em relação ao conto em análise, não
se restringe, especificamente, à preservação das práticas sociais, mas ao estabelecimento de
elos entre os grupos que experenciam essas práticas e suas configurações no exercício da
convivência. Podemos inferir, portanto, que a memória coletiva é sobretudo, uma forma de
materialização da resistência ao silenciamento. Esse ato de resistir ao silenciamento é
completamente assimilado e incorporado pelas personagens no decorrer da narrativa. Para o
alcance do objetivo proposto fez-se uso de pesquisas bibliográficas orientadas ao estudo de
contribuições teóricas que versam sobre a temática proposta como viés de análise da narrativa
contística como: CANDIDO (2009), HALBWACHS(2013), LE GOFF(2013), VERÍSSIMO (1998),
STEGAGNO-PICCHIO (2004), dentre outros. Desse modo, conclui-se que os trechos utilizados
para análise da memória coletiva em O Alienista, não exaurem o conto, mas se constituem em
pontos de vista representativos da importância da memória coletiva para a mediação dos
dilemas histórico-sociais desenvolvidos na narrativa, sobre os quais pode se avultar a
perspectiva dos dominantes e a perspectiva dos dominados. Cumpre estabelecer que os
dilemas explorados no decorrer da narrativa se erguem em torno da Casa Verde; desde sua
edificação ao decreto que não chegou a se cumprir, que versa sobre sua abolição.

Palavras-chave: O Alienista, memória individual, memória coletiva.

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A CULPABILIZAÇÃO DA VITIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL NOS CONTOS "A LÍNGUA DO "P"" E
"DEBAIXO DA PONTE PRETA"

Radiley Suelma Silva De Oliveira (UFMA)


Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)

Resumo: O presente trabalho tem como principal intuito analisar a culpabilização da vítima de
estupro na sociedade brasileira por meio de textos literários, tentando buscar nos estudos
sociológicos e jurídicos as possíveis raízes que fundamentam a existência e permanência do
problema. Os corpora selecionados para constituírem a base do presente estudo serão dois
contos literários: “A língua do ‘P’”, de Clarice Lispector; “Debaixo da ponte preta”, de Dalton
Trevisan. No conto “A língua do ‘P’” é levantado debate acerca da importunação sexual contra
as mulheres por meio da personagem Cidinha, que é assediada e quase violentada em um
trem. Clarice Lispector expõe, em uma fluente e angustiante narrativa, a vergonha e
julgamentos que uma vítima de assédio e abuso sexual está sujeita a passar. Já o conto
“Debaixo da ponte preta”, circunda a história de Rita da Luz que é estuprada debaixo de uma
ponte por um grupo de homens ao voltar do seu emprego. Na delegacia, cada um dos
abusadores dá a sua versão do ocorrido. Em momento algum a voz das personagem violentada
aparece, mostrando assim o silenciamento das vítimas de abuso sexual pela justiça. Dito isso,
para que o objetivo geral seja alcançado, pretende-se, a priori, apresentar uma analise das leis
de amparo às vítimas de violência sexual no Brasil; em conseguinte, compreender alguns dos
fatores sociais que promovem a cultura do estupro dentro da sociedade brasileira, além dos
mecanismos sistêmicos que se refletem no meio jurídico que contribuem para a anulação dos
direitos das vítimas e proteção ao estuprador; e, por fim, analisar a culpabilização das vítimas
pela justiça nos contos “A língua do ‘P’” e “Debaixo da ponte preta” observando os artifícios
usados pelos autores para representar o estupro contra as mulheres. O referencial teórico
utilizado serão os trabalhos de Bourdieu (2019), Beristain (2000), Saffioti (1994), entre outras
pesquisas que possam dialogar com os debates levantados.

Palavras-chave: violência, mulheres; estupro;

LOCAIS NA LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA LEITURA DISTANTE

Lara Sousa Pires (UEMA)

Resumo: Definir literatura atualmente não é uma tarefa simples. Isso acontece, pois,
dependendo da civilização em que é escrita ou até mesmo a época da produção, uma obra
pode ou não ser considerada literária. Ao longo do tempo, a literatura e as obras literárias
aumentavam gradativamente chegando ao ponto de se tornarem praticamente infinitas, o
interesse de estudiosos pela literatura se expandiu, mas com tantas variedades de obras era
humanamente impossível estudar todas elas detalhadamente. Como dar conta de um número
de obras tão grande? A ajuda da tecnologia tornaria esse processo mais fácil. Franco Moretti
(2000) usou o termo 'leitura à distância' em seu ensaio muito debatido, Conjectures on World
Literature, para apresentar um método estrategicamente novo de análise literária, a ideia de
Moretti sobre distant reading. Embora as máquinas não tenham a capacidade humana de
compreender uma obra da maneira que nós entendemos, elas são precisas em encontrar
informações específicas, detalhadas e identificar padrões que passam despercebidos a olho nu,
é possível fazer essa identificação através de um corpus que é uma coleção de textos
eletrônicos, selecionados de acordo com critérios externos para representar uma língua ou
variedade de uma língua como recurso de dados para pesquisa linguística, qualquer que seja
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o domínio (SINCLAIR, 2005). Aplicamos a técnica distant reading usando como corpus a
ferramenta AC/DC, que está disponível no site linguateca.pt, afim de encontrar e analisar todas
as vezes que os autores citam locais (cidades, estados e países) dentro da literatura portuguesa.

Palavras-chave: Literatura, Locais, Obras.

O FEMINISMO NEGRO E A CONTRIBUIÇÃO CULTURAL E SOCIAL DA HERANÇA ANCESTRAL EM


"PONCIA VICÊNCIO", DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Luis Fernando Lima Camelo (UFMA)

Resumo: Em 2003, Conceição Evaristo trouxe a público o romance Ponciá Vicêncio pela Editora
Mazza, de Belo Horizonte. Neste ano de 2023, assim, comemoramos os 20 anos desde a
primeira edição dessa obra, que se tornou referência para a literatura negra contemporânea. A
presente pesquisa oferece uma análise aprofundada da herança ancestral e feminismo negro
em “Poncia Vicêncio”, de Conceição Evaristo, destacando a presença de elementos culturais e
tradições africanas que permeiam a obra literária. O conceito de ancestralidade é crucial para
a compreensão do feminismo negro na obra. O livro narra a jornada da protagonista Ponciá,
uma mulher negra que migra do campo para a cidade em busca de uma vida melhor, ao mesmo
tempo em que enfrenta a difícil tarefa de reconectar-se com suas raízes culturais e com sua
identidade como mulher negra. Através do resgate das histórias de seus antepassados, Ponciá
fortalece sua identidade e encontra uma conexão com sua cultura e herança, buscando uma
representação mais autêntica e empoderada da mulher negra. Para enriquecer a discussão, o
estudo estabelece um paralelo com outros teóricos e estudiosos, tais como Stuart Hall, Achille
Mbembe, bell hooks, Patrícia Hill Collins e Audre Lorde. Destarte, o aporte teórico contribui
com perspectivas interdisciplinares sobre a diáspora africana, a formação identitária pós-
colonial e a valorização das culturas ancestrais. Ao conectar as ideias desses estudiosos à
análise de “Poncia Vicêncio”, o artigo ressalta a relevância da obra de Conceição Evaristo na
representação e celebração da cultura afro-brasileira. Além disso, enfatiza como a literatura
afrodescendente desempenha um papel crucial na construção da identidade e na compreensão
das raízes culturais do Brasil. Através desse enfoque interdisciplinar, o artigo busca
proporcionar uma visão mais abrangente da contribuição cultural e social da herança ancestral
em “Poncia Vicêncio”, destacando sua importância no contexto literário e no reconhecimento
das influências africanas na sociedade brasileira contemporânea.

Palavras-chave: Ancestralidade. Ponciá. Feminismo Negro.

UM VALENTE FEITO DE FERRO E DE FLOR: MEMÓRIA E TESTEMUNHO EM "HISTÓRIA DE UM


VALENTE", DE FERREIRA GULLAR

Susane Martins Ribeiro Silva (UFPE)


Ana Maria Areias da Silva (UFPE)

Resumo: Citando vários valentes, mas prendendo-se à história de apenas um, o romance de
cordel “História de um valente”, publicado na década de 60 do século XX pelo escritor
maranhense Ferreira Gullar, nos envolve com a saga de Gregório Bezerra, um homem
revolucionário, cuja vida fora dedicada à luta em defesa dos direitos do povo, desde sua
infância hostil na terra natal, com a morte dos seus pais quando tinha apenas sete anos de
idade, sendo criança moradora de rua, enfrentando as dificuldades existentes na adolescência
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e a atuação, já na juventude, em movimentos grevistas por melhores condições de trabalho,
como a jornada de oito horas diárias. Tal texto é visto como uma biografia em versos do
militante pernambucano, sendo instrumento de denúncia social, pois percebe-se no discurso
literário a maneira como a história deste ativista é contada: pela descrição de ações e vivências,
percebe-se o descaso contra os sertanejos nordestinos pela falta de políticas agrárias dignas,
a fome e a miséria cujos índices aumentam em tempos de seca, e a expansão do agronegócio
que reduz as oportunidades dos pequenos agricultores. Além disso, nos apresenta a atuante
militância em prol de melhores condições de vida aos camponeses. Baseado nesta perspectiva,
objetiva-se discutir as representações mnemônica e testemunhal promovidas pelo sujeito lírico,
levando em consideração os preceitos sobre memória a partir do olhar de Benjamin (2012).
No que diz respeito ao caráter testemunhal do texto literário, considera-se as prerrogativas de
Gagnebin (2006), Lopes (2014), Pollak (1989) e Bosi (2003), traçando um panorama do
discurso estabelecido ao longo da narrativa, ponderando a ressignificação da história de um
homem que tanto sofreu em tempos de violência e como esse processo foi figurado por meio
do gênero lírico, resultando em um importante e significativo estudo acerca do texto literário
como forma de compreensão do papel do ser no mundo.

Palavras-chave: Representação, História, Memória, Testemunho.

O O MEME ANCORADO TEORICAMENTE COMO PRÁTICA LINGUAGEIRA EM MOVIMENTO


LINGUÍSTICO-DISCURSIVO E SUA POTÊNCIA COMUNICATIVA NA SOCIEDADE

Ana Paula Camacho Rosa (UEL)


Suzete Silva (UEL)

Resumo: No século XX, os avanços acelerados das tecnologias digitais e das telecomunicações
somados ao aprimoramento dos computadores, resultaram na criação da Internet. Esse período
significou um espaço de tempo singular, no qual acontecimentos fundamentais modificaram
toda a estrutura social. Ou seja, o modo como as representações culturais atuam na sociedade
passou a ser organizado por um novo paradigma: a tecnologia da informação (CASTELLS,
2020). Nesse formato, a tecnologia da informação incorpora-se ao sistema cultural e estabelece
a base operacional da realidade. Assim, a sociedade contemporânea funciona de forma
integrada e dinâmica. Linguagem e comunicação fazem parte desse mecanismo, pois ambas
estabelecem as condições sem as quais a sociedade não se sustenta. Por meio da linguagem,
o indivíduo articula seus pensamentos e sentimentos, constrói seu modo de ser e de enxergar
o mundo. Ademais, a realidade material da linguagem – palavras, frases, imagens, gestos, sons
– acontece na sociedade, fazendo a intermediação entre os indivíduos e o mundo. Nesse
panorama, o uso real da língua extrapolou suas formas materiais já consolidadas, pois ela é
afetada pelas transformações sociais e, diante da diversificação das práticas linguageiras, as
formas como os sentidos se textualizam são ampliadas. Assim, objetiva-se, nesta comunicação,
apresentar o fenômeno meme, enquanto prática da língua(gem) em uso que surgiu como uma
das novas possibilidades de textualidade na Internet, estabelecendo uma intersecção teórica
possível entre prática linguageira x gênero discursivo. Para tal, busca-se o escopo teórico da
prática linguageira em estudiosos como Charaudeau e Maingueneau (2016), Cavalcante e
Oliveira (2019), Oliveira, Bezerra e Lêdo (2020) que entendem o meme útil para o ensino da
língua, porquanto seja uma prática rotineira na comunicação dos alunos. Os autores focam no
caráter híbrido e dinâmico dos gêneros, os quais surgem para abarcar essas novas formas de
comunicação. Portanto, pretende-se refletir o meme como prática linguageira discursiva capaz
de suscitar a crítica social e, ainda, destacar-se como uma importante estratégia de letramento.
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Ademais, descortina-se a visão do meme como gênero discursivo defendida por Furtado
(2019). A autora explica que a era digital constituiu novos espaços do dizer como as redes
sociais Facebook, Twitter, Instagram. Ela considera esses ambientes virtuais como as novas
“praças públicas”, lugares nos quais os diálogos cotidianos acontecem instrumentalizados em
aparatos eletrônicos como os celulares, baseando-se em teóricos como Bakhtin (2011, 2014,
2018), Volóchinov (2018), Marcuschi (2008), Castells (2020), Brait (2017), entre outros.
Metodologicamente, este estudo, de cunho interpretativo, fundamenta-se nos pressupostos da
análise de conteúdo de Bardin (2015), apresentando como corpus, reflexões relacionadas ao
meme “Loira do Banheiro”, que circulou durante a pandemia de COVID-19. Conclui-se que esta
perspectiva de análise se mostra bastante pertinente, pois, esmera-se em “fotografar” de forma
ativa, sensível e necessária, questões sociais como o patriarcado e a subserviência da mulher,
a qualidade do sistema educacional brasileiro e dos reflexos da desigualdade social na
educação.

Palavras-chave: Meme, Internet, Prática Linguageira, Gênero.

O SEXO COMO FATOR DETERMINANTE NAS GÍRIAS PRESENTES NA FALA DOS ADOLESCENTES
DE SANTA INÊS-MA

Carlos Henrique Alves Silva (UFMA)

Resumo: A língua é a principal ferramenta de comunicação entre os indivíduos. É através dela


que verbalizamos nossas culturas, ideias e sentimentos. Desta forma, percebe-se que a própria
língua é uma manifestação social, e é a partir desse aspecto que surgiram os estudos da
Sociolinguística, que aborda diversos aspectos da língua no seu contexto de uso, ou melhor,
no contexto social. A partir dessas interações comunicativas temos as gírias, que são variações
lexicais que utilizam palavras dicionarizadas, integrantes do vocabulário dos indivíduos, no
entanto, são atribuídos significados diferentes a esses léxicos, o que pressupõe uma alteração
de caráter semântico-lexical. Esses tipos de variações lexicais são usados com frequência por
jovens e adolescentes, e em sua maioria tornam-se a marca identitária de seus vocabulários
em determinados grupos. Foi com base na investigação dessa relação que surgiu o interesse
em estudar as variações presentes na fala dos jovens da cidade de Santa Inês – MA. Partindo
dessa perspectiva, essa pesquisa tem por objetivo apresentar as variações lexicais presentes
na fala dos adolescentes, com o intuito de expor as principais gírias usadas por eles e,
posteriormente, discorrer uma análise expositiva e comparativa dos principais léxicos utilizados
pelos falantes pesquisados, com o propósito de mostrar as diferenças e semelhanças existentes
na fala dos jovens e analisar de que forma o sexo influencia na escolha e utilização das gírias.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi realizada, primeiramente, uma pesquisa bibliográfica,
a fim de obter embasamento teórico necessário para a execução das atividades planejadas, em
seguida, foi o momento de interação com os informantes, com a aplicação de um questionário,
uma dinâmica e observações em sala de aula. Diante dessas etapas da pesquisa, concluiu-se
que todos os adolescentes utilizam gírias, independentemente de idade ou situação econômica,
porém o que difere em seus vocabulários são as motivações comunicativas recebidas por
falantes de ambos os sexos. Para se chegar a esses resultados, foram expostos dentro deste
trabalho diversos dados coletados, no intuito de confirmar, confrontar e comparar os fatores
que levam a tais variações.

Palavras-chave: Língua, Variação Lexical, Gírias, Adolescentes.

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A SOLIDÃO DA MULHER NEGRA DISCURSIVIZADA NAS MÍDIAS DIGITAIS: DISCURSO RACISTA,
MEMÓRIA E RESISTÊNCIA

Monik Milany Santos Santana (UESB)


Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes (UESB)

Resumo: Nos últimos anos, um tema tem suscitado inúmeros debates entre os internautas nas
redes sociais no Brasil: a solidão da mulher negra. Se para alguns esse é um termo novo, uma
vez que, este era um tema raramente discutido publicamente por esta mulher, a solidão da
mulher negra se trata de mais uma forma de racismo que se perpetua pela sociedade desde
os tempos da escravidão e que, por essa razão, não se trata de uma questão individual, mas
sim histórica ligada ao processo de hierarquização e marginalização sobre os corpos das
mulheres negras no Brasil. Desse modo, a partir do dispositivo teórico-metodológico da Análise
de Discurso (AD) fundada por Pêcheux, este trabalho tem por objetivo analisar como a solidão
da mulher negra é discursivizada nas mídias digitais. Buscamos também compreender como
esse discurso é afetado pelas condições de produção/circulação dessas mídias, considerando
as relações de força e sentido; como a memória do discurso racista afeta o discurso sobre o
corpo da mulher negra; e como se dá o confronto discursivo nessa trama e como funciona a
resistência em/na rede. Além dos pressupostos da AD, também referenciam esta pesquisa
contribuições das Ciências Sociais, que discutem questões raciais e machistas. Utilizamos o
recurso do print screen (captura de tela) para a coleta de um arquivo de materialidades digitais
postadas em páginas de duas mídias digitais, o Instagram e o Youtube. Em seguida, efetuamos
um recorte de três Sequências Discursivas (SDs), que constituem o nosso corpus discursivo.
Nos gestos analíticos, observamos o funcionamento de um jogo de forças e uma tensão
discursiva entre a memória discursiva de escravização/hipersexualização e a desumanização
sobre esses corpos e os movimentos de contradiscursos e resistência ao discurso racista e
machista na/em rede. Observamos ainda que as mídias digitais podem se configurar como um
espaço para a circulação de sentidos silenciados ao longo dos anos.

Palavras-chave: Mulheres negras, Discurso racista, Mídias digitais

EXPLORANDO AS VANGUARDAS EUROPEIAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA POR MEIO DAS


METODOLOGIAS ATIVAS EM UMA INSTITUIÇÃO DO ENSINO MÉDIO

Robson de Macêdo Cunha (UEMA)

Resumo: Este trabalho teve como objetivo apresentar e analisar o uso de metodologias ativas
no ensino de alunos do 3º ano do Ensino Médio em Santa Inês – MA, abordando o tema das
Vanguardas Europeias com destaque para a Semana da Arte Moderna (1922) e as primeiras
impressões sobre o Modernismo no Brasil. Para tanto, foram utilizados recursos tecnológicos
e estratégias inovadoras que contribuíram significativamente para a aprendizagem dos
estudantes. A disciplina de Língua Portuguesa e Literatura foi o cenário escolhido para a
aplicação dessas metodologias ativas. Dentre os recursos tecnológicos utilizados, destacam-
se: a exibição de séries que abordam um dos movimentos das Vanguardas Europeias; o uso
de seminários desenvolvidos pelos próprios estudantes com o auxílio de recursos audiovisuais;
atividades interativas como quizzes nas plataformas Genially, Kahoot e Mentimeter;
reproduções de pinturas em tela para estabelecer uma intertextualidade com obras
contemporâneas; e a utilização de óculos de realidade virtual/aumentada para uma imersão em
museus virtuais. Além disso, foram aplicados simulados de vestibulares que tratam do tema
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das Vanguardas, a fim de preparar os alunos para os desafios dos vestibulares. A
fundamentação teórica deste trabalho se baseou em autores como Bosi (2015), Brasil (2018),
Martins (2020), Teles (2022), Ormundo e Siniscalchi (2020), que contribuíram para a
concepção e embasamento das estratégias pedagógicas adotadas. Para garantir a validade da
pesquisa de intervenção, foram seguidos critérios metodológicos de Lakatos e Marconi (2021),
incluindo a definição das variáveis a serem estudadas, revisão bibliográfica detalhada,
observações em campo, aplicação de questionários tanto abertos quanto fechados, e a análise
dos resultados obtidos com uma abordagem quali-quantitativa. A proposta metodológica
permitiu uma reflexão aprofundada sobre o processo de aprendizagem dos alunos e a
percepção do professor em relação ao desempenho dos estudantes durante o período de
estudo. Os questionários aplicados deram feedbacks importantes, permitindo avaliar a eficácia
das estratégias utilizadas e identificar possíveis melhorias. Os resultados obtidos foram
extremamente positivos, tanto do ponto de vista dos alunos quanto do professor. Quanto aos
estudantes notam-se que demonstraram maior engajamento e interesse nas atividades
propostas, mostrando-se mais motivados a aprender sobre as Vanguardas Europeias e suas
conexões com o cenário artístico atual. Além disso, a aplicação das metodologias ativas
contribuiu para o desenvolvimento de habilidades como trabalho em equipe, pensamento
crítico, autonomia e criatividade. Diante dos resultados promissores e a abordagem inovadora
adotada nessa experiência, reforça-se ainda mais a importância de um ensino dinâmico e
contextualizado, capaz de proporcionar uma formação integral e significativa para os alunos
do Ensino Médio.

Palavras-chave: vanguardas europeias, metodologias, ferramentas.

AS IMAGENS PRODUZIDAS PELOS DISCURSOS DA ESCRITA ACADÊMICA SOBRE ENSINO DE


LEITURA LITERÁRIA

Sacha Emmanuelle de Sousa Gomes (UFPA)


Resumo: Neste estudo, que é o recorte de um trabalho de tese em andamento, apresentaremos
uma análise de discurso da escrita acadêmica sobre o que seja ensinar a ler o texto literário.
Com base em uma discussão linguística e discursiva, nosso objetivo é o de refletir sobre o
modo como os autores das pesquisas produzem conhecimento acerca das propostas
metodológicas de ensino de leitura literária. Dentre os conceitos de base teórica e
metodológica acessados destacaremos os de formação discursiva em Pêcheux (2019;2014)
com ênfase nas imagens produzidas e de valor de uso, valor de troca e mercado linguístico em
Rossi-Landi (1985). O corpus de análise é composto de onze Trabalhos de Conclusão do Curso
(TCC) de graduação em Letras provenientes de um corpus maior de cinquenta e quatro TCC’s
que integram uma pesquisa de tese em desenvolvimento. Levantamos a hipótese de que no
trabalho do sujeito realizado por meio da língua há um modo de dizer em que ao tratar sobre
ensino de leitura literária possa estar assumindo um valor de troca nos TCC’S. Esses discursos
são produzidos entre um enunciador e um enunciatário que, no caso da escrita acadêmica, são
o autor da pesquisa e o leitor do TCC em uma dada comunidade linguística. Em nossas análises
buscamos compreender as imagens construídas acerca das metodologias de ensino de leitura
literária e dos efeitos esperados por elas a partir do trabalho que o sujeito que é autor de um
TCC realiza. Para tratar do trabalho do sujeito nos valeremos dos estudos de Possenti (2009)
e de Geraldi (2019, 1993). Nas análises iniciais identificamos que os discursos tendem a
motivar o aluno a fazer uma leitura por intermédio de um objeto que não é o texto literário.
Aparentemente essa forma de proceder é assumida simplesmente como um elemento de
convencimento que parece garantir que o aluno leia o texto.

Palavras-chave: Escrita acadêmica. Discurso. Leitura literária.


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MULTIMODALIDADE E DESINFORMAÇÃO: UM OLHAR PARA AS FAKE NEWS À LUZ DA
GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL (GDV).

Joao da Silva Araújo Júnior (UFMA),


Lívia Karoline Pinheiro Mendonça dos Santos (UFMA)

Resumo: O campo de estudos denominado multimodalidade, entendido como abordagem


semiótica da comunicação contemporânea (KRESS, 2010), tem se voltado, sobretudo, para
questões relacionadas à construção dos significados visuais e seu impacto nas nossas práticas
sociais. Nesse sentido, entendemos que essa área de estudos tem muito a contribuir para a
compreensão da chamada dinâmica contemporânea da desinformação (SILVA e CENDÓN,
2022). A desinformação pode ser definida como um mecanismo deliberado e orquestrado de
manipulação da opinião pública com a finalidade de deslegitimar movimentos, ideias, pessoas
e até governos (VOLKOFF, 2004). No atual cenário de desenvolvimento e popularização as
tecnologias digitais, as campanhas de desinformação por meio de redes sociais digitais e de
aplicativos de mensagens têm sido objeto de relevantes pesquisas acadêmicas, o que se
justifica sobretudo pelo potencial dessas tecnologias para incrementar a dinâmica da
desinformação, quer em função do processo tecnológico de gestão algorítmica da atenção
(BENTES, 2019), quer em função da natureza essencialmente multimodal do que tem sido
genericamente denominado fake news (SILVA e CENDÓN, 2022). Apesar do atual uso
corriqueiro do termo fake news (FN), estudos como o Tandoc Jr. et al (2017) identificam, na
dinâmica da desinformação, uma pluralidade de fenômenos definidos a partir desse mesmo
termo, tais como: a sátira, a paródia, a fabricação, a manipulação, entre outros. Neste estudo,
nos interessa compreender o fenômeno das FN como fabricação e como manipulação. Como
fabricação, as FN caracterizam-se como um conteúdo predominantemente falso, que não
implica um contrato de humor entre o público e o produtor, havendo a intenção deliberada de
desinformar ou informar uma mentira. Como manipulação, por sua vez, as FN se caracterizam
pelo uso de imagens fotográficas ou vídeos utilizados para construir narrativas falsas. A partir
desse entendimento, esta pesquisa busca compreender como os modos visuais presentes em
fake news contribuem para legitimar tais notícias como verdadeiras. Como ferramenta analítica
das FN selecionadas, utilizamos a Gramática do Design Visual (GDV) de Kress e Van Leeuwen
(2006), considerando, sobretudo, o sistema visual representacional de significados da GVD. O
corpus analisado é constituído por quatro fake news checadas e analisadas pela Agência Lupa
no período eleitoral de 2022. Os resultados parciais desta pesquisa apontam, até aqui, para a
compreensão de que as composições imagéticas, predominantemente fotografias usadas
estrategicamente fora de seus contextos originais, apresentam um papel de suma relevância
para a construção dos significados da composição multimodal na dinâmica da desinformação,
corroborando com a construção da mensagem das notícias falsas como verossímeis.

Palavras-chave: multimodalidade; desinformação; imagem.

O USO DA MORFOSSINTAXE NA PERSPECTIVA DA LEITURA EM DIÁLOGO COM A LINGUÍSTICA


APLICADA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Maria Regina Coelho Costa Moraes (UFMA)

Resumo: Neste estudo, faremos uma apresentação sobre a relação de interdependência entre
a leitura e a morfossintaxe, para que se entenda como essa sistematização gramatical dá
fundamentação linguística indispensável para a compreensão satisfatória de um texto conforme
o que ele propõe como sentido. Entende-se, pois, que conhecer o processo morfossintático é
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imprescindível para se ter maior segurança na compreensão da função que desempenha cada
termo na construção do texto, pois “as palavras precisam se organizar segundo determinados
princípios” (PERINI, 1976, p. 18). Soma-se a esse propósito a ideia de que se pode estabelecer
um diálogo entre esse fenômeno gramatical e a Linguística Aplicada (LA) que, entre outros
aspectos, segundo Lopes (2006), estuda a linguagem associada ao discurso e à construção
social, ocorrências que, imprescindivelmente, constituem um texto. Para tanto, recorremos a
conceitos de leitura, gramática(s), gramaticalização, morfossintaxe e estudos realizados sobre
a LA, que tem como objeto de estudo a linguagem em sua prática social. Com este trabalho,
pretendemos evidenciar que o objetivo do estudo da morfossintaxe, e em diálogo com a LA,
ultrapassa a fixidez das normas impostas pela gramática normativa, destacando-se a finalidade
que tem ao sustentar a compreensão do texto, pois, de acordo com Martins (2012), a
organização textual está relacionada com a sintaxe, embora possa haver perda de uma
sistematização gramatical de uma ou outra palavra, para a permissão de um realce na leitura.
Nessa perspectiva, adentra-se ao campo da gramaticalização, que, “como processo de
constituição da língua, circunscreve-se às alterações da estrutura fonológica das palavras, às
alterações que afetam a estrutura da palavra, e às alterações que afetam a estrutura da
sentença, sua reanálise e seus arranjos sintagmáticos e funcionais” (CASTILHO, 2007, p. 349).
E ainda se declara que, de acordo com Sautchuk, a língua, em sua ordenação, realiza-se por
meio da interação entre os aspectos linguísticos que a constituem, para ocorrer a comunicação
em textos orais ou escritos. É que, para a efetivação da leitura de um texto, há a necessidade
de se “acionar gramáticas, que colocam a língua sob a metáfora do jogo e das jogadas”
(ALMEIDA, 2020, p. 73), seja a gramática normativa ou as outras gramáticas que a linguística
oferece. Para a efetivação deste trabalho, segue-se uma metodologia conceitual, com
teorização a partir de estudos realizados por Inez Suatchuk, Mário Perini, Maria Helena de
Moura Neves, Moita Lopes, Vilson J. Leffa, Sírio Possenti, Vicente Jouve, Nilce Sant’Anna
Martins, Almeida, Castilho, entre outros também importantes na construção deste trabalho.

Palavras-chave: Morfossintaxe, Leitura, Linguística Aplicada

A RESISTÊNCIA FEMININA MACHADIANA: UMA ANÁLISE DO ROMANCE DOM CASMURRO

Thamires Mikaelle Da Silva Araujo (UEMA),


Erilane Santos Machado (UEMA)

Resumo: Ao analisarmos a posição social da mulher no século XIX, e a sua representatividade


nos escritos machadianos, constata-se que a sociedade brasileira era marcada pelo
estabelecimento e regência da ordem patriarcal onde a figura feminina era impregnada de
valores que a inferiorizava e a silenciava. A obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, nos
mostra claramente esse comportamento por parte da figura masculina. O texto é narrado em
primeira pessoa, por Bento Santiago, que resolveu contar a história do seu conflituoso
casamento com Capitu. Entretanto, tal narrativa nos traz à tona o fato da possibilidade de
Bento, sendo senhor do seu discurso, criar mecanismos capazes de controlar os meios de
comunicação, silenciando e impedindo a personagem feminina de contar a sua versão da
história. Logo, Dom Casmurro é uma obra concebida e construída a partir da centralização e
visão soberana de um único personagem, em que a figura feminina é uma manifestação de um
produto falocêntrico, sujeitado às representações ordenadas por padrões sociais que
sancionaram as estruturas patriarcais da época. Antes de mais nada, é necessário observar que
Machado de Assis nos revela em Capitu uma mulher à frente do seu tempo, diferenciada,
inteligente e ambiciosa, mostrando-a como uma figura resistente ao romper com
comportamento submisso determinado à figura feminina do século XIX. Com esse contexto de
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mistério e fulgor, a personagem feminina de Machado não se coloca em lugar de subalterna
ou aprisionada às regras de uma sociedade patriarcal e elitista. Posto isso, o presente trabalho
se propõe a discutir como a figura de Capitu e de outras figuras femininas são postas na obra
na visão de Bento, dentro do contexto de submissão e idealização da mulher na sociedade
brasileira do século XIX, observando em Capitu a resistência, a força da mulher. Para tanto,
usamos como suporte teórico as contribuições de OLIVEIRA (2012), LUZ (2017), IARA (2006),
BEAUVOIR (2009), FAZZOLARI (2009), COSTA (1963) dentre outros estudiosos que se
debruçaram sobre a questão. Palavras-chaves: Patriarcalismo. Resistência. Dom Casmurro.

Palavras-chave: Patriarcalismo. Resistência. Dom Casmurro.

A EPOPEIA TOCANTINENSE E O DISCURSO FUNDADOR

Kyldes Batista Vicente (UNITINS),


Liliane Scarpin S. Storniolo (UNITINS)

Resumo: Com a emancipação do estado do Tocantins, há apenas 35 anos, tornou-se necessária


a criação de uma identidade que representasse o povo que habitava o antigo norte goiano.
Dessa forma, criaram-se estratégias para reunir indivíduos em grupos com características e
interesses comuns. Assim, essas pessoas poderiam tomar para si o sentimento de
pertencimento ao estado, criando uma historicidade. Por conseguinte, a elite intelectual da
época, composta por autoridades políticas, comerciantes e compositores regionais, por meio
de discursos, resgataram o que consideravam peculiaridades dos sertanejos do norte goiano
com expressões culturais, falares e hábitos, formando um discurso fundador estruturado pela
ideologia construída por eles. O objetivo desta pesquisa é apresentar a análise do texto da
autora tocantinense Irma Galhardo que é denominado “Epopeia tocantinense” para a
constatação de que, assim como em outras obras literárias do Tocantins, há um discurso
contaminado, pautado no mito fundador que considera José Wilson Siqueira Campos como o
“inventor” do estado e “salvador” do antigo norte goiano. Porém, mostraremos que, apesar
desse fato, existe uma representação (identificação) real do povo tocantinense e o texto pode
ser utilizado em sala de aula para no ensino básico para que os estudantes se reconheçam. A
justificativa para este trabalho é a necessidade de reunir informações sobre a construção da
identidade cultural do estado do Tocantins por intermédio da literatura produzida por autores
tocantinenses. Para esta análise, partimos da teoria sobre a enunciação do discurso que é
proferido a partir do gênero literário epopeia, para identificarmos a visão que o texto apresenta
sobre história da criação do Tocantins em seus momentos mais representativos. Os autores
que fundamentam esta pesquisa são Frye (1973), Moisés (2000), Gancho (2003), Barthes
(2008), Bakhtin (2000), Palacin (1976), Oliveira (2002), Cavalcante (2003) entre outros. Este
estudo comporá um arcabouço teórico sobre a identidade tocantinense e servirá como base
para outras análises de textos que desenvolvam pesquisas sobre a história do Tocantins e a
cultura regional.

Palavras-chave: Epopeia, Análise Dialógica, Tocantins, Ensino

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A MORTE COMO LIBERTAÇÃO DO CORPO FEMININO EM MURMÚRIOS DE MARIANA LUZ

Mirna Rocha Silva (UFMA)

Resumo: A morte é um tema constante nas reflexões da humanidade e, na literatura, ela adquire
diferentes contornos como a morte física, material, epistemológica, simbólica. Nesse sentido,
este trabalho analisa a temática da morte na obra poética Murmúrios (1960), da escritora
maranhense Mariana Luz (1871-1960), verificando, sobremaneira, como a poeta coloca em
tela a morte como refúgio contra a opressão e violência que a mulher sofre no contexto
patriarcal do Brasil entre o final do século XIX e início do século XX. Diante disso, foram
delimitados os seguintes objetivos: compreender como a poesia de Luz contribui para a
discussão acerca das dicotomias estabelecidas pelo sistema-
mundo/patriarcal/capitalista/colonial/moderno europeu para romper com a tradição epistêmica
euro-cristã; identificar, por meio dos poemas da autora, como o sistema
moderno/capitalista/colonial afeta a vida da mulher durante a mudança do século XIX e XX no
Maranhão; e, por último, analisar como os poemas contidos em Murmúrios, conforme o tema
da morte, retratam as experiências e perspectivas do sujeito feminino na organização social
daquele período. De cunho bibliográfico, utilizamos, como principais referenciais teóricos dos
estudos decoloniais, Aníbal Quijano (2005), Walter Mignolo (2007;2020;2021), Grosfolguel
(2008), Lélia Gonzales (2011), Maria Lugones (2014), entre outros; e, acerca da obra de Luz,
Jucey Santana (2014), José Neres (2018), Cristiane Tolomei (2019) e Gabriela Santana (2020).
Como resultado, nos poemas analisados, observamos que a morte do corpo feminino é um
momento de libertação das opressões impostas pela colonialidade de gênero na sociedade
patriarcal.

Palavras-chave: Murmúrios; Mariana Luz;Morte; Gênero;Decolonialidade

SEMÂNTICA EM SALA DE AULA: UMA SUGESTÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COM PALAVRAS


HOMÔNIMAS

Sônia Maria Nogueira (UEMASUL),


Aline Marques Borges Alves (UEMASUL)

Resumo: Este artigo tem como objetivo geral analisar a ocorrência do fenômeno semântico da
homonímia no livro didático de Língua Portuguesa do 7º Ano do Ensino Fundamental – anos
finais. Os objetivos específicos propõem-se em identificar a ocorrência do estudo de palavras
homônimas no livro didático; apresentar os tipos e gêneros textuais utilizados nas atividades
selecionadas; e propor alternativas para as discussões em sala de aula sobre as palavras
homônimas, tendo em vista a importância dessas abordagens para o desenvolvimento do
discente no seu processo formativo. O corpus é constituído pelo livro “Português: conexão e
uso”, de Delmanto e Carvalho (2018). Essa seleção ocorreu em virtude do estudo desenvolvido
no Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEXT), que, em uma de suas etapas,
consiste em analisar a ocorrência de atividades de semântica nos livros didáticos adotados
pelas escolas do Ensino Fundamental, anos finais, da rede pública de ensino, na área de
atuação da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). No programa
de extensão, o principal critério para escolha dos livros didáticos é que eles possuam o selo
do Programa Nacional do Livro e do Material didático – PNLD. Para o estudo em questão, foi
considerado o ciclo vigente, que é o de 2020 a 2023. Conforme os objetivos almejados, o
aspecto de análise é a homonímia. Para realização deste trabalho, utiliza-se da abordagem
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qualitativa e como procedimentos técnicos a pesquisa documental. A base teórica está centrada
em Marques (1996), Cançado (2008), Henriques (2011), Abrahão (2018) e Gomes e Mendes
(2018), entre outros autores. Nas análises realizadas acerca do fenômeno semântico da
homonímia no livro didático, verifica-se sua ocorrência em apenas uma atividade, mas de
maneira indireta, por meio do gênero textual anúncio, no qual se espera que o discente perceba
que na campanha publicitária há palavras homônimas. De tal modo, pretende-se ampliar o
estudo desse fenômeno semântico, assim como propor alternativas pedagógicas para que o
processo de ensino-aprendizagem possa ocorrer de maneira divertida, possibilitando aos
discentes utilizarem ferramentas que facilitem a compreensão do que são palavras homônimas.
Como proposta pedagógica, criou-se o quiz das homônimas.

Palavras-chave: Semântica da LP, Homonímia, Livro Didático.

O IMPERATIVO GRAMATICAL NO FALAR MARANHENSE: O QUE DIZEM OS DADOS

Lucas Brasil Sousa Coutinho (UFMA)

Resumo: A gramática do português brasileiro estabelece o uso do imperativo para expressar


ordens ou comandos, embora, na prática, seja mais frequentemente empregado para
exortações, conselhos, convites, entre outros propósitos (CUNHA; CINTRA, 2019, p. 491). Para
isso, são definidas formas específicas de utilização. Em enunciados diretivos afirmativos, por
exemplo, o imperativo utiliza a forma indicativa do verbo quando dirigido às segundas pessoas
tu/vós. Já em outros contextos pronominais afirmativos e para negações, a forma subjuntiva é
empregada. Esses usos, contudo, apresentam uma realidade diferente quando consideramos a
língua falada. Frente a essa variação, a pesquisa de iniciação cientifica em andamento, intitulada
“A variação do imperativo no português falado no Maranhão: para além da capital”, pesquisa
vinculada ao projeto VarSint (Variação morfossintática com base no português maranhense e
ao ALiMA (Atlas Linguístico do Maranhão), tem como objetivo mapear as variações do
imperativo no falar maranhense. Foram selecionadas entrevistas realizadas pelo ALiMA com
falantes nativos de diferentes localidades, considerando os fatores i) sexo (feminino e
masculino) e ii) idade (18 a 30 anos - faixa etária I, e 50 a 65 anos - faixa etária II). Baseado
na Sociolinguística e na Dialetologia, e em pesquisas já realizadas do sobre o imperativo em
diversas regiões do país (cf. Scherre, 2000, 2001, 2003; Oliveira, 2015, 2021), este trabalho
apresentará parte dos dados já levantados. Os resultados preliminares indicam uma clara
tendência de o falante maranhense utilizar formas imperativas associadas ao indicativo,
resultado esse que já situa o Maranhão em uma realidade diferente quando comparado às
demais localidades do Nordeste que tem tendem ao uso da forma de subjuntivo em cerca de
69% dos dados (cf. Oliveira, 2015, 2021). Esperamos, pois, com o resultado final, contribuir
para uma melhor compreensão da realidade sociolinguística e dialetal da região, e, sobretudo,
a realidade maranhense, no tocante à expressão do imperativo gramatical.

Palavras-chave: Sociolinguística, Imperativo, Português falado

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A TEMÁTICA DA MORTE E A FORMAÇÃO DO LEITOR NO CONTO ANTES DO BAILE VERDE, DE
LYGIA FAGUNDES TELLES

Letícea Maria Alves Braga (UFPI)

Resumo: Cada obra literária traz em sua materialidade uma cosmovisão, diante disso, as
experiências, a partir da leitura, promovem uma mudança no leitor para além da obra. Há,
portanto, uma necessidade de vivência de experiências literárias que impactam diretamente na
formação do leitor. Dessa forma, este estudo tem por objetivo apresentar uma análise das
questões relacionadas à lida com a morte no conto Antes do Baile Verde e a formação do
leitor, explorando as relações com o contemporâneo vinculadas à recepção da obra. A leitura
é um ato dialógico e se efetiva no ato da recepção, ampliando o horizonte de expectativas e
percepção do leitor, para esta análise, o foco na temática da morte se mantém com base na
necessidade atribuída às convenções pertencentes ao imaginário coletivo, marcado através de
diversas esferas, sendo uma delas a familiar. e acordo com Iser, a estrutura do discurso ficcional
deriva da modificação do sistema de regras de mundo, tal como é definido pela Pragmática, à
medida que as “estratégias” (narrador, leitor fictício, personagens, enredo) organizam o
“repertório” do literário (alusões sociais e literárias). Por outro lado, cabe ao leitor acompanhar
essa performance textual derivada da reorganização das convenções em sociedade feita pela
literatura, preenchendo os “vazios”, passando pela experiência resultante do “efeito estético”
e atribuindo uma significação à literatura. De cunho bibliográfico, a presente pesquisa se valerá
de leituras e fichamentos dos escritos sobre estética da recepção de Iser (1996), Jauss (1994),
sobre produção de presença de Gumbrecht (2010) e sobre cultura de Candido (2011) e
Benjamin (1994). Em seguida, por meio de uma abordagem qualitativa e do método analítico
e interpretativo, busca-se utilizar a Teoria do Efeito de Iser (1996) para evidenciar tais aspectos
formativos no conto Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles. Assim, objetiva-se
compreender como a temática da morte influencia na formação do leitor, a partir das possíveis
sensações que podem ser contempladas por meio de uma exposição, ainda que ficcionalizada,
à experiências literárias.

Palavras-chave: Morte, Leitor, Estética da Recepção, Experiência.

DISCURSIVIDADES SOBRE AS CULTURAS E A OPACIDADE DA LÍNGUA: UMA ANÁLISE DE UMA


PROPOSTA LEGISLATIVA

Vitória dos Santos Pires (UFMA)

Resumo: Os embates gerados a partir de divergências ideológicas são bastante recorrentes em


instâncias sociais, no qual destacamos o contexto político-partidário, dado que esse aspecto
se torna bastante perceptível, seja devido a debates de proposições a serem aplicadas em uma
determinada localidade ou discussões de outras naturezas. Assim, ressaltamos que as
ideologias se materializam através dos textos, haja vista que estes são sustentados pelos
discursos. Nessa perspectiva, ressaltamos a importância de compreender a construção de
sentidos em propostas legislativas, dado que são produzidas em cenários de embates
constantes, são instrumentos que podem exercer grandes influências no cenário nacional caso
sejam aprovadas e sancionadas, já que seus autores visam que elas alcancem o nível
constitucional. Partindo desses pressupostos, propomos o desenvolvimento de uma análise
linguístico-discursiva de um projeto de lei que tematiza os aspectos culturais de comunidades
tradicionais através da sugestão de alterações na Lei de Incentivo à Cultura; e iniciamos com a
inquietação gerada a partir do seguinte questionamento: como os efeitos de sentidos acerca
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de diferentes aspectos da cultura de comunidades tradicionais são construídos em textos
produzidos no cenário político-partidário? Assim, objetiva, de modo geral, investigar os
aspectos linguístico-discursivos na construção de sentidos sobre comunidades tradicionais e
suas culturas e, especificamente, explicar como o sócio-histórico atravessa os dizeres;
investigar como as formações ideológicas se materializam nos discursos; e analisar os efeitos
de sentidos construídos em enunciados do cenário político-partidário. Para tal, consideramos
a língua enquanto um fator opaco e, consequentemente, constituído pelo sócio-histórico e
ideológico, conforme demonstram os estudos de Pêcheux (1995), Orlandi (2007) e Courtine
(2009), utilizando, portanto, a metodologia de pesquisa bibliográfica. Além disso, destacamos
a aplicação da abordagem qualitativa para a criação de categorias de análises e explicação dos
dados, bem como o método discursivo que parte da superfície linguística para compreender o
funcionamento das ideologias, tal como o processo de significação de um enunciado.

Palavras-chave: Ideologia, efeitos de sentido, não-transparência.

A CIBERCULTURA E O ENSINO DENTRO DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD)

Antonia Edaurda Trindade da Silva (UFPI)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar e expor resultados de estudos acerca
da cibercultura inserida, atualmente, na modalidade de aulas a distância (EAD). Nesse contexto,
é observado o quão importante tem sido a inserção da tecnologia no meio escolar, a nível de
educação básica, pois a cibercultura é a cultura que surgiu e que vem surgindo todos os dias
de forma gradativa com o uso das redes de computadores, com os outros suportes
tecnológicos e por meio das comunicações virtuais, bem como, da indústria da tecnologia e do
entretenimento e do comércio virtual com a aquisição facilitada de eletrônicos. Assim, mediante
esse contexto e para o desenvolvimento deste trabalho, utilizou-se do referencial teórico com
discussão em Gil (2012), Lévy (1999) e Querol (2018), dentre outros autores primordiais na
produção destas análises. Por isso, este trabalho é uma pesquisa de caráter bibliográfico e
descritivo que também discute a popularização da internet e das tecnologias que através das
comunidades possibilitam uma maior veiculação das interações digitais e a comunicação se
torna mais rápida refletindo em uma maior aproximação entre os sujeitos inseridos na
educação, principalmente educadores e educandos, que corrobora na construção de múltiplas
interações virtuais e que se diferenciam do ensino presencial. Além disso, é percebido que o
ensino a distância são aulas virtuais que usam a internet e as tecnologias de comunicação na
transmissão dos conhecimentos, mas nem sempre os usuários dessa modalidade de ensino
sabem o real conceito dessas tecnologias, ou como utiliza-las, tão pouco sabem o que seria
essa cultura, embora sejam eles os responsáveis pela cibercultura ocorrer. Outra discussão
acerca dessa conjectura surge quando esse ensino e o ato de aprender desvinculam-se e
diferenciam-se das aulas presenciais, pois muitos estudiosos afirmam que essa modalidade de
ensino e aprendizagem fazem a qualidade do cohecimento diminuir e o possível desinteresse
dos alunos nesse modelo molda lacunas sobre essa nova cultura.

Palavras-chave: Cibercultura, Espaço digital, Ensino a distância.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO SERTÃO BRASILEIRO ATRAVÉS DO CINEMA E DA
POESIA.

Rayara Tágila de Sousa Barbosa (UEMASUL)


Gleicyanne Cristina Silva Matos (UEMASUL)

Resumo: O presente artigo tem por objetivo, trazer para as nossas práticas quantos docentes,
pesquisadores e falantes da língua materna a importância da Sociolinguística no qual, está
presente no nosso dia a dia. Se faz importante compreender os fenômenos linguísticos
existentes e como paralelamente, agrega-se nas aulas de língua portuguesa quer seja no ensino
fundamental quanto no médio. Já que sabemos que a linguagem se modifica dependendo da
situação em que ela esteja sendo utilizada, e também pode ser influenciada pela região em
que o indivíduo mora e fatores culturais. O objetivo desse trabalho é refletir sobre a variação
regional no sertão brasileiro e primordialmente, valorizarmos as devidas variedades existentes
no Brasil. Propor-se-á uma análise em trechos da poesia do Patativa do Assaré e o filme "Aí
que vida", que revelam fortes reações linguísticos do Nordeste. E por conseguinte, citações de
Stella Bortoni-Ricardo e Celso Ferrarezi que são importantes sociolinguistas responsáveis por
estudos relevantes dessa área. Dessa forma, os autores favorecem o conhecimento da academia
e da pratica sociolinguista. As discussões trazidas manifestam a diversidade de ensino na língua
portuguesa nas escolas públicas, além de evitar qualquer tipo de preconceito linguístico dentro
e fora das salas de aulas, ajuda na monitoração da fala como processo de comunicação.

Palavras-chave: Educação, Língua Materna, Sociolinguística, Ensino.

ESCREVIVÊNCIA E AUTONOMIA DAS PERSONAGENS EM GENI, DE LEITE DO PEITO (1988), E


CAROLINA, DE DIÁRIO DE BITITA (1986)

Alice Maria Araujo da Fonseca (UFPI)

Resumo: Este trabalho estuda as personagens Geni da obra Leite do Peito (1988), de Geni
Guimarães e Carolina, de Diário de Bitita (1986), de Carolina Maria de Jesus. As duas obras
são produzidas em primeira pessoa, com narradoras que protagonizam o enredo e que
possuem o mesmo nome de suas respectivas autoras. A problemática base para esta pesquisa
é a ainda confusão das instâncias autor e narrador nos estudos literários, sobretudo, quando
nos referimos ao campo da literatura de autoria feminina negra. Atitude essa que recai na
equivocada associação dessas produções como escrituras somente autobiográficas,
enquadrando uma personagem ou narradora a única instância de autora do romance. Essa
associação recorrente gera nesse campo de escrita uma negação da literariedade narrativa.
Dessa forma, o objetivo geral é de compreender como o conceito de escrevivência e o de
autonomia das personagens se relacionam. Para tanto, objetiva-se, especificamente, analisar a
construção dos elementos da perspectiva narrativa de cada narradora em torno dos demais
constituintes das obras, decompor a singularidade das narrativas e valorizar as subjetividades
de cada narradora, pautadas por uma perspectiva interseccional, ao alcance do caráter coletivo
de enunciação de uma obra literária. Ademais, como metodologia para a realização dos
objetivos propostos, utiliza-se o caráter bibliográfico e qualitativo do uso de aportes com
embasamento teórico e crítico literário na escolha interpretativa como Ricoeur (1987, 1989),
Candido (2000), Bosi (2002), na categoria de tipologia e foco narrativo em Friedman (2002),
e no diálogo construído com as perspectivas de análise das narrativas na literatura
contemporânea feminina negro-brasileira, no termo “escrevivência” apresentado pela autora
Conceição Evaristo (2010; 2020; 2019) que é difundido nos estudos atuais de Duarte; Nunes
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(2020) e das singularidades interseccionais, por Collins (2019) e Gonzales (2020). Com isso,
por meio deste trabalho é possível compreender as narradoras dos romances supracitados da
literatura feminina negra brasileira, produzidos em primeira pessoa, enquanto personagens
autônomas da instância de suas autoras.

Palavras-chave: Personagens, escrevivência, autonomia.

A SIMBOLOGIA EM "LA CRUZ DEL DIABLO": UMA LENDA DE GUSTAVO ADOLFO BÉCQUER

Carol Silva dos Santos (UFMA)


Isabel Abreu Guimarães (UFMA)

Resumo: O presente trabalho pretende elaborar uma análise sobre a simbologia contido em La
Cruz Del Diablo, uma lenda de grande importância, de Gustavo Adolfo Bécquer, relacionada
com a cultura e a história da Espanha, levando em consideração as características do
Romantismo. Neste sentido, o intuito é abordar especificamente o significado presente nos
elementos narrativos de cunho religioso, medieval, misterioso, melancólico e fantástico, assim
como a representação de alguns personagens e a relação entre a simbologia e a referida obra
literária. Foi utilizada a metodologia de pesquisa bibliográfica qualitativa, baseada em
pesquisas científicas sobre a Semiologia. Para tal, nos apoiamos em BARTHES (2006), RIBEIRO
(2010), RIFFARD (1993) e CHEVALIER E GHEERBRANT (2001). Ao fim, percebeu-se que a
simbologia é uma ferramenta fundamental presente na prosa de Bécquer, em suas obras, os
elementos estão carregados de mais de um significado, cabendo ao leitor estar atento às
referências culturais e sociais que entrelaçam a sua produção literária.

Palavras-chave: Simbologia, La Cruz Del Diablo, Sobrenatural, Roma.

XICA DA SILVA E CHICA DA SILVA: ENTRE FICÇÃO E HISTÓRIA

Bruno Andrade da Gama (UFOPA)


Eliane Ferreira Bernardino (Unasp)

Resumo: Este artigo faz um estudo do romance histórico Xica da Silva, de João Felício dos
Santos, obra que permite investigar a imagem enviesada que se constituiu no imaginário social
brasileiro sobre a mulher negra. O objetivo é analisar a figura histórica de Chica da Silva em
contraponto à personagem tecida no romance, considerando, sobretudo, o resgate de
memórias discursivas. Para isso, tem-se como ponto de partida pesquisa bibliográfica
fundamentada nas produções de Júnia Furtado (2003), Eni Orlandi (2005), Michel Pêcheux
(1995), Abdias Nascimento (1978), Gilberto Freyre (2004) e Frantz Fanon (2008). São
discutidos conceitos da Análise do Discurso, como interdiscurso e memória discursiva, para
examinar imagens estereotipadas sobre a mulher negra no ideário do Brasil, como, por
exemplo, a imagem apresentada por Freyre (2004), na obra Casa-grande & senzala, onde o
autor chega a defender que no Brasil não existe racismo, por conta do processo de
miscigenação. Os estudos do psicanalista martinicano Frantz Fanon (2004) dão embasamento
para uma análise psicológica, que ajuda a compreender como o sujeito negro absorve o
racismo. Buscando muitas vezes por meio das relações amorosas encaixar-se no mundo do
branco, o que é também uma forma de resistência e sobrevivência. Faz-se também uma
ponderação sobre Chica da Silva e a personagem ficcional Xica da Silva, em uma aproximação
entre história e literatura. Conclui-se que os estereótipos criados em torno de Chica da Silva
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estão ligados às fortes raízes eurocêntricas sobre as quais o Brasil se constituiu e que ainda
sobrevivem nas memórias discursivas. O tema proposto possibilita uma reflexão sobre a
questão do ser mulher negra no Brasil, com base em uma figura histórica que ultrapassou as
barreiras do tempo. Esse estudo pode instigar debates em torno da desconstrução de
estereótipos, para uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse intuito, entre a ficção e a
história, tratou-se da Cinderela Negra do Arraial do Tejuco, a Chica da Silva.

Palavras-chave: Romance histórico, Chica da Silva, racismo.

ESTUDO DA INTEGRAÇÃO DA UNIDADE LEXICAL "PLACENTA" AO LÉXICO PORTUGUÊS

Luana da Silva Borges (UFMS-Campo Grande)

Resumo: O objetivo deste estudo é entender como ocorreu a integração da unidade lexical
“placenta” na língua portuguesa, ou seja, como foi emprestada do latim. Para isto, faremos o
percurso histórico do processo de neologia, utilizando como aporte teórico, Barbosa (1978),
Viaro (2013), e Maroneze e Alves (2020), para tratar do processo de neologia, critérios para
sua identificação, estratégias e recursos utilizados pelos falantes para caracterizar um
neologismo e suas contribuições para o estudo linguístico. Com base nestas teorias, traçaremos
o percurso histórico da unidade lexical. Apresentaremos o uso desta unidade lexical no latim
clássico e no latim científico, demonstrando com exemplos os registros do termo, que no latim
já apresentava ambiguidades de sentidos, ora usado para se referir à uma fogaça, espécie de
bolo achatado, ora para órgão feminino, e neste caso, acompanhado de outra unidade lexical,
como no exemplo retirado de William Harvey (1578-1657), que chama de “placenta uteri”.
Ainda analisaremos, a partir de consultas nos dicionários Bluteau (1721) ,Morais Silva (1789),
Caldas Aulete (2014), Dicio.com (2009) e Houaiss (2012), todos em suas versões online, o
registro lexicográfico da lexia na língua portuguesa, destacando que alguns dicionários não
apresentam o termo com a etimologia latina, que poderia significar “fogaça”, dependendo do
uso. Assim, buscaremos refletir os usos de “placenta”, tanto no latim como no português, para
entender como ocorreu o processo de neologia e as primeiras atestações, que revelam o caráter
neológico da unidade lexical, a partir do que Alves (2007) chamou de “sentimento de
neologia”. Como terminus a quo, para estudar a unidade lexical na língua portuguesa,
utilizaremos o dicionário de Bluteau (1721), no verbete vide, onde aparece “placenta” como
“o que os Anatomicos chamão”. Assim, verificaremos como ocorreu de fato a integração da
unidade lexical à língua portuguesa, e o sentido que tem nos dias de hoje.

Palavras-chave: Placenta, Neologia, Integração.

HISTÓRIA, MEMÓRA E TRAUMA EM TORO ARADO

Harion Márcio Costa Custódio (UFMG)

Resumo: Torto arado, livro escrito por Itamar Vieira Junior e publicado em 2019, é um romance
cuja história se passa nas profundezas do sertão baiano. Nele acompanhamos a história de
vida de Bibiana, sua irmã Belonísia e sua família que lutam pela subsistência no espaço rural
em meio a condições adversas de exploração e de servidão. Nesse ambiente interiorano da
fazenda, as condições de vida e os costumes das personagens apontam para a permanência
de uma realidade histórica marcada pelo predomínio da organização social escravista. A
situação de semiescravidão vivida pela família, que é obrigada a entregar os frutos do próprio
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trabalho ao dono da fazenda, lembra em diversos níveis a realidade dos latifúndios durante o
Brasil Imperial. Nesse sentido, Torto Arado desestabiliza as noções tradicionais de progresso
histórico ao criar uma narrativa que se passa nos tempos atuais, mas que estabelece jogos
com o nosso passado escravocrata, evidenciando a permanência de seu modus operandi e da
sua violência intrínseca, na medida em que a violência tanto física quanto subjetiva é um
instrumento constitutivo das práticas de dominação, de acordo Achille Mbembe (2018) e
Orlando Patterson (1982). Nosso objetivo, com o presente trabalho, será analisar as formas e
intensidades de sedimentação da história da escravidão no referido romance. Consideramos a
narrativa como um meio privilegiado de investigação desta natureza, na medida em que, de
acordo com RICŒUR (2010), ela é um meio por excelência de transmissão da experiência
humana, o que nos faz atentar para a sua capacidade de representação da história. A noção
da experiência da escravidão como catástrofe, elaborada por Achille Mbembe (2018), Paul
Gilroy (2001) e Cristina Sharpe (2016), também será explorada em nossa leitura, na medida
em que podemos perceber na escrita dos autores aqui mencionados um movimento de
denúncia dos horrores e das práticas de exploração herdadas do passado escravocrata
nacional, e de fixação – tanto estética quanto política – pelo choque dos efeitos do escravismo,
na medida em que não somente o passado, nas narrativas em questão, é uma realidade que
não passa de forma definitiva, como também as neuroses e sofrimentos psicológicos das
personagens são elementos que, muitas vezes, apontam para um efeito traumático da
escravidão. Usaremos como base teórica central, mas não somente, as considerações sobre a
história de Walter Benjamin (1994), a teoria sobre a narrativa de Paul Ricœur (2010) e os
estudos sobre raça e diáspora negra e tráfico transatlântico de Cristina Sharpe (2016) e Achille
Mbembe (2018).

Palavras-chave: Literatura, História, Memória, Sociedade, Romance.

LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA, MULTILINGUAGES E O ENSINO DE SURDOS

Rita de Cássia Almeida Silva (UEPA)

Resumo: As discussões acerca do ensino de língua portuguesa e de literatura para surdos não
vem sendo devidamente exploradas e discutidas, o que dificulta que sejam apresentadas
possibilidades inovadoras que revitalizem o ensino para esse grupo social que tem a língua
brasileira de sinais como primeira língua e a língua portuguesa como segunda língua e fonte
de aquisição de conhecimentos. A literatura, por sua forma diferenciada de uso da língua, surge
como uma das formas de modificar este quadro, o que impõe a necessidade de uma revisão
do papel da literatura na formação de surdos. Não são apenas aspectos de interpretação e
tradução que devem ser considerados ao se trabalhar com textos literários, mas sim o direito
que todo ser humano tem em aprofundar o conhecimento e as formas de interação com o
mundo que o cerca, de despertar para a emotividade e para a produção de sentidos que as
narrativas literárias estimulam, além de ter disponível para si diversas formas de uso da língua
e de se expressar no mundo. Dessa forma, defende-se que a polissemia presente na linguagem
artística presente na literatura, que pode ser ainda apresentada em multilinguagens
(visual/imagética/pictórica), é agente de transformação e dialogicidade que devem se fazer
cada vez mais presentes nos espaços de formação de surdos. Diante desse quadro, as questões
que envolvem outros grupos considerados minorias, como no caso dos povos originários,
podem e devem servir como base para fomentar as discussões sobre o ensino de língua
portuguesa como segunda língua - em sua modalidade escrita para surdos - e ser um fio
condutor para as escolhas de narrativas literárias a serem trabalhadas em língua de sinais,
possibilitando ao surdo ampliar seus horizontes de conhecimento. As questões aqui levantadas
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esperam contribuir para a discussão de políticas que incentivem que o ensino de língua
portuguesa e de literatura voltado para surdos se torne cada vez mais específico, bilíngue e
diferenciado, além de direcionado para ampliar os espaços de interação entre línguas e
tecnologias. As discussões acerca do ensino de língua portuguesa e de literatura para surdos
não vem sendo devidamente exploradas e discutidas, o que dificulta que sejam apresentadas
possibilidades inovadoras que revitalizem o ensino para esse grupo social que tem a língua
brasileira de sinais como primeira língua e a língua portuguesa como segunda língua e fonte
de aquisição de conhecimentos. A literatura, por sua forma diferenciada de uso da língua, surge
como uma das formas de modificar este quadro, o que impõe a necessidade de uma revisão
do papel da literatura na formação de surdos. Não são apenas aspectos de interpretação e
tradução que devem ser considerados ao se trabalhar com textos literários, mas sim o direito
que todo ser humano tem em aprofundar o conhecimento e as formas de interação com o
mundo que o cerca, de despertar para a emotividade e para a produção de sentidos que as
narrativas literárias estimulam, além de ter disponível para si diversas formas de uso da língua
e de se expressar no mundo. Dessa forma, defende-se que a polissemia presente na linguagem
artística presente na literatura, que pode ser ainda apresentada em multilinguagens
(visual/imagética/pictórica), é agente de transformação e dialogicidade que devem se fazer
cada vez mais presentes nos espaços de formação de surdos. Diante desse quadro, as questões
que envolvem outros grupos considerados minorias, como no caso dos povos originários,
podem e devem servir como base para fomentar as discussões sobre o ensino de língua
portuguesa como segunda língua - em sua modalidade escrita para surdos - e ser um fio
condutor para as escolhas de narrativas literárias a serem trabalhadas em língua de sinais,
possibilitando ao surdo ampliar seus horizontes de conhecimento. As questões aqui levantadas
esperam contribuir para a discussão de políticas que incentivem que o ensino de língua
portuguesa e de literatura voltado para surdos se torne cada vez mais específico, bilíngue e
diferenciado, além de direcionado para ampliar os espaços de interação entre línguas e
tecnologias.

Palavras-chave: Libras, Língua Portuguesa; Literatura, Ensino.

"E AQUI FALAM DIFERENTE?": PERCEPÇÃO/AVALIAÇÃO DE FALANTES LUDOVICENSES

Cibelle Corrêa Béliche Alves (UFMA/UnB)

Resumo: Este trabalho, recorte de pesquisa de estágio pós-doutoral em andamento, tem como
objetivo acessar os significados sociais da variação das formas pronominais, por meio da
análise de discursos metalinguísticos e de testes de percepção. A base teórica-metodológica
parte desde a visão de Labov (2008 [1972]), para quem o contexto social é traduzido pelo
conceito de comunidade de fala até a caracterização das três ondas dos estudos variacionistas
de Eckert (2012), que postula que toda variação tem potencial para receber significado social,
ainda que nem toda variação seja conscientemente controlada ou mesmo socialmente
significativa. Para investigar os ‘gradientes’ desses significados observando em que medida o
comportamento linguístico dos falantes ludovicenses correspondem às suas avaliações e
percepções acerca do fenômeno, o trabalho trará, como resultados iniciais, os dados de
avaliação linguística, que estão sendo analisados com base nos discursos metalinguísticos dos
falantes gravados pelo ALiB e ALiMA. A respeito dos dados de natureza metalinguística,
acreditamos que um exame mais detalhado destes “permite que o pesquisador se distancie de
suas próprias expectativas iniciais, o que pode auxiliá-lo na compreensão de processos de
variação e mudança em andamento na comunidade ou em subgrupos que a compõem.”
(OUSHIRO, 2015, p. 141). O fato é que análises iniciais vão ao encontro dos resultados de
página 112 de 315
Alves (2015) e nos dão claras evidências de que a variação pronominal é um fenômeno
extremamente interacional, logo, sensível à avaliação social, uma vez que a ela é,
recorrentemente, associada o fato de o português ludovicense ser caracterizado pelo uso
“correto” da conjugação verbal e dos “pronomes”, usos estes também associados à situação
interacional e ao grau de escolaridade do falante. Esperamos, com os resultados finais,
compreender que significados sociais estão relacionados aos padrões de uso dos pronomes
de segunda pessoa no falar ludovicense que, de acordo com Alves (2015), é uma comunidade
de fala que apresenta, minimamente, um sistema pronominal amplamente ternário
.
Palavras-chave: Pronomes; Variação intrafalante; São Luís

A FORMAÇÃO DE LEITORES NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA PROPOSTA DE LEITURA


SEMÂNTICO-ENUNCIATIVA

Xirley Pereira Lemos Cabral (UNIFESSPA)


Rosimar Regina Rodrigues De Oliveira (UNIFESSPA)

Resumo: As práticas de leitura proficiente têm sido objeto de estudo sob muitas abordagens
teóricas, dada a importância do tema. Soma-se a isso a contribuição dos documentos
curriculares, os PCNs (1998) e a BNCC (2018), ao abordarem que é a partir do texto que as
aulas devem ser realizadas, proporcionando uma interpretação que vá além do nível da
decodificação. Porém, segundo os últimos medidores estatísticos, o PISA e o SAEB, os níveis
de proficiência em leitura continuam negativos no decorrer dos últimos anos, fato agravado
durante o cenário pandêmico. Nesse sentido, precisamos apresentar ao estudante da Educação
Básica atividades que o leve a compreender que os sentidos do texto são mobilizados
politicamente, na relação com a história e a sociedade, e que a linguagem produz sentidos na
enunciação. Dessa forma o estudante poderá se constituir como um leitor-autor, de acordo
com os pressupostos teóricos da Semântica do Acontecimento ou Semântica da Enunciação,
conforme proposta por Guimarães (2005; 2012; 2013; 2018 e outros). Nessa direção,
apresentaremos uma proposta de leitura/interpretação de uma crônica do livro didático do 8º
ano do Ensino Fundamental utilizado na escola pública, ressignificando a proposta de leitura
adotada neste livro, realizando uma outra abordagem, a partir da compreensão de que os
sentidos não são estáticos nem intencionais. Para tanto, tomamos o conceito de texto em
conformidade com Guimarães (2012), que diz ser o texto uma unidade de sentido integrada
por enunciados no acontecimento da enunciação, não significando que o sentido seja uno,
único. Desse modo, mobilizamos alguns conceitos desse postulado teórico, como: a cena
enunciativa, o espaço de enunciação e também os procedimentos da textualidade que são a
articulação e a reescrituração na constituição da designação. Trata-se de um texto que é parte
de uma pesquisa realizada no Programa de Mestrado Profissional em Letras
(ProfLetras/Unifesspa), que apresenta a educadores uma contribuição na formação de leitores
proficientes, capazes de interpretar e produzir sentidos.

Palavras-chave: Leitura, Semântica do Acontecimento, Enunciação.

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DOCILIZAÇÃO DOS CORPOS E INTERSECCIONALIDADE EM A ESCRAVA, DE MARIA FIRMINA
DOS REIS

Rayniere Felipe Alvarenga de Sousa (UFMT)

Resumo: A figura intelectual de Maria Firmina dos Reis (1822-1917) inaugura, no Brasil, uma
perspectiva capaz de proporcionar uma reavaliação de episódios históricos e sociais, como a
escravização e os desdobramentos dos processos de colonização. O presente estudo tem como
objetivo analisar os dispositivos da docilização dos corpos e as marcas da interseccionalidade
no conto A escrava, da escritora Maria Firmina dos Reis. Para isso, recorremos aos textos de
Michel Foucault (2013), sobre a arquitetura da punição; de Kimberlé Crenshaw (2002) e de
Patricia Collins e Sirma Bilge (2021), acerca da interseccionalidade. Como bem pontuaram as
autoras, a interseccionalidade é um entrecruzamento de opressões proveniente dos sistemas
de poder que caracterizam nossa sociedade. Em relação à escravização, por exemplo, pontua-
se a existência de outros marcadores sociais responsáveis por agregar vulnerabilidade aos
sujeitos, como a questão de gênero. No conto em foco, discutiremos esses marcadores a partir
do núcleo dos personagens escravizados: Joana, seus filhos gêmeos, Carlos e Urbano, e Gabriel.
A escrava, dessa forma, propicia um debate em torno dos aditamentos da violência sofrida por
minorias. O trabalho analítico efetiva a leitura dialética, tomando a interseccionalidade por uma
ótica teórico-crítica, porque o conto permite um alargamento das questões em torno da
produção oitocentista brasileira, fazendo com que vejamos Maria Firmina dos Reis como um
símbolo da resistência e da denúncia das desigualdades histórico-sociais de seu período. A
interseccionalidade proporciona a percepção do texto literário como um motivo de
desvelamento dos traços da condição humana, em um contexto escravocrata no Brasil. Antes
da concepção de discussão acerca das medidas que apontam os direitos humanos, uma
maranhense realiza intervenção por intermédio da literatura. Por isso, Maria Firmina dos Reis
constrói personagens que possibilitam problematizar as violências ligadas à racialização e ao
gênero, principalmente com o tratamento comparativo entre a senhora que tem uma postura
abolicionista no conto e a figura de Joana.

Palavras-chave: Docilização, Interseccionalidade, A escrava.

UMA ANÁLISE DA MATERNIDADE NO ROMANCE SUÍTE TÓQUIO, DE GIOVANA MADALOSSO

Gabriel Silva de Mello (UEM)

Resumo: Ao considerar a literatura como um solo fértil para refletir, questionar e romper com
comportamentos há muito estabelecidos, a presente comunicação lança luz a uma possível
leitura interpretativa do romance brasileiro Suíte Tóquio, de Giovana Madalosso, buscando
compreender a (des)construção da maternidade ao longo da narrativa. A obra de Madalosso
apresenta dois arcos narrativos que se entrelaçam a cada capítulo, com narradoras
autodiegéticas que nos guiam por suas perspectivas únicas do mundo que as rodeia. Por um
lado, Fernanda, uma executiva bem-sucedida, enfrenta dificuldades ao equilibrar sua carreira e
maternidade, resistindo a dispor-se integralmente em sacrifício para se ocupar da maternagem
de Cora, sua filha. Por outro, Maju, uma empregada doméstica que deseja ser mãe biológica,
mas é limitada pelas circunstâncias socioeconômicas que a prendem na casa de Fernanda,
constrói gradualmente um tipo de ‘amor materno’ inabalável pela filha de sua patroa, a qual
se torna a razão de sua existência. Dito isso, as protagonistas do fato literário serão o foco da
análise pretendida, visto que suas condutas e posições sociais destacam performances
identitárias que questionam o ideário social (produto patriarcal), o qual considera a
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maternidade como um destino biológico intrínseco à mulher. A metodologia consiste na leitura
e análise da obra em questão pelo viés dos estudos de Badinter (1985), Bourdieu (2012),
Buttler (2003) e outros/as mais que possam somar na interpretação. No mais, os resultados
revelam que, sob novas perspectivas, a maternidade em Suíte Tóquio se apresenta como um
construto socioeconômico, no qual múltiplas performances ecoam, seja na resistência e
subversão das normas estabelecidas, seja na perpetuação do status quo, mas sempre
reiterando que as jornadas de Fernanda e Maju, narradas em seus respectivos arcos narrativos,
expõem a vulnerabilidade intrínseca ao papel tradicional referente a uma identidade materna
esperada, sob o qual se ancora a falácia da maternidade natural.

Palavras-chave: Maternidade; Maternagem; Suíte Tóquio; Giovana Mad

A REPRESENTAÇÃO DO EPISTEMICÍDIO EM O AVESSO DA PELE E A RECONSTRUÇÃO DA


IDENTIDADE NEGRA

Alessandra Ayssa de Oliveira Pereira (UFMA)

Resumo: O conceito de miscigenação no Brasil está fortemente relacionado aos mais variados
povos que compõem ou compuseram o nosso país, que é mundialmente visto como uma
sociedade de democracia racial, representada pela convivência harmônica entre negros e
brancos. No entanto, sabemos que a democracia racial é uma manobra criada por aqueles que
tentam mascarar seu racismo, com o objetivo de invalidar o racismo estrutural que ainda
impera, as falsas políticas de “inclusão” com o intuito de melhorar o país e o levá-lo a ascender,
através de um sistema de clareamento, restando apenas a população negra ter a sua cultura,
representatividade e identidade inferiorizadas e silenciadas. Diante disso, este trabalho propõe
refletir a importância de ressignificação da imagem do sujeito negro dentro da sociedade, a
necessidade de representatividade negra em todos os âmbitos com o objetivo de fomentar a
identificação e entendimento do eu-negro, assim como a reinvindicação da identidade e causas
negras a partir de O avesso da pele(2020), através do personagem Prof. Oliveira e o seu papel
para que o personagem Henrique se percebesse vítima do racismo estrutural e se entendesse
como homem negro. Portanto, para trabalhar a temática da representatividade negra trazemos
os teóricos Fanon (2008), Vergne (2015) e Silva(2014) e para tratar a identidade negra e seu
fortalecimento os teóricos Silva (2000), Berth (2020) e Souza(1983) e Fernandes; Souza
(2016), assim como para chegarmos conclusão da importância da representatividade como
elemento propulsor de mudança e a possibilidade de ressignificar o olhar sobre o negro e a
negra e na adesão e orgulho de suas identidades negras, dessa forma, em O avesso da
Pele(2020), percebemos a reconstrução do “ser negro” que atravessa a estruturação ideológica
e identidade sociocultural, através de um processo de conscientização e valorização da
negritude no personagem Henrique, tendo como mediador e estimulador o Prof. Oliveira.

Palavras-chave: Racismo, Representatividade, Identidade, Negritude

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO PORTUGUÊS FALADO NO MARANHÃO: PRESENÇA/AUSÊNCIA DE
ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE NOME PRÓPRIO NA FALA DOS HABITANTES DE BACABAL E
SÃO LUÍS

Thomaz Vinicius Nunes Carvalho (UFMA)


Ricardo Passos Viana (UFMA)

Resumo: Este trabalho apresenta os principais resultados de uma pesquisa que investiga a
variação linguística no português maranhense, mais especificamente, a presença ou ausência
do artigo definido diante de nomes próprios nas falas dos habitantes de Bacabal e São Luís. A
motivação para esse estudo surge da escassez de pesquisas que explorem a diversidade
linguística dentro da própria variedade maranhense do português, sobretudo no que se refere
ao aspecto morfossintático, ainda mais a ausência/presença de artigos diante de antropônimos.
O estudo é contrastivo porque tem como objetivo contribuir para uma descrição mais
abrangente do português maranhense, comparando dados linguísticos de duas cidades
maranhense: a capital do estado e a fala de moradores da cidade de Bacabal A fundamentação
teórica destaca o papel do antropônimo (nome próprio de pessoa) como substantivo,
discutindo sua classificação em diferentes subclasses. Além disso, são exploradas as origens
do artigo definido e sua função em identificar e definir um substantivo. A literatura indica que
o uso do artigo antes de nomes próprios é influenciado por fatores sociais e linguísticos, como
o grau de familiaridade, a região de origem e a função sintática do antropônimo na frase. A
abordagem da pesquisa é quali-quantitativa e se baseia no método experimental/hipotético-
dedutivo. Foram realizadas 12 entrevistas em cada cidade, estratificadas por sexo/gênero, faixa
etária e escolaridade. Os dados coletados foram analisados com base no modelo teórico-
metodológico da Sociolinguística laboviana. Os resultados mostram que a hipótese inicial de
que os habitantes de Bacabal tendem a utilizar mais o artigo definido antes de nomes próprios
foi confirmada. A pesquisa identificou padrões de uso do artigo em diferentes contextos
linguísticos nas duas cidades. Por exemplo, em Bacabal, houve maior ocorrência de uso do
artigo antes de nomes próprios em estruturas de genitivo e em referência a entidades
familiares. Em São Luís, o uso do artigo definido foi menos frequente, seguindo uma tendência
de conservadorismo linguístico em regiões com colonização mais antiga. Em conclusão, o
estudo contribui para a compreensão da variação linguística no português maranhense,
evidenciando diferenças significativas no uso do artigo definido antes de nomes próprios entre
Bacabal e São Luís. As análises revelaram a influência de fatores estruturais e extralinguísticos
nessa variação, e destaca-se a importância de futuras pesquisas para verificar se essa variação
é estável ou está sujeita a mudanças, especialmente entre os falantes mais jovens.

Palavras-chave: Variação, Artigo, Antropônimo, Bacabal, São Luís.

OS CONTOS DE FADAS NA ESCRITA DE MARINA COLASANTI: NARRATIVAS, IMAGENS E VOZES


INSURGENTES

Vivian Castro de Miranda (UFSM)

Resumo: o presente trabalho objetiva refletir sobre as narrativas contidas em Doze reis e a
moça no labirinto do vento (1978 [2006]), livro de contos da escritora Marina Colasanti. A
obra pode ser inserida no diálogo entre literatura e visualidade, e se apresenta com uma
estética dos contos de fadas – com ilustrações da própria autora. Considerando o enfoque
sobre a ficção escrita por mulheres, propomos analisar os modelos de feminilidades e de
masculinidades construídos nesses textos que se afastam do imaginário literário dos clássicos
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infanto-juvenis, a partir de contribuições da História (Darnton, 1986), dos Estudos Culturais
(Bordini, 2006; Cevasco, 2003) e da Crítica Feminista (Showalter, 1994). Os resultados desse
artigo apontam, a partir de um recorte do final dos anos 1970, para tentativas de problematizar
na ficção literária a escassez de referenciais, sobretudo femininos exercendo um papel de
insubmissão. Nesse contexto, objetivamos também compreender como as imagens se articulam
com o texto para encaminhar essa discussão, considerando o papel que o componente visual
pode desempenhar na composição desse tipo de narrativa (Oittinen, 2003; Pereira, 2008), e
visto que essa relação é muito específica, evidenciamos aspectos de “linguagem simbólica”
como acontece com muitos clássicos ilustrados. De tal modo, a obra analisada se constitui com
um viés inovador para o que se reconhece nesse gênero, ainda que esta inovação esteja
circunscrita a certo estágio das formas de escrita de mulheres na literatura quando vista pelo
olhar dos estudos recentes de autoria feminina, que acompanham os desdobramentos do
feminismo (Arruda, 2019; Zolin, 2018). Subvertendo lógicas que impactam em representações
possíveis da subjetividade de mulheres contemporâneas, os contos, que continuaram a ser
reimpressos após os anos 2000, acompanham a conjuntura de seu surgimento – época de
mudanças significativas que vão além dos aspectos verbais e visuais que compõem a
textualidade dos livros, permitindo a inclusão de vozes insurgentes e a proposição de enredos
com desfechos que problematizam as mentalidades vigentes.

Palavras-chave: literatura e visualidade; Marina Colasanti; contos.

GÊNERO, ANCESTRALIDADE E METAMORFOSE EM LA MUJER HABITADA, DE GIOCONDA BELLI

João Pedro Sgarbi Rocha (UFSM)


Vinícius Marangon (UFSM)

Resumo: Na esteira das contribuições de autores como Carvalhal (2006) e Coutinho (2010),
este trabalho propõe uma leitura de La mujer habitada (1988), romance da nicaraguense
Gioconda Belli, que tem por eixo a análise do contexto histórico-cultural representado na
narrativa, sobretudo no que diz respeito ao tratamento das questões de gênero e
ancestralidade indígena. Nessa obra, que tem por cenário o país ficcional de Faguas, somos
apresentados às narradoras-protagonistas Lavínia e Itzá. A primeira é uma jovem arquiteta
vivendo em Faguas na década de 1970, e a segunda, uma indígena de origem Nahua, cuja voz
é introduzida através de um elemento mágico. A habilidosa narrativa de Belli justapõe, através
da relação insólita entre as personagens, o presente ditatorial em que vive Lavínia e a
experiência de Itzá, quando viva, enquanto uma indígena de origem Nahua que presenciou a
chegada dos colonizadores espanhóis. No enredo, acompanhamos a trajetória pela qual Lavínia
se aproxima dos movimentos revolucionários durante a ditadura instaurada no país, percurso
que faz analogia ao envolvimento de Belli com o movimento revolucionário durante a ditadura
de Anastasio Somoza na Nicarágua. Sem desconsiderar a filiação da obra ao realismo mágico
tipicamente latino-americano, já abordada em outros estudos, o objetivo do presente trabalho
é discutir o papel central que a justaposição da voz ancestral de Itzá à transformação de Lavínia,
desempenha no resgate da cosmologia historicamente ignorada dos povos indígenas. Além
disso, é objetivo deste estudo observar de que forma as questões relativas ao tratamento do
gênero são representadas na narrativa. Para cumprir com esses objetivos, para além dos
autores citados anteriormente, outros, como Iegelski (2021), Botoso (2011), Petrov (2016) e
Walter (1999), serviram de fundamento para apresentar o romance de Belli enquanto exemplar
do realismo mágico, os estudos feministas foram utilizados para abordar as questões de
gênero, e o conceito de metamorfose, proposto por Mikhail Bakhtin em Formas de tempo e de
cronotopo no romance (1990), foi aplicado na observação da trajetória das narradoras-
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protagonistas. Com isso, este trabalho pretende somar aos estudos que se propõem a conferir
visibilidade a obras cujas temáticas colocam em xeque o etnocentrismo e a hierarquia de
gênero.

Palavras-chave: Realismo mágico. La mujer habitada. Gênero.

ENUNCIAÇÃO PERSPECTIVA DE ESTUDO DA INDEFINIÇÃO DA LINGUAGEM

Luana Stefanny de Sousa Lima (UEMA)

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo analisar as noções de indefinição dos marcadores
linguísticos no conto fantástico “As Sombras” do escritor maranhenses Coelho Neto, como
aspecto importante na produção de sentidos no ato de sua recepção. A pesquisa fundamenta-
se, a partir das contribuições da Teoria das Operações Enunciativas e Predicativas de Antonie
Culioli, Todorov, Tzvetan (1939), Sarah de Vogué, Jean-Jacques Franckel, e Denis Paillard
(2011), Marilia Blundi Onofre (2009), Valdir do Nascimento Flores, Silvana Silva, Sônia
Lichtenberg, e Thaís Weigert (2008) e entre outros. O trabalho atribui-se a uma pesquisa de
cunho qualitativo e bibliográfico, pois efetuada a partir da percepção, reflexão e
posicionamento crítico. Um dos propósitos para a propensão desta pesquisa surgiu por meio
de uma problemática que foi o objeto de pesquisa da Tese de Doutorado Das Categorizações
aos valores referenciais: a (in)definição linguística em construção, de FACUNDES (2001), Para
construção da “Noção de indefinição”, para tanto, fizemos uma pesquisa de como as
abordagens linguísticas apresentam tal definição. A Constituição do corpus envolverá a seleção
do conto fantástico “A Sombra”, de Coelho Neto. Fizemos nesta pesquisa um recorte teórico
que consistirá na relação entre léxico-gramatical em perspectiva enunciativa. Os procedimentos
de coleta e de análise do corpus se constituiu das contribuições conforme os fundamentos da
Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas - TOPE. Buscando alcançar uma contribuição
para a área de linguística, o referido trabalho é relevante no que tange ao contexto acadêmico,
visto que posteriormente poderá ser usado como fonte de estudo para novas pesquisas, bem
como, os resultados adquiridos nesse trabalho podem vir a dialogar com outras pesquisas já
publicadas. Referente aos resultados obtidos conseguimos verificar que é possível atribuir
outras marcas de enunciação no ato de sua recepção, de modo que não modifique o real
sentido atribuído ao contexto original com a função de indefinição. Constatamos que com o
atributo das análises foi possível observar que a fortuna crítica do autor Coelho Neto é pautada
para uma escrita modernista, além disso podemos frisar que o mesmo tem um talento
extraordinário em obras de ficção, e em particular o conto assim analisado “A Sombra”.

Palavras-chave: Sombra, indefinido, enunciação, linguística.

OS INDEFINIDOS EM ANÁLISE ENUNCIATIVA DA LINGUAGEM

Amanda Lima da Silva (UEMA)


Leonildes Pessoa Facundes (UEMA)

Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar a noção de indefinição dos marcadores
linguísticos, no conto fantástico “Os olhos que comiam carne”, do escritor maranhense
Humberto de Campos, como recurso linguístico capaz de criar no texto uma maior expectativa
para construção do insólito no conto fantástico. A Gramática Tradicional categoriza as noções
de indefinições dos marcadores linguísticos em: artigos indefinidos e pronomes indefinidos,
página 118 de 315
que serão as marcas analisadas dentro da obra para análise. Para concretizar as análises no
conto selecionado, temos como propósito o resgate e valorização dos textos fantásticos. A
metodologia é bibliográfica, o corpus é composto pelo conto fantástico escolhido: “Os olhos
que comiam carne”, com as marcas linguísticas em estudo propostas para essa pesquisa. Sendo
assim, foram feitos recortes de trechos do conto em que as categorias de indefinição aparecem.
Iniciada, primeiramente, com a pesquisa da obra do autor anteposto e a localização dos artigos
indefinidos e pronomes indefinidos na obra. Como base teórica para o aprofundamento, nos
debruçamos sobre a perspectiva da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas - TOPE,
de Antoine Culioli (1990, 1999a e 1999b), dentre outros. Dessa forma, o resultado das
análises com a categoria dos indefinidos nos releva que as palavras podem variar dependendo
de sua posição e de seus predeterminantes, além de repensar o que determina a gramática
tradicional.

Palavras-chave: Noção, enunciação, conto fantástico, indefinição.

ANÁLISE DAS FORMAÇÕES DISCURSIVAS E INTERDISCURSO NA BIOGRAFIA "LUIZ CARLOS


PRESTES, UM COMUNISTA BRASILEIRO" ESCRITA POR SUA FILHA E BIÓGRAFA ANITA
LEOCADIA PRESTES

Raquel Lima de Abreu Aoki (UFMG)


Márcia Elísia Matos Aguiar (UFMG)

Resumo: Ao narrar sua história de vida ou de outrem, o sujeito mobiliza um arsenal de


experiências. Ao reorganizar tais experiências e seus significados, outros EUs são instaurados,
pois rememorar vai além de uma simples visita ao passado. Essa atividade está ligada às
reavaliações, revisões, autoanálises e autoconhecimento (SOUZA, 2014). Na tentativa de
compreender a escrita memorialista é necessário recorrer a conceitos em torno de identidade,
memória e história. Não há identidade sem memória [assim como lembrança e esquecimento]
porque somente esta permite a autoconsciência da duração. [...] Por outro lado, não pode haver
memória sem identidade, pois o estabelecimento de relações entre estados sucessivos do
sujeito é impossível se este não tem a priori, um conhecimento de que tal cadeia de sequências
temporais pode ter significado para ele (CANDAU, 2011). É no plano discursivo que o sujeito
elabora sua memória e a partir dela sua identidade - no e pelo discurso - os sujeitos se revelam,
pelo dito e não dito. Dessa forma, escritos (auto) biográficos não são um simples registro, são
a presença da memória seletiva, enquadrada em um espaço de ressignificações. Estes vão bem
além da narrativa de vida de uma dada pessoa, passando por interesses múltiplos, pode ser
um forte instrumento político e modificador histórico. Imbuídos dessa compreensão,
tentaremos demonstrar como alguns desses gêneros revelam uma “vontade de memória”. Para
este trabalho, escolhemos a biografia Luiz Carlos Prestes, um comunista brasileiro, sua
materialização discursiva foi elaborada e escrita por sua filha, Anita Leocadia Prestes (ALP) e
publicado em 2015. Mostraremos que a apreensão do passado acontece por meio de uma
reconstituição discursiva, e são compreendidas por meio de uma interdiscursividade. Dentre
as teorias oferecidas pela AD, recorreremos ao interdiscurso definido primeiramente por
Pêcheux, seguido de Courtine e por último, Maingueneau.

Palavras-chave: Gênero biográfico; Memória; Interdiscurso; FD.

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O ASPECTO TEMÁTICO-ATEMPORAL EM "DRÁCULA" E A RESSIGNIFICAÇÃO DO VAMPIRO

Santiago Daniel Dubra (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Resumo: Os seres humanos contam histórias desde seu surgimento, como uma maneira de
compreender e entrar em harmonia com o mundo ao seu redor, tornando o contexto um fator
de influência na construção de narrativas. Portanto, surge o questionamento de como narrativas
produzidas em diferentes períodos e locais possuem ressonância com leitores de diferentes
contextos, com a recorrência de elementos temáticos semelhantes em narrativas mitológicas
de diferentes locais nos permitindo levantar a hipótese da existência de problemáticas humanas
e universais, que se manifestam em narrativas durante toda a trajetória da humanidade. Este
artigo tem como objetivo analisar o romance “Drácula” (1897) de Bram Stoker, vista a
influência da obra na cultura popular contemporânea e sua presença recorrente como ícone
narrativo, apesar da publicação que data mais de um século. Esta análise pauta-se nas
teorizações de Joseph Campbell (1991), José Luiz Fiorin (2016), Antônio Candido (2006), e
Jerrold E. Hogle (2002) com o intuito de estabelecer paralelos entre as temáticas apresentadas
na obra, a influência da cultura Vitoriana sob a produção do monstruoso encontrado na figura
do vampiro, e problemáticas da sociedade contemporânea, assim como a maneira em que a
figura do vampiro foi ressignificada na contemporaneidade em relação a sua representação no
romance e a suas raízes mitológicas, como maneira de comprovar o aspecto temático-
atemporal da narrativa e seu caráter de renovação.

Palavras-chave: Temático; Atemporal; Drácula; Mito; Vampiro.

A MEMÓRIA FOTOGRÁFICA COMO TESTEMUNHO: REPARAÇÃO EMPÁTICA PELA COMPAIXÃO

Deurilene Sousa Silva (UFPA),


Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja (UFPA)

Resumo: Da crise humanitária na Síria a sua representatividade por meio da fotografia do


pequeno Aylan Kurdi – menino sírio de etnia curda, encontrado morto numa praia na Turquia
– pensamos neste artigo o testemunho através da estética da imagem e seu impacto na
denúncia da barbárie, bem como o desafio humano de conectar-se com o outro na construção
de vínculos duradouros por meio do diálogo fundado na interação empática e afinado com a
reparação. Sob a perspectiva levinasiana de uma ética da responsabilidade, num mundo
conectado à rede internet, entendermos como a sensibilidade empática, quando no domínio
da imagem, cria a relação de semelhança com o outro, e ainda cria condições de pensar como
o outro e sobre o outro, seja para lograr êxito na mediação de conflitos, seja para refletir sobre
o uso da fotografia (também) como local de memória.

Palavras-chave: empatia, fotografia, testemunho, memória, política.

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A CARTOMANTE: REFLEXÕES SOBRE O ADULTÉRIO E AS CONVENÇÕES SOCIAIS NA
SOCIEDADE BURGUESA DO SÉCULO XIX

Loyane da Silva Vasconcelos (UEMA)

Resumo: No século XIX, a sociedade burguesa passava por profundas transformações culturais,
políticas e sociais. Esse período foi marcado pelo surgimento da classe média, que buscava
consolidar sua posição e ascender socialmente. No entanto, junto com a ascensão social e
econômica, surgiam também uma série de contradições e conflitos morais. As mulheres, em
particular, eram submetidas a uma série de imposições sociais e tinham pouca margem para
expressão e liberdade dentro do casamento. Nessa época, a sociedade imperial brasileira era
regida por uma dupla moral, na qual as mulheres eram pressionadas a permanecerem virgens
até o casamento e a serem fiéis aos maridos, enquanto para os homens não se exigia a mesma
virgindade antes do casamento e a infidelidade masculina era tolerada pela sociedade. Essa
diferenciação de expectativas e tratamento entre homens e mulheres reflete a desigualdade de
gênero presente na época e as restrições impostas às mulheres em suas vidas e
relacionamentos. Na sociedade burguesa dessa época, o casamento era tido como uma
instituição sagrada, e a fidelidade conjugal era crucial para manter a estabilidade e a reputação
das famílias. No entanto, o adultério permeava os bastidores da sociedade, refletindo
insatisfações pessoais e a busca por satisfação emocional em um contexto repressivo,
especialmente para as mulheres. Elas eram retratadas de forma limitada à sua sensualidade e
submissão, deixando de lado sua independência e intelecto. No entanto, Machado de Assis
procurou humanizá-las, rompendo com os estereótipos idealizados da mulher, apresentando
personagens femininas com corpos e desejos humanos. "A Cartomante" apresenta um triângulo
amoroso entre Rita, Camilo e Vilela, revelando contradições morais e fragilidade nas relações
humanas. Este trabalho, portanto, se propõe a analisar o conto "A Cartomante", de Machado
de Assis, explorando seu contexto histórico no século XIX, a condição feminina e o tema do
adultério. Para tanto, utilizamos as bases teóricas de pesquisadores como CARVALHO (2010),
COSTA (2013), RIBEIRO (2008), TEIXEIRA (2020) e outros estudiosos que investigaram a
questão em profundidade.

Palavras-chave: Condição feminina, Literatura, A cartomante.

ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL DO PERSONAGEM SACI NA OBRA DE MONTEIRO LOBATO E


DE ADÃO ALMEIDA: UM ESTUDO COMPARATIVO

Luana Camila dos Santos Gomes (UNIFESSPA)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo comparativo entre a obra
literária de Monteiro Lobato O Saci (1921) e a obra Saci Amazônico (2021), de Adão Almeida,
buscando refletir sobre os contextos históricos de ambas, as quais tratam da temática do Saci,
ressaltando os aspectos diferenciados com relação à cultura e à história vivenciados em
determinados períodos de tempo. Uma é escrita por Monteiro Lobato, no ano de 1921, em
que é adaptada a narrativa do Saci Pererê para sua trama do Sítio do Picapau Amarelo. Nela,
a personagem principal é um Saci, criatura de uma perna só, peralto e brincalhão. A outra é
uma obra da região Amazônica, que foi escrita por um autor residente no Município de Marabá,
Adão Almeida, no ano de 2021, chamado Saci Amazônico, retratando aspectos históricos de
desenvolvimento do município de Marabá, como o cultivo das castanhas. Para isso, o estudo
focaliza na análise da personagem o Saci, que é representado de diferentes formas pelos
autores. O estudo é de uma abordagem qualitativa, seguida de um procedimento de estudo
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bibliográfico, por meio da literatura comparada, pois as obras são postas em contraste.
Observamos que as obras O saci, de Monteiro Lobato, e O saci Amazônico, de Adão Almeida,
pertencem sim a dois momentos históricos diferentes, pois retratam a cultura vivenciada
respectivamente na região Sudeste e na região Sul do Estado do Pará, Marabá. E, apesar de
terem sido escritas em ambientações diversas, apresentam realidades comuns, quando utilizam
as manifestações culturais e seus personagens marcantes em nossa história literária brasileira,
com o destaque para o personagem Saci. Ademais, ambas as obras representam momentos de
desenvolvimento de duas regiões diferenciadas e que ocorreram não concomitantemente, mas
apresentam sim traços de similitude, não só com relação à utilização do personagem Saci, mas
também pela caracterização social e histórica das tramas. Logo, podemos considerar que a
obra de Lobato retrata uma sociedade vivenciada no início do século XX, quando Lobato
valorizou a cultura brasileira com a utilização das manifestações culturais brasileiras, em
particular, o personagem Saci, associando-o a figura de um herói, pois ele auxiliou Pedrinho
no resgate de sua prima Narizinho. Por outro lado, a obra de Adão Almeida tem como pano
de fundo o desenvolvimento do processo de exploração e cultivo das castanhas no município
de Marabá/PA, o que originou o desenvolvimento da cidade como polo regional de agricultura
e mineração e também focaliza na figura do personagem Saci, porém ele é visto como alguém
que precisa do auxílio de outros intérpretes, quais sejam, figuras importantes do folclore
brasileiro, como Iara, Curupira, dentre outros. Como teóricos, nos pautaremos nas
argumentações de D’ávila (1967), Carvalhal (2006), Lisboa (2002), Santiago (2004), Bhabha
(1998), Gregorin Filho (2012), dentre outros estudiosos.

Palavras-chave: Literatura amazônica, Literatura Comparada, Saci.

POETRY SLAM E PANDEMIA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO POÉTICA ORAL NO LIMIAR


ENTRE A RUA E A INTERNET

Guilherme dos Santos Ferreira da Silva (UFRJ)

Resumo: O Slam das Minas RJ é um coletivo de poesia que surge no espaço público, na rua,
na ocupação da cidade, promovendo um modo de imaginação pública a partir da qual pode
ser lido, interpretado e compreendido. Durante os anos pandêmicos de 2020 e 2021, o grupo
realizou uma migração das ruas às redes. Podemos afirmar, portanto, que a comunicação
globalizada por meio da internet possibilitou que coletivos artísticos de rua seguissem atuando
nas redes sociais durante o período de epidemia. O sociólogo Manoel Castells, no livro Redes
de indignação e esperança (2013), evidencia a importância das redes digitais na construção
de um espaço democrático de socialização, baseado em uma experienciação do conceito de
coletividade. Nesse caminho, a presente comunicação busca dar luz à arte política produzida
pelos corpos marginais femininos do Slam das Minas RJ durante o período de pandemia,
evidenciando a importância do trabalho do coletivo no desenvolvimento de uma comunidade
virtual, expandida para fora do circuito Rio de Janeiro, durante a quarentena. A partir dessa
investigação, revelo um importante papel do Slam das Minas RJ no debate de questões como
racismo e necropolítica na pandemia, necessários às lutas antifascista e antirracista que
ganharam força no período de epidemia, além de trazer ao jogo memórias de uma riquíssima
herança afro-brasileira: histórica e culturalmente.

Palavras-chave: poetry slam, poesia marginal, literatura negra

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DIZERES SOBRE GÊNERO E RAÇA NO DOCUMENTÁRIO O SILÊNCIO DOS HOMENS (2019)

Guilherme Medeiros (UNICAMP)

Resumo: O presente trabalho se configura como um recorte do projeto de pesquisa de


dissertação intitulado Não vou querer o que o meu pai fez comigo: discursos sobre
paternidades, masculinidades e homens, que tem como objeto de análise o documentário O
silêncio dos homens (2019). O longa metragem é resultado de uma pesquisa qualitativa e
quantitativa, a nível nacional, a respeito da percepção dos participantes em relação a
desigualdade de gênero e os avanços em relação ao comportamento masculino perante as
mulheres. Além disso, o documentário reúne entrevistas com agentes locais que atuam em
projetos sociais pautados na promoção da equidade entre homens e mulheres, no combate ao
racismo, à LGBTQIAfobia, e à violência contra mulheres. Sendo assim, observamos ao longo
das gravações, corpos e sujeitos historicamente silenciados (RIBEIRO, 2017) tomando a palavra
e enunciando a partir de uma posição-sujeito filiada às práticas de militância. Nesse sentido,
nos interessa compreender como esses lugares de enunciação (ZOPPI FONTANA, 1999; 2017)
configuram processos de identificação e subjetivação na língua. Para este trabalho, delimitamos
os recortes das cenas onde homens negros se enunciam a partir desse lugar discursivo da
militância no combate ao racismo. Partimos da noção de recorte da materialidade significante
(LAGAZZI, 2009), para poder analisar as diversas dimensões materiais que compõem as cenas:
texto, voz, imagem, enquadramento. Partimos dos estudos de Vergès (2019) para pensar o
lugar do cuidado no que diz respeito a paternidade e as tensões entre raça e classe em discurso
no documentário. Dito de outra forma, a partir da crítica feminista decolonial, buscamos
descrever um gesto de análise que leve em consideração as condições de produção em uma
sociedade marcada pela exploração racializada e gendrada da mão de obra. Visamos contribuir
para o debate a respeito das implicações de pensar a análise de discurso a partir da noção de
interseccionalidade (AKOTIRENE, 2018), tendo como base os estudos de França (2018) e
Modesto (2021).

Palavras-chave: Masculinidades, Interseccionalidade, Feminismos.

O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS NA TERCEIRA IDADE NOS CONTOS ADELHA


SANTANA LIMOEIRO E REGINA ANASTÁCIA DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Denise Santos Miranda Pereira (UEMA)


Welida Maria Gouveia Silva (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa analisa os contos Adelha Santana Limoeiro e Regina Anastácia,
selecionados do livro Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2020) de autoria de Conceição
Evaristo. As narrativas apresentam perspectivas sociais de mulheres negras idosas que rasuram
a literatura hegemônica e são acolhidas por uma narradora-ouvinte, que demonstra empatia e
sororidade aos relatos de vida dessas personagens. Deste modo, o objetivo deste estudo é
evidenciar o protagonismo feminino negro na terceira idade, bem como apresentar suas
trajetórias de vidas, suas relações afetivas e os preconceitos enfrentados por elas. Para tanto,
adotou-se a pesquisa bibliográfica com a seleção de autores que discutem a temática como
Beauvoir (1990), Evaristo (2011), Kilomba (2012), Kooks (2021), Debert (2013) dentre outros.
Sendo assim, conclui-se que as personagens relatam suas experiências a partir da terceira
idade expondo o sexismo, racismo e etarismo como forma de opressão que estão refletidas
nas estruturas patriarcais arraigadas na sociedade.

Palavras-chave: Mulher negra; Envelhecimento;Etarismo; Resistência


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POESIA E TESTEMUNHO: A ESCRITA DE ADEMIR BRAZ COMO REGISTRO DE CONFLITOS
SOCIAIS NA AMAZÔNIA PARAENSE

Anaiara Cristina Lima Silva (UNIFESSPA)

Resumo: Devemos considerar que, as regiões Amazônicas apresentam para além de sua beleza,
do verde e da vasta quantidade de matérias primas, conflitos que se relacionam, com a
realidade social, cultural e política de um povo. Dentre violência, impacto do capitalismo,
problemas econômicos, conflitos agrários, etc. Responsáveis por eventos catastróficos e
consequentemente traumáticos. A literatura de Testemunho, expressão que “tem sido aplicada
às obras programaticamente nascidas para testemunhar catástrofes no século XX”
(SELIGMANN-SILVA, 2010) tem sido utilizada também como uma forma de “narrar a história a
contra-pelo” (BENJAMIN, 1985) e pode ser entendida como uma forma de unir aspectos
ficcionais a uma produção com estatutos de verdades (MEDEIROS DA SILVA, 2006). Nesse
sentido, o objetivo principal da pesquisa é destacar em poemas do escritor Ademir Braz a
presença do teor testemunhal no que se refere a conflitos sociais que ocorrem tanto na cidade
quanto no campo das regiões da Amazônia paraense, tendo como corpus as obras poéticas
Esta Terra (1981) e Rebanho de Pedras (2003). Na presente comunicação apresentaremos os
principais pontos da pesquisa a ser desenvolvida e a análise de um dos poemas do escritor
afim de discutir os aspectos testemunhais presentes no mesmo.

Palavras-chave: Literatura de Testemunho, Poesia de Testemunho, Amazônia;

PRÁTICAS DE MULTILETRAMENTOS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: GÊNEROS TEXTUAIS


E A EXPERIÊNCIA DE UMA DOCENTE PESQUISADORA

Fabiana Costa de Sousa (UEMASUL),


Maria da Guia Taveiro Silva (UEMASUL)

Resumo: O ensino de língua materna não pode se reduzir apenas à classificação de frases
isoladas ou ao trabalho de textos descontextualizados da realidade vivenciada pelos
estudantes em sua região e do contexto mundial. Ensinar Língua Portuguesa requer do docente
domínio de conceitos importantes do próprio português brasileiro, principalmente ao que
concerne à construção da língua. O docente, aplicando a concepção de linguagem como
interação social em sala de aula, deve proporcionar experiências que promovam o uso da
linguagem em diversos contextos, e explorar no ambiente escolar a diversidade linguística, as
múltiplas formas de enunciação, além de desempenhar métodos que proporcionem a
compreensão dos discentes do funcionamento da própria língua. Assim, estará promovendo
multiletramentos linguísticos e literários. Este artigo tem por foco as práticas docentes de
multiletramentos desenvolvidas em sala de aula com uso de gêneros textuais, enfatizando uma
experiência de um dos autores; em sua realidade como professora de Língua Portuguesa do
Ensino Médio. O objetivo geral desta pesquisa é refletir sobre a prática docente de
multiletramentos desempenhada por meio de gêneros textuais no Ensino Médio, bem como
demonstrar que o ensino dos gêneros textuais é uma prática de multiletramentos para o
processo de aprendizagem e compreensão da Língua Portuguesa; relacionar a prática docente
de multiletramentos intermediado pelos gêneros textuais em conformidade com a BNCC e
relatar a experiência/vivência de um dos pesquisadores/autores em sala de aula com os
gêneros textuais para promover multiletramentos em Língua Portuguesa. Metodologicamente,
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esta pesquisa é um relato de experiência, por ser um recorte da prática docente de um dos
autores. Este relato de experiência se fundamenta em estudos de autores como Marcuschi
(2008), Kleiman (2005), Street (2014) e Soares (2009). Com isso, é relevante que sejam
veiculadas práticas de ensino de língua materna que dão certo e promovem o letramento,
conforme o indicado pelos documentos educacionais, principalmente pela BNCC.

Palavras-chave: multiletramentos; ensino; Língua Portuguesa; gênero.

A OBJETIFICAÇÃO DE GÊNEROS EM APLICATIVOS DE RELACIONAMENTO

Laize Oliveira Silva (UEMA)

Resumo: O objetivo da presente comunicação é analisar a objetificação de gênero em dois


aplicativos de relacionamento: Afrointroduction e Amor Perfeito tendo em vista as
predefinições propostas na página de cadastro e interesse dos usuários e nos programas
apresentados como justificativa para a criação dos apps. A crescente popularização e utilização
das mídias digitais para fins de sociabilidades amorosas tem estimulado uma busca por um
pseudo par perfeito, que coloca o usuário diante de plataformas com promessas
grandiloquentes de encontrar o companheiro/companheira ideal. A questão de pesquisa se
põe ao se pensar o que é entendido como o ideal para o outro. Nesse sentido, é importante
examinar como são perpetuados estereótipos de gênero e reforçada a objetificação das
pessoas nos Apps. A metodologia empregada para se analisar o corpus deste trabalho é a
revisão bibliográfica e o estudo de caso, tendo em vista se tratar de um estudo delimitado a
apenas dois apps. Assim, os estudos de Bourdieu (2007), Judith Butler (2018), Miskolci (2017)
e Colling (2018) serão fundamentais para se analisar os discursos naturalizados e perpetuados
nas entrelinhas das descrições dos apps.

Palavras-chave: Análise de Discurso. Apps. Relacionamento.

O ECOAR DA MINHA VOZ DEFORMADA: RESISTÊNCIA E REPRESENTATIVIDADE DA MULHER


NEGRA EM TORTO ARADO (2018), DE ITAMAR VIERA JR

Rosy dos Santos Lima (UESPI)


Maria do Carmo Moreira de Carvalho (UESPI)

Resumo: Este artigo tem como objetivo principal analisar o protagonismo e o processo de
resistência através das protagonistas de Torto arado (2018), de Itamar Vieira Junior. A obra
em questão fala sobre um grupo de trabalhadores descendentes de escravizados, do interior
do Nordeste brasileiro, que revivem o legado do sistema escravocrata. O destaque principal
incide sobre as duas irmãs, Bibiana e Belonísia, que trazem luz à voz da resistência ao
enfrentamento dos resquícios da escravidão, das desigualdades sociais, discriminação,
preconceito, machismo e ao sistema patriarcal. Para a pesquisa, utilizou-se, como aporte
teórico, principalmente, os estudos de Duarte (2009), Evaristo (2009), bell hooks (1900) e
Carneiro (2002). A partir da análise realizada, pôde-se notar que neste romance, o autor
escancara o contexto de exploração e opressão dos moradores do sertão do Brasil e que,
através dessa realidade se destaca as formas de dominação, violência, silêncio, racismo e o
exercício do poder favorecido pelo sistema patriarcal em torno da mulher negra. Dessa forma,
a mulher negra de Torto arado (2018), se apresenta como figura principal para representar
força e resistência em oposição aos problemas sociais. Por fim, reflete-se que o romance faz
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um aporte realista de um Brasil contemporâneo e que, sobretudo, evidencia as opressões à
mulher negra que através do seu posicionamento ativo busca tornar audível seu protagonismo
em busca dos direitos, liberdade e igualdade.

Palavras-chave: Resistência; Protagonismo; Mulher Negra; Sertão.

NÃO PODEMOS FUGIR DO BICHO-PAPÃO: UMA ANÁLISE DE THE BABADOOK E ACALANTO

Joana Tainá Batista Costa (UESPI)


Ayrton de Souza Lopes (UESPI)

Resumo: O seguinte artigo elabora uma comparação entre o longa-metragem The Babadook
(2014), com direção e roteiro de Jennifer Kent, e a obra literária escrita pelo piauiense Auryo
Jotha, Acalanto (2023). A presença do bicho papão em ambas as obras é uma força narrativa
essencial que fornece campo para debater os medos vivenciados e reprimidos, tanto das
crianças como de seus pais. Nos corpus é possível traçar um paralelo de como é desenvolvida
a imagem do monstro bicho-papão dentro do espaço da casa e a sua relação com seus
habitantes, com enfoque maior nas personagens que são mães, que passam por situações de
estresse sozinhas, e por seus filhos. O trabalho concluiu a partir de suas semelhanças e
diferenças que os monstros, como o bicho papão, representam o excesso de presença e a
quebra das normas estabelecidas, sendo a monstruosidade uma forma de expor o que é
ignorado e rejeitado. A diferença entre obras é contrastada ao notar que uma possui um final
reparador e outro não. Para alcançar esse objetivo, é feito a leitura de teóricos de
monstruosidades como Julio Jeha (2007), Jeffrey Cohen (2000) e José Gil (2006), passando
brevemente por um célebre texto de Freud, “O inquietante” (1919), e utilizando a obra A
Poética do Espaço (1978) de Gaston Bachelard para tecer comentários sobre um estudo
fenomenológico da casa que habitamos e de como ela habita também em nós.

Palavras-chave: Literatura comparada, Bicho-papão, Monstros.

UMA ANÁLISE TESTEMUNHAL DO POEMA "DOCE DOURADO", DE REUNIVAN FERREIRA


MORAIS

Syndel dos Santos Fernandes (UNIFESSPA)


Resumo: O diálogo entre as produções literárias de uma região e as demais áreas do
conhecimento, quando associadas, têm o potencial de contribuir significativamente para o
entendimento da realidade social, as lutas e adversidades enfrentadas por grupos específicos
e a história de um lugar. Logo, essa pesquisa tem o intuito de realizar uma análise do teor
testemunhal do poema intitulado “Doce Dourado”, do poeta Reunivan Ferreira Morais, que
retrata as consequências ocasionadas pela exploração da atual Serra dos Carajás, e os impactos
ambientais e sociais causados pela mineração na região Sul e Sudeste do Estado do Pará. A
análise desse poema é resultado do estudo dos poemas publicados nas antologias do concurso
da Prefeitura Municipal de Marabá, com a finalidade de mapear poetas e obras poéticas
publicadas nessa localidade, abrangendo o período entre 2000 e 2020 na região Sul e Sudeste
do Pará, identificando poemas testemunhais ou de resistência que versem sobre a realidade
social da região. Utilizando como aporte teórico os estudos de Márcio Seligmann-Silva (2003),
referência em temáticas voltadas para o estudo de poemas de teor testemunhal.

Palavras-chave: Testemunho, Realidade Social, Mineração


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MEMÓRIA ENTRE ASPAS: ESBOÇO FENOMENOLÓGICA EM A NATUREZA DA MORDIDA

Thiago Costa Tavares (UEMA)

Resumo: “O que justifica essa preferência pela memória ‘certa’ é a convicção de não termos
outro recurso a respeito da referência ao passado, senão a própria memória”, diz Paul Ricoeur.
A obra A Natureza da Mordida (2023) de Carla Madeira apresenta a personagem Biá, referindo-
se a si mesma como uma mulher louca, além de sentir que suas lembranças vêm fugindo de
sua mente como um rio. Biá diz falas como “Não é preciso lembrar para arrastar uma história
vida afora”, entre outras citações, que demonstram como a sua mente vem esquecendo e
misturando as lembranças inventadas das reais. A partir disso, o presente artigo tem por
objetivo relacionar a memória fenomenológica citada por Paul Ricoeur com a memória flutuante
de Biá, além de poder diferenciar as memórias criadas das memórias reais pelo testemunho
dado por Teresa, filha de Biá, com isso explicar o porquê de haver tal mudança em sua memória
e a relação dela com os livros que Biá lia. Essa memória de Biá, que tende a se apresentar de
forma complexa, caminha de acordo com traços que são veiculados no estudo da lembrança
como esboço fenomenológico, ou seja, percebe-se uma variação, uma multiplicidade, em como
as lembranças surgem. E apesar de a personagem tentar ser fiel ao passado conturbado, sua
mente transforma essas memórias em situações menos dolorosas, com finais menos
lamuriosos. A finalidade do acontecimento involuntário desses atos indica uma fuga da culpa
que Biá carrega pelas decisões que não pode controlar. Tornando a narrativa contada por ela
própria infiel aos acontecimentos reais, mas fortes o suficiente para o descanso do sofrimento
que carregou durante tanto tempo. Quanto à metodologia, constitui-se de instrumentos de
pesquisa bibliográficas, investigando e relacionando dados teóricos à obra literária; pensada a
partir de estudos de Paul Ricoeur (2014), Maurice Halbwachs (1997), Stuart Hall (2006), entre
outros.

Palavras-chave: Memória Fenomenológica, Identidade, Testemunho.

REPRESENTAÇÕES FEMININAS EM SONHOS & DESVARIOS, DE FÁTIMA BETTENCOURT

Carolina de Lima Andrighetti (UFFS)

Resumo: O presente trabalho, pertencente ao projeto de pesquisa intitulado O conto de autoria


feminina nos países africanos de língua portuguesa, tem por objetivo analisar quatro perfis
femininos nos contos Astronauta, O funeral, Em trânsito e A casa de câmbio do livro Sonhos e
Desvarios (2019) da escritora cabo-verdiana Fátima Bettencourt. Por meio do estudo da
representação da mulher, buscamos realizar uma análise baseada na leitura de obras de críticas
e especialistas em literatura de Cabo-Verde, alguns nomes presente no estudo são Maria
Aparecida Santilli (1985; 2007), Simone Caputo Gomes (2006; 2013), Grada Kilomba (2019)
e Mirna Queiroz (2020). Além dessas teóricas, pesquisamos artigos em revistas acadêmicas e
artigos da área, procurando conhecer mais acerca da autora e sua produção literária, a fim de
adquirir conhecimento sobre sua fortuna crítica, visto que sua visibilidade ainda é pequena em
nosso país. A obra Sonhos e Desvarios apresenta uma nova perspectiva sobre as mulheres,
pois as histórias nela encontradas retratam diferentes perfis femininos que estão em diversos
lugares no mundo. A autora apresenta também as diversas vivências e ocupações que são
atribuídas às personagens de seu livro, grande parte das histórias é narrada em primeira
pessoa, fazendo com que o leitor se aproxime da realidade que está sendo contada e o
transforme em uma espécie de cúmplice da narradora. O livro de Fátima Bettencourt é repleto
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de histórias que constroem um universo do que é a vida de uma mulher em Cabo Verde e
também das que viajam pelo mundo. As personagens presentes nestas narrativas nos mostram
os principais problemas sociais como a vivência das mulheres na ilha, a falta de oportunidade,
o racismo, a pobreza, a exploração, entre outros temas. Alguns dos contos até mesmo podem
apresentar-se ironicamente, visto que a figura masculina muitas vezes é satirizada. Por fim,
buscamos por meio da análise destes quatro contos, reconhecer a representação da mulher
enquanto protagonista na obra de Fátima Bettencourt, já que um dos propósitos da escrita da
autora é contar histórias de mulheres de todas as faixas etárias e condições sociais. Cada uma
com a sua história e sua vivência, nos mostra como é ser mulher em um mundo patriarcal.

Palavras-chave: Literatura cabo-verdiana, Contos, Autoria feminina

"NÃO FALAMOS SOBRE ELA": A LÓGICA COLONIAL A PARTIR DAS RELAÇÕES DE GÊNERO NA
OBRA HIBISCO ROXO DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE

Olga Beatriz Saraiva Silva (UEMA)


Luzia Kely de Souza Silva (UEMA

Resumo: O conceito de colonialidade, introduzido pelo sociólogo peruano Anibal Quijano no


final dos anos 1980, refere-se à ideia de que mesmo com o fim do colonialismo, uma lógica
colonial permanece entre os saberes, intrincados em suas formas de conhecimento, de
expressão, de produção de sentidos e em seu universo simbólico. A obra Hibisco Roxo (2022)
de Chimamanda Ngozi Adichie apresenta o personagem Eugene, o patriarca da família, sua
conduta e traços de personalidade enquadrados na obra são puramente moldados pelos
aspectos históricos e religiosos, de modo que cada uma de suas ações, até mesmo as mais
absurdas, sejam justificadas pela ideologia a qual foi submetido irrevogavelmente a seguir e
praticar. Desse modo, as personagens Beatrice, Kambili e Jaja, acabam por sofrerem fortemente
as coibições do sistema, fiscalizados pelo chefe familiar. Visto isso, a autora critica a forma
como esse comportamento, além de silenciar, apaga traços culturais e sociais dos indivíduos
que sofreram essa repreensão. No entanto, há uma linha de contraposição presente na obra,
que manifesta o rompimento das fronteiras do espaço patriarcal ao projetar uma atmosfera de
resistência através da personagem Ifeoma, irmã de Eugene, que não corresponde às
características de uma mulher subjugada pelas tradições e pelo sistema colonial, pondo em
questão os padrões sociais e culturais da sociedade nigeriana, como o casamento e a vida
doméstica. A partir disso, o presente artigo tem por objetivo discutir como essa prática colonial
influencia as questões de gênero em um processo de binarização e inferiorização da mulher
no tocante aos aspectos religiosos e identitários. Buscando refletir, também, como se dá o
processo de resistência a esse sistema opressor. Sendo assim, buscando constatar como esse
apagamento cultural ocorreu, expondo práticas colonialistas e debatendo seus reflexos na
cultura africana, usando como parâmetro de pesquisa a obra em questão. Quanto à
metodologia, constitui-se de instrumentos de pesquisa qualitativa e bibliográfica, com
mediações socioculturais que reúnam condições de investigar a temática abordada; pensada a
partir dos estudos de Stuart Hall (2006), Aníbal Quijano (1997), Simone de Beauvoir (1970),
Oyèrónk?´ Oy?wùmí (2022), entre outros.

Palavras-chave: Colonialidade, Resistência, Corpos femininos.

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MEMÓRIAS DE UM PASSADO ESQUECIDO: A RESISTÊNCIA FEMININA EM COLUMBUS AND
BEATRIZ (1892) E COLÓN A LOS OJOS DE BEATRIZ (2000)

Amanda Maria Elsner Matheus (UNIOESTE)

Resumo: Durante séculos a escrita da história esteve atrelada exclusivamente à perspectiva


masculina, ou seja, sob o domínio do homem branco europeu. Na América, após o significativo
ano de 1492, marcado pelo choque cultural entre os povos americanos originários e a
expedição de Cristóvão Colombo rumo a Cipango e a Cathay (Japão e China), as elites brancas
colonizadoras registraram, propositalmente, apenas os feitos e heróis consagrados de cada
nação. Desse modo, por haver um registro unilateral da história, muitos romancistas tem
buscado revisitar o passado afim de revelar as ações de mulheres que passaram absolutamente
despercebidas nesse contexto. As obras Columbus and Beatriz (1892), da autora
estadunidense Constance Goddard DuBois, e Colón a los ojos de Beatriz (2000), do autor
espanhol Pedro Piqueras, por meio do trabalho comparativo, favorecem um estudo
enriquecedor a respeito da configuração literária de uma personagem de extração histórica
marginalidada no período do “descobrimento” da América, ou seja, Beatriz Enríquez de Harana,
cordobesa de origem humilde com quem Cristóvão Colombo teve seu segundo filho, Fernando
Colombo. Pretende-se, assim, estabelecer um diálogo entre os romances, assegurando as
especificidades que os caracterizam, com o intuito de promover um entrecruzamento entre o
passado e o presente que nos possibilite ressignificar a atuação da mulher na história,
resgatando memórias apagadas pelo discurso patriarcal. Para tanto, esta análise apoia-se no
referencial teórico sustentado por Coutinho (2008), Fernández Prieto (2003), Fleck (2017),
Oliveira (2020), entre outros. Tais estudos teóricos, aliados à análise comparada, possibilitam-
nos compreender os recursos estruturais e narrativos empregados pelos autores, bem como
apresentar o teor do discurso que emana das obras. Além disso, evidenciam, também, em que
modalidades do romance histórico se filiam as obras analisadas, apontando os processos de
aproximação e de distanciamento nas produções do século XIX e do XXI, que dão espaço
protagônico a Beatriz Enríquez de Harana, seu caráter de resistência e denúncia das fissuras
deixadas pela historiografia tradicional.

Palavras-chave: Memória, Resistência, Romance Histórico.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO SERTÃO BRASILEIRO ATRAVÉS DO CINEMA E DA


POESIA.

Gleicyanne Cristina Silva Matos (UEMASUL)


Rayara Tágila de Sousa Barbosa (UEMASUL)

Resumo: O presente artigo tem por objetivo, trazer para as nossas práticas quantos docentes,
pesquisadores e falantes da língua materna a importância da Sociolinguística no qual, está
presente no nosso dia a dia. Se faz importante compreender os fenômenos linguísticos
existentes e como paralelamente, agrega-se nas aulas de língua portuguesa quer seja no ensino
fundamental quanto no médio. Já que sabemos que a linguagem se modifica dependendo da
situação em que ela esteja sendo utilizada, e também pode ser influenciada pela região em
que o indivíduo mora e fatores culturais. O objetivo desse trabalho é refletir sobre a variação
regional no sertão brasileiro e primordialmente, valorizarmos as devidas variedades existentes
no Brasil. Propor-se-á uma análise em trechos da poesia do Patativa do Assaré e o filme "Aí
que vida", que revelam fortes reações linguísticos do Nordeste. E por conseguinte, citações de
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Stella Bortoni-Ricardo e Celso Ferrarezi que são importantes sociolinguistas responsáveis por
estudos relevantes dessa área. Dessa forma, os autores favorecem o conhecimento da academia
e da pratica sociolinguista. As discussões trazidas manifestam a diversidade de ensino na língua
portuguesa nas escolas públicas, além de evitar qualquer tipo de preconceito linguístico dentro
e fora das salas de aulas, ajuda na monitoração da fala como processo de comunicação.

Palavras-chave: Educação, Língua Materna, Sociolinguística, Ensino.

A CONTADORA DE HISTÓRIAS: AS "ESCREVIVÊNCIAS" DE BECOS DA MEMÓRIA (2006)

Alyne Barbosa Lima (UFU)

Resumo: O presente artigo propõe uma análise intertextual entre o livro “Becos da Memória”
(2006), de Conceição Evaristo, e o ensaio “O Narrador” (1994), de Walter Benjamin. O objetivo
é investigar as diferenças entre o narrador e o contador de histórias, destacando a relevância
da oralidade na preservação da memória coletiva. A análise centra-se nas personagens Tio Totó
e Maria-Nova, cujas experiências são fundamentais para compreender as adversidades sociais
vivenciadas no passado. Conceição Evaristo, por meio de sua escrita, busca resgatar e preservar
as memórias silenciadas da comunidade negra, abordando temas como racismo, pobreza e
desigualdades. Nesse contexto, a oralidade emerge como uma ferramenta crucial para
transmitir histórias e manter viva a identidade coletiva. O contraste entre o narrador e o
contador de histórias é explorado, revelando diferentes abordagens na construção das
narrativas. Tio Totó, um filho do “ventre livre”, personifica a figura do contador de histórias.
Ele é um guardião das memórias ancestrais, transmitindo os relatos do passado para as
gerações futuras. Por meio de suas palavras, a comunidade mantém-se conectada com suas
origens e resiste às forças do esquecimento e da marginalização. Em contrapartida, Maria-Nova
assume o papel do narrador, utilizando a escrita como uma forma de expressão e resistência.
Ela, que cresceu ouvindo as histórias de Tio Totó, compreende a importância da palavra escrita
para eternizar as vivências e experiências da comunidade negra. A escrita de Maria-Nova surge
como um ato de empoderamento, permitindo que as vozes silenciadas alcancem
reconhecimento e sejam perpetuadas ao longo do tempo. O artigo destaca a relevância da
obra de Conceição Evaristo como um veículo para a valorização das memórias marginalizadas,
colocando em evidência as questões sociais e históricas que permeiam a trajetória da
comunidade negra. Ao entrelaçar a oralidade e a escrita, Evaristo resgata um passado doloroso,
mas essencial para a compreensão do presente e a construção de um futuro mais inclusivo. Em
síntese, a análise intertextual entre “Becos da Memória” e “O Narrador” revela a importância
da oralidade e da escrita como instrumentos complementares na preservação da memória
coletiva. Conceição Evaristo, por meio de suas personagens, oferece uma perspectiva
enriquecedora sobre a identidade e a luta contra a marginalização, consolidando-se como uma
escritora de destaque ao abordar de forma sensível e impactante questões sociais profundas.

Palavras-chave: Conceição Evaristo, memória, contador de histórias

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LITERATURA INDÍGENA EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE PRÁTICA PARA A EDUCAÇÃO
BÁSICA

Jordana Costa Rodrigues (UFFS)


Demétrio Alves Paz (UFFS)

Resumo: O presente trabalho, ligado ao projeto de pesquisa Literatura Indígena


Contemporânea, tem por objetivo apresentar um plano de aula a ser desenvolvido pelo
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na cidade de Cerro Largo/RS.
A partir da leitura de obras críticas de Graça Graúna e Aílton Krenak, assim como os autores e
autoras Olívio Jekupé, Cristino Wapichana, Eliane Potiguara e Márcia Wayna Kambeba, pudemos
compreender um pouco mais sobre a produção literária indígena contemporânea. Em uma
turma de Ensino Fundamental, aplicaremos um planejamento de aulas com a obra Outras tantas
histórias indígenas de origem das coisas e do universo (2008), de Daniel Munduruku. O
objetivo principal do plano é o de apresentar textos literários produzidos por autores indígenas
tratando de sua própria cultura. Para complementar e dialogar com as vivências a serem
apresentadas, utilizamos como metodologia a sequência básica do letramento literário de Rildo
Cosson que consiste no desenvolvimento de quatro etapas de desenvolvimento da aula:
motivação, introdução, leitura e interpretação. A obra será lida integralmente e debatida com
os alunos, com o intuito de apresentar uma nova visão em relação à cultura dos povos
originários, tendo em vista o estereótipo que ainda permanece no imaginário branco brasileiro
de que não existe uma cultura a ser respeitada. Como produção final, será solicitada a pesquisa
de mitos de criação em outras culturas e a escrita de um conto com base no texto “Assim
começou o mundo” (Mito do povo Árua, Rondônia). A produção escrita dos alunos é uma
ferramenta de pesquisa e desenvolvimento de consciência e respeito culturais. Para além de
estabelecer a literatura indígena nos estudos literários e sua relação com a lei 11.645/2008,
por meio da prática, nosso propósito é dar visibilidade à diversidade racial brasileira,
mostrando que ela não é somente branca e urbana. Desse modo, percebemos nessa prática
uma importância para o desenvolvimento pessoal e social dos estudantes, visto o fato de ter
contato com diferentes produções literárias dentro da escola.

Palavras-chave: Ensino, Literatura indígena, Lei 11.645/2008.

ENSINO DE INGLÊS PARA A TERCEIRA IDADE: PROPOSTA DE UNIDADE DIDÁTICA PARA NÍVEIS
A1 E A2

Patrícia Mara de Carvalho Costa Leite (UFSJ),


Matheus Augusto de Carvalho (UFSJ)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar uma unidade didática, composta por três
planos de aula de língua inglesa voltados para a terceira idade, com foco para o ensino online.
Para isso, foram observadas dez aulas em uma universidade aberta para a terceira idade, em
modo remoto, oferecidas para grupos de níveis de proficiência A1 e A2. Com o objetivo de
investigar o campo de ensino e aprendizagem da língua inglesa para a terceira idade e adquirir
mais conhecimento sobre esta relevante temática, refletimos sobre as mudanças cognitivas,
físicas e psicomotoras, para citar algumas, acarretadas pelo processo de envelhecimento e
fizemos um levantamento de atividades e materiais para essa faixa etária. No tocante aos
pressupostos teóricos, estudos sobre o ensino de inglês para diferentes faixas etárias (BROWN,
2000; HARMER, 2015; GIMENEZ, 2020), sobre a terceira idade e o envelhecimento (SÉ;
QUEIROZ; YASSUDA, 2004; VEGA; BUENO; BUZ, 2007; PIZZOLATTO, 2020; MORAES-
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CARUZZO, no prelo) e sobre o ensino de inglês para a terceira idade (ALVES, 2018; MORAES-
CARUZZO, 2018, no prelo; PIZZOLATTO, 2020; VIANA, 2020) bem como considerações sobre
o Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (BRITISH COUNCIL, 2019; CAMBRIDGE
ESOL, 2021) serviram de base tanto para as considerações teóricas sobre o assunto quanto
para o desenvolvimento da unidade didática para a terceira idade. As observações das aulas,
mesmo não sendo nosso objeto de análise, assim como a construção da unidade didática, nos
propiciaram reflexões e maior aprofundamento quanto ao conhecimento das particularidades
e necessidades dessa faixa etária. Além dos aspectos teórico-práticos, a pesquisa possibilitou
uma atualização das concepções sobre a terceira idade na contemporaneidade, incentivando
uma luta contra a estigmatização do idoso como um fardo, uma pessoa doente ou desprovida
de participação ativa na sociedade. Essa visão, infelizmente, ainda persiste em diversos meios
de comunicação, principalmente por meio de veículos midiáticos, e este estudo busca contribuir
para a desconstrução desse estereótipo negativo.

Palavras-chave: ensino e aprendizagem, inglês, terceira idade

ENEM: UMA ANÁLISE DAS PROVAS DE LINGUAGENS E CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS (2019,
2020, 2021)

Kelly de Castro Batista (UEPA)


Lílian Marques da Silva (UEPA)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar as provas do ENEM (Exame Nacional
do Ensino Médio) dos anos de 2019, 2020 e 2021, afim de verificar a abordagem dada nas
questões de Língua Portuguesa, cabe ainda frisar que por meio dessa análise, será feito então
uma comparação entre as provas com as orientações da BNCC (Base Nacional Comum
Curricular) e também com os conteúdos que são ministrados em sala de aula, tais conteúdos
foram verificados por meio do livro didático vigente na educação básica do município de Moju-
PA. Para isso foram utilizados como principais referenciais teóricos: Moreto e Feitosa (2019),
Antunes (2007) e Brasil (2018). Deste modo, cabe ressaltar que adotou-se uma pesquisa
bibliográfica de cunho qualitativo, pois a mesma é elaborada por meio de materiais já
publicados e preocupa-se em estudar a subjetividade dos fenômenos que envolvem a
sociedade e o seu comportamento, frisa-se ainda a análise documental, uma vez que serão
analisados três importantes documentos: as três últimas provas de linguagens e códigos e suas
tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio; a BNCC (2018) e o livro didático de língua
portuguesa usado nos anos de 2018 a 2020. Neste sentido, no que tange a análise, buscou-
se verificar como o conteúdo de LP está sendo exigido no ENEM para os alunos, com o intuito
de observar se existe discrepâncias entre o ensino de língua portuguesa na educação básica e
o Exame Nacional do Ensino Médio, verificando também se os documentos estão em
conformidade ou não quanto aos conteúdos proporcionados. Assim, notou-se que as provas
do ENEM sofreram grandes mudanças com o passar dos anos, o que antes era baseado em
gramática normativa, hoje é bem versátil quanto aos principais temas, levando o aluno a
meditação quanto as causas sociais de sua realidade. Portanto, ao realizar a análise da BNCC,
do livro didático e das provas do ENEM, verificou-se que as três estão em acordo quanto aos
conteúdos orientados e requeridos, o fato do livro didático ser atual e estar em consonância
com a BNCC é de grande valia, pois já mostra que já se tem a preocupação em levar o aluno a
ser crítico e reflexivo preparando-o então para o ENEM que possui uma prova contextualizada.

Palavras-chave: ENEM, BNCC, Livro didático

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CARA-DE-BRONZE: HOMEM MORGADO DA MORTE

Rosalina Albuquerque Henrique (Semec-Belém)

Resumo: Nesta apresentação de trabalho, pretende-se demonstrar de que forma a doença e a


velhice impõem-se como momentos de reflexão existencial para o personagem homônimo do
conto “Cara-de-Bronze”, de Corpo de baile (1956). A dolorida exposição das feridas no corpo
faz o velho Cara-de-Bronze repensar seu autoritarismo ao se desfazer de fantasias que
retardavam a ideia de seu fim, de sua morte, pois, acalentava uma crença particular da
imortalidade, embora soubesse da fragilidade dessa crença e não tivesse mais elixir. O
personagem ao pensar na própria finitude e solidão abre caminhos para seu coração estalar
para o sentido poético da existência que lhe faltava, uma riqueza não conquistada, a
subjetividade. Então, na sua última velhice, decide fazer um torneio entre os seus quarenta
vaqueiros, saindo vitorioso Grivo por apresentar mais potencial poético para a brotação de
estórias, que viaja afora de Urubùquaquá atrás de notícias do antigo amor do velho patrão,
além de lhe trazer a demanda da palavra. Por meio desse vaqueiro-poeta, novamente, o velho
patriarca sentiu-se tocado pela poesia das descrições da natureza; assim, com ajuda do rapaz
das palavras, ele saiu do vazio existencial que se instalara em seu coração, com a sensação de
rejuvenescimento perante a beleza dos relatos de Grivo. Segisberto Saturnino Jéia Velho, Filho
(Cara-de-Bronze) pôde, então, beber auroras pelos lábios do jovem vaqueiro e este bebeu os
outonos do velho fazendeiro. Um influenciando o outro, de tal maneira que a morte de quem
narra sela suas histórias (nascimento, vida, morte etc.) com o selo do perdurável de quem fica
a transmiti-las, com as suas impressões pessoais agora. A própria narrativa se duplica e se
transforma, reforçando a continuação infinitamente repetida da pergunta sobre quem criou
primeiro a estória e qual foi a inspiração que lhe serviu de base para ser contada. Significa não
haver uma narrativa simplesmente, as narrativas brotam em torno da figura do personagem
Cara-de-Bronze e de sua encomenda ao Grivo. Elas são como o mato, no qual só se pode ir
até o meio. Dessa forma, Cara-de-Bronze não queria absolvição dos seus feitos antes e depois
da velhice, porém, ansiava por “um raminho com orvalhos” (ROSA, 1956, v.2, p. 620),
aguardava ser rebatizado porque agora compreendia que a liberdade da criatura acontece
dentro de um circuito limitado, havendo, de um lado, as exigências da lei natural, irrefutáveis
mesmo diante dos desarranjos na ordem do mundo, e, de outro lado, acha-se emparedada
pelas consequências do seu próprio passado, que ecoam através dos tempos. Por fim, os
estudos de Byung-Chul Han (2020), Ecléa Bosi (1994), Norbert Elias (2001), Philippe Ariès
(2014) e Simone de Beauvoir (2018) constituem a fundamentação teórica para a construção
deste trabalho, os quais tratam das temáticas da velhice e morte; além das referências da crítica
literária rosiana, como as de Benedito Nunes (2009), Edna Nascimento e Maria Leonel (2020),
Marli Fantini (2008) e Rui Mourão (1991), que se somam a esta presente proposta.

Palavras-chave: Corpo de baile; Cara-de-Bronze; velhice; morte.

A MORENINHA: UMA ANÁLISE SOBRE A IDEALIZAÇÃO DA MULHER PARA A BURGUESIA

Ana Beatriz Magalhães da Conceição (UFMA)

Resumo: Este artigo pretende analisar a ocorrência da idealização da mulher para a burguesia,
tendo como objeto de análise a obra A moreninha. Visto que o romance escrito por Joaquim
Manuel de Macedo, perpassa no ano de 1844, a época é marcada pela burguesia carioca que
tinha como características de uma mulher ideal: a beleza física, jovialidade, fertilidade, status
social, e capacidade para ser "A rainha do lar". Este artigo tem por objetivo identificar as marcas
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desse ideal, por meio de indícios na obra. Assim, propomos analisá-la sob o viés da crítica
sociológica. A pergunta que move a análise é: como pode ser observado na obra A moreninha
um modelo ideal de mulher inserida na classe burguesa? Justificando-se nas contribuições de
uma análise sob o viés sociológico para expor uma visão de sociedade numa determinada
época, com determinados costumes, valores e ideias, além da figura feminina na literatura. No
que diz respeito à metodologia, será de cunho qualitativo e interpretativo numa pesquisa
bibliográfica, através de exposições de alguns trechos da obra. Para isso, mobilizamos as
considerações de Literatura na Crítica Sociológica por Silva (2009) e Literatura e Sociedade
por Candido (2006). Além disso, a figura feminina será referenciada em História das Mulheres
no Brasil, D`Incao (2004), entre outros. Por fim, os resultados mostraram nos trechos da obra
que o contexto e as relações sociais no modelo de organização burguês a figura feminina
idealizada ao romântico, à delicadeza, ao ambiente doméstico e à família; fruto das ideologias
da época.

Palavras-chave: Idealização da mulher, A moreninha.

A FIGURA FEMININA NO FESTIVAL DAS PATROAS: UMA ANÁLISE FRASEOLÓGICA E


SEMÂNTICA NAS CANÇÕES DO FEMINEJO

Pâmela dos Santos Fuzaro (UFMS)

Resumo: Neste artigo, será apresentada uma análise sobre a imagem da figura feminina no
subgênero musical conhecido como feminejo, ou mais precisamente, no projeto Festival das
Patroas. O feminejo é o termo que se usa para denominar as músicas sertanejas, cantadas por
mulheres, cujo tema principal das letras é o empoderamento feminino (PERES E SILVA; 2019).
O projeto Festival das Patroas, criado por Marília Mendonça e as gêmeas, Maiara e Maraísa,
está alicerçado nesse estilo musical. Salienta-se que a base teórica foi fundamentada na
classificação e nas definições do fraseologismo de Corpas Pastor (1996). Deste modo, esta
pesquisa tem como objetivo geral identificar, por meio de uma análise semântica e contextual
de fraseologismos, a representação do feminino, evidenciada em dois campos de sentido: o
empoderamento feminino e a dependência da mulher à figura masculina. Os fraseologismos
escolhidos para o desenvolvimento da análise foram as locuções nominais, adjetivais e verbais.
As músicas analisadas fazem parte dos álbuns de 2020 e 2021 das cantoras em questão.
Sendo assim, foram analisadas quatorze canções, dentre as vinte e oito presentes nos dois
álbuns. Destaca-se que privilegiaram-se somente as canções cantadas e compostas por pelo
menos uma integrante do trio. Dito isso, evidencia-se que esta pesquisa torna-se importante,
uma vez que assegura o desenvolvimento científico em torno das questões relacionadas ao
feminino, contribuindo assim para a igualdade e equidade de gênero. Tendo essas
considerações em vista, concluiu-se, através dos resultados finais, que apesar do projeto ter
como base o empoderamento das mulheres, as locuções encontradas foram majoritariamente
pertencentes ao campo de sentido da dependência à figura masculina. Logo, entende-se que
os discursos machistas ainda são repercutidos socialmente, ou seja, por estarem enraizados, é
comum que as pessoas usem sem se darem conta, por isso a importância de se falar e de
mostrar essas questões em músicas, filmes, propagandas, entre outros meios de
entretenimento.

Palavras-chave: Fraseologia, Locuções, Feminejo, Empoderamento

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AQUISIÇÃO DO VOCABULÁRIO EM SALA DE AULA POR INTERMEDIO DA LEITURA

Andréia Ferreira Cabral Santos (UEMASUL)


Francisca Maria de Araújo Sousa Oliveira (UEMASUL)

Resumo: A presente pesquisa é resultado de uma proposta de aula sobre aquisição do


vocabulário e tem como aporte teórico a Lexicologia. Busca-se apresentar estratégias
pedagógicas para o estudo do léxico na sala de aula, sobretudo a aquisição do vocabulário em
Língua Portuguesa voltado a alunos do Ensino Fundamental II. Trabalhar com léxico em sala
de aula é, pois, trabalhar com textos reais, produtos de relação interlocutiva entre sujeitos
sociais. Pensando nisso, a estruturação do plano de ensino tomou como base o hino nacional
brasileiro para a discussão do tema, e através da leitura do texto e pesquisa no dicionário, os
assuntos propostos foram: procurar o significado das palavras desconhecidas no dicionário;
reconhecimento de novos significados para as palavras do hino, usando esses novos
significados em outros textos, ampliando assim o vocabulário e criando condições para que o
aluno desenvolva sua capacidade de perceber a relação entre o elemento textual e a
intencionalidade do autor. O sentido de uma palavra não é apenas o resultado de seu uso no
contexto já produzido, não é apenas o resultado da situação específica em análise. É necessário,
portanto, trabalhar com os alunos o conceito de intertextualidade, mostrando que as palavras
utilizadas em um determinado texto podem reforçar, acrescentar ou introduzir novos sentidos
aos significantes já utilizados em outros textos. Entendemos que o uso do dicionário e o estudo
do léxico em sala de aula são importantes instrumentos para auxiliar a compreensão dos
significados das palavras, os dois são essenciais para compreensão da língua. O estudo do
léxico colabora muito para ampliar as possibilidades de comunicação de qualquer indivíduo,
desde que esse trabalho seja feito de maneira adequada. Serviram de base para o
desenvolvimento da pesquisa as premissas Antunes (2012) Kleiman (2013) Guerra; Andrade
(2012) entre outros. Todos relevantes para o estudo das unidades lexicais e de uma análise
mais crítica ao estudo da lexicologia.

Palavras-chave: Léxico, lexicologia e aquisição do vocabulário.

MEMÓRIA, HISTÓRIA, TRAUMA, ESQUECIMENTO E SILÊNCIO RELATADOS POR "MORTOS


SOBREVIVENTES", EM PEDRO PÁRAMO DE JUAN RULFO

Raianny Oliveira Da Silva (UEMA)

Resumo: Pedro Páramo (2020), romance de Juan Rulfo, originalmente lançado em 1955, tem
o seu enredo estruturado a partir da combinação de dois elementos, o realismo fantástico e o
regionalismo. Fora o livro de contos intitulado Chão em Chamas (1953), este é o único romance
publicado por Juan Rulfo, em que a história é narrada por meio da associação do relato e da
lembrança, artifícios que o escritor mexicano se apropria para compor a sua obra. Os fios
narrativos que desenlaçam a estrutura e as diferentes camadas do enredo de Pedro Páramo
são apresentados a partir de uma linha temporal inexata (não linear), e não tem apenas um
narrador protagonista. Narra-se em primeira, segunda e terceira pessoa. Dessa forma, os
acontecimentos são relatados conforme as memórias de personagens distintos. A escrita da
ficção rulfiana é como um verdadeiro quebra-cabeças, um labirinto ou uma colcha de retalhos
perfeitamente costurada e tecida. Por esse aspecto, os diálogos e os flashes de lembranças
são entrecortados, a narração e o espaço-tempo são infixos. Temos, em átimos de segundos,
diferentes acontecimentos do passado e do presente que se mesclam e se complementam,
sendo quase impossível discernir o ontem e o agora. Sob recordações e diferentes vozes
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narrativas sinestésicas e antitéticas, individual e coletiva, que se coadunam para formar o
mosaico do sertão de Comala, pano de fundo da ação narrativa. Assim, o leitor, de página a
página, é levado através das lembranças e dos relatos dos “mortos sobreviventes”, e por meio
de uma linguagem simples, regionalista e ao mesmo tempo poética, a compreender a opressão,
a vida, a morte, os traumas, a agonia, o silêncio, o brado, o esquecimento e a culpa de um
povo marcado, tragicamente, pela figura do fazendeiro, algoz e facínora, Pedro Páramo. Diante
do exposto, este trabalho objetiva discutir questões como memória, trauma, história,
esquecimento e silêncio que são relatados por “mortos sobreviventes” na respectiva obra,
utilizando como base teórica estudos de autores como: Ricoeur (2007); Halbwachs (1963);
Pollak, (1989).

Palavras-chave: Pedro Páramo. Memória. Trauma. Silêncio.

UM ESTUDO SOBRE O SUÍCIDIO NO CONTO UMA BRANCA SOMBRA PÁLIDA, DE LYGIA


FAGUNDES TELLES

Radiley Suelma Silva De Oliveira (UFMA)


Francisca Joziane de Matos Silva (UFMA)

Resumo: O presente trabalho tem por proposta norteadora realizar um estudo e análise acerca
da temática do suicídio presente no conto Uma branca sombra pálida, de Lygia Fagundes
Telles. No conto em destaque, tem-se a história trágica de Gina, uma jovem estudante que,
aparentemente, mantinha uma relação homoafetiva com sua amiga, Oriana. A mãe de Gina
descobre o relacionamento das duas e exige que a filha faça uma escolha entre ela, a mãe, e
Oriana, a amiga. A jovem se recusa a fazer uma escolha e como resposta tira sua própria vida
logo após ser confrontada pela mãe. O suicídio de Gina engloba uma gama de
desdobramentos, cujo contornos são vagos e indefinidos, tendo em vista que a narrativa é
contada somente na perspectiva de sua mãe. Dito isso, para respondermos ao questionamento
proposital traçado no inicio, a pesquisa tem por objetivo geral, a priori, pretender-se sintetizar
questões a cerca da morte por suicídio nas sociedades ocidentais; especificadamente, discutir
como diversos autores buscam compreender o ato de tirar a própria vida; analisar o suicídio
no conto Uma branca sombra pálida afim de ver, por meio da representação deste, a dor do
luto, a melancolia e o desespero tanto para Gina, que se suicidou, como também para os
amigos e familiares que tiveram que aprender a lidar com sua precoce partida; e, por fim,
demonstrar as simbologias referente ao ideário de morte perceptivéis no conto que
entrelaçadas do começo ao fim da narrativa podem levar o leitor a fazer diversas interpretações.
Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfica, utilizando-se como
corpus o conto supracitado acima. O alicerce teórico está embasado nos trabalhos de Durkheim
(2000), Camus (2010), dentre outros autores que possam dialogar com os debates levantados.
Por fim, concluímos que a narrativa de Uma branca sombra pálida aborda a temática do suicídio
e do luto de forma impactante, pois desnuda a tragicidade do ato de tirar a própria vida, além
de dar ao leitor uma dimensão da complexidade que está por trás de um caso de suicídio,
tanto no que diz respeito às possíveis motivações, como também acerca do processo
traumático do luto daqueles que ficaram.

Palavras-chave: suicídio, morte, lesboafetividade;

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UMA ANÁLISE DA ANTOLOGIA "NO ENTANTO: DISSONÂNCIAS", DE FRED CAJU

Vicente Vinícius Gonçalves Lira (UFMA)


Andréia Pereira de Sousa (UFMA)

Resumo: O presente trabalho busca apresentar uma análise dos poemas que compõem a obra
No Entanto, Dissonâncias (2019), de Fred Caju. A coletânea de escritores apresenta uma
abordagem poética para retratar a realidade brasileira durante as eleições de 2018, utilizando
a literatura como forma de expressão. O objetivo do livro é destacar, de maneira contundente,
um contexto político com características tipicamente fascistas. Além disso, também será
apresentado referências com base na visão de Marcos Siscar, autor do ensaio “Democracia e
vida comum” (2016) e Marilena Chauí, autora do livro Cultura e Democracia (1989). Os autores
problematizam temas totalmente relacionados com a obra organizada por Fred Caju. E citando
a fala de Fred, “...se há um ataque à democracia, há dissonâncias.

Palavras-chave: Palavras-chave: Democracia; Dissonâncias; Política.

MEMÓRIA E TESTEMUNHO EM MULHERES EMPILHADAS

Gabriela Pirotti Pereira (UFRGS)

Resumo: O presente artigo busca analisar as dimensões de memória e trauma no romance


"Mulheres Empilhadas" de Patrícia Melo. O trabalho discute como "Mulheres Empilhadas"
realiza um percurso de retomada de memórias para concluir uma jornada pessoal de sua
narradora, enquanto também trabalha traumas coletivos relacionados ao feminicídio, violência
sexual e micro agressões contra mulheres e povos indígenas. A metodologia consiste em
revisão bibliográfica acerca do romance, bem como de teorias de Susan J. Brison (1999), Stef
Craps (2013) e Márcio Seligmann (2008) sobre memória e testemunho, e análise crítica da
obra literária. O trabalho é dividido em duas sessões: a primeira é centrada na esfera individual
do trauma, buscando compreender como a narrativa apresenta a memória como percurso para
o testemunho. A segunda sessão foca na dimensão coletiva do trauma, nas origens sociais da
violência contra a mulher. O romance analisado apresenta uma narradora cujo nome nunca é
revelado; a partir de uma agressão de seu namorado, a narradora é forçada a confrontar um
evento traumático de seu passado: presenciar o assassinato da mãe. Ao início do romance, a
narradora deixa explícito que o assassinato de sua mãe não foi incorporado às suas memórias;
apesar de estar presente na casa quando seu pai matou sua mãe, a narradora não é ainda
capaz de testemunhar o ocorrido de forma que este assassinato toma conta de sua existência,
sendo um fato impronunciável. Ela embarca em uma viagem para o Acre, onde conhece outras
mulheres e participa de rituais que a permitem organizar os eventos de seu passado em forma
de narrativa. O romance também aborda a dimensão social de memória coletiva do trauma a
partir da investigação e documentação do assassinato de uma jovem indígena, Txupira. A
narrativa demonstra que o assassinato é motivado por séculos de violência e descaso conta os
povos originários brasileiros, acenando à desigualdade e injustiça que permeiam a memória
do país. Assim, o tema da colonização é constantemente trazido à tona em "Mulheres
Empilhadas", destacando como a memória documentada é seletiva e que com frequência opta
por esquecer ou apagar determinados eventos. A partir desta análise, considera-se que o
romance apresenta a memória como percurso para o testemunho, gerando uma possibilidade
de agência da narradora; da mesma forma, a documentação dos crimes de feminicídio oferecem
a possibilidade de narrar o trauma coletivo.

Palavras-chave: Literatura brasileira, memória, Patrícia Melo.


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O GÊNERO MULTIMODAL NA ESCOLA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA UMA PRÁTICA DE
LEITURA INTERDISCIPLINAR NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Maria Goreth De Sousa Varao (UFPI)

Resumo: Este artigo, situado no campo da Linguística Textual, apresenta uma reflexão sobre o
uso do gênero multimodal na escola, especificamente em uma prática de leitura funcional. O
estudo objetiva identificar possibilidades e desafios de se trabalhar essa modalidade de leitura
com gêneros narrativos de múltiplas linguagens, na estrutura de sequências didáticas, pelo
viés interdisciplinar. A proposta pretende responder se a prática de leitura nessa perspectiva
atende às diretrizes da BNCC (BRASIL, 2018) com vistas ao desenvolvimento das habilidades
de leitura direcionadas para os últimos anos do Ensino Fundamental. No cenário social em que
vivemos, percebe-se, cada vez mais, o uso de textos do suporte midiático e/ou digital em
práticas sociais e, por conta dessa representação, emerge uma necessidade de que a escola
ofereça um ensino de leitura diferenciado para desenvolver habilidades de buscar, analisar,
compreender e organizar as informações complexas do mundo contemporâneo veiculadas por
textos multimodais, considerando que a responsabilidade da leitura é da escola em geral e não
somente do professor de Português. Este estudo traz uma reflexão acerca de práticas
educacionais com textos audiovisuais no âmbito da leitura e da BNCC de Língua Portuguesa,
com base nos aportes teóricos da teoria bakhtiniana de gêneros discursivos e/ou textuais
(BAKHTIN, 2003); gêneros textuais (MARCUSCHI, 2008; DIAS, 2009); gênero multimodal
(RIBEIRO, 2016), valor social da leitura (KLEIMAN; MORAES, 2006), entre outros. A análise dos
aportes teóricos em diálogo com o gênero em tela evidencia que essa modalidade de leitura
pode ser atrativa para os alunos, otimizar as aulas, além de atender às diretrizes da BNCC no
que se refere ao ensino de leitura com o acréscimo das ferramentas tecnológicas. Este trabalho
expõem um direcionamento atual sobre a inclusão de gêneros do suporte midiático/digital que
se configuram em múltiplas linguagens como a verbal, não verbal, cor, som, entre outras, e
agrega informações de diferentes disciplinas curriculares na formação leitora.

Palavras-chave: leitura, gênero multimodal, ensino

OS CORPOS DA DIFERENÇA CULTURAL

Walquíria Almeida Andrade (UNIFESSPA)

Resumo: O presente artigo de caráter bibliográfico pretende apontar considerações acerca do


lugar que os corpos da diferença cultural (mulheres, negros, crianças, indígenas, quilombolas
migrantes, imigrantes, refugiados e os LGBTQIA+), ocupam no discurso literário oficial da
América Latina. Para tanto, propõe-se discutir a dicotomia dos pensamentos moderno e pós-
moderno, colonial, pós-colonial e decolonial, a partir da compreensão de descolonização de
saberes, de hegemonias, e sobretudo do próprio ser, não no sentido de rejeitar a história, mas
de ressignificá-la em um processo de despir-se de hegemonias, problematizar, repensar
epistemes, desconstruir e construir novos saberes. Será abordado ainda a dualidade entre
diferença cultural e identidade cultural, entendendo ambas como um processo relacional e
indissociável. Assim também será abordado acerca do discurso e dos sistemas de
representações, com o entendimento de que ambos foram alicerçados por estruturas de
poderes, que ditam quem é ou não incluído na sociedade. Walter Mignolo, Homi K. Bhabha,
Stuart Hall, Gayatri C. Spivak, Bell Hooks e Grada Kilomba, fundamentam as discussões, assim
como outros teóricos latino-americanos e de nacionalidades distintas, que contribuem com a
compreensão de que os corpos da diferença cultural nunca tiveram voz, vez e lugar na literatura
latino-americana, e que a literatura sempre foi espaço do homem branco e hetero. Carolina
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Maria de Jesus e Conceição Evaristo aparecem para consolidar que os corpos da diferença
cultural, no caso as mulheres pretas, são dotados de saberes, que por meio da literatura
exercem um papel que além de denunciador, é descolonizador dentro do arcabouço de
determinações imposta pelo discurso colonizador, e que uma vez colocados para fora, quer
seja por meio de narrativas, escrevivências, memórias, testemunhos, cantorias, imagens, cultos,
crenças, rostos, corpos e tantas outras possibilidades, problematizam a história oficial. E isso
implica desvelar discursos de verdades absolutas, de poder e rompimento com hegemonias
(sociedade, igreja, família) que sempre ditaram regras, ordens, lugares e posições.

Palavras-chave: Literatura; Resistência; Descolonização.

AMOR, VINGANÇA E ABUSO SEXUAL INFANTIL: A METÁFORA ANIMAL E ANIMALIZAÇÃO EM


TRÊS PORCOS DE MARCELO LABES E EM O CADERNO ROSA DE LORI LAMBY DE HILDA HILST

Marcelo Luiz Santos Moreno (UFMA)

Resumo: Este estudo observa e analisa a metáfora animal e a animalização das personagens
recorrentes em duas obras da literatura brasileira contemporânea: O caderno rosa de Lori
Lamby (1992), de Hilda Hilst e Três porcos (2020), de Marcelo Labes. Tendo como objetivo
evidenciar o pressuposto do recurso de escrita feito pelos autores de forma inconsciente ao
atribuir características e ações de animais aos personagens de suas narrativas. Através dessa
suposição foi possível ver que as duas obras se complementam ao alegorizar os personagens
em contexto de abuso sexual infantil com essas características irracionais ao transgredir os
interditos, imposições sociais que impedem certas condutas, na pesquisa, de personagem que
abusam sexualmente de crianças. Através da leitura das duas obras, foram levantados
fragmentos que atestassem essas similaridades e divergências acerca da metáfora animal e
animalização do homem. Para isso, a pesquisa se valeu de teorias da literatura comparada de
Coutinho e Carvalhal (1994), Carvalhal (2006) e Perrone-Moises (1990); nos estudos de
erotismo e sexualidade, Foucault (1988), Bataille (1987), Beauvoir (1967), etc.; o aparato
bibliográfico sobre metáfora animal e animalização, com contribuições de Ferreira (2005) e
Durand (2002) e a os preceitos sociais voltados para criança em Moraes (2017), Corsaro
(2002) e Qvontrup (2011).

Palavras-chave: metáfora animal, abuso sexual, L. Brasileira.

MARIA ARAGÃO E JEAN JAURÉS: O(S) CORPO(S) EM PRAÇA PÚBLICA

Maria Clara Cunha Paixão Gomes (UFMA

Resumo: Este trabalho, situado na Análise de Discurso Materialista, busca analisar, historicizar
e problematizar a(s) representação(ões) de figuras políticas, que foram homenageadas em
espaços aberto ao público, utilizando como recorte inicial a praça memorial Maria Aragão em
comparação com a Praça Jean Jaurés, situada na cidade de Montpellier, França. O Memorial
Maria Aragão é um projeto de uma praça pública, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer,
datado de 1998, localizado em São Luís, capital do Maranhão. A praça Jean Jaurés, é um
espaço em Montpellier, em homenagem ao político socialista francês que apoiava a luta de
classes. Ambos os espaços foram construídos para a homenagem de figuras políticas para as
suas regiões, mas que possuem configurações de organização diferentes. Enquanto Maria
Aragão tem um espaço aberto sem uma personalização da homenageada que esteja livre e
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acessível, a praça Jean Jaurés apresenta uma estátua completa do político em meio a todos os
passantes cotidianos do local, que, ainda em 2022 recebe flores em sua homenagem.
Questionamos assim quais os corpos que podem estar presente em praça pública, bem como
seus sentidos evidentes e processos de identificação, com o espaço de memória tomando como
referência Teixeira (2017) e Venturini (2008). O corpus se constitui em torno dos sentidos que
são projetados, silenciados e apagados, utilizando do espaço como materialidade a partir de
registros imagéticos, bem como notícias sobre os mesmos, como sua inauguração, e sua
significação como um todo, bem como fotos do arquivo do autor de ambas as praças relatadas.
Buscamos analisar discursos que identificam a função do espaço através de suas titularidades
e o seu papel arquitetônico segundo os ideais que se projetam ali. Fundamentamo-nos em
França (2016) e Robin (2016) para pensar a memória, bem como Venturini (2008) para
analisar o museu e/ou o memorial como espaço de memória (não) coletiva.

Palavras-chave: Memória. Discurso. Espaço. Corpo.

DESCONSTRUINDO FRONTEIRAS: AS COMPLEXIDADES DO PODER E DA CULTURA NO CONTO


"LUZ", DE LESLEY NNEKA ARIMAH

Lays Christine Santos De Andrade (UESPI)

Resumo: Considerando a relação entre colonizado e colonizador, os estudos pós-coloniais


questionam as relações de poder e controle, ao mesmo tempo que pretendem romper com a
visão eurocêntrica ocidental dos estudos literários, discutindo a existência de diferentes
versões de uma mesma história. Nesse sentido, a escritora nigeriana e diaspórica Lesley Nneka
Arimah, ganhadora do prêmio Kirkus Prize, escreve o conto “Luz”, em que narra as mudanças
e os desafios que Enebeli vive, morando com sua filha, na Nigéria após a ida de sua esposa
para os Estados Unidos. Partindo da perspectiva pós-colonial em diálogo com orientações pós-
estruturalistas, este artigo busca investigar como Lesley Nneka Arimah recorre às tensões
vividas por uma família nigeriana em seu conto “Luz” para discutir os problemas políticos e
culturais presentes tanto no contexto nigeriano quanto em um contexto diaspórico, vivido por
uma mulher nigeriana que vai morar nos Estados Unidos para continuar sua formação
acadêmica. Realizando uma pesquisa do tipo bibliográfica com abordagem qualitativa de cunho
exploratório, debruçamo-nos nos pressupostos teóricos de Homi Bhabha (2010) e Edward Said
(2006) para discutir as questões pós-coloniais; Thomas Bonnici (2009) e Michel Foucault
(2009) para tratar das questões pós-estruturalista e de poder. A partir de conceitos como
orientalismo, diáspora e estranhamento [unhomeliness], o conto “Luz”, de Arimah, não só
questiona as relações de poder e controle, mas também discute os sentidos do pós-
colonialismo, por meio da construção de personagens ex-cêntricos (HUTCHEON, 1991) em um
texto fragmentado que intercala tempo e espaço e repetições que alertam para questões
sociais. Em síntese, a autora tece comentários sobre problemas de identidade, de gênero e de
nacionalidade, temas caros aos estudos pós-coloniais por questionar uma matriz de
dominação, em viés pós-colonial e pós-estruturalista por meio do confronto de diferentes vozes
em sua narrativa, proporcionando diferentes formas de se perceber os atores envolvidos na
trama, assim como embates culturais para pensar em rompimento de fronteiras tanto
territoriais quanto culturais.

Palavras-chave: Pós-colonial, Orientalismo, "Luz", Nigéria

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DESEJO E LIBERDADE: A RECONFIGURAÇÃO DA VAMPIRA A PARTIR DA RELAÇÃO ENTRE
MARCELINE, DA ANIMAÇÃO HORA DE AVENTURA, E CARMILLA, DE LE FANU

Giovanna Suleiman das Dores (Universidade Presbiteriana Mackenzie)


Fernanda da Cunha Correia (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Resumo: Este trabalho visa refletir a respeito da construção do arquétipo do vampiro feminino,
a partir da construção da personagem Marceline, a Rainha Vampira do desenho animado
contemporâneo Hora de Aventura (2010). O trabalho foi desenvolvido com o intuito de
discorrer sobre a construção do arquétipo da personagem insólita do vampiro, da vampiro
feminina e quais são as reconfigurações que a personagem analisada sofre dentro de sua
construção, quais seriam as motivações por trás destas e qual seria sua relação uma das
primeiras personagens de vampiro feminina, Carmilla (1872), de Le Fanu, que também tem um
relacionamento homoafetivo. A pesquisa caminha sob o ponto de vista do fantástico e do
insólito do filósofo e linguista búlgaro, Tzvetan Todorov (2010), e do escritor e crítico literário
espanhol, David Roas (2013); da construção da personagem da ensaísta, linguista e crítica
literária brasileira, Beth Brait (2017) e da história e arquétipos dos vampiros do filólogo e
medievalista francês, Claude Lecouteux (2005). Ademais, a pesquisa caminha sob o ponto de
vista dos arquétipos do psicanalísta Carl Gustav Jung (1959) e sob o ponto de vista de
Shahrukh Husain (2019) sobre o lugar da mulher na sociedade. A pesquisa conta com uma
exploração da construção da personagem insólita através da análise centrada em Marceline,
do desenho animado Hora de Aventura, a partir de uma comparação com a personagem
literária Carmilla, de sua obra homóloga. Para além de uma análise comparativa da construção
das personagens, nosso trabalho também visa propor uma análise comparativa entre seus
relacionamentos homoafetivos e suas dinâmicas. Iremos considerar o arquétipo reconstruído
da vampira, levando em consideração a época e público que cada um dos meios artísticos das
personagens foram projetados. Em face desse contexto, indagamos: Qual o arquétipo do
vampiro feminino construído no desenho animado? Quais são suas relações com a vampira
Carmilla? Quais podem ser as motivações para as reformulações dos arquétipos vampirescos
presentes no desenho animado?

Palavras-chave: Personagem feminina; Insólito; Vampiros.

LITERATURA INDÍGENA E CORPOREIDADE: GÊNERO, SEXUALIDADE E EMPODERAMENTO


CULTURAL

Rosivânia dos Santos (UFS)


Margarida Maria Araújo Bispo (UFBA)

Resumo: A presente pesquisa se propõe a analisar a relação existente entre a produção literária
e a visibilidade dos corpos dissidentes indígenas na obra teatral Tybyra: uma tragédia indígena
brasileira (2020) de Juão Nyn, refletindo de que maneira a “invasão” da corporeidade, até
então subjugada, pode contribuir para o respeito a essas vozes sufocadas por séculos de
colonização. A investigação tem por objetivo também averiguar como os corpos indígenas
estigmatizados se apropriam da literatura para criar espaços sociais de resistência às diversas
formas de preconceito, discriminação e violência. A opção pelo texto teatral de Juão Nyn se
deu por perceber que se ocupa de uma escrita decolonial, que pode ser trabalhada no Ensino
Médio para abordar a homofobia como processo de exclusão e silenciamento dos LGBTQIA+
(ou TLBG como é grafado pelo autor) ao longo dos séculos no Brasil, bem como a concepção
de corpo gênero e sexualidade no processo de inclusão e respeito para os homossexuais e
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transexuais que fazem parte do Ensino Médio. Outro aspecto relevante que nos fez optar pela
escolha desse texto, diz respeito a abordagem da homofobia como uma questão que permeia,
ainda hoje, a sociedade brasileira, devendo ser combatida principalmente na sala de aula.
Acerca da metodologia utilizada foi adotada a leitura investigativa e analítica de textos literários
e teóricos. Para tratar da literatura indígena o trabalho fundamenta-se em estudos de Janice
Thiel (2012) e Rita Olivier-Godet (2013); nas questões de gênero e sexualidade o artigo terá
como aportes teóricos Foucault (2018), ao abordar o conceito de monstro, Louro (2018), no
que se refere a concepção de excêntrico; para o ensino de literatura Cosson (2012) e Gomes
(2012). Constatou-se que a ideia de pecado não faz parte da cosmovisão dos povos
originários, ela é incorporada pelo não indígena que chega ao Brasil com concepções
arraigadas no cristianismo. Desse modo, a obra analisada além de denunciar os problemas
sociais que perduram desde a época da colonização, revisa os fatos históricos que atravessam
a nação brasileira.

Palavras-chave: Ensino de Literatura indígena, Tybyra, Juão Nyn.

"UMA PASSAGEM AO ATO" : GÊNERO E SUICÍDIO NOS CONTOS "UMA BRANCA SOMBRA
PÁLIDA", DE LYGIA FAGUNDES TELLES E "A LIBERDADE DE ESCOLHA", DE FENANDO
MONTEIRO

Raquel Aparecida Dal Cortivo (UNIR),


Pedro Manoel Monteiro (UNIR)

Resumo: “Uma branca sombra pálida” é um conhecido conto da renomada escritora brasileira
Lygia Fagundes Telles, publicado em 1995, aborda de maneira contundente os efeitos da
morte autoinfligida de uma filha para a mãe, cuja vida desenha-se, por meio das reminiscências,
num clima de amargura irreversível. Já o conto "A Liberdade de escolha", do escritor cabo-
verdiano Fernando Monteiro, publicado em 2010, é menos conhecido do público brasileiro,
mas nos permite identificar outra forma de morte voluntária perpetrada por Tonecas, um dos
protagonistas dessa trama. Nossa abordagem dos dois contos toma como método a
comparação da forma como se apresentam as questões de gênero e o suicídio enquanto
possibilidade de escolha existencial diante das limitações de vidas atravessadas por imposições
de diversas ordens. Comparamos as personagens Gina e Tonecas no momento que Freud
denomina de “um passagem ao ato”, ou seja, a manifestação de uma pulsão de morte. Além
disso, propomos a comparação dos atos propriamente ditos, considerando algumas tipologias
estabelecidas para o suicídio que, a partir do século XIX, ultrapassa os limites da filosofia e da
moral cristã, adentra outras áreas da ciência e passa a ser compreendido tanto como um
problema médico quanto como uma questão social a ser discutida. Dessa forma, fazemos a
abordagem temática, mas não apenas isso, buscaremos também descrever como o suicídio é
apresentado esteticamente e como passa a significar nos textos examinados. Por esta razão,
além das personagens que se autoaniquilam, Gina e Tonecas, a fim de compreender a
especificidade de cada conto ao representar o suicídio, examinamos outras personagens e
categorias narrativas como o narrador. Articulam-se para a leitura de ambos os textos os
pressupostos teóricos advindos dos estudos de gênero, da psicanálise, da sociologia e dos
estudos comparados, a fim de abarcar o tema do suicídio no ponto em que converge para as
prementes questões de gênero que, numa primeira hipótese de leitura estão na raiz do ato
extremo cometido pelas personagens citadas.

Palavras-chave: Lygia Fagundes Telles, Fernando Monteiro, Suicídio

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: VARIAÇÃO LEXICAL DOS SINAIS DE BEIJU E CUSCUZ NA
GRANDE ILHA DE SÃO LUÍS

Renan Pires Azevedo (UFMA)

Resumo: Partindo-se da compreensão de que as línguas são vivas e que por essa razão mesmo,
atravessam os processos de variação e mudança linguística, esta pesquisa objetiva analisar a
variação lexical para beiju e cuscuz, parte do campo semântico Alimentos, na língua de sinais
brasileira produzida em quatro cidades da chamada região metropolitana de São Luís, que
engloba a capital, de mesmo nome, além das cidades de São José de Ribamar, Raposa e Paço
do Lumiar. O aparato teórico-metodológico é o da Sociolinguística Variacionista (LABOV,
2008[1972], e, com o interesse de descrever os fatos linguísticos no espaço geográfico abaixo
demonstrado e no tempo em que ocorrem (CARDOSO, 2016) os fatos linguísticos aqui
analisados, apoia-se, também, nas orientações metodológicas da Dialetologia, além dos
estudos sobre a língua de sinais (QUADROS, 2012) e da proposta para a noção de
comunidades de prática (ECKERT, McCONNELL-GINET, 1992). Discute-se que a variedade
sociolinguística do português maranhense já vem sendo sistematicamente descrita (cf. ALVES,
2015; SANTOS, 2015; 2020; BARBOSA, 2016, entre outros), e, do ponto de vista da
dialetologia, os trabalhos desenvolvidos pelo Atlas Linguístico do Maranhão - ALiMA (cf.
RAMOS; BEZERRA; ROCHA; 2005; 2006; 2010; RAMOS et al, 2019) mostram a solidez de
pesquisas baseadas nos dados coletados para a elaboração desse Atlas, mas que o mesmo
não ocorre com a língua de sinais. Assim, este trabalho contribui para a compreensão do
sistema linguístico da Libras e do estudo da variação lexical na sinalização da comunidade
surda presente nas cidades de São Luís, São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar.
Ressalta-se que a escolha dessas cidades da região metropolitana da Ilha de São Luís,
Maranhão, se dá pelo fato de possuir muitas pessoas com deficiência auditiva (IBGE, 2010).
De cada uma das localidades foram selecionados dois informantes surdos para serem
entrevistados: um masculino e um feminino, totalizando 08 surdos entrevistados. Para cada
indivíduo surdo, informante da pesquisa, foi disponibilizado um termo de consentimento livre
e esclarecido, que foi assinado, em que permitiam a gravação e posterior análise dos sinais
produzidos, garantindo-se a preservação de sua identidade. Os resultados para a sinalização
lexical proposta é que mulheres não apresentaram diferenças significativas. Além disso,
evidencia-se o fato de que os sujeitos surdos da pesquisa, ao apresentarem variação na
realização do sinal aqui estudado, apontam para a importância de que processos de variação
precisam avançar nessa direção. O trabalho que aqui se apresenta, busca contribuir para a
ampliação desses estudos.

Palavras-chave: Beiju, Cuscuz, Variação Lexical, Libras.

DEPOIS DO FELIZES PARA SEMPRE: A REINVENÇÃO CINEMATOGRÁFICA DOS CLÁSSICOS EM


O FANTÁSTICO MISTÉRIO DE FEIURINHA

Anita Rebeca Silva Santos (UFMA)

Resumo: A intertextualidade é um dos elementos que se destacam quando pensamos no


diálogo entre literatura e cinema, em especial quando tratamos de criações e adaptações de
textos literários para as artes visuais, de acordo com Johnson (2003). É pertinente trazer essa
relação em se tratando das narrativas infantojuvenil, apontando as possibilidades de expansão
do universo da criança, onde sua mente tem contato com o real dentro do que é lúdico e estes
ganham forma, cor e vida que prende os olhos, reforçando a visão de Colomer (2017) ao
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apontar que uma das funções destas formas literárias é abrir a porta ao imaginário humano.
Trazendo o olhar para a literatura nacional, é notável a construção da obra de Pedro Bandeira,
O Fantástico Mistério de Feiurinha, propondo um enredo onde a história da protagonista é
desconhecida ao público e precisa ser redescoberta ao passo que resgata as histórias clássicas
dos contos de fadas após o felizes para sempre. No início dos anos 2000, texto foi levado às
salas de cinema brasileiras, apresentando as personagens cristalizadas pelo imaginário coletivo
representadas por artistas conhecidos aos pequenos espectadores. Leve e regada por ironias,
o texto traz as princesas clássicas grávidas, exaustas de seus problemas cotidianos e das
desventuras de suas origens, elemento transportado para o filme. O livro traz consigo o recurso
da metalinguagem ao propor um diálogo entre escritor e leitor, além de utilizar elementos
próprios de nossa brasilidade, relembrando a originalidade na narrativa; enquanto isso, o filme
aproveita dos recursos visuais ao explorar clichês dos contos de fadas, das bruxas más e
princesas ingênuas. A produção cinematográfica é uma amostra de um universo de recriações
proposto pelas grandes telas, que não apenas copiam o que já existe, mas dão luz a novas
obras que exploram não apenas o texto escrito, como também os figurinos, luzes, fotografia e
trilha sonora próprias da sétima arte.

Palavras-chave: Reinvenção, Cinema, Infantojuvenil, Contos de fada.

EDUCAÇÃO E IGUALDADE SOCIAL: PARA TER DIREITO OU POR QUE TEM DIREITO?

Eunice Cardoso Lauriano Ferreira (UFR),


Ana Rodrigues de Souza (UFR)

Resumo: O objetivo do presente trabalho consiste em lançar um olhar crítico e reflexivo sobre
concepções de educação e os discursos ideológicos que se estabelecem para reafirmar
posições sociais, políticas, econômicas e educacionais a partir de marcadores geográficos, de
classe, de raça e de gênero e como esses marcadores implicam na reprodução da desigualdade
social. Ademais, apresentamos contribuições das lutas dos movimentos sociais no combate a
essa desigualdade e, consequentemente, na conquista de seus direitos. A educação
comprometida com a formação de sujeito crítico, reflexivo, consciente, ético, político e sensível
não pode ser um espaço de propagação de conhecimentos conformistas e excludentes e nem
fazer dela um mecanismo de reprodução das desigualdades. Ao contrário, deve atuar nos
embates e nas resistências no sentido de quebrar paradigmas, modificando contextos que
tanto empurra o cidadão para essa desigualdade. Para Arroyo (2018) o reconhecimento de
uns como humanos, e a segregação de outros como in-humanos estão na raiz das
desigualdades sociais, cidadãs, raciais e étnicas em nossa história, reafirmando que a
persistência da visão colonial impregnada na educação que enxerga o outro como desigual,
tem secundarizado a sua função, a de reconhecê-lo como sujeito de saberes, valores e
consciente de que é vítima de uma sociedade segregadora que o produze como desigual a
partir de sua cor, sua origem, sua condição social. Ao invés disso, a preocupação central de
muitas ações reside em educá-lo para ser aceito como igual. Nesse sentido, condicionar a
humanidade a uma questão educacional abre um abismo profundo quando se pensa em
direitos humanos, até porque a condição de ser humano está ligada ao ato de sua existência,
logo é um direito nato que precede a qualquer outro direito. A hegemonia da produção de
conhecimento eurocêntrica tem levado os movimentos sociais a enxergarem a educação como
ponto estratégico de desconstrução dos pensamentos hegemônicos e como mecanismo de
mudanças de um quadro tão desigual em nossa sociedade. Como embasamento teórico esta
discussão se apoia em Arroyo (2018); Bernardino-Costa e Grosfoguel (2016); Hooks (2013);
Gomes (2011); Louro (1997); Soares (2000). Para tanto, utilizou-se da metodologia da
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pesquisa bibliográfica com estudos de referenciais selecionadas – artigos que discutem
concepções de educação e discursos de outrificação dos sujeitos que se estabelecem nos
currículos e práticas pedagógicas.

Palavras-chave: Educação, Discurso, Igualdade, Desigualdade.

O GÊNERO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO: UMA PROPOSTA DE ENSINO EXTENSIONISTA NA


UNITINS

Manoel Felipe Alves dos Santos (UNITINS)


Eliene Rodrigues Sousa (UNITINS)

Resumo: Este trabalho terá como objetivo analisar o gênero textual dissertativo-argumentativo,
conforme os parâmetros de avaliação do Enem e Vestibular, de modo a organizar uma proposta
de ensino extensionista para sua produção escrita e/ou domínio. Para atingir tal objetivo, será
necessário identificar as características e a organização normativa, conhecer as formas de
avaliação, competências e técnicas de escrita e descrever uma metodologia didática capaz de
ensinar a importância desse gênero textual aos alunos do último ano do ensino médio. É uma
pesquisa de natureza básica, pois segundo Gil (2017) busca a construção e discussão dos
conhecimentos teóricos a fim de preencher lacunas no âmbito acadêmico e social. Além disso,
possui abordagem qualitativa, e é definida ainda conforme Gil (2017) pela investigação dos
fenômenos sobre a temática, com extrema observância da produção científica encontrada. Para
coletar os dados serão utilizados documentos oficiais (BNCC), artigos e obras teóricas voltadas
para a prática de escrita. A produção do texto dissertativo-argumentativo é uma parte essencial
em testes e exames de admissão, sendo ensinada tanto no ensino fundamental quanto no
médio, com o objetivo de proporcionar ao aluno o aprendizado e o domínio da norma culta,
bem como prepará-lo para as avaliações de acesso à universidade. Para tanto, é essencial que
os estudantes sejam incentivados a aprender as técnicas de produção de texto e os elementos
característicos desse gênero textual. Entretanto, é crucial ressaltar que escrever um texto de
qualidade não é importante apenas como um critério de avaliativo ou porta de acesso à
universidade, mas também para o desenvolvimento crítico do aluno. Acredita-se que ao refletir
sobre temas relevantes, organizar os argumentos de maneira estruturada e buscar soluções
para os problemas apresentados, o estudante aprimora suas habilidades na produção de
textos. Por fim, a partir dos resultados da pesquisa, será criado um curso de extensão do
gênero em questão na Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), ministrado por acadêmicos
do curso de Letras para discentes do ensino médio em Araguatins/TO. O presente estudo será
embasado por Irandé Antunes (2014) quanto ao ensino da norma culta a partir de textos; o
domínio das formas da língua e as formas do discurso, isto é (o domínio dos gêneros do
discurso) na perspectiva bakhtiana. Espera-se que uma ação extensionista na área possa
fornecer o ensino e a prática dessas habilidades de forma direcionada, permitindo aos alunos
o aprimoramento e fortalecimento dessas competências. Além disso, uma proposta didática,
quando bem introduzida e aplicada, pode contribuir para uma educação mais contextualizada,
significativa e engajadora.

Palavras-chave: Gênero textual, Proposta didática, Extensão.

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UMA ANÁLISE DA DÊIXIS PRESENTE NOS DISCURSOS DE POSSE DO PRESIDENTE LUÍS INÁCIO
LULA DA SILVA

Anne Pauliny Braga Almeida (UNILAB)


Kennedy Cabral Nobre (UNILAB)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise de como a dêixis se faz presente
nos discursos de posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em seus três mandatos como
presidente. A maior parte dos trabalhos sobre dêixis utilizam como corpus textos narrativos
diversos, onde a ocorrência desse fenômeno é bastante presente, porém pouco se tem
estudado como a dêixis se comporta no gênero discurso de posse presidencial. Nesse sentido,
debruçamo-nos sobre os seis discursos de posse (levando em consideração o discurso no
Congresso Nacional e o discurso ao povo) do referido político, em suas três posses como
presidente: 2003, 2007 e 2023.Para cumprir a finalidade proposta, nosso referencial teórico
fundamenta-se nos estudos de Bühler (1934), o grande precursor da dêixis, que apresenta os
conceitos de dêixis de tempo, lugar e pessoa; e Fillmore (1984), que introduz outras duas
classificações: dêixis social e discursiva. Ademais, embasamo-nos nos estudos desenvolvidos
por Benveniste (1988) acerca da enunciação, em que postula que, no ato da enunciação, o
sujeito, instaurado como o eu, estabelece a noção do tu, em um dado espaço. Recorremos,
também, a outros estudos acerca da dêixis como Cavalcante (2000), Ciulla (2002, 2008), Leal
(2015) e Martins (2019), as quais realizaram um panorama geral da dêixis na literatura. Dessa
forma, os resultados preliminaresdo nosso trabalho, fruto de uma dissertação em estado inicial,
revelam que o presidente Luís Inácio Lula da Silva fez uso, principalmente, da dêixis de pessoa,
utilizando pronomes pessoais como “eu”, “me”, “mim”, “nós” e possessivos como “meu”,
“nosso”, tendo em vista que se trata de um discurso em primeira pessoa. Outro tipo de dêixis
que se destaca é a dêixis social, percebida através do uso, por exemplo, da escolha da
linguagem empregada nos pronunciamentos por meio dos pronomes de tratamento como
“Excelentíssimos senhores”, para se referir aos chefes de estado e de governo, e “Senhoras e
senhores”, para se reportar aos parlamentares em geral. Além dos tipos de dêixis citados,
observa-se, também, a presença abundante da dêixis de tempo e de lugar, porém ainda não
se percebeu um padrão.

Palavras-chave: Dêixis, Referenciação, Enunciação

MEMÓRIA, TRAUMA E RESISTÊNCIA NA LITERATURA DE MULHERES NEGRAS SUL-AFRICANAS

Joana dArc Martins Pupo (UEPG)

Resumo: A literatura da África Sul é, atualmente, bastante rica, refletindo a diversidade das
línguas faladas por uma população também historicamente diversificada. Entretanto, o campo
literário sul-africano foi dominado (e ainda tem sido) pelo inglês e pelo africâner, as duas
línguas oficiais quando a literatura floresceu no país, ainda, reconhecidamente branco e
masculino. Tendo sido um país marcado pela opressão de séculos de colonização e pela tirania
de décadas do apartheid, regime de segregação racial, a literatura sul-africana é um exemplo
inequívoco de uma produção literária marcada por narrativas memorialísticas variadas que
tratam dos traumas históricos que deixaram marcas profundas na construção da nação e da
identidade dos sul-africanos, brancos e não brancos. A literatura pós-apartheid produzida pelas
escritoras negras sul-africanas também narrativizou o passado, contando as histórias que
haviam sido adiadas durante a luta mais urgente contra o regime. Na África do Sul,
especificamente, diante da urgência para se resolver as questões da opressão racista instituída,
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estrutural e oficialmente pelo apartheid, muitas mulheres negras devotaram sua luta política à
solidariedade à causa negra, minimizando a opressão patriarcal que sofriam da parte de seus
pares. Todavia, na escrita das mulheres negras, as desigualdades e violências de gênero não
deixaram de estar presentes revelando as especificidades de suas experiências passadas
traumáticas. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre de que modo memória, trauma e
história caracterizam muito da produção literária da África do Sul, discutindo brevemente a
formação tanto da literatura de resistência quanto da literatura do trauma, e demonstrando
como a literatura das mulheres negras sul-africanas também se ofereceu como importante
espaço narrativo de denúncia e contribuição para certa reconciliação com o passado na busca
pela construção de novas representações de identidades sociais e culturais, particularmente
servindo como referência para o surgimento de práticas sociais, culturais e artísticas mais
empoderadas de mulheres negras na contemporaneidade.

Palavras-chave: África do Sul, Mulheres, Memória, Resistência

CLARÃO - A POESIA CONTEMPORÂNEA DO MARANHÃO E O LETRAMENTO LÍRICO

Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva (UFMA)

Resumo: A partir do Clarão, uma série de lives com escritores contemporâneos do Maranhão,
tomamos o conceito de “letramento literário”, definido como “processo de apropriação da
literatura enquanto construção literária de sentidos” (PAULINO; COSSON, 2009, p. 67), a partir
de um letramento lírico, termo cunhado por Cristina Ramalho (2020).O que está em questão é
a apropriação da leitura e da escrita, aliadas à vivência, de forma proficiente, dos textos
poéticos. Esse tipo de letramento potencializa a capacidade criativa e o senso crítico e estético,
dotando o leitor de sensibilidade para a arte da palavra. Trata-se, não apenas de dar
visibilidade a autoria de obras cujos textos, de modo parcial ou total, são lidos pelos
participantes do projeto de Extensão Experiências Criativas, mas de oportunizar um tipo de
contato singular. Assim, conhecer os processos artísticos de um autor, sua localização na cena
artística do Maranhão são questões centrais publicizadas e que ficam registradas para livre
acesso. De certa forma, essa proximidade do autor a partir de um bate papo, diminui a distância
entre o leitor e o texto por meio de um processo empático marcado pela “ausência de
protocolos de leitura que possam franquear a efetivação de pactos entre a comunidade leitora
e o poema” (GENS, 2010, p. 6), existindo um jogo de infinitas possibilidades.

Palavras-chave: letramento lírico, poesia do Maranhão, leitor

REVISÃO INTEGRATIVA: LETRAMENTOS LEXICAIS

Samy Evelyn Barros Mota (SEMED IMPERATRIZ),


Alexandre da Silva Sousa (SEDUC-MA E UEMASUL)

Resumo: Ao se fazer uma análise nos estudos do Léxico, nota-se que não existem pesquisas
específicas na área do letramento lexical e, por esse motivo, neste trabalho aborda-se de
maneira atenciosa o processo de ensino e aprendizagem dos vocábulos enquanto essência
primordial para o ensino de língua materna. A presente Revisão Integrativa de Literatura
propõe analisar artigos científicos que dialoguem com a teoria do Léxico para a identificação
dos objetivos e a avaliação do seu alcance, considerando as práticas e/ou eventos de
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letramento. O estudo propõe trazer contribuições teóricas, assim, confirmando que léxico e
letramento podem otimizar o desenvolvimento de saberes. Para o estudo em questão,
pretende-se analisar artigos científicos que dialoguem com a teoria das ciências do Léxico para
a identificação dos objetivos e a avaliação dos seus alcances, considerando as práticas e/ou
eventos de letramento. Como suporte bibliográfico para a Revisão Integrativa de Literatuta,
faremos uso de Karnopp (2004), Maciel (2004), Guerra et. al. (2012), Sousa et. al. (2012),
Hollanda et. al. (2013), e Timbane et. al. (2019). Para as considerações sobre Léxico, apoiamo-
nos em Sapir (1969) e sobre Letramentos, em Rojo (2009). A metodologia baseia-se em revisar
trabalhos em uma perspectiva descritiva, exploratória e qualitativa, de acordo com as etapas:
a) clareza e alcance, b) relação das temáticas apontadas pelos objetivos com as práticas de
letramento, c) sujeitos da pesquisa e d) relação com o ensino e os letramentos. O gênero
escolhido para a estruturação do trabalho favorece a sistematização das discussões do tema
proposto e delimita o campo de observação de acordo com o que se pretende pesquisar.
Concluída a análise, percebeu-se que todos os artigos analisados podem contribuir
consideravelmente para o desenvolvimento de trabalhos relacionados à prática de letramentos
e abre espaço para ser revisto em trabalhos futuros. Além disso, serve como suporte para que
outros pesquisadores se interessem pela temática.

Palavras-chave: Revisão Integrativa; Léxico; Multiletramentos.

CORPOS MARCADOS PELO MEDO: UMA ANÁLISE DE "A DEVORADORA" E "PÉROLAS SOB
PÁLPEBRAS", DE JULIANA CUNHA

Julia D'Auria Antuniassi (UEL)


Cláudia Cristina Ferreira (UEL)
Resumo: Temas relacionados ao corpo têm se tornado cada vez mais relevantes no campo
literário, como podemos observar por meio do crescente interesse em pesquisas e eventos
acadêmicos sobre o assunto. Neste contexto, o corpo e a escrita se entrelaçam de maneira
intrigante e perturbadora no gênero do horror, o que pode ser evidenciado em duas narrativas
curtas que serão analisadas nesta proposta, a saber: “A devoradora” e “Pérolas sob pálpebras”,
publicadas na obra Notívagas (2022), de Juliana Cunha. Ambos os contos incitam reflexões
sobre a corporalidade e o horror, partindo de experiências reais e trazendo à tona os medos
que as mulheres enfrentam no seu cotidiano. Em “A devoradora”, somos apresentados à
Daniela, uma jovem virgem que lida com uma gravidez improvável e brutal, lutando contra o
sentimento de culpa trazido pela religião. Já em “Pérolas sob pálpebras”, a protagonista Alice
passa por um evento traumático e para se sentir mais bela novamente, recorre a meios
fantásticos e sombrios. Nesse contexto, vale destacar o papel das campanhas de financiamento
coletivo e das editoras independentes, que têm impulsionado a publicação dessas narrativas
de horror escritas por mulheres. Assim, para subsidiar a análise dos contos em questão,
utilizamos como construto teórico o que pesquisadores apregoam a respeito do horror
(CARROLL, 1999; FRANÇA, 2008; MARKENDORF; RIPOLL, 2017; NESTAREZ, 2022), uma vez
que as narrativas são permeadas por características dessa vertente literária sob a perspectiva
do corpo. Concluímos que escrever sobre o horror é um exercício de coragem, permitindo que
as mulheres se tornem protagonistas tanto como personagens quanto como autoras. Além
disso, a literatura se torna uma ferramenta necessária para a denúncia social, abordando
temáticas relacionadas à violência e às violações a que os corpos femininos são submetidos.
Os contos de Juliana Cunha analisados neste trabalho exploram os micro-terrores do dia a dia
enfrentados pelas mulheres, explorando a relação complexa com seus corpos, suas dores e
angústias.

Palavras-chave: corporalidade, horror social, narrativa contística


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PROJETO DE ENSINO ENCONTOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM TRABALHO COLETIVO COM
A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Poliana Sella ( (IFPR)


Regina Breda ( (IFPR)

Resumo: Neste artigo, compartilhamos uma experiência de ensino de língua e literatura em um


projeto de círculo de leitura. A constatação de que grande parcela dos alunos, do ensino médio,
em nosso caso, demonstra pouco interesse em leitura, particularmente a leitura literária, levou-
nos à experimentação de leituras e narrações de obras curtas em sala e à constatação da
veracidade do velho ditado: “Ninguém resiste a uma boa história”. Percebemos, a partir disso,
que a extensão e a densidade das obras interferiam negativamente na disposição dos
estudantes em lê-las. Além disso, faltava-lhes a maturidade leitora, advinda da exposição à
literatura diversificada e das experiências de leitura, a perspicácia na compreensão das
intencionalidades, figuras de linguagem e ambiguidades veladas no discurso e o
desenvolvimento do processo de reflexividade no ato de leitura, habilidades necessárias para
a leitura de quaisquer textos, escritos, orais, imagéticos ou multimodais, não apenas à leitura
literária. Com o objetivo de auxiliá-los no desenvolvimento dessas habilidades, surgiu, entre
professores de diferentes áreas (Língua Portuguesa, Filosofia, História e Direito), uma parceria
para proporcionar aos alunos a experiência de construção coletiva da compreensão textual.
Apoiados na proposta de letramento literário de Cosson e Souza (2011), elaboramos encontros
mensais de leituras de contos, chamados “EnContos”. A escolha pelos contos justificou-se pela
extensão mais curta dessas narrativas, colocando o estudante em contato com a obra em sua
integralidade, de modo a permitir que o texto falasse por si, sem intermediários (Calvino,
2007). As obras escolhidas pertencem ao cânone literário nacional e internacional, incluindo
Machado de Assis, Clarice Lispector, Edgar Alan Poe, Franz Kafka, entre outros. A partir disso,
estabeleceu-se uma mediação mais dirigida à abertura do texto a experiências estéticas, em
que os participantes puderam experienciar, a partir da leitura e análise interpretativa coletiva,
um modo privilegiado de estabelecer contato com obras literárias. Para tanto, buscou-se evitar
as formas clássicas de abordagem escolar de literatura: classificação por movimento literário,
características da obra, vida do autor, momento histórico, exceto quando, em raras
circunstâncias, algum desses conhecimentos mostrava-se relevante para a compreensão ou
interpretação do texto. A atividade de maior envolvimento com os textos evidenciou o que
Cosson (2014) aponta como um dos benefícios dos círculos de leitura: a riqueza de
interpretação por força da diversidade de pontos de vista sobre o mesmo texto. Dessa forma,
o projeto resultou em um espaço de “encont(r)o” e diálogo com mundos ficcionais, que, ao
formar uma comunidade de leitores, além de estender a presença da literatura no ambiente
escolar, proporcionou uma aprendizagem colaborativa ao ampliar o horizonte interpretativo da
leitura individual e tornou-se fonte de prazer a docentes e discentes participantes.

Palavras-chave: Literatura; Contos; Ensino; Letramento literário.

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O TEXTO E TEXTUALIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA
ESCRITA

Ana Rodrigues De Souza (UFR)


Eunice Cardoso Lauriano Ferreira (UFR)

Resumo: A presente pesquisa consiste em discutir sobre o texto e a textualidade a partir de


uma perspectiva de multissistemas linguísticos e não linguísticos e a multifuncionalidade da
linguagem, para compreender a conexão destes componentes no ensino-aprendizagem da
leitura e escrita em situações reais de interação, comunicação e construção de sentido. A língua
é compreendida em constante evolução e como um dos meios de materialização da interação,
comunicação, significação e construção de sentido, elementos estes que se configuram como
objetivo fim para a aprendizagem da língua. A língua por si só não efetiva esses elementos. É
necessário a anunciação dos signos que se concretizam através da fala para a língua ganhar
vida e assim proporcionar a interação social. E nesse ponto de articulação entre língua e fala
que o ensino-aprendizagem da leitura e da escrita se situam, em que ambas as competências
se desenvolvem simultaneamente em um movimento de síntese e de análise e em relação com
outros contextos. Nesse sentido, o texto e a textualidade, entendidos no seu sentido amplo, se
tornam lugar de encontro das relações, onde os sujeitos envolvidos em situações concretas de
interlocução assumem papéis de locutor e de ouvinte e passam a vivenciar processos
simultâneos de interação, comunicação e construção de sentido que refletem no
desenvolvimento de habilidades necessárias para apropriação da leitura e escrita. Nessa
perspectiva, essa discussão se apoia em Bakhtin (2014), Marcuschi (2008) e Soares (2022)
para, a partir de uma pesquisa bibliográfica, discutir concepção de linguagem e língua, suas
funcionalidades e o papel do texto e da textualidade na produção do conhecimento da leitura
e da escrita. Bakhtin (2014) e Marcuschi (2008) compreendem a língua como um sistema
simbólico não transparente, com autonomia relativa e determinada a partir de um conjunto de
fatores definidos pelas condições de produções discursivas, tendo o texto como base para a
manifestação de sentido em situações de interação. Soares (2022) afirma que a língua
possibilita a interação entre as pessoas no contexto social que se concretiza por meio de texto,
ou seja, quando falamos, escrevemos, ouvimos ou lemos textos. Portanto, a fala e a escrita,
embora se diferenciem na forma de seu desenvolvimento, coincidem em sua função interativa,
pois a criança adquire naturalmente a língua oral ouvindo ou falando textos em interação com
outras pessoas; da mesma forma ocorre com a aprendizagem da escrita, a criança busca sentido
em eventos de interação com texto escrito.

Palavras-chave: Texto; Textualidade; Leitura; Escrita.

O LUGAR SOCIAL DE MULHERES MOÇAMBICANAS: SUBALTERNIZAÇÃO E GÊNERO EM A


NOIVA DE KEBERA DE ALDINO MUIANGA

Janaira Caroline Da Silva Rodriges (UFPI)

Resumo: Aldino Muianga nasceu em 1º de maio de 1950, em Lourenço Marques, atual Maputo,
capital de Moçambique é escritor e médico, natural do subúrbio moçambicano. A obra A noiva
de Kebera contempla contos publicados inicialmente em 1994, sendo republicados em 2016
pela editora Kapulana. Nestes contos, percebe-se a veia crítica de Aldino, como uma voz que
emerge das margens e realiza através de sua escrita a conferência de dignidade histórica e
virtualidade poética aos recantos mais abandonados de seu lugar de origem. Este artigo tem
como objetivo analisar três contos da coletânea A noiva de Kebera, o primeiro conto que
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intitula a coletânea, Pôncio e seus amores e A festa de malembe, tendo como base de análise
central as questões de subalternização e gênero. Os contos de Aldino Muianga nos trazem
relatos da situação de marginalidade social na qual vivem as mulheres moçambicanas, embora
se passem em contextos históricos diferentes, percebe-se que todas as personagens analisadas
compartilham de uma problemática comum no que tange ao espaço e papel ocupado pela
mulher na sociedade, cuja representação se dá pelo viés da subalternização no qual estas são
colocadas em posição de submissão , desigualdade e inferioridade com relação aos homens,
nota-se a partir desse estudo que mesmo com o passar dos anos a representação da mulher
se dá de forma a reiterar sua exclusão da vida pública, política , econômica e social do país.

Palavras-chave: A noiva de Kebera; Subalternização; Gênero.

O GÊNERO DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO OBJETO DE ENSINO: PRÁTICAS DE ANÁLISE


LINGUÍSTICA NAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

Adriene Ferreira de Mello (UERJ)

Resumo: Os gêneros textuais têm sido objeto de estudo para diferentes áreas da linguística
nos últimos anos, uma ‘explosão’ teórica vista como a ‘nova moda’. Da mesma forma, desde as
postulações de Geraldi (1984), as discussões sobre Análise Linguística vêm ganhando
destaque nas pesquisas sobre o ensino da Língua Portuguesa, confundindo-se erroneamente
com um novo nome para ensino de gramática. No entanto, mesmo com tantos debates em
torno de tais conceitos e das sinalizações claras de documentos oficiais – Parâmetros
Curriculares Nacionais, Diretrizes Curriculares, Base Nacional Comum Curricular etc – para que
o texto seja o elemento articulador dos eixos de ensino da língua, há muitos entraves e
dificuldades na efetivação da proposta, principalmente no que concerne à abordagem de
tópicos gramaticais. Neste estudo, parte-se das colocações centrais de Bakthin (1997) sobre
os gêneros, a fim de direcionar a discussão na perspectiva do Grupo de Genebra e permitir
melhor compreensão da proposta das Sequências Didáticas (SD), ancorada na linha do
interacionismo sociodiscursivo, a qual possui caráter aplicativo ao ensino da língua materna e
forte diálogo com a Análise Linguística. Assim, a questão-problema que norteia o
desenvolvimento do estudo é: como os módulos das SD podem potencializar a prática de
Análise Linguística na escola, transformando o gênero efetivamente em objeto de estudo? Com
vistas a fornecer respostas à indagação, objetiva-se apresentar uma SD para o gênero
Divulgação Científica, cujos módulos engendram práticas de Análise Linguística. Para isso, em
um primeiro momento, faz-se uma explanação teórica sobre os diálogos entre os gêneros e a
prática de Análise Linguística, bem como uma elucidação da metodologia das SD, proposta
pelo Grupo de Genebra. Por fim, ilustra-se uma sugestão de SD voltada à 1ª série do Ensino
Médio, com ênfase nas atividades desenvolvidas nos Módulos. No que tange ao viés
metodológico, trata-se de uma pesquisa qualitativa – em razão da apresentação de uma
sugestão didática com possibilidade de aplicação no contexto da Educação Básica –, ancorada
em Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), Mendonça (2006), Bezerra e Reinaldo (2013) e outros
teóricos que versam sobre os conceitos-chave. Espera-se que os resultados evidenciem a
potencialidade do trabalho com SD para transformar os gêneros em verdadeiros objeto de
estudo das aulas de língua e para favorecer o desenvolvimento das práticas de Análise
Linguística.

Palavras-chave: Gêneros, Análise Linguística, Sequência Didática

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OS PROBLEMAS DO COTIDIANO DE MULHERES AFRODESCENDENTES NA OBRA PONCIÁ
VICÊNCIO

Patrícia de Sousa Silva (UFMA)

Resumo: A presente pesquisa bibliográfica inclina-se sobre a leitura e análise do romance


Ponciá Vicêncio, da escritora negra contemporânea Conceição Evaristo, para discutir a maneira
como o povo afrodescendente, e principalmente a mulher negra, tem suportado o fardo do
preconceito e da desigualdade racial ao longo dos séculos e de como essa realidade tem sido
revelada na literatura brasileira. Tem-se, pois, a finalidade de apresentar as diversas violências
sofridas cotidianamente por tais indivíduos e observar que nas linhas e entrelinhas dos textos
literários, nas composições musicais, nos discursos escritos/orais e nas produções
cinematográficas, desde as instâncias precursoras até à contemporaneidade, há um reflexo
vívido da discriminação que marca a etnia, sobretudo o gênero feminino, no processo de
construção social. Em se tratando da mulher negra então, veem-se pesar sobre os seus ombros
os "crimes horríveis" cometidos logo da sua inserção neste mundo, os quais estão ligados ao
seu sexo e à pigmentação escura da cor de sua pele, tal desobediência da natureza não deveria
ficar impune, a punição se consolidou com um processo histórico de negação dessa identidade,
que na Mulher e Negra se apresenta de forma dupla. A priori, foram selecionadas
principalmente obras de autoria feminina e negra para a construção deste trabalho, e tais
escolhas dos textos que compõem o conjunto de obras que serão usadas como base analítica
e bibliográfica justifica-se em virtude da importância imutável que essas obras tiveram e
continuam tendo para estudos históricos, sociológicos e culturais em nossa sociedade. Levando
em consideração as barreiras que a mulheres negras tiveram que enfrentar para serem ouvidas,
mesmo diante da maneira como foram tangenciadas, negadas e silenciadas, esse artigo tende
a corroborar cientificamente com o avanço do movimento de resistência à marginalidade da
mulher negra. Para realizar esta pesquisa e fundamentar as afirmações supracitadas foram
usados como principais fontes de referência os textos dos seguintes autores: Evaristo (2005);
Candido (2006), Bosi (2022), Bhabha (1998), Hooks (2018), Carneiro (2011).

Palavras-chave: Literatura Afrodescendente-Mulher-Violência.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS DESDOBRAMENTOS DA HISTÓRIA DAS IDEIAS


DISCURSIVAS A PARTIR DE MICHEL PÊCHEUX E DE ENI ORLANDI

Daniel Santos Oliveira (PPGLL / UFAL)

Resumo: Este trabalho está sendo produzido conforme os desdobramentos da pesquisa,


produção e escrita de uma Tese de Doutorado em Letras e Linguística que se fundamenta no
campo dos estudos da/sobre a Linguagem, especificamente, nos pressupostos da vertente
teórica (francesa) de análises materialistas do/sobre o funcionamento dos discursos na/pela
sociedade. O interesse, até o momento, tem sido investigar e compreender as condições
históricas, políticas e sociais em que o filósofo francês Michel Pêcheux elaborou e propôs o
conceito de discurso (objeto teórico da AD); assim como a linguista e professora Eni Orlandi
tem trabalhado o conceito de discurso (desdobrando a teoria de Michel Pêcheux) e de discurso
religioso cristão, no Brasil, desde 2009. Para isso, o embasamento teórico tem sido construído
com base nas obras de Guasso (2021a e 2021b), Orlandi (2017 e 2019) e Petri (2019). O
corpus selecionado para esta pesquisa tem sido pesquisado, por via cronológica e bibliográfica,
nos acervos de publicações dos referidos autores e constitui-se, até o momento, de recortes
de dois artigos franceses que o autor é Michel Pêcheux, (dos anos 1996 e 1999) e dois artigos
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brasileiros que a autora é Eni Orlandi (dos anos 2018 e 2019), que analisam e questionam as
condições teóricas e metodológicas da Produção do Conhecimento Discursivo a partir das
publicações do/sobre o funcionamento dos discursos, tanto de Pêcheux como de Orlandi. O
presente trabalho, em etapa inicial de pesquisa e escrita, espera que os desdobramentos
obtidos e as análises realizadas forneçam condições teóricas pertinentes à exploração e
compreensão das contribuições teóricas e metodológicas de Michel Pêcheux e de Eni Orlandi
tanto para a Análise de Discurso (AD) de base materialista, criada na França, trazida e já
disciplinarizada no Brasil, como para a História das Ideias Discursivas (HID), um espaço para
reflexões a respeito da discursividade que está em pleno desenvolvimento.

Palavras-chave: Discurso, Michel Pêcheux, Eni Orlandi

STAR WARS E A LUTA PELA LIBERDADE: COMO A FICÇÃO EXPLORA O CONCEITO DE


LIBERDADE E AUTORITARISMO NA TELA.

Mateus Ribeiro Soares (UFMA)

Resumo: Várias obras ficcionais tratam do tema há anos, mas recentemente na cultura geek é
possível explorar diversas obras que tratam e novelizam com precisão os conceitos de
liberdade e autoritarismo. Star Wars não é diferente, criado por Geoge Lucas, a trama inteira
gira em torno de um vilão poderoso que cega e ilude a todos com propostas sedutoras e em
nome do bem e da democracia, assume o poder e impõe uma ditadura sanguinária e violenta,
que domina a galáxia e impõe o seu poder. A questão é, como a liberdade morre e de que
forma os vilões conseguem impor o seu poder dentro dos parâmetros democráticos e assim
subverte-la a sua vontade e prazer. Muitos autores discutem esses conceitos, entre eles Hanah
Arendt, que em muito contribuiu com suas análises sobre o totalitarismo (1951)., bem como
Ziblatt e Levitsky (2018) , que também são importantes autores, que nos ajudam entender
como as democracias morrem. É claro que falamos da ficção, mas isso pode ser visto,
pesquisado e analisado na realidade, afinal, ficção imita a realidade. O mundo recentemente
tem experimentado experiências autoritárioa e não democráticas e cabe a arte de certo modo
demonstrar e discutir tudo isso. É por isso que este artigo buscará compreender na obra
ficcional de Star Wars os conceitos de liberdade e autoritarismo, as consequências das decisões
que levam a isso e fazer um paralelo com a realidade, vide vários regimes autoritários e
totalitários que se estabeleceram no século XX. Essa análise será feita, a partir de pesquisa
bibliografica e literária, onde se buscará ver na literatura existente, o quantitativo de
informações que forneça uma visão ampliada dos conceitos apresentados e da obra que é Star
Wars e suas implicações na atualidade na cultura infantojuvenil.

Palavras-chave: Star Was, Liberdade, Autoritarismo, Democracia.

AS VOZES DE MULHERES NEGRAS NA TENSÃO DOS SILÊNCIOS: ÁGUA DE BARRELA E


SOLITÁRIA, DE ELIANA ALVES CRUZ

Jéssica Catharine Barbosa de Cravalho (UFPI)

Resumo: Eliana Alves Cruz tem se dedicado à escrita de romances que atravessam a história
do Brasil. Água de Barrela (2016), seu primeiro livro, é uma narrativa historiográfica que traz
cerca de cem anos do passado nacional a partir da perspectiva negra, uma marca presente nos
romances seguintes, como O Crime do Cais do Valongo (2018) e Solitária (2022). Este último
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traz um enredo ambientado no Brasil contemporâneo, construído como eco das histórias
iniciadas em Água de Barrela. Tendo isso em vista, esse estudo analisa os romances Água de
Barrela e Solitária considerando três aspectos: a) a narração pelas vozes de mulheres negras
atravessando passado e presente; b) os arquivos incluídos na narrativa de Água de Barrela, os
quais delineiam a origem e o desenvolvimento familiar da escritora e, por extensão, uma
(re)leitura da história do Brasil; c) o projeto literário de Eliana Alves Cruz ao se voltar para o
presente em Solitária, no qual reverberam as vozes de mulheres negras tensionando os
silêncios em relação à escravização e ao racismo. Os procedimentos teórico-metodológicos que
balizam o diálogo entre as narrativas partem de um marco teórico do pensamento negro
decolonial e da categoria de amefricanidade,. Entre outros autores, destacam-se Conceição
Evaristo (2016), Lélia Gonzalez (2018), Cida Bento (2022), Achille Mbembe (2018), Saidiya
Hartman (2021), Grada Kilomba (2018) e Rita Segato (2021). A argumentação afirma a
construção de um projeto literário ancorado na concepção de cura ancestral e da fabulação
crítica em torno da nação (HARTMAN, 2021), em que é preciso, no trabalho com e contra o
passado, a criação de um futuro com dignidade (MBEMBE, 2018). Eliana Alves Cruz, com
poucos documentos disponíveis e sensibilidade diante dessa falta, faz a ficcionalização do
passado em um processo de transposição de arquivos para a construção de subjetividades
irrecuperáveis, mas reafirmando as suas existências.

Palavras-chave: Eliana Alves Cruz, Decolonialidade, Amefricanidade.

"EU ENTENDI A REFERÊNCIA": O PAPEL DOS MEMES HUMORÍSTICOS NAS DINÂMICAS DE


PODER NAS REDES SOCIAIS

Cleyse Guimarães Siebra (UFMA)

Resumo: No contexto das redes sociais na atualidade, os memes surgem como uma forma de
expressão comunicativa que permite revelar aspectos importantes das denúncias sociais de
maneira humorística, o que possibilita um engajamento e reprodução maiores do que se
realizados por meios tradicionais de comunicação. Este efeito é reconhecido, no meio digital
como viralizar, e acontece quando há uma disseminação rápida e espontânea dos memes.
Através da transformação de ideias e conceitos em memes, questões sociais e políticas podem
ser abordadas de forma crítica e satírica, possibilitando uma abertura para a reflexão sobre
problemas e desigualdades presentes na sociedade. Além disso, por meio da reformulação e
adaptação dos memes, as marcas conseguem criar uma identidade e uma comunicação
informal, possibilitando interações e engajamento do público. Dessa forma, neste trabalho,
considera-se como pergunta norteadora o seguinte: Como os memes são utilizados para
abordar denúncias sociais de forma humorística e quais são os efeitos dessa estratégia na
disseminação de questões críticas na sociedade contemporânea? Para que este
questionamento seja atendido, objetiva-se, portanto, investigar publicações de memes em
perfis de marcas, explorando o uso de memes como recurso de pessoalidade de marca e
identificando os temas e problemas sociais abordados a partir dessa estratégia de
comunicação; Analisar a relação dos memes com discursos dominantes e como podem
influenciar nas estruturas ideológicas e de poder na sociedade; e Avaliar o impacto dos memes
na disseminação de questões sociais, levando em conta o engajamento e o potencial dessas
mensagens em estimular reflexão crítica. Este estudo analisa o funcionamento discursivo do
material examinado com base em pesquisas anteriores realizadas por Oliveira Neta (2017) e
Zoppi-Fontana (2018). Utilizando os conceitos de reformulação e paráfrase de Fuchs (1982
apud Fávero, 2000), bem como de Charaudeau e Maingueneau (2020). Na perspectiva da
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Análise de Discurso Materialista, o estudo dos memes e seu papel com as denúncias sociais,
permite compreender como a cultura, ideologia e poder se relacionam na produção e circulação
dessas mensagens, dessa forma, a pesquisa explora também a influência das condições de
produção, de acordo com Orlandi (1999), nas formulações dos textos analisados.

Palavras-chave: Memes, Reformulação, Denúncias Sociais

A INTERSECCIONALIDADE INCORPORADA ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS: UM OLHAR SOBRE OS


SUJEITOS DO REASSENTAMENTO NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE SANEAMENTO DE
PARAUAPEBAS, NO PARÁ

Jéssica do Carmo Borges Mousinho (UNIFESSPA)

Resumo: Este trabalho propõe uma análise, sob a ótica interseccional, da atuação do Programa
de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio
Parauapebas (Prosap) para com os sujeitos envolvidos no processo de deslocamento e
reassentamento involuntário urbano. Implementado pelo município de Parauapebas, no
sudeste paraense, o Prosap recebe financiamento do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID); o programa é responsável por ter realizado o reassentamento de 250
famílias afetadas diretamente por suas obras de engenharia. A mudança das famílias para o
Residencial Vale do Sol ocorreu no período de outubro de 2020 a janeiro de 2021, em
consonância com a Política do Reassentamento Involuntário Urbano recomendada pelo BID. O
Prosap é um programa que envolve obras na macro e microdrenagem do município, com o
objetivo de conter alagamentos em áreas urbanizadas da cidade, bem como melhorar os
índices de saneamento básico que são muito baixos – Parauapebas, atualmente, coleta 20%
de esgoto e trata apenas 8%. Diante do conceito de interseccionalidade proposto pela
pesquisadora Kimberlé Crenshaw (2002) e da análise do documento intitulado “Plano
Específico de Reassentamento da População e das Atividades Econômicas – PER – Amostra
Prosap (2019)”, observa-se que a intersecção sobre os marcadores sociais da diferença de
gênero, classe, raça/etnia ainda é pouco praticada pelo programa. Diante disso, o objetivo
deste resumo é contribuir para a discussão acerca dos caminhos possíveis na análise e na
avaliação de políticas públicas, a exemplo do Prosap, a partir do entendimento e do uso da
interseccionalidade. Esta análise revela sua contribuição com o meio acadêmico pela sua
abordagem diferenciada, fornecendo subsídios para a reflexão dos marcadores sociais que
envolvem esses sujeitos e a necessidade de políticas públicas que considerem e reconheçam
as múltiplas experiências dos envolvidos no estudo em questão. Esse resumo é parte do
segundo capítulo da minha dissertação de mestrado, cuja pesquisa está em andamento, na
fase de revisão bibliográfica e constituição do corpus.

Palavras-chave: Interseccionalidade, Políticas Públicas, Prosap.

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A FICÇÃO QUE SER FICÇÃO? PACTO REFORMULADO COM O REAL NOS CONTOS DE
GUIMARÃES ROSA

Luziane de Sousa Feitosa (UFPA)

Resumo: Na ficção da ficção, anunciada desde o título de alguns contos de Guimarães Rosa, o
narrador em primeira pessoa questiona se não seria apenas uma personagem, ou adverte o
leitor sobre a possibilidade de (não) acreditar no que ele está afirmando. A hipótese de
autoficcionalização do narrador e ficcionalização das demais personagens se afasta de certos
fundamentos da literatura ao longo do tempo, em sua pretensão de refletir o “real”, de imitá-
lo. Nesse sentido, refletiremos sobre universo da linguagem adotada não no sentido de
representar, mas tecer realidades, com foco nos contos “Desenredo” e “Se eu seria
personagem”, reivindicadores, desde os títulos, de seu aparato ficcional. Trata-se de ilusões,
mundo de “verdades” moventes e de um pacto reformulado com o realismo. Para tanto,
adotamos como referências os pesquisadores: Nunes (2013), Galvão (2008), Bosi (2015),
Rancière (2021), entre outros. Palavra-chave: Contos; realismo; verdade; Guimarães Rosa.

Palavras-chave: contos, realismo, verdade, Guimarães Rosa.

UMA ANATOMIA POÉTICA DO CORPO NEGRO

Michael de Assis Lourdes Weirich (UFF)

Resumo: Sob a ótica fanoniana, o corpo negro é um território formado pela ação colonial em
sua performance, isso quer dizer que ele também se faz presente no momento pós-colonial a
partir do modo como é enunciado, abrindo críticas ao colonialismo por meio das suas
representações, que tão somente o descrevem como excluído, recalcado, censurado e
subalternizado, articulando, assim, um constante processo de inferiorização. Nestes termos,
portanto, tais corpos recebem um falso reconhecimento ordenado por um antigo sistema
colonial que, na pós-travessia atlântica, passa a enxergá-los exclusivamente como máquina
produtiva. Assim sendo, a partir da leitura da poesia de Lubi Prates e Edimilson de Almeida
Pereira, esta comunicação pretende investigar as formas de inscrição do corpo na poesia
brasileira contemporânea, que inseridas em um contexto de questionamento, desenvolvem
reflexões e leituras críticas sob um viés descolonial, em que se produz epistemologias que nos
convidam a olhar para trás – o que também não deixa de ser frente –, acessando e tratando
de questões históricas que envolvem as feridas abertas por sistemas de dominação e poder
presentes na América Latina. Paralelamente, propõe-se uma análise do corpo, enquanto criador
e pensador, chamando a atenção para uma “dupla fratura colonial e ambiental”, sob a qual os
corpos negros são submetidos. Nesse sentido, o que aqui se deseja é antes refletir sobre a
importância de efetivarmos caminhos metodológicos que permitam a expressão do
conhecimento do e pelo corpo, bem como a sua importância no processo de questionamento
do mundo a partir de uma linguagem poética, que resgata corpos perdidos e silenciados pela
dita história oficial, e que faz do corpo um ponto de partida para se pensar a realidade e o
próprio sujeito. Para tanto, partirei dos apontamentos de Frantz Fanon e do conceito de
“corpo-encruzilhada”, proposto por Leda Maria Martins. E, para sedimentar teórico e
criticamente o nosso percurso de análise, contaremos, ainda, com a mobilização de nomes
como Malcom Ferdinand, Édouard Glissant e Walter Mignolo.

Palavras-chave: Lubi Prates, Edimilson de Almeida Pereira, corpo.

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BACURAU: ESPAÇOS TRANSGRESSORES, DIÁLOGOS INTENSOS E CONFLITOS SOCIOPOLÍTICOS
- UMA ANÁLISE DA NARRATIVA NO ROTEIRO

Sayara Saraiva Pires (UFPI)

Resumo: Esta investigação enseja analisar o roteiro de Bacurau (2019), em diálogo com a obra
fílmica homônima, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, fornecendo um estudo
esmiuçado e atualizado a fim de explanar a condução da linguagem roteirizada utilizada para
a construção de um diálogo que desafia fronteiras narrativas e estéticas, trazendo à tona
reflexões sobre o espaço em sua função transgressora, com o intuito de perceber os diálogos
intensos e os conflitos sociopolíticos. Pretende-se, com isso, discutir a importância do roteiro
para a comunicação entre cinema e literatura, reconhecendo-o como mediador da
intercomunicação entre as artes verbal e visual, sendo indispensável na análise de construção
dialógica das duas artes. O filme em questão, provoca no espectador, a partir da construção
de suas personagens e sua relação com o seu meio social, direcionamentos reflexivos acerca
da sociedade, não apenas em âmbito regional, evocando uma visão universal no que consta à
subdivisão de classes e ao esquecimento de grupos, especialmente, por descaso com políticas
públicas, discussão percebida desde a roteirização. Almejamos, assim, compreender como a
narratividade roteirizada ressignifica o espaço, ao tempo que constrói uma narrativa complexa
que dialoga com questões sociopolíticas contemporâneas. Por meio de uma abordagem
fundamentada em estudos teóricos – de cunho literário, cinematográfico e espacial – buscamos
desvelar as múltiplas camadas de significado presentes nas narrativas. Ao realizar esta
empreitada, aspiramos contribuir para o aprofundamento do debate e compreensão da
hibridização entre literatura e cinema, bem como da apreciação e análise da expressão artística
que estimula esse encontro: a roteirização. Utilizaremos para embasamento teórico os estudos
de Luís Alberto Brandão (2013), Henri Lefebvre (2006), Michel de Certeau (1998), Yi-Fu Tuan
(1983) no que tange à concepção de espaço dentro do âmbito ficcional; Antonio Candido
(2006) e Herasmo Brito (2020) para colocações sobre a arte regionalista e neorregionalista;
Robert Stam (2006) e Ismail Xavier (2001) nas proposições sobre cinema; e, ainda, a percepção
de Syd Field (2001) e Doc Comparato (2009) para compreensão estrutural do roteiro; entre
outros.

Palavras-chave: Bacurau, Roteiro, Espaço, Cinema, Narratividade.

"ANTS DON'T SERVE GRASSHOPPERS! IT'S YOU WHO NEED US!": UMA ANÁLISE POR MEIO DA
PERSPECTIVA MARXISTA DO FILME A BUG'S LIFE (1998)

William Melo Araújo (UESPI)

Resumo: Os filmes de animações conduzem mensagens cujos significados passam


frequentemente despercebidos diante do público em geral. Por esse motivo, a Crítica Literária
tem o propósito de analisar essas produções culturais em formato de arte contemporânea, bem
como criar associações teóricas e investigar os aspectos políticos e sociais em relação com a
realidade e a sociedade atual. O filme A Bug’s Life (1998) apresenta a história da luta de
classes entre a comunidade das formigas, exploradas por um bando de gafanhotos, que as
escravizam em prol de obter alimento sem trabalhar por si mesmos, e como o personagem
principal, Flik, alcança a libertação da ideologia dominante e opressão sofrida, depois de a
duras penas elaborar um plano de revolução. Diante disso, este artigo tenciona responder a
seguinte indagação: Como Flik estimula a revolução na comunidade das formigas em A Bug’s
Life (1998) à luz dos estudos Marxistas? Ambicionando solucionar tal inquietação, foi
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estabelecido como objetivo geral: Analisar como Flik estimula a revolução na comunidade das
formigas em A Bug’s Life (1998) à luz dos estudos Marxistas. Para alcançar este objetivo, foram
estipulados como objetivos específicos: Examinar os pressupostos teóricos dos Estudos
Marxistas, e averiguar como a revolução é estabelecida na sociedade das formigas em A Bug’s
Life (1998). Para alcançar estes objetivos, foi realizada uma pesquisa bibliográfico-exploratória,
com abordagem qualitativa, fundamentada em Marx (2018), Tyson (2006), entre outros. Este
artigo apresenta análises das cenas em que se nota como as formigas se libertam da opressão
por meio dos conceitos marxistas no filme A Bug’s Life (1998). Em síntese, a sociedade das
formigas em A Bug’s Life (1998) incentivada por Flik, desenvolve a consciência de classe, fato
essencial para identificar a ideologia manipuladora de Hopper, o líder dos gafanhotos, bem
como as formigas conseguem desencadear a revolução operária e se libertarem do sistema
opressor que as escravizava a dar toda a produção para os insetos voadores.

Palavras-chave: Crítica Literária, Estudos Marxistas, A Bug’s Life.

AYAAN HIRSI ALI - O TESTEMUNHO DE UMA MULHER QUE DESAFIOU O ISLÃ

Patricia Ribeiro Brasil Mayer (UERN)

Resumo: Ayaan Hirsi Ali publicou em 2007 sua autobiografia intitulada Infiel. A política
holandesa de origem somali relata sua trajetória, por meio do gênero autobiográfico,
resgatando questões culturais de uma África muçulmana desconhecida para muitos. O subtítulo
da sua obra, A mulher que desafiou o Islã, nos preludia uma narrativa que questiona o Islã em
muitos dos seus mecanismos de dominação: a educação, as relações sociais com as mulheres,
o casamento, a religião. O clímax de sua narrativa encontra-se no trauma causado pela ablação
genital e no quanto esse ato violento, e justificado pela religião, influenciou nas suas escolhas.
Juntamente a isso, ela relata também todo o seu processo de fuga e de refugiada na Holanda.
Ser refugiada em um país europeu com ideais de liberdade distintos do que ela viveu,
promoverá reflexões contundentes sobre a vida, sobre o ser humano, sobre a individualidade,
sobre identidade. A materialidade de seu discurso em sua obra traz, de modo pungente, a
religião em sua cultura – islamismo – e que produz um silenciamento opressivo e violento, um
apagamento do eu e que só a escritura diaspórica da palavra pode libertar e fazer existir.
Conforme Seligmann-Silva (2003), sobre a definição freudiana de trauma, é algo que não pode
ser totalmente assimilado quando de seu evento. A literatura é a força motriz para simbolizar
uma realidade que tem uma essência dicotômica: é passado e presente. Narra-se o trauma,
para esquecê-lo. Lembra-se de um passado, simboliza este acontecimento traumático real, que
permita a ele adquirir outro significado, para, enfim, esquecê-lo. E a autobiografia de Ayaan
Hirsi Ali, por meio de seu testemunho em uma cultura tão hermética e opressiva, ficcionaliza o
real, simbolizando o trauma da mutilação genital e assim poder viver.

Palavras-chave: Ayaan Hirsi Ali, testemunho, mutilação genital.

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AS DIVERSAS SEXUALIDADES NA LITERATURA FANTÁSTICA BRASILEIRA DO PRÉ-
MODERNISMO AO CONTEMPORÂNEO

Thaíne Fernanda Sell (UFSM)

Resumo: O presente trabalho faz parte de uma pesquisa que se iniciou recentemente, no curso
de doutorado em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. Este trabalho se insere na
pesquisa iniciada por Enéias Tavares e Bruno Anselmi Matangrano em sua obra Fantástico
brasileiro: o insólito literário do romantismo ao fantasismo. O referido livro é uma pesquisa
historiográfica das obras em que o fantástico se faz presente na literatura brasileira, contando
com obras que datam desde o período literário do romantismo. Minha tese propõe um recorte
temático dentro desse mesmo estudo. Pretendo, tendo como base essa pesquisa, fazer o
estudo de obras de literatura fantástica brasileira em que a temática LGBTQIAP+ esteja
presente, e de que maneira esta sigla e suas ramificações estão presentes nessa literatura.
Dentre as obras que estão começando a ser estudadas, percebe-se que a temática LGBTQIAP+
está mais presente na literatura fantástica contemporânea. Isto pode ser notado não apenas
dentro da literatura fantástica. A temática que aborda as diversidades sexuais está cada vez
mais presente na literatura brasileira e mundial. Com isso em mente, o recorte que faço para a
pesquisa consiste em obras majoritariamente contemporâneos, nos quais a sexualidade é um
dos pontos abordados, juntamente com o fantástico. No entanto, a temática das diferentes
sexualidades não é apenas contemporânea e pode ser vista nas margens da literatura brasileira
de diversas épocas. O primeiro autor trabalhado é Coelho Neto, escritor pré-modernista com
sua obra Esfinge, na qual encontramos uma personagem curiosa, que possui corpo de homem
e cabeça de mulher. O segundo autor que proponho apresentar nesse recorte é Eric Novello,
com a obra distópica Ninguém Nasce Herói, em que o protagonista Chuvisco e seus amigos
lutam, a sua maneira, contra um governo opressor e conservador. O grupo é composto por
pessoas diversas, que possuem diferenças também de sexualidade. Ambas as obras se inserem
no fantástico e apresentam como uma das temáticas as diferentes sexualidades.

Palavras-chave: Literatura, fantástico, LGBTQIAP+, brasileira

AS TRAVESSIAS DO DESEJO LÉSBICO NA POÉTICA (I)MORAL DE CASSANDRA RIOS

Ivanildo da Silva Santos (UFPB)


Maiza Rodrigues do Nascimento Oliveira (IFMG)

Resumo: A literatura compõe e alimenta, desde épocas longínquas, o imaginário social. De


funções humanizadoras, incorpora as crenças, os valores e os dilemas que refletem as
permanências e rupturas próprias da cultura. À vista disso, o tecido literário segue o curso do
tempo, desfiando-se em indagações e questionamentos, a partir dos quais o homem apreende
as tensões de seus topos e a ambivalência de sua natureza. A partir das representações
políticas e ideológicas do movimento feminista, outras minorias organizaram-se para
questionar os discursos e as estruturas que reduzem os indivíduos a classificações estáveis e
permanentes. Numa sociedade violenta como a nossa, os sujeitos que se mostram anômalos
aos padrões erguidos pela matriz heterossexual são interditados, subalternizados e,
ferozmente, negados. Através de uma escrita intimista e feminina, Cassandra Rios inaugura um
estilo que ultrapassa os modelos hegemônicos sobre o corpo e a sexualidade. Seu pioneirismo
ficcional desestabiliza o pensamento patriarcal e heteronormativo. A narrativa pioneira de
Cassandra Rios abre o expoente para uma reavaliação sobre quais imposições e interdições
são impostas aos sujeitos desviantes e excludentes. Sua escrita transgressora dá visibilidade a
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vivência, conflitos e preconceitos sofridos por aqueles sujeitos que ousam viver a própria
sexualidade. A erótica cassandriana apresenta uma ficção que subverte a ideologia
patriarcalista dominante, e sua escrita luta por um espaço de representação a minoria sexual
na literatura brasileira. A censura massiva a sua obra confirma o caráter intrépido de seu projeto
literário. O presente trabalho, nesse contexto, tem o propósito de adentrar no território
cassandriano, em especial, no romance A Serpente e a Flor (1972), no qual investigaremos os
enlaces ideológicos acerca do gênero e sexo que, ainda, repercutem na sociedade. O romance
escancara o amor entre Renata e Mirtza. Duas personagens que desafiam as normas da família
burguesa tradicional brasileira. No meio dos conflitos externos de um espaço social permeado
pela censura do Estado, Igreja e Família, a transgressão de um amor proibido questiona o
saber-poder sobre a sexualidade feminina. Imerso em críticas e distorções conceituais, o desejo
sáfico desterritorializa-se em meio a uma cultura marcada pelos protocolos heteronormativos,
hábeis em moldar o desejo, impondo ao sujeito uma fuga que o esfacela e o fragmenta. Nosso
arcabouço teórico compreende os estudos de Michel Foucault (2011), Judith Butler (2010) e
Guacira Louro (2008). Numa interface entre Literatura e Estudos Queer, debruçar-nos-emos
sobre o comportamento da personagem principal, descortinando os conflitos que a fragilizam
ante o imperativo de uma escolha.

Palavras-chave: Literatura, Gênero, Autoria Feminina

O CORPO TRANSFIGURADO EM VERSOS DE HILDA HILST

João Paulo Fernandes (UNIVASF)


Resumo: A escritora brasileira Hilda Hilst (1930-2004), legou formas literárias que contemplam
as narrativas ficcionais, o teatro e a poesia, sendo a poesia sua maior expressão, seja nos
poemas ou na prosas, a exemplo de como retoma a épica clássica em Ariana e Dionísio,
personificações míticas da Grécia antiga, que nos dez poemas da sessão De Ariana para
Dionísio: Ode, descontínua, para flauta e oboé (2003), de Hilda Hilst, perpassam a narrativa
épica e, atualizados por um sujeito lírico, circunscrevem corpos ardentes de desejo, paixão e
amor erótico. Tem-se como objetivo a análise do primeiro poema da sessão, sem título,
enumerado pelo símbolo romano I, para dar ênfase ao corpo que se mostra em dualidades,
seja pelos deuses ou pelos sentimentos amorosos demonstrados por eles. As referidas
ambivalências são compreendidas a partir de uma leitura analítico-crítica em diálogo com os
referenciais teóricos de Mircea de Eliade (2010) e suas discussões sobre o mito, o sagrado e
o profano; Octavio Paz (2001) e Georges Bataille (2013), que aprofundam os conceitos acerca
do erotismo; bem como as contribuições críticas de Eliane Robert Moraes (2012) e Alcir Pécora
(2010), que vão expandir o conceito de corpo e a densidade poética de Hilda Hilst,
respectivamente. Como assertiva metodológica, tais pressupostos contribuem para o
enfrentamento do poema e compreensão das imagens que (res)significam o mito clássico e
suas nuances de contemporaneidade, incidindo, assim, na intersecção da narrativa dionisíaca
(re)criada pela poetisa quando revela a voz feminina, que se torna altiva e eloquente, de uma
Ariana que reclama e chama o amado pelo canto lírico, transfigurando o amor e erotismo. Por
esses contornos, alude-se às novas camadas de subjetividade e transgressão do eu poético,
que se assemelha ao onipresente, fundindo sonho e realidade pelos versos da autora paulista
que recriou o espaço amoroso dionisíaco sob a égide do corpo feminino, resultando em
transgressão à mensagem mítica quando a recria em versos líricos e ecoa dualidades para a
paixão e o amor.

Palavras-chave: Poesia brasileira, Hilda Hilst, Corpo e erotismo.


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A MÚSICA COMO GÊNERO TEXTUAL FACILITADOR PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA:
UMA FERRAMENTA DEVIDAMENTE EXPLORADA, OU NÃO?

Carlos Eduardo de Melo Pereira da Veiga (UFRPE)


Ewerton Ávila dos Anjos Luna (UFRPE)

Resumo: Este estudo apresenta uma análise da Música como gênero textual facilitador para o
ensino da Língua Portuguesa: uma ferramenta devidamente explorada, ou não? Tratando-se
de uma temática recente, comparada aos demais objetos de estudo da linguística, o presente
estudo visa refletir sobre a importância dos gêneros textuais, em específico o gênero música,
no ensino da língua portuguesa. Apresentando inicialmente um breve relato histórico sobre a
música e ainda elucidando a sua importância como gênero textual, iremos refletir também sobre
a necessidade de diversificar e inovar que os professores precisam ter na hora da escolha dos
objetos de ensino, levando em consideração as expectativas de aprendizagem, fazendo com
que estes juntos, se articulem de forma eficaz e coerente aos procedimentos metodológicos
adotados. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo, objetivando a aproximação social do
objeto investigado, a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com três professores,
de diferentes escolas públicas, dos anos finais do ensino fundamental, do município de
Igarassu-PE. Fundamentando-se nas perspectivas dos estudos de Vygotsky (1984, 2000,
2002), Bakhtin (2000, 2002) e Nassif (2008), foi levada em consideração a base
sociointeracionista da linguagem, valorizando os gêneros como “elementos
contextualizadores” da língua, e organizadores da prática social e discursiva. A proposta desta
temática elucida ainda o valoroso papel da música como elemento aliado ao processo de ensino
aprendizagem, garantindo uma maior eficácia do aprendizado, tendo em vista o teor
significativo da atividade, proporcionado pela ambientação dos estudantes com o meio usado
como objeto de estudo. Para além disso, é preciso levar em consideração que este gênero, em
específico, compreende a elementos ricos capazes de mobilizar a estrutura cognitiva para a
aprendizagem de diferentes conhecimentos. Os dados revelam o uso efetivo da música como
gênero textual, de modo a contribuir potencialmente com o processo de ensino-aprendizagem
da língua portuguesa, proporcionando a aquisição das habilidades previstas nas diferentes
situações propostas.

Palavras-chave: música, gênero e ensino.

TRIUNFO DO BEM: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE TERESA MARGOLLES E VARLAM CHALÁMOV

Andressa Lira Bernardino (UFPE)

Resumo: Este trabalho comparativo intenta uma discussão em torno do teor testemunhal nos
contos de Varlam Chalámov e nas instalações de Teresa Margolles. Neste percurso, sob a luz
de Seligmann-Silva (2005), e respeitando a particularidade de cada linguagem, observamos de
que modo as obras constituem-se enquanto espaços de memória, tecidos individual e
coletivamente. Diante da noção de que a arte memorialística favorece um compromisso ético
em contextos distintos de violência, somos levados à análise do método de documentação
sensível nos contos Oração fúnebre e Sentença, de Varlam Chalámov, e nas instalações
Trepanações e Tela bordada, de Teresa Margolles, esta última composta coletivamente por
bordadeiras que tecem sobre um pano manchado de sangue utilizado para cobrir um corpo
assassinado, enquanto constroem narrativas orais sobre aquele corpo. Este tipo de documento
bordado, manchado de sangue, isto é, a prova de um crime, e/ou a prosa sofrida como
documento provocam uma inquietação artística presente no ensaio crítico Sobre a prosa, do
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autor russo, e desse texto aproveitamos noções sobre o princípio artístico, os objetivos e a
necessidade que envolvem essas produções, que realizam sobretudo o que autor defende
como sendo o “[...] triunfo do bem, se abordarmos a questão [da violência nos campos de
trabalho forçado] sobre um plano maior, o plano da arte” (CHALÁMOV, 2018, p. 396). Assim,
apontamos como ambos os autores aproveitam-se – cada um a seu modo – do testis,
testemunho apresentável diante do tribunal, para tecelagem de uma memória simbólica que
atravessa o material bruto, extraindo-lhe o sensível de seu aspecto meramente comprobatório.
Para essa leitura ampla, nos apoiamos em um trajeto inverso ao implementado em Sobra a
prosa: se, neste ensaio crítico, Chalámov aproveita-se das artes visuais para pontuar alguns
aspectos de sua obra, destacando a vivacidade de certas cores, aqui, nos aproveitamos de sua
reflexão sobre a prosa para pensar outros tipos de linguagem igualmente capazes de compor
narrativas testemunhais.

Palavras-chave: Teor testemunhal, Chalámov, Margolles

INTERSECÇÕES DE RAÇA, GÊNERO E CLASSE EM EU, TITUBA, BRUXA NEGRA DE SALÉM

Lara Beatriz Aragão da Rocha (UFS)

Resumo: O julgamento das bruxas de Salém é amplamente conhecido. Diversas histórias são
criadas de como mulheres faziam pactos com a figura do diabo e prejudicavam inocentes
através dos seus atos. O que não é propagado é como, através desse episódio, foram retiradas
as vidas de várias mulheres inocentes que foram acusadas de práticas denominadas diabólicas
por uma sociedade religiosa, patriarcal e conservadora. Dentre elas, a história da primeira
mulher negra é apagada e carece de informações e valorização dessa figura histórica de
resistência. Tomando como base os estudos de interseccionalidade, baseados nas
contribuições de Carla Akotirene (2019), e Patricia Hill Collins (2020) busca-se analisar através
da obra Eu, Tituba, bruxa negra de Salém (2022), de Maryse Condé, as intersecções de
violências de raça, gênero e classe que perpassam a protagonista que dá nome ao romance, e
como a interseccionalidade impacta a história da personagem nessa releitura de Condé. Além
disso, será observado como a autora retrata Tituba e escreve para ela uma história que lhe foi
negada através do epistemicídio, desde seu nascimento até sua morte, e traz protagonismo a
uma mulher negra, escravizada e considerada bruxa pelos brancos religiosos. Para este
trabalho, além do referencial supracitado para a ideia central que é a interseccionalidade,
também são necessários os norteamentos de teóricos negros como Sueli Carneiro (2005) para
a questão do epistemicídio; Achille Mbembe (2016) em relação à necropolítica e as violências
proferidas pelo Estado; e Bento (2022) em relação ao pacto da branquitude para a manutenção
de privilégio branco, essas serão outras temáticas abordadas dentro deste estudo e que
dialogam entre si. Espera-se que este trabalho ajude a enxergar como a literatura pode externar
as violências sofridas em uma sociedade cuja criação deu-se em torno de políticas de exclusão
de classes consideradas marginalizadas e como em tantos anos a situação tende a se repetir
por manutenção dos mecanismos de controle da elite.

Palavras-chave: Literatura afro, epistemicídio, violência

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AS HEROÍNAS SUICIDAS EM TOLSTÓI E ALDIR BLANC

Renato dos Santos Pinto (UFF)

Resumo: Em seu ensaio POR QUE LER OS CLASSICOS (1991), Ítalo Calvino cita: "Um clássico é
um livro que nunca terminou de dizer aquilo que teria para dizer". Ou seja, deixa algo suspenso,
que pode ser interpretado de formas diferentes segundo o ambiente em que for lido e o
repertório ou valores do público a cada leitura ou releitura. O romance ANNA KARENINA, de
Leon Tolstói (1877) possui essa característica. A protagonista, que dá nome ao título, se
envolve em uma relação extraconjugal durante o séc. XIX na Rússia czarista. Após abrir mão
de sua vida na alta sociedade da época, comete suicídio quando se agrava uma crise na relação
com seu amante, o conde Aleksei Vrónski. A história divide opiniões até os dias atuais,
principalmente em relação à tensão entre os valores morais que o romance coloca. Um dos
recursos utilizados por Tolstói para causar esse efeito de ambiguidade é revelar apenas
superficialmente o caráter do conde Alexei Alexandrovich Karenin, marido de Anna, além de
incluir a problematização da relação com seu filho de oito anos, Sergei. O romance russo, do
séc. XIX, vem obtendo, por todos cantos do mundo, várias citações e versões para cinema,
teatro, ópera e outras manifestações artísticas. Em 2005, o cronista e compositor brasileiro
Aldir Blanc lança o álbum autoral VIDA NOTURNA. A faixa denominada "Lupicínia" cita a
personagem Anna Karenina e seu autor Tolstói. Com melodia do musicista Jaime Vignoli, a letra
de Lupicínia mimetiza uma típica crônica carioca, gênero representado por escritores como:
Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio e o próprio Aldir, entre tantos outros. Nosso
objetivo nesta comunicação é propor que o compositor de Lupicínia disputa o espaço da
crônica dos subúrbios cariocas na considerada alta literatura, seja elevando a crônica àquele
lugar, ou trazendo as obras consideradas clássicas para o espaço do cotidiano, de forma, talvez,
iconoclasta. O encontro dos textos se dá a partir do suicídio cometido por motivos passionais
das heroínas do romance e da música. O ponto de vista da letra da música é uma espécie de
versão arrependida do amante Vrónski, que enaltece uma enfermeira, considerada por ele uma
amante casual, após saber que ela havia cometido o suicídio por amor. A música termina com
as seguintes palavras: “Por mais que a literatura celébre figuras em vã fantasia, ninguém foi
mais nobre que a pobre da enfermaria!”

Palavras-chave: Anna Karenina, Lupicinia, suicídio, heroínas.

DA LEITURA PARA A ESCRITA: O USO DE INTERTEXTOS COMO APORTE PARA A PRODUÇÃO


TEXTUAL DE DISCENTES DO 3º ANO, NO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE
SÃO LUÍS – MA

Maria da Consolação Borba Torres (SEDUC-MA)

Resumo: O trabalho em apreço tem como objetivo apresentar uma proposta metodológica de
produção de texto a partir da leitura e compreensão de intertextos. Dessa forma, este trabalho
é motivado a partir do que se observa em aulas de produção textual, durante as quais se
identifica a necessidade de uma intervenção voltada para a construção textual dos discentes
da escola pública. Com isso, vê-se a possibilidade de se despertar um envolvimento mais
estreito com a escrita, a partir do contato com textos – intertextos – que suscitem motivação
para a escrita. E as leituras de textos bem diversificados podem despertar esse interesse. É
que essa observação parte do princípio de que, segundo Faraco e Tezza (2011), “saber ler e
escrever é, portanto, muito mais que dominar uma técnica ou um sistema de sinais”. Em diálogo
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com os citados teóricos, pretende-se descortinar um estudo por meio do qual a produção de
texto reflita os resultados de apreensão do conhecimento que o estudante da Educação Básica
deve explicitar em seu texto, em que se destaque sua autoria, porém com embasamentos
oriundos de textos vários. Importante frisar que esse aprendizado, que parte da leitura e
enverada pela escrita, agrega saberes adquiridos a partir de gêneros que se estreitem com o
gosto do educando, propiciando-lhe um maior domínio no ato de escrever. De acordo com
Koch (2011, p. 55)”o agente produtor escolhe no intertexto o gênero que lhe pareça
adequado”. O intertexto é constituído pelo conjunto de gêneros de texto elaborados por
gerações anteriores e que podem ser utilizados numa situação específica, com eventuais
transformações. Entende-se também que, nesse cenário, é necessária uma ação diante da
educação brasileira, a qual, segundo Libâneo (2006), vem sendo impelida a enfrentar os
desafios apresentados nesse processo de apropriação da leitura e da escrita na educação
básica. Com o intuito de se alcançar o objetivo proposto será feita uma intervenção
metodológica em uma escola pública da Educação Básica da cidade de São Luís, Ma. Além do
mais, intenta-se despertar uma conscientização no que diz respeito à construção textual por
meio do método crítico-dialético. Para a construção deste trabalho, adotam-se os seguintes
teóricos: Faraco e Tezza (2011), Koch (2011), Libâneo, Oliveira e Tosch (2006), Jouve (2002),
Bakhtin (2016), Freire (2020). Palavras-chave: Leitura. Intertexto. Produção textual.

Palavras-chave: Leitura. Intertexto. Produção texto.

METODOLOGIAS ATIVAS E O USO DE TECNOLOGIA: POTENCIALIZANDO O APRENDIZADO

Flavio de Sousa Melo (UNIFESSPA)

Resumo: O presente artigo discute a integração de metodologias ativas e tecnologia na


educação como forma de promover uma aprendizagem mais significativa e alinhada às
necessidades dos alunos. As metodologias ativas enfatizam a participação ativa dos alunos na
construção do conhecimento, ao contrário do ensino tradicional baseado na transmissão de
informações (MOTA, A. R.; WERNER DA ROSA. 2023). Já a tecnologia oferece recursos que
facilitam o acesso à informação, a interação multimídia, a colaboração e a personalização do
ensino (Teresinha da Rosa, A., & Alves Guimarães, U. 2022). Ao combinar metodologias ativas
e tecnologia, diversas possibilidades se abrem para tornar o processo de ensino-aprendizagem
mais dinâmico, envolvente e significativo (Cabral, Marcos Vinícius Costa et al. 2023). Os
procedimentos de pesquisa consistem no levantamento bibliográfico, tendo como base teórico-
critica as considerações de Cabral, Marcos Vinícius Costa et al. (2023), MOTA, A. R.; WERNER
DA ROSA, C. T. (2023), Fanti, R. (2019) e Lima, F.R., Murakami, F.K., & Ordones, S.A. (2020).
Sabendo de tais benefícios que apresentamos cinco formas de como as tecnologias são e
podem ser utilizadas em metodologias ativas: Os Ambientes virtuais de Aprendizagem
permitem que os alunos acessem materiais e atividades a qualquer hora e lugar, estudando no
seu próprio ritmo (Teresinha da Rosa, A., & Alves Guimarães, U. 2022). As ferramentas de
colaboração, como fóruns e chats, facilitam o trabalho em equipe, a troca de feedback e a
construção coletiva do conhecimento (Carneiro et al apud Leary e Fontainha. 2007). Os jogos
educativos tornam o aprendizado mais divertido, estimulando a motivação e engajamento dos
estudantes (Savi e Ubricht. 2008). As tecnologias de realidade virtual e aumentada
proporcionam experiências imersivas que transcenderiam as limitações da sala de aula
tradicional (Filho, P.D., & Dias, R.D. 2019). Já as redes sociais incentivam os alunos a
demonstrar sua compreensão por meio da produção autoral, desenvolvendo habilidades
comunicativas e de pensamento crítico (CARNEIRO et al. 2021). Concluímos que a participação
ativa dos alunos em uma prática pedagógica que promova uma aprendizagem significativa
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estabelece uma educação que vai além da transmissão de informações, incentivando-os a se
tornarem pensadores críticos, solucionadores de problemas e agentes de mudança. A
integração das metodologias ativas e do uso de tecnologia é uma maneira poderosa de
alcançar essa visão, preparando os alunos para enfrentar os desafios e oportunidades do futuro
(Lima, F.R., Murakami, F.K., & Ordones, S.A. 2020).

Palavras-chave: Metodologias Ativas, Tecnologia, Aprendizagem.

UMA ANÁLISE DAS PROPAGANDAS OFICIAIS DO MEC: O DISCURSO DE MÉRITO NA


PROPAGANDA OFICIAL DO ENEM 2020

Michelle Silva de Oliveira (UFMA)

Resumo: Este estudo situa-se na vertente materialista da Análise do discurso, propondo-se a


analisar a propaganda oficial do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM 2020), ‘A vida não
pode parar’, lançada em 04 de maio de 2020 durante um momento de fragilidade no país,
não só na saúde, mas na educação, a má administração política, crise sanitária e a financeira,
embalam o cenário da publicação desta propaganda, que vem como uma espécie de resposta
aos movimentos estudantis que reivindicavam o adiamento do ENEM devido ao avanço da
pandemia do novo coronavírus e a desigualdades tanto sociais, educacionais e digitais que
foram evidenciadas ainda mais nesse momento. A propaganda foi vista como uma espécie de
resposta às reivindicações dos estudantes porque rebatia exatamente tudo aquilo que eles
reivindicavam. Assim sendo, o objetivo central do trabalho é compreender como o discurso
meritocrático se faz presente nessa propaganda e quais os efeitos de sentido são produzidos.
Para alcançar os objetivos propostos por esse trabalho recorremos às discussões propostas
pela Análise de discurso de Linha Francesa no que tange aos conceitos de discurso, sujeito e
ideologia, apresentados por Michel Pêcheux (1975) na França e no Brasil por Eni Orlandi
(2012). Também recorremos aos conceitos de publicidade e propaganda proposto por Malanga
(1987) e Sant’Anna (2002) apud Baraldi (2008); Nesta análise específica, analisamos a
propaganda do Enem 2020 ‘A vida não pode parar” vinculada tanto na TV aberta como
também no canal do MEC nas plataforma digital como Youtube. Podemos considerar que na
propaganda em estudo se faz presente o discurso meritocrático, em que há uma
responsabilização do estudante não só pelo seu futuro como também pelos possíveis prejuízos
ocasionados pela não realização da prova. Diante das nossas análises, compreendemos como
discurso do merecimento impera, reforçando mais ainda as desigualdades, pois conferem
àqueles que não dispõem de recursos a sensação de que poderiam ter feito mais, embora
mesmo que dessem todo o seu máximo não seria o suficiente. Embora bonito na teoria, o
discurso do merecimento é cruel e injusto, pois transforma desigualdades sociais em
desigualdades naturais.

Palavras-chave: Propaganda, Enem, Análise do Discurso

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MENSAGENS DE ADEUS À LUZ DA AVALIATIVIDADE

Aldeir Gomes da Silva (UFPE)

Resumo: Neste trabalho, analisamos três Mensagens de Adeus, documentos escritos em


suportes diversos por pessoas que consumaram o suicídio, sob a ótica do Sistema de
Avaliatividade, que emerge da Metafunção Interpessoal da linguagem, de acordo com os
aportes teóricos de Halliday (1985). Consideramos que o ato da morte voluntária é carregado
de ideologias, que podem materializar-se nas mensagens de adeus, numa relação de
instabilidade que se verifica pela disparidade existente entre o número de suicídios e o número
de cartas deixadas. Enquanto textos, elas atestam a natureza interativa do discurso, uma vez
que através das mesmas, o autor consegue se posicionar a respeito de si mesmo e do mundo
que o cerca. Acreditamos que as categorias do Sistema de Avaliatividade, a saber, Atitude,
Engajamento e Gradação (MARTIN;ROSE, 2005), dão conta do exame das principais
informações, perspectivas e sentimentos dispostos nos textos. Além disso, os aspectos comuns
entre as mensagens de adeus, em diferentes gêneros discursivos, possibilitam a localização de
sua finalidade comunicativa, que é relativamente predeterminada pelo contexto cultural que
circunda a morte voluntária. Os textos analisados São parte integrante da tese do autor deste
trabalho, em estágio de desenvolvimento. Os resultados obtidos, ainda que preliminares
mediante a densidade do tema, dos textos e das práticas sociais envolvidas, apontam para
uma constatação de que sob a luz das categorias da Avaliatividade, é possível encontrarmos
similaridades na estrutura dos textos, se as compararmos com textos nativo digitais – tais como
postagens em redes sociais, o que nos ajuda numa tentativa de categorização sistêmico-
funcional dos recursos linguísticos utilizados nos gêneros envolvidos nessa prática discursiva.

Palavras-chave: Mensagem de Adeus, Avaliatividade, Suicídio.

SALVADOR, CIDADE E MIRAGEM: POESIA E HISTÓRIA EM SESMARIA, DE MYRIAM FRAGA

Aline Costa Cerqueira (UEFS)

Resumo: No presente trabalho, busca-se analisar a cidade apresentada em Sesmaria, de Myriam


Fraga, como representação da cidade de Salvador. Em Sesmaria, a escritora traça um caminho
de volta ao passado, resgatando as pegadas existentes e criando outras, inexistentes, quiçá,
apagadas. O estudo se desenvolve numa perspectiva de desdobramento entre o que se
considera real descrito pela historiografia e o apanhado criado pela poesia. Voltando-se para
uma investigação histórica que reverbera na criação da lírica de Myriam Fraga. São examinados
os traços de fundação e o contexto histórico-colonial da cidade de Salvador observando-se os
horizontes poéticos que a linguagem propõe, desnudando e revelando acontecimentos,
paisagens e personagens. Para tanto, será trabalhada a linguagem como força capaz de
infiltrar-se na psique humana, sendo um elemento motivador que desperta sentimentos,
ideologias e pensamentos, sobretudo no que tange ao poder e à capacidade de expressão que
regem a existência e que despertam a emoção sobre as coisas. Deste modo, o referencial
teórico adotado aqui contempla o estudo literário poético, embora dentro de algumas
especificidades. As ideias serão desenvolvidas com base no pensamento de estudiosos como:
Octavio Paz (1982), Antonio Candido (1976), Massaud Moisés (1973), Walter Benjamim
(1936), dentre outros, tendo em vista a crítica literária para compreensão da linguagem poética
aqui investigada. Para a abordagem do espaço urbano, caminharemos com as ideias de Ítalo
Calvino (1990), Sandra Pesavento (2002), Renato Gomes (2008), Henri, Lefebvre (2001),
Brígida Campbell (2013) e Michel de Certeau (2003). No que se refere à memória histórica,
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serão adotadas as ideias dos pensadores: Heidegger (2005), Jacques Le Goff (2003), Ecléa
Bosi (2004), Maurice Halbwachs (1990), Henri Bergson (1999) e Santo Agostinho (1984). No
intuito de refletir sobre a memória, far-se-á uma triagem na linha de pensamento dos referidos
historiadores. Trilhamos também na linha de raciocínio de, Francisco A. de Varnhagen (1872),
Vicente do Salvador (1627), Milton Santos (2008), Henrique L. Tavares (1872) e Behrens
(2003).

Palavras-chave: Cidade, Poesia, Salvador, Memoria, Myriam Fraga.

A NEGRALIZAÇÃO EM AMÉRICA NEGRA & OUTROS POEMAS AFRO-BRASILEIROS: TECITURAS


DE NOVAS NARRATIVA DAS AMÉRICAS

Laiana Emília de Queiroz Nepomuceno (UFPI)

Resumo: Esse trabalho objetiva investigar a categoria da negralização, a partir de uma análise
literária do livro de poemas América Negra & outros poemas afro-brasileiros (2014), do escritor
afro-piauiense Elio Ferreira. O presente trabalho parte da hipótese de que a obra pode ser
compreendida como um conjunto de narrativas entrelaçadas através da memória
afrodiaspórica, da identidade, da cultura e da história dos povos negros das Américas, além
de demarcar a existência e resistência da literatura afro-brasileira. Partindo da obra de Elio
Ferreira, é necessário ressaltar que haverá uma interconexão entre a obra poética e a obra
ensaística do autor, através da utilização da categoria da negralização, apresentada em Ferreira
(2017). Portanto, nesta pesquisa propomos a negralização como categoria de análise dos
poemas para discutir a possibilidade de novas narrativas das Américas a partir da análise do
poemário de Elio Ferreira. Simultaneamente, a pesquisa busca compreender o pensamento de
Elio Ferreira em uma dimensão mais ampla de pensamento negro amefricano conforme
Gonzalez (2020), propondo os termos iniciais a uma relação entre as categorias de
negralização e amefricanidade. Assim, os diálogos estabelecidos na pesquisa serão amparados,
principalmente, no pensamento de Elio Ferreira (2017; 2021) e de Lélia González (2020).

Palavras-chave: negralização,memória afrodiaspórica,amefricanidade.

MEMÓRIA ORAL: NARRATIVAS TESTEMUNHAIS POR UMA BENZEDEIRA

Renê Souza Andrade (UEFS)

Resumo: O presente trabalho trata-se de resultados prévios da pesquisa para a dissertação de


mestrado em encaminhamento, e, tem como objeto de estudo as narrativas orais de uma
benzedeira residente no Sítio Trapiá, Zona Rural do município de Amargosa-BA. Propomos
analisar as narrativas orais da benzedeira que dão testemunho do seu ofício na comunidade e
fomentam em acervos de memórias. Deste modo, o trabalho se estrutura em quatro eixos:
Memórias, religiosidade, cultura/representação e performance. A partir destes eixos,
propormos os estudos a partir dos teóricos das memórias, Le Goff (2013); Maurice Halbwachs
(1900) e Bosi (2003). Religiosidade a partir das teorias de Eliade (1992); Azevedo (2002) e
Gois (2004). Na cultura/representação Malinowski (1975); Hall (1999); Sodré (1996). Por
último, a performance com Zumthor (2007). Deste modo, a presente proposta se sustenta a
partir do seguinte problema: como são conservadas as memórias da benzedeira informante a
partir do seu acervo oral? acredita-se que a construção da identidade religiosa da referida
comunidade parte das memórias ancestrais que são conservadas através das rezas e benzeções
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do lugar. Os questionamentos referentes à presente proposta são respondidos a partir da
necessidade de explorar o campo das narrativas orais, que, na maioria das vezes, são
mantenedoras dos saberes ancestrais e, em evidência, as benzedeiras, enquanto acervos de
memórias vivas que contribuem para o fluxo vital na sociedade, benzendo as pessoas para
curar dos males físicos e espirituais, enquanto práticas de caráter cultural-identitário. O
trabalho foi realizado por meio de pesquisas e estudos de cunho teóricos nas perspectivas
supracitadas e, pesquisa de campo com uma senhora benzedeira, que compartilhou suas
narrativas orais enquanto memórias. No trabalho, nos interessamos em construir um caminho
que direcionará o leitor ao estudo da identidade e seus impactos constituintes em uma
sociedade. Para tanto, as temáticas postas que foram desenvolvidas se aproximam da
identidade que influencia a cultura, os costumes e a procedência local.

Palavras-chave: Memórias, Benzedeiras, Narrativas orais.

TOTALITARISMO DROMOLÓGICO EM FAHRENHEIT 451 (1953): UMA AMEAÇA A LEITURA


LITERÁRIA COMO EXPERIÊNCIA NA MODERNIDADE TARDIA

Andressa Silva Sousa (UEMA)

Resumo: Escritor profícuo, Ray Douglas Bradbury escreveu quase quarenta livros, cerca de 600
contos, além de peças teatrais, poemas, ensaios e roteiros de cinema. Entre suas obras de
destaque estão: Dark Carnival (1947), The Martian Chronicles (1950) e, sobretudo, Fahrenheit
451 (1953), então objeto de análise. Pertencente ao gênero distopia, a obra constrói uma
realidade ficcional radicalmente piorada, em que a sociedade apresenta uma série de
problemas relacionados a aceleração e ao desenvolvimento tecnológico. À medida que nos
aprofundamos na narrativa bradburyana, notamos que a perseguição aos livros é resultante do
domínio de uma força totalitária que manipula toda a estrutura urbana, a saber, a Aceleração
Social, que instaura o Totalitarismo Dromológico ou, nas palavras de Paul Virilio, em Velocidade
e Política (1996), a “ditadura do movimento” (VIRILIO, 1996, p. 41). Por ser uma metrópole
onde “parar significa morrer” (VIRÍLIO, 1996, p. 28), atividades ligadas ao ócio e ao tempo
lento, como caminhar, contemplar a natureza, conversar na varanda e, sobretudo, a ler obras
literárias e filosóficas tornaram-se proibidas. Compreendendo, pois, que a Modernidade Tardia
é caracterizada principalmente pela aceleração do ritmo da vida (ROSA, 2020), pretendemos,
através do presente trabalho, discutir de que maneira a Aceleração Social afeta a experiência
estética de leitura de uma obra literária, posto que, enquanto obra de arte, sua linguagem
densa demanda tempo lento e reflexivo (PERRONE-MOISÉS, 2016). Trata-se de uma pesquisa
de cunho bibliográfico, baseada nos estudos de Rosa (2019), Perrone-Moisés (2016), Han
(2015), Nietzsche (2005), Larrosa (2002), Virílio (1996), entre outros. Nesse sentido,
consideramos que a leitura literária pode se constituir um modo de se experienciar a liberdade
no mundo contemporâneo e seu modo de viver acelerado.

Palavras-chave: Distopia; Totalitarismo; Literatura; Experiência;

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DECOLONIALIDADE DE SABERES NA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: A
CONSTRUÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO DE PROFESSORES DO SISTEMA ORGANIZACIONAL
MODULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL-SOMEF, EM TOMÉ-AÇU/PA.

Loana Farias Da Silva (UFRA)

Resumo: Compreender a educação sob uma ótica descolonizadora, tem suscitado inúmeras
investigações e proporcionado uma visão de educação antirracista, fundamentada na
desconstrução de pensamentos e ideologias hegemônicas. Aníbal Quijano (2005) introduz essa
descontrução através de seu conceito “colonialidade do poder”, posteriormente, discutido por
outros importantes autores latino americanos. Para Mignolo (2017, p. 02), a colonialidade
introduzida por Aníbal Quijano no final dos anos 1980 e início de 1990, “[...] nomeia a lógica
subjacente da fundação e do desdobramento da civilização ocidental desde o Renascimento
até hoje, da qual colonialismos históricos têm sido uma dimensão constituinte, embora
minimizada”. Com outras palavras, a colonialidade nomeia o padrão de poder oriundo do
processo civilizatório ocidental, que teve como marco inicial a colonização da América Latina,
em 1492. Além das relações de poder advindas desse padrão de poder perpetuados ainda
hoje, controlando os diferentes segmentos sociais. Desse modo, a colonialidade, diferente de
um momento histórico, trata-se de uma ordem mundial de poder, organizada por diferentes
formas de dominação. O artigo situa-se em torno da decolonialidade do saber, com o objetivo
precípuo de analisar por meio dos enunciados de professores do Sistema Organizacional
Modular de Ensino Fundamental (SOMEF) do município de Tomé-Açu, que atuaram em uma
escola quilombola em 2021, que ethos discursivo (imagem) é construído em relação à
decolonialidade do saber a respeito das Relações Étnico-Raciais. Para tal análise, a pesquisa
debruça-se sobre os estudos da Análise de discurso de linha francesa, em Orlandi (1999),
tendo como categoria de análise o Ethos discursivo, conforme aponta Maingueneau (2004;
2010). Sobre colonialidade/decolonialidade, recorre-se principalmente, aos estudos de Aníbal
Quijano (2005) e Bernardino-Costa; Grosfoguel (2016). No tocante às Relações Étnico-Raciais;
elegemo-nos como suporte teórico principal, Munanga (2005), Oliveira; Candau (2010). Do
ponto de vista metodológico, adotou-se a pesquisa de natureza qualitativa, pois investigou o
posicionamento de professores diante do ensino das Relações Étnico-Raciais, através de
questionário aberto, com perguntas que buscavam refletir sobre determinados conceitos, a
partir de suas percepções ideológicas de sujeitos profissionais da educação. Como resultado,
evidenciamos a construção do ethos discursivo imbricado em discursos ainda, na colonialidade
do poder, marcados por construções históricas do racismo estrutural. Palavras-Chave:
Decolonialidade; Étnico-Raciais; Ethos Discursivo.

Palavras-chave: Decolonialidade, Étnico-Raciais, Ethos Discursivo

INTERPRETAÇÕES DE JAIR BOLSONARO SOBRE "QUEM É O ÍNDIO"

Gessica Pereira de Jesus Lima (UFOB)


Thiago Alves França (UESB)

Resumo: Este trabalho resulta de pesquisa parcialmente financiada pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). A partir da Análise do Discurso materialista, neste
texto, analisamos o modo como os sujeitos indígenas são discursivizados em enunciados
produzidos por Jair Messias Bolsonaro, ex presidente do Brasil (2019-2022), atualmente
filiado ao Partido Liberal (PL). O material de análise corresponde a cinco Sequências Discursivas
(SD) compostas a partir de uma publicação feita pela “Mídia Ninja” no Twitter, que organiza,
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em edição, uma sequência de enunciados do então canditado, em diversas situações,
começando por um vídeo-live com duração de 25s do vídeo. Partindo dos pressupostos de
que o discurso é manifestação da/de alguma ideologia (PÊCHEUX, [1975], 2014), de que
imaginário e ideologia funcionam em relação/correspondência (ALTHUSSER, [1969] 2008), e
de que “as formações ideológicas comportam uma ou várias formações discursivas” (PÊCHEUX;
FUCHS, [1975] 1997, p. 164), pretendemos, também neste trabalho, com a análise, destacar
as posições de sujeito a partir das quais Jair Bolsonaro enuncia sobre os indígenas, posições
estas indiciadas na superfície textual do fio de “seu” discurso, e que nos apontam, portanto,
as tomadas de posição (necessariamente ideológicas) de Bolsonaro nos “discursos de ódio”
que ele (re)produz sobre/contra sujeitos indígenas. Tendo em vista essa noção, por França
(2019), buscamos compreender como alguns enunciados produzidos por Bolsonaro dispostos
na postagem selecionada, entendidos, neste trabalho, como Sequências Discursivas (SD),
funcionam, (re)produzindo discursos de ódio contra os indígenas; por isso, destacamos
imagens pelas/por meio das quais indígenas são interpretados nessas SD. Nas análises,
destacamos como um certo imaginário comparece enquanto condições de produção das
interpretações que Bolsonaro (re)produz sobre os sujeitos indígenas, destacando algumas
posições com as quais ele se identifica para ser sujeito dos discursos que (re)produz. Dessa
maneira, no trabalho que desenvolvemos com as SD, compreendemos a presença de sentidos
em relação ao “índio”; imagens que entendemos como em relação parafrástica: índio, invasor,
interesseiro, inimigo do agronegócio, vagabundo. Essas relações parafrásticas caracterizam o
que o indígena parece ser para o sujeito que os interpreta ao enunciar. Destacamos o discurso
colonial e o discurso do agronegócio como recorrentes nas SD analisadas, e indicamos como
esses discursos operam um determinado imaginário que naturaliza o discurso de ódio
produzido contra sujeitos indígenas.

Palavras-chave: Indígenas. Imaginário. Discurso de ódio.

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA AFEGÃ EM A CIDADE DO SOL, DE KHALED


HOSSEINI

Danielly Martins de Souza (UFRA)


Marcelo Spitzner (UFRA)
Resumo: Este trabalho surgiu de uma inquietação durante a leitura da obra A Cidade do Sol
(2007) do escritor Afegão Khaled Hosseini, na qual se percebeu a discriminação enfrentada
pela mulher afegã em sua sociedade, bem como sua desvalorização, o que com o passar do
tempo faz com que essas mulheres criem sobre si uma identidade de resistência para manter
suas personalidades ou proporcionando a construção de uma possível nova identidade. Leva-
se em consideração que existem pouquíssimas pesquisas na área, o que deixa evidente que
este artigo pode ser relevante para despertar, em diferentes sociedades, o desejo de conhecer
e estudar mais a respeito do valor que a mulher tem em países conservadores, tradicionalistas
e patriarcais, que têm sua moral fundamentada em suas próprias tradições e no Alcorão, além
de seguirem a risca as leis Shari’a, fazendo com que a invisibilidade e inferioridade do gênero
feminino sejam mantidas em nome da honra e do orgulho masculino. Portanto, procura-se
nesse texto analisar de que maneira a construção da identidade feminina afegã ocorre no
romance A Cidade do Sol e para isso, utilizar-se-á o método da pesquisa bibliográfica literária,
com as hipóteses de Stuart Hall (2005), Edward Said (1993), Jenny Nordberg (2010), Manuel
Castells (2018), Adriana Carranca (2011), Elenilton Vieira Godoy e Vinício de Macedo Santos
(2014), Sérgio Paulo Rouanet (2017), Tiaraju Dal Pozzo Pez (s/d), Martha Narvaz e Henrique
Caetano Nardi (2007) que auxiliarão no processo de análise e reflexão sobre o romance.

Palavras-chave: Resistência, Mulher, Afeganistão.


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O DISCURSO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO CONTRAPALAVRA NA LEITURA E
CONSTRUÇÃO DO TEXTO JORNALÍSTICO EM TEMPOS DE NEGACIONISMOS

Diogo Gonçalves da Silva (UFMA)

Resumo: O presente trabalho analisa o discurso de divulgação científica em textos jornalísticos


a partir da perspectiva bakhtiniana que compreende a linguagem como atividade dialógica, a
palavra como uma arena de lutas sociais entre sujeitos responsivos que constroem seus
enunciados como réplica, como contrapalavra. No texto jornalístico a réplica pode ser
observada a partir das formas sintáticas do discurso citado, do modo como o jornalista gerencia
as vozes presentes nas notícias. O discurso citado deixa ver a alternância dos sujeitos se
apresentar por meio dos falantes que são os representantes de diferentes posições valorativas
e se alternam ao longo do enunciado, especialmente quando observamos as notícias polêmicas
como é o caso do negacionismo científico sobre a crise humanitária vivenciada pelos índios
Yanomamis. Noticiar envolve colocar em confronto vozes que representam diferentes esferas
como os cientistas, os representantes indígenas e os representantes do governo federal. Para
este estudo, delimitamos jornais online Poder360, CNN, Um Só Planeta, BBC News e Agência
Câmara de Notícias, que divulgam informações relevantes para a sociedade e como tal acabam
por trazer junto a essas informações o discurso de divulgação científica como contrapalavra
em relação à negacionismo da crise sofrida pelos Yanomamis. Para mostrar as réplicas, as
manifestações de contrapalavra, levantamos os discursos citados e analisamos os sentidos que
essas formas citadas refletem e refratam sentidos a partir do dizer de representantes do
pensamento científico para validar e dar credibilidade à reportagem ao mesmo tempo que
apresenta falas negacionistas que negligenciam e contribuem para o agravamento da crise de
saúde enfrentada pelos índios. A fala dos especialistas e o discurso negacionista são
atravessados por outros discursos que estão atrelados a diferentes instituições e, por
conseguinte, deixam visíveis suas posições valorativas. A análise das reportagens está pautada
nos estudos enunciativos, na análise do discurso e na mobilização de conceitos e autores como
o discurso citado, dialogismo e contrapalavra em (BAKHTIN, 2006), divulgação científica e
efeito leitor em (ORLANDI, 2001) e jornalismo noticioso em (CORREIA, 2009). Palavras-chave:
Contrapalavra; discurso citado; texto jornalístico.

Palavras-chave: Contrapalavra, discurso citado, texto jornalístico

PROPOSTA DE DESENHO DE EXPERIMENTO PARA O ESTUDO DA ATRIBUIÇÃO DE PAPEIS


SEMÂNTICOS POR FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Isaque do Nascimento Fernandes (UFMA)

Resumo: O estudo de atribuição de papéis semânticos, no português brasileiro, é


recorrentemente estudado pelo gerativismo (SOUZA, 2015; MIOTO et al, 2018), mas ainda são
menos numerosas as pesquisas sobre esse tipo de atribuição a partir de uma análise
funcionalista e/ou sociolinguística. Este trabalho busca analisar, com base nos pressupostos
teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG,
2006[1968]; LABOV, 2008[1972]; 2010; ECKERT, 2012) a restrição de fatores sociais e
linguísticos na atribuição de papéis semânticos por falantes/ouvintes do português brasileiro.
Parte-se, para tanto, do argumento de Camacho (1999, p. 152), de que esse fenômeno passa
tanto pela “relevância da estrutura sintática e semântica” quanto pela “relevância do processo
interativo-comunicacional” ao qual os falantes estão submetidos. Desse modo, apresenta-se a
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proposta do projeto de pesquisa de percepção linguística que busca acessar a compreensão
de falantes/ouvintes acerca da função de atribuição de papéis semânticos a argumentos
externos da sentença. Especificamente, interessa verificar se esses mesmos falantes/ouvintes
atribuem facilmente, a essa sentença, os significados de agente, experienciador, tema,
instrumento entre outros papéis semânticos. O desenho do experimento, que baseia-se em
Souza (2015), será feito a partir da gravação de clips de áudios contendo sentenças diversas
do português brasileiro, cujo conteúdo apresenta os tipos de papéis semânticos elencados por
Cançado (2008), e serão submetidas à avaliação de ouvintes/falantes do português, que
responderão a um formulário de experimento disponibilizado online, o que permitirá, por sua
vez, identificar se as respostas coincidem ou divergem em relação à atribuição de função
semântica aos argumentos das sentenças, de acordo com informações sociodemográficas dos
respondentes, como sexo/gênero, escolaridade e idade. Os resultados alcançados pela
elaboração desse experimento, espera-se, vai permitir discutir o estudo de variáveis sintáticas
mais comumente analisadas à luz da teoria gerativista (CHOMSKY, 2015[1957]), por meio da
teoria da variação e da mudança linguística, tal como Oushiro (2011) fez para a análise de
interrogativas -Q, como em onde que você mora e onde é que você mora, além de descrever
a capacidade inata, e variável, da atribuição de papéis temáticos por falantes/ouvintes do
português brasileiro.

Palavras-chave: Papéis semânticos, variação, experimento

ATITUDES SOCIOLINGUÍSTICAS DE LUDOVICENSES RELATIVAS AO USO DO INDICATIVO E DO


SUBJUNTIVO A PARTIR DE ENTREVISTAS ABERTAS

Wendel Santos (UFMA)

Resumo: Com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista


(LABOV, 2008[1972]), especificamente nos estudos sobre atitudes linguísticas (FISHMAN,
1972; GUMPERZ, 1986), esta pesquisa objetiva apresentar resultados de atitudes linguísticas
de ludovicenses, gentílico referente a indivíduos nascidos em São Luís, capital do estado do
Maranhão, quanto ao uso do subjuntivo e do indicativo em sentenças subordinadas
substantivas, como em eu pensei que ele fosse/era meu amigo, e adverbiais, a exemplo de
embora estivesse/estava aqui, a oportunidade foi dada a outro candidato, além de sentenças
com o advérbio talvez, como em “talvez estivesse/estava no tempo de perguntar aos
funcionários sobre sua satisfação no trabalho”. Embora e talvez foram os subordinadores mais
recorrentes em Santos (2015), e são as sentenças com o verbo querer um dos principais
contextos em que a forma do subjuntivo parece se manter, na fala de ludovicenses.
Especificamente, pretende-se discutir a percepção que ludovicenses têm de sua própria fala,
sobretudo no que concerne ao pensamento ainda bastante recorrente de que “são os
ludovicenses os que falam o melhor português do Brasil”. Em pesquisa de produção e
percepção sociolinguística do uso do subjuntivo e do indicativo entre os falantes dessa cidade,
SANTOS (2015; 2020) mostrou que, embora as tendências de uso dessas formas verbais se
aproximem da de outras localidades do país, revelando um padrão do português brasileiro, os
falantes da capital maranhense consideram, no geral, que o uso da forma do indicativo, em
contextos em que se espera o subjuntivo, são “erradas” e atribuem o uso de uma forma no
lugar da outra a “falantes sem escolarização”. Para se acessar tais atitudes linguísticas acerca
das variantes em foco, foram apresentados trechos de sentenças substantivas e adverbiais
gravadas por dois ludovicenses (um homem e uma mulher), ambos com faixa etária entre 25 e
35 anos, e com escolaridade universitária. Essas sentenças foram manipuladas no Praat
(BOERSMA e WEENINK, 2019), para que fossem elaborados diferentes conjuntos em que as
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sentenças apresentariam características sonoras iguais, diferenciando-se apenas na forma do
modo verbal. Esses conjuntos foram, então, apresentados a 32 ludovicenses (16 ouviram as
sentenças no subjuntivo e 16 no indicativo), que avaliaram os diferentes excertos, com base
na técnica de "entrevistas abertas" (CAMPBELL-KIBLER, 2006), assim definidas por não
seguirem um roteiro pré-definido. Os resultados apontam para o fato de que os ludovicenses,
no geral, julgam as formas de indicativo, no lugar do subjuntivo como formas “erradas” e
afirmam que, sobretudo, quanto as sentenças substantivas, os ludovicenses não as realizam, o
que justificam pelo fato de que, de acordo com os participantes, “falam o português correto”.
Além disso, tais resultados evidenciam a forte noção de correção gramatical que essas formas
linguísticas carregam entre esses falantes.

Palavras-chave: Variação, Subjuntivo, Indicativo, Atitudes

A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM COMO FORMA DE INTERAÇÃO: SOB A PERSPECTIVA DO


ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA

Jéssica Tayrllinny Pereira dos Santos (UEMA)

Resumo: Ao tratar de educação pela linguagem, é necessário levar em consideração os estudos


contextualizados até a atualidade sobre as diferentes concepções que permearam o processo
de ensino da Língua Portuguesa. Nesse caminho trilhado levantou-se uma série de
questionamentos quanto a forma mais eficaz de utilização da linguagem em sala de aula. As
concepções de linguagem que permearam o processo de ensino nos proporcionam um vasto
conhecimento, bem como os documentos oficiais que descrevem as principais tendências
linguísticas a serem utilizadas. Esses estudos apontam a concepção de linguagem interacional
como a maneira mais eminente na orientação do processo de ensino e no desenvolvimento da
aprendizagem. A partir dessa perspectiva esse estudo aborda a importância da concepção de
linguagem como forma de interação no contexto do ensino de Língua Portuguesa em sala de
aula. Assim objetivamos começarmos por contextualizar um percurso sucinto sobre a
historicidade do ensino de português no Brasil; consequentemente relacionar esse percurso
com as ideias de concepção de linguagem dominante em cada momento; discutir os aspectos
relevantes à abordagem da linguagem como forma interacional em sala de aula. Assim,
tomamos como discussões e fundamentações teóricas a fala de alguns estudiosos como:
Geraldi (2011), a teórica da interação de Bakhtin, Gumperz (1994) e Goffman (2010). Esses
teóricos oferecem perspectivas valiosas sobre a concepção de linguagem interacional, e suas
ideias têm sido amplamente discutidas e aplicadas em diversos campos, incluindo a educação
e a linguística. Á luz desse aporte, o fato de que a linguagem não se limita à comunicação, se
faz refletir sobre a linguagem como uma ferramenta que propicia aos indivíduos a interação e
a construção de significados. Nesse sentido, considerou-se importante discutir este tema
porque seus reflexos existem em todas as práticas de ensino que são resultado de escolhas
teóricas e de métodos empregados para apoiar o ensino de línguas e o desenvolvimento da
linguagem em sala de aula. Finalmente, o presente trabalho apresenta estudos que comprovam
os benefícios da compreensão da linguagem como um fator de interação no ensino de Língua
Portuguesa. Chega-se à conclusão de que uma abordagem que focalize a interação pode ter
um impacto significativo no desenvolvimento linguístico e comunicativo dos estudantes,
capacitando-os para se tornarem cidadãos competentes e conscientes em um mundo cada vez
mais globalizado.

Palavras-chave: Linguagem,Interação,Língua Portuguesa,Sala de aula

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O CORPO MESTIÇO NA LITERATURA CABO-VERDIANA DO GRUPO CLARIDADE

Igor Santos Carneiro (UEMA)

Resumo: A revista Claridade foi fundada em 1936 no arquipélago africano de Cabo Verde. Este
veículo literário reuniu os principais intelectuais cabo-verdianos da época. Atualmente a
Claridade é considerada a precursora da identidade nacional do país. Entre os principais temas
trabalhados nas edições da revista figura a mestiçagem entre europeus e africanos, algo que
ajudou no fortalecimento do argumento de que os cabo-verdianos são um povo mestiço.
Entretanto, o contexto de surgimento de tal discurso remonta ao período colonial, visto que
Cabo Verde foi colônia lusitana de 1460 a 1974. O presente trabalho visa expor e
problematizar a narrativa de tais intelectuais ao tentar entender quem se beneficiava da defesa
discursiva dos corpos mestiços em Cabo Verde. Portugal procurou fortalecer a ideia de
miscigenação nas colônias para proteger suas possessões ultramarinas, para isso utilizou o
estatuto da assimilação (CABAÇO 2009). A metrópole esteve empenhada nisso como
contradiscurso quando era pressionada para se retirar dos territórios em África (VILLEN, 2013).
Ao mesmo tempo os claridosos de Cabo Verde perceberam, neste ponto de convergência com
a narrativa colonial, uma forma de alcançar mais visibilidade e objetivavam melhorias para seu
arquipélago. Os problemas aparecem quando percebemos que a narrativa da miscigenação
distanciou os cabo-verdianos do restante do continente africano, ao tempo em que os
aproximava de Portugal. Isto é algo marcante até a atualidade na identidade do país, que não
se enxerga como uma nação africana, mas sim euro-africana. De forma contraditória, os
portugueses por sua vez, jamais consideraram os africanos como iguais. O que nos leva a inferir
que os corpos mestiços sempre foram considerados seres humanos de segunda classe na
estrutura social lusitana e o discurso da mestiçagem foi uma forma de distanciar os africanos
das ruas raízes étnicas funcionando como um diluidor das características negras, algo muito
parecido com o que aconteceu no Brasil, descrito como um exemplo de democracia racial.

Palavras-chave: Mestiçagem, Literatura, Claridade, Cabo Verde.

NEOLOGISMOS NA LITERATURA FEMININA SUL-MATO-GROSSENSE CONTEMPORÂNEA

Simone Lima Ferreira de Paula (UFMS)

Resumo: Este trabalho é uma pesquisa de dissertação do programa de Pós Graduação em


Estudos de Linguagens da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Está em estágio inicial,
e tem por objetivos analisar e descrever os neologismos presentes na literatura feminina sul-
mato-grossense contemporânea; conhecer o estilo da literatura feminina pantaneira e contribuir
na divulgação e valorização da literatura feminina sul-mato-grossense. Tem como metodologia
o critério de escolha de escritoras que apresentem obras impressas ou compartilhadas em
redes sociais com criações lexicais. Assim, trabalharemos com as obras publicadas em meios
físicos e digitais das escritoras Lenilde Ramos, Diana Pillati, Tania Souza e Raquel Medina,
escolhidas por serem as autoras das obras com o maior número de neologismos encontrados
até o presente momento. Justificamos a escolha de uma análise linguística de um corpus
literário sul-mato-grossense feminino por conta da necessidade de conhecer e estudar a
literatura sul-mato-grossense por diversos métodos e teorias, dentre elas as teorias linguísticas.
Realizar uma análise linguística de obras literárias contemporâneas permite compreender
muitas das mudanças de linguagem em nossa sociedade, porque “o discurso literário, com sua
forma especial de dizer, reflete o contexto sócio-histórico-cultural e, com sua linguagem
criativa, está a serviço da arte e da estética” (CARDOSO, 2018, p. 22). Escolhemos trabalhar
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com esse corpus, de autoria feminina e regional, porque infelizmente a literatura feminina,
ainda nos dias de hoje, não se encontra equiparada com a literatura escrita por homens, bem
como também, a literatura sul-mato-grossense se comparada a literaturas da região sudeste,
por exemplo, é menos conhecida e estudada. Esperamos conhecer os processos de criações
lexicais sul-mato-grossenses e o estilo desta literatura, caracterizando quais tipos de
neologismos (morfológico, sintático, semântico, etc.) são mais frequentes e utilizados por
nossas escritoras. Utilizaremos dos pressupostos teóricos de Cardoso (2018) que nos balizam
para a análise do neologismo literário, bem como, de Alves (2007) que nos descreve o que é
um neologismo e quais tipos de neologismos são encontrados. Rio-Torto (2013) e Rocha
(1998) nos mostram quais processos morfológicos são utilizados na criação lexical e Martins
(1989) nos traz os pressupostos teóricos da estilística, usados para compreender o estilo da
literatura feminina sul-mato-grossense.

Palavras-chave: Lexicologia; Neologia; literatura feminina

DENOMINAÇÃO PARA O HOMOSSEXUAL MASCULINO NO MARANHÃO: UMA DISCUSSÃO


SOBRE A IMAGEM MASCULINA NA SOCIEDADE A PARTIR DO LÉXICO

João Victor Carvalho Brasil (UFMA)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo uma análise de termos pejorativos
relacionados ao homossexual masculino presentes no vocabulário de falantes maranhenses de
diferentes idades, escolaridades, zonas e sexo específicos. Para além da identificação dos itens
lexicais usados, investiga-se também a violência e o cunho pejorativo que alguns desses nomes
trazem quando utilizado no discurso cotidiano. Parte-se do pressuposto que o homem tem
uma imagem social pré- estabelecida e que o léxico cristaliza a violência simbólica que é
destinada aos homens que não seguem essa imagem (SILVEIRA; SERRA, 2020) e, por causa
disso, é natural que os indivíduos evitem serem rotulados com essas denominações pejorativas.
De acordo com Biderman (2001), o léxico de uma língua natural é associado ao processo de
nomeação das coisas e a compreensão da própria realidade pelos falantes, uma vez que são
esses processos que permitem ao homem classificar os objetos e seres e separá-los em grupos.
A própria construção e valorização das coisas em uma cultura estão associadas à construção
da realidade pelos indivíduos. A depender do valor que uma cultura dá a um indivíduo ou a
uma prática, os itens léxicos que se utilizam podem acumular uma carga negativa quando
empregados de em um contexto pejorativo. Tendo em vista esses aspectos, esta investigação
é uma pesquisa de campo que tem como método de coleta de dados aplicação de um
questionário a um perfil sócio-econômico e cultural específico: homens e mulheres,
universitários ou não, religiosos ou não e moradores da zona urbana e rural. A aplicação do
questionário foi e está sendo feita de forma híbrida: presencial ou através de entrevistas e de
formulário online. O questionário é constituído por 12 perguntas relacionadas a indivíduos
homossexuais. Os resultados mostram que os entrevistados apresentam denominações
próprias e conhecidas para denominar o homossexual masculino e que essas denominações
estão associadas a imagens sociais que o homem tem no imaginário popular. A quebra da
expectativa dessa imagem cria a violência simbólica que também se materializa a partir do
léxico. SILVEIRA, T. S.; SERRA, L. H. Denominações para o “homossexual masculino” no ALiMA:
lendo e discutindo imagens sociais.

Palavras-chave: Léxico. Homossexual. Português falado no maranhão.

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SEMÂNTICA NOSSA DE CADA DIA: ESTUDO TEÓRICO-PRÁTICO DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Matheus Carvalho Lima (UEMASUL)


Sônia Maria Nogueira (UEMASUL)

Resumo: O artigo refletiu sobre o uso de expressões idiomáticas da língua portuguesa no


Ensino Fundamental, 8º ano, em perspectiva semântica. Para isso, buscou-se verificar textos
veiculados nas redes sociais que apresentassem expressões idiomáticas; selecionar variados
tipos e gêneros textuais com expressões idiomáticas, considerando a faixa etária do estudante
do Ensino Fundamental; confrontar os fenômenos semânticos presentes nas expressões
idiomáticas selecionadas e sua relação com o conteúdo do Livro Didático; e analisar
criticamente os textos com expressões idiomáticas no que se refere à abordagem semântica.
O corpus da pesquisa proveio do livro didático “Tecendo linguagens: língua portuguesa, 8º
ano”, de Oliveira e Araújo (2018), adotado em algumas das escolas da rede pública situadas
na Região Tocantina do Maranhão, além de textos de variados gêneros textuais circulantes nas
redes sociais. Nessa perspectiva, realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa e
documental. Frise-se que, ao passo que a Lexicologia se atém ao estudo do léxico de uma
língua e de sua organização, o que envolve, além das questões linguísticas, o período histórico
e os aspectos regionais; a Fraseologia, por sua vez, dedica-se ao estudo de combinações
relativamente cristalizadas de unidades lexicais, constituídas de, pelo menos, duas palavras
gráficas e, no máximo, uma frase completa. Compete, portanto, à Fraseologia o estudo do
léxico especial da língua, em que se localizam as expressões idiomáticas ou “frases feitas”. Os
autores que fundamentam este trabalho são, entre outros, Xatara (1998), Biderman (2001),
Marques (2001), Ilari (2011), Urbano (2018) e Ferrarezi Jr. (2019). Com os resultados, constou-
se haver, no livro didático selecionado, textos literários que contêm expressões idiomáticas;
porém, as autoras do referido material didático não fazem menção, explicitamente, a tal
fenômeno semântico, seja como conteúdo ou no que diz respeito aos textos dispostos na obra,
assim como nas atividades que se seguem após a leitura – embora mobilizem aspectos
semânticos relativos ao emprego da linguagem conotativa. Verificou-se, também, o uso de
expressões idiomáticas em postagens várias nas redes sociais, como no Instagram, YouTube,
WhatsApp e Twitter. Ao confrontar os textos veiculados na web, possíveis de acesso ao público
escolar, e o uso de expressões idiomáticas no livro didático, concluiu-se que não são
exploradas, suficientemente, no material didático, as expressões idiomáticas, não obstante elas
façam parte da realidade cultural e linguística de estudantes. Ante o exposto, pode-se afirmar
que as expressões idiomáticas da língua portuguesa demandam, pois, tratamento mais
adequado.

Palavras-chave: Expressões Idiomáticas, Livro Didático, Semântica.

LEITURA: RESPONSABILIDADE DE TODAS AS DISCIPLINAS

Geisa Aparecida Dariva Pinheiro (SEED - PARANÁ)

Resumo: A escola como instituição de ensino não tem cumprido seu papel satisfatoriamente,
sustentando a mesma prática pedagógica, de décadas atrás, a qual não tem demonstrado ter
atrativos suficientes para os alunos. Especificamente em relação às falhas no ensino de leitura,
as atividades desenvolvidas no ambiente escolar são na maioria das vezes, enfadonhas,
superficiais e sem objetivos sociais. Isso faz que um número, cada vez maior, de alunos não
tenha condições de compreender textos simples, mesmo após terminarem o ciclo de formação
básica, caracterizando o que chamamos de analfabetos funcionais. Considerando a realidade
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vivenciada no cotidiano escolar, frente às dificuldades dos educandos em desenvolver a leitura
competente, dos mais variados gêneros discursivos/textuais, não abordamos atividades
corriqueiras de leitura e interpretação textual, muito comuns nas aulas de Língua Portuguesa,
buscamos compreender a leitura como responsabilidade de todas as disciplinas. A fim de
nortear o trabalho com a leitura em todas as disciplinas do currículo propusemos um estudo
que busca a formação do leitor competente, criador de sentido, leitor e analista crítico, capaz
de transformar os discursos em significados. Para atingirmos tais objetivos utilizamos a
metodologia proposta por Isabel Solé, em sua obra “Estratégias de leitura”(1998), na qual a
autora propõe que o ensino da leitura deve ocorrer em três etapas, antes, durante e depois da
leitura, ao passo que ignorando uma dessas etapas, o educador passará uma visão limitada do
assunto. O texto selecionado para o trabalho foi “Negrinha” de Monteiro Lobato, pois além da
necessidade de proporcionar leitura literária aos nossos educandos, consideramos também
para a escolha do texto as bases legais da educação brasileira que obriga as escolas de ensino
fundamental e médio a ensinarem sobre história e cultura afro-brasileira. O trabalho foi
realizado no segundo ano do ensino médio, de maneira interdisciplinar, envolvendo as
disciplinas de História, Língua Portuguesa e Sociologia, elencamos tais disciplinas pela
compatibilidade de horário e pertinência dos temas que poderiam ser levantados, não
significando que outras disciplinas não poderiam ser inseridas nesta reflexão. À professora de
Língua Portuguesa coube a contextualização no momento literário e biografia do autor, à
disciplina de História a inserção do texto no momento histórico em que este se desenvolve,
especialmente esclarecendo o contexto da escravidão negra no Brasil. O professor de
Sociologia fez a reflexão sobre a valorização da vida humana em diferentes tempos,
respeitando sempre o contexto histórico para não incorrermos em anacronismos. Como
fechamento do trabalho, os alunos participaram de um seminário, envolvendo as temáticas
pertinentes. Enfim, podemos considerar que o tema que defendemos, o envolvimento do
coletivo escolar em atividades leitoras, é possível e configura-se prazerosa e instrutiva se
observado as estratégias de leitura, propostas por Isabel Solé(1998). Chegamos às
considerações acima observando o envolvimento dos educandos nas atividades propostas, seu
amadurecimento leitor, bem como em suas considerações sobre o tema proposto no seminário
de fechamento da atividade.

Palavras-chave: ESTRATÉGIA DE LEITURA; LEITOR; SOLÉ.

"HUMANOS SÃO MAIS COMPLICADOS DO QUE DIZIAM OS PANFLETOS": O CONCEITO DE


INTERCULTURALIDADE RETRATADO NA ANIMAÇÃO HOME DA DREAMWORKS (2015)

Esther Pereira Araujo (UESPI)

Resumo: Os complexos debates referentes as relações de cultura e interculturalidade são,


contemporaneamente, facilitados por meio de representações cinematográficas inicialmente
subestimadas por seu caráter recreativo. A exemplo disso, a animação Home (2015) da
DreamWorks nos oferece amplas oportunidades de ressignificar os contrastes existentes entre
culturas distintas por intermédio de um enredo que aborda a convivência de um ser
extraterrestre chamado Oh e Tip, uma garota humana. O que inicialmente caracterizava-se
como uma relação turbulenta, torna-se um respeitoso compartilhamento de costumes, traços e
pensamentos, a partir da compreensão mútua de seus respectivos valores. Nessa perspectiva,
o filme oferece os materiais necessários para que análises fundamentadas sejam realizadas.
Posto isso, este artigo visa responder a seguinte questão norteadora: de que forma se
desenvolvem as relações de interculturalidade na animação Home da DreamWorks (2015)?
Pretendendo responder a esta pergunta, estipulamos como objetivo geral: analisar de que
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forma se desenvolvem as relações de interculturalidade na animação Home da DreamWorks
(2015). Com o intuito de alcançar este objetivo geral, foram formulados como objetivos
específicos: discutir os pressupostos teóricos a respeito de cultura, examinar os conceitos
empregados a interculturalidade e identificar como se desenvolve a interculturalidade entre os
personagens na animação “Home”. Com a finalidade de atingir tais objetivos específicos, foi
realizada uma pesquisa bibliográfico-exploratória, com abordagem qualitativa, respaldada em
autores que contribuem para o desenvolvimento do aporte teórico referente as relações
culturais, como Eagleton (2011), Silva (2005), Williams (2004), entre outros, com os quais
pretendemos alicerçar as discussões a respeito de cultura e interculturalidade. Em síntese, este
artigo observou que por meio das relações e trocas interculturais, os personagens em Home
fortificam os conhecimentos de suas próprias identidades culturais e compreendem o valor
singular da cultura do outro, perpetuando trocas e aprendizados que somente puderam ser
fortificados a partir da iniciativa dos integrantes de cada grupo.

Palavras-chave: Cultura; Interculturalidade; Home.

AS REPRESENTAÇÕES DOS CORPOS FEMININOS EM A SOMBRA DO PATRIARCA, DE ALINA


PAIM

José Domingos de Jesus Santos (UFS)

Resumo: A relação corpo-mulher, marcada por vontades, angústias, condicionamentos e muitas


outras formas de viver, olhar e compreender o “outro” e a si, é uma temática amplamente
discutida na Literatura e em outras artes, uma vez que o corpo feminino ainda é entendido
como um espaço de aprisionamento e de inscrições socioculturais excludentes. Nesse sentido,
o presente artigo busca investigar as formas como as personagens do romance A sombra do
patriarca (1950), da escritora sergipana Alina Paim, se comportam diante de um sistema
falocêntrico e patriarcal- no qual suas ações, gestos e linguagens são reduzidas ao seio familiar
e às instituições de controle social. Para isso, recorre-se as dez categorias de corpos
estabelecidas por Elódia Xavier em Que corpo é esse? - o corpo no imaginário feminino (2007),
bem como a outros teóricos que dialogam com a temática dos estudos do corpo na Literatura,
a saber: Pierre Bourdieu (1999), Michel Foucault (1987) e Lúcia Zolin (2009). Ao identificar os
tipos de corpos das personagens de A sombra do patriarca e classificá-los como “corpo
invisível”, “corpo disciplinado”, “corpo sulbalterno” e “corpo liberado”, seguindo aquelas
categorias propostas por Elódia Xavier, evidencia-se que o domínio de corpos femininos que
vivem às sombras do patriarcalismo na narrativa paimiana reflete o desprezo, a submissão e o
pouco valor que a sociedade concede às mulheres. Como contribuição, espera-se que tal
investigação venha a alicerçar visões, constatações e interpretações teórico-críticas de
fenômenos naturais que reforçam estruturas sociais, seja para emancipação, seja para
manutenção de bases sólidas de diferenças gritantes que injustiçam toda uma parcela da
população feminina estratificada em nível de menor valor no corpo social, pois Paim parecia
ter consciência de que a energia que impulsiona as ações das personagens, revelam suas
angústias e sentimentos afetivos pode ser utilizada na Literatura como um agente de reflexão
que possibilita ao público leitor o contato com acontecimentos que lhe inspirem credibilidade
na procura pela autonomia, corroborando para o progresso de um comportamento feminino
mais crítico e livre de sombras.

Palavras-chave: corpo feminino, patriarcalismo, literatura , Paim

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"I LIKE GIRLS BUT NOW I LIKE A BOY????": OS DILEMAS QUEER VIVENCIADOS POR NICK
NELSON NAS PÁGINAS DE HEARTSTOPPER EM RELAÇÃO À CONSTRUÇÃO DE SUA
SEXUALIDADE

Vitor Hugo Sousa Oliveira (UESPI)

Resumo: Esta investigação é recorte de um trabalho de conclusão de curso que está sendo
realizado na graduação de Licenciatura Plena em Letras Inglês da UESPI – Campus Parnaíba.
Pretende-se aqui construir diálogos entre os estudos queer e Heartstopper: Volume 1 – graphic
novel que versa sobre conflitos vivenciados por adolescentes LGBTQIAPN+. Em uma
perspectiva social, adolescentes queer, ou seja, vidas que subvertem sistemas compulsórios de
gênero e sexualidade, são marcados por conflitos interpessoais e intrapessoais por existirem
em tecidos sociais que não foram/são construídos para celebrar e respeitar suas existências.
Nessa linha de pensamento, a cisheteronormatividade, conceito que auxilia na compreensão
das opressões contra pessoas queer, pode ser compreendida como um regime que constrói e
violenta diariamente pessoas para que “respeitem” o gênero designado em seu nascimento e
sintam atração afetivo-sexual pelo sexo/gênero “oposto” ao seu. Para isso, a norma utiliza
meios nocivos e violentos, como o shock of insult (“choque da injúria”), conceito que auxilia na
reflexão acerca dos efeitos dos insultos sobre esses corpos subalternizados. Em Heartstopper:
Volume 1, da ilustradora e escritora inglesa Alice Oseman, o adolescente cisgênero branco
Nick Nelson sente atração afetivo-sexual por garotas. Após conhecer Charlie Spring, é preciso
ressaltar, Nick vivencia dilemas em perspectivas intrapessoal e interpessoal no que diz respeito
à sua sexualidade. Diante dessa breve descrição, aspira-se responder à seguinte inquietação:
quais são os dilemas queer vivenciados por Nick Nelson em relação à cisheteronormatividade
e ao shock of insult em Heartstopper: Volume 1? Para responder essa pergunta, o seguinte
objetivo geral foi definido: problematizar os dilemas queer vivenciados por Nick Nelson em
relação à cisheteronormatividade e ao shock of insult em Heartstopper: Volume 1. Em relação
ao percurso metodológico, uma investigação com abordagem qualitativa, na modalidade
bibliográfica, de cunho exploratório, foi realizada, embasada em Didier Eribon (2004), Judith
Butler (2019, 2021), entre outras/os. Os resultados parciais sugerem que Nick é afetado pelas
injúrias que ouve, o que o faz temer sua própria saída do armário. Além disso, a ideia de ter
sido “criado” para ser heterossexual e o fato dos colegas de turma sugerirem que ele deve ter
relações românticas com garotas são ações que o machucam psicologicamente. Em síntese, a
sociedade ocidental contemporânea de modo geral segue maltratando, punindo e adoecendo
sujeitos socialmente caracterizados como Outros. Justifica-se, assim, a necessidade de reflexão
no que concerne à representação de dilemas queer em práticas culturais hodiernas sobre e
para adolescentes.

Palavras-chave: Estudos queer, sexualidade, Heartstopper.

AS CONTRADIÇÕES DO ESPAÇO CIDADE X FAVELA EM QUARTO DE DESPEJO- DIÁRIO DE


UMA FAVELADA, DE CAROLINA MARIA DE JESUS

Pedro Henrique De Oliveira Arraz

Resumo: O presente trabalho pretendeu analisar as contradições do espaço cidade versus


favela no romance Quarto de Despejo: diário de uma favelada da escritora mineira Carolina
Maria de Jesus. Para alcançar esse objetivo foi feita pesquisa de tipo bibliográfica a partir de
consulta a Hooks (2021), Santos (2009), Farias (2018), Sousa e Welter (2020) Fernandez
(2006), entre outros. Carolina Maria de Jesus nos apresenta a favela a partir do seu olhar
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enquanto moradora que vivencia as dificuldades e desesperanças ampliadas pelo lugar, além
disso a fome, a desordem e as injustiças sociais a que estão condenados todos os que ali,
inclusive as crianças chegavam educadas e logo se deseducavam. A favela é também
considerada a sucursal do inferno, o lugar onde se guarda tudo aquilo que não se faz uso,
onde se colocam os rebotalhos da vida, repleto de desigualdades sociais, da falta de assistência
do poder público, o quarto de despejo da cidade de São Paulo. Por outro lado, a cidade é o
palácio, a sala de visitas, o lugar onde se deseja estar e todos parecem felizes porque não
existe as mazelas vividas pelos favelados, ali eles têm comida o bastante e ainda ajudam os
favelados nas obras assistenciais. Desse modo, compreendeu-se que a favela e a cidade são
lugares contrastantes em que a vida dos sujeitos que vivem nesses espaços dá conta de outras
subjetividades as quais se distanciam pelo poder econômico e social e por causa das condições
degradantes da favela a narradora sente o desejo de sair daquele lugar. Na perspectiva, a
cidade é apontada como o lugar aprazível em que não há sofrimento. não há míngua nem fome
enquanto a favela assume a condição do lugar dos resíduos, daquilo que não se usa ou que
se pretende esconder, portanto, o contraste revela o ponto de vista da narradora sobre os
espaços pelos quais ela transita no seu cotidiano.

Palavras-chave: Cidade x favela; Divergências; Espaço; Carolina.

EU QUERO APRENDER A ESCREVER TEXTOS OFICIAIS

Vanessa Ferro Assunção (UEMA)

Resumo: A escrita é de grande importância para a sociedade em geral, sendo assim, necessária
aos indivíduos, enquanto sujeitos ativos. Diante disso, este projeto tem como intuito promover
uma reflexão, a partir de momentos vivenciados, tendo em vista, as práticas de leitura e escrita
de textos oficiais (ofício, memorando, ata, requerimento, relatório, etc.) pelos acadêmicos das
graduações. É válido ressaltar que a linguística, área em que o projeto está inserido é
imprescindível neste processo. O projeto teve como objetivo principal trabalhar os textos
oficiais com os acadêmicos, compartilhando cada etapa para sua produção. Em primeiro
momento foi realizado uma pesquisa com a comunidade acadêmica, de modo que eles puderam
escolher quais textos eram mais necessários e quais eles mais tinham maior dificuldade na
escrita em seu dia a dia, levando em conta a formação e capacitações dos graduandos, e
comunidade do campus UEMA-Timon. Por conseguinte, foram escolhidos quatro tipos de
textos, sendo eles: oficio, memorando, ata, requerimento e relatório. Dessa forma, foi realizado
oficinas para cada tipo de texto escolhido. O referido projeto aspira promover mudanças e
propõe uma discussão acerca de língua e linguagem, que deverão ultrapassar as fronteiras do
científico para transformarem-se em uma ação política para o curso de Letras Licenciatura em
Língua Portuguesa e Literatura Portuguesa da UEMA/Campus Timon. Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs (1998) para sustentar nossa afirmação. O processo de ensino/aprendizagem
de Língua Portuguesa deve basear-se em propostas interativas língua/linguagem, consideradas
em um processo discursivo de construção do pensamento simbólico, constitutivo de cada aluno
em particular e da sociedade em geral. Essa concepção destaca a natureza social e interativa
da linguagem, em contraposição às concepções tradicionais, deslocadas do uso social. O
estudo da gramática passa a ser uma estratégia para compreensão/interpretação/produção de
textos e a literatura integra-se à área de leitura (BRASIL, 1998, p. 139). A discussão ora
proposta sustenta-se pelos pressupostos da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas
de autoria de Antoine Culioli (1999) dentre outros. Pauta-se, assim, pela articulação entre
linguagem e línguas naturais, e, por sua vez, pelo princípio da invariância linguística. Para
finalizar, o resultado de cada etapa das pesquisas oficinas, foi possível ajudá-los a ter
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familiaridade com o texto, compreendendo os elementos de coesão e coerência e sabendo
aplicar as normas da ABNT e como utilizar todas esses conhecimentos práticos usando os TIC’s.
Portanto, se faz relevante essa aprendizagem para futuras práticas e discursões dos referidos
textos, visando a compreensão em um processo de escrita.

Palavras-chave: Escrita; comunidade; oficiais; texto.

ENTRE O FINITO E O INFINITO: PERCEPÇÕES DA MORTE EM 'A VIAGEM' DE VIRGINIA WOOLF

Natália Leitão Barros da Silva (UFMA)


Gabriel de Jesus dos Anjos Costa (UFMA)

Resumo: O presente trabalho propõe uma análise crítica da obra "A Viagem" (The Voyage Out)
de Virginia Woolf, publicada em 1915, a fim de explorar a complexidade da exploração da
morte e da efemeridade da vida, assim como suas características presentes na narrativa da
autora inglesa. Neste trabalho, será examinado a relevância contínua dessa obra ao longo do
tempo, especialmente em um mundo em constante transformação, onde as reflexões sobre a
morte ainda mantêm pertinência para a compreensão da existência humana e sua influência na
sociedade atual. O foco da análise recai sobre a protagonista da história, Rachel Vinrace, uma
jovem inglesa que empreende uma jornada de autoconhecimento, explorando questões
relacionadas à identidade, amor e à finitude da vida. Ao longo da narrativa, Rachel se depara
com personagens que enfrentam a morte de diversas maneiras, revelando a diversidade de
perspectivas e emoções que cercam esse tema universal. A metodologia utilizada para esta
pesquisa baseia-se na abordagem qualitativa e bibliográfica, com referências aos escritos de
autores como CANDIDO (1980), HAN (2020), SARTRE (1999), LEMASSON (2012), entre
outros. Essa abordagem permitirá explorar a relevância da narrativa de "A Viagem" no contexto
contemporâneo, especialmente em relação à compreensão da morte e sua influência na
sociedade atual. Serão analisados os elementos literários, filosóficos e socioculturais presentes
na obra, bem como sua aplicabilidade aos desafios e dilemas enfrentados pela humanidade
nos tempos atuais. Em síntese, conclui-se que "A Viagem" de Virginia Woolf permanece como
uma obra literária atemporal, cujas reflexões sobre a morte, a busca de significado e a
interconexão humana continuam a ser relevantes na sociedade contemporânea. Através da
narrativa envolvente da autora, o leitor é convidado a confrontar seus próprios medos e
inseguranças, buscando um entendimento mais profundo sobre a efemeridade da vida. A
influência dessa obra literária transcende gerações, proporcionando valiosas lições sobre como
abraçar a vida em toda a sua complexidade e encontrar significado em meio às incertezas da
existência. Ao discutir a relevância de "A Viagem" em um contexto contemporâneo, espera-se
estimular diálogos que promovam uma maior apreciação da vida e das relações humanas em
nosso mundo atual.

Palavras-chave: A Viagem, Virginia Woolf, Morte.

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A INFLUÊNCIA DO ESTILO PARENTAL PERMISSIVO-INDULGENTE NA CONSTRUÇÃO DO
PERSONAGEM BRÁS CUBAS NA OBRA MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

Daniella Furtado Moraes (UFMA),


Natália Leitão Barros da Silva (UFMA)

Resumo: O estilo parental é a ou as maneira(s) de educar uma criança adotando uma


determinada abordagem específica. O estilo adotado será de acordo com uma personalidade
específica dos pais, suas preferências e podem variar de acordo com a prole. Existem indicações
acerca dos estilos adotados para a criação de um filho e que, de acordo com as características
e preferências adotadas pelos progenitores, podem ter um enorme efeito na trajetória de
carreira e, até mesmo, no processo educacional de uma criança. No presente trabalho,
propomos analisar com evidências literárias e psicológicas, a construção de um dos
personagens cânones da literatura brasileira, Brás Cubas, criado por Machado de Assis (1880).
Utilizando-se da metodologia Qualitativa e Bibliográfica e, com base nas leituras de CANDIDO
(1976), ALBUQUERQUE (2016), BAUMRIND (1966), WEBER (2009) em consonância com
outros autores da área, apresentaremos uma trajetória a construção literária da personagem
Brás Cubas e padrões comportamentais denominados de Influência do Estilo Parental, e em
como o ambiente familiar e as atitudes adotadas por pais no momento da criação resultam em
um determinado espectro de filho e, sobretudo, na prática parental adotada e, logo após
análises, explicaremos os motivos pelas quais Brás Cubas se enquadra dentro do estilo
permissivo-indulgente. Por fim, consideramos como a psicologia e a literatura conseguem se
atrelar, ao notar que o personagem não é criado sem nenhuma base, mas sim, enraizado em
elementos antropológicos e contextuais. Observa-se que os aspectos da personalidade da
personagem que encabeça a narrativa, refletem as realidades vivenciadas por muitos jovens
do momento na qual a obra foi escrita. Desse modo, a literatura, ao apresentar um vasto e
singular universo, acaba por espelhar a realidade da complexidade humana e através da análise
do estilo parental de Brás Cubas, enriquecemos nosso conhecimento acerca da interconexão
entre a ficção literária e realidade social, viabilizando reflexões relevantes para a compreensão
da psicologia humana e suas manifestações na arte literária.

Palavras-chave: Brás Cubas, Estilo Parental, Estilo Permissivo.

O CONCEITO FOUCAULTIANO DE DELINQUÊNCIA PERCEBIDO NA MÚSICA "FAROESTE


CABOCLO", DE RENATO RUSSO

Davi de Lira Santana (UFMA)

Resumo: Este artigo analisa a música "Faroeste Caboclo", composta por Renato Russo e
interpretada pela banda Legião Urbana, sob a ótica do conceito foucaultiano de delinquência.
A canção narra a história de João de Santo Cristo, um jovem nordestino que se muda para
Brasília em busca de uma vida melhor, mas acaba se envolvendo com o tráfico de drogas e
enfrentando uma série de problemas que o levam a um destino trágico. Para embasar a análise,
este trabalho explora as ideias de Michel Foucault sobre poder, controle social e a construção
das identidades individuais através do sistema prisional e de outras instituições de poder.
Foucault enfatiza a importância do discurso na construção da delinquência, e o artigo identifica
como a letra da música “Faroeste Caboclo” representa a marginalização e a criminalização de
João de Santo Cristo, contribuindo para a construção de uma identidade desviante. Outro ponto
de análise se dá com a relação entre o sistema prisional e a trajetória do personagem,
mostrando como a prisão se torna uma das formas de punição e controle social que ele enfrenta
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ao longo da história. Além disso, o artigo explora as formas de resistência e luta contra o poder
disciplinar e normativo da sociedade que também são retratadas na música. Utilizando como
referencial teórico, principalmente, a obra “Vigiar e Punir”, obra essa na qual Foucault explora
como a prisão é uma das principais instituições disciplinares da sociedade moderna, projetada
para controlar e normalizar indivíduos que são considerados desviantes em relação às normas
estabelecidas, o artigo evidencia como a música "Faroeste Caboclo" pode ser interpretada à
luz das ideias foucaultianas de poder e delinquência, oferecendo uma análise sobre a
construção social da identidade e as dinâmicas de poder que afetam a vida das pessoas,
exemplificadas através da história do protagonista João de Santo Cristo.

Palavras-chave: Foucault, Delinquência, Poder, Faroeste Caboclo.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO FÁBULA: PRODUÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

Jennifer Patícia De Araújo (SEDUC/AL),


Flávia Leônia Ferreira Da Rocha (SEDUC/AL)

Resumo: No presente texto intitulado “Sequência didática do gênero fábula: produção de


alunos do ensino fundamental”, trataremos dos elementos da narrativa no gênero fábula.
Teremos como objeto de análise o uso da paragrafação em produções de alunos 8º ano do
ensino fundamental lI. Como contexto de produção temos uma escola rural da rede Municipal
de Capela-AL. Nosso trabalho interage com autores como Figueiredo (1999), Antunes (2010)
e Marcuschi (2008). Metodologicamente, nosso trabalho, está inserido na pesquisa qualitativa,
a qual considera a redefinição do objeto de analise no contexto em que está inserido. A
concepção de linguagem, a qual nosso trabalho insere-se, é dialógica. Nessa perspectiva, a
língua não se restringe à materialização do pensamento e nem ao sistema de códigos
imutáveis. A língua é vista como ação, como formas de agir no mundo. Por ser perpassado
pelo social, a língua é palco de conflitos ideológicos, assim a língua não é transparente, pois é
obliterada pelos jogos de sentido. A concepção de gênero em nosso estudo ancora-se nos
pressupostos bakhtiniano. Esse teórico ressignifica o conceito de gênero discursivos que passa
a abranger também as situações cotidianas de linguagem. Nessa perspectiva, só há
comunicação humana por meio de gênero seja ele oral, seja ele escrito. Isso significa dizer que,
à medida que nos inserimos em diferentes esferas sociais, aprendemos novos gêneros, mas
essa aprendizagem não se dá num vazio, isolada, apoia-se no conhecimento de outros gêneros
que possuímos. Equivale a dizer que o conhecimento do gênero não se restringe a sua
formatação, abrange o conhecimento da realidade sócio-histórica, a participação social como
cidadão. A dotamos a noção de intervenção de RUIZ (2010). O qual nos deu a oportunidade
redefinição do nosso trabalho em sala de aula. Este trabalho com alunos revelou-nos que ao
planejar uma sequencia didática o professor não pode prever quais serão as dificuldades dos
alunos, como a aconteceu com a aluna Taise que não conseguia compreender o que era moral
da história e qual sua função no texto. Com isso, percebemos que o planejamento de aula deve
ser delineado à medida que as aulas acontecem com intuito de contemplar a necessidade do
aluno.

Palavras-chave: Texto, Parágrafação, Fábula, Refacção.

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TRABALHANDO A REESCRITA DE TEXTOS DOS ALUNOS DA EJA: UMA REFLEXÃO SOBRE OS
ELEMENTOS ARTICULADORES NO TEXTO

Flávia Leônia Ferreira da Rocha (SEDUC - AL)


Jennifer Patrícia de Araújo (SEDUC - AL)

Resumo: A articulação entre as partes do texto faz parte dos critérios de Coesão e Coerência
do texto. O presente estudo apresenta o resultado de uma análise de textos de alunos da EJA
- 8º e 9º período de uma escola pública da Rede Estadual de Alagoas. A partir de uma atividade
de sondagem de escrita, foi realizada uma sequência didática desenvolvida em três etapas:
escrita do texto; discussão acerca dos conectivos do texto e revisão do texto, objetivando a
melhoria dos textos dos alunos através do uso adequado dos elementos articuladores e a
produção do texto final. O trabalho foi realizado através de uma pesquisa qualitativa onde uma
das autoras é professora e tem o contato direto com a situação pesquisada, reconstruindo os
processos e a relação que configura a experiência escolar. A análise está baseada em estudos
de autores como Marchuschi (1994:6, apud Ruiz 2015), Ruiz (2015), Antunes (2010), Geraldi
(2012) e Passareli (2012), entre outros. Foram coletados os textos da turma que tem 15
alunos, dos quais seis foram tomados para a análise sobre a articulação. A escrita de textos é
um ato complexo por diversos fatores, entre eles, a conexão entre períodos e parágrafos
necessita de uma atenção especial para que o texto seja coeso e coerente, uma vez que ele é
uma unidade comunicativa e deve obedecer a um conjunto de critérios de textualização
(Marchuschi, 2008). A retextualização é uma atividade de grande relevância na escola, pois
nos propicia dizer o que foi dito por outros. Percebe-se um avanço significativo nas produções
escritas dos alunos, em relação ao uso dos conectores, a partir do conhecimento deles acerca
da importância desses elementos no texto, o que confirma a importância do “processo” na
produção e na compreensão de textos. Outro fator que ficou evidente após a produção final
foi a importância da reescrita do texto com a intervenção do professor.

Palavras-chave: Produção textual. Reescrita. Elementos articulador.

AS ÁGUAS E AS QUESTÕES SOCIAIS NA POESIA DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

Iêda Mano Fernandes (UNIFESSPA)

Resumo: A água é um dos elementos primordiais para região amazônica, e na maioria dos
textos literários, há a contemplação das belezas dos rios e das florestas, que podem ser
carregadas por uma certa “sentimentalidade tristonha que deriva da supressão e da ausência,
da percepção de fratura” (TUPIASSÙ, 2005, p. 308). Sendo poucas vezes apresentada como
elemento que provoca perdas e revela as desigualdades e a pobreza da população, e mais de
maneira contemplativa em que a beleza da natureza se sobressai às mazelas sociais, ainda
assim há uma produção de um acervo, no qual “a pobreza, as dores, e os conflitos são
evidenciados” (TUPIASSÚ, 2005, p.305). Esta comunicação tem como objetivo explicar a
importância da temática da água na produção poética da literatura da região Sul e Sudeste do
Pará, enquanto elemento que revela as questões sociais que atravessam essa região. O objeto
da pesquisa são poemas e letras de canções, nos quais trazem a temática sobre as águas, que
se relacionam com a literatura de testemunho por evidenciar de alguma forma o sofrimento, a
opressão e a desigualdade social de uma população que resiste à exploração e da imposição
de poder, tendo como base teórica para reflexão das produções poéticas, a teoria do
testemunho presentes nos textos de SELIGMANN-SILVA (2002) e de MARCO (2004). Está
comunicação apresentará as reflexões ainda iniciais da pesquisa, trazendo as algumas
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produções poéticas colhidas sobre o tema. PALAVRAS-CHAVE: Literatura de testemunho,
poesia de testemunho, realidade social, testemunho das águas.

Palavras-chave: literatura de testemunho, poesia de testemunho.

ETERNO FEMININO MALDITO: SEXUALIDADE E TRANSGRESSÃO EM HISTÓRIA DE GENTE


ALEGRE, DE JOÃO DO RIO

Sabrina Ferraz Fraccari (UFSM)

Resumo: João do Rio foi um escritor e jornalista brasileiro nascido na cidade do Rio de Janeiro
em 1881. Influenciado pela estética decadentista, retratou em sua obra a marginalidade
reservada àqueles cuja sexualidade divergia da regra heterossexual. O escritor carioca, ele
próprio homossexual, foi vítima constante de ataques que buscavam deslegitimá-lo em razão
disso, e, talvez por esse motivo, não desafiou, em seus escritos, os estereótipos associados às
sexualidades dissidentes durante a Belle Époque tropical. Contudo, a partir de elementos
decadentistas, retratou a perspectiva negativa da elite do período acerca, sobretudo, da
homossexualidade. Assim, esta proposta de comunicação tem como principal objetivo analisar
a representação de sexualidades dissidentes no conto História de gente alegre, de João do Rio.
Nessa narrativa, publicada no livro Dentro da noite, Elsa d’Aragon, jovem cocote (e a femme
fatalle decadentista), tomada pelo tédio da vida moderna (tema que perpassa a obra de João
do Rio), é aconselhada pelo Barão de Belfort, dândi e narrador do conto, a cometer um grande
excesso, seja pelo uso de substâncias alucinógenas, seja pela relação sexual com outra mulher.
Elsa escolhe a segunda opção, e decide entregar-se a Elisa. Esta, uma prostituta lésbica, é
descrita como tendo um aspecto cadavérico, e encarna o arquétipo da vampira, comum na
estética decadentista. Sua aparência é considerada ameaçadora e repulsiva a Elsa, segundo o
narrador, percepção essa que pode ser estendida também à elite carioca do período, da qual
o próprio Barão faz parte. A relação sexual entre as duas acontece, porém, acaba com Elsa
morta e Elisa louca. Nesse sentido, compreende-se que, do ponto de vista elitista adotado pelo
narrador do conto de João do Rio, o sexo entre mulheres constitui uma transgressão da ordem
e da moral, e a punição ao ato transgressor inscreve-se no corpo feminino através da morte e
da loucura.

Palavras-chave: Homossexualidade, contos, literatura brasileira.

OS NÍVEIS NARRATIVOS DO TEXTO À TELA EM ALEXANDRE E OUTROS HERÓIS

Wanderson de Freitas dos Santos (SEMED/AÇAILÂNDIA - MA)

Resumo: O livro Alexandre e outros heróis (1962), do escritor Graciliano Ramos, tem como
protagonista Alexandre, um velho de olho torto, que conta, de forma exagerada, várias histórias
de caráter fantasioso. Com base nos estudos de Gerárd Genette em Figuras III (2017),
compreende-se que essa obra do escritor alagoano dispõe de diferentes níveis narrativos muito
bem demarcados. Em 2013, essa obra foi adaptada em um filme homônimo, dirigido pelo
cineasta Luiz Fernando Carvalho e exibido no mesmo ano na TV Globo. Entende-se que, como
afirma Sotta (2015), os pontos de diálogo entre texto escrito e obra fílmica aumentam quando
é realizado o processo de adaptação cinematográfica. O estudioso reconhece as adaptações
cinematográficas como um elo entre literatura e cinema, e, dessa forma, a adaptação pode ser
considerada umas das formas mais importantes de aproximação da literatura com o cinema.
Para Noriega (2000) uma obra literária e um filme têm em comum a condição de história ou
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narração de acontecimentos reais ou fictícios, ligados segundo uma lógica, localizados num
espaço e protagonizados por alguns personagens. Além disso, tanto para Noriega, quanto
Gaudreault e Jost (2009), com pequenas diferenças entre as opiniões, uma obra fílmica em sua
totalidade é composta por diferentes camadas. Como dizem Bordwell e Thompson (2013), é
necessário observar mais atentamente o modo como os filmes incorporam a forma narrativa.
Nesse sentido, este trabalho desenvolve um estudo comparado entre a obra literária Alexandre
e outros heróis e a adaptação fílmica de Luiz Fernando Carvalho, a fim de analisar como foi
realizado o trânsito dos níveis narrativos presentes no texto literário para o texto fílmico e a
presença dos narradores em cada nível. Esta pesquisa de cunho analítico e bibliográfico conta
com a análise das duas produções e o respaldo de alguns teóricos e estudiosos, tais como:
Genette, Stam (2006) e Gaudreault e Jost. Com este estudo, a partir perspectiva de Vanoye e
Goliot-Lété (1994), entende-se que Luiz Fernando Carvalho, mesmo apresentando sua visão
no filme, adapta o texto de Graciliano Ramos captando as características de cada camada
narrativa do livro, mantendo-se estruturalmente semelhante à obra literária.

Palavras-chave: Literatura, cinema, adaptação, Graciliano Ramos.

CONTOS QUE RECONTAM A NAÇÃO: A MEMÓRIA COMO RECURSO À IDENTIDADE NA


PRODUÇÃO CONTÍSTICA DE OLINDA BEJA

Mithiele da Silva Scarton (E. M. de E. F. Prof. Francisca Lencina),


Daniel Conte (UFRGS)

Resumo: O presente trabalho, ligado aos estudos das literaturas africanas de língua portuguesa
de autoria feminina, têm como objetivo analisar o papel da memória enquanto ferramenta de
revisão e construção da identidade santomense que recorrentemente se reconstitui e traz
novos significados não somente aos símbolos da nação, mas também ao próprio sujeito que
se (re)significa. Para essa análise apoiamo-nos em quatro contos das obras contísticas da
escritora santomense Olinda Beja afirmando, assim, a importância aferida à cultura desse
espaço que tão cedo teve de deixar. Nascida nas ilhas, mas levada desde cedo à Portugal,
Olinda Beja faz questão de trazer em suas obras o mosaico cultural sob o qual constitui-se a
identidade da nação. Desse modo, a metodologia aqui empregada abarca uma pesquisa básica
bibliográfica a partir de leituras ficcionais e o cotejamento com os eventos históricos. É a partir
da memória das personagens presentes em alguns de seus contos que buscamos perceber de
que maneira esse encontro com o passado reconstrói o presente e possibilita uma visita à
identidade do povo santomense. Para isso, amparamo-nos principalmente nos estudos de
Aleida Assmann (2011), Márcio Seligmann-Silva (2003) e Maurice Halbwachs (1990), que
trabalham com a memória e são suporte para percebermos o trabalho desta na permanência e
representação de identidades. Ainda no que tange à importância da literatura africana de língua
portuguesa, valemo-nos de textos de Inocência Mata (2008, 2018) e Francisco Noa (2015),
seguidos de estudos de Homi Bhabha (1996, 2013) e Stuart Hall (1996, 2013, 2014, 2016),
que desenvolvem conceitos como hibridismo e representação, importantes para avaliarmos a
possibilidade da construção de uma identidade híbrida da nação. A partir dessas
considerações, entendemos que é entre a narrativa que percorre a história, a memória e a
identidade que Olinda Beja inscreve o imaginário das ilhas em um movimento de fluidez entre
o eu e o outro, entre as raízes nas ilhas e um crescimento longe delas, em que tudo parece
ganhar a dimensão do descobrimento e se transforma em conhecimento, de suas origens, do
seu povo e dos caminhos percorridos para que hoje possa contar essas histórias.

Palavras-chave: Memória. Identidade. Olinda Beja.


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LÁGRIMAS QUE SÃO OS FIOS PARA OS TEARES DA ALMA: GÊNERO E RAÇA NAS REFLEXÕES
DA OBRA INSUBMISSAS LÁGRIMAS DE MULHERES (2020) DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Amanda da Conceição Santiago (UFCAT)


Lucas Silvério Martins (UFCAT)

Resumo: Atualmente existem muitas discussões acerca das questões relacionadas a gênero e
raça, pautas que possuem qualidade de nos levar a refletir a respeito das experiências e
vivências presentes na sociedade contemporânea ocidental em sua totalidade. Diante disso,
buscamos, com esse trabalho, numa discussão inicial sobre a temática, proporcionar uma
reflexão das vozes pertencentes às mulheres – e de modo ainda mais específico, numa
justificativa autoral para a elaboração do trabalho, dando a ele não só voz como tornando-o
ferramenta de luta, lançando luz e vez a nós, mulheres pretas, visando analisar como as
questões culturais e sociais atravessam o corpo das mulheres pretas. Nessa perspectiva,
trazemos, sob a luz da fortuna teórica que disserta sobre a da literatura, aqui preconizada por
Cândido (2004) em sua concepção humanizadora do texto literário, ou seja, aquela de que a
literatura é capaz de ser meio pelo qual é possível humanizar e refletir sobre a condição
humana, utilizando como suporte a intrínseca relação entre forma e conteúdo, e a partir de um
viés analítico-interpretativo, uma das histórias presente no livro Insubmissas lágrimas de
mulheres (2020), de Conceição Evaristo. Na obra é narrada a história de Aramides Florença,
uma mulher preta que sofreu violência doméstica e sexual advindas do seu ex-companheiro,
pai do seu filho, expondo como o corpo da mulher preta é visto e tratado pela/na sociedade.
Assim, é possível compreender como tais ações refletem (in)diretamente no âmbito familiar,
uma vez que há a normalização de atitudes e comportamentos machistas e sexistas que
garantem aos homens poder sobre o corpo da mulher. De modo ainda mais específico,
podemos ver como essas ações causam efeitos principalmente no que se refere ao corpo da
mulher preta, visto que devido aos vários anos de escravidão, ocupamos a margem da
sociedade, de modo a nos tornarmos o Outro do outro, conforme explica Grada Kilomba (2019)
em sua concepção psicanalítica acerca do processo histórico da população preta. Dito isso,
podemos concluir, ainda que de forma embrionária, que há uma objetificação e inferiorização
– às vezes veladamente – do corpo feminino, em especial o da mulher preta, dado que as
questões sociais e culturais moldam o imaginário social.

Palavras-chave: Literatura e gênero, Literatura e raça, Conceição.

SOMOS TODOS AUTORES, MAS UNS SÃO MAIS DO QUE OUTROS: AUTORIA E STATUS NA ERA
DA INTERNET

Sergio Marcone da Silva Santos (UFPR)

Resumo: Queremos discutir a permanência de padrões que mantém a institucionalização do


sistema literário a partir da condição de status adquirida pela autoria. Instituição “é uma zona
de coordenação fechada mantida por sistemas automatizados” e quanto mais automatizada a
organização, mais institucionalizada e “burocratizada” ela é (Burja, 2018). Todos que dela
participam procuram manter suas histórias alinhadas aos propósitos criados, mesmo que
internamente os objetivos não se concretizem. O alinhamento obedece ao que Burja chama de
“tecnologia social”, a tecnologia não material que influencia nossos atos e tomadas de decisões;
algo análogo à engenharia social que, à exceção das tecnologias sociais mais simples,
geralmente são projetadas, fazendo com que os componentes da instituição busquem
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individualmente ações em direção ao seu objetivo, acreditando que o que fazem é eficaz (Burja,
2018). A institucionalização da arte emerge no século XVIII, período cujas mudanças profundas
fizeram prosperar ideias como as de “autor”, “originalidade”, a separação entre “Grande Arte”
e arte popular etc., característicos presentes até hoje. Considerando que as práticas utilizadas
na internet têm afetado a nossa vida offline, o especialista em mídias Andrey Miroschnichenko
diz que, numa época em que todos copiam, editam e repostam todos, a figura do autor não é
suprimida, mas produzida em miríade (2014). Para ele, estamos experienciando agora a
terceira emancipação do conteúdo: a da autoria firmada pelo uso intensivo de aparelhos
conectados à internet, o que permite a indivíduos direitos ilimitados de compartilhar seus
pensamentos com outros, quaisquer que sejam suas razões ou mesmo que não as tenham
(2014). Somos instados a participar porque desenvolvemos uma “sede por resposta”, i.e., o
desejo incessante de recebermos feedbacks sobretudo em redes sociais, o que faz de todos
nós autores. Entretanto, personalidades fortes emitem mensagens fortes e são capazes de
receber respostas de uma grande quantidade de pessoas; e a pessoa que é capaz de receber
uma reação vinda de um largo grupo torna-se líder. Já aqueles que correm para compartilhar
seus conteúdos, considerados de grande impacto, estão exibindo um status de conhecimento
a partir da premissa de que a pessoa informada tem mais status que a desinformada:
“compartilho, logo significo alguma coisa”, do contrário, “sou um loser”, pensamos. Assim, a
disponibilidade de materiais na internet tem levado a um novo tipo de relação com esses
recursos, destacando indivíduos que ganham maior credibilidade no mundo altamente
competitivo da autoria. Isso significa que a busca por reconhecimento é impulsionada
principalmente pela busca por status, o que afeta nossa relação com a cultura em geral (Marx,
2022). A situação cria a oportunidade de explorarmos questões fundamentais, como os
processos de institucionalização da arte e como eles são mantidos ao longo do tempo. Nosso
objetivo é explorar um pouco os conceitos de “emancipação da autoria” e “status” tencionando
mostrar que, em contraponto à ideia de autoria liberta de convenções ou que prega uma
alteridade a todo custo, o momento corrente ainda mantém o autor como autoridade
disseminadora de padrões que sustentam a institucionalidade da literatura.

Palavras-chave: Autoria, Internet, Institucionalização, Marx.

LITERATURA NO PALCO: UMA PRÁTICA DIALÓGICA EM SALA DE AULA NA CIDADE DE


PARINTINS-AM

Dilce Pio Nascimento (CESP/UEA)

Resumo: Esse trabalho tem como foco principal mostrar os relatos de experiência de
professores da Educação Básica, do ensino de literatura, através da metodologia de práticas
teatrais em sala com o projeto “Literatura no palco”, entre 2012 a 2016, na cidade de
Parintins-AM. O referido projeto foi implementado pela CAPES para atender ao Programa
Institucional de Formação Docente (PIBID), no Centro de Estudos Superiores de Parintins
(CESP/UEA). O projeto constitui-se de oficinas de teatro, produções de esquetes teatrais com
adaptações de obras literárias local e nacional, além de recitais de poesia. Sabe-se que na
educação Básica, os estudos literários, na maioria dos estados brasileiros, integram uma única
disciplina chamada “Língua Portuguesa”. Diante dessa realidade, percebe-se que a referida
disciplina abrange um amplo campo de estudo como redação, gramática e literatura, fazendo
com que muitos professores dediquem mais atenção ao ensino gramatical em detrimento do
ensino literário. Segundo Cosson (2023) “essa medida indica, claramente, que o conhecimento
literário é considerado como um saber dependente de outro e, no seu limite, supérfluo ou sem
importância” (p. 9). Diante dessa realidade, como estimular professores e alunos à práticas de
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leituras literárias? Muitos acadêmicos de Letras chegam à universidade sem conhecimento
básico literário. Nesse contexto, surgiu a ideia de trabalhar o dialogismo entre literatura e
teatro. O teatro em sala de aula é uma oportunidade de expressar a literatura “viva”, a leitura
em voz alta, a performance teatral auxilia o aluno na compreensão do texto. Ao verbalizarem,
alunos e professores se aproximam numa relação pedagógica participativa. Nesse espaço não
existe superioridade, existe diálogo. A alteridade pelo discurso do outro permite uma relação
horizontalizada do conhecimento. Atualmente, a maioria dos egressos, do curso de Letras, do
Centro de Estudos Superiores de Parintins, envolvidos no referido projeto, são professores da
Educação Básica. O projeto “Literatura no Palco” instiga o professor, de Língua Portuguesa,
pensar novas metodologias de ensino de literatura na contemporaneidade. Os principais
teóricos que embasam esse trabalho são Brait (Org.1997), Bakhtin (VOLOCHINOV, 2002)
Cosson (2023), Tardif (2008), Lévinas (1997), Morin (2015).

Palavras-chave: Ensino, Metodologias, Literatura, Teatro.

O DUPLO EM LA NINÃ QUE PERDÍ EN EL CIRCO DE RAQUEL SAGUIER

Flayra de Oliveira (UFFS)


Ana Carolina Teixeira Pinto (UFFS)

Resumo: O presente artigo visa analisar o duplo na obra La ninã que perdí en el circo da
escritora paraguaia Raquel Saguier, publicado em 1980. A narrativa, considerada de cunho
autoficcional, explora a relação controversa entre a mulher adulta e sua criança interior de
forma dialética. Isto é, ambas têm espaço igualmente importantes na narrativa, fazendo com
que não haja hierarquia entre as vozes, como já nos destaca Bakhtin sobre as obras de
Dostoiévski. Na perspectiva que defendemos nesta pesquisa, a narrativa de Saguier se constrói
a partir da figura do duplo. Portanto, para defender tal hipótese, dividimos o artigo em três
partes: a primeira, voltada ao aporte teórico sobre a questão do duplo na literatura, sobretudo
os estudos de Mikhail Bakhtin; na segunda, uma apresentação das vozes narrativas da obra, a
mulher adulta e a menina; na sequência, uma discussão sobre a metanarrativa apresentada em
La Niña que Perdí en el Circo e suas consequências nos desdobramentos do duplo. Em cada
uma das sessões apresentadas, dialogaremos com a crítica especializada tanto sobre a teoria
como sobre a obra de Saguier.

Palavras-chave: Literatura paraguaia, Duplo,Saguier, metanarrativa.

POR ENTRE ASSASSINOS E SUICIDAS - RELAÇÕES DE PODER NA OBRA DE F. DOSTOIÉVSKI

Raphael Bessa Ferreira(UEPA)

Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de discorrer sobre as relações de poder e/ou
ausência de poder enquanto elementos primordiais para a temática da morte na obra de Fiódor
Dostoiévski, mais precisamente a partir de uma visão panorâmica da prosa madura deste
escritor, tomando como recorte para o corpus da pesquisa os romances Crime e Castigo
(2009), O Idiota (2002), Os Irmãos Karamázov (2008) e Os demônios (2004). Salienta-se que,
nestas obras, o autor optou por constituir ao enredo das narrativas questões tão caras às
temáticas do assassinato e do suicídio, seja por conta da problematização dos aspectos
financeiros, ou ainda os de ordem moral, quanto por conta dos de âmbito filosófico e mesmo
os de motivo passional. Desta feita, serão utilizadas ideias distintas para compor o aporte
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teórico necessário para o sustento desta investigação, naquilo que se coaduna sob o prisma
da interdisciplinaridade, de modo a compreender, sistemicamente, o objeto de estudo graças
a conceitos e teorias que se interseccionam. Assim, sendo um estudo estritamente biográfico,
e de viés qualitativo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009), a pesquisa baseia-se, fundamentalmente,
em conceitos dispostos na psicanálise de Freud, mais precisamente a partir do ensaio intitulado
“Dostoiévski e o Parricídio” (2010), ao versar sobre o tema do assassinato do pai da horda
como mote ao princípio da interdição e dos tabus; Girard, que, em “Dostoiévski: do duplo à
unidade” (2011), assinala o aspecto ambivalente que a figura do outro desencadeia diante do
sujeito que se ressente, de onde surge a reflexão da violência e do bode expiatório como
plexos relevantes à observação aqui pretendida; bem como em Pondé, que, em “Crítica e
Profecia – a filosofia da religião em Dostoiévski” (2003), assevera que nas obras do escritor
russo o tédio inaugura o sentimento de vazio do ser e de desvalorização da vida, o que acarreta
no niilismo e em atos de nulificação da vida do outro. De qualquer modo, nota-se que os
personagens das obras citadas rompem leis, tradições e tabus em prol de alguma ideia
logicamente fundamentada, corroborando, aí, que os delitos cometidos neste universo ficcional
sejam proeminentes a toda uma gama de transvaloração do homem imbuída na confecção
daqueles caracteres. Não por acaso, tanto Raskólnikov quanto Rogójin e Smierdiakóv justificam
racionalmente seus assassinatos, na mesma medida que Kirílov e Svidrigáilov possuem forte
argumento lógico-cartesiano para tirarem suas próprias vidas. As relações de poder, portanto,
mostram-se de suma importância para a compreensão dos atos hediondos perpetrados por
estes personagens no enredo das obras elencadas para análise e discussão.

Palavras-chave: Dostoiévski, Poder, Morte, Assassinato, Suicídio.

A REPRESENTAÇÃO FEMININA: AS NARRATIVAS DAS PERSONAGENS BIBIANA E BELONÍSIA


NO ROMANCE TORTO ARADO, DE ITAMAR RANGEL VIEIRA JUNIOR (2019)

Camila Gonçalves da Costa (UFMS)

Resumo: A presente comunicação oral visa discutir a representação da figura feminina presente
no romance contemporâneo Torto Arado (2019), escrito pelo nordestino Itamar Rangel Vieira
Junior, vencedor dos prêmios: Leya (Portugal, 2018), Jabuti (2010) e Oceanos (2020), que traz
em sua essência a temática da mulher negra, pobre e explorada, que mesmo após a abolição
continua cativa como seus ancestrais. Além disso, a obra em questão faz emergir uma
diversidade de temas que revelam as desigualdades sociais, o peso da fome, o abandono e
desrespeito aos trabalhadores rurais, expropriados do seu direito à terra e aos mecanismos de
resistência, criados pelas comunidades de minorias para sobreviver. Nesse contexto, esta
proposta de comunicação centra-se em refletir como as dimensões de exclusão social – gênero,
raça/etnia e classe social – se interseccionam na construção das personagens, Belonísia e
Bibiana, a partir do aporte teórico da historiografia literária e da abordagem pós-crítica. Os
esforços investigativos trazem subsídios para o entendimento do imaginário feminino brasileiro
na literatura, já que notavelmente a representação feminina é pouco estudada dentro dos
romances nacionais, dificilmente tendo papéis principais ou representativo-diferenciais nos
enredos de maior destaque, sendo estes destinados geralmente aos personagens masculinos.
Nesse ínterim, não escapam as discussões de como têm sido construídas, legitimadas,
questionadas e mantidas as categorias de identidade, gênero e mulher, bem como uma visão
da mulher e sua luta na busca por seu ser e estar no mundo, no contexto da história das
mulheres e das relações de gênero, considerando assim, aludir às resistências e pluralidades
de sujeitos, como também as reivindicações libertárias e os espaços de igualdade na sociedade
brasileira. Para tanto, o corpus literário centra-se nos seguintes autores(as): Candido (1995;
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2000), Beauvoir (1970), Bosi (2006), Maria Pedro (2005), Scott (2005; 2012); Stuart Hall
(2011; 2016), Rago (2013), Tomaz Tadeu da Silva (2014), Vieira Junior (2019).

Palavras-chave: Literatura, Literatura brasileira, Feminino.

A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO EM MIRIAM ALVES E HELENA ALMEIDA

Scheila Cristina Alves Costa Leite (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo a análise comparativa do romance “Bará na trilha
do vento” da autora brasileira Miriam Alves e da fotografia “Ouve-me” da artista portuguesa
Helena Almeida, tendo como embasamento teórico as concepções sobre a representação
feminista de Uma Naryan e de Simone de Bevouir. A representação da mulher na arte, quer
seja na literatura ou na pintura, perpassa épocas se projetando na sociedade em momentos
feministas distintos ao criar ou recriar imagens predefinidas ou definidas de mulheres dentro
de um contexto de mudanças, manifestações ou do posicionamento da mulher ainda ligado ao
patriarcado. Bará na trilha do vento é um romance da autoria da escritora negro-paulista Miriam
Alves que fala da história de uma família negra, onde a protagonista Bárbara, conhecida como
Bará, representa a força, a dignidade e os valores da cultura e da mulher negra brasileira,
mesmo crescendo num bairro pobre da periferia de uma grande cidade. A romancista Miriam
Alves cria a personagem Bará como a representação da linhagem da mulher brasileira forte,
profissional, independente e moderna, protagonizando e dando assim uma maior visibilidade
da população feminina brasileira, independente, instruída e ética, exemplo para outras
mulheres da realidade social atual. Dentro desse enfoque feminista, na fotografia “Ouve-me”,
a artista Helena Almeida, coloca o seu próprio corpo como protagonista de sua arte ao usar a
sua boca vedada para questionar o feminismo ao revelar a urgência da mulher em se comunicar
dentro de um contexto artístico muitas vezes adverso da sociedade, refletindo sobre si e sobre
o mundo, instigando as memórias e as ideias de outras mulheres sobre o seu valor e o seu
papel de mulher na sociedade e também na arte. Essas duas formas de arte revelam, mesmo
em dois modelos artísticos distintos, as semelhanças em comunicar o universo feminino, no
qual as mulheres ficaram presas por muito tempo e que através da arte querem escapar,
revelando, nas entrelinhas de seus textos, o seu interior e o seu exterior, seus sonhos, ambições
e suas ideias que por muito tempo a cultura do patriarcado não permitiu que fossem evocadas.
Palavras-chave: Fotografia, Romance, Feminismo, Brasil, Portugal.

Palavras-chave: fotografia, romance, feminismo, Brasil, Portugal.

VARIAÇÃO TERMINOLÓGICA DA COVID 19

Daniel de Sousa Ribeiro (UFMA)

Resumo: Nos últimos tempos, a temática da variação terminológica tem ganhado cada vez mais
relevância, como demonstrado pelo crescente número de pesquisas nessa área a pesquisa
busca entender o processo de variação de variação terminológica- denominativa e conceitual
e suas causas é um importante meio de se entender os fenômenos que estão por trás da
linguagem nos contextos especializados. Além disso, está pesquisa pretende contribuir para
esse campo em expansão, oferecendo uma análise aprofundada da variação denominativa da
Covid-19 em um contexto complexo, através da utilização de diferentes gêneros textuais e
níveis de especialização. Portanto, tem como objetivo contribuir para a construção de um banco
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de dados que auxilie na análise e produção de pesquisas linguísticas, especialmente no campo
da Terminologia, em várias áreas do conhecimento relacionadas aos estudos da linguagem.
Para alcançar esse objetivo, serão explorados diferentes gêneros textuais, que abrangem desde
textos mais especializados até aqueles de uso mais geral. Além disso, diferentes níveis de
especialização serão considerados, a fim de capturar as nuances terminológicas em diferentes
áreas do conhecimento. Uma pesquisa de exploratória e natureza bibliográfica. Além disso, a
pesquisa busca estabelecer um possível dialogo teórico e metodológico entre os campos da
Terminologia e Linguística de Corpus, o banco de dados que será trabalhado fornecerá
informações ricas e diversificadas sobre a variação terminológica da Covid-19, permitindo a
realização de pesquisas mais abrangentes e aprofundadas em diversas áreas do conhecimento
da linguística. Do ponto de vista teórico, cumpre entender o espaço que a Terminologia, campo
de estudo léxico e da comunicação em ambientes profissionais e técnicos, tem tido com a
linguistica de corpus, campo de estudos da linguistica que se ocupa da organização e
processamento de corpora de diferentes natureza Finato comenta que “Terminologia e
Linguistica Textual têm dialogado em torno de um objeto comum, o texto técnico- cientifico e
seu léxico, os quais são objetos de exploração com apoio informatizado. A aproximação,
entretanto, ainda parece ainda um tanto tímida, apesar da vocação transdisciplinar dos
parceiros envolvidos, visto que se trata de um ponto de encontro e não de uma diluição de
especificidades”. Portanto, é importante mencionar que a pesquisa busca colaborar para a
formação de pesquisador no campo da Terminologia e da Linguística de Corpus, sobretudo
pelo desenvolvimento de estudos e reflexões advindas do fazer científico. Em suma, esta
pesquisa visa estabelecer uma ponte entre os campos da Terminologia e da Linguística de
Corpus, explorando a variação terminológica da Covid-19 em um contexto complexo. Ao
contribuir para a construção de um banco de dados, pretende-se impulsionar a pesquisa
linguística e terminológica em diferentes áreas do conhecimento, proporcionando uma
compreensão mais abrangente e aprofundada da terminologia relacionada à pandemia e
promovendo a colaboração entre os campos da Terminologia e da Linguística de Corpus.

Palavras-chave: Variação terminológica, Covid 19, Terminologia.

DISCURSO E RESISTÊNCIA: UMA ANÁLISE LITERÁRIA DA CANÇÃO LIONS DE SKIP MARLEY


PELAS LENTES DA CORRENTE PÓS-COLONIAL

Michel Marques Correia (UESPI)

Resumo: Este trabalho visa analisar o discurso presente na música Lions de Skip Marley,
lançada em fevereiro de 2017, a qual foi atribuída referência aos protestos contra a posse
presidencial estadunidense por Donald Trump, declaradamente um opositor aos assuntos
relacionados aos imigrantes e refugiados nos Estados Unidos. Considerando a perspectiva
propagada pela mídia a respeito das questões envolvendo os movimentos de migração, o
trabalho aspira responder a seguinte questão: Como o discurso de protesto presente em Lions
colabora para uma desconstrução ideológica relacionada à imigração? Para responder a essa
pergunta, determinamos como objetivo geral: analisar estrofes que manifestem correlações
com a perspectiva pós-colonialista em que os imigrantes se inserem. Com a finalidade de atingir
este objetivo principal, foram estabelecidos como objetivos específicos: investigar publicações
que abordem os pressupostos teóricos da corrente Pós-Colonial, apontar elementos que
motivam a propagação de ideais etnocêntricos e discutir os meios que essas concepções são
representadas nas produções literárias. A fim de alcançar estes objetivos, foi efetuada uma
pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa do tipo bibliográfico-exploratória à luz da
teoria Pós-Colonial, fundamentada em autores como Ashcroft (2013), Said (1978), Spivak
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(1985), Bonnici (2009), entre outros. As considerações finais expressam as maneiras como a
ideologia propagada acerca dos movimentos migratórios é desconstruída por meio do discurso
presente em Lion.

Palavras-chave: Crítica Literária, Marley, Discurso, Resistência.

O ALEGRE CANTO DA PERDIZ: UMA TRISTE HISTÓRIA SOBRE A COLONIZAÇÃO

Laura Henriques de Almeida Demarque (UFF)

Resumo: O sociólogo brasileiro Gilberto Freyre destaca, ao longo de sua obra, aspectos sobre
os processos de colonização da Coroa Portuguesa, tanto no Brasil, quanto nos países africanos.
Ele estudava as relações estabelecidas durante o período colonial, criando o chamado mito da
democracia racial e o conceito de lusotropicalismo, que acredita na boa relação estabelecida
entre colonizadores e colonizados. Em seu livro “Aventura e Rotina”, publicado pela primeira
vez em 1953, Freyre narra sua viagem pelas colônias portuguesas. Durante a expedição, ele
descreve sua visão de que a miscigenação e o gosto pela mobilidade praticada pelos
portugueses e a fácil aclimatação aos trópicos, características naturais dos exploradores,
permitiram que o processo colonial empregado se diferisse dos demais países europeus.
Mesmo com as inúmeras problemáticas de seu discurso, Freyre convida ao leitor para uma
reflexão sobre as relações de poder estabelecidas nesse período e que refletem, diretamente,
na construção de identidade atual. Ao pensar sobre essa temática, o romance " O Alegre Canto
da Perdiz", escrito pela moçambicana Paulina Chiziane, aponta, por meio da ficção, algumas
características do processo de colonização em Moçambique, desconstruindo a imagem de
harmonia proposta por Freyre e construindo um novo cenário a partir da visão do sujeito
oprimido. Chiziane cria personagens que viveram o período de dominação e que sentiram na
pele toda a violência do colonialismo, trazendo para a discussão questões como o
patriarcalismo e a necessidade da assimilação. O presente trabalho busca analisar, de maneira
crítica, como tais processos ocorreram à luz de diferentes visões; a do colonizador e a do
colonizado, contribuindo assim para a construção da história e da formação da identidade do
povo moçambicano.

Palavras-chave: Colonização, Moçambique, Portugal, Assimilação.

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA COMO RECURSO EXPRESSIVO: A ANÁLISE DE UM POEMA DE


PATATIVA DO ASSARÉ

Tallyson Tamberg Cavalcante Oliveira da Silva (UFRJ)

Resumo: O presente trabalho tem como fundamental objetivo a análise do poema “O poeta da
roça”, de Patativa do Assaré (1909-2002), pseudônimo de Antônio Gonçalves da Silva, poeta
cearense cujo estilo inconfundível é marcado pela utilização da linguagem matuta, variedade
linguística própria da região sertaneja do nordeste brasileiro, utilizada principalmente pelos
falantes com baixa escolaridade – como é o caso de Patativa do Assaré. Valendo-se, pois, das
nuances diatópica e diastrática da língua, o poeta apropria-se de uma estigmatizada variação
linguística como recurso expressivo na construção de seus versos. Desse modo, o trabalho ora
apresentado procura averiguar e analisar, com base na Sociolinguística e na Estilística, de que
modo os vários elementos das variedades linguísticas geográficas e socioculturais utilizadas
pelo poeta podem apresentar-se como ricos instrumentos para a construção de um expressivo
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objeto cultural, o texto poético. A metodologia utilizada para a análise do corpus tem como
base os pressupostos da Sociolinguística e da Estilística voltados para a análise do material
literário. Os principais autores consultados foram Candido (2006), Bagno (2003, 2015),
Monteiro (2009), Simões (2005, 2019), Henrique (2018), Câmara Jr. (2004), dentre outros.
Assim, o presente trabalho pretende evidenciar que os recursos expressivos utilizados na
configuração de um texto poético vão além dos elementos intrínsecos à construção dos versos,
podendo incidir, também, nas escolhas lexicais, na alteração de recursos fônicos e na utilização
de variantes linguísticas, mesmo aquelas tidas como estigmatizadas e, portanto, alvo de
preconceitos. Desse modo, pretende-se, aqui, dissecar o poema mencionado com ênfase na
construção de sua linguagem, evidenciando-a como recurso expressivo de valor, a despeito do
aspecto negativo a que tal variedade costuma ser rotulada, tida como “língua rústica”,
“português errado” e “língua de quem não tem cultura”.

Palavras-chave: Patativa do Assaré, Sociolinguística, Estilística.

ENTRE A CRUZ E O ATABAQUE, MEMÓRIAS CULTURAIS INTERCRUZADAS: CONFLITOS,


TENSÕES E DESLOCAMENTOS NA SÃO LUÍS DE JOSUÉ MONTELLO

Welida Maria Gouveia Silva (UFMA)


Francinaldo Pereira da Silva (UEMA)

Resumo: Este trabalho busca sobre a perspectiva memorialista de autor maranhense, Josué
Montello analisar o passado multiculturalista da sociedade ludovicense, compreendendo
memória, cultura e espaço, numa abordagem que visa contemplar as relações sociais travadas
pelas personagens no que tange às manifestações religiosas e os conflitos estabelecidos dentro
de uma visão majoritariamente eurocêntrica. Para tanto, desenvolvemos, metodologicamente,
uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, respaldada nos trabalhos de Jan Assmann
(2008), Stuart Hall (2003) e Bhabha (1998), que procura discutir nuanças sobre memória
cultural, multiculturalismo e sujeito pós-moderno, sob a ótica da colonialidade (Domínguez,
2015). Desse modo, trazemos à baila os processos culturais de transculturação nas relações
das personagens com o meio, a fim de percebemos como estes são passíveis de constituírem
sujeitos culturalmente deslocados, que vivem num entre-lugar comum às formas simbólicas de
culturas representadas no romance. Assim, constatamos que as personagens negras tecem
relações sociorreligiosas conflituosas, nas quais suas identidades são forjadas dentro de uma
teia complexa que revela um entre-lugar localizado entre a cruz e o atabaque (cultura branca
e cultura negra), ao mesmo tempo que tais sujeitos traduzem e negociam essas relações.

Palavras-chave: Memória;Multiculturalidade;Transcultura;Religião.

"A CARNE MAIS BARATA DO MERCADO É A PELE NEGRA": CONSTRUÇÃO,


REPRESENTATIVIDADE E IMOBILIZAÇÃO DO CORPO FEMININO EM ÁGUA DE BARRELA, DE
ELIANA ALVES CRUZ

Francisca Joziane de Matos Silva (UFMA)

Resumo: O trabalho em questão visa realizar uma leitura e análise sobre como o corpo feminino
negro é configurado e apresentado, deslindando marcas históricas de opressão, estereótipos,
subjugação e sexualização que o mesmo carrega, presentes na prosa literária de autoria de
Eliana Alves Cruz: Água de Barrela. A pesquisa gira em torno da seguinte problemática: como
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ocorre a objetificação e a exploração do corpo feminino negro, no romance mencionado, e para
que se responda a este questionamento tem-se como objetivo geral, analisar os aspectos que
denotem na referida obra a objetificação e a exploração do corpo feminino negro;
Especificadamente, evidenciar a ideia de corpo feminino situado no período histórico vigente
que a prosa traz, os anos de 1850 à 1888, na qual a sociedade Brasileira vivia sob um regime
escravocrata e patriarcalista; verificar como a partir desse sistema cultural, naturalizado e
justificado pela escravidão, o corpo feminino era visto como alvo destinado a satisfação de
necessidades sexuais e econômicas e mostrar as violências e opressões que o corpo feminino
era submetido diante da obrigatoriedade servil. Para tanto, será realizada uma pesquisa
eminentemente de cunho bibliográfica, qualitativa e interpretativa, partindo de leituras prévias
sobre a temática, utilizando-se como corpus a obra supracitada acima. Como aporte
metodológico, busca-se centrar em uma perspectiva contextualista, levando-se em
consideração o contexto, tempo e espaço em que a narrativa se estabelece. com base em
autores como Heleieth Saffioti (2015); Simone de Beauvoir (2016); Angela Davis (2016); Lélia
Gonzalez (2020); Bell Hooks (2014); entre outros.

Palavras-chave: Objetificação, Exploração, Mulher negra, Corpo.

POESIA E IMPRENSA: UMA ANÁLISE DOS POEMAS "PALAVRAS ERRANTES DAS MULHERES
POETAS, DE MARILZA RIBEIRO E "PROTESTO PARA TEREZA, DE WLADEMIR DIAS PINO

Simoni Rodrigues dos Santos (UNEMAT)

Resumo: O presente artigo propõe desenvolver um estudo sobre a produção artística


contemporânea, publicizada na primeira edição impressa da revista Pixé (2019), intitulada
“Geração Pixé”, tendo como foco o poema: “Palavras errantes das mulheres poetas”, de Marilza
Ribeiro e o poema “Protesto para Tereza”, de Wlademir Dias Pino, publicado na Primeira edição
da revista Sarã (1951), poema esse, que substancializa tendências intensivistas, ligados ao
movimento modernista no século XX. Para tanto, faremos uma revisão sistemática qualitativa
das principais publicações que abarque os estudos acerca das revistas literárias, que possam
contribuir com os métodos de leitura e amplie as projeções artísticas relacionadas a esses
periódicos. Dentre as bibliografias estão: Candido (1981; 2006), Barthes (1988), Yasmin Nadaf
(1993), Magalhães (2001), Ramos (2011), Bakhtin (2003), Leite (2005), Almeida (2012),
Castrillon-Mendes (2019), Campos (2021), Mahon (2021) entre outros teóricos e críticos que
contemplem em seus estudos, abordagens basilares que subsidiaram as análises. Neste ínterim,
passamos a reconhecer, por meios dos poemas, as simultaneidades dos signos verbais, não-
verbais e suas espacializações recorrentes de uma amálgama entre texto-imagem-contexto,
que estratificam nos versos, as questões sociais que circundam a poesia. E, por fim, delinear
uma relação entre a Pixé e a Sarã, ambas revistas literárias produzidas em Mato Grosso.

Palavras-chave: Poesia. Imprensa. Cenas contemporâneas.

A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE LÉSBICA NO ROMANCE CONTROLE, DE NATÁLIA BORGES


POLESSO

Carolina Montebelo Barcelos (PUC-Rio)

Resumo: Este estudo tem por objetivo examinar a representação da identidade lésbica em
Controle, de 2019, da escritora gaúcha Natalia Borges Polesso. Esse é o primeiro romance da
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escritora, cuja produção de livros de contos tem tido reconhecimento de leitores, tem sido
fonte de estudos acadêmicos e recebido prêmios literários. O romance versa sobre a identidade
lésbica, além dos estigmas e preconceitos em relação à lesbianidade. Em linhas gerais, em
Controle, a protagonista e narradora Fernanda se depara com a solidão, com os percalços por
conta de de sua epilepsia, com a descoberta de sua sexualidade e sua relação de amizade e
posterior paixão por Joana. Para fins de aporte teórico, serão utilizadas as escritas sobre o
feminismo descolonial lésbico da antropóloga dominicana Ochy Curiel, ensaio da escritora
francesa e teórica do feminismo Monique Wittig sobre a lesbianidade como transgressão a uma
sociedade que tenta impingir a heterossexualidade, artigo da escritora e feminista norte-
americana Adrienne Rich sobre a heterossexualidade compulsória, o livro da teórica norte-
americana de estudos de gênero Eve Sedgwick sobre um “armário” que regularia gays e
lésbicas, e o livro da filósofa americana Judith Butler Problemas de gênero quanto à subversão
à ordem heteronormativa. Embora haja estudos acadêmicos voltados para a pauta feminista e
lésbica, a crítica literária e professora da UNB Regina Dalcastagnè demonstra, a partir de uma
pesquisa realizada sobre a escrita e representatividade de gêneros na literatura brasileira
contemporânea, que as autoras são ainda minoria dentre os escritores publicados. Tal recente
pesquisa teve como recorte e fonte romances publicados pelas maiores editoras do Brasil.
Também indica-se que as mulheres são sub-representadas na ficção, sendo as protagonistas
ou narradoras em número pequeno, e há uma preponderância de personagens heterossexuais,
o que vai de encontro à crescente luta pelos direitos LGBTQIAP+, prevalecendo, ainda, na
maioria, os personagens homossexuais masculinos. Urge, portanto, examinar a escrita e
representação das relações e sexualidade feminina, aqui, em uma perspectiva da lesbianidade
na literatura.

Palavras-chave: Representação, Identidade lésbica, Romance.

A VARIAÇÃO E O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO LIVRO DIDÁTICO: UMA INVESTIGAÇÃO


SOBRE O ENSINO DOS PRONOMES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Wendy Naelly Freitas Santana da Silva (UFMA),


Gabriela da Silva Lima (UFMA)

Resumo: Tendo em vista que o Brasil é um país com diversidade cultural, étnicas, regionais, a
língua também apresenta essa diversidade. Nessa direção, entende-se a variação linguística
como um fenômeno da língua que apresentam-se distintas formas de falar em diferentes
regiões e classes sociais, um fenômeno sistêmico nas línguas que pode provocar mudanças em
todos os níveis linguísticos, dentre eles, o sistema pronominal. Levando em conta que é no
contexto escolar que a pluralidade de fala se evidência aos alunos e que o próprio preconceito
contra a diversidade linguística nasce na escola, é nesse ambiente que a diversidade linguística
deve ser debatida, conjecturando que são os professores de língua materna que seriam os
principais responsáveis em introduzir essa temática em sala de aula. Entretanto, a tarefa de
intervir nas salas de aulas com essa discussão é pouco executada, pois os instrumentos de
ensino dos professores se limitam apenas ao Livro didático, que, muitas das vezes, é detentor
de um discurso único e contrário à diversidade linguística. Nesse sentido, é necessário repensar
estratégias e discussões que permitam a compreensão da heterogeneidade linguística, em
favor de um ensino da língua que considere a diversidade de formas possíveis em uma língua
como o português. No contexto dessas discussões, a pesquisa partiu das observações
realizadas no ensino fundamental II, da Unidade Integrada Matias Mendes de Oliveira,
localizada no munícipio de Vitorino Freire – MA, como requisito da disciplina de Metodologia
do Ensino de Língua Portuguesa I do curso de Letras da Universidade Federal do Maranhão,
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em Bacabal. Tendo como foco a discussão e análise da exclusão da abordagem da variação
linguística e a imposição da gramática normativa no que tange aos pronomes pessoais e de
tratamento, a presente pesquisa analisa o livro didática de língua portuguesa do ensino
fundamental anos finais. Assim, pretende-se verificar como a variação linguística é discutida
quando é descrito o sistema pronominal do português brasileiro nos livros didáticos do 6°ano.
Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo e bibliográfica para coleta e análise dos dados,
considerando os exercícios propostos e as definições para os temas em questão do material
didático discutido. Tal estudo tem como fundamento os estudos no campo da Sociolinguística,
principalmente os trabalhos de Bagno(2006 e 2007) Batista e Rojo (2003), Souza (2011)
Bortoni-Ricardo (2005) Faraco e Bagno (2002) Bagno, Stubbs e Gagné (2002) entre outros.
Esses autores têm debatido o espaço da variação linguística em sala de aula, sobretudo
pensando a relevância de se aceitar a variação linguística como tema das aulas de língua
portuguesa. A partir da pesquisa, foi possível concluir que os livros didáticos não dão espaço
para a temática da variação linguística, principalmente quando trata sobre os pronomes do
português brasileiro e a prática de sala de aula segue quase que estritamente o que é
preconizado no livro didático. Conclui-se, desse modo que existe uma ausência da discussão
em escolas de um assunto importantíssimo como a variação linguística, o que pode afetar
negativamente no aprendizado e compreensão, por parte dos discentes e até mesmo em
docentes, sobre o fenômeno da variação linguística e sobre o preconceito linguístico.

Palavras-chave: Variação Ling., Pronomes, Preconceito Ling.

A LITERATURA COMO MEIO DE RESISTÊNCIA CONTRA O CERCEAMENTO E A PERSEGUIÇÃO ÀS


IDENTIDADES TRANS: UMA ANÁLISE DA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA ERRO DE PESSOA:
JOANA OU JOÃO (1984), DE JOÃO W. NERY

Laura Valerio Sena (UFSM)

Resumo: De acordo com Silviano Santiago (2000), o testemunho autobiográfico dos anos
1970 e 1980 se pretende como testemunho de uma geração, “tendo como fim a
conscientização política do leitor” (SANTIAGO, 2000, p. 35). Portanto, este gênero se
constituiria através de uma rede interdiscursiva baseada nas “narrativas de si” individuais de
cada autor-narrador-personagem metonímico que expressa os valores da coletividade a que
pertence (KLINGER, 2006). Nesse sentido, Leocádia Chaves (2021) afirma que as pessoas trans,
enquanto autoria, produzem conteúdo que rompe com a lógica colonial, a qual determina quem
tem ou não poder de enunciar sua vida e, consequentemente, quem são as pessoas dignas de
serem reconhecidas na sociedade. Por isso, por muito tempo as pessoas trans foram relegadas
às margens do social, não podendo produzir capital simbólico. O que resultou nas narrativas
trans criadas por pessoas cisgêneras, as quais abordavam personagens trans como “estudos
de caso”, criando a ilusão de uma representação unívoca para essas vivências – uma “narrativa
mestra” (LYORTARD, 2009) baseada na disforia de gênero. Porém, é, justamente, na década
de 1980 que essas narrativas são substituídas por narrativas menores e múltiplas, que não
apresentam, nem pretendem apresentar caráter universalizante. Neste trabalho, a partir de um
viés interdisciplinar entre os estudos de gênero, a teoria queer e os estudos de narratologia,
objetiva-se analisar a narrativa Erro de pessoa: Joana ou João (1984), de João W. Nery, como
um desses textos que compõem os testemunhos de resistência à “narrativa mestra”
hegemônica. De caráter autobiográfico, essa obra relata como, entre as décadas de 1960 e
1970, as identidades desviantes da norma eram perseguidas pelo Estado ditatorial brasileiro
e tinham, portanto, seus direitos violados. Assim, busca-se perceber como uma narrativa
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duplamente marginalizada – pela ditadura e pela cisnormatividade –, relegada a um processo
de apagamento em um contexto de censura extrema pode apresentar os primeiros discursos
sobre identidades trans em escala nacional, visto que nesse período eram mobilizados
dispositivos legais e contravencionais, como “ato obsceno em lugar público”, “vadiagem” ou
violação à “moral e aos bons costumes”, para perseguir as sexualidades e identidades de
gênero desviantes da norma cisheterossexual (QUINALHA, 2021). A partir desse contexto,
entende-se o corpo do narrador-protagonista como moldado e controlado pelo sistema de
poder, ao mesmo tempo que desvela, através de seu testemunho, uma oposição às violências
sofridas e ao sistema que busca silenciá-lo ou enquadrá-lo como alguém marginal. Por isso,
serão abordados os conceitos foucaultianos de “poder”, “vigilância” e “disciplina” (FOUCAULT,
1987); bem como, a relação entre “ilegalidade” e “resistência”, conforme Scarpelli (2009). Além
disso, para tratar sobre “sexualidade” e “gênero”, esta pesquisa apoia-se nas análises de
Foucault (2020) e Butler (2020), a fim de perceber como a voz narrativa proposta por Nery
constitui-se como uma identidade clandestina e como figura de resistência contra as opressões
que sofre daqueles que tentam regular seu corpo e seus afetos, apontando a rede de
dispositivos de poder que implementa a vigilância e a disciplina sobre os corpos trans e
consequentemente suas vivências e representações.

Palavras-chave: Narrativa de si, autoria trans, poder.

"MONA, MAPÔ E OCÓ": A PRODUTIVIDADE LEXICAL DAS FORMAS DE TRATAMENTO DO


BAJUBÁ MARANHENSE

Wanderson Nascimento Moraes (USP)


Mariângela de Araújo (USP)

Resumo: Não há como pensar no estado do Maranhão sem antes considerar a expressiva
diversidade presente nos municípios que o compõem. A riqueza cultural maranhense é
reconhecida pelo bumba-meu-boi, pelo tambor de crioula, pela arquitetura secular
representada em casarões históricos e pela heterogeneidade de seus povos, que, por sua vez,
são simbolizados por uma pluralidade de negros, brancos, pardos, indígenas, etc. Essa
potencial capacidade de diferir-se está presente em tudo, inclusive, no falar. A linguagem dos
povos maranhenses carrega mesclas, influências e empréstimos, que perpassam desde os
falares africanos até os de comunidades mais específicas. Nesta pesquisa, destaca-se o bajubá,
que é forma de comunicação própria da comunidade de gays, transexuais e travestis no Brasil,
nesta investigação, mais particularmente, ressalta-se os usos nos municípios maranhenses de
Paço do Lumiar, São José de Ribamar e São Luís. Ao observar as especificidades linguísticas
produzidas e experimentadas cotidianamente por essa comunidade, percebem-se fortes
influências de terminologias advindas da umbanda e do candomblé. Alicerçando-se nesse
conjunto de aspectos, o presente trabalho pretende apresentar um panorama histórico do
bajubá, a sua relação com a afirmação e a formação identitária, bem como seu uso ao longo
da história como uma linguagem de resistência. Outrossim, objetiva-se, por meio dos
postulados das Ciências do Léxico e da Antropologia, refletir sobre a produção criativa das
formas de tratamento do bajubá maranhense “mona”, “mapô” e “ocó” e sobre a importância
de cada uma dessas lexias nas relações sociais estabelecidas entre indivíduos LGBTQIAP+. Para
tanto, esta investigação fundamenta-se nos estudos desenvolvidos por Abbade (2008),
Benedetti (2006), Pelúcio (2009), Silva (2021) e Turazza (1996). Os procedimentos
metodológicos e investigativos utilizados revelaram, ainda que preliminarmente, que sujeitos
da comunidade LGBTQIAP+ ativam competências da cognição humana, às vezes, de forma
inconsciente para re(produzir) e intermediar entre criações do novo e velho. Com isso,
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chamamentos como “mapô”, “mona” e “ocó” performam na língua como competência
“linguageira” que contempla habilidades ideológicas, culturais e discursivas.

Palavras-chave: Bajubá, Formas de tratamento, Léxico, Resistência.

REGIONALISMOS NO MUNICIPIO DE CORONEL JOSÉ DIAS (PI)

Ana Leticia de Lima Santana (UFPI)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo conhecer os regionalismos lexicais


empregados no município de Coronel José Dias localizado no sul do Piauí bem como seus
aspectos sócio históricos, morfológicos e semânticos ao mesmo tempo que se propõe
responder a seguinte questão: que vocabulário caracteriza a variedade diatópica de Coronel
José Dias (PI)? As hipóteses levantadas e que serão testadas ao longo do desenvolvimento
deste estudo é que: a) há vocábulos indígenas e empréstimos africanos; b) há maior número
de substantivos nomeando referentes locais; c) são em sua maioria formas básicas; e d) os
regionalismos de Coronel José Dias (PI) encontram-se distribuídos por vários campos
semânticos. Para a fundamentação teórica recorremos aos estudiosos da língua na perspectiva
da dialetologia, da sociolinguística e da lingustica de contato como Suzana Alice Cardoso,
Silvana Ribeiro, Mario Marroquim, dentre outros. Os objetivos especificos são: a) identificar os
vocábulos próprios da variedade diatópica do português brasileiro concernente ao falar
piauiense; b) analisar os vocábulos próprios da variedade diatópica do português brasileiro
concernente ao falar piauiense; c) analisar os campos semânticos dos regionalismos
encontrados; e d) catalogar esses vocábulos regionais. Portanto a pesquisa se justifica como
uma ferramenta para a catalogação de palavras típicas do falar piauiense, bem como para
descobrir suas origens. Para a coleta dos dados foi aplicado um questionário com perguntas
previamente selecionadas do questionário semântico-lexical do projeto ALiB, acrescentadas de
perguntas elaboradas pela autora da pesquisa. O questionário foi aplicado via google meet e
contou com a colaboração de 09 informantes estratificados segundo a faixa etária acima de
30 anos e naturais do município. Após a coleta de dados fez-se uma breve pesquisa nos
dicionários online Houaiss, Michaelis e Caldas Aulete afim de averiguar quantas lexias já haviam
sido documentadas. Os resultados encontrados confirmaram a maioria das hipóteses
levantadas, porém foram achados dados que não foram previstos como a derivação do latim.
Os dados encontrados são apresentados através de quadros e de uma breve explanação sobre
o desenvolvimento das entrevistas. Por fim concluímos que o trabalho alcançou os seus
objetivos e atestamos a importância desse primeiro estudo a respeito da variedade diatópica
de Coronel José Dias (PI) e percebemos que ainda tem muito o que ser investigado no território
piauiense e que mais pesquisas voltadas para a catalogação dos vocábulos regionais irão
ajudar a preservar a história sociocultural do estado.

Palavras-chave: Piauí, Dialetologia, Regionalismos.

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SABERES TRADICIONAIS: MEMÓRIA CULTURAL DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO QUILOMBO
DE UMARIZAL

Hillery Christie dos Santos de Brito (UNIFESSPA)

Resumo: O presente trabalho visa estudar memória e identidade de mulheres parteiras


tradicionais da comunidade de remanescentes de quilombo de Umarizal, no município de Baião,
no Pará. O objetivo da pesquisa é discutir como os saberes tradicionais estão relacionados à
identidade da mulher quilombola, como suas experiências com partos, ervas e rezas retratam
elementos de sua identidade e de suas ancestrais. De caráter qualitativo, examina evidências
individuais e coletivas de relações sociais e as significações culturais presentes nos relatos de
cada participante da pesquisa. Analisa-se, nesta proposta, a partir dos conceitos de oralidade,
as histórias de vidas contadas por parteiras tradicionais e os desafios enfrentados por estas
mulheres negras quilombolas. É possível perceber como os saberes tradicionais são herdados
de forma natural a partir das relações sociais e da oralidade. O referencial teórico utilizado é
baseado nos Estudos Culturais e pós-coloniais, partindo de concepções apresentadas por
Stuart Hall (2016), Raymond Williams (2011), fontes indispensáveis para este diálogo. José
Arruti (2008) contribui para a pesquisa com o conceito de quilombo e seus processos de
formação histórico-social. Para abordar memória e aspectos que permeiam a construção social
a partir de vivências repassadas por gerações, Ecléa Bosi (1994) possibilita pensar as
narrativas orais como reelaboração da memória. Destacamos a relevância dos saberes e
vivências das parteiras da comunidade, que possuem conhecimentos além da medicina
tradicional, revelando formas híbridas de identidade e memória cultural, tornando a pesquisa
enriquecedora. As parteiras selecionadas para a pesquisa representam gerações distintas e
suas experiências dialogam com as necessidades das mulheres de sua comunidade. A mais
antiga parteira viva do quilombo de Umarizal vivenciou um momento em que a comunidade
ainda era pequena e sem estruturas de saúde, enquanto a mais nova possui experiências com
ajuda de uma Unidade Básica de Saúde. Embora os avanços estruturais tenham chegado até a
comunidade, as experiências com os saberes tradicionais resistem em forma de resistência e
valorização cultural.

Palavras-chave: Memória, Cultura, Saberes tradicionais.

BIOBIBLIOGRAFIA E REXISTÊNCIA EM VIRGÍNIA WOOLF E ADRIANA LUNARDI: A MORTE EM


PERSPECTIVA VESPERAL

Sara Gonçalves Rabelo (IF-Goiano)

Resumo: Em perspectiva comparativista este trabalho pretende abordar os percursos


prosaísticos de Virginia Woolf em diálogo com os elementos biobliográficos em relação à
escrita de morte. Os livros Mrs. Dalloway (1925), A Room of One’s Own (1929), The Waves
(1931) apontam Virginia Woolf como uma das autoras responsáveis por transformações
profunda no século XX. Apesar de autoras como as irmãs Brontë e Jane Austen já terem
representatividade no século XIX, Woolf que trouxe para a autoria feminina novos elementos,
como o fluxo de consciência, os modos de estilização e os elementos biobibliográficos de
rexistência (resistência e existência). Nestes últimos 120 anos, autoras como Colette, Sylvia
Plath, Clarice Lispector, Zelda Fitzgerald, dentre outras, nos mostraram não só a importância
das mulheres autoras, mas a necessidade da consolidação da mulher no ambiente cultural. A
superação das barreiras impostas – pelo cânone masculinizado – nos respectivos períodos e
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localidades foi moto-contínuo nas manifestações desse ecossistema literário – do qual Woolf é
um dos centros. A partir disso, objetiva-se abordar duas obras interligadas por um processo
de curadoria polifônica: Mrs. Dalloway (1925) e Vésperas (2002). Estas, no rearranjo curatorial
polifônico da narrativa de vésperas, refletem obras do século XX em diálogo com o século XXI,
tendo como premissa uma vasta literatura entre inúmeros gêneros artísticos, os quais têm
Woolf como basilar e atual. Além disso, serão relacionados os diários deixados por Virgínia e
as ideias de rexistência do segundo sexo (aproximando Simone de Beauvoir) e a obra
cinematográfica As horas (2002). Tendo o suicídio como marca do trespasse nas duas obras,
entenderemos este, segundo Morin (1997), como uma marca do enfraquecimento social e da
falta de prazer pela vida que uma sociedade saudável e bem estruturada deve propiciar. Em
suma, este trabalho intenta fazer um exercício de crítica polifônica das duas obras, a partir das
ideias de biobibliografia (RABELO, 2021) e a perspectiva da morte, ao mesmo tempo em que
atravessa a decomposição biográfica e o trespasse trágico de Woolf, em 1941.

Palavras-chave: Woolf, Lunardi, biobibliografia, morte.

ESTEREÓTIPO E OPRESSÃO: DESAFIOS ENFRENTADOS PELA PERSONAGEM MATILDE NO


ROMANCE LEITE DERRAMADO

Dhianifer Feitosa de Araújo (UNIFESSPA)

Resumo: O romance Leite derramado (2009), escrito por Chico Buarque, se destaca por suas
abordagens multifacetadas na figuração do Outro. A obra explora a tensão entre os gêneros a
partir do casamento do narrador-personagem, Eulálio, com uma mulher, Matilde, de pele negra.
Esse evento marca um declínio na ficção, pois faz com que a brancura da família se perca. O
“leite derramado” surge como um vestígio, um traço, que nunca poderá ser apagado, pois já
está inscrito. Diante disso, buscaremos analisar os interseccionais da personagem Matilde, a
qual é afetada pelas diferentes dimensões de sua identidade, como sua raça, gênero, classe
social e outras características pessoais. A análise foi construída a partir de levantamento
bibliográfico, tendo como base teórica-crítica às considerações de Homi K. Bhabha (2005),
Gayatri C. Spivak (1942), Chico B. Holanda (2009) e Frantz Fanon (2020). As relações entre
os personagens são marcadas por uma tensão constante, envolvendo poder, desejo e
vulnerabilidade a partir do envolvimento com o Outro. Matilde, que não tem voz na narrativa,
é traduzida pelo narrar do marido, sempre descrita como alguém dotada de poucas qualidades,
sendo objetificada, enquanto corpo feminino, desde seus encontros com Eulálio ainda na
adolescência. A pesquisa instiga uma reflexão acerca da problemática da identidade e
diferenças visando compreender as complexidades das relações entre o casal no romance, ou
seja, as representações culturais e sociais que moldam suas identidades e como essas
identidades se manifestam entre os personagens diante das condutas da representação da
realidade, do gênero, e outras questões presentes no processo de interrogação do/para o
sujeito na constituição da individualidade. Pautado em pesquisa bibliográfica, este estudo visa
investigar no romance Leite derramado, em linhas gerais, as desigualdades existentes na
sociedade; seus estereótipos e juízos de valor consoantes à vida da personagem Matilde.

Palavras-chave: Chico Buarque, Leite derramado, Feminino, Identidade.

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PERCEPÇÕES SENSÍVEIS DIANTE DA FINITUDE EM UMA DUAS, DE ELIANE BRUM

Neila da Silva de Souza (UnB)

Resumo: Em Uma duas (2011), romance de Eliane Brum, dentre os diversos temas que a
narrativa aborda, há o relato da morte de Maria Lúcia, mãe de Laura. A decomposição do corpo
de Maria Lúcia, devido ao câncer, não só causa repulsa, como choca alguns leitores, visto que
a finitude não é abordada como algo sublime, romantizado e redentor. Nessa narrativa, as
sensações trazidas pela morte tornam-se, antes de tudo, algo repulsivo, sujo, fétido,
extremamente incômodo aos sentidos de quem se depara com a cena. Nesse contexto, procuro
demonstrar nesta comunicação, como que as inquietações geradas por meio da sensibilidade
ao lidar com temas tão complexos para todo ser humano revelam atos falhos, ignóbeis e
inconfessáveis de atitudes que fazem parte da condição humana e que procuramos, muitas
vezes, negar. Em Uma duas, posso, por exemplo, pensar sobre a eutanásia, sobre o perdão e
sobre o arrependimento antes de morrer. Para tanto, usarei como referência as reflexões de
Byung-chu Han presentes no livro A Salvação do belo (2019), em que o autor, ao refletir sobre
o corpo, trabalha a ideia da estética do liso e do polido. Para o autor, na sociedade
contemporânea, há uma necessidade da positividade, visto que muitos, na sociedade, buscam
por experiências positivas, livres de ranhuras, e essa busca pelo liso e polido se estende
também aos espaços da arte. Visto desse modo, há uma estética positiva em determinadas
obras de arte que não problematiza, nem traz inquietudes para aquele que está diante da arte,
pois não desloca esse receptor do lugar do efeito estético. Portanto, em Uma duas, há uma
quebra da estética considerada lisa e polida em todos os seus aspectos, visto que a aspereza
da linguagem, a descrição das cenas e o teor delas podem remeter a imagens mentais que
destoam completamente do conforto de uma experiência da positividade como bem destaca
Han (2019).

Palavras-chave: Uma duas, morte, decomposição, condição humana.

UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS PERSONAGENS: VENÂNCIO DE TUDO É RIO E, O


HOMEM DO SUBSOLO DE MEMÓRIAS DO SUBSOLO

Ana Cimália dos Santos Dias (UFMA)

Resumo: A pesquisa objetiva fazer uma análise comparativa entre as personagens: Venâncio
da obra Tudo é rio, da autora Carla Madeira e O homem do Subsolo de Memórias do Subsolo,
de Fiódor Dostoiévski. O método será o bibliográfico de cunho descritivo e reflexivo,
fundamentado a partir de: A crítica no subsolo do autor René Girard; precisamente;
“Dostoievski: do duplo à unidade” e, a obra, Novos Realismos de Izabel Margato e Renato
Cordeiro Gomes. A partir da problemática: As personagens seriam ou não arquétipos de uma
sociedade contemporânea? Será possível compreender as nuances do subsolo?

Palavras-chave: Comparação, Tudo é rio, Memórias do Subsolo

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LA MUJER COMO NOVELISTA, DE ALFONSINA STORNI: CONSIDERAÇÕES SOBRE A LITERATURA
DE AUTORIA FEMININA NA DÉCADA DE 1920

Cristiane de Mesquita Alves (UFPA)

Resumo: La mujer como novelista foi um ensaio publicado em 1921, no Jornal La Nación, por
Alfonsina Storni (1892-1938), assinado pelo pseudônimo Tao Lao. No texto, a autora trata da
condição marginalizada da mulher nos âmbitos social, econômico e político, além de pensar o
espaço de formação intelectual e de circulação das obras produzidas por mulheres, como
aspectos fundamentais para a elaboração de sua conduta, enquanto mulher-escritora; também,
promove uma grande crítica da função da mulher-lar, como categorização pela sociedade
patriarcal, para manter sob controle o uso do corpo e do pensamento femininos, no intuito de
preservar e/ou perpetuar a ordem das coisas. Nesta perspectiva, esta comunicação oral tem
como objetivo apresentar algumas concepções de literatura de autoria feminina a partir dessas
reflexões cunhadas por Alfonsina Storni neste ensaio. Assim, este trabalho se organizou com
base em uma metodologia de cunho bibliográfico, de revisão de literatura, por parte da própria
fundamentação teórica da autora em estudo, para compreender a formação intelectual e moral
da mulher escritora, na sociedade em que pouco considerou a presença da mulher nos lugares
artísticos e culturais, ou considerou ela como uma escritora de nível inferior diante da escrita
masculina; ademais, buscou-se amparo nas leituras de Schmidt (1995), no que tange à
presença da mulher na literatura, como uma escrita representativa de um ato político; Duarte
(1997) para pensar a desconstrução da escrita de autoria feminina como uma escrita menor;
Méndez, Queirolo, Salomone (1998) e Alves (2023) as quais apresentam os ensaios de Storni
como um texto literário de identidade feminista e Woolf (2019) que discute o lugar de fala da
mulher e a construção do processo de escrita - como um teto todo seu. Essas teóricas
contribuíram para a elaboração da argumentação levantada na pesquisa de que o ato da escrita
por mulheres e sua divulgação nas primeiras décadas do século XX, foram conquistas
representativas, na tentativa de retirá-las dos espaços das margens.

Palavras-chave: Escrita feminina, formação, Storni.

DE FRANKENSTEIN A FRANK-N-FURTER: UMA VISÃO SOBRE PÓS-HUMANISMO E IDENTIDADE


QUEER

Ingrid Vanessa Souza Santos (UEPB)

Resumo: Em 1818 foi publicado Frankenstein, o primeiro romance escrito por Mary Shelley.
Este se tornaria um marco, tanto por ser considerado como precursor da ficção científica na
literatura, como também por influenciar narrativas de terror com o conceito de uma criatura
sendo concebida artificialmente através de fragmentos de corpos humanos. No audiovisual, o
longa-metragem musical The Rocky Horror Picture Show (1975), dirigido por Jim Sharman,
toma como inspiração os personagens de Shelley para homenagear filmes B de ficção científica
e horror das décadas de 1930 a 1960. Diferente de outras adaptações de Frankenstein (1818),
em The Rocky Horror Picture Show (1975) a identidade queer não é um subtexto, mas um
elemento central da narrativa. Ambas as produções artísticas retratam uma nova gênese
humana, realizadas através de experimentos científicos, que não correspondem ao ideal
cisheteronormativo de suas respectivas épocas. Deste modo, o presente trabalho objetiva
examinar a relação da ficção científica de horror com o elemento do pós-humanismo nas obras
supracitadas. Ademais, se busca comparar a representação do corpo artificial presente nelas,
bem como vinculá-las à construção de uma identidade queer. Esta pesquisa é fundamentada
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nos conceitos de pós-humanismo de Haraway (2009 [1991]), de identidade queer de Butler
(2020 [1993]), Lamm (2008) e Lynskey (2020), da corporeidade monstruosa por Halberstam
(1995), Morgan (2002) e Conrich e Sedgwick (2017), além da noção do grotesco por Roas
(2014). Em linhas gerais, o romance de Mary Shelley e a adaptação com direção Jim Sharman
retratam o pós-humanismo de modos divergentes. O corpo artificial em Frankenstein (1818) -
recriado com partes de cadáveres - não se adequa a um padrão de cisheteronormatividade
estabelecido tanto pela sociedade quanto pelo seu criador. Sua transformação numa figura
monstruosa é advinda menos de sua constituição física, mas em maior grau pelas ações
cometidas após tornar-se um pária. Por outro lado, em The Rocky Horror Picture Show (1975),
a criatura de Frank-N-Furter é objeto de desejo e admiração por grande parte dos personagens.
Assim sendo, Rocky não é visto como um ser monstruoso, mas ainda sim se mantém à margem
de seu grupo por ser idealizado como um objeto sexual entre os personagens. Diante do
exposto, observa-se que a ficção científica utiliza do conceito de um corpo sintético -
possivelmente um dos primeiros tropos do gênero - para abordar o horror da alteridade do
ponto de vista de grupos marginalizados.

Palavras-chave: Corporeidade, Pós-Humanismo, Ficção científica

UM OLHAR SOBRE O CAIS EM JOSUÉ MONTELLO: A RELAÇÃO ENTRE A OBRA CAIS DA


SAGRAÇÃO E O COMÉRCIO EM SÃO LUÍS NO SÉCULO XX

Mariana Silva Rodrigues (UFMA)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo relacionar a descrição do comércio da Praia
Grande pelo personagem principal do livro Cais da Sagração de Josué Montello. Publicado em
1971, Cais da Sagração de Josué Montello e seu enredo não traz datas específicas, mas trata
de alguns marcos temporais dos quais se pode pensar. Dentre eles, a queda da efervescência
comercial na Praia Grande da qual o personagem principal Severino reclama a seu neto Pedro
o qual o pescador sonha que se torne barqueiro como ele. Ainda no enredo, simbolicamente,
Vanju se apresentaria como afirma Neres (2017) uma nova ambientação do Cais da Sagração
agora novo, de uma forma diferente e pouco confiável, em oposição à figura de Lourença que
seria a São Luís confiável, antiga e conhecida. Do século XVIII até 1822 o Maranhão esteve em
um cenário de prosperidade econômica dado o período de implantação da Companhia de
Comércio de Grão-Pará e Maranhão. Isso porque servindo de suporte para Portugal na
exportação de açúcar e cravo, a província se tornou importante no comércio externo
acumulando capital principalmente no período pombalino em que a expulsão dos jesuítas
permitiu o uso de mão de obra indígena. A acumulação se estendeu até certo período
associado com a abertura de portos desembocada pela vinda da família real ao Brasil em 1808.
Sobre final do século XIX, Tribuzi (1981) afirma que em relação à queda dos preços do açúcar
e arroz se dava em função de uma desorganização da estrutura econômica maranhense que
não possuía autonomia. A partir de um discurso muito relacionado a um padrão de explicação
formado pela “decadência da lavoura” como tema obrigatório para se falar sobre a História do
Maranhão em que a época de grande acúmulo de capital desenvolvido pelo que foi chamado
de passado de apogeu da Companhia de Comércio em oposição à crise do Maranhão na
historiografia considerou por muito tempo a Abolição da Escravidão e a Proclamação da
República como causas dela. Essas interpretações, portanto, partem de um padrão simplista e
elitista (Tavares, 2010). O Maranhão do século XIX depende de questões externas e vive da
lembrança de um passado prospero, assim como o Maranhão do século XX percebido pelo
discurso de Severino sobre o Cais da Sagração, o mercado, o movimento e tudo que envolvia
uma dinâmica daquele espaço anteriormente sedimentado pelo comércio. Tavares (2010)
apresenta em jornais trechos de uma segregação espacial em São Luís no século XX que
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tenciona a perceber a relação com as descrições de Severino. Por meio dessas conexões
compreende-se a aproximação entre essa produção literária e os aspectos históricos que
podem ser absorvidos dela. Dessa forma, História e Literatura dialogam de forma a perceber
o período econômico, o discurso nostálgico de Severino construído por Josué Montello.

Palavras-chave: Comércio, Maranhão, Literatura, História.

REESCRITURA DO CORPO EM LAVOURA ARCAICA, DE RADUAN NASSAR

Maria Luiza Navarro Martins (UEL)

Resumo: Este trabalho é um recorte de projeto de pesquisa em nível de Mestrado, em fase de


desenvolvimento, no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de
Londrina (PR). Selecionando como corpus de análise o romance Lavoura arcaica (1975), de
Raduan Nassar, trabalha-se com a hipótese da presença de uma dinâmica performativa e
narrativa de reescrituração do corpo do narrador-protagonista, André, dadas suas múltiplas
tessituras: um corpo de menino, um corpo lascivo, um corpo monstruoso, um corpo patológico,
um corpo familiar, um corpo estrangeiro, e um corpo em simbiose com a natureza. Visto que
a apropriação e a subversão de textos, especialmente religiosos e literários, é técnica presente
no romance como dispositivo de transposição de valores instituídos, o corpo do personagem
é também compreendido como instância transgressora, ao engendrar um discurso do e sobre
o corpo. A reflexão baseia-se em estudos de Sabrina Sedlmayer (1997), Renato Cohen (2002),
André Luís Rodrigues (2006), Miguel Heitor Braga Vieira (2007), Georges Bataille (2013),
Jorge Glusberg (2013), Paul Zumthor (2018), dentre outros.

Palavras-chave: Corpo, Transgressão, Lavoura arcaica, Raduan Nassa.

METÁFORAS VISUAIS EM QUADRINHOS DE UMA VIDA COM TRANSTORNO BIPOLAR

Amanda Foro da Silva Mendes (UNIFESSPA)

Resumo: Sabe-se que as imagens podem ser consideradas umas das primeiras coisas, senão a
primeira, que chama a atenção de um leitor ao se deparar com narrativa em histórias em
quadrinhos. Tais recursos visuais, são fundamentais para a ambientação de uma narrativa, seja
ela por meio de desenhos, no formato dos balões e também da grafia que existem nos
quadrinhos. Atrelar recursos visuais ao descrever um transtorno mental, torna o processo de
interpretação das camadas que envolvem os diagnósticos e tratamentos mais visíveis no
momento da leitura e ao analisar sentimentos e emoções do que é conviver com o transtorno
no dia-a-dia. A pesquisa busca analisar as metáforas visuais, ou seja, as imagens que
representam ideias, apresentadas na narrativa gráfica Marbles, Depression, Mania,
Michelangelo and Me (2012), de Ellen Forney, na qual a autora e narradora lida com um
diagnóstico de Transtorno Bipolar I e nos apresenta essa descoberta através da sua
autobiografia. Inicialmente, é apresentada uma contextualização teórica sobre depressão nas
produções escritas. Visto que, falar sobre “melancolia exagerada”, é enquadrado como um dos
sintomas do transtorno. Em seguida, a análise dos conceitos de Emily Martin (2009) e outros
autores que se propõem a investigar os escritos autobiográficos situados nesse contexto entre:
imagem, texto e alterações de humor. Marbles é uma narrativa de caráter verbal e não-verbal
em quadrinhos, com isso, as pesquisas das autoras Hillary Chute (2010), Sidonie Smith e Julia
Watson (2002), Elizabeth El Refaie (2014), além de outros, apresentam uma analogia da
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concepção da prática do escritor como seu próprio referencial ao lidar com momentos de
mania, depressão e um equilíbrio entre as duas emoções. O capítulo analítico aborda o
posicionamento da narradora/autora em três momentos distintos: a mania, a depressão e o
“equilíbrio” do transtorno bipolar entre as fases de alterações de humor. A análise está
diretamente relacionada em como a narradora expressa seus sentimentos através da linguagem
verbal e não-verbal durante as páginas dessa narrativa e como as metáforas visuais são
essenciais para que o leitor compreenda como se sucede a experiência autobiográfica em
descrever o diagnóstico nos momentos de negação, adaptação e aceitação de Forney ao
Transtorno Bipolar.

Palavras-chave: Bipolaridade, Metáforas visuais, Quadrinhos.

ORGIA DOS LOUCOS, DE UNGULANI BA KA KHOSA: ENTRE HISTÓRIA E RESSENTIMENTOS

Eliane Rosa de Góes (UNASP)

Resumo: Desde que a independência de Moçambique foi oficializada em julho de 1975, após
uma década de luta armada, a FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique – assumiu o
governo, idealizando um país livre de quaisquer formas de opressão e exploração. A proposta
era construir um país igualitário, em que todos tivessem acesso à saúde, à educação, ao sistema
judicial – ou seja, condições de vida melhores que as da época colonial. Então o governo
frelimista criou as aldeias comunais, imaginadas como lugares em que os moçambicanos,
reunidos em cooperativas, pudessem trabalhar para o sustento próprio e coletivo. Visando à
unificação, a FRELIMO instituiu a língua portuguesa como idioma oficial e estabeleceu a ideia
de Homem Novo Moçambicano, um sujeito que deveria trabalhar em prol de uma nação
igualitária, livre de exploração e das divisões étnicas. Na tentativa de apagar as diferenças
identitárias dos povos moçambicanos, por meio do combate ao “tribalismo”, a FRELIMO
desconsiderou os chefes tradicionais e os representantes populares, fazendo com que as
populações se sentissem coagidas e ultrajadas. Isso gerou cisões que fomentaram a guerra
civil, iniciada em 1976, mas não foi o único motivo dela. Por causa de desacordos com
Moçambique, a África do Sul e a Rodésia custearam movimentos de oposição à FRELIMO, como
foi o caso da RENAMO – Resistência Nacional Moçambicana. Com a guerra civil, o projeto de
reconstrução de Moçambique pensado pela FRELIMO desmantelou de uma vez, e houve um
agravamento das condições de vida. Ungulani Ba Ka Khosa, nascido em 1957, vivenciou essa
trajetória toda de Moçambique, e escreveu obras que dialogam com essa fase da história
moçambicana. Um exemplo disso é o livro Orgia dos Loucos, publicado em 1990, que versa
sobre o caos vivido pela população moçambicana logo após a independência. Candido (2006),
discutindo a dialética entre literatura e sociedade, explica que houve vezes em que o valor de
uma obra dependeu apenas de como exprimia aspectos da realidade; já em outros momentos,
a importância dada a um texto literário derivou unicamente de elementos formais. No entanto,
na análise de uma obra, o texto não pode prescindir de seu contexto, pois “o externo (no caso,
o social) importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha
um certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno” (CANDIDO, 2006,
p. 14). Por isso interessa como os dados extrínsecos atuam na composição do texto e operam
significados, ou como a “dimensão social” se torna “fator de arte” (CANDIDO, 2006, p. 16).
Esse modo de conceber o texto literário parece muito oportuno na discussão de obras com o
teor de Orgia dos Loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa, em que dados da realidade concreta
funcionam como leitmotiv na construção narrativa e redundam em intersecções entre a ficção
e a história. Um modo como o “externo” atua na concretude desse texto de Khosa pode ser
pelas configurações do ressentimento, especialmente em relação ao fracasso da proposta de
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reconstrução de Moçambique no momento posterior à independência, e que serão discutidas
nesse trabalho a partir de Pierre Ansart (2004). ANSART, Pierre. História e Memória dos
Ressentimentos. In: BRESCIANI, Stella; NAXARA, Márcia (Orgs.). Memória e (Res)Sentimento.
Indagações sobre uma Questão Sensível. 2.ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2004.
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 9. ed. revista pelo autor. Rio de Janeiro: Ouro sobre
Azul, 2006.

Palavras-chave: UNGULANI BA KA KHOSA, memória, ressentimento.

UM RECORTE NO UNIVERSO MUSICAL DE CHANTS POPULAIRES

Elizabeth Serra dos Santos (UFRJ)

Resumo: Considerando a relação que Philippe Beck estabelece entre poesia e música, o
presente trabalho se propõe a investigar o fraseado rítmico de Chants populaires (2007),
concentrando-se na dimensão musical que a palavra tem no interior dos versos, e que a
transforma em objeto de pensamento. Beck, autor de Chants populaires, integra, junto com
Michel Deguy, Jean-Luc Nancy, Jean-Christophe Bailly, entre outros, o grupo de poetas e
filósofos que compartilham a ideia de que é através do poema que somos capazes de repensar
a negatividade constitutiva da existência humana, uma negatividade que joga a nossa
singularidade em direção a vivências imprevisíveis. Nesse sentido, os cantos de Beck, que são
também uma reescrita dos Contos dos irmãos Grimm, se configuram como discursos intensos
que retomam questões sobre identidade e nação dando movimento à memória para que tais
questões sejam relançadas na contemporaneidade. O próprio autor traz na sua memória
emocional vestígios das discórdias entre França e Alemanha que abalaram a formação de um
conceito de identidade nacional. Natural de Estrasburgo, Beck escreve seus poemas em um
“quase-francês”, como ele mesmo chama, uma língua atravessada por forças históricas, por
heranças pesadas muitas vezes inconscientes. Segundo Beck, esse francês alsaciano torna o
canto de sua poesia um canto maculado, aberto a “um sentido sempre por fazer” (NANCY,
Fazer, a poesia, 2013, p. 416). Para investigar o fraseado rítmico de Chants populaires será
realizado o cotejo de traduções de A chave dourada, um dos contos que fazem parte da
coletânea de Jacob e Wilhelm Grimm. Analisaremos uma tradução diretamente do alemão para
o português feita por Christine Röhrig, considerada uma das mais apuradas; e duas traduções
do alemão para o francês: uma tradução de Armel Guerne (2004), apontada pelo escritor Jean-
François Perrin como a tradução francesa utilizada por Beck para a sua reescrita, e outra de
Natacha Rimasson-Fertin (2017).

Palavras-chave: reescrita; identidade; música; Philipe Beck.

PROPAGANDAS NA SALA DE AULA: UMA VISÃO DISCURSIVO-CRÍTICA E MULTIMODAL

Elisa Sodré Teixeira (UEMA)

Resumo: Este trabalho é fruto do TCC de minha autoria intitulado “PROPAGANDAS EM AULAS
DE LÍNGUA PORTUGUESA NA UEB PROFESSOR NASCIMENTO DE MORAES: uma abordagem
discursivo-crítico e multimodal”, que teve por objetivo investigar, através das propagandas
publicadas no Instagram, as representações discursivas na construção de sentidos nesse
gênero no contexto educacional da referida escola, visando a contribuir para o letramento
crítico dos alunos. Com a presente pesquisa, pretende-se contribuir para o arcabouço
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metodológico do ensino de gêneros textuais/ discursivos em sala de aula e, por conseguinte,
cooperar para que os discentes ampliem suas capacidades de crítica e reflexão diante dos
diversos textos, sobretudo sobre os anúncios publicitários e propagandas, uma vez que, estes
revelam-se persuasivos e argumentativos. Cabe destacar ainda que, o caráter discursivo-crítico
e multimodal da produção em questão está ancorado nas teorias Análise de Discurso Crítica
(ADC) e Gramática do Design Visual (GDV), propostas, respectivamente, por Norman Fairclough
(2001) e Kress e Van Leeuwen (1996,2006). Visando alcançar os objetivos descritos, foi
desenvolvido um questionário com os alunos do 7º ano da referida escola, referente a duas
propagandas/publicidades extraídas da rede social Instagram, selecionadas pela pesquisadora.
O trabalho enfatiza a multimodalidade dos textos, corroborando a relevância desse recurso na
construção dos discursos, visto que, além das palavras, os textos podem ser construídos pela
articulação de diversos elementos, como cores, tamanhos, fundos, texturas e imagens, que
colaboram para dar coerência à mensagem, tornando-a mais poderosa e atrativa ao leitor. A
pesquisa, busca, ainda, demonstrar o potencial desses textos, (em ação com as correntes
teóricas usadas), de ampliar a capacidade crítico-reflexiva dos indivíduos sobre os variados
discursos, contribuindo para a construção de identidades sociais emancipadas, dado que, nos
atos de criticar e refletir o sujeito se posiciona e age de maneira consciente. Assim, vale
destacar as possíveis contribuições da Análise de Discurso Crítica (ADC) e da Gramática do
Design Visual (GDV) para o ensino de Língua Portuguesa nessa instituição, através do gênero
propaganda/publicidade.

Palavras-chave: Propagandas, Discurso, Multimodalidade, Ensino.

DO AMOR À AGRESSÃO: UMA ANÁLISE DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER EM


ARAMIDES FLORENÇA E LIA GABRIEL, DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Amanda Rodrigues da Silva (UFMA)


Danielle Magalhães Sousa Moraes (UFMA)

Resumo: O presente trabalho visou analisar a violência doméstica contra a mulher em dois
contos selecionados do livro Insubmissas Lágrimas de Mulher (2016), de Conceição Evaristo,
uma coletânea de contos que retrata as vivências e experiências das mulheres negras no Brasil.
Para isso, estabeleceu-se a seguinte questão norteadora: Como a violência doméstica é
retratada nos contos “Aramides Florença” e “Lia Gabriel”, de Conceição Evaristo? Para que esta
investigação se concretizasse tivemos como objetivo geral: analisar a representação da
violência no espaço doméstico nos contos “Aramides Florença” e “Lia Gabriel”, além de,
especificamente, identificar os diferentes tipos de violência doméstica nos contos supracitados;
discutir as imposições sobre o corpo feminino; e por último, refletir sobre o tema do
silenciamento das vítimas de violência nos contos. Essa investigação partiu da constatação de
que a violência doméstica é um problema que afeta uma parcela significativa de mulheres em
todo o mundo, mas que constantemente é ignorado, minimizado ou silenciado, uma vez que
na história das mulheres houve uma invisibilidade imposta a elas, devido ao sistema patriarcal
que outorga ao homem o domínio sobre a família e corpos femininos. Assim, verificou-se a
importância de dar visibilidade a trajetória de mulheres que vivenciam essa realidade e oferecer
espaço para que as suas vozes e experiências sejam reconhecidas. A partir disso, optou-se por
realizar explorações bibliográficas para embasamento teórico a partir da consulta de Simone
de Beauvoir (1970) que discute a condição da mulher na sociedade, Heleieth Saffioti (2015)
com os estudos de gênero e violência contra mulher, Pierre Bourdieu (2012) que trabalha a
condição feminina e as concepções de violência simbólica, entre outros autores que tenham
considerações importantes sobre o tema em questão. Os resultados alcançados mostram que
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a violência é um aspecto acentuado na vida das protagonistas, manifestada através de
agressões físicas e impactando não somente as personagens principais, como também outros
personagens secundários que as rodeiam.

Palavras-chave: Violência, Mulher negra, Conceição Evaristo.

PAISAGEM NATURAL E URBANIZAÇÃO: KYOTO E TÓQUIO NA OBRA "BELEZA E TRISTEZA, DE


YASUNARI KAWABATA

Ryan Gabriel dos Reis Vieira (UFAM)

Resumo: Este relatório apresenta o resultado final da pesquisa intitulada “Paisagem Natural e
Urbanização: Kyoto e Tóquio na obra Beleza e Tristeza, de Yasunari Kawabata”, que está
inserido nas atividades do Grupo de Pesquisas Estudos de haicai: lirismo, haicaístas e campo
literário. Relacionando a influência da urbanização e o conflito entre o espaço urbano e natural
na narrativa de “Beleza e Tristeza”, de Kawabata Yasunari, denotando reflexões sobre o enredo
e sua relação com o espaço em que é narrado. Não foram encontrados em estudos atuais no
Brasil relações entre Literatura Japonesa e o desenvolvimento urbano do Japão, tampouco
análises do livro em questão relacionando ambas temáticas. Dessa maneira, com relação ao
quadro citado explora a diacronia entre uma cidade urbanizada e cidades interioranas com
pouca ou nenhuma interferência humana e seus usos na narrativa da obra mencionada, uma
das principais expoentes na Literatura Japonesa em analisar o psicológico das personagens
relacionando-as com o espaço. O objeto do estudo é a relação do espaço geográfico com as
personagens e a abordagem psicológica feita por Kawabata juntamente à Teoria Estética, sendo
Adorno o principal referencial teórico, visando determinar se as condições psicológicas refletem
no enredo e nas ações das personagens entre outros fatores inerentes ao desenvolvimento
urbano e a descrição das paisagens do Japão Antigo em contraste com a metrópole Tóquio.
Nessa perspectiva, por meio de um olhar crítico e empírico diante do romance “Beleza e
Tristeza”, busca esclarecer ou ao menos indagar e trazer à baila as transformações geográficas
e o modo de viver das personagens em suas motivações. A pesquisa evidenciará as relações
entre o homem da cidade e o homem “da terra”, trazendo uma breve observação sobre a
escrita de Kawabata e seu estilo naturalista. Portanto, a ênfase será a discussão em como a
arte e sua descrição do espaço geográfico também influencia na produção (NEIVA E RIGHI).

Palavras-chave: Paisagem Natural, Tempo, Beleza e Tristeza.

PONDERAÇÕES ACERCA DA HIPERSEXUALIZAÇÃO DO HOMEM NEGRO NO CONTO OS


AMORES DE KIMBÁ DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Jose Gierbson Lima de Oliveira (UFMA)

Resumo: O trabalho “PONDERAÇÕES ACERCA DA HIPERSEXUALIZAÇÃO DO HOMEM NEGRO


NO CONTO OS AMORES DE KIMBÁ DE CONCEIÇÃO EVARISTO” contempla o campo dos
estudos culturais à medida que situa o processo cultural em que a sexualidade do homem
negro está envolta, inclusive demarcada por estereótipos que o animalizam. Nesse sentido, o
propósito é verificar as formas que o homem negro é hipersexualizado a partir da escrita
literária evaristiana e quais as contribuições que o ideal de virilidade contribui para essa
hipersexualização. O conto retrata o homem negro com estereótipos direcionados a um corpo
viril, logo, esses aspectos contribuem para uma hipersexualização do personagem principal da
narrativa, no qual de certo modo há também um aproveitamento dessa hipersexualização do
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protagonista para um viés de melhoria de vida. Em vista disso, foi feita uma análise do conto
visando a compreensão desses aspectos da hipersexualização do homem negro a partir de
uma relação poli amorosa e o aproveitamento a qual o personagem principal “Kimbá” faz disso.
Dessa forma, este estudo foi baseado na perspectiva dos estudos culturais, tendo em vista
discussões que adentram a esses estudos. A partir disso, para realização desse trabalho foram
feitas pesquisas de cunho bibliográficos que abordam a temática tratada, além de fontes
teóricas que embasam a sexualização e a virilidade do corpo masculino negro, afim de expor
como essa ideia de hipersexualização é apresentada com base no protagonista do conto
escolhido. Assim, alguns dos teóricos que serviram como base dessa pesquisa são: Fanon
(2008), Stearns (2010), Faucault (1926-1984), Corbin (2013), Neuza (2021), Ribeiro, Fastino
(2017) e Rabassa (1983), pois norteiam todas as discussões e análises aqui apresentadas.

Palavras-chave: Corpo masculino negro, Hipersexualização, Virilidade.

HELENA GONZAGA COMO REPRESENTATIVIDADE FEMININA NAS CANÇÕES DE JOÃO DO


VALE

Wanderson Fernando Moraes De Aguiar (FEMAF)


Jéssica Miranda (FEMAF)

Resumo: Este artigo tem por propósito realizar uma reflexão sobre a contribuição feminina na
literatura musical brasileira, à luz de autores que analisam a figura feminina. Mesmo essa
pesquisa se atenuando em um recorte temporal já do século XX e tendo como nicho as músicas
de João do Vale, verificou-se ainda pouca participação de mulheres em colaboração de suas
obras, apontando apenas Helena Gonzaga como colaboradora de forma explicita em apenas
duas canções das tantas de João do Vale. O estudo foi dividido em três sessões, para melhor
compreensão da temática. Inicialmente, na primeira sessão, traz Helena Gonzaga “a madame
do baião”. Na segunda sessão, a arte através da história de João do Vale e na terceira sessão,
a conquista da mulher no espaço musical brasileiro, apontando o processo de construção
musical da mulher brasileira, em que são evidenciados aspectos imersos no universo da cultura
popular. Para tanto, objetivo geral deste estudo foi evidenciar a participação feminina
relacionando Helena Gonzaga com as composições de músicas com João do Vale nos discos
gravados em formato LP lançados por gravadoras nacionais. Assim, utilizou-se da pesquisa
qualitativa do tipo documental a exploração de fontes de pesquisa secundária, buscando em
plataformas nas quais traziam em seus conteúdos a discografia que permitisse não só ler as
letras das músicas como também outros detalhes. Como resultado foi possível perceber que
nos 03 (três) discos gravados em formato LP lançados por gravadoras nacionais de João do
Vale entre 1977 a 1994 há apenas 02 (dois) discos com a descrição de uma única mulher
como compositora junto com João do Vale, Helena Gonzaga. Conclui-se ainda Helena Gonzaga
contribui de forma explicita em apenas duas canções das tantas que João do Vale compõe e
ainda essa participação é por muitos críticos um fato desconfiável, já que alegam que esta
servia apenas como um escudo/fantoche de Luiz Gonzaga, uma tentativa de também diminuir
Helena que certamente é devido ao sexo biológico na qual pertence, já que no imaginário
social o papel da mulher é aquela de coadjuvante ou aquela que sempre aprecia, sem a
capacidade de também contribuir.

Palavras-chave: MPB, feminino, Helena Gonzaga, João do Vale.

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AS MÚLTIPLAS FACES DE EROS NA POESIA DE REGINE LIMAVERDE E HILDA HILST

Antônio Marques Pereira Filho (UFMS )

Resumo: O presente estudo tem como escopo principal o erotismo na poesia de Regine
Limaverde, poeta cearense/contemporânea, e Hilda Hilst, poeta paulista, consagrada pela
crítica literária como a maior escritora erótica de língua portuguesa do século XX. Nosso
trabalho é de cunho bibliográfico e qualitativo. Pretendemos analisar as múltiplas faces de Eros
na poesia das autoras supracitadas. Além de perscrutar que tipo de erotismo se configura na
poética de Limaverde e Hilst, tendo em vista os três tipos de erotismo propostos por Bataille
(2004), a saber: o erotismo dos corpos, o erotismo sagrado e o erotismo dos corações. Nosso
processo metodológico está concatenado em três etapas: a primeira, leitura da obra das
poetas, cujo intuito mapear os poemas de cunho erótico. Em seguida, leitura da fortuna crítica,
sobretudo, os que estudam a temática em discussão e, por último, análise crítica e
interpretativa dos poemas selecionados. Nosso arcabouço teórico está pautado nos estudos
de Bataille (2004), na leitura da obra O erotismo; Octavio Paz (1994), com a obra A dupla
chama; Gaston Bachelard (2001), na leitura da obra A terra e os devaneios da vontade: ensaio
sobre a imaginação das forças; Alfredo Bosi (2001), com a obra O ser e o tempo da poesia e
Pereira Filho (2021), autor da Dissertação - A poesia como símbolo erótico em Regine
Limaverde: uma abordagem crítica e interpretativa, que nos subsidiará na análise e
interpretação hermenêutica dos poemas selecionados. Portanto, com esse trabalho, esperamos
despertar no leitor um olhar crítico para a literatura erótica de autoria feminina e desconstruir
tabus e paradigmas sobre a poesia erótica escrita por mulheres.

Palavras-chave: Erotismo; Poesia; Autoria feminina.

NEOLOGISMOS FORMADOS POR DERIVAÇÃO SUFIXAL REFERENTES A GRUPOS SOCIAIS:


ESTUDO DAS PALAVRAS NOVAS E APLICAÇÕES NA SALA DE AULA

Vinícius Sáez de Oliveira Coelho (UFMG)

Resumo: A relação entre o léxico de uma língua e a sua cultura é objeto de estudo de várias
áreas da linguagem, mais precisamente do campo das Ciências do Léxico, como a Lexicologia.
Em tal área do saber, neste trabalho interessam os neologismos, isto é, as palavras novas que
surgem em uma determinada língua, devido a sua capacidade de renovação e mudança (ALVES,
2007), cuja relação está atrelada ao caráter social da linguagem. Nesse sentido, entre os
neologismos, o estudo recairá sobre a derivação, que, segundo Alves (2007), é um dos
processos de formação de palavras mais recorrentes na língua portuguesa. Este estudo será
focado no processo da derivação sufixal, no qual o afixo se une, pelo lado direito, à base lexical
que será formada. No que diz respeito ao estudo do léxico na sala de aula, esse tem sido
insuficiente, pois, de acordo com Antunes (2012), quando muito, os materiais trazem atividades
em que o vocabulário é explorado apenas na superfície - mostrando o significado básico, com
uma única denotação -, e os afixos são abordados apenas em sua classificação em relação à
etimologia (CRUZ, 2015). A partir destas considerações, este trabalho, pertencente à pesquisa
de mestrado em andamento, tem por objetivo analisar, descrever e discutir algumas formações
de derivação sufixal que surgem no meio social LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e outros), como “babadeiro”, “biscoiteiro”,
“falsiane” e “hinário”, recorrentes no grupo aqui estudado e amplamente utilizadas
socialmente. O corpus se constitui dessas unidades lexicais coletadas nas redes sociais, como
o Instagram, e tem como auxílio, na metodologia investigativa, a ferramenta Google Trends,
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que avalia o interesse e a busca pelos consulentes ao item lexical (JESUS, 2021). Por fim,
associando a relação do léxico com o ensino, pretende-se mostrar também possibilidades de
atividades pedagógicas voltadas para a sala de aula, a fim de contribuir com o desenvolvimento
da competência lexical dos estudantes (DUARTE, 2011). Neste trabalho, ao se investigar o
vocabulário em questão, espera-se colaborar com os estudos lexicológicos e a aplicação no
ensino básico.

Palavras-chave: Neologia, derivação sufixal, léxico, ensino.

"O PAI DO SENHOR DO ENGENHO FOI QUEM O CHAMOU ASSIM: CACHORRO VELHO, E
NINGUÉM MAIS VOLTOU A LEMBRAR DO SEU VERDADEIRO NOME": MEMÓRIA, IDENTIDADE,
RESISTÊNCIA E DIÁLOGOS DECOLONIAIS EM PERRO VIEJO, DE TERESA CÁRDENAS

Rayanne Soares da Paz (UFPE)


Imara Bemfica Mineiro (UFPE)

Resumo: Ganhadora do prêmio Casa De Las Américas com o livro Perro Viejo (2005), a
escritora cubana Teresa Cárdenas é uma referência na literatura contemporânea latino-
americana, reconhecida por recriar espaços de protagonismo negro na literatura escrita por
mulheres. Em seu livro mais prestigiado, Perro Viejo, a autora aborda a questão da escravidão
por meio das memórias fragmentadas e dolorosas de um homem que foi submetido à condição
de escravizado em um engenho de cana de açúcar ao longo de 70 anos de “vida”. O objetivo
desta pesquisa foi estabelecer um diálogo entre memória e identidade na literatura latino-
americana escrita por mulheres contemporâneas, através de uma análise interpretativa do livro.
Fundamentado no discurso decolonial, o estudo realiza uma análise crítica da obra,
considerando os discursos histórico-culturais presentes na narrativa para fomentar o diálogo
sobre decolonialidade e a expressão da cultura afro-caribenha no contexto crítico literário. Os
discursos histórico-culturais presentes na obra são abordados através das representações de
danças africanas, rituais religiosos, relação com a natureza e uso de plantas para fins
medicinais, todos relacionados à questão de sobrevivência e resistência. Nessa perspectiva, a
literatura decolonial configura-se como uma importante ferramenta de resistência e
enfrentamento ao racismo e outras formas de opressão, ao mesmo tempo em que valoriza a
cultura e a história dos povos negros e suas lutas por liberdade e justiça social ao longo da
história. A narrativa se desenvolve em torno de dois temas principais: memória e identidade.
Através das pequenas lembranças do Cachorro Velho, nome dado ao personagem principal,
são evocados memórias e testemunhos dos escravos mais velhos durante sua juventude, a fim
de preencher lacunas em suas próprias lembranças e ancestralidade. Nesse sentido, Perro Viejo
emerge como uma ferramenta essencial para confrontar as estruturas opressoras e dar voz
àqueles que foram silenciados. Ao contar a história pela perspectiva do colonizado, a obra de
Cárdenas revela sua significância na literatura contemporânea latino-americana a fim de
promover discussões sobre a decolonialidade.

Palavras-chave: Decolonialidade, Literatura de memória, Identidade.

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O PASSADO E O PRESENTE DO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR NAS CRÔNICAS DE
RECORDAÇÕES DE BECOS E VIELAS

João Elias da Cruz Neto (UEFS)


Resumo: Recordações de Becos e Vielas é um livro coletivo, lançado em 2022, que contém
dez crônicas, cinco poemas, uma peça teatral e cinco fotografias. A obra foi realizada a partir
de memórias e atravessamentos de pessoas negras que habitaram o centro de Salvador e
conheceram suas dinâmicas e seu jeito de se impor intimamente. Cada autor é responsável por
uma forma de arte ao registrar sua visão sobre o centro histórico neste livro, que é fruto
também de andanças no presente pelas ruas do Pelourinho; da Baixa dos Sapateiros; da antiga
rua 28 de setembro, atual rua do tijolo, entre outras. Neste trabalho, vamos analisar as dez
crônicas do livro, de autoria da jornalista e escritora Mônica Santana, que retratam situações e
personagens da localidade, como o antigo sapateiro, a avó da autora e as prostitutas, e
exploram diversos temas, entre eles, a reforma do centro histórico realizada pelo Governo do
Estado no início da década de 90, os antigos cinemas de rua, os meninos criados nas ruas sem
pai e com mães, e as antigas fontes de água que existiam na localidade. Para construir este
artigo, inicialmente, iremos fazer uma introdução sobre o livro; em seguida, vamos destacar
alguns aspectos da história do centro histórico de Salvador; também debateremos um pouco
sobre literatura de testemunho; para, depois, fazermos a descrição e analisar as crônicas. Como
suporte para tal análise, utilizaremos as teorias de Le Goff (História e Memória), Gagnebin
(Lembrar, escrever, esquecer), Ricoeur (A memória, a história, o esquecimento), Salgueiro (O
que é literatura de testemunho), e Seligmann-Silva (Literatura de testemunho: os limites entre
a construção e a ficção), entre outros autores. Além disso, iremos também relacionar as crônicas
com os poemas, as fotografias e a dramaturgia que fazem parte da obra. Ao ler o livro,
percebemos que a reforma realizada pelo Governo do Estado no centro histórico é um tema
citado em diversas crônicas, que a autora se insere nas histórias (“...E eu lembro nitidamente
das idas ao posto para receber a vacina...”), e sente falta de um centro antigo que não existe
mais (“...o centro da cidade no qual vivi se desmanchou um tanto...”).

Palavras-chave: Centro histórico; memória; literatura.

BILDUNGSROMAN E NACIONALISMO EM DOM SEGUNDO SOMBRA

Anderson Felix Dos Santos (UFPE)

Resumo: Bildungsroman ou romance de formação é um gênero literário que se inicia no século


XVIII, em território alemão e logo se torna uma forma de representação simbólica do romance
nas mais diversas nacionalidades. Sua forma simbólica é caracterizada pela narração da
trajetória de um herói rumo a uma formação exemplar por meio de etapas. O objetivo do
presente trabalho é aproximar a teoria do Bildungsroman consoante Moretti (2020),
Morgenstern (2009) e Maas (2000) e os estudos sobre nacionalismo empreendido por
Anderson (2008) para demonstrar como o romance Dom Segundo Sombra, de Ricardo
Güiraldes descreve o amadurecimento de seu herói e da nação argentina, por meio da figura
do homem gaúcho dos pampas, no contexto da primeira metade do século XX. A abordagem
empregada na análise foi de ordem qualitativa a partir do levantamento da base teórica e
posterior leitura interpretativa da obra. Como conclusões pode-se verificar que o processo pelo
qual o herói, Fábio, passa ao longo do enredo lhe permite uma ascensão espiritual, moral e
financeira que caracteriza sua efetiva formação e consonância com o mundo exterior, tendo
como exemplo dessa formação o personagem que lhe serve de protetor, Dom Segundo.

Palavras-chave: Bildunsgroman, Dom Segundo Sombra, Argentina


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PARA NÃO LER INGENUAMENTE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS: A RELAÇÃO VERBO-VISUAL
NA HQ DIOMEDES DE LOURENÇO MUTARELLI

Elisa Dayane Feitosa Souza (UFPI)

Resumo: Não existe um período ou marco inicial que seja determinado como início da criação
das histórias em quadrinhos. Contudo, é possível considerar que as histórias em quadrinhos
foram evoluindo juntamente com o homem, pois desde a pré-história que o homem procura se
comunicar através de imagens gravadas em algum plano. E uma das principais características
fundamentais das histórias em quadrinhos é a presença de imagens, que associadas a um texto
verbal comunicam ideias, conceitos, educação e arte. Quando as histórias em quadrinhos
começaram a se popularizarem foram consideradas produções de baixo valor, pois elas
estavam vinculadas a jornais sensacionalistas, com o principal intuito de criticar ou fazer piada
com algum acontecimento social. Após um longo processo de luta de ativistas e apoiadores
das HQs, elas foram conquistando valor, sendo consideradas como a “nona arte” do mundo.
Nessa perspectiva, esse trabalho possui o objetivo de destacar os aspectos verbo-visuais que
compõem as histórias em quadrinhos e de observar esses aspectos na HQ Diomedes: a trilogia
do acidente de Lourenço Mutarelli. Dessa forma, essa é uma pesquisa qualitativa com caráter
exploratório bibliográfico, onde foram buscadas as respostas em bibliotecas físicas e virtuais,
tendo como suporte os preceitos básicos de Cagnin (1975), Lins (2008), Campos (2015),
Eisner (2010), entre outros que versam sobre a temática dos quadrinhos. Nesse sentido é
importante que mencionar sobre a história em quadrinhos Diomedes, de Lourenço Mutarelli
que se trata de uma trilogia dividida em O Dobro de Cinco, O Rei do Ponto e A Soma de Tudo.
Sendo que A soma de tudo está organizada em dois volumes (A Soma de Tudo parte 1 e A
Soma de Tudo parte 2). Lourenço Mutarelli (2012) conta que começou a escrever o primeiro
volume, O Dobro de Cinco, em 1997 e a personagem Diomedes foi inspirada em seu pai, que
na época estava aposentado da polícia. Em 2012, a editora Companhia das Letras publicou o
primeiro volume dos quadrinhos intitulado por Diomedes: a trilogia do acidente, em um mesmo
livro separado por capítulos. Nas últimas páginas da obra há como créditos ao leitor algumas
ilustrações e rabiscos que mostram a maneira como Mutarelli desenhava as figuras e as
personagens em Diomedes. A história em quadrinhos conta sobre um detetive aposentado da
polícia que nunca conseguiu desvendar nenhum caso. Por meio de uma linguem coloquial e de
imagens grotescas e em alguns momentos assustadoras, Mutarelli elabora uma das mais
significativas HQs da contemporaneidade, sendo vencedora de nove troféus do prêmio HQ MIX.

Palavras-chave: História em quadrinhos, imagens, texto verbal.

UMA PERSPECTIVA DE MULTILETRAMENTO A PARTIR DA OBRA "FOGO, GENTE!", DE CRISTINO


WAPICHANA: UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA PARA O 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Romília de Sá Feitosa (UEMASUL)


Leylla Gabryelle Carvalho de Moraes Guimarães (UEMASUL)

Resumo: Este trabalho objetivou refletir acerca das práticas de multiletramentos em sala de
aula por meio da obra indígena “Fogo, Gente!”, de Cristiano Wapichana, em que foi realizada
uma análise dos diversos sentidos e interpretações apresentados pelo corpus dessa pesquisa.
Para mais, foi elaborada uma proposta pedagógica para o 6º ano do Ensino Fundamental,
intitulada “Uma leitura para além da imaginação”, a qual é constituída pelas seguintes fases:
1ª etapa – o primeiro contato com o exemplar; 2ª etapa – a primeira leitura da narrativa; 3ª
etapa – a segunda leitura: interpretação e assimilação; e 4ª etapa – a criação de um vídeo
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baseado na obra. Cada etapa da sequência pedagógica referenciada, visa tornar o processo de
leitura e assimilação um ato prazeroso, despertando, assim, o interesse do educando pela
literatura, uma forma de arte e expressão desvalorizada por uma significativa parcela de
estudantes, que a consideram irrelevante e tediosa. Isso posto, nesse escrito utilizou-se uma
abordagem qualitativa, mediante pesquisas e estudos recentes sobre o tema, os quais
auxiliaram na fundamentação desse artigo, além de coletas bibliográficas de informações que
proporcionaram uma compreensão sobre os multiletramentos. A relevância dessa pesquisa se
dá em propiciar reflexões que conscientizem o trabalho com os multiletramentos no processo
de ensino e aprendizagem, dando-lhe mais importância e possibilidades de discussões em sala
de aula. O estudo se fundamenta em autores como Sousa (2004), Kleiman (2005), Rodrigues
(2016), Moura (2020), Cazden et al. (2021), Moreto (2022) e Lenharo (2023). Em vista disso,
esta pesquisa se direciona para as práticas pedagógicas que envolvem leitura e escrita
realizadas em sala de aula, as quais farão mais sentido aos alunos quando desenvolvidas a
partir das competências comunicativas que, promovam o pensamento crítico e interação mútua
entre professor e aluno. Desse modo, por mais que os multiletramentos estejam presentes nas
práticas pedagógicas vigentes, é importante fomentar de maneira ininterrupta e consciente as
produções com sentidos diversos. Dessa forma, promover experiências particulares por meio
de temáticas condizentes as inúmeras realidades presentes em uma sala de aula, é que tornam
o ensino mais fidedigno.

Palavras-chave: Multiletramentos, Literatura, Pensamento crítico.

RESGATANDO A ANCESTRALIDADE POR MEIO DO TEATRO

Cristina Gomes de Brito (UFPI)

Resumo: A peça teatral A Mensagem do Salmo (2018), de Júlio Romão da Silva, retrata a vida
de Cristo desde o nascimento até a ressurreição, mas enfatiza também uma vida de
escravização de outros personagens. A culminância está na prisão, acoite e morte de Jesus.
Embora a peça pertença a um contexto religioso cristão ocidental é associado à escravização
africana, uma vez que para o elenco são selecionadas pessoas negras e desvalidas, inclusive o
próprio autor atua como personagem e dirige a peça. A palavra escravização é associada aos
embaraços estabelecidos em volta do povo afrodescendente e da realidade social da qual o
autor faz parte por ser negro e por pertencer a uma posição social desfavorável. Assim, o autor
utiliza-se do palco para externar sua própria resistência na condição de negro, pobre, portanto,
um sujeito marginalizado e em detrimento da crueldade sofrida pelo povo negro ancestral em
ocasião da travessia forçada do Atlântico, da permanência em solo brasileiro e da luta pela
sobrevivência. Assim é possível associar a peça a uma escrevivencia, termo cunhado por
Conceição Evaristo para dar visibilidade às pessoas negras, suas dores e seus anseios. As obras
da autora enveredam pelos caminhos da ancestralidade, posto que buscam fazer o regaste
histórico-politico-social da África, portanto, são escrevivências. A dramaturgia em questão se
volta para a ancestralidade revelando algumas questões pontuais que retratam a escravização,
perseguição e morte de escravizados. É perceptível em Júlio Romão, assim como em Conceição
Evaristo, que ambos possuem uma necessidade de se religarem com a ancestralidade, com a
hereditariedade e com a própria identidade. Desse modo, a peça será analisada sob a
perspectiva da escrevivência.

Palavras-chave: Teatro, A Mensagem do Salmo, Escrevivência.

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"A EXPRESSÃO DO ASPECTO NAS PERÍFRASES VERBAIS COM PARTICÍPIO NOS TEXTOS
JORNALÍSTICOS"

Tereza Cristina Mena Barreto De Azevedo (UEMA)


Ana Julia Pereira Barros Lima (UEMA)

Resumo: Quando nos propomos a estudar o aspecto verbal do Português, enfrentamos uma
dificuldade, pois essa categoria é desconhecida de muitos. Professores e estudantes do curso
de Letras e até acadêmicos de pós-graduação em Linguística, não raro, jamais ouviram falar
em aspecto verbal. De fato, o assunto não é abordado na maioria das obras que envolvem
estudos linguísticos e/ou gramaticais: pouco se sabe sobre o aspecto verbal e seu
funcionamento em nossa língua. Os estudos ainda são insuficientes e, vale ressaltar que o
aspecto é uma categoria em estudo sob reflexão, embora existam trabalhos tão significativos
já realizados. A não consideração dessa categoria, nos estudos sobre o verbo, cria uma lacuna
na descrição do sistema verbal, o que nos motivou a realizar esta pesquisa. Esse trabalho é
resultante de um projeto maior intitulado A expressão do aspecto nas perífrases verbais com
particípio e gerúndio nos textos jornalísticos, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica -PIBIC/UEMA /2022-2023, que objetiva realizar o estudo dos meios da expressão
do aspecto, nas perífrases com particípio, considerando: a duração, as fases (realização,
desenvolvimento e completamento) e os tipos de situações indicadas pelos verbos que afetam
a atualização da categoria de aspecto ( ausência de noções aspectuais). A pesquisa é baseada
na vertente teórico-metodológica da gramática gerativa. O corpus é constituído de , do caderno
Opinião, do Jornal do Maranhão, ano de 2021. Por, ainda, estarmos desenvolvendo a pesquisa,
selecionamos 71 perífrases, no exemplares de janeiro a março, analisadas com base na
representação esquemática das oposições aspectuais proposta por Travaglia (2016), na
expressão do aspecto pelas flexões verbais.

Palavras-chave: Sintaxe, aspecto, gerativismo, texto jornalístico.

VOZES FIOS: O PALAVRARMAIS, DE CECÍLIA VICUÑA

Lorena Luana Dias da Silva (FURG)

Resumo: O presente trabalho propõe pensar o fazer artesanal da escritora chilena Cecília
Vicuña. O objetivo é também identificar quais as relações entre palavra-corpo-poesia-escrita-
voz na produção de Vicuña. O exilio da artista é um dos vários fios que tecem o corpo-texto
da poeta. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, utilizo como referência os estudos sobre
performance de Ricardo Aleixo (2017) e Paul Zumthor (2017). Do ponto de vista do teórico
Paul Zumthor (2017), é possível questionar a conceptualização da literatura, tendo em vista o
corpo enquanto lugar-outro onde a poesia é vivida de modo não-eurocêntrico. Na poesia
contemporânea, corpo e palavra caminham juntos, se movem de forma complementar. Para
tanto, é preciso compreender os fios tecidos por Cecília Vicunã em suas instalações e
performances como movimento coletivo exercido também pela necessidade da memória, de
modo que boca e língua possuem papeis fundamentais. Sobre isto, Grada Kilomba (2019)
pontua “A boca é um órgão muito especial. Ela simboliza a fala e a enunciação. No âmbito do
racismo, a boca se torna o órgão da opressão por excelência, representando o que os/as
brancos/brancas querem – e precisam – controlar e, consequentemente o órgão que,
historicamente, tem sido severamente censurado” (Kilomba, 2019 p.34). Ouvir as palavras e
os sons que incidem da criação artístico-literária de Cecília Vicuña significa confrontar e se
despir dos conceitos pré-determinados. Em Palavrarmais (2017) são retomados os jogos de
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palavras e a construção das cosmovisões andinas e ameríndias a partir da criação e da recriação
das palavras. Ao abrir a boca e a voz, Cecília Vicuña escava a escuta e escreve outras narrativas
possíveis que outrora foram destruídas pelo processo colonizador e ditatorial, ela que já sofreu
censura ao denunciar a ditadura de Pinochet no Chile mira para as ancestralidades par
(re)encontrar um novo futuro.

Palavras-chave: Cecília Vicuña; Poesia; Performance; Memória;

LEITURA E PRODUÇÃO DE ESTÓRIAS: UMA EXPERIÊNCIA COM GÊNERO NARRATIVA A PARTIR


DA IMPLEMENTAÇÃO DO CICLO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Luciana Ferreira de Sousa Silva (UFT)

Resumo: O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada com o objetivo de


dinamizar um processo de escrita com base no Ciclo de Ensino e Aprendizagem em uma turma
do 9º ano, a partir de um trabalho sistemático de escrita processual com a produção textual, à
luz da Pedagogia de Gêneros, da Escola de Sydney. A pesquisa foi realizada numa escola
pública municipal de Colinas – MA, em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental, onde
foram aplicadas atividades orientadas para o desenvolvimento da leitura e da escrita baseadas
numa proposta pedagógica denominada Pedagogia de Gênero (PG) e fundamentada pela teoria
da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), da Escola de Sydney, colaborando para o
desenvolvimento dos alunos da turma pesquisada que foram diagnosticados com dificuldade
de leitura e escrita. Pesquisamos como o Ciclo de Ensino e Aprendizagem contribuiu para o
desenvolvimento das práticas de leitura e escrita. Com a referida pesquisa, investigamos,
descrevemos os fatos apresentados, refletimos e nos posicionamos diante deles, propondo
possíveis soluções para os problemas encontrados. Para realizar esta pesquisa, desenvolvemos
um conjunto de aulas que foram aplicadas por quase dois meses e meio, totalizando 28 aulas,
seguindo os princípios teóricos e práticos da LSF de Halliday e Matthiessen (2004; 2014) e
seguidores da Escola de Sydney e da Teoria de Gênero (MARTIN; ROSE, 2008; 2012)
proveniente da LSF e da Pedagogia de Gênero (PG), além dos trabalhos desenvolvidos pela
perspectiva da Escola de Sydney de Rose e Martin (2008; 2012), incluindo Gouveia (2013;
2014), além de pesquisadores brasileiros que amplamente têm difundido o Programa de
Letramento, da Escola de Sydney em diversos contextos de ensino no Brasil, tais como: Fuzer
(2014; 2016; 2017), Fuzer, Gerhart (2020) e Muniz da Silva (2007; 2014; 2015). Por fim,
apresentamos alguns resultados da intervenção nas aulas desenvolvidas. A proposta do Ciclo
de Ensino Aprendizagem com base na Pedagogia de Gêneros possibilitou o desenvolvimento
dos alunos, propiciou a competência comunicativa, ajudando-os a desenvolver habilidades de
leitura e escrita, para assim produzirem seus próprios textos com êxito A pesquisa rendeu
resultados positivos, apresentando alternativas para o ensino de língua portuguesa. As
recomendações da orientação do Ciclo de Ensino e Aprendizagem da Pedagogia de Gêneros
foram efetivamente aplicadas, conforme planejado.

Palavras-chave: Ciclo de Ensino e Aprendizagem, Gênero Narrativa.

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A MEMÓRIA PULSANTE DA GUERRA EM "MAUS: O RELATO DE UM SOBREVIVENTE"

Raquelle Barroso de Albuquerque (UFC)

Resumo: Este trabalho faz considerações acerca da importância do relato testemunhal dos
personagens da Graphic novel "Maus: o relato de um sobrevivente", do quadrinista
estadunidense Art Spiegelman. Esta Graphic novel, mundialmente conhecida e premiada,
atravessa décadas emocionando seus leitores e rendendo, dentre outros, trabalhos artísticos e
discussões acadêmicas. Na narrativa, Arte Spiegelman conta o relato de seu pai, que
sobreviveu, dentre outros males, ao campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda
Guerra Mundial. O relato de seu pai aparece encoberto, em alguns momentos, de incertezas e
lacunas, porém apresenta-se como documento vivo de uma das maiores tragédias modernas
da humanidade. O presente narrativo da história se passa em Nova Iorque dos anos 1970,
quando muitos sobreviventes da Segunda Guerra contam e recontam seus testemunhos, que
soam, na maioria das vezes, como histórias de terror, visto a riqueza de detalhes perturbadores
com que são descritas. Art Spiegelman fala, de forma metalinguística, como é difícil transpor
para o papel, não apenas em palavras, mas através de desenhos, toda a dor, sofrimento e
morte que foram vividos e vivenciados por seu pai, sua mãe e parentes. O relato de Vladeck,
seu pai, conta de forma crua e mórbida como a sobrevivência dos campos de concentração
nazistas era algo praticamente improvável, visto o grau de crueldade do genocídio que foi
empreendido pelos algozes. Deste modo, a presente pesquisa busca a análise deste relato e a
forma como é transposto aos quadrinhos por Spiegelman, explorando os espaços de medo e
morte, e como esta obra sobrevive ao tempo de forma tão atual e dantesca. O principal suporte
teórico será em relação à categoria narrativa do espaço literário, através de: Brandão (2013),
que traz a ideia do espaço como apoio do ser, pois este só existe a partir do momento em que
“está”, e isto diz muito sobre os relatos dos personagens da obra; Certeau (2008): o indivíduo
cria o espaço, pois, ao relatar seu testemunho, o indivíduo revisita e transforma os espaços (ou
a ideia que se tem deles); Lefebvre (2000), que afirma ser o espaço um produto das relações
sociais, ideia que justifica a construção do espaço pelas personagens da Graphic novel; Tuan
(2012), que apresenta a "topofilia" (ligação afetiva) e a "topofobia" (ligação traumática),
presentes nos conflitos existenciais dos protagonistas.

Palavras-chave: testemunho, espaço literário, Graphic novel.

PALAVRAS TAMBÉM PRECISAM SER AFIADAS - CORPOS ENTRE NARRATIVAS: A LITERATURA


INDÍGENA NO BRASIL COMO TERRITÓRIO DE RESISTÊNCIA

Érika de Freitas Arvelos (UFU)

Resumo: O papel e a expressão dos povos indígenas no âmbito literário é um marco importante
para a visibilidade de suas cosmologias. Anteriormente, havia uma visão que marginalizava e
subalternizava essas vozes, ignorando toda a complexidade presente nelas. No entanto, à
medida que o debate sobre questões étnicas e culturais se aprofundou, houve um aumento na
valorização da diversidade e da pluralidade cultural das sociedades indígenas. Este artigo
apresenta uma análise sobre o movimento da literatura indígena no Brasil, descrevendo seu
surgimento, consolidação política e seu impacto na lógica cultural. O objetivo é explorar a
história dos povos originários e sua relação com a literatura. Para isso, é abordada parte da
história colonial que influenciou as produções literárias sobre os povos indígenas. Além disso,
é destacada a diferença entre a literatura indianista, caracterizada por estereótipos e
idealizações dos povos indígenas, e a literatura indígena contemporânea, produzida pelos
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próprios indígenas a partir de suas vivências e perspectivas. Em resumo, o artigo enfatiza os
avanços alcançados pelo movimento da literatura indígena no Brasil. A literatura indígena
desempenha um papel fundamental na afirmação e reafirmação das identidades indígenas,
proporcionando um espaço privilegiado para a expressão e valorização da diversidade cultural
na literatura nacional. Conclui-se que a literatura indígena é uma forma de expressão e
resistência, capaz de transmitir as experiências, conhecimentos e perspectivas oriundas da
cosmovisão desses povos.

Palavras-chave: Literatura indígena, Cosmovisão, Identidades;

TESTEMUNHO NOS CURRAIS DO BRASIL: O CINEMA COMO REGISTRO ESTÉTICO DE MEMÓRIAS


TRAUMÁTICAS

Augusto Sarmento-Pantoja (IFPA)


Anairan Jeronimo da Silva (UFPA)

Resumo: Este estudo se dedica a analisar o drama documentário Currais (2019), de Sabina
Colares e David Aguiar. Filme que apresenta os bastidores da seca de 1932, no Ceará, quando
foram criados oito campos de concentração para aprisionar os flagelados da seca e impedir
que eles chegassem à cidade de Fortaleza. Esta estratégia, da criação dos cativeiros de trabalho
escravo foram responsáveis pela construção de parte daquela cidade. Currais recupera imagens
e traz sobreviventes que narram suas memórias e revelam seus lutos em meio ao contato com
as ruínas, dos casarões que emolduravam os campos de concentração, ao mesmo tempo
recupera o culto das “almas da barragem”, que são formas de resistir ao forte apagamento
histórico e cultural desse episódio pouco conhecido da história brasileira. O filme, traz em sua
composição narrativa, uma integração entre ficção e realidade, por meio de performances,
encenações roteirizadas e testemunhos de sobreviventes e descendentes dos campos
implementados na Ditadura de Getúlio Vargas imprimindo um gesto testemunhal evidente na
tessitura da trama narrativa, que nos interessa analisar como registro estético da memória
traumática de uma violência extrema impetrada pelo Estado brasileiro e que precisam ser
visibilizados passados mais de 90 anos de sua implementação. A seca, mais uma vez será a
motivador de sucessivos processos de migração em massa. Que o Nordeste vivencia
constantemente, os três maiores períodos, segundo Marco Antonio Villa (2000) e Frederico de
Castro Neves (2001), se darão anos de 1877, 1815 e 1832, foram excepcionalmente
duradouros e severos, o que levou centenas de milhares de pessoas em estado de miséria, os
ditos retirantes flagelados, a buscarem ajuda do Estado para sobreviverem à fome que assolava
a região, migrando para as capitais e para outras regiões do país. Com uma política autoritária
e desastrosa de contenção, exploração e silenciamento desses retirantes, foram construídos
até o ano de 1932 esses campos de concentração no estado do Ceará. Nesses campos, os
retirantes eram confinados, contidos muitas vezes com força armada, e dependiam da
inexpressiva ração oferecida pelo governo como alimento. A implementação desses locais, os
chamados currais humanos, resultou em milhares de mortes. No entanto, o registro e a memória
desse passado traumático de violência em documentos oficiais sofreu apagamento e o número
exato das vítimas fatais ainda não pôde ser contabilizado, apesar dos esforços historiográficos
de estudos extraoficiais independentes. Esse passado traumático, no entanto, encontra na obra
de arte uma possibilidade de reapresentação e reelaboração do trauma coletivo, por meio da
arte como no documentário Currais (2019), em que se associa testemunho e ficcionalização da
memória, da dor, do sofrimento. À luz de trabalhos como os de Márcio Seligman-Silva (2003,
2005), Beatriz Sarlo (2007), Jacques Rancière (2009) e Augusto Sarmento-Pantoja (2020,
2022), visamos compreender de que forma o cinema empreende um gesto testemunhal e
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apresenta a ficcionalização do testemunho como forma de resistência ao apagamento da
memória traumática.

Palavras-chave: Memória, testemunho, campos de concentração, Brasil.

A EXPRESSÃO DO ASPECTO NAS PERÍFRASES VERBAIS COM GERÚNDIO NOS TEXTOS


JORNALÍSTICOS

Jefferson Pinheiro (UEMA)


Tereza Cristina Mena Barreto de Azevedo (UEMA)

Resumo: Quando nos propomos a estudar o aspecto verbal do Português, enfrentamos uma
dificuldade, pois, essa categoria é desconhecida de muitos. Professores e estudantes do curso
de Letras e até acadêmicos de pós-graduação em Linguística, não raro, jamais ouviram falar
em aspecto verbal. De fato, o assunto não é abordado na maioria das obras que envolvem
estudos linguísticos e/ou gramaticais menos familiar para estudantes de Linguística que outros
termos de categorias verbais, tais como tempo e modo. Os estudos ainda são poucos e
insuficientes e, vale ressaltar que o aspecto é uma categoria em estudo sob reflexão, embora
existam trabalhos tão significativos já realizados. Contudo, é possível notar poucas referências
à categoria de aspecto nas gramáticas atuais, o que nos motiva a investigação. Tempo, modo,
pessoa, número e voz são categorias verbais bastante discutidas em nossas aulas de Língua
Portuguesa. Mas o que dizer da categoria aspecto? Em 1985, Travaglia inicia seu livro “O
aspecto verbal no português”, um dos principais trabalhos sobre essa categoria na Língua
Portuguesa, alertando-nos para o fato da pouca atenção que tem sido dada à categoria de
aspecto. Evidência disto é o fato de nossas gramáticas tradicionais, com raras exceções, quase
não tratarem desta categoria. A sua não consideração criou uma lacuna na descrição do sistema
verbal português cujo preenchimento, por si só justifica a realização não só deste mais de
muitos outros estudos sobre aspecto. Dessa forma, torna-se, importante apresentar a realidade
da categoria verbal aspecto no ensino do português e defender o fim da subalternização dessa
categoria, mostrando como uma metodologia que inclua tal categoria pode dar resultados
satisfatórios na compreensão dos tempos e modos verbais e, consequentemente, na
compreensão textual. Dessa forma, nos ocupamos nesta pesquisa a investigar a expressão do
aspecto pelas perífrases verbais de gerúndio, nos textos do caderno Opinião, do Jornal do
Maranhão, no ano de 2021. A pesquisa é baseada na vertente teórico-metodológica da
gramática gerativa, proposta por Chomsky (1976) em que Tempo e Aspecto são distintos.
Importante ressaltar que pesquisa é quanti-qualitativa, descritiva, visto que serão quantificadas,
classificadas, analisadas e interpretadas as ocorrências da expressão do aspecto pelas
perífrases verbais do gerúndio. Teremos como categorias de análise a representação
esquemática das oposições aspectuais proposta por Travaglia (2016), na expressão do aspecto
pelas flexões verbais, levando-se em consideração: a) duração (aspecto durativo,
indeterminado, iterativo, habitual e pontual); b) fases de realização (não começado, começado
e acabado), desenvolvimento (inceptivo, cursivo e terminativo); c) completamente (perfectivo e
imperfectivo).

Palavras-chave: sintaxe, aspecto, textos jornalístico.

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O ENTRE LUGAR DOS PERSONAGENS DOMINGAS E NAEL, NA OBRA DOIS IRMÃOS DE MILTON
HATOUM

Sâmulla Sousa Monteles do Carmo (UNIFESSPA)

Resumo: Meu objetivo é analisar a obra Dois irmãos de Milton Hatoum, sob a perspectiva dos
personagens de minoria, Nael e Domingas, mostrando como essas vozes foram muitas vezes
caladas, e como elas se constituem dentro da sociedade. Na narrativa de Hatoum, Domingas
era uma serviçal e Nael era seu filho, ambos moravam nos fundos da casa de uma família de
libaneses. No romance Dois Irmãos, eles têm a possibilidade de contar a história da evolução
da sociedade de Manaus, mostrando como essa cidade se tornou a capital da borracha e
recebeu inúmeros estrangeiros sob as sus óticas, ou seja, a ótica da minoria. Apesar do enredo
principal do romance, girar em torno do conflito familiar dos irmãos gêmeos Omar e Yaqub,
Hatoum também revelou o entre lugar e a busca pela identidade dos personagens Domingas
e Nael, em várias passagens da história de Dois Irmãos. Dentro desse contexto, podemos
observar que esses outros personagens, fora daquele contexto principal, que se constituem
como recortes do multiculturismo de Manaus da época, e da vertente do sujeito pós-moderno.
Uma dessas vertentes é justamente a voz da narrativa que é dada para Nael, filho de Domingas
neto e filho bastardo de libaneses, ele carregava consigo traços de sua origem indígena de
colonizado e traços da cultura do colonizador, a ele foi dada a voz, que quase nunca é dada
para as minorias, é o típico cidadão fora do modelo que tem a hibridização como característica.
Para Domingas sua mãe, é dada a oportunidade de “contação” de sua história de vida e de
sua identidade deslocada, que ao mesmo tempo que era inserida naquele meio, era também
desarticulada. Para analisar a questão do entre lugar e as identidades em Nael e Domingas,
utilizaremos trechos do romance que remontam essas características, juntamente com as
contribuições de autores que discutem o cenário pós-moderno, Bhabha (1998), Fanon (2008),
Santiago (2004), Penalva (2012).

Palavras-chave: Entre lugar. Domingas. Nael. Pós-moderno.

IMAGENS DO CABELO NA POÉTICA DE CRISTIANE SOBRAL

Alice Silva Sousa (UFMA)

Resumo: Este artigo teve como objetivo analisar as imagens do cabelo crespo em três poemas
selecionados do livro Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz (2022), escrito pela poeta
brasileira Cristiane Sobral. Os poemas em questão foram analisados e interpretados a partir de
outros textos de autoria negra brasileira, os quais tratam da representação dos cabelos crespos
em uma perspectiva na qual a mulher negra luta pelo direito de liberdade sobre o seu próprio
cabelo. Neste sentido, a obra da poeta assume o signo da resistência, a luta contra um padrão
eurocêntrico em que tudo que envolve o negro e seu cabelo é ruim, desordeiro, animalesco ou
mesmo primitivo como afirmado por Kilomba (2019). Ao analisar os poemas, foram colocadas
questões em que a mulher negra é instruída como um sujeito, que questiona um discurso
patriarcal e racista na sociedade contemporânea, visto que a mulher negra agora não é mais a
serviçal, a mãe, pode ser a juíza, a presidente de uma multinacional, a médica, o que ela quiser
ser. A análise dos poemas “Tridente meu pente”, “Amuleto da sorte” e “Fantasia”, de autoria
da poeta Cristiane Sobral e contidos na antologia Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz
(2022), levou em conta, uma pesquisa bibliográfica fundamentada em artigos científicos e
obras teóricas como de Nilma Lino Gomes, Grada Kilomba, bell hooks, Angela Davis, Jaqueline
Cunha Gonçalves e Rubenil da Silva Oliveira, dentre outros. Os poemas analisados neste artigo
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representam a resistência da mulher negra para com os seus cabelos naturalmente crespos e
em como esse cabelo foi estereotipado em uma sociedade que o conceito de “padrão” sobre
cabelo, é o cabelo liso. Os poemas, mostram como a mulher negra crespa sente-se em relação,
em não estar dentro do denominado “padrão” posto pela sociedade eurocentrada.

Palavras-chave: Cabelo; Identidade; Mulher negra; Literatura negro.

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO CAMPO LEXICAL: UM ESTUDO SOBRE OS SINAIS DOS BUMBA


BOI DO MARANHÃO

Ana Claudia Furtado Rocha (UFMS)


Raimunda Nonata Alves Cidreira (UFMA)

Resumo: A variação linguística é um fenômeno comum a todas as línguas naturais e assim


como nas línguas orais, também acontece com as línguas de sinais, sendo possível observar
variações regionais, sociais, como também, históricas. Propõe-se assim, focalizar aspectos da
variação linguística, na Língua Brasileira de Sinais, tendo como objetivo analisar a variação
lexical na Libras, no campo semântico do Bumba meu boi do Maranhão. Analisou-se para tanto,
a variação linguística, que se realiza nos sinais que compõem o léxico da Libras, nos grupos:
Boi de Maracanã, Boi da Maioba, Boi da Fé em Deus, Boi de Guimarães, Boi de Morros e Boi
de Axixá, levando em consideração os aspectos social, histórico e regional. Como referencial
teórico tomou-se como referencial os estudos de Labov (1983), Silva et. al. (2013); Albernaz
(2013); Strobel e Fernandes (1998); Bortoni-Ricardo (2017); Botelho (2021), entre outros.
Esta pesquisa foi realizada no Centro de Ensino e Apoio a Pessoas com Surdez - CAS e na
Associação dos Surdos do Maranhão – ASMA, locais em que se concentram boa parte da
comunidade surda de São Luís/Maranhão. Enquanto metodologia foi realizada uma pesquisa
de campo, com 10 participantes, sendo 4 do gênero masculino e 6 do gênero feminino, com
perguntas fechadas e abertas, com registro em forma de filmagem dos surdos, no ato de
sinalização, cujo resultado foi à coleta e a descrição de 10 sinais em que se pôde analisar a
variação de sinais realizados por surdos ludovicenses. Identificou-se como achados da pesquisa
que os surdos radicados na ilha possuem e praticam determinados sinais que fazem referência
às toponímias das brincadeiras dos Bumba meu boi do Maranhão.

Palavras-chave: Palavras-chave: Variação linguística; Bumba meu boi.

UMA CASA EM RUÍNAS: O MUNDO PRIVADO E SEUS DESLOCAMENTOS NA POESIA DE MYRIAM


FRAGA

Thais Rabelo de Souza (UFPE)

Resumo: As imagens produzidas em torno da simbólica da casa, ainda que pensadas dentro
das mudanças culturais, geográficas, sociais e políticas vivenciadas na contemporaneidade,
apesar de ser um centro de significações móveis e plurais a depender de cada contexto,
abarcam a necessidade de retornar/habitar/construir significações, sejam estas individuais ou
coletivas. Passando pelo viés da memória, esses sentidos vão desde a conquista da casa física,
um lugar para onde retornar, que se pode nomear seu, ou sua procura também, os espaços de
transição. Além disso, temos o sentido metafórico, não somente revisitado através do passado-
a casa da infância, ou todas as casas por onde passamos e constituímos memórias- como
também a casa/ser ou casa/corpo guardiã de nossas singularidades. Elódia Xavier (2012),
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ressalta a importância da casa, mais do que espaço ou papel social, mas também sua
importância simbólica. Para a autora, a representação da casa no imaginário feminino talvez
refute ou comprove uma “abordagem “topofílica” da casa em oposição à “topofobia” da rua”
(p.18). No que diz respeito a representação dessas imagens tanto no tecido ficcional quanto
no poético, enveredar-se pelos seus cômodos e significações requer a acuidade do
distanciamento para que as imagens da casa de quem visita não se sobreponham as imagens
de quem as habita. Neste sentido, o objetivo desta comunicação é lançar algumas reflexões
iniciais em torno das imagens poéticas constituídas em torna da simbólica da casa, nos poemas
“A casa”, presente no livro Femina (1996), em diálogo com poemas do livro Deuses Lares
(1991), da autora Myriam Fraga, e de como essas imagens promovem um deslocamento em
relação ao imaginário ocidental em torno da casa como recanto do mundo, espaço de
aconchego, intimidade e proteção, mas ao mesmo tempo não deixa de ser um lugar de onde
o eu-lírico pode falar e observar o mundo ao seu redor.

Palavras-chave: Casa, Deslocamento, Identidade.

A IMPORTÂNCIA DA POESIA NA (TRANS)FORMAÇÃO DO (ESCRI)LEITOR

Caroline Silva da Luz (UERGS)

Resumo: O presente artigo objetiva promover uma reflexão acerca do papel desempenhado
pela poesia — e pelo poeta — na (trans)formação do (escri)leitor. Falamos em transformação
do escrileitor, pois acreditamos que a formação do leitor é um processo deveras complexo,
interacionista e com força modificadora na tríade autor-texto-leitor, a partir da perspectiva de
cada sujeito; de cada conhecimento de mundo. O diálogo ]poétic∞[ se fará presente ao longo
do artigo através da poeta-pesquisadora, de pseudônimo Carola Luz, a qual pretende ilustrar
o texto através de poemas autorais, a fim de validar a importância da poesia. O estudo conta
com os aportes teóricos de: Freire (1989), Corazza (2007), Valéry (2018), Moisés (2019), Koch
(2006), dentre outros. Quanto à metodologia, consiste em uma pesquisa bibliográfica junto à
análise de cinco artigos científicos: Fonseca (2020), Leal (2015), Barbosa e Souza (2019),
Fernandes Andrade (2020) e Ruffo (2021). Por fim, munidos da arma mais poderosa que existe;
o conhecimento, nos é possível responder “Como a poesia contribui na (trans)formação do
(escri)leitor?”: através da oportunidade. Notas: "escrileitor" é um conceito de Corazza (2007) e
"]poétic∞[" é um neologismo proposto pela autora ao longo do artigo, a fim de fazer uma
alusão da poesia à matemática, onde a primeira é o conjunto do intervalo que eleva aos
infinitos.

Palavras-chave: Poesia, Escrileitor, Formação do leitor.

AMBIGUIDADE DE SEGMENTAÇÃO: CASOS EM QUE A CADEIA FALADA VIABILIZA


SEGMENTAÇÕES DE SENTIDOS ALTERNATIVOS

Suely Da Silva Lima Sá (UEMASUL)


Daniela Silva Ribeiro (UEMASUL)
Resumo: Este trabalho insere-se na Linha de Pesquisa em Linguagem, Memória e Ensino do
PPGLe/UEMASUL e tem por objetivo geral identificar casos em que há ocorrência da
ambiguidade de segmentação. Além disso, entre os objetivos específicos: analisar a significação
e sentidos alternativos presentes, especificamente no fenômeno semântico ambiguidade de
segmentação, em tirinhas, charges e memes e, também, suas relações com a BNCC. Para isso,

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o corpus consiste em tirinha, charge e meme, compartilhados em diversas mídias digitais.
Assim, o aspecto de análise é a ambiguidade de segmentação. Para tanto, adotou-se como
procedimentos metodológicos a abordagem qualitativa, de caráter descritivo e dirige-se ao
público especializado na área de Letras e Educação. Os fundamentos teóricos estão
embasados, principalmente, em Abrahão (2018), Ferrarezi Jr (2019), Ilari (2001), entre outros.
Os resultados comprovam que as tirinhas, charges e memes são ferramentas na construção de
sentidos, e a utilização deles são importantes aportes pedagógicos para refletir acerca da
ambiguidade de segmentação, auxiliando no aprofundamento dos estudos semânticos e na
compreensão da linguagem oral e escrita do processo ensino-aprendizagem. Além disso,
verificou-se que, é possível identificar casos em que a cadeia falada é passível de segmentações
de sentidos alternativos, causando ambiguidades. Evidenciou-se que a ambiguidade é um
fenômeno semântico que estimula o raciocínio, a perspicácia dos leitores e a interpretação de
mundo. O ensino desse aspecto semântico em sala de aula está voltado para a ampliação do
conhecimento linguístico dos discentes, tendo em vista a aprendizagem da língua materna,
com o propósito de desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. O emprego
desses textos multissemióticos é indicado na BNCC, eles envolvem o uso de diferentes
linguagens compartilhadas nas diversas redes sociais e, quando apresentam ambiguidades de
segmentação, são relevantes para estimular a percepção e atribuição de sentidos aos
enunciados e da segmentação correta das palavras ao escrever textos em língua portuguesa
no Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Semântica, Ambuiguidade, Tirinhas , Charges, Memes.

"O ANJO PORNOGRÁFICO": REPRESENTAÇÕES DA IDENTIDADE GAY EM O MENINO DO


GOUVEIA (2017)

Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

Resumo: A presente Comunicação Oral visou analisar a representação da identidade gay no


conto O Menino do Gouveia (2017), de Capadócio Maluco. Para isso, foi realizada pesquisa do
tipo bibliográfica na qual se tomou por fundamento as leituras de Mott (2003), Parker (2012),
Butler (2016), Foucault (2010, 2014, 2017), Bataille (2012), Maingueneau (2012), entre
outros. O conto de Capadócio Maluco foi publicado em 1914, na revista Nu, periódico
pornográfico brasileiro que permaneceu em atividade nas últimas décadas do século XIX e nas
primeiras décadas do século XX; trazia, além de mulheres desnudas, narrativas eróticas e
pornográficas, remédios que curavam as doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) e outros
conteúdos relacionados à sexualidade humana. Voltando à narrativa, objeto deste estudo,
vimos que trata da história de Bembém, menino que aos treze anos já se percebia gay à medida
que observava a imagem dos outros homens, inclusive os empregados e o próprio tio.
Entretanto, não conseguiu ter a sua primeira vez com esse familiar, mesmo depois de tê-lo
visto transar com a tia e se oferecer a ele na manhã seguinte enquanto tomava banho e fora
expulso de casa pelo mesmo e, após esse episódio se encontrou com o Gouveia e teve o seu
desejo saciado, sentiu o corpo de um homem adulto junto e dentro do seu. Neste sentido, a
narrativa é pornográfica porque o narrador conta seus desejos sexuais e suas ações sem
nenhuma licenciosidade moral e faz uso de vocábulos do calão sexual. Também assume o
poder da subversão, sobretudo por tratar de um protagonista que narra a sua história a outro,
um segundo narrador desconhecido homônimo ao autor. Por fim, a narrativa é transgressora
pela linguagem, enredo e tema, um texto que choca as mentes mais pudicas e abre o riso das
transgressoras.
Palavras-chave: Identidade; Memórias do eu; Sexualidade.
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IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS SOBRE O FALANTE NATIVO DE INGLÊS: UM CHAMADO À
REFLEXÃO CRÍTICA ATRAVÉS DAS THUMBNAILS DO YOUTUBE

João Victor Pereira dos Santos (UESPI)


Renata Cristina da Cunha (UESPI)

Resumo: Sendo a língua um produto extremamente volátil e amálgama à sociedade, o seu


processo de ensino e aprendizagem modifica e se adapta de acordo com as mudanças sociais.
Por conta disso, com a ascensão das Tecnologias de Informação e Comunicação, o ensino e a
aprendizagem de língua tem sido descentralizado dos meios tradicionais de ensino como
cursos de idiomas e escolas, popularmente elitizados, para serem popularizados através da
internet e seus veículos de comunicação em massa. No caso específico do inglês, por ser uma
língua de alcance global, seu processo de ensino e aprendizagem vem sendo fortemente
difundido por meio de mídias de compartilhamento digitais como o Instagram, Twitter e
YouTube, sendo esta última a rede social a qual esta pesquisa se debruça. Dentro do YouTube,
é muito comum o uso de thumbnails, que consistem em imagens em formato de miniatura
usadas a fim de divulgar o conteúdo de determinada página. Por sua vez, as thumbnails
configuram-se como um território profícuo para a disseminação de diversos discursos
ideológicos acerca do ensino e aprendizagem do inglês. Deste modo, esta pesquisa visa
responder a seguinte inquietação: quais as ideologias linguísticas acerca do falante nativo de
inglês propagadas nas thumbnails dos vídeos voltados ao ensino e aprendizagem de inglês no
YouTube? A fim de responder a presente inquietação, elencamos os seguintes objetivos
específicos: discutir os pressupostos teóricos do ensino do inglês como língua internacional e
global, com ênfase nas discussões acerca de ideologia linguística, bem como relacionar as
representações sociais acerca do inglês falado pelos nativos reproduzidos nas thumbnails dos
vídeos às matrizes ideológicas do ensino e aprendizagem de inglês. Com o intuito de alcançar
os supracitados objetivos, uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e de cunho
exploratório está sendo feita tendo como base autores e teóricos como Seidlhofer (2005),
Rajagopalan (2009), Graddol (2003) dentre outros estudiosos que se dedicam a estudar a
língua em seu aspecto ideológico com ênfase na problemática do falante nativo de inglês.
Tendo em vista que esta é uma pesquisa em andamento, os resultados preliminares mostram
haver, nos discursos presentes nos dados estudados, uma supervalorização do falante nativo
em detrimento dos demais falantes de inglês como língua internacional.

Palavras-chave: Ideologia linguística, Thumbnails, Falante nativo.

"BRASIL UTÓPICO": JORNADAS DE JUNHO, PENSAMENTO REACIONÁRIO E DOCUMENTO DE


BARBÁRIE

Abilio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Resumo: A poesia contemporânea tem se dedicado ao compromisso ético e as pautas


afirmativas as mais diversas. Algumas antologias poéticas nacionais publicadas entre 2012 e
2019 dedicaram-se especificamente a pauta políticas corrente. Exemplo disso é a antologia
“Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos” resultado do clima político vinculado às
jornadas de junho. Por outro lado, mesmo que menos efusivamente, há poetas que registram
o revés da opinião política progressista e apresentam em seus poemas um pensamento
reacionário. Nesta comunicação, iremos realizar a leitura do poema “Brasil utópico”, da
escritora paraense radicada em Marabá, Aldemira Aguiar, identificando neste poema pautas do
debate político corrente entre as jornadas de junho e a ascensão da extrema direita no Brasil.
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Neste poema, a utopia política se apresenta reacionária, se inscreve com os bordões repetidos
pela política de extrema direita e se posiciona contra políticas públicas de distribuição de renda.
A produção literária, mesmo num registro anti-progressista, também se apresenta como um
registro do pensamento reacionário corrente e como um documento de barbárie (conforme a
expressão de Walter Benjamin, nas teses sobre o conceito de História). Esta comunicação se
insere nas pesquisas sobre a poesia de teor testemunhal na região sul e sudeste do Pará.

Palavras-chave: literatura testemunho; poesia de testemunho;

QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO: ENTRE O ASSOMBRO E O HUMOR NO


ÂMBITO DA NARRATIVA INFANTIL

Jackeline Pereira Mendes (UFCG)


Maria de Fátima Alves (UFCG)

Resumo: São inúmeras as possibilidades de textos narrativos que têm potencialidade para
promover o encantamento das crianças pelo universo da fantasia. Dentre estas, destacam-se
as histórias de assombração atreladas ao gênero textual conto. Na leitura das obras compostas
por contos de assombração, é fundamental a participação do mediador nos processos de
antecipação, decifração, interpretação e apreciação do objeto cultural livro, estando ancorado
em práticas pedagógicas em prol do desenvolvimento do letramento literário infantil. Advoga-
se, por isso, acerca da necessidade de que sejam apresentadas às crianças obras que explorem
diferentes gêneros textuais, como é o caso do conto, aqui, em específico, o contato com
histórias de assombração, as quais estão entrelaçadas diretamente à cultura popular. Assim,
objetiva-se, neste artigo, apresentar uma proposta para a exploração do conto “Encurtando o
caminho” presente no livro literário infantil Sete histórias para sacudir o esqueleto, de Angela
Lago (2002). A proposta, fundamentada na perspectiva do letramento literário (COSSON,
2021), se destina ao quinto ano do Ensino Fundamental. O conto a ser trabalhado apresenta
uma excelente articulação entre a linguagem verbal e a visual, garantindo que o leitor iniciante
explore reações como medo, curiosidade e se divirta ao longo da leitura. Neste sentido, a
proposta apresentada a partir da obra de Lago (2002), ao explorar histórias de assombração,
sem perder de vista as dimensões lúdica e humorística no texto, permite uma aproximação do
leitor infantil com o universo literário e a ampliação do contato com a vertente folclórica da
cultura.

Palavras-chave: Literatura infantil, Contos de assombração.

ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA-METODOLÓGICA PARA O


LETRAMENTO CRÍTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Fabiane Lemes (UFU)


Rogério de Castro Ângelo (UFU)

Resumo: Nas campanhas publicitárias recorre-se frequentemente a estereótipos sobre papéis


de gênero, visando chamar a atenção do público-alvo em potencial do produto que está sendo
vendido. Dessa forma, os anúncios publicitários podem se configurar tanto como espaços de
estabilização de sentidos em relação aos papéis de gênero, quanto como espaços de
desestabilização e resistência, (re)atualizando já-ditos ou subvertendo-os. Neste trabalho,
apresentamos uma proposta didática de trabalho com o gênero anúncio publicitário que busca
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promover o letramento crítico (MENEZES DE SOUZA, 2011) dos/as estudantes, por meio de
discussões acerca da forma como os papéis de gênero circulam em diferentes anúncios
publicitários. Selecionamos para a nossa análise um anúncio publicitário veiculado em uma
revista e outro publicado em vídeo. A partir desse corpus, propusemos uma sequência didática
na qual problematizamos a materialidade verbo-voco-visual, por meio da análise das
regularidades enunciativas conjuntamente às estratégias linguísticas e imagéticas das quais
emergem efeitos de sentido em relação aos papéis de gênero. Compreendemos ser na/pela
língua(gem) que as relações de forças e de sentidos se manifestam, sendo o discurso o lugar
de articulação dessas relações. Logo, pautamo-nos pelos pressupostos teóricos da Linguística
Aplicada (MOITA LOPES, 2006; RAJAGOPALAN, 2003), epistemologia interdisciplinar voltada
ao estudo de questões sociais dadas na/pela língua(gem), numa interface com a Análise do
Discurso (PÊCHEUX, 1975, 1983). Ademais, recorremos ao pensamento decolonial
(MALDONADO-TORRES, 2007) para compreender a relação entre as construções sociais de
gênero, no contexto hodierno, e o capitalismo. Em nossa proposta didática, buscamos
promover discussões sobre em que medida, nos anúncios publicitários, emergem regularidades
que atualizam estereótipos em relação aos papéis de gênero, reproduzindo uma matriz colonial
de poder, e em que medida podemos verificar espaços de resistência a esses discursos.

Palavras-chave: Anúncio publicitário, Letramento Crítico, Gênero.

DO POEMA À PINTURA: ABRINDO NOVOS CAMINHOS PARA A LITERATURA POTIGUAR

Patrícia da Silva Martins (UFRN)


Marta Aparecida Garcia Gonçalves (UFRN)

Resumo: A literatura e a pintura são dois tipos de artes destintas, que ao mesmo tempo se
completam, através da ação de pintar podemos recriar uma nova interpretação do texto
literário, algo que seria relevante dentro do ambiente escolar. Compreendendo isso,
entendemos que a literatura contemporânea ainda é pouco explorada nesse espaço,
principalmente, a de caráter local, mais especificamente, a Literatura Norte-rio-grandense. Por
isso, este trabalho tem como objetivo principal estudar, por meio dos textos poéticos do
mossoroense Antônio Francisco, do pauferrense Manoel Cavalcante, e do jucurutuensse
Donizete Souza, a relação da literatura e a pintura, em especifico o estilo xilográfico, como
meio de ampliar o crescimento do pensamento crítico dos alunos, levando em consideração o
teor satírico imbricado nos poemas escolhidos. Através disso, utilizamos o círculo de leitura,
como também, a tradução intersemiótica para que os discentes conseguissem enxergar os
textos literários a partir de outra prisma, assim, dinamizando o ensino de literatura. Para
embasar nosso estudo, nos sustentamos nas ideias de Araújo (2004, 1995), Dantas-Monteiro
(2011, 2015) que irá discorrer sobre a Literatura do Rio Grande do Norte; Propp (1992), Brait
(1996), Lukács (2011) para tratar dos aspectos satíricos; Bakhtin (1997, 1999, 2010) que
reforçará com suas ideias o que se refere a cultura; Lindoaldo Campos (2017) abordando sobre
o gênero poema; Plaza (2003) com o estudo da tradução intersemiótica; Candido (2000, 2002,
2004, 2006) abordando a visão social da literatura; e por fim, para tratar do ambiente escolar
utilizamos Pinheiro (2008, 2018), Cosson (2021). Metodologicamente, o trabalho é uma
pesquisa-ação, com procedimentos qualiquantitativos que foi realizada por meio de aplicação
de oficina literária com público de uma turma de 1ª série do Ensino Médio de uma escola
localizada no município de Jucurutu/RN. O trabalho teve como resultado a produção de
pinturas satíricas, visto que, o intuito além de criar aproximação dos alunos com a Literatura
Potiguar, era também fazer com que os alunos pudessem compreender o texto literário além
das palavras.
Palavras-chave: Literatura, Pintura, Poema, Intersemiótica.
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AMBIGUIDADE DE SEGMENTAÇÃO: CASOS EM QUE A CADEIA FALADA VIABILIZA
SEGMENTAÇÕES DE SENTIDOS ALTERNATIVOS

Daniela Silva Ribeiro (UEMASUL)


Suely da Silva Lima Sá Maranhão (UEMASUL)

Resumo: Este trabalho insere-se na Linha de Pesquisa em Linguagem, Memória e Ensino do


PPGLe/UEMASUL e tem por objetivo geral identificar casos em que há ocorrência da
ambiguidade de segmentação. Além disso, entre os objetivos específicos: analisar a significação
e sentidos alternativos presentes, especificamente no fenômeno semântico ambiguidade de
segmentação, em tirinhas, charges e memes e, também, suas relações com a BNCC. Para isso,
o corpus consiste em tirinha, charge e meme, compartilhados em diversas mídias digitais.
Assim, o aspecto de análise é a ambiguidade de segmentação. Para tanto, adotou-se como
procedimentos metodológicos a abordagem qualitativa, de caráter descritivo e dirige-se ao
público especializado na área de Letras e Educação. Os fundamentos teóricos estão
embasados, principalmente, em Abrahão (2018), Ferrarezi Jr (2019), Ilari (2001), entre outros.
Os resultados comprovam que as tirinhas, charges e memes são ferramentas na construção de
sentidos, e a utilização deles são importantes aportes pedagógicos para refletir acerca da
ambiguidade de segmentação, auxiliando no aprofundamento dos estudos semânticos e na
compreensão da linguagem oral e escrita do processo ensino-aprendizagem. Além disso,
verificou-se que, é possível identificar casos em que a cadeia falada é passível de segmentações
de sentidos alternativos, causando ambiguidades. Evidenciou-se que a ambiguidade é um
fenômeno semântico que estimula o raciocínio, a perspicácia dos leitores e a interpretação de
mundo. O ensino desse aspecto semântico em sala de aula está voltado para a ampliação do
conhecimento linguístico dos discentes, tendo em vista a aprendizagem da língua materna,
com o propósito de desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. O emprego
desses textos multissemióticos é indicado na BNCC, eles envolvem o uso de diferentes
linguagens compartilhadas nas diversas redes sociais e, quando apresentam ambiguidades de
segmentação, são relevantes para estimular a percepção e atribuição de sentidos aos
enunciados e da segmentação correta das palavras ao escrever textos em língua portuguesa
no Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Semântica, Ambiguidade, Tirinhas, Charges, Memes.

A VARIAÇÃO DIATÓPICA NAS DENOMINAÇÕES PARA A PESSOA QUE NÃO GOSTA DE GASTAR
SEU DINHEIRO NO ESTADO DO MARANHÃO

Vitória Ellen Castro Costa (UFMA)


Laura Rebeca Monteiro Carmo (UFMA)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo investigar a variação lexical numa perspectiva diatópica
nos dados do Projeto Atlas Linguístico do Maranhão, doravante ALiMA, no que tange às formas
de designar a pessoa que não gosta de gastar seu dinheiro, item referente à questão 135, do
Questionário Semântico-Lexical do referido Projeto, pertencente à área semântica
comportamento e convívio social, e, ainda, observar o alcance dessas variantes registradas, nos
dicionários gerais de língua portuguesa. Fundamenta-se nos pressupostos teóricos-
metodológicos da Dialetologia, da Geossociolinguística e da Lexicologia, tomando como base
os estudos de Cardoso & Mota (2000), Cardoso (2010) e de Isquerdo (2007). Em se tratando
dos procedimentos metodológicos, foram consideradas as seleções lexicais de informantes de
16 localidades que compõem a rede de pontos do projeto, distribuídos nas cinco mesorregiões
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do estado, no que se refere à questão 135 (Como é que chama a pessoa que não gosta de
gastar seu dinheiro e passa até dificuldade para não gastar?…). Para cada localidade, foram
selecionados quatro informantes, exceto a capital, São Luís, onde foram considerados oito
informantes, que somam o total de 68 informantes. Para catalogação dos dados utilizados
neste trabalho, foram feitas transcrições grafemáticas dos inquéritos e as unidades lexicais
foram organizados em tabelas Excel. Com base na análise dos dados, percebeu-se o
polimorfismo para designar a pessoa que não gosta de gastar seu dinheiro, com o registro
total de 21 variantes e 111 ocorrências. Esse resultado mostra a criatividade linguística do
falante que, ao denominar esse conceito, na maioria das vezes, utiliza palavras que já existem
em seu cotidiano, atribuindo a elas novos sentidos. Além disso, a busca dessas denominações
nos dicionários gerais da língua portuguesa mostra que muito desse léxico que pertence,
sobretudo à oralidade, ainda não está formalizado nessas obras lexicográficas que, assim como
as gramáticas, são instrumento de normatização e registro linguístico. Desse modo, pretende-
se com este trabalho corroborar os estudos de descrição do português falado no Maranhão.

Palavras-chave: Variação diatópica. Léxico. Maranhão.

"ELA NÃO É RAPARIGA, ELA É VENDEDORA DE AMOR": O REFLEXO DO IMAGINÁRIO SOCIAL


NAS DENOMINAÇÕES PARA PROSTITUTA NO ESTADO DO MARANHÃO

Gabriel de Matos Pereira (UFMA)


Theciana Silva Silveira (UFMA)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo investigar a variação lexical para prostituta, com base
nos dados do Projeto Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA), e analisar como o estudo do
léxico pode refletir o comportamento e ideologia de uma comunidade. Nesse sentido, a
pesquisa parte da hipótese de que as denominações dadas à prostituta são reflexos de visão
dominante com relação à imagem e à sexualidade da mulher na sociedade. Para tanto,
fundamenta-se nos pressupostos teóricos-metodológicos da Dialetologia, da
Geossociolinguística e da Lexicologia, com base nos estudos de Cardoso (2010) e Isquerdo
(2001), respectivamente. Em se tratando dos procedimentos metodológicos, serão
consideradas as seleções lexicais de informantes de 16 localidades que compõem a rede de
pontos do projeto ALiMA, distribuídos nas cinco mesorregiões do estado, no que se refere à
questão 139 (Como se chama a mulher que se vende para qualquer homem?), a saber: São
Luís, Raposa, Pinheiro, Turiaçu, Carutapera, Imperatriz, Carolina, Balsas, Alto Parnaíba, São João
dos Patos, Caxias, Brejo, Araioses, Bacabal, Codó e Tuntum. Para cada localidade, foram
selecionados quatro informantes, exceto a capital, São Luís, onde foram considerados oito
informantes, que somam o total de 68 informantes. Para catalogação dos dados utilizados
neste trabalho, foram feitas transcrições grafemáticas dos inquéritos e as unidades lexicais
foram organizados em tabelas Excel. Para as análises dos dados utilizamos os seguintes
dicionários gerais de língua portuguesa: Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de
Figueiredo (1947), Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009) e Dicionário
Contemporâneo da Língua Portuguesa (2011). Os dados coletados mostram a grande variação
lexical em relação ao item lexical investigado, com o registro de 26 variantes e 126 ocorrências.
Ao buscar as denominações nos dicionários gerais, pode-se perceber que a maioria das
acepções encontradas correspondem ao conceito buscado e, assim, como nos dados coletados,
tratam de uma visão acerca do imaginário da sociedade acerca do comportamento da
prostituta. Desse modo, evidencia-se a relação intrínseca entre língua e sociedade, em que o
léxico, nesse caso, reflete o comportamento de uma determinada comunidade.

Palavras-chave: Variação Lexical, Prostituta, Maranhão


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ECOS DA MORTE NO DISCURSO RELIGIOSO EM LAVOURA ARCAICA, DE RADUAN NASSAR

Juliana da Silva Bello (UEL)

Resumo: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste
tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás” (GÊNESIS, 3:19). O “suor do rosto” emprega
simbolicamente ao trabalho uma árdua atividade do qual o homem passaria experimentar ao
longo do tempo, até o dia de sua morte. Nesse sentido, no romance Lavoura Arcaica (1975),
de Raduan Nassar, o trabalho é associado ao domínio da paciência vigorosamente ligada ao
tempo. Para tanto, o amor, a união e o trabalho, tornam-se a base tríplice da circularidade
familiar, preconizada pelo pai na narrativa. Entende-se que o trabalho torna-se o principal ato
de sacrifício que estabiliza essa estrutura familiar. Todavia, através do narrar de André, é
compreendido que o peso das palavras proferidas pelo pai atua nas arestas da tentativa cristã
em driblar a morte. Explica Edgar Morin (1997) que o cristianismo, enquanto religião orbita
determinado pela morte. Nessa direção, vencê-la requer o sacrifício em busca da salvação. Com
efeito, parte-se da premissa que na obra cruzam-se ecos do tema da morte com a filosofia
alcorânica-cristã do patriarca, a fim de estancar não só os desígnios do tempo, mas, sobretudo,
esquivar-se dos pecados em detrimento de um pacto em Cristo através do sacrifício pelo
trabalho árduo. Assim, enquanto chave de leitura compreende-se que o esforço do pai em
blindar a família de tudo que é mundano, através do labor da terra, só desencadeia um
desiquilíbrio maior, pois o galho esquerdo da casa rompe a equação cristã, dando gatilho à
tragédia final, da qual Ana é a ovelha do sacrifício ofertada em troca da liberdade de toda a
família. A fim de ampliar a consciência em torno da morte e suas representações na literatura,
o trabalho proposto pretende fazer esse recorte, uma vez que o romance traz no discurso
religioso possibilidades para essa leitura. Integrará a proposta textos fundamentais de Edgar
Morin (1997) e Philippe Ariès (2012), que amparam uma reflexão sobre a relação do homem
diante da morte e do morrer, no contexto da cultura ocidental e religiosa cristã.

Palavras-chave: Morte; Sacrifício; Trabalho; Lavoura Arcaica.

VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SUBALTERNIDADE FEMININA INDÍGENA NA OBRA DOIS IRMÃOS, DE


MILTON HATOUM

Joelma Lobo de Lira (Receita Federal)

Resumo: Esta Comunicação objetiva apresentar aspectos das condições de vida da mulher
indígena na obra de Milton Hatoum, partindo da leitura da obra Dois Irmãos ,e com isso trazer
uma abordagem social entre a pobreza e violência patrimonial. No texto analisado vamos
encontrar personagens femininas que ocupam um lugar de destaque no seio da narrativa,
percebe-se em suas histórias, vivências marcadas pelo preconceito e afastamento de dignidade
enquanto ser humano oriunda de uma classe considerada subalterna, como são as mulheres e
os indígenas.A base teórica estará pautada, nos estudos a partir das obras A Dominação
Masculina de Pierre Bordieu e A criação do patriarcado e de Gerda Lerner . Almejamos com
este trabalho apresentar as personagens da obra de Hatoum e as mazelas sofridas pelas
mesmas, nela o autor mostra o tratamento atribuido aos membros da família que dividem o
ambiente do lar, sendo que as mulheres sempre estão em desvantagem. Traremos os
pensamentos de Gerda Lerner e Bordieu ao tratarmos do lado histórico do processo de
marginalização da mulher e mostrar como esse estudo se torna uma excelente oportunidade
para compreendermos a gênese da subordinação e exclusão da mulher periférica e indígena,
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trazendo uma perspectiva histórica de como surgiu a opressão das mulheres, como a mulher
foi sendo paulatinamente oprimida ao longo do tempo e de que maneira a sociedade patriarcal
foi se fortalecendo e se estabelecendo enquanto instrumento de dominação. Dessa forma,
traremos à discussão um debate relacionado à violência doméstica silenciosa, caracterizada
como uma violência de gênero. Dessa forma, é importante ressaltar a relevância do debate
sócio político para a construção da convivência em sociedade, para que indivíduos que
interagem entre si estreitem relações pautadas no respeito às diversidades, amparando a
dignidade tão necessária ao ser humano, independente das diferenças, sejam elas de raça, de
sexo, de classe.

Palavras-chave: Violência, Subalternidade, Mulher Indígena.

JADINE CHILDS: MULHER NEGRA INTERSECCIONAL

Glacilda Nunes Cordeiro Santos (UFPI)

Resumo: A presente pesquisa busca refletir sobre questões de identidade feminina e de raça
através da obra Tar Baby (1981) da escritora estadunidense Toni Morisson, considerada um
dos maiores expoentes contemporâneos da African American Literature (literatura afro-
americana). Enquanto uma releitura da peça The Tempest de William Shakespeare (produzida
entre 1610 e 1611), Tar Baby nos permite estabelecer um diálogo entre literatura pós-colonial,
ou mesmo literatura de minorias, com questões sociais e raciais que envolvem especialmente
as mulheres negras. À luz dos estudos Culturais e Decoloniais, objetiva-se abordar a forma
com que a autora opera categorias como “mulheres” e “raça” na construção da personagem
Jadine Childs, e critica o imaginário social em torno de mulheres negras. Mesmo após a
identificação da existência de outros femininos, como o feminismo negro, a partir dos anos
1960/1970, e do movimento antiracista, é preciso problematizar a ideia unívoca em torno da
“mulher negra”, pontuando as diferenças e contradições no tempo e no espaço em que corpos
femininos de cor existem ou existiram. Nesse sentido, em uma perspectiva interseccional e com
o suporte de autores como Gonzalez (1980), Gomes (2002), Hall (2002; 2003), Spivak (2010),
Collins (2016), hooks (2017), Davis (2017) e Akotirene (2018), argumenta-se que as
identidades femininas e de raça, das mulheres negras, são múltiplas e plurais, ainda que
resultantes dos efeitos identitários do processos de colonização e de escravização, que
imprimiram-nas características homogeneizantes. O imaginário social acerca da mulher negra
e sua atuação na sociedade, tem fomentado importantes debates frente às desigualdades
sociais as quais são submetidas, principalmente quando consideramos a herança escravagista
e a ideia de que “nasceram para servir” (XAVIER, 2019, p. 89). Nesse contexto de
problematização, a proposta de releitura da peça The Tempest de William Shakespeare
(produzida entre 1610 e 1611), elaborada por Toni Morisson em Tar Baby, é exemplar.

Palavras-chave: Tar Baby, mulher, interseccional.

HOMENS PRETOS QUE SE AMAM: O HOMOAFROEROTISMO NA POESIA DE FELIPE JORDAN

Igor Marangon (UNEMAT)

Resumo: Propõe-se neste trabalho discutir a literatura homoafroerotica presente na poética de


Felipe Jordan, que emergiu como uma das vozes mais notáveis do slam brasileiro, focando a
análise nos aspectos estéticos e políticos norteadores das produções. O corpus deste estudo
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se constitui de poemas escritos e apresentados pelo próprio autor em batalhas de Slam. Por
meio de uma abordagem analítica e bibliográfica, objetiva-se em evidenciar os traços
discursivos que conferem às práticas homoeróticas entre homens negros um caráter de
expressão política nos textos .Para tal fim, em primeiro lugar, será realizado um percurso pela
lírica homoafetiva ocidental e pelas imagens recorrentes nela. Faz-se necessário também um
breve definição quanto as características do Slam Poetry, gênero em produção estudada se
insere. Adiante, exploram-se conceitos relevantes para a compreensão do homoafroerotismo
nos poemas de Felipe Jordan, dialogando com a Literatura Afro-Brasileira e a Literatura Erótica
Gay brasileira. O arcabouço teórico que alicerça os estudos é fundamentado por Ratts (2007),
Lopes (2002), Nascimento (2002), Silva (2009; 2011), Barcellos (2002; 2006), Buttler (2018),
D’alva (2011), Bernd (1992), Conceição e Barbosa (2000), entre outras contribuições. Por fim,
as análises apontam para a poesia como um espaço de resistência homoafetiva dos corpos
negros, caracterizado por desejos, afetos e tensões que se refletem no texto, permitindo que
o homoafroerotismo seja interpretado também como um elemento estético.

Palavras-chave: homoafroerótico, literatura gay, Felipe Jordan.

MORTE EM DESCONSTRUÇÃO: UMA LEITURA DERRIDIANA DO CONTO OUM ZAHAR DE


ISABELLE EBERHARDT

Paola Karyne Azevedo Jochimsen (Universidade de Coimbra)

Resumo: A morte é um elemento central na jornada humana, com uma variedade de


interpretações surgindo ao longo da história. A perspectiva cristã, que enfatiza a crença na
vida após a morte, ressurreição e julgamento final, é uma das mais proeminentes. Para os
adeptos do cristianismo, a morte é percebida como um trânsito para uma existência eterna ao
lado de Deus. Todavia, é crucial reconhecer que há muitas maneiras de interpretar a morte,
influenciadas por tradições religiosas, filosóficas e culturais variadas. Mesmo dentro de uma
tradição específica, as percepções individuais podem diferir. A morte pode ser entendida como
parte do ciclo natural da existência, um momento de descanso e renovação, uma transição para
outra dimensão, ou até mesmo como o término absoluto da consciência. Esses múltiplos
olhares sobre a morte convidam-nos a ponderar sua complexidade e diversidade de
significados, enriquecendo nosso entendimento e incentivando-nos a explorar além dos limites
do ponto de vista predominante. Isabelle Eberhardt, escritora suíça de expressão francesa,
abordou frequentemente a morte tomando como base as tradições do Magreb. No contexto
dos povos do deserto, como exemplificado em Oum Zahar (1902), o entendimento sobre a
morte contrasta com o ocidental cristão. Para os berberes, a morte é parte essencial do ciclo
natural da vida, sendo profundamente respeitada e venerada em sua relação com os ancestrais.
Aqui, a maraboute, uma mulher sábia e enigmática, desempenha um papel crucial, sendo vista
como uma mediadora entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ela desafia as convenções
ocidentais sobre a morte e nos apresenta a visão de mundo dos berberes. Com a intenção de
revelar as camadas múltiplas de significado e desmontar as narrativas dominantes, propomos
uma análise do conto a partir da teoria desconstrucionista de Jacques Derrida. A inclusão desta
abordagem nos instiga a questionar as noções convencionais e as estruturas de poder que
permeiam as representações da morte. Assim, somos convidados a refletir sobre como a morte
é (des)construída e como suas interpretações variadas são influenciadas por fatores culturais,
históricos e sociais. Ao descontruir tais representações, buscamos criar espaço para vozes
marginalizadas e olhares alternativos, como os encontrados na sociedade berbere retratada no
conto. Palavras-chave: Isabelle Eberhardt, Oum Zahar, Desconstrução, Jacques Derrida, Morte.
Palavras-chave: Isabelle Eberhardt, Oum Zahar, Desconstrução
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INCIDÊNCIAS DA COLONIALIDADE/DECOLONIALIDADE NO ROMANCE COMPASSO BINÁRIO
DE ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ

Deyse Gabriely Machado Brito (UFMA)

Resumo: A literatura tem o poder de criar mecanismos que suscitam emoções e visões de
mundo que, embora de forma fictícia, exigem um movimento dialético que pode resultar na
reflexão sobre o contexto social/histórico. Nesse sentido, este trabalho põe em questão como
modernidade colonial não se restringe à “conquista” territorial, mas, apresenta como essa se
desdobra em diversas vertentes, de modo que a colonialidade ainda é reverberada. Assim,
aborda-se especificamente a intersecção que abrange gênero e raça, a partir de uma leitura
decolonial do romance Compasso Binário, da escritora maranhense Arlete Nogueira da Cruz. A
estética arletiana frequentemente toca em percalços que são sofridos pelo corpo (e mente)
feminino, mesmo em situações díspares, o que permite perceber como a misoginia é destinada
às mulheres como um grupo, sendo ainda mais enfática quando se trata da intersecção mulher-
negra- condição de vulnerabilidade social. É nesse sentido que a narrativa apresenta como as
personagens centrais, as quais correspondem a Baianinha e Natália, sendo uma prostituta da
ZBM e a outra estudante e estagiária de medicina, o que, consequentemente, aponta como
fazem parte de diferentes alas da sociedade ludovicense, mas têm suas vidas cruzadas na
narrativa a partir da dominação masculina e da violência, sendo presentes assuntos tabus como
estupro e feminicídio. Para tanto, o trabalho está pautado em uma pesquisa bibliográfica de
cunho qualitativo, assim, parte-se do objetivo geral de realizar uma leitura analítica sob a
abordagem da decolonialidade do romance maranhense Compasso Binário (1972), da escritora
Arlete Nogueira da Cruz; quanto aos objetivos específicos, tem-se o intuito de verificar como
o romance Compasso Binário se relaciona com os aspectos que reverberam a colonialidade de
gênero; e, analisar como as situações de dominação pater-colonial, problematizadas na
narrativa, resulta em violência. Para tanto, são utilizados os estudos de Lugones (2020),
Maldonado-Torres (2016) e Mignolo (2017).

Palavras-chave: Arlete Nogueira; Compasso Binário; Decolonialidade.

MEMÓRIA E HISTÓRIA: CRUZAMENTO EM K.- RELATO DE UMA BUSCA E OS VISITANTES, DE


BERNARDO KUCINSKI

Denise Bonfim Oliveira (UFPI)

Resumo: O presente estudo tem como objetivo mostrar de que forma é construída a memória
em K.- relato de uma busca e em Os visitantes, obras do escritor paulistano Bernardo Kucinski.
K.- narra a procura de um pai por vestígios da filha, desaparecida durante o regime militar
brasileiro, predominante entre 1964 e 1985. Uma parte da história de vida de Kucinski é
colocada de forma ficcional, porém ambientações, personagens e momentos são
verdadeiramente factuais. Durante essa busca, a memória, antes latente, torna-se cada vez mais
pungente em meio aos encontros com quem conviveu com a filha em seus últimos meses de
vida. Já em Os visitantes, Kucinski propõe um encontro ficcional entre os leitores de relato de
uma busca, os personagens retratados nessa obra e o próprio autor ficcional, em uma reflexão
não somente da recepção de sua narrativa, mas também dos fatos colocados a partir de
histórias ouvidas e consideradas verídicas, mesmo sem comprovação real. Acompanhamos a
memória individual cruzando com a memória de um povo, construindo e conjecturando um
cenário de injustiça, violência e sonho por um país democrático e igualitário. Aqui, também a
memória é resgatada e lembrada como importante fator na elaboração de um tempo sombrio.
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Nossa pesquisa apoia-se nos estudos e fundamentos de Le Goff (1990), Halbwachs (1990),
Seligmann (1998;2002;2008), Pollack (1992) entre outros que abordam a memória como laço
coletivo que une e um povo, assim como cruzamento entre história e literatura, enfatizada
desde os tempos de shoah e presente ainda nos dias atuais, onde governos autoritários ainda
conseguem limitar os direitos de diferentes povos, causando mortes coletivas através de ações
isentas de humanidade e solidariedade com o outro. Relembrar e manter sempre viva a história
de uma comunidade é também evitar que atrocidades e injustiças se repitam constantemente
como ainda acontece em diversos territórios, nessa pesquisa, enfatizados no espaço brasileiro.

Palavras-chave: História; Os visitantes; K.- relato de uma busca.

OS DESAFIOS NA PRÁTICA DE DOCENTE LGBTQIAPN+: UMA ABORDAGEM DISCURSIVO-


CRÍTICA

Welistony Câmara Lima (UEMA)

Resumo: O presente artigo é um recorte de uma pesquisa que investiga como profissionais
lgbtqiapn+, especificamente professores e professoras, são representados na estrutura social
das escolas. Algumas discussões que se tem feito no campo da sexualidade, identidade de
gênero e orientações sexuais são animadoras e dialogam com resultados deste trabalho. No
intuito de ampliar os debates sobre esta temática, trazemos para a reflexão uma análise
discursiva em narrativa de docente da comunidade lgbtqiapn+ em escola privada de São Luís
- MA. Percebemos que algumas barreiras ainda são impostas e dificultam a inserção da
diversidade na conjuntura escolar: currículos que não (ou parcialmente) contemplam práticas
inclusivas, projetos políticos pedagógicos que silenciam vivências lgbtqiapn+, material didático
que exclui a diversidade sexual e o constante tabu existente e atuante entre os corredores das
escolas. Para verificar os principais discursos homotransfóbicos utilizamos como aportes
teóricos-metodológicos, os estudos queer (BUTLER, 1990), a Análise de Discurso Crítica
(CHOULIARAKI, FAIRCLOUGH, 1999) e outros. A fim de explicitar ou entender como estes
discursos discriminatórios circulam no âmbito escolar, esta investigação utilizou como corpus,
entrevista realizada com um docente lgbtqiap+ que se dispôs anonimamente a contribuir com
essa investigação. Ele é professor de português e comenta sobre a problemática de se moldar
frente aos padrões impostos, a rasa assistência escolar e a relação de respeito que tenta
projetar todos os dias na sua prática. Enfim, relata os desafios comuns que são enfrentados
quando se está na linha de frente de uma sala de aula. A partir da transcrição da entrevista,
alguns excertos foram selecionados e analisados por meio de categorias analíticas da ADC
proposta por Fairclough (2003), a saber, a intertextualidade, a interdiscursividade e a
avaliação/modalidade que lançaram luz sobre os mecanismos ideológicos que regulam o poder
sobre corpos e corpas, instaurando, mantendo e reforçando contratos sociais nem sempre
consensuais. Assim, a importância desta investigação, justifica-se pela necessidade de abordar
a ADC em sua transdisciplinaridade na superação dos problemas sociais impostos pelo padrão
cisheteronormativo frente à luta da comunidade múltipla de identidades, cores e gêneros.

Palavras-chave: Discurso, Ambiente Escolar, Narrativas LGBTQIAP+

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MACHADO DE ASSIS EM SALA DE AULA: UMA PRÁTICA DE LEITURA E LETRAMENTO LITERÁRIO
NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

Diana Sousa Silva Correa (IFMA)

Resumo: O ensino de literatura tem como horizonte de preocupação garantir a formação dos
alunos enquanto leitores críticos e autônomos, capazes de desenvolver uma leitura crítica do
mundo a partir da leitura da palavra literária. É no ambiente escolar que muitos alunos
adquirem a capacidade leitora e desenvolvem o gosto pela leitura literária. No entanto, o que
se observa com frequência é que muitos alunos não conseguem compreender o que estão
lendo, ou seja, quanto há leitura em sala de aula, esta se limita à decifração do texto que
segundo Rildo Cosson (2016), é apenas a primeira fase do processo de leitura, enquanto a
interpretação que é o centro de encontro entre texto e leitor fica comprometida. Nesse sentido,
o presente trabalho tem como objetivo analisar em que medida o letramento literário contribui
para a formação leitora dos alunos a partir da proposta metodológica de Rildo Cosson. Este
trabalho busca responder às seguintes questões: O que é letramento literário e quais as suas
implicações para o ensino da literatura? Qual a sua relevância para a formação de leitores?
Para tanto, recorremos essencialmente aos pressupostos de Rildon Cosson (2016) que concebe
o letramento literário como um conjunto de práticas sociais que usam tanto a escrita quanto à
leitura literária. Considerando a abrangência deste fenômeno, recorremos também aos estudos
de Soares (2009), Emerson de Pietri (2007), Todorov, (2010) Lerner Delia (2002), e Regina
Zilberman (2012) que defendem o ensino de literatura na escola, mas situam a ineficácia das
abordagens informativo-histórica da literatura nos livros didáticos, e nesse contexto propõem
estratégias pedagógicas de práticas de leitura na escola que possibilitem a criação do hábito
de leitura dos alunos bem como o desenvolvimento do letramento literário. Na pesquisa
empreendida de abordagem qualitativa, evidenciamos que os contos machadianos configuram-
se excelentes recursos para promover a experiência estética de textos literários em sala de aula
e que é fundamental que os alunos tenham contato com o texto, sendo este o objeto do ensino
de literatura de modo que os alunos consigam ultrapassar a simples decodificação do código
textual e possam dialogar com o texto literário, produzindo sentido e fortalecendo seu
repertório de mundo.

Palavras-chave: Machado de Assis; Letramento literário; Leitura.

A FORÇA ARGUMENTATIVA DO DIZER NO GÊNERO TEXTUAL "PALESTRA"

Paloma Sabata Lopes da Silva (UFPR)

Resumo: A pragmática pode ser conceituada como o campo da linguística responsável pela
análise das relações entre língua e contexto. Entre os fenômenos linguísticos estudados por
essa perspectiva destacamos as Teorias dos Atos de Fala, de Jhon Austin (1990), que
caracteriza o ato performativo, na medida em que a linguagem é compreendida como ação, e
das Implicaturas Conversacionais, de Paul Grice (1982), por nos fornecer uma fonte de análise
das intenções comunicativas. Considerando-se esse panorama teórico, a questão norteadora
deste estudo é: “Quais os efeitos do uso dos atos de falas e de implicaturas conversacionais
na palestra “Qual é a sua obra?”, proferida pelo filósofo, professor e palestrante Mário Sérgio
Cortella?”. Para respondê-la com rigor científico adotamos como objetivo geral o interesse por
identificar os tipos de atos de falas e de violação das máximas conversacionais no discurso
produzido na referida palestra mencionada. Os objetivos específicos, por sua vez, consistem
em: a) descrever as ações produzidas por meio do dizer de Mário Sérgio Cortella e b) explicar
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as violações de algumas das máximas conversacionais e as implicaturas produzidas por esses
atos de fala durante a palestra. As opções teórico-metodológicas contam com as leituras dos
estudiosos já mencionados, além de outros, como Levinson (2007), Wilson (2008), Dascal
(1999), Wilson e Sperber (2005), e a metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, sob
abordagem descritivo-interpretativista. De maneira geral, a palestra analisada é fonte de dados
pragmáticos e representa a linguagem em uso por um único expositor. Nesse sentido, os
resultados apontam para o fato de que as ações produzidas pelo dizer do palestrante são
dotadas de forças performativas geradas, também, pelos atos locucionários e ilocucionários
mobilizados com os propósitos de convencer a audiência a aderir às ideias defendidas na
argumentação. Dessa forma, o que importa não é somente o significado da elocução em si,
mas também a situação da enunciação, o sentido e o efeito que ela provoca.

Palavras-chave: Pragmática, atos de fala, implicaturas, palestra.

O GÊNERO NOTÍCIA ONLINE: MULTISSEMIOSE E HIPERTEXTUALIDADE NA LEITURA DIGITAL

Flavisanaldo Pereira da Slva (UFMA)

Resumo: O gênero notícia online: multissemiose e hipertextualidade na leitura digital


Flavisnaldo Pereira da Silva (UFMA) Eliane Pereira dos Santos (UFMA) A pesquisa tem como
objetivo discutir aspectos, hipertextuais, multissemióticos e dialógicos, que constituem o
gênero notícia online, propondo sugestões de leitura para a Educação Básica. O presente artigo
é fruto de pesquisas realizadas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC), no grupo de pesquisa GEPFMEM. Seguimos uma orientação teórico-metodológica
ancorada nos estudos do Círculo de Bakhtin, segundo o qual o estudo do gênero deve partir
dos aspectos sócio-histórico, do contexto extraverbal para o linguístico. Considerando as
peculiaridades dos gêneros digitais, abordaremos conceitos tais como, dialogismo,
hipertextualidade e multissemiose. Adotamos a seguinte questão problema: Quais estratégias
de leitura podem ser adotadas para o ensino do gênero notícia online, na Educação Básica? O
corpus é constituído de prints de notícias online, retiradas dos portais como: G1 e CNN. Cuja
manchete do portal G1 é: Beijo em criança e acusação de machismo: as polêmicas envolvendo
Dalai Lama. O portal CNN traz a seguinte manchete: Relembre outras polêmicas de Dalai Lama,
líder espiritual budista. A finalidade de ter como corpus manchetes de sites diferentes, é
analisar como os jornalistas retomam as falas de Dalai Lama, quais sites são mais firmes em
suas publicações e os que são mais suaves nas respectivas notícias. Como aporte teórico,
adotamos Bakhtin (2016), Voloshinov (2017), Rojo (2013) Marcuschi e Xavier (2010),
Charaudeau (2019), Koch (2007), Rojo (2013). A pesquisa nos mostrou que a notícia online
pode ser um objeto de ensino relevante para o aluno perceber as novas estratégias necessárias
para a leitura dos textos digitais, alertando os alunos da Educação Básica para os riscos e
benefícios da leitura no espaço digital, tendo em vista a hipertextualidade. Outro ponto a
destacar é a necessidade de ensinar estratégias de leitura que contemplem a multissemiose e
dialogicidade constitutiva do gênero notícia online para formação de leitores críticos diante do
texto jornalístico.

Palavras-chave: Notícia online, ensino, hipertextualidade.

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VOZES E IMAGENS DE SEVERAS (R)EXISTÊNCIAS

Anairan Jeronimo Da Silva (IFPA)

Resumo: “Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida”. Essa é uma descrição poética
bastante icônica de um retirante nordestino enquanto representação imagética. O Severino de
João Cabral de Melo Neto é um personagem literário que representa um coletivo de
pertencimento cuja história de resistência à seca, à fome e à morte, contada e recontada tantas
vezes na ficção, se perpetuou no imaginário nacional como verdade, ou a única verdade a ser
contada sobre o nordestino. O cinema nacional, desde o Cinema Novo e em consonância com
o romance de 30, construiu imagens representativas de nordestinos retirantes que têm ajudado
a perpetuar na memória histórica imagens identitárias, para além da estereotipia, marcadas
pelas fraturas causadas por uma existência severa, repetidamente ficcionalizada. Isso porque
as vozes e as imagens desses sujeitos, da literatura ao cinema, continuamente performam uma
realidade histórica de silenciamento e subjugação. Como afirma Severino no poema, “morremos
de morte igual mesma morte severina”. A representação ficcional flerta com o real à medida
que a imagem figura uma “verdade” construída enquanto memória histórica. Esse trabalho,
parte de uma tese de doutorado em andamento, intenta investigar de que forma o cinema
contemporâneo performa e reinterpreta visualidades identitárias de nordestinos retirantes,
forjadas na literatura e transpostas para a narrativa fílmica. O objetivo é analisar na
transposição de linguagens as metáforas desenhadas no filme enquanto imagens identitárias
construídas para representar os retirantes e também compreender como a trama narrativa da
ficção fílmica os ressignifica figurativamente com vítimas, tendo o sertão como cenário de
violência. Para tanto, o foco da investigação é o filme curta-metragem de animação Morte e
Vida Severina, de Afonso Serpa (2011). O curta de 56 minutos traz a íntegra do poema
homônimo de João Cabral de Melo Neto em uma narração interpretada por diversas vozes, que
dão vida às figuras-personagem traçadas em preto e branco. Enquanto imagens identitárias, o
corpo de Severino metaforiza uma realidade de violência do sujeito condicionado ao
isolamento social ocasionado pela seca, a miséria e o abandono do Estado. Com formas
esqueléticas e olhar cadavérico, a narrativa pinta um Severino que é a própria morte em figura.
No entanto, a voz mansa, entrecortada pela incerteza de chegar, e a forma fantasmagórica de
um corpo que caminha descalço e claudicante traz, na contradição da forma corpórea em si, a
evidência de um gesto testemunho em que pulsa sua resistência. É uma imagem representativa
do jogo de poder que paira sobre o Nordeste enquanto território inventado nas artes, mas
baseado em uma realidade histórica. E é esse cenário de poder, violência, subjugação e severa
(r)esistência dos sujeitos performados que interessa analisar, do verso ao traço, na transposição
fílmica de Morte e Vida Severina. Nos servem de referência estudos como os de Walter
Benjamin (1987), Seligmann-Silva (2003), Georges Didi-Huberman (2012), Gilles Deleuze
(2015), Jacques Rancière (2018) e Augusto Sarmento-Pantoja (2023).

Palavras-chave: Imagem, retirante, resistência, Severino.

ESTUDOS SOBRE O LÉXICO DE ORIGEM INDÍGENA EM COMUNIDADES DO SEMIÁRIDO BAIANO

Saádia Ramos Ferreira (UEFS)

Resumo: Este trabalho é uma dissertação de mestrado, que está em andamento, e tem como
objetivo estudar a influência das línguas de origem indígena, dos troncos linguísticos Tupi e
Macro-jê, na formação do léxico do Português Brasileiro (PB). O estudo está sendo realizado
através do levantamento dos dados feitos a partir das entrevistas que compõem a coleção
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Amostras da Língua Falada no Semiárido Baiano, que foi elaborado pelas professoras Norma
Almeida e Zenaide Carneiro. O léxico é conceituado como um conjunto infinito de palavras de
um determinado idioma, que carrega consigo as representações que um grupo, de determinado
dialeto, faz do mundo (BIDERMAN, 2001). O léxico do português brasileiro foi formado,
principalmente, pela incorporação de línguas indígenas e africanas, a partir da vinda dos
colonizadores para essas terras, trazendo com eles africanos escravizados. Apesar do Tupi
Antigo ter sido, praticamente, extinto pelos portugueses, a língua deixou fortes traços no léxico
do português brasileiro. Os estudos do léxico se fazem a partir de três principais disciplinas: a
lexicologia, a lexicografia e a terminologia. Este trabalho está pautado nos princípios da
lexicografia, que é a ciência responsável pela descrição e registro do léxico, por meio da
elaboração de dicionários e da sociolinguística que estuda a variação linguística, enfocando,
por vezes, aspectos de formação de uma língua. Barbosa (1990) infere que a lexicografia, assim
como a lexicologia, também tem a palavra como objeto de estudo, porém a lexicografia se
encarrega pela “compilação, classificação, análise e processamento, de que resulta, por
exemplo, a produção de dicionários [...]”, enquanto a lexicologia faz um estudo mais geral do
léxico de forma mais científica. A lexicografia, portanto, é uma atividade semasiológica, ou seja,
ela tem como ponto de partida a palavra para daí chegar ao conceito, parte do significante
para o significado ou significados, pois, na língua portuguesa, uma palavra pode ter
significados diferentes (VILELA, 1995, p. 91), esse processo difere a lexicografia da
terminologia, que faz o inverso. Os dicionários são um dos produtos da lexicografia. Existem
tipos diferentes de dicionários, Biderman (2001, p. 18) apresenta o dicionário padrão e os
dicionários técnicos e especializados, o primeiro é aquele que apresenta em torno de 50.000
palavras ou lexias e suas acepções, o segundo são aqueles que recobrem diversos campos de
conhecimento. O dicionário é organizado por sua macroestrutura e microestrutura. A
macroestrutura, conforme Welker (2004, p. 81) apresenta, é a forma pela qual o corpo do
dicionário é organizado. A microestrutura é formada pelos lemas e suas acepções ou
significados. Como se trata de um trabalho lexicográfico, os dados alcançados ao final desta
pesquisa irão compor o dicionário interativo eletrônico Lexiss, que será constituído com
verbetes que se referem ao acervo lexical do semiárido. Objetiva-se também dar maior
visibilidade às línguas indígenas, principalmente, àquelas pouco exploradas, como as do tronco
macro-jê, mostrando que elas ainda permanecem vivas no léxico atual, mesmo que raras.

Palavras-chave: Léxico, Tupi, Semiárido, Bahia.

O GÊNERO LITERÁRIO EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE PROJETO

Djario Dias De Araújo (UFPE)

Resumo: Em linhas gerais, o ensino da literatura pode ajudar o estudante a refletir sobre sua
individualidade e compreender melhor seus sentimentos. O ano passado foi marcado pela
tragédia das chuvas em Recife e região metropolitana, foram 133 mortos. Muitos estudantes
de uma escola municipal do subúrbio moram em regiões de risco e estavam extremamente
fragilizados com essa situação. Em língua portuguesa, havia a orientação curricular para o
ensino do gênero poema ( de perfil mais clássico), mas diante do contexto, foi socializado com
os estudantes o gênero poesia urbana, em que todos puderam expressar seus sentimentos em
relação à cidade que atravessam, mas que também eram atravessados por ela. Com isso, surge
o projeto “ Chuva Poética”, em que ressignificamos o sentido da chuva, debatendo criticamente
que tal tragédia acontecia por falta de políticas públicas nas comunidades, não precisamente
por causas naturais. Do ponto de vista teórico, as reflexões apresentadas pelo arcabouço
teórico da literatura engajada, que permite reflexões sobre temas sociais ajudaram no
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embasamento do projeto. Denis ( 2002) ressalta que esta perspctiva coloca em relevo a
produção de um autor que faz “política” em sua escrita. Já Jean-Paul Sartre ( 2004) enfatiza
que a palavra é engajamento, é criticidade. Em relação a aspectos metodológicos, foi
desenvolvido um projeto didático. No final do semestre, tudo que foi produto pelos estudantes:
poemas, raps, pesquisas sobre as chuvas, entre outras atividades foram socializadas com toda
a comunidade escolar num grande sarau, que também contou com música e dança. As
produções feitas pelos discentes demonstraram competência estética e poética, fortalecendo a
ideia do estudante enquanto sujeito cidadão. Ficou sublinhando que a literatura engajada pode
ser a “porta” de entrada da comunidade escolar para outras possibilidades literárias.

Palavras-chave: Literatura engajada; poesia; gêneros textuais.

GÊNERO TEXTUAL E LETRAMENTO LITERÁRIO: PRÁTICAS DE INTERAÇÃO LINGUÍSTICA

Marco Aurélio Godinho Rodrigues (UFMA)

Resumo: Este trabalho tem como tema “GÊNERO TEXTUAL E LETRAMENTO LITERÁRIO: práticas
de interação linguística”. Seu objetivo principal é refletir sobre a relação dos gêneros textuais
e letramento literário e suas práticas de interação linguística, verificando as dificuldades no que
diz respeito o ensino e a aprendizagem da lingua e Literatura, enfatizando sua importância,
nos fazendo buscar a compreensão acerca do estudo em questão. Para tanto, revelam-se como
uma alternativa produtiva para o trabalho com os gêneros, na direção descrita, os ‘projetos de
letramento’, nos quais Kleiman (2000, p. 238), aborda que “as práticas de letramento decorrem
de um interesse real na vida dos alunos, servindo para atingir algum outro fim que vai além da
mera aprendizagem da língua, no seu aspecto formal”. Tais práticas de interação linguísticas
surgem para construir situações sociais que as pessoas usam a fim de adequá-las por meio
das relações sociais. O tema trabalhado traz discussões centradas na reflexão compreensão
dos gêneros e seu funcionamento no interior dos sistemas e nas circunstâncias criadas pelo
escritor a resolver as necessidades contextuais que foram verificadas, letramento literário, além
de um contexto onde as práticas de interação linguísticas são evidenciadas. Para tanto,
utilizamos como aspectos metodológicos a pesquisa bibliografica de abordagem qualitativa
tendo como embasamentos teóricos os estudos de Bazerman (2005, 2020), Brasil (1997),
Bronckart (1999), Cosson (2014, 2021), Kleiman (1995, 2000, 2006), Silva (2022), Soares
(2002, 2013), entre outros.

Palavras-chave: Gêneros textuais, Letramento literário.

MEMES E A INTERTEXTUALIDADE NA ERA DA INTERNET: UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA E


INTERDISCIPLINAR

Sidinei Dias dos Santos (UNIFESSPA)


Gilmar Correia Gomes (UNIFESSPA)

Resumo: Este artigo apresenta uma análise abrangente e interdisciplinar dos memes na era da
internet, explorando sua relação com a intertextualidade e sua relevância como unidades de
comunicação amplamente disseminadas nas redes sociais. Os memes são caracterizados por
sua natureza multimodal e humorística, incorporando elementos visuais, linguísticos e culturais
em uma fusão criativa. Nossa investigação se concentra em aspectos semióticos dos memes,
visando compreender a complexidade de sua compreensão e interpretação. Além disso,
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examinamos a intertextualidade dos memes, considerando sua habilidade de referenciar,
reinterpretar e remixar elementos culturais preexistentes. Por meio de uma abordagem
interdisciplinar, que engloba aspectos da semiótica, linguística, estudos culturais e
comunicação, buscamos compreender os memes como manifestações criativas e sociais que
refletem as dinâmicas culturais e comunicativas da era digital. Compreendemos que, como um
gênero multimodal e intertextual, os memes desempenham um papel significativo na sociedade
contemporânea, proporcionando uma plataforma para comunicação rápida e impactante que
combina elementos visuais, linguísticos e contextuais de maneiras inovadoras. Nessa
perspectiva, a disseminação e popularidade dos memes demonstram sua relevância, mas
também enfatizam a necessidade de educadores engajarem-se de forma responsável,
reconhecendo tanto seu potencial criativo quanto a possibilidade de abusos, como o
cyberbullying. Nesse sentido, entender os memes requer um profundo entendimento do
contexto sociocultural em que eles existem, bem como a familiaridade com práticas discursivas
específicas e convenções de comunidades particulares. Nossa análise fundamenta-se na
abordagem bakhtiniana sobre gêneros textuais, destacando os memes como tópicos valiosos
de estudo no sistema educacional, pois auxiliam os alunos a navegar pelas complexidades da
comunicação digital, interação e da literacia mediática. Através dessa compreensão
aprofundada dos memes, procuramos explorar sua potencialidade para enriquecer o discurso
e a cultura digital, além de refletir sobre as práticas discursivas contemporâneas e a interação
cultural na internet. Portanto, este estudo oferece uma visão aprofundada dos memes como
formas significativas de expressão, proporcionando insights valiosos para a compreensão das
dinâmicas socioculturais na era digital. Ao aprimorar nosso entendimento dos memes,
podemos otimizar sua contribuição para a construção de identidades culturais e para a
comunicação interpessoal e social em uma sociedade cada vez mais conectada.

Palavras-chave: Meme, intertextualidade, semiótica.

AULA DE MÚSICA, DE PATRÍCIA LINO COMO RECRIAÇÃO METAFÓRICA DA PÓS-AUTONOMIA


DA LITERATURA

Karina Frez Cursino (UFF),


Adriano Guedes Carneiro (UFF)

Resumo: O objetivo desta comunicação é discutir o livro Aula de música de Patrícia Lino, sob
a perspectiva de que o mesmo – no fio da navalha – rompe os limites entre os gêneros literários
e artísticos, já que se apresenta como um “poema em quadrinhos”, mesclando a literatura, o
desenho e a música, através de uma concepção performática, centrada numa proposta de
literatura pós-autônoma. Utiliza-se, além disso, do intertexto e da adaptação, pois reescreve
uma passagem da Ilíada de Homero, em que um professor de música, Lino, busca ensinar sua
arte ao herói guerreiro, e bruto, Herácles, sem sucesso. O texto é apresentado como história
em quadrinhos em três versões em três idiomas: português, espanhol e inglês, o que também
incita o debate em torno da questão da tradução e se, através dela, surge uma nova obra ou
se a mesma se mantém, apenas sendo ressignificada para outra cultura? Repetição ou
diferença? Cópia ou simulacro? Também os desenhos das personagens que compõem o texto
buscam recriar não só a autora, como a equipe responsável pela elaboração do livro, como se
elas (autora e equipe) representassem teatralmente esses papéis, no livro, sugerindo o
embricamento entre realidade e ficção e a confusão entre sujeito e objeto. Para tanto, utiliza-
se da contribuição teórica de Walter Benjamin, Roland Barthes, Gilles Deleuze, Félix Guattari,
Jacques Ranciére, Florência Garramuño, António de Andrade et al, entre outros.
Palavras-chave: Patrícia Lino, Literatura pós-autônoma, poema.
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A INTERMIDIALIDADE NA HISTÓRIA DE NOTRE-DAME: UM ESTUDO DA RELAÇÃO DO
MONUMENTO E DA OBRA DE VICTOR HUGO

Bruna Alves de Oliveira Ambrosio (UNIFESP)

Resumo: Ao longo dos séculos, literatura e história caminham lado a lado, entrelaçando-se e
testemunhando de forma imagética diferentes mudanças sociais. Esta parceria pode ser
verificada através da contemplação da Catedral de Notre-Dame (1.163-1345), monumento da
Île-de-la-Cité, em Paris, e da leitura do romance de Victor Hugo, Notre-Dame de Paris (1831),
uma forte denúncia da degradação de monumentos medievais à sua época. A partir da teoria
da transmidialidade (Elleström 2017), esta comunicação procura apresentar como traços da
mídia fonte (RAJEWSKY, 2012) articulam e edificam as relações entre esses dois produtos de
mídia, resultando em uma relação de intermidialidade(s). Essa relação será abordada de forma
circular em dois períodos singulares. Em um primeiro momento, a catedral se presta como
mídia fonte e inspiração para Victor Hugo: o autor transforma o monumento em personagem
principal de sua narrativa, retratando e desenvolvendo uma imagem singular da catedral. Em
um segundo momento, o romance é tomado como mídia fonte para entender o processo de
restauração da catedral no século XIX e a confecção de diferentes objetos a partir da
interferência direta da narrativa imagética de Hugo. Nesta análise, buscamos demonstrar como
se estabeleceu a relação das duas configurações midiáticas (Clüver, 2011) e como os dois
produtos se apresentam com um valor binário, ora como mídia fonte, ora como mídia destino.
A partir de excertos da narrativa escrita e de objetos da catedral, fundamentados na exposição
da Crypte Archéologique de l’île de la Cité: Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo à Eugène
Viollet-le-Duc, esta comunicação apresenta a relação entre as duas mídias (Elleström, 2017) e
analisa como palavra e imagem (Santaella e Nöth, 2013) se articulam para edificar novos
produtos que interferem, contribuem e consolidam a memória imagética da sociedade no
decorrer do tempo.

Palavras-chave: Notre-Dame, Catedral, Mídia, Victor Hugo, Romance.

DISCURSO DE RESISTÊNCIA EM TENDA DOS MILAGRES: A LUTA DE MINORIAS NA ESCRITA DE


JORGE AMADO

Rita de Cássia Melo Escórcio (UESPI)


Carmelinda Carla Carvalho e Silva (UESPI)

Resumo: A cultura afrodescendente no Brasil é rica e diversa e transcende fronteiras. Sua


trajetória é marcada por episódios de lutas e enfretamentos contra o racismo e preconceitos e
pela busca por uma afirmação e preservação de sua identidade cultural como elemento
essencial para a formação do povo brasileiro. Entretanto, apesar de abrigar em seu território a
maior população africana fora da África, nos dias atuais a cultura afro-brasileira ainda é
estigmatizada e até reprimida. Essa problemática tem raízes históricas profundas e remetem
ao período colonial, fruto das invasões territoriais europeias que resultaram na dominação, e
posterior exploração da mão de obra escrava. Os negros africanos e seus descentes mestiços
e crioulos deram enormes contribuições para a formação da identidade cultural brasileira.
Muitos dos aspectos dessa cultura como a língua, as danças e a religiosidade resistiram ao
tempo e as repressões conduzidas pelo colonizador, e hoje fazem parte do cotidiano e da vida
de todos os brasileiros. O sincretismo representa a junção de elementos indígenas, católicos e
de origem afro, que formam um ponto de incidência entre tradições distintas. Esse fenômeno
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é o resultado da imposição histórica da cultura europeia sobre a cultura negra, ocorrida durante
e após a colonização do Brasil. No Brasil, o sincretismo é representado principalmente pela
Umbanda e pelo Candomblé, as religiões de matriz africana que mais se destacam no cenário
sincrético religiosos no Brasil e que Jorge Amado descreve com riqueza de detalhes em
algumas de suas obras, ambas apesar de diferirem em alguns pontos, resguardam como
característica comum a ancestralidade negra. Objetivando explorar a narrativa que possui o
cunho de resistência, propomos aqui analisar personagens, enredo, discursos relacionados à
temática de lutas das minorias, onde encontramos como principais aportes teóricos, Bosi
(2002), Pantoja (2012), Bastide (1971), Mattos (2012) e Sousa (2014), entre outros.

Palavras-chave: Discurso, resistência, minoria, Jorge Amado.

MULHER DE FRENTE: UM MODO DE FALAR DO SER MULHER.

Priscila Fernandes Gomes Araújo Lopes (UFMA)

Resumo: O artigo, intitulado: MULHER DE FRENTE: um modo de falar do ser mulher, tem por
objetivo, fazer uma análise sobre os sentidos projetados no enunciado mulher, sobretudo o
lugar da(s) mulher(es) no território quilombola, no sentido de ampliar a compreensão sobre as
maneiras como as mulheres quilombolas mobilizam discursos ligados à raça, à etnia e ao
gênero para a discursividade dos termos no seu processo de significação e na dinâmica de
uma prática discursiva, procurando o compreender o sentido do ser mulher diante dessas
condições de produção. O corpus selecionado é composto por discursos da líder quilombola
Anacleta Pires, da comunidade Santa Rosa dos Pretos, coletados em uma entrevista cedida à
Revista Simbiótica (2022). Trata-se de uma investigação, a partir de uma abordagem fundada
metodologicamente na análise de discurso materialista, aplicada sobre bibliografia
especializada, em nossa problemática questionamos sobre: Quais sentidos se projetam no
enunciado mulher para o sujeito quilombola? qual o lugar da(s) mulher(es) no território
quilombola? A partir das contribuições de Pêcheux, Orlandi, mostrando-nos como esta questão
tem sido abordada, como ela também se inscreve em marcos ideológicos, onde se destaca o
caráter histórico do discurso e como este complexo social se determina pelas relações sociais
de cada momento e contexto histórico.

Palavras-chave: Discurso, Quilombolas, Mulher, Sentido, Memória.

"COMENDO E BEBENDO Á TRIPA FORRA": UMA LEITURA DISTANTE DA COMIDA E DA BEBIDA


NA LITERATURA MARANHENSE

Eduardo Ferreira da Silva (UEMA)

Resumo: O ensino da literatura é importante na formação dos jovens, além de ser crucial no
desempenho da vida acadêmica dos alunos. As características únicas do texto literário
possibilitam o desenvolvimento de um comportamento crítico diante do mundo (OSAKABE,
2004). O presente trabalho visa aprofundar-se no universo literário e nas peculiaridades da
comida e da bebida presentes nas obras maranhenses. Através do Portal Maranhão o acesso
a essas obras ocorre com facilidade, e com o uso da ferramenta ACDC, Linguateca foi possível
o estudo e a criação de regras que possibilitem o contato direto com a comezaina citada em
obras regionais. Tal ferramenta possibilita uma busca especifica e detalhada de palavras que
constam nas obras presentes no banco de dados do Portal Maranhão. Para o aprofundamento
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nas buscas fundamentamo-nos em pesquisas de base bibliográfica, de cunho qualitativo, visto
que fora do Portal Maranhão foi necessário a realização de estudos sobre o impacto da comida
e da bebida na literatura. A comida é por diversas vezes passa por um processo de
semantização, na qual é investida em marcas sociais. Ela não é apenas algo decorativo ou um
alimento, ela se torna um elemento indispensável para ações dramáticas e narrativas. É de
grande importância a criação e implementação de um campo semântico voltado para a comida
e bebida, principalmente para servir de auxílio para futuras pesquisas e estudos voltados para
a área. A literatura busca dar a devida importância para a comezaina desde o inicio dos tempos,
seja na forma de romance, de poesia, do teatro e das fábulas e cada vez mais a comida vem
tomando papel de destaque nas obras e se tornando até protagonista. A comida se mostra
respeitosa com as culturas e com as relações sociais, além de mostrar um leque das mais
variadas possibilidades de estudo e pesquisa.

Palavras-chave: Comezaina. Literatura. Portal Maranhão.

GÊNEROS DIGITAIS: MULTILETRAMENTOS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Mariane Gomes Garcez (UFMA)


Eliane Pereira dos Santos (UFMA)

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo investigar como o ensino dos gêneros digitais
música e poemas visuais/virtuais contribui com o processo de multiletramentos dos alunos da
Educação Básica. Considerando que o letramento literário, assim como os multiletramentos,
são fatores imprescindíveis para a formação de alunos-leitores críticos e éticos, faz-se
necessária a implementação do ensino literário desde os primeiros anos de escolarização, pois
assim o aluno durante toda sua formação escolar conhecerá a importância do texto literário
em sua vida. Conforme Cosson (2009) o letramento literário faz com que o aluno tenha domínio
das práticas de leituras dos textos literários, garantindo que o aluno-leitor consiga estabelecer
sentidos, relacionados à realidade sociocultural. O texto literário tem o poder de associar a
realidade ao imaginário. Dessa forma, a questão a ser respondida com a pesquisa é: Quais
possíveis estratégias de leitura dos gêneros digitais música e poemas visuais/virtuais podem
ser usadas no ensino desses gêneros na Educação Básica? Esta pesquisa é fruto de um projeto
de extensão intitulado Multiletramentos nas aulas de Língua Portuguesa: gêneros discursivos
impressos e digitais. Os textos analisados foram retirados dos sites https://arararevista.com/a-
poesia-visual-de-fabio-bahia/, https://m.letras.mus.br/ e https://youtu.be/DwVc0G3IKU4.
Ressaltamos que a pesquisa aqui apresentada é um recorte de uma pesquisa maior, na qual
temos um relato de experiência sobre oficinas realizadas na Educação Básica, mas por questão
de espaço, aqui apresentamos apenas a análise de textos, enquanto possibilidade de
estratégias de leitura e de produção textual. Como aporte teórico da pesquisa, utilizamos
Bakhtin (2016); Cosson (2009, 2017); Candido (2011); Rojo (2019); dentre outros autores.
Como resultados, destacamos a importância do ensino de gêneros digitais na educação básica,
a partir de estratégias que desenvolvam o letramento literário e o letramento digital.
Destacamos também a importância de estratégias de leitura do texto literário que contemplem
o poder humanizador da literatura, e as relações dialógicas constitutivas dos sentidos.

Palavras-chave: Gêneros digitais, Multiletramentos, Ensino.

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LITERATURA, HISTÓRIA E TRADIÇÕES EM A PEDRA DO REINO, DE ARIANO SUASSUNA

Carmelinda Carla Carvalho e Silva (UESPI)

Resumo: A literatura e a história têm uma relação profunda e interconectada, pois ambas são
formas de entender e interpretar o passado humano. Cada uma delas contribui para a
compreensão do outro, e juntas, fornecem uma visão mais completa da experiência humana ao
longo do tempo. Além disso, a literatura também pode se tornar uma forma de preservar e
transmitir memórias coletivas e individuais ao longo do tempo. Em A Pedra do Reino, de Ariano
Suassuna, a literatura e a história estão intrinsecamente entrelaçadas. A obra é apresentada
como um romance épico, e a tradição da história é o recurso narrativo utilizado para contar tal
narrativa. O protagonista e narrador, Dom Pedro Dinis Quaderna, escreve suas narrativas de
vida, e é por meio delas que a trama é desenvolvida. A utilização da literatura e memória tem
como base para a narrativa várias dimensões e o que aqui propomos é justamente explorar o
resgate histórico através de Dom Pedro Dinis, trazendo à tona a história do Brasil e da região
nordeste, especialmente no século XIX, explorando eventos reais e personagens históricos,
mesclando-os com elementos ficcionais, mitológicos e fantásticos. Outro objetivo aqui
proposto é explorar a dimensão histórica acerca da identidade e tradição, uma vez que as
memórias do protagonista exploram a identidade do povo nordestino e sua rica tradição
cultural, resgata elementos da cultura popular, como cantigas, lendas, costumes e crenças,
dando voz à memória coletiva do povo nordestino. Para tal estudo recorremos aos postulados
de Barthes (1988), Halbwachs (1990), Freitas (1986), Hutcheon (1991) entre outros.

Palavras-chave: Literatura, história, tradição, identidade.

UMA PROPOSTA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA POR MEIO DO GÊNERO PROPAGANDA:


CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA ARGUMENTATIVA E DO
LETRAMENTO CRÍTICO

Gláucia Kely Moreira Franco (UFU)

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo elaborar e aplicar uma proposta didática de leitura
e escrita do gênero discursivo propaganda, utilizando exemplares do gênero, para o ensino de
Língua Portuguesa, do Ensino Fundamental, 9º ano. O trabalho será desenvolvido em uma
escola pública de Rio Verde – Goiás, com o intuito de contribuir para práticas de Letramento
crítico na escola. Para atingir tal objetivo, os estudos serão apoiados nos pressupostos do
Letramento Crítico (SOARES, 2004) (KLEIMAN, 2005), (FREIRE, 2005), (MENEZES DE SOUZA,
2011), (ABREU-SILVA, 2018) e (JORDÃO, 2013); no viés da teoria sobre argumentar como
sendo a arte de convencer e persuadir (ABREU, 1999), nos pressupostos dos PCN (BRASIL,
1998), da BNCC (BRASIL, 2018), entre outros. No que tange ao desenvolvimento da pesquisa,
ela será realizada, inicialmente, por meio de uma sondagem do perfil dos alunos participantes
e de seus conhecimentos a respeito do gênero propaganda, investigando a frequência com
que leem esse gênero, o que compreendem das intenções de quem o produz, como veem a
importância dele no cenário social, entre outras questões. Posteriormente, será elaborada e
aplicada a referida proposta. A pesquisa segue os pressupostos da abordagem qualitativa
(GERHARDT, 2009) e, no que diz respeito aos procedimentos, configura-se como uma
pesquisa-ação (PRODANOV; FREITAS,2013); (THIOLLENT, 1988). Espera-se que o estudo em
pauta seja capaz de promover o desenvolvimento de competências de leitura, análise crítica, e
de escrita de modo que esta demonstre habilidades discursivas e argumentativas do aluno,
permitindo-lhe a interação entre os participantes e a aquisição de letramentos significativos no
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ensino fundamental, 9º ano. Espera-se, além do mais, que a proposta constitua uma importante
contribuição para professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, e que venha a
servir como material de pesquisa para aplicação/adaptação da proposta de leitura por mim
elaborada, testada e validada.

Palavras-chave: Gênero propaganda; Argumentatividade; Letramento.

A SOCIEDADE NAS OBRAS METRÓPOLIS DE FRTIZ LANG ADAPTADO DO LIVRO DE THEA VON
HARBOU PELO VIÉS INTERMIDIÁTICO E GUMBRECHTIANO

Eduardo Bacarin Costa (UEL)


Marcio Luiz Carvalho (UEL)

Resumo: Nosso trabalho pretende mostrar, a partir de estudos intermidiáticos, de como o filme
Metrópolis tem importância ímpar na cinematografia mundial como obra de ficção cientifica,
encaixando-se na subcategoria estética proto-cyberpunk. Suas influências sobre outras obras,
quer pelo seu visual, pela tecnologia inovadora desenvolvida por trás das câmeras ou pela
direção e adaptação eficiente de seus autores, Thea Von Harbou como roteirista e Fritz Lang
como diretor, ou ainda por sua abordagem sóciopolítica, é a estética que prevaleceu até os
dias atuais, e que o transformaram em um ícone do cinema mundial. O modo como se dá a
interação de um receptor hoje, diante de tantos aparatos capazes de comportar mídias, seja
ela literária ou cinematográfica, se difere enormemente das existentes nos dias em que
Metrópolis chegou às livrarias e telas, nos anos de 1920. A leitura do livro, associada ao
turbilhão de imagens que o filme proporciona nos permite fazer uma melhor leitura de como
a efervescência sociocultural que não só o filme gerou como as mudanças comportamentais na
humanidade a ponto de influenciar a arte cinematográfica desde seu primórdio. Ir ao cinema é
um “ato de puro ver”, de acordo com Susan Buck-Morss, onde a imagem cinemática é percebida
de forma fenomenológica, onde por um determinado tempo a realidade é colocada em
suspenção “entre parênteses”, por inferência pode-se também salientar que um livro é um ato
de puro ler. Metrópolis não é o filme mais assistido da história do cinema. O Vento Levou, de
1939, leva esse título. Porém, é possível afirmar que seja um dos filmes mais lembrados da
era do cinema mudo. Também não é possível dizer que foi a última superprodução da era sem
som sincronizado, pois no mesmo ano fora lançado o filme Asas (Wings, 1927), um drama
épico de guerra do diretor Williem A. Weliman, o primeiro a ganhar o Oscar de melhor filme.
Porém, indiferente ao tempo, Metrópolis é lembrado, quer seja na área cinematográfica ou não.
A palavra stimmung, segundo a utilização sugerida por Hanz Gumbrecht, refere-se às
sensações pelas quais o receptor, quando do deciframento dos significados, se depara, mas
sem que este tenda a analisar e se envolver, mas entregar-se aos seus sentidos, a “render-se
a eles e apontar na direção deles”. Nesse sentido, podemos pensar no stimmung tal qual uma
sensação gerada pela “imersão” na atmosfera emocional da obra. Desta forma, a obra
Metrópolis utilizando-se desses pressupostos, o stimmung gerado pelo órgão protético da tela
para fomentar a compreensão e a argumentação dos autores das obras. Situação semelhante
quando se mergulha na leitura. É esse imbricamento de artes que procuramos debater no
presente trabalho.

Palavras-chave: Filme Ficção científica Intermidialidade Stimmung

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O IMAGINÁRIO DO PROFESSOR NA ORGANIZAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA
PORTUGUESA NO ENSINO REMOTO

Eliane Pereira dos Santos (UFMA)


Maria Francisca da Silva (UFMA)

Resumo: O presente artigo objetiva relatar uma investigação sobre a importância da imagem
que o professor tem de si e do aluno para organização de material didático e uso de
metodologias no ensino remoto. Para Bakhtin (2016[1979]), o sujeito se constrói na relação
de alteridade entre o eu e o outro. Compreender a si mesmo, o outro e o mundo é sempre
uma compreensão responsiva. Amossy (2016) destaca que o ato de se expressar, de agir
discursivamente implica a construção de uma imagem de si. A relação dialógica imbrica-se
diretamente com a noção de trajeto antropológico de Gilbert Durand (2019) e o processo de
construção do imaginário, no qual o sujeito compreende sua própria constituição através da
relação entre o biopsíquico e cósmico-social. Sartre (2019) discute o conceito de imaginário a
partir de vários pontos de encontro com a teoria dialógica, dentre eles destacamos, a noção
de alteridade, intersubjetividade e inacabamento. Metodologicamente, a pesquisa está dividida
em duas partes: a primeira, de caráter bibliográfico, exploratório-descritivo, a segunda,
dedicada à pesquisa de campo na escola Municipal Nilza Coelho Lima, no município São
Bernardo – MA. Os dados revelam que a imagem que o professor tem de si mesmo e dos
alunos é determinante para a elaboração de material didático e uso de metodologias que
atendam às necessidades contextuais dos alunos. Destacamos que o envolvimento afetivo, de
confiança do professor para com os alunos foi fator fundamental no engajamento e interação
da turma em atividades realizadas por aplicativos e plataformas virtuais.

Palavras-chave: Imaginário, ensino, dialogismo, material didático.

DESAFIOS À ORDEM SOCIAL: LESBIANIDADE E ADULTÉRIO EM AMORES, MARIAS E MARÉS,


DE CHICO FONSECA

Saulo da Silva Lucena (UFMA)

Resumo: Essa comunicação visa analisar a obra “Amores, Marias, Marés” (2023) do autor
maranhense Chico Fonseca, destacando a reação da sociedade conservadora ao romance
lésbico numa São Luís dos anos 60 entre casarões seculares e diante dos olhos julgadores de
vizinhos, amigos e familiares. O romance acontece entre Maria Ellena e Mariana, a primeira
sendo uma professora de História, branca, 26 anos e recém-casada com um aristocrata, se
apaixona perdidamente por sua aluna, Mariana, uma mulher negra de 19 anos, busca em Maria
Ellena ajuda para passar no vestibular para a Faculdade de História. Dentro da obra destaca-
se o adultério cometido por Maria Ellena, algo extremamente condenável, ainda mais tratando-
se de uma traição com outra mulher. Para fundamentar esse trabalho far-se-á uso dos seguintes
teóricos: Louro (2004), Butler (2003), Davis (2016), Facco (2004), Trevisan (2018), Péret
(2012) entre outros. Dessa forma, partindo do conceito de heterossexualidade compulsória
que era fortemente nos anos 60 e que ainda se é muito presente na sociedade brasileira, falar
sobre as lésbicas é representar uma contradição à ordem naturalizada de dominação masculina.
Como resultado, se buscará objetivamente revelar como essas mulheres lutaram por seus
espaços e como as suas narrativas construíram identidades e as transformaram em sujeitos
com direito à fala e à escuta, mesmo perpassando por diversas vulnerabilidades e
invisibilidades.

Palavras-chave: lesbianidade; adultério; obra maranhense;


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"POR QUE TODO FILME SOBRE O SERTÃO TEM QUE TER SOFRIMENTO?" : A CONSTRUÇÃO DO
DISCURSO DO JOVEM A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA FILMICA NAS AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA COMO LÍNGUA MATERNA E LITERATURA BRASILEIRA NO SERTÃO DO SERIDÓ

Hugo Carvalho Villa Maior (UFF/IFRN)

Resumo: Pensar a representação do sertão no cinema e na Literatura a partir da narrativa de


jovens moradores do sertão do Seridó. A partir de uma roda de conversa sobre o tema, na
aula de língua portuguesa como língua materna e literatura brasileira, refletimos sobre o
espaço/ território em que estamos inseridos e em que medida podemos transformá-lo para
melhor ." É um sertão de antigamente, mas ainda existe ..." é uma fala recorrente entre os
jovens ao se depararem com produções artísticas tanto no cinema, quanto na literatura sobre
o tema sertão. Como referência teórica para esse trabalho temos Souza ( 2011) e Ribeiro et
ali (2018) , ambas referências são discussões também sobre rodas de conversa em espaços
formais de ensino/ aprendizagem ou fora dele.É preciso trazer Bakhtin para pensar também o
discurso desses jovens, assim como a escola enquanto um espaço de enunciaçao e produçao
desse discurso .. Trazer a Análise do discurso e a Análise crítica do discurso para esta
investigaçao é, em alguma medida , pensar o discurso desses jovens sertanejos na esteira da
produçao capitalista, entendendo que esses mesmos discursos também sao produzidos a partir
de uma relaçao de poder e que estao, por si só, imbricados nessa mesma relação de poder e
que só a partir daí talvez seja possível uma produção de sentidos eficiente dentro, ou fora,
dessa relaçao de ensino/aprendizagem, sobretudo no que toca o ensino de língua materna e
de literatura brasileira, náo necessariamente nessa mesma ordem, na medida que se tem aí um
problema de representaçao quando esses mesmos jovens náo reconhecem o espaço em que
vivem como sertáo , nem a si mesmos como sertanejos, uma vez que esse reconhecimento fica
circuncrito a tela do cinema e da TV. A partir dai é preciso pensar também quais as relações
de poder que atravessam esse espaço chamado sertão , bem como as relaçõesde poder que
atravessam esse corpo do jovem sertanejo dentro, e fora da escola, compreendendo quais
potências e precariedades que atravessam esse corpo dentro e fora desse "espaço vivido" ,
dentro , e fora , desse tal " sertão" , e quais são os agenciamentos possíveis nesse sentido,
entendendo esse lugar também como uma constução, trazendo aí também Milton Santos (
2015) e Butler (2015) para refletir sobre esse espaço, e sobre esses corpos,, assim como para
pensar essa escola não só como um lugar de enunciação, mas como um espaço de produção
de sentido importante para esse jovem.

Palavras-chave: Cinema, sertão, representação, análise do discurso.

AS CONTRIBUIÇÕES GÊNEROS TEXTUAIS PARA O ENSINO DE TRADUÇÕES PORTUGUÊS-


ESPANHOL NA ESFERA ACADÊMICA

Viviane Cristina Poletto Lugli (UEM)


Daiane Karla Correia Jodar (UNESPAR)

Resumo: A atividade de traduzir um texto requer tanto a decodificação como a atribuição de


significados que acontecem por meio de interferências do contexto e por meio das capacidades
do leitor para agir pela linguagem. Assim, sendo a compreensão uma operação textual e
cognitiva anterior à tradução, pode-se afirmar que traduzir significa mover-se entre a tensão
de sentidos provocados processos textuais, pelo dizer do outro e o compreender do tradutor,
sendo, portanto, uma tarefa que resulta em uma reescrita do texto. Considerando que os
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gêneros textuais funcionam como instrumentos (DOLZ E SCHNEUWLY, 2004) aos quais se
recorre para a produção, compreensão e interpretação de textos, esse trabalho visa a
demonstrar como o desenvolvimento de capacidades de linguagem dos estudantes de
espanhol pode contribuir para a aprendizagem de versão de textos de português para a língua
espanhola. As bases teóricas sobre as quais organizamos esse trabalho é a teoria do
interacionismo sociodiscursivo, proposta pelo grupo de Genebra (BRONCKART,1999; DOLZ E
SCHNEUWLY, 2004) que concebe os textos como unidade de trabalho e os gêneros como
objeto de ensino, sendo estes últimos considerados ferramentas que permitem ao aprendiz de
línguas apropriar-se das características relativamente estáveis dos enunciados, aos quais Bajtín
(2005) denomina gêneros discursivos. Entendendo que é a partir desta apropriação que o
estudante de tradução consegue interagir pela linguagem, apontaremos as capacidades de
linguagem que os aprendizes de espanhol necessitam mobilizar para verter textos da esfera
acadêmica, voltando o nosso olhar para teorias desconstrucionistas de tradução (FISH 1980;
RODRIGUES, 2000; ARROJO, 1986) que consideram o processo tradutório envolvido em uma
situação de produção específica, cujas coerções institucionais podem interferir nas estratégias
mobilizadas pelo tradutor.

Palavras-chave: gêneros; tradução, versão.

O FUNCIONAMENTO DINÂMICO DA UNIDADE LINGUÍSTICA NOVO: UM ESTUDO DA


SIGNIFICAÇÃO SOB O PONTO DE VISTA DOS PROCESSOS ENUNCIATIVOS

Isael da Silva Sousa (UNEMAT)


Albano Dalla Pria (UNEMAT)

Resumo: Neste trabalho temos como objetivo empreender um estudo, por meio da construção
de protocolos experimentais que nos permitam relacionar um conjunto de enunciados, da
unidade linguística NOVO em posição atributiva, com uma simulação de diálogo entre sujeitos.
Conforme os pressupostos da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE), o que
nos interessa, de fato, são as operações e esquemas abstratos que sustentam a trajetória (do
nível cognitivo para a língua) que o sujeito faz ao estabilizar valor para a unidade linguística
NOVO. Partimos da hipótese de que a categorização não contribui para a compreensão de
como a variação experiencial dos sujeitos fundamenta a determinação dos sentidos da unidade
linguística NOVO em posição atributiva em situação singular de prática de linguagem. Assim,
nos fundamentamos teoricamente em Culioli (1985, 1990, 1999a, 1999b, 2018) e em seus
seguidores como, por exemplo, Rezende (2000), Romero (2000), Lima (2000), Pria (2009,
2013, 2018), De Vogué (2004, 2009, 2011), Franckel (2011) e Paillard (2011). A nossa
metodologia se baseou na atividade de reformulação, também denominada de glosagem ou
parafrasagem (FRANCKEL, 2011; FUCHS, 1985). Desse modo, elaboramos 20 enunciados para
a análise e os dividimos em dois grupos, são eles: 1) ocorrências da unidade linguística NOVO
antepostas ao nome e, 2) ocorrências da unidade linguística NOVO pospostas ao nome. A
organização dos enunciados elaborados para as análises nesses dois grupos tem como
justificativa que a anteposição e a posposição de NOVO são regidas por operações enunciativas
distintas, o que, apesar de parecer óbvio, é um primeiro passo para se pensar o processo de
categorização atrelado às relações intra e intersubjetivas. Os resultados explicitam que as
ocorrências da unidade linguística NOVO antepostas ao nome é a marca da saída de um
obstáculo construído ao tornar X visível. NOVO é a marca da individuação de X; Já NOVO
posposto ao nome é marca da atualização de uma ocorrência X em uma situação enunciativa
singular.
Palavras-chave: TOPE; Operações de determinação; NOVO.
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UMA LEITURA INTERARTÍSTICA DO FOLHETO DE CORDEL "O DIABO CONFESSANDO UM
NOVA-SEITA", DE LEANDRO GOMES DE BARROS

Bruna Costa Pinto (UFMA)

Resumo: Durante a Primeira República, houve uma grande expansão do Protestantismo no


Brasil. Para suas atividades de evangelização, recorreu a fundação de escolas de caráter
evangélico, o que, para muitos da sociedade, representava o progresso, “a modernização” que
chegava ao país, já que os estrangeiros eram tidos como mais desenvolvidos, e seus países
eram bem-vistos pela elite brasileira. Além disso, houve uma expansão das igrejas, inclusive no
Nordeste, como também a distribuição de bíblias protestantes, as quais diferiam das católicas
pela ausência de sete livros: Eclesiástico, Sabedoria, Judite, Tobias, Baruc e Macabeus (dois
volumes). Uma das causas dessa maior expansão protestante foi o fim do padroado, ou seja, a
separação entre Igreja e Estado. Isso beneficiou os protestantes, já que passaram a ter uma
maior liberdade de culto. Obviamente, essa disseminação de ideais protestantes não passou
despercebida pela população. Muitos aderiram a essas denominações, mas outros as
enxergavam negativamente, a exemplo de católicos da velha Igreja. O poeta, Leandro Gomes
de Barros (1865-1918), paraibano, rei dos poetas populares do seu tempo e um observador
perspicaz do contexto em que estava inserido, não deixou de perceber os fatos em torno
dessas questões. Fez isso utilizando seus versos satíricos. Diante do exposto, recorremos para
esse estudo ao folheto de cordel denominado “O diabo confessando um nova-seita” (19-). Nele
percebemos que o autor produz uma estória de cunho satírico, na qual “os nova-seitas” são
descritos como enviados do diabo e inimigos da Igreja Católica e de seus preceitos. Além disso,
na capa do folheto é apresentado um desenho de autor desconhecido, em que o protestante
e o diabo são ilustrados. Por isso, temos como objetivo principal comparar o desenho e a
narrativa do cordel, procurando as possíveis relações entre essas duas artes e verificar como
as perspectivas críticas de Gomes de Barros são traduzidas em termos de construção poética
e reinterpretadas visualmente. Alguns dos autores trabalhados na fundamentação teórica são:
Hoek (2006), Leite (1996), Proença (1976), Suassuna (2012), dentre outros.

Palavras-chave: Literatura e Outras Artes; Cordel; Sátira.

FIGURAÇÕES DA MULHER INDÍGENA EM A MULHER HABITADA, DE GIOCONDA BELLI: UM


ESTUDO SOB A PERSPECTIVA PÓS-COLONIAL

Eveline Gonçalves Dias (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo refletir sobre as figurações da mulher indígena em A
mulher habitada (2000), de Gioconda Belli. O romance imprime questões ligadas a
nacionalidade da autora, partindo do fluxo das origens indígenas em Nicarágua no século XVI,
configurado pela personagem feminina indígena Itzá, e protagonizado também por Lavinia que
rompem os paradigmas limitantes da sociedade patriarcal em contexto, além de apresentar
eixos temáticos em torno da supressão e opressão social, a qual as mulheres latino-americanas
estavam expostas. Nesse sentido, Belli (2000) discute ainda, sobre a construção da identidade
feminina, gênero, violência, relações de poder, etnia, política, economia. No referido romance,
a autora focaliza o papel da mulher na sociedade, nos apresentando o sujeito feminino que
recupera vestígios de uma memória reprimida pelo poder hegemônico, com marcas no
processo ideológico de invisibilização da figura da mulher, uma problemática enraizada pela
intenção de superioridade pretendida pela perspectiva eurocêntrica. Destarte, este estudo
atesta discussões pertinentes a teoria Pós-Colonial. Aponta aspectos da crítica feminista e
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vieses identitários, mostrando assim, a ambivalência catártica da composição pluralista no
ensejo das questões anticolonialistas apresentadas na superfície textual das temáticas
indígenas. A pesquisa proposta terá como procedimento metodológico análise bibliográfica
com caráter qualitativo. Para tanto, os pressupostos teóricos estarão baseados em estudiosos
e críticos-literários que versam sobre as temáticas elencadas, como: literatura nicaraguense,
Ribeiro (1992); Belli (2000); Contijo (2019); Randall (1989), para abordar as questões pós-
coloniais, Quijano (2005); Del Priore (2008); Dalcastagnè (20015); Spivak (2010), sobre
identidade, Stuart Hall (20015), para pontuar as pautas indígenas Oliveri-Godet (2019), Thiél
(2012), Tassinari (1995), Graça Graúna (2013), Potiguara (2014) e Dorrico (2017) entre outros
pesquisadores que dialogam com o conteúdo da pesquisa.

Palavras-chave: Mulher indígena, A mulher habitada, Pós-colonial.

ANÁLISE DO DISCURSO MIDIÁTICO - NOTÍCIAS DE JORNAIS PARAENSES - E SUAS INFLUÊNCIAS


NA FORMAÇÃO DISCURSIVAS DOS SUJEITOS SOBRE OS GAVIÕES DO PARÁ NO PERÍODO DE
1980 A 1990

Caroline Leite Araújo (UNIFESSPA),


Paulo da Silva Lima (UFMA)

Resumo: Esse resumo apresenta um pouco sobre a pesquisa que tem como problema discutir
as influências dos jornais regionais na formação discursiva em torno do povo Gavião. Na década
de 1960, o povo Gavião do Pará foi realocado na Reserva TI Mãe Maria, a 40 Km de Marabá.
Nesse período, a região de Marabá vivia o auge do ciclo da castanha do Pará como força motriz
da economia regional. O deslocamento do povo Gavião até a Reserva ocorreu de maneira
compulsória, pois havia interesse financeiro por parte dos agentes dos Órgãos SPI e FUNAI na
coleta da castanha. Os indígenas serviam de mão de obra barata em troca de comida e remédio
o que pode ser caracterizado como trabalho análogo à escravidão. Nesse sentido, o presente
trabalho tem como objetivo mostrar como os discursos produzidos nos jornais entre as
décadas de 1980-1990 contribuíram para criar certos estereótipos em relação ao povo Gavião.
Para tanto, a pesquisa documental usa o método qualitativo com enfoque nos pressupostos
teórico da Análise do Discurso de linha francesa ancorada nos estudos de Michel Pêcheux,
Michel Foucault, e Althusser. A pesquisa é de suma importância para a compreensão de que
os discursos são meramente produzidos para rotularem e deturparem a imagem dos indígenas
da região paraense. Para tanto, os discursos midiáticos fortaleceram e propagaram os estigmas
que deixaram marcas indeléveis até os dias de hoje. A pesquisa está dividida em 4 capítulos;
o primeiro aborda a história dos Gavião, o segundo apresenta o referencial teórico, o terceiro
trata da metodologia escolhida para análise dos corpos e o quarto análise dos recortes
jornalísticos selecionados e por último apresento as considerações finais e referencial
bibliográficos.

Palavras-chave: Gaviões, jornais, Analise do Discurso.

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A ESTÉTICA DA (RE)EXISTÊNCIA FEMININA NO LAGER: UMA LEITURA DE LILITH, DE PRIMO LEVI

Edson Sousa Soares Soares (UFU)

Resumo: Este artigo se propõe a analisar o conto intitulado Lilith, da obra 71 contos de Primo
Levi (2005). Dentre os aspectos a serem perscrutados, estão: o sofrimento nos campos de
concentração nazistas, os pactos de sobrevivência, os relatos testemunhais, a opressão, a
violência, a (re)existência, a religiosidade, a contação de histórias hebraicas antigas, o mito da
criação e a presença do medo que perpassa, há séculos, o imaginário popular, como o diabo,
personificado na figura feminina, entre outras investigações. A fim de estabelecer um diálogo
com o conto, buscam-se analisar também os capítulos Noite de Valpurgis e Fogo-Fátuo, de
Fausto de Goethe (1815), sobretudo na representação feminina enviesada por representações
de poder. Para fins metodológicos, inicialmente selecionamos passagens dos textos, a partir
das quais buscamos verificar elementos de intertextualidade tanto nos escritos de Primo Levi
quanto na narrativa de Goethe (1815). Com o intuito de fundamentar nossa análise, embasamo-
nos nos aportes teóricos de Seligmann-Silva (2003) acerca da Memória e Testemunhos, e de
Diego Frichs Antonello (2020) sobre o trauma, memórias e figurabilidade na literatura de
testemunho. Fundamentamo-nos, ainda, nas preposições de Giorgio Agamben (2015) O que
resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha, bem como nos postulados teóricos de Delumeau
(2009) sobre as questões diabólicas, Eco (2007) sobre as escrituras sagradas e os mitos, assim
como na Mitologia Grega abordada por Junito de Souza Brandão (2005), e nos escritos de
Walter Benjamin (1994) acerca dos narradores e da importância da transmissão de experiência
da contação de história, e nos postulados de Michel Foucault (2008) sobre o controle dos
corpos. Como resultado, compreendemos que há uma mescla entre testemunho e ficção em
que são contextualizadas as experiências vivenciadas no ambiente limite por Primo Levi, as
quais incluem violência, mas também uma estética da (re)existência calcada na representação
e apropriação da arte. Verifica-se, ainda, a representação da figura feminina em ambas as obras
analisadas.

Palavras-chave: Testemunho; Ficção; Lilith.

SALA DE AULA INVERTIDA: UM RELATO DE SEU USO NO ENSINO DE LITERATURA

Juliana Madna Amorim Mendes


Maria Helena Nascimento Conceição (COLÉGIO JESUS MARIA JOSÉ)

Resumo: Em linhas gerais, as aulas de literatura no ensino fundamental apresentam


metodologias tradicionais, na qual o professor apresenta trechos de obras do período literário
estudado mostrando suas características e avaliando posteriormente o aluno de maneira
somativa. Por não conhecerem as obras previamente ou apenas conhecerem trechos delas, os
discentes deixam de participar ativamente das aulas e de terem suas próprias experiências com
a literatura. Nesta perspectiva, este estudo tem por objetivo apresentar o relato de uma
docente de LP no ensino fundamental anos finais sobre o uso da metodologia sala de aula
invertida nas aulas de literatura. Esta pesquisa é justificada como sendo de grande relevância
para a educação contemporânea, propondo reflexões a educadores e estudiosos sobre a
importância das novas metodologias e da participação ativa do aluno em sala de aula. A
metodologia adotada para este estudo foi a pesquisa bibliográfica e o relato de experiência da
professora como método analítico. O saber científico constituiu-se de teorias e, no presente
estudo, têm-se discussões sobre as contribuições da sala de aula invertida e a importância do
seminário para esta metodologia de ensino. Os teóricos que contribuíram com esse estudo
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foram Valente (2014), Silveira Júnior (2020, 2021), Severino (2007), Bergmann e Sams (2018)
e a Base Nacional Comum Curricular (2018). Os resultados do estudo apontaram pontos
positivos e negativos em relação ao uso da sala de aula invertida nas aulas de literatura. Como
pontos positivos têm-se o respeito pela opinião dos outros colegas, a integração de
conhecimentos e a cooperação no estudo fora e dentro da escola. Como aspectos negativos
temos a sobrecarga de um dos membros do grupo na realização e produção de material para
apresentação de seminário e a divergência de opiniões entre os membros dos grupos, gerando
atritos entre si. Em suma, ao adotar o uso da sala de aula de invertida atrelado ao seminário
para facilitar o aprendizado do estudo de obras literárias, percebeu-se maior engajamento por
partes dos estudantes, onde estes assumiram posturas mais ativas durante as aulas.

Palavras-chave: Sala de aula invertida. Seminário. Literatura.

RESISTÊNCIA E POLÍTICA NA PROSA FICCIONAL DE SAMIR MACHADO DE MACHADO

Mykaelle de Sousa Ferreira (UERJ)

Resumo: Esse trabalho discorre sobre a prosa de ficção do escritor brasileiro Samir Machado
de Machado, utilizando como objeto de análise o romance O crime do bom nazista, publicado
em 2023. O livro realiza uma releitura da tradição policial sob um ponto de vista político, uma
vez que constrói um contraponto entre a história política do Brasil contemporâneo e a ascensão
do nazismo na Alemanha do início do século XX. Mais especificamente, o livro traz como mote
a onda de perseguição sofrida por homossexuais na Berlim do início do século XX,
mundialmente notória graças ao pioneirismo da mídia impressa queer e das pesquisas
científicas sobre sexualidade, comandadas pelo Instituto Hirschfeld. É nesse sentido que o
autor, também atuante no meio literário como editor, produz uma obra que além de evocar
características textuais de outra tradição literária, convoca a uma reflexão sobre o tema da
diversidade na própria literatura contemporânea brasileira, uma vez que o leitor esbarra em
depoimentos eugenistas das personagens que defendem “o expurgo e purificação de tudo que
não fosse um reflexo de si mesmo” (MACHADO, 2023). Desse modo, propomos nessa
comunicação uma análise das características da obra, com ênfase nos seus mecanismos
específicos, tais como a composição dos cenários e das personagens em cena, sem perder de
vista o modo como os seus leitores podem acessar uma versão histórica invisibilizada a partir
da imaginação literária.

Palavras-chave: Literatura brasileira, Resistência, Política.

A ESTÉTICA INTERSECCIONAL EM 'LUA NOVA DEMAIS'

Isabella Zaiden Zara Fagundes (UFU)

Resumo: Neste trabalho, analiso questões de ordem histórico-cultural-social que permeiam o


poema Lua Nova Demais, de Elisa Lucinda (1995). A proposta é uma análise que visa a
problematizar as materialidades do corpo e da língua, por meio da Análise de Discurso
pecheutiana (PÊCHEUX, 1999; 2006) e foucaultiana (FOUCAULT, 1979; 1987; 2000), com o
intuito de trabalhar conceitos que dizem respeito às relações de poder dadas na/pela língua,
no/pelo corpo e que mostram a objetificação da mulher e do corpo feminino. A partir desse
olhar epistêmico, busco pelos sentidos que emergem nos versos do referido poema, dos quais
ecoam intersecções de gênero, raça e classe social da/na posição da personagem menina de
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rua. Compreendo que há uma constituição e manutenção de corpos femininos estigmatizados
como corpos objetificados e, por isso, nessa injunção, podem ser tomados, discriminados e
oprimidos. Compreendo, ainda, que há no poema a presença de um corpo de menina-mulher
de rua visto como corpo periférico, apagado, silenciado e desumanizado. Esse olhar
direcionado para o corpo é por compreendê-lo como uma materialidade no/do discurso que
permite construções de representações sociais, identitárias, políticas, históricas, etecetera, pois
ele é atravessado por inúmeros discursos que se perpetuam e se atualizam sócio-histórico-
ideologicamente. Entendo que há sobre esse corpo um imaginário sobre as condições de
possibilidades do que é ser mulher, o que se espera de uma mulher e as limitações desse
corpo de menina-mulher de rua, inclusive no ato de sonhar e virar adulta, pois nesse sentido,
o sonho se materializa na ordem da ilusão, da utopia, pois o amanhã é incerto. À medida que
esse corpo se transforma de menina para menina-mulher, percebe-se a presença do medo, que
se intensifica, transforma-se e nunca desaparece. A poesia nos provoca, produz deslocamentos
para um lugar discursivo-reflexivo sobre as mazelas da vida. Nesta estética poética da
resistência, pode-se encontrar o olhar do outro que se di(con)verge do/com o nosso.

Palavras-chave: Corpo; Menina-mulher de rua; Objetificação.

NOTAS SOBRE O IMPRESSIONISMO LITERÁRIO A PARTIR DE UM CONTO DE ADELINO


MAGALHÃES

Franco Baptista Sandanello (AFA)

Resumo: Desde o título de seus livros ("Casos e impressões"; "Visões, cenas e perfis"; "Tumulto
da vida"; "Inquietude"; "A hora veloz"; "Os momentos"; "Os marcos da emoção"; "Íris";
"Plenitude"; "Quebra-luz"), é notória a preocupação de Adelino Magalhães pelos dramas
interiores de seus personagens, focalizados a partir de uma percepção fragmentária e
marcadamente visual de mundo, muito cara à estética impressionista. De fato, enquanto autor
impressionista, Adelino foi analisado por boa parte de seus comentadores (Afrânio Coutinho,
Andrade Muricy, Xavier Placer, Nestor Victor et. al.). Contudo, o conceito de impressionismo
literário, desde o inaugural “L’impressionnisme dans le roman” (1879), de Ferdinand
Brunetière, tem se mostrado um desafio às periodizações literárias, nos limites de “une
transposition systématique des moyens d’expression d’un art, qui est l’art de peindre, dans le
domaine d’un autre, qui est l’art d’écrire” (F. Brunetière). A presente discussão busca revisar o
conceito de impressionismo literário e avaliar os limites textuais da mencionada “transposição”
do impressionismo pictórico ao literário, tomando precisamente como objeto de estudo um
conto de Adelino Magalhães - “Um prego! Mais outro prego!...”.

Palavras-chave: Adelino Magalhães; impressionismo; narratologia

IDENTIDADE E CULTURA EM POEMAS DE LÍNGUA INGLESA: REPRESENTAÇÕES DO SUJEITO


HÍBRIDO EM SHIRE, DIAZ E KAUR

Sharmilla O'hana Rodrigues da Silva (UESPI/ UFPI)

Resumo: A sociedade atual permite a livre escrita de textos de autoria feminina e facilita o
acesso à produção literária deste gênero. Por este motivo, percebe-se sua relevância e
contribuição para a discussão de temas também complexos. No caso das mulheres imigrantes
essa escrita torna-se ainda mais poderosa no que diz respeito a novos pontos de vista sobre
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a identidade cultural. Nestas obras, as protagonistas enfrentam diásporas ou o contato entre
culturas, ou têm ancestrais nesta condição. Neste sentido, tem-se como proposta a investigação
da relação entre identidade e cultura através da poesia de língua inglesa produzida por
mulheres. Foram analisados poemas que tratam de experiências de migração e hibridismo
cultural. Foram escolhidos os livros Teaching My Mother How to Give Birth (2011), When My
Brother Was an Aztec (2012) e The Sun and her Flowers (2017), cujas autoras são Warsan
Shire, Natalie Diaz e Rupi Kaur, respectivamente. Desta maneira, quanto à abordagem, a
pesquisa é caracterizada como qualitativa, com observação de textos específicos
representantes de uma realidade; o método utilizado foi o hipotético-dedutivo, com o estudo
geral de ideias em textos literários específicos através da construção de hipótese; quanto ao
objetivo, tem caráter exploratório, pois visa esclarecer conceitos através dos fenômenos ou
situações apresentadas nas obras em estudo; quanto aos procedimento técnico, a pesquisa é
bibliográfica, com consulta em material impresso. Para fundamentar o estudo, utilizou-se como
base teórica as ideias de Peter Burke (2010), Stuart Hall (2011; 2018) e Kathryn Woodward
(2014). O artigo está dividido em duas seções: na primeira, apresenta-se a relação entre
identidade e cultura; na segunda, é realizada a análise dos textos a partir da influência do
contato cultural. Nos poemas, percebe-se a transformação identitária devido à conexão de
diferentes culturas, uma soma de conjuntos específicos de tradições e valores adquiridos em
uma segunda nação. Entretanto, há um esforço de preservação do legado ancestral. Identidade
Cultural, Migração, Literatura de autoria feminina, Poesia de língua Inglesa.

Palavras-chave: Identidade Cultural, Migração, Literatura de autor

A CONTEMPORANEIDADE AO RÉS DO CHÃO: UMA LEITURA DE CRÔNICAS DE LUIZ RUFFATO

Gislei Martins De Souza Oliveira (IFMT)

Resumo: Propõe-se o estudo de uma seleção de crônicas publicadas por Luiz Ruffato na edição
brasileira do periódico El país: el periódico global durante o primeiro semestre de 2014. Trata-
se de refletir sobre a confluência do privado com o público, e vice-versa, no que diz respeito
aos jogos de poder das forças governamentais e econômicas vigentes em nosso país. Como a
quantidade de crônicas publicadas durante o primeiro semestre de 2014 foi bastante
significativa, um total de vinte e oito, fizemos a escolha de quatro delas (“Sementes de laranja-
lima” – 29/01/2014; “Para não esquecer” – 25/03/2014; “Entre nós – 15/04/2014”; “A
esquerda não sonha mais?” – 19/05/2014). Desse modo, interessa saber: qual a posição
adotada pelo autor mineiro diante de fatos que se referem, principalmente, ao contexto sócio-
político do Brasil na atualidade? Schøllhammer (2011) situa que a literatura de Ruffato
apresenta certo compromisso com a realidade social do país, mas configurada por uma
linguagem contemporânea que escapa aos formatos tradicionais das narrativas do século XIX.
Sendo assim, verticaliza-se a crítica produzida a respeito das obras de Luiz Ruffato na tentativa
de ampliar o diálogo estabelecido pelo autor entre literatura e crônica. Além disso, o suporte
em pesquisas (Novaes, 2009; Bignotto, 2009) que tratam dos efeitos oriundos da relação
entre o público e o privado contribui para entender o empobrecimento da experiência na
contemporaneidade. A esse respeito, recorre-se à Maria Zilda Ferreira Cury que trata da
fragmentação no romance eles eram muitos cavalos (2005), também de Ruffato, em relação
com a estratégia de empregar a tópica da ruína para representar um corpo social repleto de
contradições e que não aceita a Alteridade. Tais apontamentos embasam a perspectiva de que
as crônicas do autor mineiro comportam uma linguagem que beira à banalidade do cotidiano,
mas sem perder de vista o trabalho estético de projetar a realidade contemporânea.

Palavras-chave: Crônica, Luiz Ruffato, Experiência


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DJUENA TIKUNA E MÁRCIA WAYNA KAMBEBA: DUAS VOZES DE MULHERES NO CIBERESPAÇO

Erika Rodrigues Jerônimo (UNITINS)

Resumo: Considerando o contexto da era globalizada, capitaneada pela cibercultura, observa-


se que os discursos e as poéticas dos povos originários proliferam na internet veiculando temas
que, do ponto de vista indígena, são tradicionais, mas que, na contemporaneidade, se
combinam com necessidades atuais em nível planetário. Dentre 305 etnias, 900 povos e 274
línguas indígenas, destacam-se atualmente 57 escritores na categoria individual que produzem
e distribuem suas obras principalmente através de canais digitais. A poética indígena, no
entanto, vai além das formas literárias convencionais. Há uma profusão de perfis de artistas
indígenas de várias áreas em todas as redes sociais. Um exemplo é a compositora e cantora
Djuena Tikuna (2019) que, na canção "A floresta cura", mostra a ligação entre o tempo
presente, os ancestrais e o tempo futuro a partir da temática do valor da natureza em conexão
com a ideia de "aldeia global", expressão cunhada por Marshall McLuhan (1964) e
ressignificada a partir do ponto de vista indígena integrado à cibercultura. Sua obra pode ser
acessada pelo YouTube. De modo análogo, a escritora Márcia Wayna Kambeba (2020), no livro
“O lugar do saber”, mostra como a devastação da natureza ameaça a sobrevivência da
humanidade bem como discute a questão identitária em sua obra. A pesquisa conduz à
constatação de que a presença indígena na internet promove a quebra do estereótipo do
indígena como representante de uma cultura "atrasada". Observa-se que os sujeitos indígenas
disseminam mensagens e estéticas que se alinham às necessidades mais atualizadas da
contemporaneidade, confrontando a lógica do pensamento colonizador eurocêntrico.

Palavras-chave: Literatura indígena, Poéticas indígenas, Djuena

O DIÁLOGO ENTRE TEXTOS: A CONCEPÇÃO DE INTERTEXTUALIDADE E SEUS REFLEXOS NA


TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIA (1917-1979)

Gabriela Cristina Borborema Bozzo (UNESP)

Resumo: O significado da intertextualidade nos Estudos Literários é controverso. Isso se dá


devido ao surgimento do vocábulo: Julia Kristeva, semioticista francesa, cunha o termo
intertextualidade na década de 1960, assumidamente inspirada pelos escritos de Mikhail
Bakhtin acerca do dialogismo por ele proposto. Nesse sentido, é importante destacar que a
intertextualidade é inerente à produção artística humana. No caso da literatura, ela existe desde
o surgimento dessa manifestação artística, pois toda escrita é intertextual. Assim, para abarcar
o que foi publicado entre 1917 e 1979 sobre o tema, ele foi averiguado, por nós, em suas
diferentes facetas, trazendo, inclusive, textos mais contemporâneos como contraponto à teoria
cujo escopo é nosso foco produzida no intervalo temporal elencado já no título de nosso
trabalho. Nosso corpus, dessa forma, é constituído pelos textos teórico-críticos sobre a
intertextualidade, focando naqueles produzidos no período mencionado do século XX. O
objetivo do trabalho, portanto, é investigar a evolução do significado de intertextualidade,
desde mesmo antes de ser cunhado na década de 1960, devido à sua inerência a toda
produção artística (aqui, literária) humana. Por fim, nossa baliza teórica é composta por dois
dicionários (que dão início à discussão do trabalho): Grande dicionário Houaiss, presente na
plataforma UOL on-line, utilizado como dicionário geral, e Dicionário de termos literários, de
Massaud Moisés, o qual nos direcionou no que tange ao vocábulo em pauta – intertextualidade
– por tratar-se de um dicionário específico do campo de pesquisa de Estudos Literários. Depois,
recorremos aos formalistas russos, que muito influenciaram Bakhtin: Chklovski e Tynianov em
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“A arte como procedimento” e “Da evolução literária”, respectivamente. Demos continuidade
ao percurso teórico com Problemas da poética de Dostoiévski, de Mikhail Bakhtin, e seu
prefácio de Paulo Bezerra, “Uma obra à prova do tempo”, o qual critica assiduamente as
proposições de Kristeva, julgando sua teoria como uma deturpação dos escritos bakhtinianos.
Então, voltamo-nos ao “A palavra, o Diálogo e o Romance”, de Julia Kristeva, em que a
semioticista cunha a intertextualidade. Cotejamos, nesse sentido, as proposições de Kristeva
com as de Fiorin em “Interdiscursividade e intertextualidade” e Maciel em “A (in)distinção entre
dialogismo e intertextualidade”. A penúltima baliza teórica é “A estratégia da forma”, de
Laurent Jenny, e a discussão teórica se encerra com o cotejo de O trabalho da citação, de
Antoine Compagnon.

Palavras-chave: Intertextualidade, Teoria, Crítica.

CONSTRUTORES DE ESPAÇOS MENTAIS DE BASE VERBAL NA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS

Gisele Cássia de Sousa (UNESP)

Resumo: No âmbito da Linguística Cognitiva, os “espaços mentais” são definidos como


domínios conceituais temporários resultantes de fracionamentos de significados que ocorrem
durante o fluxo da interação verbal (FAUCONNIER, 1994, 1997). A base geral para a ativação
desses espaços é a interação verbal em andamento, ou seja, o espaço do aqui-agora da
conceitualização e da interação. Domínios alternativos ao espaço base podem, entretanto, ser
evocados, por meio do que se denominam “construtores de espaços mentais”, unidades
linguísticas que sinalizam a construção de um novo espaço mental ou o retorno da atenção a
espaços mentais previamente construídos. Esses construtores exigem, assim, que o ouvinte
ative um espaço conceitual diferente do “aqui e agora”, a partir da instauração de cenários que
refletem realidades passadas ou situadas em outras localidades, que fazem referência ao futuro,
a situações hipotéticas, a ideias e crenças de alguém, etc. Conforme aponta Fauconnier (1997),
tipos comuns de construtores de espaços mentais nas línguas naturais são sintagmas
preposicionados (tais como no Brasil, às três da tarde, etc.), advérbios (tais como ontem,
provavelmente, teoricamente, etc.) e conectivos (tais como se...então, ou...ou, etc.), mas outros
itens podem servir a essa função em diferentes línguas. Com base nesses pressupostos e sob
uma perspectiva cognitivo-funcional da linguagem, o objetivo do presente trabalho é descrever
a forma e a função de três classes de construtores mentais codificados por verbos do
português: construtores de espaços mentais irrealis (supor, considerar, dizer), de espaços
mentais epistêmicos (acreditar, supor, achar) e de espaços mentais indicadores de gradação
superlativa (pensar). Pretende-se demonstrar que, a esse funcionamento dos verbos, associam-
se propriedades morfossintáticas específicas, relacionadas a tempo, modo, pessoa e posição
sintática, bem como alto grau de gramaticalização dos itens. Os dados da pesquisa são dados
de fala, extraídos especialmente do córpus IBORUNA (UNESP, São José do Rio Preto), e dados
extraídos de redes sociais da Internet.

Palavras-chave: espaços mentais, sintaxe funcional, pragmática.

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WHAT WAS I MADE FOR?: RELAÇÕES DE GÊNERO, DIREITOS REPRODUTIVOS E PROPRIEDADE
PRIVADA, A PARTIR DE UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DE BARBIE (2023), DE GRETA GERWIG

Carla Bastos (UFMA)


Yasmine Louro (UFT)

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo identificar as imagens, signos e símbolos,
utilizados na construção da subjetividade feminina sob a ótica do realismo capitalista,
subvertendo expectativas conservadoras na jornada da protagonista Barbie estereotipada, no
filme homônimo, Barbie (2023), de Greta Gerwig. A metodologia utilizada é a Semiótica
Francesa de Greimas, a partir dos estudos de Barros (2005), que promoverá a análise das
imagens de cenas relacionadas do longa-metragem a partir da perspectiva do feminismo
marxista, norteado pelos estudos de Rosa Luxemburgo, a modo de estabelecer uma crítica ao
capitalismo. A fundamentação teórica é norteada pelas pesquisas em feminilidade de Davis
(2016), hooks (2000), Federici (2017) e Kehl (2008); as pesquisas em identidade de
Woodward (2014); e os ensaios de Woolf (2014) sobre a questão feminina. Como resultados
obteve-se que o longa-metragem constrói uma ideia de feminilidade ambígua, do qual está
consciente: a chamada Barbie estereotipada tem ciência dos seus defeitos, mas, para o
espectador, continua linda e perfeita, estabelecendo um padrão estético inalcançável.
Independente de sua perfeição, porém, a Barbie estereotipada ainda é vítima da misoginia
estrutural recém-descoberta por Ken ao chegar no chamado Mundo Real. A Barbie
estereotipada descobre que a supremacia feminina saudável de Barbieland foi suplantada pelo
patriarcado tóxico exploratório do Mundo Real, adaptado por Ken como imagens simplificadas
dos símbolos da masculinidade como condescendência paternalista, Sylvester Stallone, The
Godfather (1972) de Francis Ford Coppola e cavalos. Como considerações finais, pontua-se
que Barbie (2023) estabelece a renovação da imagem já considerada reacionária da boneca
Barbie por meio de uma crítica confortável dentro do status quo para reestabelecer a relevância
e influência do brinquedo no imaginário popular após ser associada a uma vertente ideológica
liberal reacionária, principalmente em razão do padrão estético retroalimentado de geração em
geração. A boneca Barbie não alberga os valores capazes de derrubar o patriarcado, logo, o
longa-metragem não ultrapassa a zona de conforto capitalista, dependendo de imagens
construídas para criticar tanto o machismo quanto o conhecido discurso woke, temido pelo
conservadorismo. Mesmo que pareça que o longa-metragem queira subverter a feminilidade e
os papéis de gênero estabelecidos, também, pela boneca Barbie, o discurso preserva um lugar
comum, que não proporciona uma crítica enfática o suficiente para incomodar os homens,
privilegiados e protegidos pelo status quo. Para os homens, é fácil se identificar com o lema
I’m Kenough porque, para eles, é fácil se adaptar à mediocridade, pois não são cobrados como
as mulheres.
Palavras-chave: Barbie. Feminilidade. Realismo capitalista. Cinema.

ÚRSULA: UM OLHAR SOBRE OS SUJEITOS ESCRAVIZADOS

Laine Barros Fortes (UFMA)

Resumo: A presente pesquisa visa realizar uma análise do livro Úrsula, de Maria Firmina dos
Reis (1825-1917), considerando a escrita de uma autora feminina, que utiliza elementos dentro
da obra para denunciar as injustiças da época. A obra é considerada um romance abolicionista,
com isso, a discussão envolta de Úrsula nos leva a pensar sobre a nova visão presente no
contexto da obra, como a denúncia da escravidão. Os temas tratados no romance relatam sobre
determinado período da história da literatura brasileira, o que nos faz refletir do ponto de vista
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da própria autora, Maria Firmina dos Reis, primeira autora negra que discute questões sociais
de maneira crítica e abertamente sobre a escravidão, além de colocar no seu texto o negro
como sujeito e não como uma figura estereotipada. Em vista disso, o trabalho objetiva discutir
as injustiças praticadas em uma sociedade autoritária e patriarcal. Especificamente, analisar a
partir da perspectiva da escrita de autores negros no século XIX, onde Maria Firmina traz uma
visão inovadora no romance, relacionando e considerando esse período com os personagens
escravizados – Túlio e Susana – representados no livro. A metodologia deste artigo consiste
no desenvolvimento de uma análise comparativa dos sujeitos escravizados, com abordagem
qualitativa, que se baseia pelos estudos de Cuti (2010) que aborda sobre a literatura negro
brasileira e destaca personagens, autores e leitores dessa literatura; estudos de Duarte(2008,
2013, 2016) que discute sobre autores negros e as questões de gênero na literatura brasileira.
Os resultados preliminares apontam para uma visão e discussão de uma literatura que tira o
sujeito escravizado da posição de objeto e coloca como sujeito que conta sua própria história,
sendo a voz do negro um fator bem marcado no romance, portanto, Maria Firmina "quebra" os
paradigmas vigentes de sua época, uma vez que o padrão imposto na sociedade desse período
é diferente do apresentado pela autora.

Palavras-chave: Literatura negro-brasileira, escravizados,sujeito.

O TEXTO LITERÁRIO E SUAS PERSPECTIVAS: DE COLONIZAR PARA DECOLONIZAR

Dúlcima Sangalli (UCS)

Resumo: A formação identitária dos povos latino-americanos foi fortemente marcada pela
presença da escritura. Tomada como instrumento para dominar e “colonizar” o Outro, de
acordo com os interesses da hegemonia europeia, ao longo do processo de modernização e
do avanço tecnológico, ganha legitimidade ao garantir a preservação da memória coletiva e
dos conhecimentos transmitidos pela tradição oral, denunciar a opressão e a exploração e, ao
mesmo tempo, conduzir o ser humano à emancipação, à liberdade e à reflexão. Dessa forma,
o presente estudo tem como propósito tecer algumas reflexões sobre a influência do texto
literário na construção da cidadania global, em especial a dos países de Língua Portuguesa e
Espanhola na América. Nesse contexto, através da Pesquisa Bibliográfica de caráter qualitativo,
nos debruçamos sobre autores como Quijano (2020), Dussel (1993), Walsh (2012), entre
outros para pensar a respeito do conceito de Colonialidade vinculado ao processo de
Modernidade, e a apropriação de uma nova visão/imaginário a partir da imposição eurocêntrica
oriunda da conquista dos povos originários; Hampaté Bâ (2010) em relação à ligação entre o
homem e a palavra, sendo ela oral ou escrita; Horellou-Lafarge & Segré (2010) e Chartier
(1998) sobre a cultura escrita e sua evolução, a leitura e as transformações estruturais do livro
ao longo da História; Candido (2004), no que diz respeito à literatura como direito, como fonte
potencializadora e humanizadora do ser humano e o seu caráter social; Petit (2019) em relação
à leitura/leitor e o conhecimento do Outro. Para tanto, verificaremos, por meio de algumas
produções literárias, como os contos de Câmara Cascudo ((1898-1986), Popol Vuh, entre
outros como o texto literário transitou de sua função de dominação para a de preservação das
tradições culturais. Além disso, ao final desse estudo, salientamos o papel da Literatura, vista
como experiência artística e estética, na construção da Cidadania Global, já que nos permite
transcorrer por diferentes territórios, dando forma as nossas representações, abrindo-nos para
a vida e para os saberes que o mundo nos proporciona.

Palavras-chave: Dominação. Texto Literário. Emancipação.

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UMA REVISÃO DE ÚRSULA(1859), DE MARIA FIRMINA DOS REIS, PELA CRÍTICA LITERÁRIA
NEGRA

Morgana da Silva Albuquerque (UERJ)

Resumo: Maria Firmina dos Reis foi uma mulher negra, abolicionista, intelectual, professora,
escritora, nascida no século XVIII, no Maranhão. Seu livro “Úrsula”, publicado em 1859, é
considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro escrito por uma mulher negra. Porém,
seu pioneirismo e importância literária ficaram relegados ao apagamento em função de fatores
sociais, como ser mulher, negra e maranhense em uma sociedade patriarcal e racista. Por isso,
mesmo sua obra estando inserida dentro dos parâmetros técnicos, das tradições literárias da
época e das discussões vigentes, não foi canonizada como algumas obras de escritores homens
do mesmo período. Em “Úrsula”, Maria Firmina dá voz aos personagens negros escravizados,
atribuindo-lhes uma espécie de protagonismo nada comum nos outras obras abolicionistas dos
oitocentos, assim, subvertendo o lugar imposto ao negro pela sociedade. Nessa perspectiva,
entende-se que, para ler Maria Firmina, é preciso uma fundamentação teórica que consiga
contemplar a especificidade que sua condição de mulher negra traz enquanto escritora. Alguns
estudos críticos situam Maria Firmina no contexto da tradição literária oitocentista, mas não a
analisam como uma mulher racializada, ou seja, que desafia um viés interpretativo
convencional, que não considera raça e gênero aspectos centrais para a análise. Por isso, a
importância de ler Maria Firmina dos Reis, também, como uma intérprete do Brasil, tendo em
vista que sua expressão literária nos proporciona lentes críticas para entender a escravidão, as
relações racias e o papel da mulher no contexto oitocentista, na qual em posição de mulher
negra, filha de uma ex escravizada, Maria Firmina se legitima como sujeito e corpo racializado
em posições que são historicamente negadas a mulheres negras. O objetivo do trabalho, é
expor algumas reflexões sobre “Úrsula” como produção literária de uma autora racializada,
dialogando com pesquisadores como Cuti, Fernanda Miranda e Luciana Diogo, procurando dar
conta desses vácuos deixados pela historiografia literária e pela crítica literária tradicional
através de uma revisão desde a critica literária negra/feminista.

Palavras-chave: Maria Firmina ,critica literária negra, romantismo.

A (DES)LEGITIMAÇÃO DO RACISMO ESTRUTURAL CONTRA ESTUDANTES DE MEDICINA NO


BRASIL VIA ENEM: O QUE DESVELAM AS MÍDIAS SOCIAIS?

Jailson Almeida Conceição (UESPI)


Maria de Jesus da Cunha do Nascimento (UESPI)

Resumo: Este trabalho focaliza dois movimentos relevantes para compreendermos o racismo
estrutural e estruturante no curso de medicina por estudantes pretos/as. De um lado, as visíveis
práticas discursivas de exclusão e marginalização nas mídias digitais – sites jornalísticos –
sobre o racismo estrutural em relação a estudantes pretos e pretas aprovados no ENEM (cotas
raciais) para o curso de medicina no Brasil durante os anos de 2017 a 2022. De outro,
reforçamos a tese segundo a qual existe, sim, o racismo no Brasil independentemente das
posições sociais que o sujeito ocupe, contrariando a opinião de muitos de que não existe
preconceito racial neste país. Nessa direção, a pesquisa pretende, objetivamente, (i) apresentar,
historicamente, como o preconceito étnico-racial se estabeleceu/vem se estabelecendo no
Brasil; (ii) apresentar o contradiscurso dos estudantes pretos/as que fazem o curso de medicina
que têm sua inserção na educação brasileira (1808-1949), portanto, do Primeiro Reinado à
declaração dos direitos humanos a partir de uma visão eurocêntrica; (iii) identificar, sob as
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lentes da Linguística Aplicada (LA) e sua interface com a Análise do Discurso Crítica (ADC), os
discursos racistas recorrentes em sites a respeito de estudantes pretos/as do curso de
medicina. Para tanto, fundamentamos teórica e metodologicamente esta pesquisa em Van Dijk
(2008), Resende e Ramalho (2006), Fairclough (2001; 2008) e Moita Lopes (2009). Ademais,
tivemos como aparato teórico na linha dos estudos sobre o racismo estrutural os trabalhos de
Almeida (2019), Grada (2009), Achille Mbembé (2014), Guimarães (2012), Galtung (1990),
Silveira (2007), Prado Júnior (1961), Ribeiro (2018), Schawarcz (1987). Para isso, realizamos
o levantamento de 10 reportagens entre o período dos meses de agosto a setembro de 2022,
cujo caráter linguístico-discursivo foi encontrado em uma do site BBC News Brasil, uma do The
intercept Brasil e duas do Portal Geledés, tendo em vista que se alinham às categorias analíticas
aventadas na Análise do Discurso Crítica (ADC), e sua interface com a Linguística Aplicada (LA).
Desse modo, as categorias analíticas mobilizadas foram poder, mudança discursiva e mudança
social, hegemonia, ideologia e discurso. Sendo assim, as análises preliminares apontam para a
reificação de uma prática cada vez mais feroz contra pessoas pretas nas universidades
brasileiras, mesmo que elas façam parte de um curso elitizante como é o de medicina. Portanto,
este trabalho contribuirá para que as pessoas consigam reconhecer a existência do racismo
estrutural, o qual está alicerçado na sociedade por meio da perpetuação de práticas culturais,
ideológicas, históricas, discursivas, políticas.

Palavras-chave: Racismo estrutural. Medicina. Análise do Discurso.

EI, VOCÊ! ANUNCIE AQUI: UMA PRÁTICA ESCOLAR SOBRE PROTAGONISMO E


EMPREENDEDORISMO NA EJA

Kilma Cristeane Ferreira Guedes ((PPGL/UFPB)

Resumo: Este trabalho é um recorte de uma prática docente sistematizada no projeto


pedagógico, "Ei, você! Anuncie aqui!", cujo foco foi o ensino do gênero textual, anúncio
publicitário. O projeto foi desenvolvido no ano letivo de 2022, em 05 turmas da Educação de
Jovens e Adultos (EJA), sendo 02 turmas do Ciclo V e 03 turmas do Ciclo VI (etapas do Ensino
Médio), em uma escola pública da rede estadual, na cidade de João Pessoa/PB. Objetiva-se
apresentar a prática como forma de contribuir para a formação de professores/as de Língua
Portuguesa, especialmente, os/as que lecionam nessa modalidade de ensino. O projeto
proposto apresentou um objeto de conhecimento acessível e próximo a realidade dos/as
educandos, o gênero textual (e também digital), anúncio publicitário, trabalhado como uma
prática de letramento (KLEIMAN, 2010). Ou seja, todo o processo de produção, especialmente,
a escrita, articulou-se a uma prática social conhecida, que estava latente, mas que foi
ressignificada pelo alunado, evidenciando a importância da escrita e dos saberes escolares no
cotidiano, enfatizando os elementos sobre a multiculturalidade e o multiletramentos a partir
de Rojo (2012). Para tanto, recorreu-se a revisão bibliográfica, tendo como aporte teórico-
metodológico os estudos de Kleiman (2010), Rojo (2012), Marcuschi (2008), entre outros.
Além de documentos educacionais norteadores como o Guia de Orientações Gerais da EJA
(PARAÍBA, 2022) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), (BRASIL, 2018). A prática foi
implementada a partir de uma Sequência Didática, dividida em duas etapas: a teórica, que
envolveu a diagnose das turmas sobre o anúncio publicitário, a partir da exposição,
identificação, leitura e análise de diferentes tipos do referido gênero textual, presentes em
revistas, grupos de anúncios em redes sociais e encartes, além de aulas expositivas e
dialogadas, na qual utilizou-se vídeos e uma videoaula; e a parte prática, que foi desenvolvida
por meio das oficinas de produção dos anúncios de produtos, serviços e eventos
produzidos/ofertados pela comunidade escolar e/ou local, nas quais foi possível desenvolver
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e aprimorar tanto os conhecimentos linguísticos e extralinguísticos quanto competências,
habilidades e valores dos/as estudantes. Ademais, a prática contemplou uma perspectiva
interdisciplinar, explorando conteúdos de outros componentes curriculares como os de
Matemática e de História. Os resultados do estudo apontaram o êxito do projeto, pois os/as
educandos/as produziram uma diversidade de anúncios publicitários em diferentes formatos e
suportes, que culminou em uma exposição no pátio da escola. Nela, observou-se que os/as
educandos/as se reconheceram como sujeitos protagonistas, empreendedores, e
especialmente, produtores de cultura.

Palavras-chave: Gênero textual; Anúncios; Multiletramentos; EJA.

A (DES)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO(A) PROFESSOR(A) NO MOVIMENTO ESCOLA SEM


PARTIDO SOB AS LENTES DA ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA

Grasyela da Silva Brito (UESPI)


Jailson Almeida Conceição (UESPI)
Resumo: O presente trabalho faz parte de um projeto desenvolvido no âmbito do PIBIC, cujo
nome é Grupo de Pesquisa Mídia, Discurso e Poder: um estudo translinguístico (GPMIDP) da
UESPI, através da Pró-Reitoria de Pesquisa. Nele, procuramos responder à seguinte questão:
Como os discursos produzidos/atravessados pelos sujeitos (internautas, usuários das redes
sociais), que (des)legitimam a construção identitária do docente no Movimento Escola Sem
Partido (MESP) podem influenciar no desenvolvimento tanto dos estudantes quanto dos
professores? Como sabemos, o MESP, criado em 2004 por Miguel Nagib, então procurador do
Estado de São Paulo ganhou força graças à criação do projeto de lei N° 193, de 2016, e, a
partir de então, um número cada vez maior de pessoas tomou conhecimento acerca deste
movimento e passaram a surgir grupos organizados da sociedade civil representada por muitos
pais de alunos, professores e estudantes que efetivamente queriam acabar com qualquer
posicionamento político-ideológico de docentes nas salas de aula. Tendo em vista a sociedade
informatizada na qual estamos inseridos, o meio de disseminação do MESP se deu a partir de
um site criado para o movimento e pelas redes sociais com a criação de páginas no facebook,
instagram e twitter por exemplo. Nessa perspectiva, objetivamos, tendo como suporte teórico
a Linguística Aplicada(LA) e a Análise do Discurso Crítica (ADC), analisar os discursos
propalados nas mídias sociodigitais no que tangem, especificamente, a construção identitária
do docente no ESP; identificar como essas construções afetam o trabalho docente nas práticas
discursivas nas redes sociais no que concerne ao MESP por meio de reportagens disponíveis
no site escolasempartido.org/ e comentários online disponíveis na página do instagram
@escolasempartidooficial. Para tanto, realizamos o levantamento desses dados no período de
agosto a setembro de 2022 e selecionamos as marcas discursivas que caracterizam o referido
Movimento e seus impactos na construção da identidade docente. Para tanto, esta pesquisa é
fundamentada em Van Dijk(2008), Resende e Ramalho(2006), Fairclough (2001;2008),
Irineu(2020), Moita Lopes (2009) e Gaudêncio Frigotto (2017). Assim, as categorias analíticas
mobilizadas foram poder, prática discursiva, prática social, hegemonia, ideologia e discurso.
Isto posto, como resultado preliminar, encontrou-se a presença de discursos favoráveis ao
Movimento bem como de outros contrários que robustecem a tese de que as ações perpetradas
no cenário nacional sobre o MESP ferem, veementemente, a identidade/representação docente,
direitos humanos e liberdade de cátedra. Esperamos que este trabalho contribua para abrir
novos nichos de pesquisa sobre a temática e que ela ecoe em outros espaços não formais para
abrir um amplo debate sobre o que queremos em termos de educação emancipatória, crítica e
que transforme o agir humano sob uma perspectiva libertária.
Palavras-chave: MESP. Redes sociais. Análise do Discurso Crítica.
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OS MEANDROS DO BELO E DO FEIO: A ESTÉTICA DO CORPO NA OBRA NOJO, DE DIVANIZE
CARBONIERI

Walason Silva Carneiro (UNEMAT)

Resumo: Este trabalho corresponde a um recorte do terceiro capítulo da dissertação de


mestrado em desenvolvimento intitulada, atualmente, como OS MEANDROS DA BELEZA E DA
FEIURA: dos primórdios da Grécia Antiga até a Contemporaneidade na obra Nojo, de Divanize
Carbonieri, capítulo esse que aborda como proposta de pesquisa os padrões de beleza
socialmente construídos em torno do corpo feminino que é materializado em Nojo (2020), da
escritora de Cuiabá Divanize Carbonieri. Sua obra traz os temas da Beleza idealizada sobre o
corpo, bem como da Feiura que se põe à parte daquilo que é tomado como modelo,
principalmente quando o corpo perscrutado é o da mulher, o qual é estigmatizado e
pressionado por discursos que ditam quais são os padrões de beleza em que o sujeito feminino
deve se enquadrar a fim de ser aceito socialmente como belo. Na contemporaneidade, portanto,
é visível como o belo padrão está atrelado a certos atributos físicos, característicos dos sujeitos
de pele branca, notoriamente daqueles descendentes de europeus. Assim, os corpos tidos
como belos apresentam traços peculiares, como olhos azuis, cabelos lisos e de preferência
ruivos ou loiros, narizes afinados ou lábios delicados, entre outros. Em Nojo, percebem-se os
reflexos negativos que são assentados sobre os corpos considerados fora do padrão estético
de beleza, e que, por isso, são alvos de críticas e de falares carregados de preconceitos e
julgamentos em relação à aparência, principalmente o que constitui a imagem alheia. Contudo,
os valores padronizados de beleza impostos pela sociedade hegemônica traduzem-se em Nojo
através de vozes sutis que expressam sua aversão e nojo a certos padrões de corpos ? como
o negro, o gordo e o envelhecido ?, os quais são concebidos como feios e, portanto, não são
aceitos dentro dos protocolos estéticos da contemporaneidade. A maneira como o tema é
abordado permite entender como a obra Nojo indaga-se sobre os conceitos de "Belo" e "Feio”
e como essas construções estão intrinsecamente ligadas à ideologia e aos valores sociais
hegemônicos, sendo que isso ocorre também por marcas de sua textualidade, como ausência
de pontuação, uso apenas de letras minúsculas, presença da linguagem coloquial e construção
de todo o texto através de um único parágrafo, simulando um discurso verborrágico sobre os
corpos que são (ou não) aceitáveis. Dessarte, é através das teorias e conceitos de
contemporaneidade que a análise dessa obra se sustenta e, para isso, são utilizados como
aporte teóricos os seguintes autores: Bataille (1987), Agamben (2009), Rodrigues (1975,
1995), Eco (2007, 2014), Novaes (2006), Resende (2008), Bordieu (2012), entre outros.

Palavras-chave: Corpo, Beleza e Feiura, Nojo.

A MEMÓRIA DISCURSIVA NAS NARRATIVAS MUSICAIS: DOS ESPAÇOS DOS JOVENS DA


PERIFERIA AO FUNK DA OSTENTAÇÃO

Franciele Lucia Libardi (UNIOESTE)


Rosely Sobral Gimenez Polvani (UNIOESTE)

Resumo: Este artigo tem por finalidade tecer reflexões introdutórias sobre os conceitos da
Análise do Discurso (AD) de Linha Francesa, assim como aspectos da memória discursiva no
estilo musical Funk da Ostentação. As músicas analisadas serão: “País do Futebol”, de MC
Guimé com a participação do Rapper Emicida. A outra música, “Resposta ao Funk Ostentação”,
de Edu Kriguer. A reflexão será subsidiada por um corpus de três reportagens veiculadas por
diferentes sites, dentre outros subsídios teóricos, procurando analisar o discurso midiático-
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cultural como constructo social. Fundamentada na teoria da Análise do Discurso, discutir-se-á
os espaços dos jovens negros e pobres da periferia em oposição aos habituados e habitados
preferencialmente por brancos, fruto da ideia de raça que se construiu desde os tempos
coloniais no Brasil. A partir das análises realizadas, pretende-se compreender como as
produções linguísticas, as representações sociais e a construção de identidades são permeadas
pelas formações discursivas e ideológicas dos sujeitos em questão nas criações musicais,
visando desvelar saberes de rompimento e deslize. Por fim, considerar-se-á um gesto de
interpretação e análise do discurso desses sujeitos a fim de melhor compreendermos as
implicações desses dizeres no imaginário da língua que faz deslizamentos da representação
original desse objeto de estudo a fim de produzirem outros sentidos.

Palavras-chave: AD. Funk Ostentação. Espaço. Formação discursiva.

AS NUANCES DO HORROR NOS K-DRAMAS: O MEDO, O MONSTRO E O ABJETO EM CELEBRITY


DA NETFLIX (2023)

Jose Antonio Moraes Costa (SEMED | UNDB)

Resumo: A nomenclatura K-Drama, abreviação de Korean Drama, foi criado para designar um
tipo de programa de televisão sul-coreano que se utiliza de roteiros para ser apresentado como
série regular. O termo “Drama” provém da palavra em coreano “deurama” cujo significado, por
sua vez, vem do grego drama (“peça”, “ação”, “feito”), um derivado do verbo dran (“fazer”,
“realizar”, “representar”). Há algumas décadas, produtos midiáticos do mundo asiático
começaram a entrar timidamente no Ocidente. Recentemente, uma das produções de destaque
do catálogo é Celebrity, classificada como série dramática. A narrativa audiovisual foi idealizada
pelos roteiristas Kim Cheol-kyu e Kim Yi-young. A história retrata o luxo e o lixo do mundo dos
influenciadores digitais. O espectador acompanha a trama da enigmática Seo A-ri, uma jovem
vendedora de produtos de beleza, que misteriosamente se tornou famosa por conta da
internet. Conforme narra a própria protagonista, Celebrity é uma longa história, terrivelmente
escandalosa e brutalmente glamorosa. Utilizando-se de uma releitura do american way life e
enaltecendo o bem-estar individual e coletivo por meio de mídias sociais, importa destacar que
Celebrity apresenta importantes matizes da literatura de horror, não sob a ótica do
sobrenatural como fonte constituinte, mas há uma série de componentes subversivos que
provocam a desestabilização da realidade no enredo, conforme arrazoa David Roas em A
ameaça do Fantástico (2016). Desse modo, pode-se identificar que a obra é circundada por
uma diversidade de medos, monstros morais e comportamentos estranhos e abjetos
alimentados pelo mundo globalizado e tecnológico da sociedade pós-moderna. De modo
similar, em Estrangeiros para nós mesmos (1994), a crítica Júlia Kristeva disserta que é
necessário ressignificar o horror, desalojar o sobrenatural da exterioridade e inseri-lo em um
interior familiar e potencialmente maculado e estranho. O choque com o outro e o ego
configura-se como uma monstruosidade, pois há referência de um confronto com algo que não
se é, tal qual se observa em Celebrity. Em Paradoxos do horror (1999), essa perspectiva é
ratificada pelo filósofo Noel Carrol. De acordo com o crítico, o horror reside em saber que um
outro pode abalar o conhecimento que eu tenho de mim através de condutas asquerosas e
ameaçadoras. Nesse sentido, percebe-se que os limites, os contornos e a estética explorados
pelos roteiristas, correlaciona-se com topos figurativos do universo do horror. Diante dessas
proposições, entende-se que a narrativa audiovisual da plataforma de streaming possibilita
importantes debates sobre os processos criativos de composição do horror no mundo oriental.
Assim sendo, este trabalho almeja discutir sobre como o horror se camufla e se efetiva no
seriado coreano por meio do medo, das monstruosidades e do abjeto. Metodologicamente,
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realiza-se uma pesquisa de cunho qualitativa, pois analisa-se o processo de composição de
textos audiovisuais, a partir de teorias já consolidadas pelo campo das narrativas de horror.
Para tanto, recorremos às pesquisas defendidas por Roas (2014), Kristeva (2016) e Caroll
(1999).

Palavras-chave: Horror, Monstro, Medo, Abjeto, Celebrity.

A POESIA VISUAL DE DIEGO MENEZES DOURADO: UMA PROPOSTA DE RETEXTUALIZAÇÃO

Renata da Silva de Barcelos (UNICARIOCA)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo realizar o processo da retextualização, cuja
definição é a produção de um novo texto a partir de um ou mais textos-base (MARCUSCHI,
2001) das poesias visuais, definida como “pode-se entender toda espécie de poesia ou texto
que utiliza elementos gráficos para se somar às palavras, em qualquer época da história e em
qualquer lugar” (1998, p.14) de Diego Menezes Dourado. Esta atividade foi realizada em uma
instituição pública de 2° e 3° anos do Ensino Médio: Escola Estadual José Leite Lopes -
NAVE/RJ, em julho de 2023. A hipótese foi de os universitários articularem seus conhecimentos
sobre o movimento literário simbolista e as vanguardas europeias e, ao mesmo tempo,
possibilitar a expressão de suas subjetividades ao elaborar um outro gênero textual. Dessa
forma, ao apresentar a proposta de atividade, no primeiro encontro, coube à professora fazer
uma breve exposição oral sobre o movimento de Poesia Visual no Brasil e no Mundo. Nesta
explanação, ela fez correlações com o movimento literário simbolista e as vanguardas
europeias, apresentando suas características e um panorama desde o seu surgimento. Também
abordou os principais temas do poeta visual do poeta: social e político. O resultado foram
textos de gêneros textuais diversos como: letra de música e artigo de opinião.

Palavras-chave: poesia - visualidade – semiótica

ORALITURA E ESCREVIVÊNCIA NA PERFORMANCE DE MULHERES NEGRAS NO POETRY SLAM


BRASILEIRO

Gisett Lara (UFRJ)

Resumo: O presente trabalho pretende pensar a prática da performance realizada por mulheres
negras nos campeonatos brasileiros de Poetry Slam, a partir dos conceitos de "oralitura",
desenvolvido pela poetisa, ensaísta, dramaturga e professora Leda Maria Martins e
"escrevivência" da escritora Conceição Evaristo. Por meio destes, defendemos que essas
performances se inscrevem nos corpos das mulheres negras muito antes dos campeonatos,
por meio de códigos estéticos fortemente influenciados pelo simbolismo cultural de origem
africana. Assim, a atuação de mulheres negras nos campeonatos de Poetry Slam nasce de uma
transformação pessoal desenvolvida ao longo da vida, marcando e registrando no corpo
aquelas narrativas contra-hegemônicas, que naquele espaço comunitário encontram escuta e
aceitação. Território artístico, literário e pedagógico por excelência, o slam poético das
mulheres negras torna-se um diálogo feminista decolonial e anticolonial porque é atravessado
pelas experiências da “colonialidade de gênero”. Termo proposto pela filósofa María Lugones
(1944 -2020), para descrever a situação de subjugação e opressão vivida pelas mulheres do
continente desde a colonização. Nesse sentido, contribuições teóricas como as da filósofa
Denise Ferreira da Silva e da filósofa Lélia Gonzalez (1935 - 1994), serão essenciais para
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estabelecer relações entre as condições em que opera a colonialidade nas artes e a defesa de
um feminismo negro latino-americano. Essas propostas estão profundamente alinhadas com o
trabalho desenvolvido pelas slammers do Brasil; território que hoje é liderado por mulheres
negras.

Palavras-chave: Poetry Slam; Mulheres negras; Performance; Oralitu.

A RACIALIZAÇÃO DE ALGUMAS FRONTEIRAS: HISTÓRIA, IDENTIDADE E MEMÓRIA EM A NOVA


AURORA, DE ASTOLFO MARQUES, E VENCIDOS E DEGENERADOS, DE NASCIMENTO MORAES

Larissa Emanuele da Silva Rodrigues de Oliveira (UFMA)


Alexandra Araujo Monteiro (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa objetiva analisar como, em A nova aurora, de Astolfo Marques (1876-
1918) e, em Vencidos e degenerados, de Nascimento Moraes (1882-1958), acontecimentos
históricos foram interpretados pela população negra, considerando também a vida dos
escritores já citados. Em ambas as obras, a sociedade, a história e a política de uma São Luís
do final do século XIX e primeiras décadas do século XX, são elementos marcados pelo
imaginário da raça, bem como pela memória de um povo recém-liberto da escravidão. A partir
dessas considerações, questionamos: como a memória e a história se entrelaçam à ficção nas
obras de Marques e Nascimento Moraes? Esse questionamento se direciona aos nossos
objetivos específicos: destacar de que maneira as obras A nova aurora, e Vencidos e
degenerados situam o negro em relação aos acontecimentos históricos inseridos na ficção; e
explicar como a memória, no contexto de um cenário pós-abolição, conjuga identidade e
sociedade. Neste trabalho, notamos que as duas obras supracitadas se constituem como uma
história que não é escrita por mãos brancas e que dispõem de formas orais de recordação
coletiva bem próxima do cunho popular. Dessa forma, utilizamos o seguinte referencial teórico:
Ricoeur (2010); Halbwachs (1990); Souza (2021) e Moura (2019).

Palavras-chave: Identidade, Memória; História, Literatura.

O HUMOR NAS TIRINHAS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA EM UM LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA


PORTUGUESA

Rizia Amanda Pereira Ramos (UESPI

Resumo: As histórias em quadrinhos compõem a coletânea de diversos gêneros textuais


intensamente presentes nos livros didáticos de Língua Portuguesa e, por vezes, as tirinhas
configuram inúmeras questões de cunho político e social, com isso, observarmos, a partir do
livro didático de Língua Portuguesa do 9º ano do Ensino Fundamental, dos autores Everaldo
Nogueira, Greta Marchetti e Mirella Cleto (2020) que este gênero é difundido em sala de aula
para alcançar determinados fins didáticos orientados pelas diretrizes da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC, 2018). A partir disso, nosso interesse em analisar discursivamente as tirinhas,
se deu pela curiosidade em investigar de que forma o livro didático propõe o ensino de leitura
crítica através das atividades de interpretação do gênero em questão. Logo, a pergunta
discursiva que percorre o designío desta pesquisa consiste em: as atividades de interpretação
das tirinhas escolhidas levam em consideração a compreensão dos discursos que se
materializam no texto? Além disso, buscamos investigar quais aspectos discursivos são
elencados e problematizados por meio das atividades propostas. Para tanto, nosso objetivo é
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analisar através das análises dos questionários presentes no manual didático do professor em
sua relação com o texto, o modo como os alunos são orientados a compreender os efeitos de
sentidos que se materializam através das tirinhas. Nessa perspectiva, salientamos que nossa
abordagem está fundamentada na teoria da Análise de Discurso materialista, com base em Eni
P. Orlandi (2014) considerando a materialidade linguística sob os aspectos históricos na
formulação de sentidos; Luzmara Cursino Ferreira (2014) e o ensino de leitura no Brasil;
Tarcilane Fernandes da Silva (2018) no que diz respeito ao ensino de tirinhas e o trabalho com
a leitura; Sírio Possenti (2013) e o trabalho com o humor; Alan Lôbo de Souza (2017) afim de
refletirmos o humor em uma perspectiva discursiva, entre outros. Os processos metodológicos
desta pesquisa iniciaram-se pela seleção de três tirinhas que abordam a constituição do humor;
em seguida, realizamos um levantamento teórico acerca de pesquisas que suscitam o trabalho
com a leitura; por fim, desenvolvemos um gesto de leitura pertinente ao ensino das tirinhas
por meio do direcionamento dado pelo livro didático e o modo como os autores mencionados
trabalham com o ensino de leitura. Concluímos que as atividades do livro didático direcionam
o aluno apenas a conhecer conteúdos gramaticais, em detrimento de uma abordagem que
considere o ensino de habilidades na compreensão interdiscursiva materializada no gênero
tirinhas.

Palavras-chave: Livro didático. Leitura. Ensino. Tirinhas. Humor.

GÊNEROS LITERÁRIOS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Angela Rita Christofolo de Mello (UNEMAT)


Albina Pereira de Pinho (UNEMAT)

Resumo: O Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), é reconhecido pela Coordenação


de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Ministério da Educação.
Coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com oferta simultânea
nacional, titula professores Mestres em Letras em todo Brasil. A Universidade do Estado de
Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário de Sinop/MT, integra a rede nacional. O
PROFLETRAS caracteriza-se como espaço de formação, por isso, dialogicamente, tem
promovido a relação entre teoria e prática, para que os discentes se percebam “[...] como
professores-pesquisadores de suas práticas e sejam propositivos em produtos/processos que
ressignifiquem o ensino de Língua Portuguesa, tomando como lócus privilegiado o cronotopo
da escola pública” (ALVES, 2019, p. 6). Além das especificidades técnicas, metodológicas e do
rigor analítico característico da ciência, os trabalhos desenvolvidos no âmbito do PROFLETRAS
têm como principal finalidade, atender as necessidades de aprendizagens identificadas no
interior das salas de aulas do Ensino Fundamental, por cada discente que integra o Programa.
De acordo com o Art. 3º, o PROFLETRAS tem como área de concentração “Linguagens e
Letramentos”. Esta área valoriza diretamente a qualificação do professor que atua na Educação
Básica do Ensino Fundamental, pois compreende que é o aprimoramento do conhecimento
docente com centralidade nos estudos sobre a língua(gem), que lhe possibilitará uma posição
intelectualmente madura. Este posicionamento implica nas tomadas de decisões frente à
realidade da educação linguística e literária do aluno nos mais diferentes ciclos de
escolarização, associados às práticas de linguagem e a sua leitura de mundo. Esta área é
destacada como única, pois permite proposições de investigações amplas o suficiente para
reunir linhas de pesquisa, e a elas, disciplinas que articulam as modalidades oral e escrita, a
fim de permear estudos em diferentes concepções, sejam práticas ou teóricas, formais ou não
formais. A área se desdobra em duas linhas de pesquisas: I – Estudos da Linguagem e Práticas
Sociais; e II – Estudos Literários, representadas nas diversas disciplinas ofertadas em rede. A
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disciplina Texto e Ensino, insere-se nesta rede e tem como ementa “Estudo das principais
abordagens do texto. Diferentes perspectivas de ensino do texto: a leitura e a produção textual.
Estudos do texto em situação de ensino e de aprendizagem. Proposições metodológicas para
elaboração de material didático”. Ofertada regularmente, para todas as turmas, a disciplina
“Texto e Ensino” foi trabalhada no semestre se 2022/1, na UNEMAT, Câmpus Universitário de
Sinop/MT. Como resultado das leituras, debates e reflexões, foi organizado um dossiê
composto de 10 textos com o objetivo de publicar proposições didáticas elaboradas por 9
mestrandas da referida turma e seus orientadores. Nele, compartilham-se proposituras
didáticas em atenção às “[...] demandas das escolas públicas brasileiras, que se encontram
impulsionadas a engendrar novos espaços de aprendizagem, sobretudo, no que diz respeito
ao ensino de Língua Portuguesa e Literatura, [...]”, conforme apregoam Silva e Ottoni (2019,
p. 8). Espera-se que os leitores encontrem nas proposições didáticas elaboradas, inspirações
e novas possibilidades de planejamentos de intervenções docentes autônomas, pautadas na
dialogicidade e na interação humana, no respeito às diferenças, na realidade contextual, na
ética e no profissionalismo.

Palavras-chave: Proposições Didáticas, Inovação Pedagógica.

O EXÍLIO REPUBLICANO ESPANHOL E O APOGEU DO MERCADO EDITORIAL ARGENTINO: A


FUNDAÇÃO DAS EDITORAS LOSADA, SUDAMERICANA E EMECÉ

Dayse Helena Viana de Albuquerque Gouveia (UFPB)

Resumo: Até meados da década de 1930, a indústria editorial da Espanha detinha o posto da
mais importante em língua espanhola provendo livros para a península e para os países da
América Hispânica. Em 1936, com o início da Guerra Civil Espanhola, a produção editorial se
viu afetada pela falta de matéria-prima e, como consequência os custos de manufatura foram
elevados. A partir de 1939, a vitória de Francisco Franco e a instauração da ditadura significou
censura, repressão e intervenção do Estado na produção e publicação dos livros. Devido as
hostilidades e controle, muitos trabalhadores da área editorial se viram obrigados ao exílio. Os
principais destinos escolhidos pelos exilados foram os países de língua espanhola na América,
como Argentina e México. Desse lado do Atlântico, um grupo de intelectuais espanhóis chegava
à Argentina em busca de subsistência financeira e artística. Os estudiosos da história da edição
na Argentina coincidem em marcar a data de 1937 como o início do apogeu editorial no país.
No entanto, a data final dessa época de ouro parece divergir entre o ano de 1944 e 1953.
Porém há o consenso em identificar essa etapa concomitante com a fundação das editoras
Losada, Sudamericana e Emecé. Enquanto a indústria editorial na Espanha entrava em colapso,
houve um impulso decisivo para que o setor expandisse na Argentina com a participação de
editores, escritores e tradutores espanhóis. A sua inserção no círculo cultural argentino deu-se
a partir de três etapas: participação em revistas culturais, criação das revistas del exilio e a
fundação das próprias editoras, objeto de análise do presente trabalho. Diante do exposto,
tem-se por objetivo principal traçar um panorama de três editoras que contribuíram para a
chamada época de ouro editorial argentina no século XX. Igualmente, busca-se destacar o
trabalho realizado pelos exilados espanhóis e a fundação das editoras Losada, Emecé e
Sudamericana apresentando seus projetos editoriais e o espaço ocupado pelas traduções em
seus catálogos.

Palavras-chave: Exílio, mercado editorial, Espanha, Argentina

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AS LINHAS (NÃO) INVISIVEIS DA HISTÓRIA EM O TEMPO ENTRE COSTURAS (2012), DE MARIA
DUEÑAS

Flamilla Pinheiro Costa (UFMA)

Resumo: A história vem sendo traçada de diferentes maneiras no decorrer dos séculos.
Entretanto, durante muito tempo, ela foi contada apenas pelo ponto de vista do
colonizador/opressor. Anos mais tarde, observando que uma história é múltipla e pode ser
recontada através de vários ângulos e narrativas, percebeu-se que não há a existência de uma
história propriamente dita. A obra literária é uma grande ferramenta para o entendimento do
trabalho historiográfico, já que possui a capacidade de representar as nuances de uma época,
valores e culturas. Por esse motivo, analisamos aqui o contexto histórico, político e social da
Espanha e Marrocos e sua relação com eventos históricos importantes nos dois países como a
guerra civil espanhola e a Segunda Guerra Mundial, através do romance O tempo entre costuras
(2012) de Maria Dueñas. Na obra, conhecemos a história através do relato de Sira Quironga,
uma costureira dos anos 30, que tem sua vida transformada pelas suas escolhas durante a
Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Mundial. Embora a narrativa seja simples, há uma
rica complexidade na escrita que envolve a metaficção historiográfica. É através da metaficção
que o leitor questiona a veracidade dos fatos e percebe que a construção social dependa da
perspectiva de quem narra a história. A aproximação entre literatura e a história é um dos
principais pontos da obra, sendo essencial para o que chamamos de metaficção historiográfica.
É por meio da presença do passado nas narrativas que conseguimos observar a história não
mais como uma verdade definitiva, mas sim como uma ferramenta para estabelecer um diálogo
com o presente para reinvestigar o passado e interpretá-lo através de perspectivas e ângulos
dos que são geralmente excluídos pela sociedade, no caso da obra em questão, através de
uma personagem feminina. Esse artigo, examinaremos como Dueñas utiliza a metaficção para
retratar a guerra espanhola e a experiência pós-guerra, recontando cenas e eventos históricos
através do literário. Para isso, utilizaremos os aportes teóricos sobre metaficção historiográfica
de Linda Hutcheon (1991) e sobre a Nova História de Hayden White (2008).

Palavras-chave: Metaficção Historiográfica; Literatura Espanhola.

ESTUDO DE CASO: A RELAÇÃO DO AUTOR COM A PALAVRA DO OUTRO

Nora Monteiro Pinto De Almeida (UFPA)

Resumo: Neste breve estudo buscamos refletir sobre as formas como o estudante do ensino
superior se relaciona com a palavra do outro em sua produção escrita. Nossas considerações
são fruto das leituras e discussões realizadas ao longo da disciplina Escrita Acadêmica e a
Produção do Conhecimento, que tem se ocupado em pensar a produção escrita na
universidade, voltando-se para as formas como o estudante do ensino superior se relaciona
com os textos e teorias que estuda ao longo dos anos de sua formação profissional.
Teoricamente, o trabalho situa-se no campos de estudos da Análise do Discurso e das
pesquisas sobre leitura e escrita, na atualidade, a partir de Gricoletto (2011), Barzotto (2007)
e Fairchild (2013). Nosso recorte para análise diz respeito a um artigo científico da área de
ensino-aprendizagem de língua portuguesa, apresentado e publicado, no ano de 2017, em um
evento internacional de formação de professores, trabalho que foi assinado por duas alunas
da pós-graduação e uma professora da área de Estudos da Linguagem. Metodologicamente,
nosso estudo está organizado em três sessões. Na primeira, iniciamos nossa reflexão
relacionando-a aos nossos referenciais teóricos com a intenção de discutir o tema com base
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em estudiosos da área na atualidade. Na segunda parte analisamos como as autoras do artigo
procedem na “defesa” da perspectiva adotada. Finalmente, na terceira, problematizamos o
apagamento da origem da teoria que fundamentou o trabalho pelas autoras do texto a partir
dos estudos de Bahktin (1997). Nossas considerações apontam para algumas impressões
sobre como o academico lida com suas fontes, na forma como conduz sua argumentação na
tentativa de confirmar a perspectiva teórica defendida sem questioná-la ou problematizá-la,
mas apenas buscando confirmá-la. A relevância desse tipo de reflexão está no exercício
necessário sobre como, ao longo da nossa trajetória acadêmica, somos levados a lidar com o
conhecimento científico, com nossas filiações e com a palavra de outrem na produção do
conhecimento.

Palavras-chave: Escrita, universidade, produção do conhecimento.

BREVE ESTUDO COMPARATIVO ENTRE GRACILIANO RAMOS E ALDEMIR MARTINS

Fábio José Santos de Oliveira (UFS/ UFMA-PPGLB)

Resumo: Como sabemos, o romance Vidas secas, de Graciliano Ramos (1892-1953), foi
publicado em 1938 pela Livraria José Olympio Editora. Na década de 1960, esse clássico da
literatura nacional ganharia sua nona edição, dessa vez pela Martins Editora e com ilustrações
do artista plástico cearense Aldemir Martins (1922-2006). Essas obras de Martins, a partir de
então, passam a também fazer parte do imaginário visual acerca de Fabiano, sinha Vitória, o
menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia. São quatro as ilustrações
realizadas por Martins: uma que representa Fabiano e a cachorra Baleia, outra tratando de
sinha Vitória e um dos meninos, uma terceira com enfoque único em Baleia e uma quarta sobre
Fabiano e o soldado amarelo. Sabemos que o romance de Graciliano Ramos foi escrito como
prolongamento das reflexões literário-sociais ocorridas no Brasil a partir da década de 1930;
por sua vez, as ilustrações de Martins surgem num momento em que o debate social se
mostrava forte também nas artes plásticas e num momento em que muitas narrativas nacionais
estavam sendo ilustradas por alguns artistas do país. Entre proximidades e afastamentos, as
quatro ilustrações preparadas por Martins para o livro de Graciliano, ao mesmo tempo que
dialogam com o conteúdo social da narrativa, não se eximem de apresentar uma interpretação
pessoal da parte do gravurista. A nosso ver, o diálogo de Martins se dá menos em relação a
detalhes do conteúdo de Vidas secas que a aspectos da lógica compositiva do romance. Tendo
tudo isso em conta, a comunicação aqui proposta tem por objetivo apresentar algumas
questões gerais na comparação entre o romance Vidas secas e essas ilustrações preparadas
por Martins em 1963. São referências importantes para esta apresentação: Leo H. Hoek, “A
transposição intersemiótica: por uma classificação pragmática” (2006); Clauss Clüver, “Estudos
interartes: conceito, termos, objetivos” (1997); Aracy Amaral, Arte para quê? A preocupação
social na arte brasileira 1930-1970 (1987); e Fábio de Oliveira, As trilhas do torrão comum:
um estudo comparado entre Graciliano Ramos e Candido Portinari (2019).

Palavras-chave: Graciliano Ramos, Aldemir Martins, Vidas secas.

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RADUAN NASSAR E FRIEDRICH NIETZSCHE EM TORNO DA PERGUNTA: PARA QUE SERVE UM
CORPO?

Jivago Araújo Holanda Ribeiro Gonçalves (UFPI)

Resumo: Este trabalho é proposto no intuito de trazer à luz as linhas gerais do embate
concernente ao corpo, e aos valores morais que incidem sobre ele, tais quais são representados
em Lavoura arcaica (1975), de Raduan Nassar. Para fazer isso, recorre-se à uma abordagem
comparativo-interdisciplinar que propõe uma aproximação com algumas concepções a respeito
do corpo e da moral presentes na obra de Friedrich Nietzsche, assim como um conjunto de
formulações teóricas expressivas na obra do filósofo que tangenciam esse tema, a saber: a
noção de transvaloração dos valores, a crítica à moral de fundamentação judaico-cristã, e
demais temas que tangenciam e direcionam a valoração que tem como eixo central as
percepções sobre os corpos dos indivíduos. A construção narrativa em Lavoura arcaica enseja
tal aproximação, pois a conduta do protagonista se desenvolve de modo a reavaliar as normas
sociais e valores que moldam não só sua existência e subjetividade, como também as dos
demais membros da família à qual pertence. Contrapondo desejo à ascese, paixão à reclusão,
prazer à culpa, e subvertendo noções como loucura, saúde e verdade, a vivência do
protagonista possibilita uma aproximação rumo à produção filosófica nietzschiana de modo a
potencializar os sentidos da crítica aos valores tal como a encontramos no romance.
Fundamentamos essa proposta a partir de contribuições oriundas de pensadores que
direcionam seus esforços para pensar a intersecção entre literatura e filosofia: Martha
Nussbaum (1992), Artur C. Danto (2012), Richard Eldridge (2006), Benedito Nunes (2002).
Além destes, as contribuições desde a fortuna crítica de Raduan Nassar e Friedrich Nietzsche
são de grande valia. Ao fim, pretendemos ressaltar como o debate ora articulado, entre literato
e filósofo, é profícuo no sentido de fazer repensar algumas linhas de força da própria cultura
brasileira, como a violência, o patriarcado, o conservadorismo e a religiosidade, sob a ótica das
potencialidades dos corpos e a partir de sua expressão narrativa em Lavoura arcaica.

Palavras-chave: Lavoura arcaica, Raduan Nassar, Corpo, Nietzsche.

O MITO DO VAMPIRO E QUEERCODING EM CARMILLA DE SHERIDAN LE FANU

Pâmela Sampaio Teixeira (UFS)

Resumo: Esse trabalho propõe apresentar uma discussão acerca do mito do vampiro e o
queercoding da personagem Carmilla, da obra de mesmo nome do autor irlandês Sheridan Le
Fanu. Para tanto, é dividido em dois momentos. O primeiro irá contextualizar a figura do
vampiro, apresentando suas origens e variações, tanto anteriores e quanto posteriores ao
arquétipo do vampiro estabelecido na literatura gótica do século XVIII. Para tanto, teremos
como base os trabalhos de Eliade (1989), Monfardini (2005), Costa (2009), e Carmona (2021),
entre outros. O segundo momento, por sua vez, irá teorizar o queercoding, trazendo o conceito
do termo e suas aplicações, assim como será discutido a maneira que o mito do vampiro
construiu a figura de Carmilla e qual a relação desse mito com o queercoding da personagem.
Para isso, utilizamos, entre outros, os trabalhos de Senelick (1993), Adut (2005), Kim (2017).
Por fim, com essa discussão, pretendemos expor as formas como a figura do vampiro, que
antes foi utilizada de forma a representar os medos da sociedade, agora passam a representar
a sociedade em si. E dessa forma, a personagem Carmilla deixa de ser uma fábula que adverte
contra a permissividade da homossexualidade, e passa por uma reinvenção, hoje em dia sendo
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'adotada' pela comunidade de mulheres sáficas, que veem em sua figura uma representação
forte do amor entre mulheres.

Palavras-chave: Mito literário, Vampiros, Carmilla, Queercoding;

SUBALTERNIZAR PARA SOBREVIVER? A PERSONAGEM DANA COMO REPRESENTAÇÃO DA


MULHER NEGRA ESCRAVIZADA NO ROMANCE "KINDRED", DE OCTAVIA BUTLER

Gisele Sousa Santos (UFC)

Resumo: O afrofuturismo é um movimento cultural e artístico que transcende diversas áreas,


buscando revisitar o passado ou criar novos futuros para a população afro-diaspórica,
mesclando elementos da ficção especulativa com as realidades sociais desses povos. Nesse
contexto, o objetivo deste trabalho é realizar uma análise profunda da personagem Edana
Franklin, protagonista do romance afrofuturista "Kindred”(1979), escrito pela premiada autora
estadunidense Octavia Butler e publicado no Brasil em 2017 com o título “Kindred: Laços de
Sangue”. Edana representa um símbolo significativo do processo de subalternização e perda
de identidade imposto às mulheres negras durante o período escravocrata nos EUA, uma
realidade que deixa suas marcas até os dias atuais em outras sociedades que passaram por
processos semelhantes. Ao explorarmos o universo de "Kindred", somos levados a confrontar
as consequências devastadoras da escravidão sobre a identidade e a posição social das
mulheres negras. Através da trama de viagens no tempo, Octavia Butler nos transporta para a
Maryland do século XIX, onde testemunhamos as terríveis condições enfrentadas pelos
escravizados e, em especial, por Edana. Suas idas ao passado podem revelar não apenas as
dificuldades enfrentadas por sua ancestralidade, mas também a forma como a opressão e a
violência são perpetuadas através das gerações. Neste contexto, torna-se evidente a relevância
da análise de personagens como Edana Franklin para elucidar as experiências históricas de
mulheres negras e suas batalhas por reconhecimento, igualdade e liberdade. O romance atua
como um espelho da história dos Estados Unidos, refletindo as marcas do período escravocrata
e como essas feridas ainda impactam a sociedade contemporânea. Para tanto, recorremos aos
estudos de Ytasha Womack (2013) e Lisa Yaszek (2013) sobre o conceito e construção da
teoria afrofuturista. Hooks (2019, 2014), Morrison (2017), Berth (2018), Hall (1996, 2003),
Spivak (2010), dentre outros, que abordam questões fundamentais sobre raça, identidade e
subalternidade. Esta análise busca ampliar também o entendimento sobre as narrativas
afrofuturistas e como elas contribuem para a ressignificação das experiências negras e suas
lutas por uma sociedade mais igualitária e justa.

Palavras-chave: AFROFUTURISMO, IDENTIDADE, MULHER NEGRA

TOPONÍMIA: NOMES DE ESCOLAS DA CIDADE DE AÇAILÂNDIA-MA

Wanessa de Sousa Santos (UEMASUL)


Nayane da Silva Pereira (UEMASUL)

Resumo: O presente trabalho é resultado do desenvolvimento de uma pesquisa no âmbito da


disciplina de Introdução às Ciências do Léxico, cursada na Uemasul, campus de Açailândia-MA,
na área da Lexicologia, em especial nos estudos onomásticos com um recorte em toponímia,
que visa averiguar os nomes próprios e o contexto histórico de cinco escolas municipais da
cidade de Açailândia-MA. Com base nisso, segundo Teixeira e Cruz (2022, p. 23), “compete à
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lexicologia, área da linguística, o estudo do léxico de uma língua e à onomástica a investigação
dos nomes próprios, sejam eles de pessoas ou de lugares”. O lugar é o referencial fundamental
dentro das análises dos estudos toponímicos, e estudar as motivações que deu origem aos
nomes de lugares consiste em diversos fatores, como traços culturais, memória, contexto social
e histórico em que ocorreu o processo de nomeação, na qual esses pontos traçam grandes
influências no processo de nomeação. Como constatado na pesquisa, os nomes de lugares têm
um significado particular para a compreensão das comunidades, como evidenciado por Santos
(2010, p.38), “o conceito de lugar nasce das experiências e refere-se à afetividade que o
homem cultiva, a partir da convivência, pelo espaço em que habita”. Sendo que a ação de
nomear uma determinada localidade geográfica está recheada de intuitos, visto que não há
uma seleção ocasional, mas sim uma transportação em que o nome escolhido carrega
características de seus denominadores. O estudo foi desenvolvido, inicialmente, por meio de
pesquisa bibliográfica e, posteriormente, pesquisa de campo em que houve o direcionamento
até as escolas alvo da pesquisa para coletar informações em documentos e relatos orais sobre
a história das instituições de ensino. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma
entrevista direcionada à direção de cada escola e o procedimento de coleta de informações
também se deu mediante a leitura documental do Projeto Político Pedagógico (PPP) a fim de
desvendar como ocorreu o processo de nomeação das escolas e seus respectivos significados.
Desse modo, entende-se que a toponímia representa área de grande importância quanto a
preservação da identidade e a cultura de um local, preocupando-se em investigar a procedência
e o significado dos nomes de lugares, apresentando importantíssimas contribuições como uma
fonte de dados históricos para estudos de uma região, estabelecendo relação com o patrimônio
cultural de um povo.

Palavras-chave: escola, nome de lugar, onomástica.

A VARIAÇÃO DENOMINATIVA NA TERMINOLOGIA DA COVID-19 NA IMPRESSA DO BRASIL E


DE PORTUGAL: UM ESTUDO CONTRASTIVO

Airton Gonçalves Leite (UFMA)

Resumo: Com o surgimento do novo Coronavírus (Sars Cov-2), em 2019, e, após a declaração
de Pandemia pela OMS, no início de 2020, os cientistas pelo mundo passaram a buscar formas
de por um fim à situação pandêmica. A partir dessa tarefa, novos desafios foram postos, entre
eles, o de estabelecer formas para uma comunicação efetiva para informar a população dos
conhecimentos recém-descobertos e já consagrados na área da saúde, em meio a uma
avalanche de mortos provados pandemia. Nesse contexto, surge o desafio de divulgar uma
terminologia que teria tanto o papel de representar os conceitos da área de estudos da Covid-
19 quanto estar a serviço da comunicação entre especialistas e o publico leigo. Com base nisso
e baseando-se nos estudos modernos na área da Terminologia, que encaram os termos como
unidades linguísticas-comunicativas com as mesmas características das palavras do discurso
comum, estando, assim, condicionadas aos processos de variação, a presente pesquisa busca
realizar uma análise descritiva da variação terminológica da pandemia da Covid-19 em textos
da imprensa, publicados em jornais do Brasil e de Portugal. Trata-se de um estudo descritivo
e contrastivo no campo da Terminologia, dando destaque às discussões apresentadas por
Faulstich (2001) e Freixa (2003), que apresentam modelo de causa de variação terminológica
e defendem a ideia de que as variantes de um discurso especializado são resultados dos
diferentes usos que uma comunidade faz dos termos nos planos linguístico, social, geográfico,
cognitivo e discursivo, entendendo assim que os termos usados nas impressas de países
diferentes apresentarão uma variação que está relacionada aos aspectos sociolinguísticos.
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Além desses estudos, a pesquisa se insere também entre os estudos da Terminologia descritiva,
principalmente, entre os estudos de Cabré (2003), Freixa (2002) Finatto (2010) e de Serra
(2019) e o apoio dos postulados da Linguística de Corpus. Do ponto de vista metodológico,
a presente pesquisa tem uma abordagem quali-quantitativa e natureza exploratória. Para
formar o corpus de análise, foram recolhidos textos de divulgação cientifica em sites de jornais
brasileiros e portugueses na internet, que foram posteriormente processados em um programa
de processamento de textos para análise lexical, o AntConc. Objetiva-se, a partir desta
pesquisa, estudar a variação terminológica e como ela é utilizada pela imprensa de dois países
diferentes que são falantes de língua portuguesa; além disso também procurou-se entender
como aspectos extralinguísticos colaboraram para que ocorresse a variação nos textos
analisados, além de discutir questões relacionadas ao papel da ciência e sua divulgação. Os
resultados até agora analisados mostraram que a variação denominativa sobre os termos da
COVID-19 é uma realidade e que já é possível observar algumas tendências e preferência de
denominações para cada país.

Palavras-chave: Variação Denominativa. Terminologia. Covid-19.

A DISCURSIVIZAÇÃO DA IMAGEM DA CRIANÇA NO LIVRO DIDÁTICO EM DIFERENTES ÉPOCAS

Érica Cristina Frazão De Moura (UFMA)

Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo a imagem da criança construída pelos
discursos pedagógicos de livros didáticos que orientam o ensino de Língua Portuguesa (LP),
nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF), a partir da análise de dois Livros Didáticos
(LD)amplamente adotados em escolas brasileiras em dois períodos: nos anos de 1967e em
2021. O primeiro refere-se à cartilha Caminho Suave, que se tornou fenômeno editorial, pela
metodologia considerada inovadora de alfabetização na segunda metade do século XX, por
explorar a imagem no processo de aprendizagem da leitura e da escrita, selecionando os
espaços e objetos que a criança deveria conhecer; a segunda refere-se ao LD de LP, A
Conquista, do 2º ano do EF, aprovado pelo PNLD e presente nas escolas bacabalenses nesta
segunda década do século XXI, fomentando o letramento em suas múltiplas facetas. O LD
apresenta-se como um dos recursos basilares do ensino, tendo em vista, que a produção deles
são mediadas por concepções de língua e compreensões sobre a sociedade, e por isso, é
fundamental identificar a forma como eles explicitam o sujeito-criança. Partimos do pressuposto
de que imagem sobre a criança nos LD não é fixa, mas plural e construída em diálogo com os
discursos pedagógicos, com as concepções de ensino e com o momento histórico de
elaboração e circulação do LD. Nossa pergunta é enunciada desse modo: Quais imagens sobre
a criança e quais discursos pedagógicos podem ser observados nos LD de LP, nos anos iniciais
do EF em diferentes tempos? Assim, o objetivo deste trabalho é investigar como a imagem
sobre a criança é construída em diferentes épocas, de acordo com os discursos pedagógicos
que norteiam o ensino de LP na etapa inicial do EF, mediante a análise de dois livros: Caminho
Suave e A Conquista. A metodologia em questão envolve procedimentos da pesquisa
bibliografia e da documental. O gesto de leitura que nos propomos realizar situa-se na linha
da Análise do Discurso, o qual envolve diálogo com os autores: Pêcheux (2008) no que se
refere à língua como uma atividade social interpelada pela história e Formações imaginárias;
Orlandi(2008), discorrendo que o discurso é produzido em certas condições; Lagazzi (2003)
propondo relatividade da linguagem e a multiplicidade de sentidos Freire (2004) sobre a
relação entre leitura e autonomia; Cagliari (2006) sobre questões linguísticas na alfabetização;
Soares (2009) sobre alfabetização e letramento no material didático; Ariès (1986) no que

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compreende o retrospecto histórico social da criança. A discussão que realizamos consiste em
um episódio da pesquisa de mestrado que estamos desenvolvendo.

Palavras-chave: Imagem; Criança; Discurso Pedagógico; Livro.

"ERA ESSE HOMEM QUE ME VIOLENTAVA, QUE MACHUCAVA MEU CORPO": A


METAFORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM ARAMIDES FLORENÇA, DE CONCEIÇÃO
EVARISTO

Mary Cristina Rodrigues Diniz (UFMA)


Rita de Cássia Oluveira (UFMA)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo, além de analisar um fenômeno tão presente e
complexo para a sociedade, expor o quão a Literatura está para a realidade e esta realidade
para o fazer literário, no sentido de tornar visíveis vozes que foram caladas, obedecendo a uma
relação de poder em que a masculinidade predomina. Desse modo, o objeto de estudo será o
conto Aramides Florença da coletânea Insubmissas Lágrimas de Mulheres, de Conceição
Evaristo (2016), haja vista que há a narrativa de situações que evidenciam o discurso de vida
de uma mulher bem-sucedida vítima da violência doméstica em que foi submissa ao homem
que pensou ser o homem certo para construir uma vida e que por sentir ciúme de seu próprio
filho, ainda no ventre, transgrede o corpo dessa mulher por diversas vezes, pois a vê como seu
pertence. Este estudo tem como método a pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico que tem
como embasamento teórico a filosofia política feminista com Judith Butler (2003); Flávia Biroli
(2014), dialogando com a análise sociológica de Heleieth Saffioti (2015) para, assim, esboçar
a realidade de violência e o poderio masculino que partem de um discurso por vezes velado e
que figuraram a submissão feminina como padrão político e social. Ademais, para associar esse
aporte teórico à análise do conto, há a contribuição dos estudos de Regina Dalcastagnè (2008),
pesquisadora e crítica literária brasileira que, dentre outras questões, analisa a violência de
gênero na Literatura. Para tanto, a análise desse fenômeno que é a violência doméstica, neste
estudo, se dará mediante a linguagem empregada pela autora, que metaforiza a violência, o
agressor e a vítima, partindo da hermenêutica-fenomenológica de Paul Ricouer (1976) que tem
o texto literário como um espaço de representação linguística, de denúncia, de debate e de
reflexão, entendendo o seu aspecto não apenas descritivo da sociedade.

Palavras-chave: Florença; Mulher; Literatura; Violência doméstica

TRAÇOS DO SURREALISMO NO FILME DE ANIMAÇÃO PLANETA FANTÁSTICO, DE RENÈ


LALOUX

Marcio Luiz Carvalho (UEL)

Resumo: Este estudo procura abordar a criação imagética e o plot twist do filme de animação
Planeta Fantástico, cujo título original é La Planète Sauvage (1973), de Renè Laloux, pelo viés
do Surrealismo, mais precisamente na trama do maravilhoso, na qual a montagem do filme se
envereda, em forma de imagens, que dão conta de entrelaçar, no enredo, o aspecto surreal.
Com efeito, propõe-se, como objetivo, sustentar a análise a partir da base de leitura bretoniana,
a fim de compreender o significado do surreal na obra. Para tanto, a análise terá, além das
edificadas por André Breton, textos que darão suporte às discussões em torno da estética
cinematográfica como Aumont (2002), Gumbrecht (2011) e Machado (2011). Os filmes de
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animação surgem no mundo cinematográfico nos primeiros momentos do cinema-mudo, na
primeira década do século XX. Nesse período, quando os vaudevilles e nickelodeons exibiam
o que hoje são conhecidos como curtas-metragens, as animações dividiam as apresentações
com filmes live action, e não eram raras, em razão de que a fantasia e o fantástico atraíam
público. Aumont (2002) comenta em A Imagem que “De fato, desde que existem, os filmes
sempre foram reconhecidos - e isso com relação a qualquer assunto, por mais fantasista que
seja - como singularmente críveis”. Neste ínterim, a animação surge em suas primeiras
tentativas do trazer o mundo irreal, mas sensível ao olhar do espectador para o real. Os temas
fantasiosos, mesmo cômicos, poderiam abranger num segundo plano, questões diversas como
sociais, econômicas, literárias, científicas, entre outras formas. Em síntese, o filme de animação
Planeta Fantástico narra a trajetória de Terr, um Om (humano) que vive no planeta Ygam, lar
de seres gigantes azuis, criaturas intelectuais com um estado elevado de existência, os Draags.
Sua trajetória inicia-se quando vê a mãe ser assassinada, inconsequentemente, numa
brincadeira de crianças Draag. Terr, bebê, é então encontrado e acolhido por uma adolescente
Draag, que o abriga. Desse momento em diante Terr passa a viver junto aos Draags como pet,
numa espécie de casa de bonecas e, como tal, passa a ser vestido com roupas bizarras e ganha
uma coleira tecnológica que o reprime, até que um dia este foge. La Planète sauvage, no título
original de 1973, é baseado no livro Oms em sèrie (1957) do escritor Stefan Wul e foi levado
às telas pelo diretor francês René Laloux, que também participa da adaptação, contando ainda
com a arte do ilustrador Roland Topor. O filme se tornou vencedor do prêmio Special Award
em Cannes, no ano de seu lançamento.

Palavras-chave: Surrealismo Fantasia Animação Sociedade Opressão.

ESTUDO SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA EM CASOS DE


FEMINICÍDIO: UMA ANÁLISE DE GÊNERO

Joanice Soares de Sousa (UNIFESSPA)

Resumo: Este trabalho propõe-se a investigar a presença do machismo e do patriarcalismo em


sentenças de pronúncia produzida por juízes de direito, no interior da tramitação de processos
de feminicídio. A temática proposta parte de algo frequente nos noticiários brasileiros. Não
obstante o avanço da legislação penal, com as contribuições da Lei Maria da Penha (2021), os
índices de violência sexual, agressão física, ameaça e feminicídio continuam em evidência
socialmente, nesse sentido, tratar desse assunto é quebrar paradigmas patriarcais impostos no
meio social diante da figura feminina. Assim, entende-se que feminicídio é uma prática contra
a mulher que, pela razão da condição de ser do gênero “feminino”, sofre desconsideração e
menosprezo a sua dignidade. A violência contra as mulheres continua a ser uma triste realidade
apesar dos esforços para combater esse problema global. Nesse contexto, o sistema de justiça
desempenha um papel crucial na responsabilização dos perpetradores e na garantia da
segurança e proteção das vítimas. Sob essa vertente, pesquisas recentes como a exposta no
jornal da Folha de São Paulo (2021), mostram o registro de mortes de mulheres que sofreram
violência tanto no período da pandemia da Covid-19, quanto em período anterior. Nesse
sentido, pretende-se analisar a constituição dos interlocutores, a estrutura argumentativa e a
presença do machismo nas referidas sentenças, fazendo uso de ferramentas teórico-
metodológicas como da Teoria da Argumentação no Discurso para analisar os depoimentos
dos acusados, os argumentos da defesa e os argumentos da Promotoria, os quais são
articulados e retextualizados pelo juiz de direito na formulação da sentença de pronúncia.
Desse modo, embasamo-nos teoricamente em autores como Fiorin (2015), que explana sobre
a argumentação, Ruth Amossy (2018), com argumentação no discurso, e Gerda Lerner (2019),
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que aborda a criação do patriarcado. Os resultados da pesquisa ainda são parciais, pois no
momento, encontra-se em fase de constituição do corpus.

Palavras-chave: FEMINICÍDIO; SENTENÇA JUDICIAL; GÊNERO; VIOLÊNCIA

O REALISMO-NATURALISMO QUEIROSIANO POR ÁLVARO LINS

Marcos Antonio Rodrigues (UNESP)


Michelle Luengo Segantini (UNESP)

Resumo: Enquanto estudioso da obra de Eça de Queirós (1845-1900), Álvaro Lins (1912-
1970), relevante crítico literário do século XX, avalia o percurso do prosador lusitano no livro
História Literária de Eça de Queirós (1939). Trata-se de uma pesquisa que aborda a formação
do escritor, traçando seu respectivo perfil estético. No conjunto das análises, o crítico brasileiro
realiza a análise de todos os seus romances, livro a livro. De fato, o romance é o gênero que
se sobressai na trajetória de Eça; portanto, Álvaro Lins aborda o Realismo-Naturalismo e as
manifestações ideológicas e artísticas especificas dos movimentos finisseculares na prosa do
escritor português. Pensando nesse contexto de produção e recepção, o crítico afirma que “[...]
Eça está marcado pela sua época de materialismo, de domínio dos valores relativos sobre os
valores absolutos, época de esplendor burguês e de decadência moral. [...] A sua obra está
marcada pelo seu tempo – ao menos uma parte da sua obra, a das inspirações, motivos e
doutrinas (LINS, 1945, 18). Assim sendo, a proposta aqui apresentada busca compreender
como o crítico se posiciona diante das concepções ideológicas de Eça. O objetivo principal é
refletir sobre sua teoria do romance e como ela concebe as obras queirosianas. Ao acompanhar
a trajetória do escritor português e construir sua história literária, pretende-se ainda repensar
o conceito de história da literatura. Trata-se de estudos dos movimentos artístico-literários e
das obras de uma época, por considerar suas características estilísticas, formais e temáticas.
Nesse sentido, a hipótese levantada é se é viável realizar ou mesmo chamar de história literária
os estudos sobre um autor, ou se, pelo contrário, o crítico realizou um trabalho de teor mais
biográfico. A simbiose entre a vida e a análise dos romances não se definiu muito nesse livro
do crítico brasileiro; uma linha ainda tênue leva a pesquisa a pensá-lo ora como biógrafo ora
como historiador da literatura.

Palavras-chave: Eça de Queirós, Realismo-Naturalismo, Álvaro Lins.

XUNUNU TAMU, NA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA: O TESTEMUNHO COMO RELIGAMENTO DA


HISTÓRIA À MEMÓRIA

Jucicleide Pereira Mendonça dos Santos (UFPA)

Resumo: Sabe-se que os povos originários sofreram e ainda sofrem violências simbólicas e
físicas ocultadas, por vezes, pelo poder dominante e demais instâncias. Emudecidos ao longo
da vida, não há muito tempo atrás, começaram a protagonizar, com voz própria, a sua história,
ao rememora-la, ao reconta-la dialogando diretamente com a sociedade. Relembrar, narrar e
escrever, segundo Seligmann (2005) é algo necessário aos sobreviventes de genocídios, de
atrocidades ou tragédias. Com base no testemunho recordado por sobreviventes, Seligmann
(2013) diz que o papel do testemunho e trazer reflexões sobre a ética da responsabilidade e
cuidado por intermédio da escuta atenta das vivências. A obra Índios em Luta pela Vida (2018),
escrita pelo jornalista e escritor José Vilela de Moraes traz a luz, um longo período em que os
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parentes da Comunidade Xununu Tamu sofreram nas mãos dos karaivas. O testemunho é
contado pelo velho pajé Gavião Caboco, morador e sobrevivente de experiências trágicas
vividas em terras indígenas. O romance é baseado em histórias reais ocorridas nas terras de
Makunaima, onde o preconceito histórico imperou e pode ser refletido por todos os que
tiverem acesso ao conteúdo apresentado. Este estudo propõe compreender como a literatura
de teor testemunhal proporciona reflexões de experiências traumáticas comunicando suas
memórias e o testemunho aparece como religamento entre passado e presente. A investigação
foi baseada em pesquisa bibliográfica, em uma edição resumida da obra Xununu Tamu: Uma
saga Indígena, publicada em 1998, uma segunda versão da obra original: Os Bravos de Oixi
(1994), com versão em Italiano Gli eroi di Oixi (1995). Pensa-se que as reflexões promovidas
a partir deste espaço de fala, das vozes indígenas tenha o testemunho, enquanto um memorial
de resistência possibilite que os povos originários e sua luta por sobrevivência, ainda sofridos
na atualidade, ofereça novos rumos para sua própria história, quanto a ética da
responsabilidade e cuidado, independente das diferenças culturais.

Palavras-chave: Povos tradicionais, Memória, Testemunho

A CONSTRUÇÃO E A PERFORMANCE AUTOFICCIONAL: RELIGIÃO E HOMOAFETIVIDADE NA


OBRA PAI, PAI DE JOÃO SILVÉRIO

Caio Vinícius Costa Brito (UFMA)

Resumo: O presente artigo tem por finalidade analisar o conflito da relação homoafetiva
transmitida de pai para filho na obra Pai, Pai (2017), de João Silvério Trevisan, escritor e ativista
brasileiro. O principal objetivo desta pesquisa é analisar e discutir o entrecruzamento dos
discursos religiosos e homoafetivos que se destacam na obra onde se passa toda a infância do
autor, assim, também, como este se vê diante do relacionamento de seus pais, quando introduz
ao dizer: "tudo que meu pai me deu foi um espermatozóide" (p.7). O autor em seu conto/obra
retrata alguns pontos ocorridos em sua trajetória de vida com relação a alguns de seus
familiares, principalmente, seu pai, José Silvério, violento e alcoólatra. Além do mais, Silvério
apresenta outros pontos e, ou algumas questões que levaram o seu pai a ser curto e grosso
consigo. Logo, trata-se de uma obra com a construção e performance autoficcional. Neste
sentido, compreendeu-se que a homoafetividade está correlacionada com a sexualidade que,
muitas vezes, é reprimida dentro do indivíduo, forçando-o a se enquadrar ao padrão social
estabelecido, pregando um discurso preconceituoso de que o órgão genital do homem é que
o faz ter poder. Para tanto, a pesquisa foi feita com base em uma pesquisa qualitativa-
interpretativa e bibliográfica. Assim, para o referencial teórico foram relevantes os autores:
Freud (1932), Lacan (1984), Foucault (1988), Culler (1999), Trevisan (2000), entre outros.
Contudo, é a psicanálise que se responsabiliza em dizer sobre como que de fato ocorre a
homoafevidade entre entes ou seres do mesmo sexo, pois esta, por sua vez, nos leva a discutir
sob o inconsciente do ser ou dos seres humanos. E, aliás, como já tratamos, nossa metodologia
está em uma análise qualitativa-interpretativa voltada para duas abordagens que estão
nitidamente presentes dentro da obra, e assim, através da análise do discurso determinamos
quais são: a homoafetividade e o discurso religioso. Este estudo faz parte do grupo de pesquisa
GEPELIND (Grupo de Pesquisa em Literatura, Negritude e Diversidade) e das atividades que
estão continuamente sendo produzidas e desenvolvidas. Todavia, antes de mais nada, ou
melhor, bem antes de se parar para pensar sobre a relação homoafetiva, é importante ressaltar
que há um contexto sócio-histórico para a construção dessa nova identidade inserida dentro
de uma sociedade opressora e moralista. Dessa forma, buscamos apresentar por meio deste
artigo um novo olhar sobre a sexualidade bem como onde se constrói e de que forma, por
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outro lado, também, trazer uma reflexão acerca da necessidade de oferecer novos meios (ou,
novas abordagens) para este conhecimento ainda novo para a sociedade, portanto, para a
análise do conto preferimos estudar/trabalhar o discurso. Assim, a pesquisa cumpre o
propósito de investigar e discutir a representação do gay na Literatura Gay brasileira
contemporânea. A obra é de escrita autobiográfica de Silvério, que assim tenta resgatar seu
pai ausente. A relevância desta pesquisa está centrada na promoção de um debate sobre a
importante função que a Literatura LGBTQ+ pode ocupar na sociedade contemporânea
brasileira.

Palavras-chave: Discurso. Relação homoafetiva. Autoficção.

GÊNERO E PODER: A VIOLÊNCIA SOBRE O CORPO FEMININO EM DALCÍDIO JURANDIR

Maria do Socorro Paixão dos Santos (UFMA)

Resumo: O presente pretende discutir a respeito do gênero e poder quanto à questão da


violência sobre o corpo feminino em Dalcidio Jurandir (1909 – 1979), embasada na leitura do
romance Chove nos Campos de Cachoeira. A pesquisa objetiva argumentar sobre a violência
verbal e física que são dirigidas ao sexo feminino narrado pelo autor paraense, e nessa
perspectiva analisar esse fenômeno secular de macropoder que nutre a sociedade moderna, e
refletir quais caminhos ou estratégias o autor aponta para construir uma sociedade de direitos
e menos subversiva. No que tange ao sexo feminino, a questão da violência destaca proporções
de agravos insustentáveis na narrativa, sobretudo, quando o narrador destaca essas ações de
agressão ao corpo a personagem Felícia, que se dá numa medida ainda mais cruel em relação
às outras personagens do sexo feminino. O poder se estreita de muitas formas no romance, e
se desdobra ainda mais sobre a classe pobre de Cachoeira. Para fundamentar a nossa pesquisa
adotaremos os pressupostos teóricos elencados por Arendt (2004), Foucault (1979), Jurandi
(1995), Saffioti (2015), dentre outros.

Palavras-chave: Gênero e poder, Chove nos Campos de Cachoeira.

POESIA MARANHENSE CONTEMPORANEA: UM ESTUDO DO PROJETO "CLARÃO"

Dinah da Silva Campos (UFMA)

Resumo: Este trabalho busca refletir o reconhecimento de poetas Maranhenses


Contemporâneos por meio do estudo da poesia contemporânea maranhense presente no Bate
– papo entre os poetas do projeto “Clarão” vinculados a uma página no Instagram
@experincias criativas (2022), através desta rede social será analisado a escrita e estilo de
cada poeta e como a poesia circula no estado. Assim, defendemos a ideia que a poesia
maranhense necessita ser reconhecida no Maranhão por meio de um no letramento literário na
educação básica pode promover não apenas vários tipos de experiências dinamizadas pela
leitura, bem como o alargamento do mundo letrado. Os materiais que serviram de apoio para
o desenvolvimento dessa pesquisa se darão por meio de: obras/textos e poesias de autores
Maranhenses. O Clarão (2022) uma série de eventos online vinculados ao projeto de extensão
Experiências Criativas constitui matriz central deste trabalho contara com apoio de obras de:
Cosson (2006), Marcia Abreu (2006); objetivando trazer o reconhecimento cultural da poesia
maranhense.

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Palavras-chave: poesia contemporânea; bate – papo; clarão,

O SOFRIMENTO COMO ANIQUILADOR DO DESESPERO E OS REFLEXOS DE UMA MORTE


IMINENTE

Kathleen Barcelos Vieira Monteiro (UFRRJ)

Resumo: O trabalho apresenta uma leitura do livro É Isto um Homem? Do escritor italiano
Primo Levi, no âmbito da discussão sobre a literatura de testemunho e seu poder memorialista,
focando o impacto emocional da sobrevivência do autor e das personagens no meio de um
processo de extermínio no campo de concentração de Auschwitz, no maior e mais notório dos
campos nazistas. Mesmo sem apresentar qualquer relato de violência explicita, Levi constrói
sua narrativa forçando o leitor a compartilhar as suas piores sensações, seus piores momentos,
para que nem assim, chegue perto de entender como é viver sem vida. Observa-se também
nos personagens uma perda de sensibilidade na proximidade da morte, acostumando-se a
sentir a dor e a perder as referências morais, esquecer o receio de fazer algo errado que o
assombre para o resto da vida, já que o resto da vida pode significar até o final daquele dia.
Por meio da análise bibliográfica, evidencia-se que o livro destrincha um verdadeiro campo de
batalha entre os prisioneiros que brigam entre si por migalhas de pão e vivem cada pequeno
episódio do seu cotidiano como o prenuncio da sua libertação ou da sua morte iminente. Assim,
coexiste uma divisão entre as perspectivas, uma demora para a cerimônia da troca de roupa já
resultava para alguns em esperança de uma possível libertação. E paralelamente, para outros,
o atraso poderia significar a aniquilação total no Campo. De um lado a ausência de esperança
e de medo, anestesiando qualquer tipo de dor. Do outro, escondido, recuado e assustado,
camufla-se em meio a reificação, o Homem que ainda é Homem, o Homem que ainda luta para
manter sua humanidade. E que, mesmo após a saída de Auschwitz, os sobreviventes
permanecem assombrados pelo fundo musical de um ritual perverso, marcado por morte,
desesperança, incerteza e desumanização, ecoando na sua memória.

Palavras-chave: holocausto, sobrevivência, perda de sensibilidade.

A VIOLÊNCIA CONTRA O SER MULHER EM "O PESO DO PÁSSARO MORTO" DE ALINE BEI

Danielle Stephany Soares Rocha (UEMA)

Resumo: A literatura contemporânea possui um papel de extrema importância no que diz


respeito à representação da mulher em sua forma mais real e a autora Aline Bei é uma nova e
voraz voz nesta década, além de ser uma mulher, escreve sobre mulheres, o que remete à
escrita feminina em sua competência. A personagem principal em “O peso do pássaro morto"
(que foi a primeira obra publicada da autora e muito bem recebida pelo público e crítica) retrata
a mais cruel face da violência e das condições patriarcais no Brasil. A figura mulher que não
possui seu nome citado em nenhum momento ao longo das 154 páginas da prosa poética,
perpassa por diversas vivências ao longo da narrativa em que é retratada dos 8 aos 52 anos
e em todas as fases enfrenta o peso da perda. Não há heroínas, não há empoderamento e nem
a volta por cima esperada, o que se tem é o ser feminino como consequência da violência de
gênero. O presente trabalho possui como objetivo analisar os elementos como a ruína, a
solidão, o silenciamento, a maternidade forçada da vítima de estupro e seus cruéis impactos
para todos os aspectos ao longo da trajetória da protagonista, mostrando que a perda vai
além da morte, na verdade, é a sua própria vida sendo minguada durante todo o processo
narrativo como sendo o doloroso resultado da violação ao corpo e da alma dessa mulher e na
relação criada com o mundo externo à ela, principalmente no que tange a maternidade fruto
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da violência, trazendo problemáticas também para a vida da criança gerada nesse episódio tão
devastador e traumático, vivido apenas por ela e em silêncio com os sentimentos de culpa e
medo.

Palavras-chave: Violência; mulher; literatura contemporânea.

DO PASSADO PARA O PRESENTE: BIOGRAFIA E MEMÓRIA DE UMA ATIVISTA

Ana Letícia Prado de Campos (UFRGS)

Resumo: Neste trabalho apresento a ativista Anna Filossófova, pioneira no movimento feminista
russo do século XIX. Em uma época conservadora, o protagonismo e ativismo dela inspirou
muitas mulheres. Filossófova foi uma ativista proeminente na luta pelos direitos das mulheres,
ela defendia a educação igualitária e a emancipação das mulheres. O objetivo deste trabalho é
apresentar a biografia e as memórias dessa ativista; e divulgar a história dela como feminista
para que ela seja (re)conhecida no Brasil. As biografias têm um papel significativo na
preservação da memória, nesse sentido, podem se transformar em um gênero ambíguo que
transita entre o testemunho e o relato (ARFUCH, 2010). Então, apresento a biografia e a
tradução de algumas memórias de Filossófova, como uma carta escrita por ela e destinada
para o Congresso de Mulheres, em 1904. No entanto, ela não pôde participar devido à Guerra
da Manchúria. Coletei e traduzi os relatos do livro: “Memórias de A. P. Filossófova 1837-1912”,
escrito por uma de suas admiradoras, em 1915. A relação entre tradução e escrita pode ser
vista como um processo criativo que visa transmitir conhecimentos (SILVA-SELIGMANN, 2011).
Sendo assim, a tradução é crucial para acessar informações, por isso, adotei as teorias de
tradução feminista transnacionais, que visam compreender como as ideias feministas são
traduzidas e circulam através de diferentes culturas, línguas e fronteiras geográficas (CASTRO,
2017). As memórias de Filossófova, traduzidas por mim do russo para o português,
apresentam aspectos que estabelecem um diálogo com os acontecimentos históricos da época,
como a guerra presenciada por ela e os movimentos que precederam a Revolução de 1905.
Nesse cenário, a experiência vivenciada ao presenciar a guerra, causou uma ruptura nos planos
de Filossófova. Esse episódio pode ser visto como um trauma histórico. O trauma e a memória
são conceitos interligados que desempenham um papel fundamental na formação da
identidade individual e coletiva, bem como na compreensão do passado (SILVA-SELIGMANN,
2005). Desse modo, os diálogos entre biografia, história, memória e tradução são
estabelecidos de maneira a proporcionar uma compreensão mais ampla dos fatos e contextos
históricos. Assim, desempenham um papel fundamental no resgate e na construção da memória
da ativista mencionada.

Palavras-chave: Biografia, Memória, Ativismo, Feminismo.

TOPONÍMIA EM LIBRAS: ESTUDO DAS UNIDADES DE SAÚDE DE FEIRA DE SANTANA- BA

Liliane Lemos Santana Barreiros (UEFS)


Midian Jesus de Souza Marins (UFRB/UEFS)

Resumo: O estudo linguístico sobre o ato de nomear pelos falantes/ sinalizantes de uma língua
possibilita identificar características sociais e culturais de um determinado povo. Dentro da
perspectiva desse estudo, cabe a Toponomástica a investigação sobre o ato de nomear os
lugares, realizado pelos falantes/ sinalizantes de uma língua. O trabalho proposto versa sobre
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o estudo toponímico bilíngue das unidades de saúde de baixa, média e alta complexidade
(divisão proposta pelo Ministério da Saúde) localizada na cidade de Feira de Santana, segundo
maior município do Estado da Bahia. Trata-se de resultados parciais de uma pesquisa de
doutoramento, que tem como objetivo geral inventariar as motivações dos topônimos
estudados em Feira de Santana-BA em uma perspectiva bilíngue (Português/ Libras). Busca-se
entender como as pessoas surdas feirenses nomeiam/sinalizam as unidades de saúde de sua
cidade e se usam as mesmas estratégias das pessoas ouvintes. A pesquisa fundamenta-se nos
pressupostos teóricos da Lexicologia e da Lexicografia Moderna (BIDERMAN, 1984; 1998;
2001; VILELA, 1983; BARREIROS, L., 2017), da Toponomástica (DAUZAT, 1926; DICK, 1987;
1990; 1992; SEABRA, 2004; 2006) dos estudos toponímicos em Libras (SOUSA, 2017; 2019;
2021; 2022) e dos estudos linguísticos da Libras (FELIPE, 2006; FERREIRA, 1995; GESSER,
2009; SOUZA JÚNIOR, 2012; KARNOPP, QUADROS, 2004; QUADROS, 2019). Adota-se
também, com adaptações, a proposta das fichas lexicográfico-toponímicas usadas em estudos
semelhantes (FERREIRA, 2019; JESUS, 2019). Por ser uma pesquisa em andamento, será
apresentada a coleta e estratégias de compilação dos dados em Libras com a comunidade
surda, através da associação de surdos da cidade em questão. Pretende-se ao final deste
estudo pioneiro garantir maior acessibilidade linguística aos surdos feirenses no acesso ao
Sistema Único de Saúde, nacionalmente conhecido como SUS, despertando para a garantia e
efetivação de direitos de todo cidadão brasileiro no aspecto holístico da saúde como é
defendido no artigo 208 da Constituição Federal.

Palavras-chave: Libras,Toponímia,Saúde,Feira de Santana.

ELEMENTOS DO DISCURSO MIDIÁTICO NA CENOGRAFIA DE MEMES HUMORÍSTICOS

Anna Flora Brunelli (UNESP)

Resumo: Nas práticas do cotidiano, de modo geral, os memes dizem respeito a tudo aquilo
que os internautas se utilizam de modo abundante, tais como vídeos, imagens, frases, textos
multimodais etc. São, normalmente, textos de humor que têm grande circulação e difusão pela
internet e pelas mídias, textos que se espalham muito rapidamente por intermédio de e-mails,
blogs, redes sociais etc. Neste trabalho, adotando o aparato teórico-metodológico da Análise
do Discurso de linha francesa, analisamos um conjunto de memes de humor de internet,
procurando verificar em que medida a noção de memória interdiscursiva midiática é produtiva
para avaliar esse tipo de produção multimodal. A noção de memória interdiscursiva midiática
foi proposta por Moirand (2008) para caracterizar uma particularidade do discurso jornalístico,
que, no tratamento de certas questões bem controversas, mistura discursos e relaciona fatos
não relacionados cientificamente, empregando termos já usados para designar diferentes
aspectos de eventos científicos ou tecnológicos com implicações políticas no tratamento de
novos assuntos polêmicos. De fato, observamos um fenômeno bem parecido nos memes, na
medida em que se valem de de frases, personagens, cenas etc. que aludem a diversas
produções midiáticas, com as quais os assuntos de que tratam não têm nenhum tipo de vínculo
mais imediato. Mais exatamente, notamos que o discurso midiático, tal como postula Moirand
(2003 e 2008), pode ser considerado como um grande banco de dados, fornecendo elementos
(ora os personagens, ora o contexto) para a configuração cenográfica dos memes humorísticos
de internet. Conforme Maingueneau (2006), a cenografia diz respeito à cena construída
especificamente no/pelo discurso, o que remete à singularidade de cada enunciação. Não se
trata da cena imposta pelo gênero, mas da cena que o discurso vai construindo por meio de
sua própria enunciação. Assim, por exemplo, um meme de internet pode se valer de uma vasta
gama de cenografias: cenografia de aula, cenografia de consulta médica, cenografia de teste
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etc. Desse modo, entendemos que o discurso de humor não só se serve do banco de memória
interdiscursiva da mídia, mas também ajuda a reforçá-lo, uma vez que, ao aludir a algum dos
elementos do discurso midiático na configuração de sua cenografia, contribui para a
manutenção de certas produções midiáticas na memória coletiva.

Palavras-chave: memes; memória interdiscursiva midiática; humor.

UMA LEITURA ECOCRÍTICA E ECOFEMINISTA DA OBRA A PARÁBOLA DO SEMEADOR (1993),


DE OCTAVIA BUTLER

Stephane Thayane dos Santos Serejo (UFMA)

Resumo: A função social da literatura vai além do entretenimento. É arte que comunica, ensina
e interage com o leitor. No entanto, a literatura também pode desempenhar um papel de crítica
e condenação social, pois se vinculada à sociedade em que foi escrita. As distopias, subgênero
da ficção cientifica e objeto deste trabalho, possuem uma grande contribuição para a reflexão
sobre problemas sociais, pois projetam futuros imaginativos pautados em temas,
comportamentos, lugares passados e presentes reais na sociedade. Dentre os muitos temas
abordados nas obras distópicas estão a opressão e a violência, regime político totalitário,
desigualdade social, racismo, crise econômica e ambiental. Nas distopias, o autor, por meio de
observações do presente e preocupado com as consequências dos avanços técnicos e
científicos, imerge o leitor em um mundo sombrio, muito bem detalhado, despertando-o para
como o futuro pode se desenrolar, caso soluções não sejam pensadas e atitudes não sejam
tomadas enquanto há tempo. Partindo deste pressuposto, o motivo para a escrita deste
trabalho nasce de uma percepção resultante de uma leitura da obra "Parábola do Semeador"
(1993) de Octavia Butler, uma distopia que proporciona o desenvolvimento de várias reflexões
a respeito da sociedade em que vivemos, sobre como tratamos a natureza e como se dão as
relações de gênero, classe e raça em um contexto pós-apocalíptico. Sendo assim, analisaremos
a narrativa distópica em questão, por meio dos estudos da Ecocrítica e do Ecofeminismo.
Glotfelty (1996) descreve a ecocrítica como o estudo da relação entre a literatura e o meio
ambiente físico. A Ecocrítica é uma abordagem que reconhece o papel fundamental da literatura
na formação da cultura ambiental. Ela nos ajuda a entender como a literatura pode influenciar
a maneira como pensamos e agimos em relação ao meio ambiente. Além disso, nos permite
examinar como a literatura pode ser usada para aumentar a conscientização sobre questões
ambientais e promover a mudança social. Já o Ecofeminismo surgiu na França em 1974, e foi
idealizado a partir de uma inquietação causada pela degradação do meio ambiente. O
movimento tem como premissa básica que a ideologia que autoriza opressões, como aquelas
baseadas em raça, classe, gênero, sexualidade e habilidades físicas é a mesma ideologia que
sanciona a opressão da natureza (GAARD, 1993). Assim, a proposta dessa pesquisa é
compreender o papel da natureza na obra de Butler e como a narrativa dialoga com a filosofia
ecofeminista.

Palavras-chave: distopia, ecocrítica, ecofeminismo.

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AVALIAÇÕES SOCIOLINGUÍSTICAS DE BACABALENSES SOBRE A FRICATIVA ALVEOLAR
DESVOZEADA [ S ] EM CODA SILÁBICA

João Vitor Cunha Lopes (UFMA)

Resumo: O estudo de Lopes (2019) analisou a realização variável da concordância nominal de


número em sintagmas nominais simples como em “as casas” e “as casa” na fala de 12
bacabalenses. Ademais, embora não fosse objetivo central dessa pesquisa analisar as
avaliações sociolinguísticas dos bacabalenses, nas entrevistas realizadas, tratou-se sobre
algumas características do falar bacabalense. Em uma resposta de um informante, dada à
pergunta “Como é que o senhor acha que as pessoas falam na cidade de Bacabal?”, verificou-
se, resumidamente, a seguinte resposta: “[...] o bacabalense ele já fala de uma forma mais clara
um português mais num tem chiadeira [...]”. Infere-se desses metacomentários que,
supostamente, os bacabalenses não produziriam ou produziriam pouco em sua fala as fricativas
alveopalatais [?, ?] em determinados segmentos sonoros. Diante dessa avaliação sobre o
português bacabalense, este trabalho busca, a partir dos pressupostos da Sociolinguística
Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 2008 [1972]; ECKERT, 2012,
OUSHIRO, 2015), investigar as avaliações sociolinguísticas de bacabalenses sobre um
segmento sonoro específico – realização da fricativa alveolar desvozeada [s] em posição pós-
vocálica – seguida de consoante desvozeada, em coda silábica medial, como em “a li[s]ta”, com
intuito de constatar se afirmações do tipo apresentado acima também são encontradas em
discursos de outros bacabalenses. Para tanto, foram analisadas as entrevistas da amostra
(composta por 21 informantes) de avaliações sociolinguísticas de bacabalenses gravadas por
Lopes (2023). Especificamente, procedeu-se na análise dos metacomentários extraídos das
respostas dadas a seguinte pergunta do roteiro de entrevista: “E o que você acha de ‘a li[s]ta
e[s]tá dentro da pa[s]ta’”. Os resultados mostram que os bacabalenses não se reconhecem
como falantes da variante fricativa alveolar desvozeada [s] em coda silábica medial. Os
metacomentários mais recorrentes foram os seguintes: “bacabalense não fala assim”, “pessoa
de fora” e “certo”. Desse modo, nota-se, a partir dos metacomentários analisados, que essa
variante não pertenceria a variedade bacabalense, contraindo, assim, a avaliação de que na fala
dos bacabalenses não haveria “chiadeira”. Dos 21 informantes, 19 afirmaram que falam “a
li[?]ta” e não “a li[s]ta”, caracterizando-se, assim, um dos modos de falar chiando (uso da
fricativa alveopalatal desvozeada [?]), conforme se diz no senso comum. Apenas 2 informantes
afirmaram que utilizam a variante fricativa alveolar desvozeada [s] em coda silábica medial.

Palavras-chave: Avaliações, Bacabal, Fricativa alveolar desvozeada.

MEMÓRIA-DOR: ASPECTOS MEMORIALÍSTICOS DO NARRADOR EM O PAI DA MENINA MORTA


(2018), DE TIAGO FERRO

Renildo Rene de Oliveira Medeiros (UFRN)

Resumo: Propomos neste trabalho uma investigação do recurso memorialístico como elemento
narrativo na ficção de Tiago Ferro. Como objeto de pesquisa, traçamos um estudo analítico em
O pai da menina morta (2018) e, a sinalização da imagem paterna a partir de um evento
traumático (o luto). A saber, o romance elabora uma narração pela fragmentação que, como
efeito de sentido, representa a organização ficcional do exercício da perda da filha pelo
narrador do título. Sem desconsiderar que o próprio autor testemunhou o mesmo evento, o
luto estabelece-se como um dilema de uma dor que seria intangível (ou inenarrável, a priori)
pelo caráter complexo desse trauma em um adulto. Porém, o uso dessa estrutura narrativa
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permite a edificação autoficcional da imagem de Ferro, quer seja pela subversão intertextual
da generalização que o ambiente externo adquire à ele, quer seja pela tentativa de enquadrar-
se em uma memória coletiva de outros pais enlutados. Seguimos, então, a metodologia teórico-
crítica proposta por Antonio Candido (2006) e Roberto Schwarz (2012) para aprofundar
relações entre forma literária e conteúdo social do romance, em vias de mobilizar um estudo
crítico que utiliza uma produção brasileira contemporânea. Nessa perspectiva, consideramos
inicialmente as teorias sistemáticas conceptualizadas por Pollak (1989), Halbwachs (1990),
Ginzburg (2000) e Sarlo (2009) em vias de verificar os contornos do dispositivo da memória
enquanto mobilização do passado pelo presente, e assinalamos referências de Kristeva (1989),
Freud (1990) e Benjamim (2011) para delinear os contornos do luto na obra.
Concomitantemente, dialogamos o teor memorialístico desse narrador com a produção literária
embasados em Adorno (2003), Wood (2008) e Schøllhammer (2009), e adicionamos algumas
considerações estruturais propostas por Martins (2014) e Santiago (2018) sobre a autoficção
vislumbrada no enredo. Dessa forma, interpretamos a hipótese de que o uso da memória pela
linguagem romanesca configura traços de uma figura paterna impulsionada pelo teor
autoficcional que estrutura a experiência do luto impressa na instância do narrador. Como
resultados iniciais, destacamos como o trauma mobiliza o dispositivo memorialístico para
narrar a construção de uma imagem autoficcional paterna no romance, considerando a
modalização híbrida do discurso biográfico com o discurso ficcional.

Palavras-chave: Memória, Luto, Autoficção, O pai da menina Morta.

O CÔMICO E O RISO DIANTE DA MORTE EM "O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO" DE


JOSÉ SARAMAGO

Rafael Iatzaki Rigoni (UFPR)

Resumo: Este trabalho aborda o tema do riso e do cômico diante da morte na obra "O
Evangelho Segundo Jesus Cristo", escrita pelo renomado autor português José Saramago. A
narrativa de Saramago, conhecido por sua prosa ousada e perspicaz, explora a interação
complexa entre poder, gênero e morte na literatura. No romance, José Saramago apresenta
uma perspectiva única sobre a morte, revelando a ironia e o humor que podem surgir em
situações desafiadoras. O autor desafia as convenções tradicionais ao retratar a figura de Jesus
Cristo com uma humanidade complexa e enfrentando dilemas existenciais, em vez de apenas
como uma figura divina. Nesse contexto, o riso é apresentado como uma resposta à
inevitabilidade da morte e como uma forma de enfrentamento do poder e das estruturas
sociais. Ao longo da narrativa, Saramago cria uma atmosfera irônica e satírica que desconstrói
a visão tradicional da igreja católica e seus dogmas diante da morte e dos sacrifícios exigidos,
criando um cenário trágico e sombrio, mas que não foge do cômico. O riso é utilizado como
um instrumento poderoso para questionar as estruturas de poder estabelecidas e expor as
contradições da sociedade. Por meio do humor, Saramago provoca reflexões sobre a natureza
da existência humana, as instituições religiosas e as relações de poder que permeiam a
sociedade. Além disso, o autor também explora a intersecção entre gênero e morte,
questionando as representações estereotipadas das mulheres e revelando sua força e
resistência diante da inevitabilidade do fim. As personagens femininas desafiam os papéis
tradicionais atribuídos a elas e apresentam uma visão poderosa e empoderada em relação à
morte. Assim, a obra "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" de José Saramago apresenta o riso
e o cômico como uma resposta intrigante diante da morte e dos absurdos da sociedade.
Através de uma abordagem inovadora e provocadora, o autor nos convida a refletir sobre o
poder, o gênero e a mortalidade na literatura.
Palavras-chave: José Saramago, cômico, riso, morte
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O NEGRO NA LITERATURA BRASILEIRA OITOCENTISTA: UM OLHAR SOBRE O ROMANCE
ÚRSULA DE MARIA FIRMINA DOS REIS

Elielton Sampaio (UFMA)


Raimundo Nonato Sodré da Conceição (UFMA)

Resumo: O Romance Úrsula (1859) de Maria Firmina dos Reis figura como o principal Romance
Romântico a retratar a imagem do negro a partir de uma visão mais solidária e humana. Nessa
narrativa, o negro ganha voz, tornando-se sujeito de suas ações. São as suas falas que
comporão a urdidura do romance. Lendo esta obra, o narratário encontra o caráter panfletário
da obra diluído nas nuances do Romantismo, ou seja, a voz combativa pela liberdade do negro
reverbera na trama através da polifonia do romance, no qual a voz do negro e do senhor
ganham espaços não hierarquizados. O poder soberano de quem escraviza é enunciado para
possibilitar a também enunciação do negro escravizado. Assim, o principal objetivo deste
trabalho é investigar a representatividade do negro na literatura brasileira do século XIX a
partir da fabulação do romance Úrsula. Para este estudo serão utilizados como aportes teóricos
literários: Úrsula de Maria Firmina dos Reis (1859), O negro no Maranhão de Manoel Santos
Neto (2004), Imagens do negro na literatura brasileira de Jean Marcel Carvalho França, O
Cativeiro de Dunshee de Abranches (1867-1941), Os Tambores de São Luís de Josué Montello
(1975), Vencidos e degenerados de Nascimento de Moraes (1915), A casa das Minas (1847)
Nunes Pereira e O Maranhão Oitocentista de Marcelo Cheche Galves e Yuri Costa (2015).

Palavras-chave: Maria Firmina dos Reis. Negro. Úrsula.

SOBRE AS APORIAS DA MORTE E AS METÁFORAS DO CORPO: ANGELA CARTER E UM PROJETO


LITERÁRIO CONTRA HEGEMÔNICO

Gil Derlan Silva Almeida (UFPI),


Sebastião Alves Teixiera Lopes (UFPI)

Resumo: Compreendida como um mal inevitável, condição a qual o ser humano não pode fugir,
a morte ocupa no imaginário ocidental, a figura do horror e do sofrimento, conforme Ariès
(2010). Ainda assim, cabe destacar que, no cerne dos estudos literários, a análise de obras
que trazem a morte como eixo central das narrativas tem ganhado força, justamente com a
proposta de desmistificar conceitos e suposições engessadas sobre este intrigante fenômeno.
Assim, intentamos aqui, analisar as representações da morte sobre o aparato do corpo nas
obras The passion of new Eve (1977) e The infernal desire machines of doctor Hoffman (1972),
da autora britânica Angela Carter. Para tal, valemo-nos dos pressupostos da pesquisa
qualitativa de cunho bibliográfico, tomando o texto literário como corpus social e político. No
que concerne ao referencial teórico, utilizamos as noções de corpo de Bento (2018), Butler
(2018), primordialmente. Pode-se perceber que nas narrativas carterianas, problematizam-se
fortemente as questões de gênero, desdobrando-se daí, a imbricação de como certos corpos
são considerados desviantes e relegados a morte pelo padrão patriarcal e opressor da
sociedade.

Palavras-chave: Morte, Gênero, Angela Carter

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AMOR À MORTE: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO CONTO "VENHA VER O PÔR DO SOL"

Monica da Costa Cintra

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar o conto “Venha ver o Pôr do sol”
(1970). Escrito por Lygia Fagundes Teles, o texto é construído sob uma complexa teia que
entrelaça vida e morte, amor e vingança que atravessa o nebuloso personagem Ricardo. A
partir daí, com base nos estudos contemporâneos de gênero, buscaremos refletir, entre outras
coisas, acerca da violência que acomete mulheres, principalmente, nos casos em que o término
de relacionamentos resultam em uma sentença de morte para elas. O narrador apresenta o
ambiente sombrio em que o ex-casal se encontra, as características dos personagens são
apresentadas através do diálogo estabelecido entre os dois. A conversa que, inicialmente,
parece informal, revela traços do comportamento abusivo do personagem masculino,
caraterístico da ideologia machista que concebe os homens como indivíduos superiores às
mulheres. O comportamento de homens e mulheres são socialmente determinados, podendo
variar histórica e geograficamente, por exemplo. Apesar das discussões de gênero e as lutas
protagonizadas pelos movimentos feministas serem uma problemática comum da
contemporaneidade, a temática vem sendo discutida há muito tempo e buscam refletir sobre
como o construto social do ser homem e do ser mulher colaboram para a opressão e morte de
grupos minoritários, como no caso das pessoas do sexo feminino. A pesquisa tem cunho
bibliográfico, foram feitas leituras, fichamentos, seleções, considerações e análises acerca da
temática proposta, traçando diálogos com obras cujas discussões atravessam o assunto
abordado, à luz das teorias de Gênero. Para alicerçar as discussões propostas foram utilizados
obras de autores (as) como “O que é interseccionalidade? (Akotirene, 2018), “A dominação
masculina”: a condição feminina e a violência simbólica (Bordiueu, 2014), “Gênero e
Diversidade na Escola” (CARRARA et al, 2009), “Vigiar e punir”: nascimento da prisão
(Foucaul,1987) “Gênero, sexualidade e educação:” Uma perspectiva pós-estrutalista. (Louro,
1997), “Quem tem medo do feminismo negro?” (Ribeiro, 2018), entre outros (as).

Palavras-chave: Violência; feminismo; gênero; amor; morte.

AS MÁSCARAS DA COLONIZAÇÃO, EM YAKA, DE PEPETELA

Adriano Guedes Carneiro (UFF)

Resumo: O objetivo desta comunicação é discutir o romance Yaka (1984), do escritor angolano
Pepetela, sob a perspectiva de que, ao descrever a saga da família Semedo, em Benguela, em
Angola, desnuda o processo colonizador português em África, apresentando as diversas
nuances desse empreendimento civilizatório. Enquanto permanecem como estrangeiros, como
colonos, a máscara Yaka continua sendo um enigma para a família Semedo - como metonímia
da própria Angola. Nada mais estrangeiro em África, por exemplo, do que nomear os filhos
com nomes gregos, como o faz o patriarca Alexandre Semedo. Somente seu neto Joel Semedo
é capaz de revelar ao avô o significado do enigma, pois, mais do que estar perfeitamente
integrado, é angolano. Yaka é o espelho em que o colonizador pode se ver pelo olhar do
angolano. A revelação é feita logo após a independência em que a família Semedo precisa
correr para fugir dos revolucionários e retornar para Portugal, assumindo a sua condição de
Regressados. No livro, a partir da junção entre a história e a ficção, observa-se diversas
perspectivas para se compreender a colonização. No entanto, será a personagem Bartolomeu
Espinha – o cara de fuinha – o genro, que em sua sanha capitalista exploratória e
empreendedora, que melhor simbolizará esse período de dor, pois não tem escrúpulos em
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roubar do povo cuvale, em episódio sangrento de tremenda injustiça em que, à fúria e morte
de Aquiles Semedo, dói ao leitor mais o dizimar da família da etnia mucubal. Para tanto, utiliza-
se dos escritos de Walter Benjamin, Edward W. Said, Lourenço do Rosário, Vima Lia Martin,
entre outros.

Palavras-chave: Pepetela, máscara, colonização.

O ENSINO DE GRAMÁTICA EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM ESTUDO DE CASO

Marcos Adilio Oliveira Moraes (UFMA)


Ana Lucia Rocha Silva (UFMA)

Resumo: A crise por que passa o ensino de Língua Portuguesa no Brasil tem possibilitado aos
estudiosos da área um vasto debate sobre os rumos a serem tomadas por parte dos
professores que os fazem. Tem-se de forma constante, colocado em destaque a validade e a
funcionalidade do ensino de gramática normativa em sala de aula. Alguns ainda defendem o
seu ensino sistemático, outros, o abandono deste. Uns, tentando “contextualizá-lo” procuram
dar-lhe uma perspectiva “textual”, apesar de, muitas vezes encobrirem com um ensino
tradicional. Para que haja mudanças desses costumes, é necessário que os professores
compreendam a funcionalidade da língua, sabendo reconhecer que língua normativa é, para
muitos alunos, totalmente diferente daquela que usam no seu dia a dia. É pensando exatamente
nesses questionamentos e ideias acerca desse ensino que surgiram os interesses e a
necessidade de interagir com uma realidade educacional para mim conhecida. Por isso, propus
esta pesquisa acadêmica que objetivou investigar a realidade do ensino de língua materna, na
escola da rede municipal no povoado de Santa Isabel da cidade de Icatu – MA, onde foram
feitos levantamentos de dados obtidos por meio de questionários aplicados a professores e
alunos, em uma sala de 9º ano, a fim de propor, a partir dos dados coletados e analisados, o
desenvolvimento de ações, que pudessem provocar a reflexão e o exercício de pensar em
práticas inovadoras. Os resultados da pesquisa, foram apresentados no decorrer da coleta.
Para respaldar essa pesquisa, recorremos aos aportes. PCNs de Língua portuguesa (BRASIL,
2008), Antunes (2006, 2007), Bagno (1999, 2000), Travaglia (2009), Geraldi (1993) e
Possenti (2004). Esta pesquisa trouxe uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa, no
sentido de ensinar a gramática normativa como um dos caminhos para a aprendizagem da
língua portuguesa, ampliando as habilidades comunicativas dos alunos, contribuindo com o
processo de inclusão social do aprendiz.

Palavras-chave: Ensino. Gramática. Língua portuguesa. Santa Isabel.

A ESCRITA E O OUTRO: AS DIVERSAS VOZES NO TEXTO ACADÊMICO

Daniel Pereira da Silva (UFMA)

Resumo: A escrita de monografia é considerada um dos primeiros contatos do aluno de


graduação com a produção acadêmico-científica, pois exige de quem escreve, reflexões teórico-
metodológicas por meio da mobilização de conceitos teóricos que fundamentam a escrita
acadêmica. Nesse sentido, compreendemos que, todo texto se constrói a partir de outros
discursos, ou seja, de outros textos, como os diferentes gêneros discursivos e as teorias como
fundamentação. Assim sendo, podemos questionar: como o discurso de outro se materializa
na escrita de monografia? É possível identificar as várias vozes presentes no texto
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monográfico? Dessa maneira, nosso principal objetivo é analisar a presença do discurso do
outro na produção do texto monográfico. Para tanto, recorremos a aspectos teóricos do campo
da enunciação, do texto e do discurso, mais precisamente aos conceitos trabalhados em
Bakhtin (2006), que abordam as noções de discurso de outrem, Coracini (2010), que dizem
respeito ao processo de escrita acadêmica e em Authier-Revuz (2004), que discutem sobre a
heterogeneidade enunciativa, esses conceitos que nos ajudam na identificação das marcas do
discurso do outro no texto acadêmico. Como corpus de análise, selecionamos uma monografia
do curso de Letras, da qual recortamos e analisamos alguns excertos que apontam a existência
de outras vozes na tessitura do texto acadêmico. Para isso, utilizamo-nos de uma pesquisa
qualitativa, de caráter descritivo-interpretativista, pautada na revisão bibliográfica consultada.
Desta forma, acreditamos que este trabalho é relevante na medida em que busca discutir
aspectos teóricos e práticos acerca da presença de outros discursos no texto acadêmico e suas
implicações para a construção de sentidos do texto, bem como para a produção e disseminação
do conhecimento científico na universidade.

Palavras-chave: Escrita. Discurso do Outro. Texto Acadêmico.

AS ESTRATÉGIAS ESTÉTICAS DO HORROR NA CRIAÇÃO LITERÁRIA DE MARÍA FERNANDA


AMPUERO E MARIANA ENRÍQUEZ

Fábio Farias Botelho (UFS)

Resumo: A pesquisa busca identificar as estratégias estéticas do horror como uma crítica à
normatização da violência de gênero na literatura latino-americana contemporânea. Através da
exploração e subversão dos conceitos ligados à monstruosidade e valendo-se de características
que historicamente foram associadas à abjeção, os contos "Leilão", da equatoriana María
Fernanda Ampuero, e "As coisas que perdemos no fogo", da argentina Mariana Enríquez,
abordam situações limite onde mulheres se vêem diante de opressões tão intensas que
recorrem à alteração/destruição do próprio corpo, de forma a se apropriar das características
monstruosas ligadas à decomposição/degradação como estratégia de defesa e resistência,
fazendo do próprio corpo escudo e manifesto contra a violência machista. Na análise dos
contos utilizaremos os conceitos de monstruosidade de Cohen (2000), abjeção, de Júlia
Kristeva (1988), gênero corpóreo, de Linda Williams (2012), body horror (ou horror corpóreo)
de Xavier Aldana Reyes (2020), e as abordagens sobre a violência contra a mulher na literatura
latino-americana, de Carlos Magno Gomes (2021). A utilização de recursos estéticos do horror
na literatura latino-americana do século XXI, especialmente de autoria feminina, tem sido
significativa na elaboração de obras que ressignificam a realidade opressiva, especialmente das
mulheres, reforçando e criando novas formas de representação. O oposto também ocorre,
tornando autoras como Mariana Enríquez e Maria Fernanda Ampuero, entre outras, parte
importante destas inovações que a contemporaneidade trouxe ao horror na literatura.

Palavras-chave: contos, horror, gênero, corpo.

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A LITERACIA NO LIVRO A CONQUISTA: LÍNGUA PORTUGUESA - ESTUDOS PRELIMINARES

Ynnara Soares Reis (UFMA-PPGLB)


Heloísa Reis Curvelo (UFMA-PPGLB)

Resumo: No ensino das disciplinas que compõem o currículo escolar, largo é o tempo em que
o professor utiliza o livro didático tanto em sala de aula quanto no planejamento da aula em
si. Sendo caracterizado como um dos principais instrumentos para facilitar a aprendizagem dos
conteúdos, das competências e habilidades a serem desenvolvidas e estimuladas no processo
educativo. Dessa forma, é de estrema importância que conheçamos quais são as teorias que
perpassam e justificam todo o conteúdo planejado e posto nos livros didáticos, para que, de
fato, haja uma aprendizagem significativa, a partir desse material tão presente nas práticas
escolares. Refletindo sobre isso, e pautadas em nossas práticas de sala de aula, pretendemos
apresentar neste trabalho, os estudos preliminares em torno da Literacia, presente no livro
didático idealizado para a Educação Básica, necessariamente, o 2° ano do Ensino Fundamental
das séries iniciais, escrito por Carpaneda (2021), que tem como título A conquista: Língua
Portuguesa. A partir desse material didático para ensino-aprendizagem da Língua materna,
pretendemos: descrever como é contextualizada a Literacia na unidade 3 (Contos de hoje e de
sempre) do livro didático A conquista: Língua Portuguesa; analisar como o gênero literário
conto foi idealizado para proporcionar o desenvolvimento da leitura de alunos do 2° ano do
Ensino Fundamental; E, por fim, demostrar como as tarefas de produção escrita e/ou oral
podem estimular os alunos a apreenderem características estruturais da língua Portuguesa.
Para tanto, pautamos nossa pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativa, na análise do livro
didático de Carpaneda (2021), bem como nos estudos sobre Literacia, de Moraes (2014), Brasil
(2019), Bunzen (2019), Kishimoto (2010). Preliminarmente, podemos afirmar que na
constituição da unidade 3 do livro didático A conquista: Língua Portuguesa há atividades que
estimulam a expressão oral, a leitura, releitura de contos com temáticas relacionadas ao
interesse da faixa etária dos alunos do 2° ano do Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Livro didático; Aprendizagem da língua Portuguesa.

LITERATURA DE TESTEMUNHO PRODUZIDA NO PARÁ: A REVOLTA DOS CABANOS. UMA


ABORDAGEM NA LITERATURA DE CORDEL DE HELIANA BARRIGA

Isabel De Cassia Paes Almeida Pauxis (UNIFESSPA)

Resumo: Este projeto de literatura infanto-juvenil tem como objetivo central resgatar a história
da Revolta dos Cabanos por meio da literatura de testemunho presente no cordel de Heliana
Barriga. A metodologia utilizada consiste em dar voz aos subalternos que lutaram contra as
forças opressoras, trazendo à tona uma história que foi silenciada e esquecida. A pesquisa foi
fundamentada em hipóteses que levantaram a importância do testemunho presente no Cordel
Cabano de Heliana Barriga para valorizar as vozes populares na revolta dos cabanos e fornecer
uma nova visão desse fato histórico no Pará. Acredita-se também que essa valorização possa
influenciar os movimentos populares atuais, trazendo o espírito de revolta e luta para as
decisões socioculturais da população. A literatura de cordel de Heliana Barriga é inspirada no
texto de Magda Ricci, que retrata a Cabanagem, um movimento social e político que ocorreu
na região Norte do Brasil entre 1835 e 1840. A obra de Barriga se enquadra na teoria do
testemunho, que busca trazer à tona vozes e experiências silenciadas e marginalizadas pela
história dominante. Durante a revolta, os Cabanos enfrentaram diversas adversidades, e o
Cordel Cabano de Heliana Barriga resgata essa história do esquecimento e dá voz aos
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subalternos que bravamente lutaram contra as forças opressoras. O trabalho de Barriga dialoga
com as perspectivas de Márcio Seligmann-Silva e Walter Benjamin, destacando a importância
do testemunho como forma de relembrar o que foi censurado, contribuindo para uma
interpretação crítica e reflexiva da história. A Revolta dos Cabanos foi um evento histórico
relevante na região amazônica, com profunda influência na cultura posteriormente. A literatura
de testemunho, como o Cordel Cabano de Heliana Barriga, desempenha um papel fundamental
na compreensão desse movimento popular, valorizando os subalternos que lutaram contra as
forças opressoras e destacando a liberdade, as vozes e as experiências desses indivíduos. O
estudo da literatura de cordel de Heliana Barriga também contribui para o entendimento da
influência da Cabanagem na cultura amazônica, pois por meio dessa obra é possível
compreender a luta dos Cabanos e seus anseios por liberdade e justiça. Portanto, o presente
projeto busca resgatar a história da Revolta dos Cabanos utilizando a literatura de testemunho
presente no cordel de Heliana Barriga. A metodologia adotada busca valorizar as vozes
populares e dar visibilidade aos subalternos que lutaram no movimento. O estudo da obra de
Barriga é fundamental para compreender a Cabanagem e sua influência na cultura amazônica,
destacando sua importância tanto na literatura quanto na história.

Palavras-chave: Literatura de Testemunho; Cordel Cabano; Cabanagem

INSURGENTES RESISTÊNCIAS EM "O VELHO CURTUME DO BAIRRO", DE MÁRCIO SOUZA

Júlio Lopes Cruz (UEMASUL),


Gilberto Freire de Santana (UEMASUL)

Resumo: A escrita literária possibilita a necessária insurgência de tantas vozes silenciadas por
severos processos de uma realidade imposta. Sendo assim, o literário torna-se o intempestivo
e testemunha fiel de vivências diversas em espaços urbanos, por vezes, arruinados pela
decadência ecológica e humana. Nesta perspectiva, o conto "O velho curtume do bairro", do
amazonense Márcio Souza, tem por fio condutor a permanência de uma enferrujada estrutura
industrial representada pelas atividades comerciais dos irmãos Clodoaldo e Durval Antunes,
proprietários do Curtume Londrino, no bairro manauara de Educandos e a saga, tanto amorosa
quanto militante, da jovem professora universitária Mariana, organizadora de um movimento
em defesa da despoluição do igarapé do Educandos. A cidade-palco souziana, Manaus, torna-
se, portanto, ponto de tensão entre a manutenção de um cruel poder econômico/social ditador
de destinos e a força de uma juventude ávida por mudanças por meio de políticas públicas que
promovam uma verdadeira dignidade à vida humana. Um confronto na luta pelo sobreviver. O
objetivo deste estudo é tecer discussões que tragam à baila ligações entre o texto ficcional e
denúncias da manutenção de regimes de opressão, bem como formas de subversões. A análise,
de cunho qualitativo, considera os ambientes postos na narrativa, assim como aspectos
temáticos acerca da função da escrita souziana como possibilidade de resistência frente a
brutais condições de vida impostas que comprometem a instauração de um espaço
democrático. O estudo se fundamenta nas contribuições teóricas de Agamben (2009), Cosson
(2022), Hardman (2009), Secchin (2018), Soares Filho (2022) e Souza (2009, 2021). Vê-se,
portanto, o quanto o conto souziano torna-se retrato de uma sociedade marginalizada e
prisioneira de ferozes costumes que reservam o poder econômico, político e social a pequenos
grupos ligados a dita classe dominante, assim como um evidente sinal de resistência tendo por
instrumento a própria palavra.

Palavras-chave: Cidade-palco, Márcio Souza, Resistência, Opressão

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"A BELEZA QUE TE ATRAI É ESSA QUE NASCE DOS AVESSOS": UMA ANÁLISE DA
REPRESENTAÇÃO DA MULHER, SOB O VIÉS DA CRÍTICA FEMINISTA, NOS CONTOS DO LIVRO
TERESA DECIDE FALAR, DE LINDEVANIA MARTINS

Ana Karoline de Almeida Da Silva (UFMA)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir a representação da mulher na


literatura contemporânea, utilizando como objeto de estudo os contos Teresa decide falar, Fim
de expediente e Domingo Sangrento presentes no livro Teresa decidem falar, da escritora
maranhense Lindevania Martins. As narrativas giram em torno de uma figura feminina que, em
meio a situações de opressão e violência, busca por mudanças. A autora, de forma especial,
aborda a temática da violência, conferindo destaque aos grupos vulneráveis e minorias. Nesse
sentido, serão examinadas as formas de insurgência contra à estrutura patriarcal presentes nas
narrativas selecionadas. Será investigado de que maneira a autora desconstrói os lugares
socialmente demarcados para as mulheres, subvertendo estereótipos e questionando as
normas de gênero impostas pela sociedade. Além disso, serão relacionadas as diferentes
formas de violência de gênero presentes nos contos, destacando-se os caminhos narrativos
para problematizá-las A análise será realizada a partir de uma perspectiva embasada na Crítica
Feminista. Para isso, será utilizado as contribuições teóricas de autores como Lúcia Osana Zolin
(2009), Virginia Woolf (1929; 2012), Constância Lima Duarte (2002) e Rosiska Darcy de
Oliveira (2012); que abordam, em seus respectivos estudos, perspectivas relacionadas à crítica
feminista e ao papel da mulher na literatura, tanto como escritora quanto como personagem.
Seus estudos e reflexões nos fornecerão subsídios para uma compreensão mais aprofundada
da representação da mulher nos contos de Teresa decide falar. A metodologia adotada será a
pesquisa bibliográfica, com uma abordagem qualitativa-descritiva dos contos selecionados.
Dessa forma, serão destacadas as características das personagens femininas, as estratégias
narrativas utilizadas pela autora para transmitir suas mensagens. Será dada especial atenção à
representação da mulher como sujeito ativo em meio a situações de opressão e violência, bem
como às diferentes manifestações de violência de gênero retratadas nas narrativas.

Palavras-chave: Representação, literatura, mulher.

EMP?DER [ (AR) ]: DISCURSIVIDADES DE ESTUDANTES DE UM CENTRO DE ENSINO EM


PERÍODO INTEGRAL MEDIANTE A METODOLOGIA FEMINISTA COMO EMANCIPAÇÃO FEMININA

Gabriela Magalhães Sabino (UFG)

Resumo: Neste projeto de doutoramento o objeto de pesquisa é a metodologia feminista e os


impactos de uma pesquis(ação), por intermédio de uma disciplina eletiva, que faz parte do
componente curricular de livre escolha dos alunos de um centro de ensino em período integral,
na cidade de Goiânia. Considera-se a justificativa da relevância temática, por meio dos saberes
sobre a metodologia feminista, demonstrando como os estudos da linguagem, corroboram
frente à necessidade de apreender as discursividades das vivências/ narrativas das mulheres,
especialmente as das participantes de pesquisas, uma vez que esses trabalhos colaboram para
a reflexão acerca das constituições subjetivas de sujeitos silenciados (mulheres), de um nicho
social do qual nada se fala e também que não é ouvido. O objetivo central do trabalho é
analisar a contribuição da disciplina eletiva, por meio das discursividades dos estudantes em
relação a metodologia feminista. Os objetivos específicos são compreender a subjetividade dos
participantes em três momentos (antes, durante e pós, mediante entrevistas e rodas de
conversas) e possibilitar aos estudantes o estudo sobre o movimento do feminismo. As
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hipóteses inicias acerca da pesquisa depreendem por meio da falta de acesso a teorias que,
muitas vezes, ficam na academia e não chegam até o ensino básico, ou seja, obras literárias,
de que os alunos não possuem conhecimento, isto é, até mesmo, os direitos que são
fundamentais em suas vidas e fazem/fariam toda a diferença em suas perspectivas/visões sobre
seus lugares no mundo e de fala. Uma forma de aviso sobre violência (s) estruturais que são
reproduzidas em seus lares e diversos lugares que frequentam socialmente, nos quais não
existe uma instrução sobre como agir, o que fazer, e como aquilo que cliva enquanto um sujeito
histórico, cidadão que deve ser consciente sobre seus direitos e tudo o que cerca. A pesquisa
será aplicada, qualiquantitativa, hipotética dedutiva. As praxiologias acadêmicas elegidas para
discussão situam-se no vasto campo inter/transdisciplinar da Linguística Aplicada Crítica (LAC)
por (Moita Lopes, 1996, 2002, 2006), (Austin, 1990), (Penycook, 1998) com ênfase nos
estudos feministas por (Butler, 2020). Considera-se enquanto possíveis resultados parciais, a
importância de uma perspectiva dos estudos feministas, que possibilitem engendrar soluções
para as práticas problematizadoras no contexto acadêmico e consequentemente fora dos
muros da unidade escolar, com o intuito de refletir e discutir com os participantes sobre a
emancipação social/feminina.

Palavras-chave: Discursividades, Empoderamento, Feminismo.

DA COR DA TERRA: SER INDÍGENA, SER MÚLTIPLO?

Thalissa Ferreira Rodrigues (UFMA)

Resumo: O presente trabalho, situado na Análise Discurso de vertente materialista (PÊCHEUX,


1989), se estrutura em torno de um recorte – em torno do qual se constitui seu corpus – de
nossa pesquisa intitulada “Ser indígena no Brasil atual: estereótipos e ressignificações no
ambiente digital". Trata-se de um gesto inicial de interpretação que se constitui a partir da
análise sequências discursivas recortadas de dizeres produzidos na conta
@historiaseculturasindigenas, publicada na rede social instagram. A pertinência deste estudo
está em investigar e compreender os fenômenos discursivos produzidos pelos sujeitos
indígenas no ambiente digital (FRANÇA, 2015) identificando, descrevendo e analisando como
o indígena se reconstrói e se ressignifica tomando seu lugar de enunciação. Questionamos os
sentidos produzidos em torno dos processos de identificação (ZOPPI-FONTANA, 2017) em
torno do sujeito indígena especificamente no instagram, com o objetivo de analisar quais
sentidos esses discursos produzem em torno do que se considera o ser indígena na atualidade,
sobretudo no que diz respeito a estereótipos produzidos em relação ao sujeito indígena. Para
isso, inicialmente nos sustentaremos principalmente nos conceitos de ideologia, memória,
condições de produção e interdiscurso (ORLANDI, 2013), através de observações das
sequências discursivas e levantando hipóteses de como os discursos funcionam para
desconstruir estereótipos – nesta análise, sobre as várias cores que podem representar a
identidade indígena e sua multiplicidade – , em que momento esses discursos surgiram, em
que memórias se sustentam e (com) quais outros discursos os atravessam e dialogam, através
da identificação de regularidades. Diante dessa discussão, esperamos obter resultados que nos
ajudem a compreender o percurso de construção de sentidos que desestruturam os
estereótipos em torno do ser indígena, nesta análise, sobretudo trazendo a temática das cores
que atravessam sua identidade, como elas se situam nessa discussão e quais seriam seus
significados para os sujeitos indígenas. Desse modo, pretendemos proporcionar reflexões à
comunidade leitora em geral, incluindo àquela que se concentra no ambiente digital, numa
tentativa de contribuir no que diz respeito ao olhar além do que está evidente.
Palavras-chave: indígena, terra, estereótipos, interdiscurso
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ANTÍGONA: TIRANIA, HONRA E RESISTÊNCIA

Júlia Graziela da Silva dos Santos (UFMS)

Resumo: Neste estudo, pretendo demonstrar de que modo a maneira de resistir da personagem
Antígona, de Sófocles pode ser considerada uma forma de busca pela morte honrosa, e
principalmente, de que maneira o discurso construído pela personagem vai de encontro a
tirania do personagem Creonte. Ora, Antígona resiste a tirania, resiste a opressão de um tirano
que é cego pelo poder e isso faz com que ela seja condenada a morte. Embora a discussão
sobre uma tragédia Grega antiga, possa parecer banal, é de fato crucial com relação às
questões atuais, pois o que está aqui em jogo é pensar o limite de um discurso impositivo,
onde esse discurso não dialoga com você, apenas te impõe algo que fora determinado por
outrem. Assim, é importante destacar que segundo Lacan, Antígona possui o “puro desejo da
morte”. Ora, Antígona enterra o irmão morto, Polinices, e esse desejo é que vai dar sentido ao
seu destino. Em última análise, o meu objetivo é demonstrar que Antígona resiste a tirania de
Creonte, para que ela também possa ter uma morte honrosa.

Palavras-chave: Antígona, tirania, honra, resistência.

HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO: UMA ANÁLISE DOS ADOLESCENTES HOMOSSEXUAIS E A


ESCOLA A PARTIR DA TEORIA QUEER

Ednardo Costa Montelo (UFMA)

Resumo: Este trabalho analisa os discursos dos personagens do filme Hoje Eu Quero Voltar
Sozinho da autoria do Daniel Ribeiro (2014), realizado e produzido no território nacional. O
filme retrata a vida do adolescente Leonardo, que é cego, estudante do ensino médio e busca
pela sua independência. Como qualquer adolescente, busca viver seus sonhos, porém seus pais
não o apoiam pela sua condição visual. Até chegar Gabriel na sua vida que percebe-se pelas
cenas que ele não faz impedimento quanto a Léo, Gabriel trata o seu parceiro como uma pessoa
comum sem nenhuma deficiência, em certas cenas é visto Gabriel levando Léo ao cinema,
perguntando se ele viu o vídeo que está em alto, ensinando a andar de bicicleta e até levando
para ver o eclipse, mostrando que ele pode realizar tudo que deseja, só ter coragem e assim,
inicia o relacionamento entre os personagens que sem medo demonstram isso durante o filme.
O referencial teórico é a partir da visão dos Estudos gays que visa a representação de gênero
e sexualidade, além da Teoria Queer. Tendo como principais teóricos Foucault (2020), Butler
(2019), Spargo (2019) e Miskolci (2020). Os discursos do longa-metragem foram analisados
a partir da Teoria Queer, principalmente, a partir da leitura do autor Miskolci (2020) que traz
em sua pesquisa reflexões das pessoas Queers no ambiente escolar e familiar que busca
desconstruir os padrões impostos pelas heteronormatividade. Desse modo, foi submetido a
uma leitura de cenas e discursos para observar o quanto o filme se propõe a seguir a proposta
do Cinema Queer de desprezar a heteronormatividade presente na sociedade e como ali é
retratado, principalmente nos personagens de Gabriel e Leonardo. A partir dessa breve análise
percebemos a bela representação do queer no cinema brasileiro, onde a quase todo tempo há
quebra de padrões com a coragem dos personagens, em certos momentos, de demonstrar o
que sentia pelo seu parceiro.

Palavras-chave: Queer; Cinema queer brasileiro; Escola; Literatura

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A LITERATURA NO CURSO DE LETRAS LIBRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Naysa Christine Serra Silva (UFMA),


Thelma Helena Costa Chahini (UFMA)

Resumo: Sabe-se que a Literatura é uma das áreas de grande importância para a formação do
profissional de Letras, pois possibilita, além do enriquecimento curricular, a apreciação da arte
através dos textos literários, que traçam uma linha história da humanidade por meios das
escolas, suas características e autores. E este trabalho tem como objetivo discutir sobre o
cenário da Literatura no curso Letras Libras da Universidade Federal do Maranhão, destacando
os conteúdos contidos em sua ementa. Sendo uma pesquisa de campo, os pesquisadores
entrevistaram 12 educandos do curso, que relataram a insatisfação com a disciplina por
diversos motivos, averiguaram as colocações avaliando os conteúdos da ementa da disciplina,
compararam a mesma com outras de cursos de Letras Libras de diferentes instituições. Para
embasamento teórico, autores tais como: Marisa Lajolo (1995), Minayo (2001), Rouxel (2013),
Neiva de Aquino (2016), entre outros foram consultados. Os dados foram obtidos por meio de
questionário semiestruturado, construído e aplicado por meio de aplicativos digitais junto aos
participantes em abril/2021. Alguns resultados preliminares apontam que a Literatura tem sido
uma “coadjuvante” entre as disciplinas do curso de Letras Libras da UFMA, o que resulta em
diversas consequências, uma delas é a impossibilidade de instigar o senso crítico do futuro
professor de Libras. Com isso, faz-se necessário uma revisão curricular, que insira outras
disciplinas que contemplem a Literatura, concedendo aos graduandos do curso os
conhecimentos que a Literatura viabiliza.

Palavras-chave: Literatura. Letras Libras. Disciplina. Formação.

IDENTIDADE E RESISTÊNCIA: O PROTAGONISMO INDÍGENA EM A TERRA É A MÃE DO ÍNDIO


(1989), DE ELIANE POTIGUARA

Ronald Eduardo Pereira Nascimento (UFMA)


Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo destacar a participação direta de escritores
indígenas na literatura brasileira, com foco especial em Eliane Potiguara e seu livro A Terra é a
Mãe do Índio. A autora busca expressar sua voz e escrita como forma de autoexpressão e
valorização de suas ancestralidades e costumes, contribuindo para uma resistência física e
simbólica. Para embasar a discussão, foi realizada uma revisão literária sobre a literatura
indígena contemporânea no Brasil, com destaque para as obras de Graça Graúna (2012), Daniel
Munduruku (2018) e, especialmente, A Terra é a Mãe do Índio (1989), de Eliane Potiguara.
Potiguara utiliza a literatura como uma forma de resistência e conscientização social,
incorporando elementos tradicionais da cultura indígena. A literatura indígena desempenha um
papel fundamental na valorização e compreensão da diversidade cultural existente no Brasil,
combatendo a invisibilidade e marginalização histórica dos povos indígenas. Essa forma de
expressão contribui para uma visão mais completa e rica da identidade nacional. A existência
dessa literatura é de extrema importância, pois dá voz e visibilidade às culturas e tradições dos
povos indígenas, abordando questões como a identidade indígena, os direitos dos povos
originários, a violência territorial e a preservação da natureza.

Palavras-chave: Literatura indígena, Resistência, Eliane Potiguara

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O LETRAMENTO LITERÁRIO NA UTILIZAÇÃO DA SEQUÊNCIA BÁSICA PARA O ENSINO DE
ALUNOS SURDOS

Renan Torres da Costa (UNIFESSPA)

Resumo: A literatura é uma arte que deve ser apreciada por todos, já que um direito como
qualquer outro. Não é diferente que seja compartilhada e ensinada aos alunos surdos, pois
precisam ter acesso ao texto literário na íntegra, e não trabalhar apenas com recortes. Com
isso, o presente trabalho apresenta a problemática do ensino de literatura a alunos surdos
usuários da Libras, especificamente no ensino médio, destacando um ensino enviesado em
uma prática de língua oral, não reconhecendo a identidade e a cultura surda. Em muitos casos,
os professores de literatura do ensino médio não levam o texto na íntegra, o que prejudica
não apenas aos surdos, mas aos alunos ouvintes. O objetivo parte de uma compreensão do
que é o sujeito surdo na sociedade brasileira, bem como na elaboração de uma proposta de
letramento literário baseada na sequência básica de Cosson (2021) em uma sala de aula que
tenha surdos e ouvintes e um docente que não saiba libras, ou tenha um conhecimento mínimo,
lotado no ensino médio. Para a elaboração do trabalho, tomou-se como pesquisas
bibliográficas em relação ao letramento literário de alunos surdos e foram constatadas que
ainda há pouco material didático e pedagógico disponíveis para consulta. Isto é, não há muitas
metodologias voltadas ao ensino de literatura para surdos no ensino médio. Em vista disso, a
proposta foi elaborada para aplicação nesta etapa de ensino, mas que pode ser também
realizada em outras etapas de ensino. A obra escolhida para ser trabalhada foi o conto O
Alienista, de Machado de Assis. Com isso, o trabalho mostra-se que é essencial o ensino de
literatura a esse público, a fim de que se tornem leitores, mas que haja também um
comprometimento do que é ensinar esta arte, bem como na elaboração de propostas
metodológicas que comtemplem aos alunos surdos no ensino médio, respeitando suas
singularidades linguísticas e culturais. Por isso, a proposta é um caminho para trabalhar com
o aluno surdo e, assim, possibilitará a formação desses leitores, objetivando o que é realmente
o letramento literário.

Palavras-chave: Literatura e Ensino, Letramento literário, Surdo.

ENSINO E EXTENSÃO: UMA PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO CULTURAL E CIDADÃ DO


DISCENTE DO ENSINO BÁSICO

Bárbara Poli Uliano Shinkawa (IFPR)

Resumo: A trajetória educacional, as experiências e os saberes vividos e adquiridos no espaço


escolar influenciam profundamente a vida do educando. Tendo isso em vista, a preocupação
para que o ensino ofertado seja ainda mais rico e amplo de saberes deve integrar o cotidiano
de todos os envolvidos na formação discente. Assim, esta comunicação se propõe a relatar
uma experiência entre uma ação de extensão abordando textualidades/literatura de povos
indígenas e, depois, a presença desse tema e o efeito da ação nas aulas de Língua Portuguesa
e Literatura Brasileira. Essa abordagem objetiva apontar a importância e a necessidade de uma
práxis pedagógica que leve em consideração a pluralidade de saberes para que haja formação
acadêmica e cidadã. Para o desenvolvimento da proposta, este estudo se baseou nos
documentos oficiais da educação brasileira (Leis, referenciais, diretrizes, etc.), além das
produções literárias indígenas e apoio teórico, linguístico e literário. A partir dessa experiência,
compreende-se que é preciso seguir avançando com estudos e em capacitação para que, por
exemplo, o ensino da história e da cultura indígena no ensino básico aconteça
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satisfatoriamente. Ainda que os documentos oficiais da educação respaldem e incentivem a
diversidade e a diferença de saberes e experiências, a prática disso, ou seja, uma práxis
pedagógica dotada de diversidade e diferença carece de apoio, incentivo e investimento.

Palavras-chave: Ensino, Extensão, Literatura, Cultura, Cidadania.

A MEMÓRIA COMO RETRATO DOS "ESQUECIDOS" EM PONCIÁ VICÊNCIO DE CONCEIÇÃO


EVARISTO

Emerson Silva Sousa (UFMA)

Resumo: Este trabalho visa apresentar o artigo intitulado A memória como retrato dos
“esquecidos” em Ponciá Vicêncio de Conceição Evaristo, desenvolvido no curso de Letras, como
parte da disciplina Literatura Afro-brasileira e Indígena. Onde proponho abordar sobre as
condições sociais sofridas pelos afrodescendentes, trazendo a partir da memória dos
personagens as situações aos quais foram submetidos e marginalizados e, dialogar sobre como
os filhos de ex-escravos da primeira geração que sucedeu tanto a Lei Áurea como a do Ventre
Livre, sofreram para se encontrarem e posicionarem em uma terra de não-pertencimento. O
objetivo deste artigo é analisar as condições sociais sofridas por esta população, onde tais
situações são recorrente nas memorias dos que foram esquecidos pelo sistema brasileiro
durante anos. Em específicos, analisamos como as denúncias sociais expostas pela autora por
meio das vivências dos personagens refletem sobre a memória dos mesmo; dialogar como
Ponciá simboliza o espaço e o tempo de uma história contundida, de exclusão e subserviência
que foi imposto ao povo afrodescendente brasileiro e; refletir por meio do romance as
condições sofridas pelos personagens e, como isso se configura nos dias atuais. A pesquisa é
de foco bibliográfico e qualitativa e para a realização da análise, o texto se fundamenta por
meio dos estudos de Cuti (2010) Literatura Negro-Brasileira, Consciência em debate, para
falarmos sobre a escrita da autora e apontar aspectos que classificam a mesma como uma
contemporânea e representante da escrita negro-brasileira; Andrade (2016) que analisa em
seu artigo as denúncias sociais na obra e, aponta as problemáticas raciais e de gêneros
presentes no livro e; Halbwachs (1990) que nos apresenta o conceito de memória coletiva e
explicarmos como a mesma se configura dentro da obra.

Palavras-chave: Memória, Afrodescendentes, Conceição Evaristo.

UMA BRUXA CONTEMPORÂNEA? NOVOS CAMINHOS PARA A RECONSTRUÇÃO DE UMA


IMAGEM BEM CONHECIDA

Camylle Crystina Pessoa Bezerra (UFMA)

Resumo: A bruxa não vai para a fogueira neste livro, escrito por Amanda Lovelace, é o primeiro
volume de uma série de livros de poesia intitulada Women Are Some Kind of Magic ("As
Mulheres São Algum Tipo de Magia", em tradução livre). O livro, que segue um estilo poético
contemporâneo, explora temas como feminismo, autoaceitação, relacionamentos abusivos,
traumas e resiliência. Seus poemas abordam questões como o empoderamento feminino, a
superação de adversidades, a busca pela autenticidade e a importância de encontrar a própria
voz. A autora utiliza um estilo, com versos curtos e diretos. Para essa discussão, utilizaremos
como aporte teórico os estudos de Silvia Federici na obra Calibrã e a Bruxa (2014).

Palavras-chave: Bruxa. Contemporaneidade. Poética. Representação.


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AS RELAÇÕES DE PODER EM CORALINE: O PAPEL DA (OUTRA) MÃE NA NARRATIVA E O
ARQUÉTIPO DA MADRASTA VILÃ NO CONTO DE NEIL GAIMAN

Vivian Jordanna Carvalho de Melo Azevedo (UEMA

Resumo: A presente pesquisa, nomeada "AS RELAÇÕES DE PODER EM CORALINE: o papel da


(outra) mãe na narrativa e o arquétipo da madrasta vilã no conto de Neil Gaiman", tem como
intuito analisar a forma com que, no conto de fadas moderno Coraline, a figura da (outra) mãe
exerce poder sobre a personagem principal da trama, e, ainda, como as relações entre as
personagens reforçam os arquétipos da madrasta como vilã assombrosa nas narrativas infanto
juvenis. Publicado pela primeira vez em 2002, e alcançando sucesso mundial, o livro Coraline
conta a história de uma menininha que leva o mesmo nome da obra e sua aventura macabra
contra os pais do outro mundo, em especial, contra a outra-mãe, uma figura macabra e com
olhos de botões muito parecida com a verdadeira mãe de Coraline. A obra de Gaiman, embora
mais longa do que os contos tradicionais, faz parte do acervo de histórias fantásticas
contemporâneas que se encaixam no conto de fadas por suas características mágicas e pela
história com mensagens moralizantes para o leitor. O que torna o enredo tão único é trazer
elementos macabros e aterrorizantes para a narrativa infantil, como os olhos de botões, as
garras e espíritos de crianças aprisionadas, temas não tão comuns em histórias voltadas para
este público. Portanto, a partir da leitura e análise do texto literário em questão, pretende-se
compreender as formas com que a narrativa de Neil Gaiman, considerada ficção de terror
infantil, tece as relações entre a figura materna/madrasta (representada pela outra-mãe) e filha
(Coraline), o que reforça os domínios familiares nas narrativas fantásticas destinadas ao público
infanto-juvenil, e, ainda, perpetua e altera o arquétipo da vilã dos contos de fadas tradicionais
na narrativa contemporânea. A pesquisa conta o referencial teórico de estudiosos como
Bettelheim (2002), Nelly Novaes Coelho (2003), Santos (2020), Marie-Louise Von Franz (2002)
e demais pesquisadores da área que contribuem para a revisão teórica da pesquisa.

Palavras-chave: Arquétipo, Madrasta, Vilã, Coraline.

JUANITA LA LARGA: A ESTEREOTIPIA FEMININA NO REALISMO ESPANHOL.

Jennyfer Cristine Bouéres Evangelista (UFMA

Resumo: O presente trabalho versa sobre os estereótipos e os clichês presentes na


caracterização dos personagens femininos de Juniata La Larga, romance realista, psicológico e
de costumes, do romancista espanhol Juan Valera y Alcalá-Galiano, publicado em, 1885, época
de transição dos ideais românticos aos realistas, na literatura espanhola. Na narrativa em
questão, observamos que a educação das mulheres era bastante voltada para os afazeres
domésticos, ao passo que os homens recebiam uma instrução mais vasta que os concedia
assumir diversos papéis sociais e cargos públicos de destaque. De acordo com Amo (2018), a
qualidade dos homens era vencer as más inclinações, ao contrário das mulheres, que para
serem virtuosas precisavam cumprir corretamente a sua função dentro da sociedade, sendo
assim, a mulher era educada para cumprir o papel, a função social de boa filha, mãe virtuosa,
esposa dedicada/recatada, avó exemplar, estereótipos de bom comportamento em seus lares,
fazendo com que suas vidas acadêmica e profissional ficasse em segundo plano ou até mesmo
inexistisse. Juanita, protagonista do romance, quebra esses ideais sociais da segunda metade
do século XIX, uma vez que ascende na hierarquia social, a partir de tudo o que já afirmamos,
nosso principal com esta pesquisa se constitui em mostras os estereótipos femininos no
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romance realista espanhol Juanita La Larga, para tanto, adotamos como procedimento teórico-
metodológico, a pesquisa bibliográfica qualitativa e de caráter descritivo buscando identificar
os estereótipos atribuídos às personagens e, também, o rompimento dos estereótipos por
meio da mudança de comportamento dessas mulheres frente aos costumes que lhes eram
impostos, sob a ótica Pereira (2002), Cabrales (2015), Amossy e Pierrot (2010), Rico (1982),
Díaz-Plaza (1950), Correa (1985), Amo (2018) e Domingo (1989). Acreditamos que nossa
análise literária contribui para melhor compreendermos os avanços/mudanças sociais
relacionados à posição que as personagens/mulheres alcançaram na sociedade, que somente
foi possível pela emancipação oferecida por uma educação mais igualitária e pela constante
luta das mulheres ao longo dos anos.

Palavras-chave: Juanita la Larga, Realismo, Estereotipia feminina.

A TERRA DOS MIL POVOS: DESCOLONIZANDO O DISCURSO DO "DESCOBRIMENTO" E


ESTEREÓTIPOS INDÍGENAS

Antonia Beatriz de Paula Viana (UFMA)

Resumo: Este trabalho surgiu a partir de uma pergunta: Quais são as identidades criadas pelo
indígena sobre si e quais foram recriadas pelo colonizador? Assim, esta pesquisa tem como
foco central, discutir a representação sociocultural indígena brasileira, evidenciar os
estereótipos enfatizados pelos colonizadores sobre o indígena e revelar uma reescrita da
história do “descobrimento” a partir do olhar do próprio indígena, como forma de evitar o
etnocentrismo e o silenciamento imposto por quase quinhentos anos aos povos originários. A
escrita indígena, que começa a ganhar espaço a partir de 1990 surgiu como um contradiscurso
à unilateralidade da história da colonização brasileira. Neste sentido, o trabalho faz uma relação
entre o discurso não hegemônico da literatura indígena e a visão colonizadora a qual os
indígenas foram representados nos textos do período colonial, no qual, remete e reflete até
hoje no imaginário do que é o índio, como objeto e o indígena, como sujeito. Para tal, será
levando em conta Graça Graúna (2013), Linda Tuhiwai Smith (2018), Janice Thiél (2012) e a
Carta de Caminha sobre o descobrimento, datada de 1500, antigos relatos de viajantes do
período e periódicos, que ajudem a enriquecer a discussão levantada. Portanto, nota-se que a
literatura quando traz a voz do sujeito indígena contribui para a decolonização de poder e
saber imposta pelos europeus durante o processo de colonização, inclusive torna os povos
originários sujeitos de si e donos de uma escrita comprometida com as transformações sociais
da teoria pós-colonial. Além disso, contribui para a fragmentação das estereotipias formuladas
nos discursos dos viajantes colonizadores e ressignificada na literatura indianista alencariana
oitocentista.

Palavras-chave: identidades, sujeito, objeto, contradiscurso.

TOPÔNIMOS DO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS E SUA GAMIFICAÇÃO

Dayanne Karen Ferreira da Silva (UFMA)


Heloísa Reis Curvelo (UFMA)

Resumo: Segundo Radoff e Smith, o termo gamificação começou a ser mencionado na imprensa
no fim de 2012 e pode ser entendido como "transformar algo em jogo". Aproveitando que as
pessoas gostam de jogar, mas em seu cotidiano são confrontadas com atividades que muitas
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das vezes são enfadonhas, a gamificação utiliza as mecânicas dos jogos para aumentar o
envolvimento dos jogadores nessas atividades. Gibson (2012), defende que a educação é uma
área particular com elevado potencial para a aplicação de jogos sérios, ou seja, um jogo que
além de entreter transmita conhecimentos de alguma área específica, nesta pesquisa,
conhecimentos sobre a Toponímia Ludovicense. A Toponímia é uma área de estudos
linguísticos relacionados à Lexicologia, que tem por objeto de estudo os topônimos, nomes
próprios de lugares. As pesquisas sobre os topônimos são imprescindíveis para o
conhecimento de diversos aspectos de um povo e de uma comunidade, Dick(1990) ressalta
que os topônimos são importantes fatores de comunicação permitindo, de modo plausível, a
referência da entidade por eles designada, ela defende que os topônimos são verdadeiros
testemunhos históricos de fatos e ocorrências registradas nos mais diversos momentos da vida
de uma população, por englobar diversos aspectos e diversas áreas de estudo não podem ser
vistos apenas como um identificador de características de uma localidade. Considerando que
os topônimos são parte da língua de um povo, de sua documentação lexical, e que espelham
seus interesses, seus valores, sua realidade e estabelecem uma relação fundamental entre a
língua e a cultura de uma comunidade, nossa pesquisa centra-se nos topônimos do Centro
Histórico de São Luís – MA, necessariamente, nomes de ruas que resgatam a história de São
Luís e de algumas personalidades importantes, estas ruas são: Aluísio Azevedo, Maranhão
Sobrinho, José Augusto Correia, Euclides Farias, Correia da Silva, José Bonifácio, Cândido
Ribeiro, Egito, Oswaldo Cruz, Mocambo e José Barreto, diante disso, nossos objetivos são:
pesquisar a motivação toponomástica em obras de referência da toponímia, montar perguntas
para compor os jogos, logar nas plataformas, criar jogos e coletar informações sobre os
jogadores. Para alcançá-los, adotamos como procedimentos teóricos-metodológicos a coleta
de dados a partir de pesquisas bibliográficas em Melo (1990), Oliveira (2008), Vieira Filho
(1971), Zago Filho (2018). Para a gamificação, as plataformas que elencamos são o Kahoot
(2013), o Educaplay (2010), o Quizziz (2015) e o Wordwall (2012), essas ferramentas
digitais/educativas são gratuitas, de fácil manuseio, servem para a criação de quizzes, caça
palavras, nuvens de palavras dentre outros jogos, todas estão disponíveis online e em
aplicativos para Android e IOS e nos possibilitam publicar alguns games, fazer pdf, criar link
ou código QR. Com as informações sobre as ruas coletadas nas quatro obras, os jogadores
poderão conhecer mais sobre a cidade de São Luís e sobre os autores através das estratégias
que os games possuem para que o jogador fique concentrado, como feedbacks instantâneos,
mensagens de incentivos, pontuações e até curiosidade sobre as ruas, tudo para deixá-los mais
entretidos no game.

Palavras-chave: Toponímia, Centro histórico São Luís, Gamificação.

O RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DO SER NEGRO NO BRASIL: UMA LEITURA COMPARADA


DE JOÃO EM O BEIJO NA PAREDE E HENRIQUE NA OBRA O AVESSO DA PELE DE JEFERSON
TENÓRIO

Havilla Cristina Costa da Silva (UFMA)

Resumo: O autor contemporâneo, Jeferson Tenório, apresenta em suas duas obras a forma que
os personagens João e Henrique se reconhecem enquanto sujeitos negros e percebem as
implicações disso na sociedade. João, ao narrar sua própria história, recorre as suas memórias,
apresentando que foi na escola onde ele soube que era negro e a diferença que isso fazia na
sua vida. A partir disso, João narra as situações por ele vivenciadas de racismo dentro do
ambiente escolar e da própria família paterna. Ademais, ele aponta reflexões mesmo sendo
uma criança sobre a relação entre ser preto e ser uma pessoa, embora para ele não faça sentido
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todas as distinções feitas pela sociedade, mas mesmo assim ele busca-as constantemente, pois
sabe da importância disso na sua vida social. Já em O Avesso da Pele, Henrique tem sua história
contada através de seu filho Pedro e só consegue perceber o contexto em que está inserido a
partir das discussões levantadas na faculdade pelo professor Oliveira que explica sobre o
movimento da negritude e o faz repensar em todas as situações de racismo que já vivenciou
como, a sexualização de seu corpo, violências e abordagens policiais. Ainda mais, é a partir
desse conhecimento que os personagens passam a ficar mais atentos às violências e
preconceitos de origem racial. Apesar dos pontos que divergem entre os personagens, como
a idade, o contexto em que estavam inseridos e as oportunidades que tiveram na vida, os dois
personagens podem ser correlacionados a partir de suas condições como homens pretos no
Brasil. Em vista disso, foi feita uma análise dos romances, delimitando essa perspectiva e
tomando como exemplo a descrição dos episódios das vidas deles. Por essa razão, esse
trabalho leva em consideração as vivências reais e diárias presentes principalmente em um país
extremamente racista como o Brasil. Logo, para a realização deste trabalho foram realizadas
pesquisas biográficas sobre a obra, sobre a conjuntura social brasileira contemporânea, além
de fontes que teorizam sobre essas temáticas, como Almeida (2019), Kilomba (2019), Munanga
(2019), Santos (1983), entre outros.

Palavras-chave: Racismo. Negritude. Literatura Comparada

GRAÇA GRAÚNA E PAULO LEMINSKI: HAICAIS EM QUESTÃO

Gabriela Raizaro Tosi (PUC-SP)

Resumo: A forma poética haicai é uma forma fixa de origem japonesa com poucos versos e
poucas sílabas poéticas; esse formato poética exige poder de concisão e precisão com a palavra
que exigem uma precisão poética para transmitir a mensagem em pouco espaço. Essa forma
poética é desafiadora e necessita de grande habilidade poética para a sua tessitura e, embora
a poesia indígena brasileira seja desconhecida do grande público, há autores que se dedicam
a esse gênero literário. Uma autora indígena na qual é possível encontrar esse tipo de produção
é Graça Graúna, em cuja escrita é possível observar essas habilidades. Docente do ensino
superior e autora Graça Graúna, indígena de origem potiguara, bem como em Paulo Leminski,
poeta brasileiro nascido em Curitiba, consagrado pela sua produção poética, possuem pontos
de convergência estética em seus poemas. Neste estudo, objetiva-se explorar o efeito estético
que a autora indígena obtém com essa forma fixa, o haicai, em Flor da mata (2014) e em
mostrar como cada haicai colabora com o resultado da obra em questão. Almeja-se ainda
compartilhar as estratégias de escrita que os autores utilizam para construir as imagens
presentes nos seus poemas e os efeitos que obtêm com esses recursos. O método bibliográfico
será utilizado para realizar esse estudo, que se dará por meio da análise estrutural e temática
dos haicais de Graça Graúna e Paulo Leminski. Consequentemente, se torna possível verificar
como a literatura indígena brasileira possui autores atentos à tradição literária não indígena e
como se dá o seu diálogo com outras vertentes literárias nacionais e o impacto que esse
diálogo causa na arquitetônica dessa produção.

Palavras-chave: Literatura indígena, haikai, Graça Graúna.

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O CARNAVAL LATINO-AMERICANO COMO FERRAMENTA DE ENSINO: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA DE TIROCÍNIO DOCENTE EM DISCIPLINAS DE ESPANHOL DO CURSO DE
LETRAS(ESPANHOL)/UFBA

Sueli Fontes De Araujo (UFBA)

Resumo: Este relato de experiência tem como objetivo compartilhar as vivências obtidas
durante o meu tirocínio docente em duas disciplinas obrigatórias do curso de Letras/Língua
Estrangeira (Espanhol) da Universidade Federal da Bahia – UFBA, a saber, Leitura de Produções
Artísticas em Língua Espanhola e Leitura de Produções da Mídia em Língua Espanhola, nas
quais busquei explorar a temática do carnaval latino-americano, tendo como recorte inicial
países como Brasil, Argentina, Bolívia, Espanha e Uruguai, nos quais o carnaval desempenha
um papel cultural significativo. Além disso, procurou-se adotar uma abordagem dialógica no
ensino de língua, considerando a concepção de linguagem como forma de interação. No
contexto das aulas de espanhol, o carnaval latino-americano revelou-se um recurso pedagógico
rico e envolvente. Através de diferentes atividades, como estudos de espetáculos culturais dos
diversos gêneros apresentados pela docente tirocinante e pesquisados pelo grupo, leitura de
textos de teóricos/as sobre a temática, análise de músicas e vídeos, pesquisa de costumes e
tradições, os/as alunos/as foram incentivados/as a explorar as peculiaridades e a diversidade
cultural presentes nos carnavais dos países mencionados e foram além ampliando o número
de países incluindo Chile, Colômbia, México, Costa Rica, Peru, Cuba, Equador, El Salvador,
Venezuela e Guatemala. Além disso, foram incentivados/as a refletir sobre como a língua
espanhola é uma ferramenta de interação social e discursiva. A abordagem dialógica foi
adotada como base teórica para a condução das aulas, buscando criar um ambiente de
aprendizagem interativo, no qual os/as alunos/as pudessem participar ativamente das
discussões, expressar suas opiniões e desenvolver habilidades comunicativas em espanhol. As
aulas foram planejadas de forma a promover a interação entre os/as estudantes e a docente
tirocinante, bem como entre o grupo de estudantes, estimulando o diálogo e a construção de
conhecimento de forma colaborativa. Ao longo das semanas em que foi realizado o tirocínio
docente, foi possível observar os resultados positivos dessa abordagem. Os/as estudantes
mostraram-se mais engajados/as e motivados/as, demonstrando um maior interesse pela
cultura latino-americana e uma melhora significativa em suas habilidades linguísticas, bem
como pela discussão de temas presentes nos espetáculos envolvendo violência, política
nacional, violência de gênero, relações entre países, desemprego, subemprego, desigualdades,
preconceitos diversos, machismo, feminismo, políticas públicas, entre outros. Além disso, as
reflexões proporcionaram uma compreensão mais profunda do processo de ensino-
aprendizagem, destacando a importância do diálogo e da interação para o desenvolvimento
da linguagem e para o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem. Em suma, este
relato de experiência evidencia a relevância do carnaval latino-americano como recurso
pedagógico para o ensino de espanhol. Espera-se que este relato possa contribuir para a
promoção de práticas pedagógicas mais dinâmicas e interativas no contexto do ensino de
línguas estrangeiras.

Palavras-chave: Carnaval, ensino de espanhol, abordagem dialógica

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FC DISTÓPICA CONTEMPORÂNEA NO CINEMA BRASILEIRO: ANÁLISE DO FILME MEDIDA
PROVISÓRIA (2022)

Jucélia de Oliveira Martins (UFG/UFCAT)

Resumo: A literatura de ficção científica brasileira sempre foi fortemente influenciada pelas
obras em língua anglófona. De igual modo, essa inclinação pode ser registrada em relação ao
cinema de FC nacional. Assim como "Jogos vorazes" (2008) impulsionou o lançamento de
outras franquias distópicas contemporâneas (em linguagem anglófona) nas telas, como "Uma
noite de crime" (2013), "Divergente" (2014), etc., não é absurdo supor que seu sucesso
comercial teve sua parcela de contribuição para que produtoras do Brasil visualizassem a força
da FC distópica hodierna e quisessem investir nesse subgênero. No que diz respeito às
produções cinematográficas distópicas brasileiras, um bom exemplo é o filme "Medida
provisória" (2022). O longa se passa em um momento futuro não especificado e retrata um
Brasil no qual o governo federal, desejando escusar-se da obrigação de indenizar
monetariamente a população negra pelos danos historicamente perpetuados como efeito do
regime de escravidão imposta aos mesmos, opta por expedir uma medida provisória que
estabelece a título de reparação a deportação de todos os cidadãos negros e seus
descendentes aos países africanos, sob a alegação de que estes eram seus verdadeiros locais
de origem. A presente comunicação almeja apontar os aspectos caracterizadores de uma
distopia no longa supramencionado, além de diferenciar as distopias clássicas das
contemporâneas. Como suporte teórico, utilizar-se-ão as proposições de pesquisadores e
críticos como Araújo (2018), Mendes (2020), Silva (2021), Roberts (2018), dentre outros.

Palavras-chave: Ficção Científica, Distopia, Medida provisória.

A LITERATURA ECOANDO VOZES: MEMÓRIA E TESTEMUNHO EM "UM RIO SEM FIM", DE


VERENILDE SANTOS PEREIRA

Neila Braga Monteiro (UEA)

Resumo: Com o advento dos estudos decoloniais, o campo literário deu voz aos sujeitos que
por muito tempo viveram às margens, sobretudo aos povos indígenas. Considerados como
grupos marginalizados, eles afloraram no universo cultural brasileiro e despojaram suas ideias,
criações e identidades no ambiente dos romances, dando lugar à descolonização dos escritos
formulados sobre eles. O romance Um rio sem fim (1998), da jornalista e escritora Afro-
indígena Verenilde Santos Pereira, se torna um desses romances com um pano de fundo
histórico de cunho testemunhal. Verenilde descortina a atuação das missões religiosas no Alto
Rio Negro, assim como também aborda uma variedade de personagens indígenas, que
padeceram com as múltiplas violências exercidas pelos religiosos. Diante disso, a justificativa
deste trabalho, se associa com a emergência de abordar a obra como um elemento
potencializador da memória, visto que os cenários e os personagens construídos pela autora
se associam à realidade. A partir de uma abordagem qualitativa, nos apoiando em Seligmann
(2017), Carvalho Junior (2017), Todorov (2019), e nas fontes de O jornal do comércio,
Porantim e Folha de São Paulo, objetivamos analisar o romance Um rio sem fim pelo viés das
notícias, destacando o impacto interétnico e de gênero em São Gabriel da Cachoeira, no Estado
do Amazonas.

Palavras-chave: Literatura, Memória, Testemunho, Verenilde Pereira

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DA MORTE À PERFORMANCE: O A(U)TOR CONTEMPORÂNEO

Ane Beatriz dos Santos Duailibe (UFPA)

Resumo: A noção de autor passou por momentos distintos ao longo da história, sendo um dos
pontos mais controvertidos dos estudos literários. Na contemporaneidade, vive-se um
momento em que o autor é parte fundamental da sua produção ficcional, não como um fim
último da obra literária, mas como uma figura do espaço público, que possui imagens
vinculadas a diferentes esferas comunicativas, construindo discursos que se entrelaçam e
expandem os limites do literário. A partir desse campo estendido da literatura, cujas margens
extrapolam a letra escrita ao trabalhar com signos que não delimitam seu pertencimento a um
campo específico, seja ele arte, literatura, política ou algum outro, é possível observar a atuação
do escritor performático, evidenciado na cena contemporânea. Ao caminhar por diversos
espaços narrativos, o autor contemporâneo utiliza o palco da linguagem para diluir as fronteiras
que separam os discursos ficcionais, teóricos e midiáticos, expondo, além da espetacularização
da escrita, os múltiplos modos de constituição de um sujeito. A presente comunicação volta-
se para construção de um debate teórico acerca dessa categoria. Para tanto, esquematiza um
percurso que contempla tanto estudos que defendem o apagamento do autor enquanto
instância textual – tais como os postulados de Foucault (2002), Barthes (1989; 2004) e
Agamben (2007) –, como também aqueles que endossam o seu retorno na cena
contemporânea – utilizando como alicerce teórico os estudos de Lejeune (2014), Klinger
(2012), Schollhammer (2011), Aguilar e Cámara (2017), Hoisel (2019), entre outros. Assim,
aponta-se para uma performance do autor, assim como em um espetáculo teatral, retomando
o narrador tradicional postulado por Adorno, quando utiliza um “palco italiano” para
representar a si mesmo. Enquanto nesse último, o ator separa-se da plateia pelo fosso da
orquestra; no contemporâneo, o autor aproxima-se (e/ou separa-se) do público pela construção
de uma figura do escritor − um a(u)tor com poses e máscaras previamente articuladas para a
gestão de uma única marca: a daquele que escreve.

Palavras-chave: Autor, performance, literatura contemporânea.

VARIAÇÃO TERMINOLÓGICA DENOMINATIVA EM MONOGRAFIAS DO CURSO DE LETRAS DA


UFMA DE BACABAL

Erika Vanessa Melo Barroso (UFMA)

Resumo: A presente pesquisa se propõe a discutir as relações funcionais e contextuais que


contribuem para a variação terminológica em textos escritos por graduandos ao final do curso
de Letras da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Para esse estudo, consideramos os
textos de uma mesma área que discutem uma mesma temática. Selecionamos os textos da área
de literatura, uma vez que o número de monografias defendidas no curso foi maior que de
outros domínios de estudo. Todas as monografias versam sobre a representação da mulher em
obras literárias, fazendo uma relação do contexto em que a obra foi escrita com a concepção
de feminilidade no contexto atual. Pensando nisso, nos propomos a verificar como as condições
discursivas contribuem para a variação terminológica na escrita acadêmica considerando os
gêneros textuais sob a perspectiva social, uma vez que o corpus analisado constitui-se de
particularidades da comunicação especializada da área estudada, as quais se apresentam sob
as condições dos modos de comunicação. Elegemos a Terminologia como disciplina de
pesquisa a partir dos estudos de Cabré (2002), Ciapuscio (2003, 2011) entre outros
estudiosos da área, que têm o estudo do léxico como foco de pesquisa no universo
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especializado. Para tratar sobre o gênero monografia, fazemos um diálogo com a teoria dos
gêneros de Bakhtin (2016), buscamos apoio no conceito de comunidade discursiva e dos
gêneros em ambientes acadêmicos, de Swales (1990, 2016), dialogando também com os
postulados de gênero numa perspectiva social em Bezerra (2022). Para alcançarmos os
resultados, os textos foram organizados e processados no programa computacional de análise
lexical, o AntConc, que nos auxiliou a organizar a lista de termos selecionados. Os resultados
mostram que a variação é uma realidade nesse campo e que os termos apresentam variantes
diferentes para cada conceito analisado. O estudo mostra que as relações em torno da variação
terminológica denominativa são significativas para compreendermos os fenômenos presentes
na produção textual acadêmica, uma vez que os discentes, a partir da elaboração da
monografia, se reconhecem como membros da comunidade acadêmica.

Palavras-chave: Variação, Gênero, Comunidade discursiva.

NARRAR O TRAUMA: MEMÓRIA, IDENTIDADE E LUTO EM AZUL CORVO, DE ADRIANA LISBOA,


E MAR AZUL, DE PALOMA VIDAL

Patricia Mariz da Cruz (UFF)

Resumo: Durante a segunda metade do século XX, países da América do Sul testemunharam a
emergência de ditaduras militares. Brasileiros e argentinos, em especial, vivenciaram –
principalmente ao longo da década de 1970 – o terror imposto pelos governos, que se
assemelhavam no modo de atuação, operando por meio de sequestros, torturas,
desaparecimentos e mortes. Com receio de sofrer com os atos violentos, os opositores – e, por
muitas vezes, seus familiares também – sentiam-se obrigados a buscar outro país para morar.
Mais de quarenta anos depois, a história dessas nações novamente se aproxima: o
esquecimento dos momentos de horror parece acometer ambas as sociedades, já que poucos
militares foram responsabilizados pelos crimes cometidos, além de os corpos de muitos
militantes continuarem desaparecidos. A literatura, no entanto, segue caminho oposto ao
tematizar e problematizar as diversas formas de violência vivenciadas no período,
apresentando-se, assim, como uma possibilidade de resistência, conforme aponta Eurídice
Figueiredo (2017), e que podem ser encontradas em Azul corvo (2010) e em Mar azul (2012),
narrativas contempladas neste trabalho. Nos romances, os regimes ditatoriais de Brasil e
Argentina, respectivamente, reverberam na vida das personagens principais. Enquanto na obra
de Adriana Lisboa, a adolescente Vanja conhece, através dos relatos fragmentários do padrasto
– um ex-militante brasileiro exilado nos Estados Unidos –, a existência de uma guerrilha que
não consta nos livros didáticos das aulas de História; em Paloma Vidal, a narradora, uma exilada
política erradicada há três décadas em nosso território, relembra a juventude, a fuga da terra
natal e o exílio no Rio de Janeiro. As lembranças e o insistente questionamento sobre a duração
do luto evidenciam que ainda não houve a superação do luto, o qual pode se referir tanto ao
da democracia quanto ao da melhor amiga, que foi desaparecida pelo governo militar
argentino. Logo, por meio dessas mulheres, é possível compreender como a violência e o terror
impostos pelos regimes totalitários impactam não apenas a história das nações, mas
principalmente a da família, o que, por consequência, afeta a construção identitária das
personagens femininas; tal reflexão é o objeto de análise do presente trabalho. Nesse sentido,
à luz dos estudos de Sigmund Freud (2011), Stuart Hall (2011) e Stefania Chiarelli (2016),
busco analisar, de modo comparativo, as repercussões, direta e indireta, das ditaduras
brasileira e argentina nas identidades das protagonistas dos romances de Adriana Lisboa e de
Paloma Vidal.
Palavras-chave: Identidade; memória; ditadura militar; luto
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MARCAS DE POSSE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO À LUZ DA TEORIA ENUNCIATIVA DE CULIOLI

Marli Ferreira de Carvalho Damasceno (UFPI)

Resumo: Correia (2002) explicita que as línguas, como o português brasileiro, utilizam algumas
formas de marcação de determinação, por meio das classes de determinantes, tais como os
artigos definidos, indefinidos, artigos Ø, partitivos, numerais, demonstrativos, possessivos,
dentre outras possibilidades, que podem ocupar a posição de marcas de determinação nominal
no Sintagma Nominal (SN). Nossa pesquisa estuda os pronomes possessivos que, do ponto de
vista dos gramáticos normativos, podem ser apresentados a partir de uma classificação
superficial – conforme será observado nas duas gramaticas analisadas nesse estudo: Lima
(2012) e Cunha; Cintra (2008) –, em oposição à análise da determinação nominal, chamada
por Culioli (1975) de conjunto de operações elementares, a partir do qual o valor dos
determinantes ultrapassa a diferença morfológica, abordada tradicionalmente no ensino de
língua portuguesa no Brasil. Duas inquietações contribuíram para que este estudo surgisse: de
que forma a gramática normativa compreende a noção de marcadores de posse no PB? E de
que forma essas concepções convergem ou divergem da teoria de determinação nominal?
Acreditamos que a pesquisa pode contribuir para o ensino de língua portuguesa, uma vez que
partimos de uma concepção linguística de que, na língua, nenhuma categoria linguística é dada,
ou funciona como um dado natural, inabalável. Pelo contrário, ela é construída durante a
enunciação. Compreendemos, ainda, que, além da discussão em torno das classificações
tradicionais, é importante destacar que a determinação nominal, nas diferentes línguas, se
manifesta por meio de um conjunto de operações, sendo os determinantes os marcadores
dessa operação. Isso quer dizer que as propriedades gerais devem ser estudadas independes
das condições locais e os sistemas operatórios para além da diversidade dos marcadores
(CULIOLI, 1976). Acerca das duas gramáticas analisadas, percebemos que a de Rocha Lima
apresenta uma visão mais tradicional do uso dos pronomes possessivos. Por outro lado, Cunha
e Cintra trazem um olhar mais amplo à teoria dos pronomes, enumerando suas diversas funções
e usos, que não se restringem apenas à noção de posse. Das contribuições para o ensino,
pontua-se que é necessário que o professor reflita sobre a língua e sobre a instabilidade dos
conceitos dados pelas Gramáticas Normativas, e que essa noção pode ser desconstruída em
sala, junto com os alunos. Ademais, é necessário cada vez mais descrever o PB, reconhecer sua
diversidade, a diversidade de seus falantes e das culturas que ele atravessa. Certamente, um
olhar científico é a melhor ferramenta para cumprir esses objetivos - para entender, descrever,
ensinar e preservar o português brasileiro.

Palavras-chave: Teoria enunciativa, Posse, Gramática Normativa.

A INFLUÊNCIA DO DIALETO CEARENSE NA LINGUAGEM DA POPULAÇÃO RAPOSENSE

Gabriel Quirino Ferreira (SEDUC-MA)


Rakell Ainy Freitas Luz (SEMED- São Luís)

Resumo: A influência do dialeto cearense na linguagem da população raposense Gabriel


Quirino Ferreira Rakell Ainy Freitas Luz O presente artigo propõe o estudo e a análise da
influência do dialeto cearense no linguajar cotidiano dos habitantes de Raposa, uma cidade
fundada por imigrantes vindos do Ceará e que até os dias atuais tem a maior parte de sua
população composta de cearenses e seus descendentes, estando localizada no Maranhão e
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pertencente à metrópole de São Luís. Rica por belezas naturais, a Raposa atrai turistas de
diversos lugares, sendo ainda muito conhecida pela produção de rendas e pela venda de frutos
do mar, resultantes da pescaria artesanal. Neste artigo, baseados em teóricos como AZEVEDO,
Ramiro; VIEIRA, Maria do Socorro M; MELO, Elenice Bezerra. Antropilinguística Raposa. São
Luís: SIOGE, 1980. 79p., usaremos também uma revista histórica do município, “a Biana”.
Tendo como objeto de estudo o próprio dialeto cearense, analisaremos os dados através de
dados de pesquisas feitas com a população da cidade, exploraremos de início a origem e a
história da formação da variação linguística do estado do Ceará para melhor conhecimento de
seu dialeto, ressaltando as influências sofridas de diferentes povos. Compreenderemos sobre
a formação e instituição da cidade de Raposa e a migração dos cearenses para o Maranhão
entre as décadas de 1950 e 1970 e os fatores dessa mudança. Estudaremos e discorreremos
sobre os termos e as palavras em comum usadas por ambas as localidades, dando o significado
dos mesmos, a forma e o exemplo de situação em que são empregados. A pesquisa realizada
para construção desse artigo, além de observar e estudar os aspectos linguísticos do dialeto
cearense e sua influência, busca a valorização e o enaltecimento da variação usada pelo povo
da região nordeste do Brasil, especialmente do estado do Ceará, assim como o poder
influenciador da fala e dos hábitos de colonizadores na formação de suas colônias,
impregnando culturas praticadas por gerações. Além disso, este estudo ainda pretende tornar
conhecida a cidade e os encantos de Raposa e de seus habitantes, povo ordeiro e acolhedor e
de cultura bastante enriquecida

Palavras-chave: variação linguística, dialeto e variação.

OPRESSÃO E EXPLORAÇÃO DO CORPO NEGRO EM A COSTA DOS MURMÚRIOS, DE LÍDIA


JORGE

Talia Cristiane Elias Brito (UERN)


Annie Tarsis Morais Figueiredo (UERN)

Resumo: O presente artigo visa analisar a exploração do corpo negro no romance A Costa dos
Murmúrios, de Lídia Jorge. De forma específica, entender como se dá a exploração e a opressão
através do olhar da personagem principal Eva Lopo; e compreender como essas questões
moldam e atingem a vida social das personagens negras na referida obra jorgeana.
Observaremos também as opressões sofridas pelas personagens que ocorrem a partir de
circunstâncias cotidianas vivenciadas por elas, que são submetidas à sujeição e humilhação por
ser negra e estar debaixo do poder e práticas ideológicas do governo salazarista num contexto
de guerra em Moçambique, na África. Além disso, ressaltamos que todas as situações de
opressão, violência e exploração tratam-se de acontecimentos experienciados, vividos e
testemunhados pela própria escritora do romance, bem como pela protagonista Eva Lopo.
Dessa maneira, esta pesquisa configura-se como qualitativa e conduzida indutivamente, de
análise bibliográfica e de natureza descritivo-analítica. Para isso, utilizamos como base teórico-
metodológico principal as considerações de Birmingham (2015), que aborda que a autora do
romance vivenciou um período na região Moçambique e que sua experiência pode ter
contribuído para a escrita do referida enredo; Fanon (2011), que discute sobre o processo de
colonização cultural como dispositivo que oprime o outro, entre outros que se fizerem
necessário. E os principais resultados da pesquisa, possivelmente, indicaram que o romance
evidencia uma denúncia ao racismo predominante no espaço moçambicano, comprovando que
a exploração e a opressão aconteciam não apenas por meio de ações depreciativas, mas de
insultos, cujo intuito é inferiorizar e maltratar fisicamente e psicologicamente o corpo negro.
Outrossim, entenderemos que a subalternização do corpo negro acontece através da
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modificação da identidade dos moçambicanos que são escravizados pelos portugueses, essa
transformação cultural poderá ser percebida, sobretudo, pela imagem que são reconstruída
destes, por meio de suas vestimentas e comportamentos.

Palavras-chave: Exploração. Corpo negro. A costa dos murmúrios.

CONTRA OS MEMORICÍDIOS, OS TESTEMUNHOS DAS MULHERES AFRO-BRASILEIRAS:


CAROLINA MARIA DE JESUS E STELLA DO PATROCÍNIO EM DIÁLOGO

Gabrieli Almeida Da Silva Peron (UEM)


Fernanda de Andrade (UEM)

Resumo: A memória coletiva, como um poder negociado pelos grupos, implica que o
esquecimento constitui uma face da invisibilidade e do emudecimento dos seres excluídos da
sociedade, deliberadamente apagados ou não pensados, cuja voz e perspectiva foram
soterradas pelo principal suporte da memória que é a escrita, de acordo com Aleida Assmann
(2011). Trata-se do que pode ser mensurado diante do monopólio eurocêntrico, classista e
falocêntrico, seja da historiografia oficial, seja do cânone literário. Sobretudo, em meio à
exploração e ao analfabetismo, deve-se problematizar a oralidade e a medição do discurso,
como o caso canônico de Elisabeth Burgos, que escreveu o testemunho da indígena Rigoberta
Menchú: Meu nome é Rigoberta Menchú e assim me nasceu a consciência (PENNA, 2003, p.
297). Nesse sentido, aqui se convida a indagar que Carolina Maria de Jesus e de Stella do
Patrocínio auxiliam no preenchimento de vários memorialísticos por suas obras de caráter
testemunhal, acerca dos caminhos das mulheres afro-brasileiras pelo século XX diante das
necropolíticas sociorraciais e sanitaristas. Com efeito, o estudo tem em seu escopo o diálogo
crítico entre Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960) e Reino dos bichos e dos
animais é o meu nome (2001), das respectivas autoras, analisando seus rastros testemunhais
na denúncia das sistemáticas tentativas de aniquilação objetiva e subjetiva, na favela e no
hospício. De Carolina, escritora “descoberta” pelo jornalista Audálio Dantas por seus dários,
segue-se os vestígios em sua resistência autoral, como mãe solteira de três filhos, catadora de
papel e no fio da navalha com a fome e a miséria. Já com Stella do Patrocínio, diagnosticada
com esquizofrenia, rastreia-se a poesia insubmissa e híbrida legada pela sobrevivente da
internação manicomial, durante quase toda a vida, e cuja “fala” foi transcrita e organizada por
Viviane Moisés (2001) em livro. O subsídio teórico interdisciplinar é embasado por Márcio
Seligmann-Silva (2003), João Camillo Penna (2003), Maurice Halbwachs (1990), Beatriz Sarlo
(2007), Grada Kilomba (2019), Djamila Ribeiro (2017), Lélia Gonzalez (2020) e Michel Foucault
(1995), como os demais que auxiliam na configuração das dimensões políticas, éticas e
culturais desses testemunhos.

Palavras-chave: Memória; testemunho; mulher afro-brasileira;

DA EDENIZAÇÃO À DEGENERAÇÃO: VISÕES DO HOMEM E DA NATUREZA AMERICANA


(SÉCULOS XV-XVIII)

Bruna Maria Freitas de Sousa (UFPE)

Resumo: Os processos de Conquista e Colonização do Novo Mundo suscitaram, por um lado,


a elaboração de um vasto corpo de registros responsáveis pela construção e pela consolidação,
no imaginário europeu, de distintas formas de representação dos territórios americanos e dos
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povos que os compunham. Por outro, requereram a realização e o retorno de uma série de
debates (teológicos, políticos e científicos) que, ao longo de séculos, versaram sobre diversos
aspectos relativos à essência do ser e da natureza americana. Neste texto, discorremos acerca
de algumas formas de apreensão do homem e do universo natural americano desde 1492 até
meados do século XVIII. Metodologicamente, debruçamo-nos sobre um conjunto de textos
redigidos ao longo do Período Colonial, contrastando-os e situando-os junto às duas principais
nuances de representação da América latentes à época: a edenização e a degeneração.
Perpassam nossas discussões as contribuições de investigadores majoritariamente advindos
da História Cultural e das Perspectivas Decoloniais, quais sejam: Sérgio Buarque de Holanda,
Stephen Greenblatt; Jorge Cañizares-Esguerra, Aníbal Quijano, Enrique Dussel, Walter Mignolo
e Malcom Ferdinand.

Palavras-chave: Ecologia, Literatura Colonial, História da América.

O FUNCIONAMENTO DO SILÊNCIO E DA CENSURA: SOB A CAMPANHA DA MARCA DULOREN


- EU ME AMO

Eliane Cristina Ormonde Leitão Mosquezi (Colégio Estadual Ferreira)

Resumo: A campanha publicitária da marca Duloren que insinua a masturbação feminina foi
exibida no ano de 2014 e faz alusão à comemoração do Dia dos Namorados. Nela se apresenta
uma mulher insinuando a masturbação, mostrando que não precisa de um parceiro (a) ao seu
lado para comemorar a data. A propaganda encerra o efeito de sentido de que a mulher pode
se amar sozinha, como a que aparece na imagem exposta na campanha, em que vemos a
modelo com gestos que a levam ao prazer, de maneira independente. A suspensão dessa
propaganda pelo CONAR (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) levou à censura,
devido à interdição da sua circulação, pois, “O silêncio da censura não significa ausência de
informação, mas interdição. Nesse caso não há coincidência entre não dizer e não saber.”
(ORLANDI, 2007, p. 107). Aqui recorremos à noção de silêncio local de Orlandi (2007) que
diz que o silêncio local é o da interdição, é aquele cujos sentidos não podem ser produzidos.
A propaganda da Duloren chama, portanto, a atenção da mulher para a curiosidade de se
autoconhecer. Esse é um dos recursos do marketing da empresa, que propaga um corpo
feminino tido como ideal, representado por uma modelo, vestida em uma lingerie sensual e
com a mão entrando na calcinha, que indica um apelo a quebra de paradigma e liberdade ao
ato da masturbação. Os modos apresentados pela modelo na propaganda da Duloren, através
dos gestos e da posição, produzem efeito de sentido de expressividade de algumas mulheres
que atuam em propagandas para anunciar produtos de peças íntimas, como a lingerie, que é
usada por muitas mulheres como uma ferramenta para apimentar a relação e o desejo, na
busca pelo prazer sexual O marketing publicitário da Duloren apresenta o nome da campanha
“EU ME AMO,” devido a essa temática chamar atenção, tanto pelo a imagem do corpo feminino
tido como perfeito, quanto pela insinuação ao ato erótico da masturbação, o qual faz funcionar
também o efeito de sentido de tabu, por se tratar da sexualidade e do prazer feminino.

Palavras-chave: Silêncio; Censura; Corpo; Prop. Duloren.

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LETRAMENTO LITERÁRIO: UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE A PARTIR DO CONTO "A MOÇA
TECELÃ", DE MARINA COLASANTI

Francisco Honório de Abreu Neto (UECE)

Resumo: É perceptível que a o espaço que a Literatura ocupa na Educação Básica é ainda muito
restrito, principalmente após as mudanças promovidas pelos documentos oficiais que norteiam
a educação no Brasil, como, por exemplo, a BNCC. Em várias situações o trabalho com o texto
literário é utilizado apenas como pretexto para o desenvolvimento de habilidades de análise
linguística ou o estudo de determinados períodos históricos literários. Nessa perspectiva o
presente trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de atividade para o trabalho
da Literatura em sala de aula como forma de desenvolver o letramento literário dos estudantes
utilizando como base o conto “A moça tecelã”, presente no livro “"Mais de 100 histórias
maravilhosas", de Marina Colasanti. Os pressupostos teóricos que sustentam o
desenvolvimento dessa proposta de atividade estão presentes na obra “Círculos de leitura e
letramento literário”, de Rildo Cosson (2014) que concebe os círculos de leitura como uma
prática de leitura compartilhada, em que os leitores discutem e constroem conjuntamente uma
interpretação do texto lido. Além de ser um importante aliado no desenvolvimento da
competência literária, esse formato também estreita laços sociais, reforça identidade e
solidariedade entre os participantes e contribui para o desenvolvimento integral dos alunos
como cidadãos. Apresentaremos as etapas do círculo de leitura proposta no livro “Como criar
círculos de leitura na sala de aula” de Rildo Cosson (2021), e os procedimentos realizáveis em
cada uma delas utilizando como texto base o conto “A moça tecelã”, de Marina Colasanti. Como
forma de avaliação, utilizamos os cartões de função, proposta por Harvey Daniels (2002) como
o intuito de auxiliar os estudantes a explorarem o texto e todas as suas dimensões. Além de
sugestões de exercícios que extrapolem os limites do texto literário e alcancem outros espaços
sociais aliados à produção de diversos outros gêneros textuais com foco nos gêneros digitais.

Palavras-chave: LITERATURA. LETRAMENTO LITERÁRIO. EDUCAÇÃO.

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA NA OBRA MISSAL DE CRUZ E SOUSA.

José John Almeida Soares (UFMA)

Resumo: Este trabalho monográfico buscou se debruçar sobre as construções discursivas das
identidades, em especial do negro e da negra no século XIX, mais profundamente de João da
Cruz e Sousa em sua prosa poética: Missal. Buscando perceber como sua identidade enquanto
negro se faz presente na obra referida e como ela (a identidade) influencia sua construção,
além de tentar compreender sua extensão e importância. Tendo como pressuposto que, de
fato, houve sim influência identitária na construção de seus textos. Usando como base para
isso os posicionamentos discursivos de Bakhtin, orientado pela terceira concepção de
linguagem, sendo ela um processo de interação entre sujeitos, que fala de um diálogo e
intercâmbio de discursos. Levando em consideração também a noção de sujeito apresentada
por Stuart Hall, sujeito pós-moderno, o qual desfruta de uma visão identitária que não é
constante ou fixa, mas está aberta em um processo de intensas mudanças, alterações e
adaptações. Observando o que disse Bakhtin sobre a ressonância de um discurso em outro,
de que nenhum discurso seria original e que todo ele é fruto de um outro antes proferido,
pode-se indicar que as obras cruzianas estão impregnadas de outros discursos que o escritor
teve contato e influenciaram sua vida e seus discursos próprios, incluindo o literário. E com
maior força aquele discurso que se refere à sua condição, sendo ele um negro que viveu em
uma sociedade extremamente, e ainda hoje, classista e racista dentro, em um período de lutas
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e conquistas para as comunidades negras de sua época. É notório no processo de formação
socioeconômica do Brasil que teve como base a mão de obra escravista, inicialmente, e que
atualmente ainda persiste, fortemente, reflexos desses quase 400 anos de escravidão em
diversas formas em nossa sociedade: como a exclusão de negros e negras de certos ambientes
sociais, profissionais, culturais, políticos, educacionais etc., sua relegação aos subúrbios e
periferias além de uma matança sem reservas de jovens negros em relação aos brancos, por
exemplo. Tudo isso é fruto de um racismo velado e que se tornou tabu nos mais variados
círculos no país, entretanto foi desvelado e chancelado através do voto no processo eletivo de
2018. Não se pode deixar de investigar e estudar a contribuição que tal homem deixou
enquanto literato e negro para as gerações que o sucederiam. O que quer esse trabalho não
vai além do ideário de contribuir com o acervo acadêmico e reflexivo a cerca daquilo que
produziu Cruz e Souza, de dar destaque a seu pioneirismo e apresentar àqueles que ainda não
conhecem, quem ele foi, e como ele contribuiu para a construção da literatura no Brasil e
mesmo para a afirmação de uma identidade negra no país. Sendo vanguardista para a
construção de uma literatura dita moderna e reverberando em textos ainda hoje escritos.

Palavras-chave: Discursos, Literatura, Identidade negra.

DISCURSOS DISSIDENTES – ESCREVER COMO RESISTÊNCIA À DEPRECIAÇÃO DO CORPO


NEGRO

Ana Maria Urquiza de Oliveira (USP)

Resumo: O trabalho analisa como se dá a produção e o controle de distribuição de discursos


na sociedade (FOUCAULT, 1971). A discussão busca elencar o pertencimento da mulher negra
na produção e disseminação de literatura legitimada defendendo suas culturas, linguagens e
identidades. O objetivo é conhecer os modos de representação de espaços sociais – os que
são destinados/negados historicamente à mulher negra e as posições de sujeito –
estabelecidas historicamente para a mulher negra representadas em discursos que se
caracterizam pela dissidência (HOOKS, 2021; RIBEIRO, 2019) presentes nos romances
(BAKHTIN, 2003). O objeto de análise é formado pelos romances descoloniais
(COELHO&SOUZA, 2022) da brasileira Conceição Evaristo – Ponciá Vicêncio e da nigeriana
Chimamanda Adichie – Hibisco roxo dos quais analisamos o estilo e o léxico. As questões que
nos instigaram à pesquisa foram: as autoras, mulheres negras, quando escreveram suas obras
estavam autorizadas a escrever naquele lugar específico? O lugar de escrita – o das margens
é o lugar legitimado? A metodologia da análise do discurso (ORLANDI, 1999) nos permite
verificar se a escrita de mulheres negras pode funcionar como um marcador de estilo e
identidade em discursos dissidentes, considerando dois critérios: o silenciamento da voz negra
e a banalização do corpo negro. Temos percebido o caráter político-ideológico de resistência
nos discursos das autoras. Suas falas convidam o (a)s leitore (a) s a tomarem posição, a se
perceberem objetos e, por meio da reflexão e da luta, tornarem-se sujeito (a) s. As personagens
mulheres negras de Chimamanda e Conceição são tipicamente sociais da luta negra e têm em
suas falas marcas de léxico e estilo que caracterizam a denúncia, críticas à objetificação da
mulher, ao patriarcado trazido pelo europeu, ao machismo e à assimilação do africano aos
costumes europeus. Abordam a depreciação do corpo negro através da denúncia clara à
objetificação e submissão da mulher. O léxico dos resquícios da escravidão é marcado na
religião católica – religião do opressor no racismo e na objetificação da mulher. Para o
catolicismo a mulher deve ser submissa ao homem. Em relação à língua do colonizador – o
inglês, na Nigéria e o português, no Brasil caracteriza um léxico que marca a escravidão.
Palavras-chave: Léxico descolonial; Literatura negra; Discurso dis
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ANALISE DO DISCURSO QUANTO A NOÇÃO DE LIBERDADE EM PARECERES E DECISÕES NA
LINHA DA ESCOLA POSITIVISTA

Walber Neto Lopes Pinto (UFMA)


José Ribamar Moura (UFMA)

Resumo: O presente escrito traz em seu arcabouço noções do paradoxo argumentativo e


características existentes acerca da escola positivista criminológica, mencionando alguns de
seus principais representantes bem como os ideais por estes defendidos. Trata-se de um
estudo sobre a argumentação no qual foca e trata da liberdade como preceito fundamental a
ser seguido em nosso estado de direito bem como demonstra no decorrer do escrito que
apesar do preceito defendido na carta magna constitucional brasileira de 1988, nem todos os
operadores do ramo do direito adotam este ideal em seus entendimentos quanto agentes
legais, manifestando ainda de forma positivista acerca da liberdade. Trata-se assim de uma
análise de textos e escritos doutrinários e jurisprudenciais, bem como estudo indutivo de
alguns pareceres e decisões judiciais proferidas aceca da liberdade, e sua relação com o
preceito fundamental do indivíduo, e o que lhe é garantido legalmente existententes acerca da
temática. Em seu ápice fim traça-se de forma dinâmica um paralelo entre algumas
manifestações argumentativas do ministério Público e de decisões judiciais as quais de forma
arbitrária demonstram estarem eivadas de cunho positivista não observando a liberdade como
regra, por outro lado, analisa-se também como decisões que têm por entendimento a garantia
de se assegurar o ideal de liberdade como preceito constitucional e de respeito ao homem e
ao devido processo legal. No decorrer e do delinear das teses descritas e demonstradas,
desenvolve-se primeiramente noções propedêuticas de argumentação na linha positivista, no
intuito de se ambientar e contextualizar o conteúdo e teses apresentadas. Para melhor
esclarecimento e melhor consecução do raciocínio desenvolvido, foi utilizado o método
indutivo, oportunidade em que se aborda noções do positivismo criminológico, algumas teses
garantidoras de liberdade e contraposições de manifestações e decisões de cunho positivista
e de defesa constitucional de liberdade, as quais são sempre referenciadas.

Palavras-chave: Análise do discurso. Positivismo. Argumentação.

AS RELAÇÕES ENTRE O PODER E OPRESSÃO CONTRA O CORPO NEGRO: UMA LEITURA DO


CONTO MACHADIANO O CASO DA VARA

Mikael Gomes Dantas (PPGLB-UFMA)

Resumo: O conto O Caso da Vara expõe os comportamentos sociais em torno do racismo


estrutural, no que se refere às relações de poder e opressão contra o corpo negro,
principalmente com a utilização da ferramenta de tortura (vara) contra Lucrécia. Evidenciando
a forma como os escravos eram submetidos aos mais severos castigos por parte de seus
senhores, durante boa parte da história brasileira. O objetivo geral é: Evidenciar as relações
entre o poder e opressão contra o corpo negro presentes no conto. Consequentemente os
objetivos específicos serão: destacar trechos da obra que reforçam a submissão por meio da
violência contra o negro; discutir os papéis sociais em torno do poder sobre os corpos negros;
compreender o uso de símbolos de tortura que corroboram com o racismo estrutural na obra.
Por conta dessas características se faz importante desenvolver uma leitura em torno do conto
O Caso da Vara, para entender como Machado de Assis apresenta a crítica em torno da
escravidão presente na sociedade brasileira de sua época, e que consequentemente reflete as
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situações contemporâneas em pleno século XXI. Serão utilizados os procedimentos da pesquisa
bibliográfica para organizar os trechos que reforçam a proposta de investigação, como também
na coleta de citações de autores que dialogam com o objeto de análise. Nesse sentido serão
usados os conhecimentos dos seguintes teóricos: Bosi (1992), Mbembe (2014) e Foucault
(1982). Que discutem noções sobre escravidão, corpo negro e racismo estrutural. Dessa forma,
haverá uma compreensão sobre esses elementos em torno do uso do poder e opressão sobre
o corpo negro no conto machadiano O Caso da Vara.

Palavras-chave: Corpo Negro, Poder e Opressão, Violência.

MÍMESIS ESPECULATIVA E A RE-VELAÇÃO COMO ESTRUTURA FENOMENOLÓGICA DA


EXPERIÊNCIA FICCIONAL: PARA FUNDAMENTAÇÃO ONTOLÓGICA DA FENOMENOLOGIA
LITERÁRIA

Gabriel Loureiro Pereira da Mota Ramos (Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn)

Resumo: A tradição de pensadores pós-kantianos conjugados sob a designação de primeiro-


românticos tem sido objeto de rigorosos e recentes estudos, como os de Manfred Frank (1989,
1999), Henrich (1992), Bowie (2003, 2007), interessados em atualizar-lhes as reflexões,
tomando-as como autêntica metafísica, compreendida na condição de unidade sistemática dos
eixos de especulação filosófica (cf. ZUBIRI, 1999), cujo fundamento unitário é a indagação
acerca do fato estético-poético. Se pesquisas de alto rigor, como as de Seligmann-Silva (1999)
e Bowie (1997) foram capazes de demonstrar a herança primeiro-romântica de Benjamin,
Adorno e Heidegger, circunscrevendo assim uma constelação intelectual que se estica ao longo
do século XX. Os recentes trabalhos de Didi-Hubermann (2013), Hogebre (2013) e Agamben
(2017) indicam a profunda atualidade da metafísica romântica, que, longe de constituir objeto
de erudição antiquária, deve ser encarada como autêntica modalidade de especulação
filosófica, cujo eixo central é o fenômeno literário e sua especificidade. Diante deste panorama
intelectual, a contemporânea teoria literária não pode ignorar a profunda relevância que
possuem as recentes reflexões filosóficas de Marion (2010) e Badiou (2006), o primeiro dos
quais desenvolve, pelo conceito de fenômeno saturado, fenomenologia capaz de articular, sob
nova perspectiva, a determinação romântica da forma literária como Darstellung des Absoluten.
Badiou, por sua vez, desenvolve uma ontologia do Acontecimento, compreendido como
enriquecimento ontológico. Se, como Costa Lima (2014) sugere, a mímesis ficcional é capa de
mobilizar vetor de semelhança para introduzir a diferença, assim ampliando nossa relação
epistêmica com o real, ela o faz por virtude de premissas ontológicas que, inarticuladas em
Iser e Costa Lima, encontram em Badiou rigorosa explicitação filosófica, ao passo que Jean Luc
Marion lhes confere a linguagem fenomenológica capaz de operacionalizar um conceito de
forma literária à altura das reflexões de Didi-Hubermann sobre a imagem e seu potencial
epistêmico-ético, aliás inspiradas no romântico Benjamin, cuja tese de doutorado possuía como
eixo o conceito romântico de imagem poética como medium reflectionis. Neste sentido, nosso
trabalho pretende desenvolver dois conceitos que, à luz das recentes especulações filosóficas
e teóricas, possam delinear as premissas ontológicas capazes de operacionalizar uma
fenomenologia da experiência ficcional, compreendida em toda sua especificidade epistêmica
e ética. Para isso, revisitamos a Philosohie der Offenbarung de Schelling (1848), de modo a
identificar na dialética das potências o laço estrutural entre Re-velação, compreendida como
impensável [Unvordenkliche] decisão pessoal do Ser para aparecer à consciência, e mímesis
especulativa, descrita como realização temporal do eterno. Nossa hipótese de trabalho sugere
que a temporalização do eterno implica um excedente semântico que corresponde, no plano
fenomenológico, à saturação fenomênica de que fala Marion, articulada estruturalmente à
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impensabilidade [Unvordenklichkeit] da decisão, estrutura da Re-velação, que encontra no
conceito ontológico de intervenção interpretante de Badiou seu correlato. Objetivamos, assim,
descrever, desde uma perspectiva romântica, as premissas ontológicas necessárias a uma
fenomenologia do literário capaz de circunscrever-lhe a especificidade epistêmica e ética, na
medida em que a expansão do real (cf. ISER, 1994) radica na disjunção entre ideia e ideatum,
estrutura, segundo Levinas (1961), da relação ética e estrutura fenomenológica da imagem
poética.

Palavras-chave: Ontologia, Imagem, Fenomenologia, Metafísica.

DA IMANÊNCIA AO IDEOLÓGICO: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE AS TEORIAS


LINGUÍSTICAS DE SAUSSURE, DE BENVENISTE E DO CÍRCULO DE BAKHTIN

Maria Eduarda dos Santos Silva (UFPE)

Resumo: Os estudos da linguagem passaram por três fases distintas antes de se constituírem
enquanto ciência: filosófica, filológica e histórico-comparativa. Apenas com as reflexões
promovidas por Saussure e com a publicação do “Curso de linguística geral”, a Linguística foi
definida como ciência e a língua ganhou espaço como o seu objeto de estudo. A importância
de Saussure reside, principalmente, em pensar, inserido em um contexto positivista, a
constituição mesma de uma ciência da linguagem, de modo que, ao longo das décadas,
diversos teóricos voltaram aos seus escritos, ora para confirmá-los e, por vezes, ampliá-los, ora
para estabelecer com eles uma oposição. Diante disso, neste trabalho, buscamos refletir sobre
conceitos caros à Linguística, como a própria definição de língua e a sua relação com noções
como sujeito e sentido. Essa reflexão parte da teoria saussuriana, investigando as aproximações
e os distanciamentos com os estudos de Benveniste e do círculo de Bakhtin. Para alcançar tal
próposito, realizamos uma revisão bibliográfica, sistematizando o estado da arte sobre os três
aspectos indicados acima (língua, sujeito e sentido), com foco na análise das seguintes obras:
"Curso de linguística geral" (SAUSSURE, [1916] 2012), "Problemas de linguística geral I e II"
(BENVENISTE, [1966] 1976; BENVENISTE, [1974] 1989) e "Marxismo e filosofia da linguagem"
(VOLÓCHINOV, [1929] 2018). A fim de exemplificar as reflexões desenvolvidas ao longo do
trabalho, são analisados tweets publicados pelo perfil oficial da artista Rita Lee. Considerando
ainda outros estudos sobre essas correntes linguísticas, constatamos que, com o advento de
teorias voltadas ao uso, passou-se a compreender um limite presente na Linguística proposta
por Saussure. O autor reconhece que há uma parte externa à língua, contudo figura como uma
escolha metodológica não abordá-la, não se aprofundando no sujeito falante e compreendendo
a construção de sentido na imanência linguística. Em Benveniste, noções caras à teoria
saussuriana retornam, como a de signo e a de valor linguístico, mas envolvidas pela questão
central da subjetividade. Desse modo, na língua emerge um sujeito falante, que se institui no
sistema ao dizer “eu” e, consequentemente, institui um “tu”, estabelecendo o diálogo. O
sentido, além de advir da oposição entre signos, no modo semiótico, constrói-se também no
modo semântico, por meio da enunciação. Por fim, o funcionamento da língua aparece também
no círculo de Bakhtin, no entanto o sujeito que coloca a língua em uso é um indivíduo situado
social, histórica e ideologicamente, pois o próprio signo comporta a natureza ideológica. É
dessa imbricação que se produz os sentidos, considerando os sujeitos e os diálogos que seus
discursos estabelecem com outros. Com esse trabalho, longe de acreditar em uma simples
continuidade no seio da Linguística, compreendemos que as teorias corroboram o mote
saussuriano de que é o ponto de vista que define o objeto e o modo de estudá-lo: é a
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consideração ou não de uma imanência linguística que orienta o estudo da relação língua-
sujeito ou a como se toma a produção de sentido.

Palavras-chave: Língua, Sujeito, Sentido, Saussure, Enunciação

O SUICÍDO LITERÁRIO COMO LABORATÓRIO DE OBSERVAÇÃO SOCIAL: CONSTRUINDO AS


BASES TEÓRICAS DE ANÁLISE DA OBRA CROCODILO DE JAVIER CONTRERAS

Mayara Aparecida Batista de Souza (UFMA)

Resumo: A determinação da morte como uma atividade humana é uma realidade natural,
presente em nosso cotidiano. Contudo, o assunto ainda é tratado com sensibilidade e discutir
os aspectos envolvidos nesse processo refere-se a um ato consideravelmente ousado e que
permanece oculto do consciente humano por múltiplas determinações. O assunto se intensifica
quando se trata do autoaniquilamento, um ato de dar fim a própria vida por opção, que acusa
a capacidade da sociedade de prover o bem-estar de seus membros, desencadeado um grau
de recalcamento da ideia da morte tamanha que o assunto é reprimido das interações
linguísticas cotidianas, o que explicaria parte substancial do nosso terror, dos nossos medos e
tabus com relação à finitude. Considerando essa condição, abordaremos a questão dos tabus
contemporâneos sobre a morte e, particularmente, a respeito da representação literária do luto
enfrentado por aqueles que conviveram com alguém que optou por tirar a própria vida, afim
de traçar uma relação do ser humano com a morte causada por suicídio. Para realizarmos esta
análise, selecionamos a obra Crocodilo, publicada em 2019, por Javier Arancibia Contreras,
cuja narrativa aborda um protagonista que busca lidar com a dor dilacerante da perda do seu
único filho. Neste texto, porém, não é tanto a obra supramencionada, em si, quanto a
exploração de ângulos disciplinares variados sobre a morte.

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