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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 13
COMUNICAÇÕES
A ESCRITA FEMININA ENTRE OS SÉCULOS XIX, XX E XXI: UMA ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE A
REPRESENTAÇÃO DA MULHER EM DIFERENTES MOMENTOS HISTÓRICOS 252
Lívia Maria Rosa SOARES(IFMA/UERN)
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“ABOTOOU A CALÇA, ENQUANTO ALGUNS SOLDADOS APLAUDIAM”: VIOLÊNCIA SEXUAL EM MEIO SOL
AMARELO, DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE 300
Mariana Antônia Santiago CARVALHO (UFC)
Edilene Ribeiro BATISTA (UFC)
Stélio Torquato LIMA (UFC)
MAIA, Maria Thereza Baptista Bandeira. Cadeiras na Calçada. Florianopolis: Áprika Produções em Arte.
1998
SCHUMAHER, S. e VITAL BRAZIL, E. (orgs.). Dicionário Mulheres do Brasil. De 1500 até a atualidade.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.
STUDART, Guilherme, Barão de. Diccionario Bio-Bibliographico Cearense. Fortaleza: Typo-lithographia a
vapor, 1910. v.1.
Jornais:
A República - A Pacotilha - O Pão - O Pará – Jornal do Recife – Diário de Pernambuco – Almanach
de Pernambuco
Revistas: A Quinzena – O Lyrio – Almanach do Ceará
RESUMO: A Ditadura civil-militar no Brasil não só silenciou seus opositores de forma desumana,
como atingiu também aqueles que não estavam abertamente posionados de forma contrária ao
sistema. A partir da instauração do AI-5 a censura se tornou recorrente. Assim, ao tempo em que
atingiu os meios de comunicação, as forças militares obtiveram ampla liberdade para prender,
torturar e provocar o desaparecimento de opositores sem acusações formais ou registros. No entanto,
com o inicio do processo de abertura política iniciado no fim da década de 70, expandiu-se no
Brasil a publicação de obras que denunciavam essas arbitrariedades praticadas pelos agentes ligados
ao regime militar. Além disso, muitos encontraram na Literatura um meio de expressar resistências
e dramas vividos no período. Nesse sentido, este artigo objetiva analisar marcas da violência na
personagem Açucena, em O Estandarte da agonia, publicado em 1981 e de autoria da escritora e
militante Heloneida Studart. Inicialmente, a abordagem mostrará como se dá relação entre
Memória, História e Literatura, além da apresentar a configuração política do país na época, e
posteriormente será realizada a análise do corpus. A metodologia é bibliográfica e contará com
teóricos como Netto (2014), Pesavento (2003), Halbwachs (1990), entre outros. A análise mostrará
que a violência se dava também em torno daqueles que não estavam diretamente envolvidos na
oposição do regime, principalmente ao tratar-se de gênero.
Palavras-Chave: História. Memória. Via Crucis. Materna.
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Acadêmica do Curso de Licenciatura Plena em Letras Português da Universidade Estadual do Piauí. E-mail:
camispereira09@hotmail.com.
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Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Doutoranda em Letras pela Universidade de Brasília (UNB).
Membro do Grupo Literatura e Cultura, (UNB). Tem experiência na área de Letras Estudos do discurso e Literatura Brasileira,
Bakhtinianos, Estudos da Linguagem. E-mail: almeida.lucelia@hotmail.com. Orientadora deste trabalho desenvolvido a partir do
Projeto de Conclusão de Curso, na Universidade Estadual do Piauí.
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media, the military obtained ample freedom to arrest, torture and provoke the disappearance of
opponents without formal accusations or searches. However, with the beginning of the process of
political opening initiated in the late 1970s, the publication of works that denounced these
arbitrarinesses by agents linked to the military regime was expanded in Brazil. In addition, many
found in Literature a means of expressing resistances and dramas experienced in the period. In this
sense, this article aims to analyze marks of the violence in the character Açucena, in The Standard
of the agony, published in 1981 and authored by the writer and militant Heloneida Studart. Initially,
the approach will show how there is a relationship between Memory, History and Literature, besides
presenting the political configuration of the country at the time, and later the analysis of the corpus
will be carried out. The methodology is bibliographical and will rely on theorists such as Netto
(2014), Pesavento (2003), Halbwachs (1990), among others. The analysis will show that violence
also occurred around those who were not directly involved in the regime's opposition, especially
when dealing with gender.
Keywords: History. Memory. Via Crucis. Maternal
INTRODUÇÃO
No Brasil, o período entre 1964 e 1985, foi marcado pela repressão política, censura e
violação de direitos humanos. A ditadura civil-militar caracterizou-se não apenas pela opressão aos
opositores diretos do regime e, nesse sentido, atingiu também aos que estavam ligados
indiretamente as práticas tidas como ―subversivas‖. Com instauração do AI-5, a repressão política
se acentuou. Entretanto, abertura política ao fim da década de 70, permitiu a publicação de obras
que denunciavam essas arbitrariedades praticadas pelos agentes repressores. Nesse sentindo, este
trabalho analisa a obra O estandarte da agonia, que possui como tema central o da personagem-
narradora Açucena em sua busca pelo filho desaparecido em meio a repressão a política. Com
relação aos objetivos utilizados, o geral busca compreender a ligação entre Memória, História e
Literatura, a partir da representação da violência sofrida pela mãe no período da Ditadura Civil-
Militar por meio da referida obra. Especificadamente, também busca-se entender a configuração e
consequência sócio-política do período da Ditadura Civil-Militar no Brasil, princialmente após a
instauração do AI-5, e posteriormente analisar o corpus. A metodologia empregada é do tipo
bibliográfica, com procedimento básico, e conta com teóricos como Netto (2014), Pesavento (2003),
Halbwachs (1990) entre outros.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
A relação entre literatura e história tem suscitado vários debates ao longo do tempo. A
princípio, essa discussão pode ser direcionada a Aristóteles. Para ele, enquanto a primeira estaria
relacionada aos fatos possíveis de ocorrência, a segunda estaria pautada em descrever
aconteciementos reais. Na atualidade, essas discussões persistem, e de acordo com Pesavento(2003)
essa relação se estabelece através de aproximações e distanciamentos, apresentando-as como
diferentes formas de dizer o mundo, e diferentes aproximações com o real. Assim, ―valem-se de
estratégias retóricas, estetizando em narrativa os fatos dos quais se propõem falar. São ambas
formas de representar inquietações e questões que mobilizam os homens em cada época de sua
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histñria‖ (PESAVENTO, 2003, p. 48). Dessa forma, percebe-se que são formadas numa relação de
colaboração nesse âmbito de apreensão do passado. Ainda ao se tratar de acontecimentos do
pretérito, cabe mencionar a relevância da memória. Braga (2000) afirma que desde sempre houve
uma confluência entre memória e literatura. Sobre essa relação, ela afirma que se reporta a Homero,
numa época em que o alicerce da cultura e educação grega, bem como a maneira de conservar
práticas era a declamação poética. Com relação a memória Halbwachs (1990) pontua duas
concepções de memória na qual os indivíduos partilham: a individual e a coletiva. Ele afirma que a
memória individual, aquela própria de cada indivíduo, estaria atada a uma memória coletiva, que é
construída nos grupos sociais. Já com relação ao referido período histórico Netto (2014) afirma que
o Ato Institucional nº5, em 1968, deu início ao período de maior repressão política. Através dele, o
presidente passou a intervir diretamente em outras esferas, cassar parlamentares, limitar a ação do
Judiciário e instituir a censura prévia aos meios de comunicação. Além disso, ―o Estado tornava a
violência seu instrumento sistemático e prioritário de manutenção e, a partir de então, a tortura não
conheceria nem mesmo fronteira de classe‖. (ibidem, p. 135). Por conta da intervenção no poder
Judiciário, as forças militares obtiveram liberdade para perseguir opositores políticos, o que também
decorre da censura à imprensa que proibia a publicação de denúncias contra os crimes cometidos
pelas forças opressoras.
No que se refere a obra O estandarte da agonia, sua tessitura é marcada pela drama da
personagem-narradora Açucena em sua busca pelo filho desaparecido político em meio ao contexto
da ditadura, ela é escrita com bases no dilema da estilista Zuzu Angel. Nos capítulos iniciais, Luís
já está ausente, e assim, a personagem inicia sua via-crucis em busca de informações sobre seu
paradeiro. Mesmo em meio a toda repressão, envolve-se em ações de resistências e como
decorrência disso, sofre com os assédios e intimidações de agentes do aparato repressor: ―Deixara
de viver à deriva, entre corpos que boiavam, descendo simplesmente a correnteza, deixando-me
levar. Eu começava a levantar a cabeça fora d‘água, a me tornar um alvo‖( STUDART, 1981, p.
149). Além disso, conforme ela mesma exprime: ―Eu sou torturada todas as horas.‖ (p. 174). Essa
afirmação decorre do fato das violência sofrida pela mãe ser configurada como psicológica, moral, e
de saber que seu filho foi mais uma vítima do sistema, o que transformou seus dias em agonizantes.
Para mais, a personagem se depara com obstáculos ao encontrar-se com um jornalista interessado
em sua atuação e resistência, pois é advertida sobre a censura e a impossibilidade de denunciar o
desaparecimento do filho. Cabe ressaltar que os acontecimentos em torno do desaparecimento do
filho fazem com que Açucena rememore eventos traumatizantes de sua infância e adolescência, uma
vez que através deles que a personagem redimensiona ao filho a sua ligação com mundo, dessa
forma, é também através da memória que sua personalidade é moldada.
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Poética. A In: ARISTÓTELES, HORÁCIO, LONGINO. A poética clássica.
Introdução por Roberto de Oliveira Brandão; tradução direta do grego e do latim por Jaime Bruna.
12. ed. São Paulo: Cultrix, 2005.
BRAGA, Elizabeth dos Santos. O trabalho com a literatura: memórias e histórias. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/32359>. Acesso em: 13 maio 2018.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. Laurent Léon Schaffter. São Paulo: Edições
Vértice, 1990.
NETTO, José Paulo. Pequena história da ditadura brasileira (1964- 1985). São Paulo: Cortez,
2014.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar um breve histórico sobre literatura de
autoria feminina na sociedade patriarcal e um dos elementos que a compõem, tais como a crítica
feminina, analisando os questionamentos pelos quais direcionaram a participação da mulher no
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Graduanda em Letras Português, UESPI- Universidade Estadual do Piauí,E-mail:albuquerquealine783@gmail.com
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Mestrado em Letras, UESPI- Universidade Estadual do Piauí, E-mail: almeidalucélia@hotmail.com