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Mário C. F. Guimarães
Célio F. M. de Melo
Introdução
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E n tre as espécies do gênero S a p i u m 1 fa m ília Euphorbiaceae,
e xiste m algumas que p rod uze m borracha de excelente qualidade já
conhecida e com ercializada durante o ciclo do e x tra tiv ism o , como a
Sapium aubletianum ( M u ll.A rg .) H u b e r, conhecida comumente como
m urupita, cuja m etodologia de exploração é bem semelhante à de H e v e a .
A s propriedades fís ic a s e físico-m ecânicas das borrachas de S a p i u m
devem ser consideradas excelentes, p e rm itin d o enquadrá-las entre as
m elhores classes.
Das onze espécies do gênero Hevea, trê s fo ra m bastantes
exploradas, a saber: H e v e a brasiliensis M u ll.A rg .; H e v e a guianensis
A u b l e H e v e a b e n t h a m i a n a M u ll A rg . V a le re ssa lta r que o prod uto das
duas ú ltim a s é conceituado como de qualidade in fe rio r e com ercializado
como “borracha fraca” . E s s e fato, contudo, não é verdadeiro. C om efeito,
W I S N I E W S K I & M E L O (1 9 8 6 ) destacam que a única diferença entre as
propriedades das borrachas das espécies H . brasiliensis, H . b e n t h a m i a n a ,
H . rigidifolia, H . guianensis e H . pauciflora, está na plasticidade. A s
demais propriedades fís ic a s , quím ica s e físico-m ecânicas não apresentam
diferenças capazes de s itu a r as borrachas dessas espécies abaixo dos
padrões de qualidade especificados.
A espécie Hevea brasiliensis M u ll. A rg ., conhecida como
se ring ueira , é a única extensivam ente cultivada, devido às suas
características de precocidade e produtividade, aliadas à su p e rio r
qualidade da borracha. C ontudo, como não é im une ao ataque de
in ú m e ro s agentes patógenos, C e n tro s de pesquisas desenvolvem
programas de m elhoram ento genético visando a c ria r clones com
características que p e rm ita m a obtenção de um elevado desempenho na
sua exploração in d u stria l. E m face do exposto, será a única a se r objeto
deste trabalho.
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1,5% de açúcares e quebrachitol e 0 ,2 a 0 ,9 % de m ateriais m in e ra is, e
segundo M iric a et al. ( 1 9 9 _ ), p o r 3 6 % de só lid o s to ta is; 3 3 % de borracha
seca; 1 a 1 ,5 % de substâncias protéicas; 1 a 2 ,5 % de substâncias
re sino sa s; 1% de açúcares; < 1% de cinzas e 6 4 % de água.
Deve-se re ssa lta r que o p rin c ip a l hidrocarboneto contido na
borracha é o isop reno p o lim e riza d o na fo rm a cis (1 ,4 ).
A viscosidade do látex varia de acordo com o te o r de borracha, no
entanto, o u tro s fato res podem in flu e n c ia r nessa variação como o tamanho
das partículas, o método de preservação e o tempo de armazenamento.
N o momento da sangria o p H do látex é levemente alcalino,
porém, p o r se r um m eio p rop íc io ao d esenvolvim ento de m icro rg a nism o s,
rapidamente se a cidifica podendo, in c lu siv e , causar a desestabilização do
sistem a ( B R A S , 1960).
Coleta e beneficiamento
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Ta m b é m denominado de amazônico, é em pírico, lento,
proporcionando condições bastantes in sa lu b re s ao se rin g u e iro . C o n siste
na utiliza ç ã o dos vapores provenientes da decomposição pirogenada de
certas madeiras duras ou sementes.
O sistem a é composto de duas fo rq u ilh a s de madeira sobre as quais
é colocada uma travessa c ilín d ric a , também de madeira, e uma peça na
form a de tronco de cone denominada boião, localizada abaixo da travessa
com a fina lid a de de o rie n ta r a fumaça. Gradativam ente o látex vai sendo
derramado sobre a travessa em m o vim e nto, coagulando p o r e fe ito das
substâncias contidas na fumaça, ta is como: ácido acético, fe n ó is, álcool
e tílic o , acetona e cresóis que exercem ainda im portante papel na
conservação da borracha, por p o ssu íre m ações antioxidantes e
antissépticas. A coagulação é realizada em fin a s camadas até
conseguirem -se bolas com diâm etro aproximado de 40cm .
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durante quatro a se is horas. A p ó s a secagem se processa a defumação das
lâm inas em “ casas de fumaça” que consistem de um lug a r fechado onde
são in tro d u zid o s, pela parte in fe rio r, vapores e gases obtidos pela
combustão incom pleta de m adeiras. A tempetura in te rio r deve ser
m antida em 4 5 °C . O fin a l do processo é reconhecido quando as lâm inas
adquirem coloração castanho-escura, translúcida, não apresentando
pontos ou manchas brancas e opacas.
Intem acionalm ente estas lâ m ina s são conhecidas como R . S . S .
(R u b b e r Sm oked Sheet) e no B r a s il, em p articular, como F F B (F o lh a
Fum ada B ra sile ira ).
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N o caso de se usa r, como m atéria-prim a, bolas ou pélas, o produto
fin a l é denominado G ranulado E s c u ro B ra s ile iro - G E B ( S A M P A IO
1991).
A especificação b ra sile ira para borrachas n a turais beneficiadas
pode se r observada na Ta b e la 1.
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L áte x C o n ce n tra d o
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Os agentes de cremagem m ais empregados são ca rb oxim etil-
celulose de alta viscosidade, sal de só d io do ácido p o lia c rílic o , gomas
como adragante e karaia, pectina, alginato de am ónio e hem iceluloses de
diversas origens como o pó de ju ta í.
O s requesitos exig id os pela especificação b ra sile ira para borrachas
na turais beneficiadas podem se r v ista s na Ta b e la 2.
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O teste de odor é su b je tiv o e q u a lita tiv o , mas de grande
im portância na qualificação do látex. É realizado neutralizando-se a
amónia com solução saturada de ácido bórico. O odor deve ser
adocicado, não-amoniacal e não-putrefato ( W IS N IE W S K I, 1983;
A B N T , 1990).
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do látex combinados com amónia e re fe rid o a 100 gramas de só lid o s
to ta is ( T S ) . N a verdade, o índice ou N ° de K O H indica a m ín im a
quantidade de K O H que deve ser adicionada ao látex, a f im de
assegurar-lhe uma estabilidade a longo prazo em presença de ó xid o de
zinco.
Espum a de látex
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C om o d esenvolvim ento das espumas plásticas, principalm ente a
poliuretana, as espumas moldadas (colchões e tra ve sse iro s) perderam sua
a nte rio r im portância. E m contrapartida, os lam inados, empregados em
palm ilhas de sapatos, tecido espumado para su tiã e peças de vestuá rio,
vêm crescendo consideravelm ente.
Imersão
Tratamento de papel
M oldagem
A glom eração
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O látex tem um emprego de grande im portância como aglomerante
de fib ra de coco, couro, papel e o u tro s. N o caso específico de couro,
produz-se m atéria-prim a para p a lm ilh a s de sapatos. C o m relação à fib ra
de coco, inicialm ente obtem-se uma manta, p o r aspersão do form ula d o , e
em seguida a manta seca é adicionada em fô rm a s onde se processa a
vulcanização. O prod uto está sendo empregado na elaboração de
encostos de cabeça e assentos para a in d ú stria autom obilística.
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