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Conheça o Pavilhão Maxwell Alexandre,

novo espaço de arte em São Cristóvão

MARINA COUTO - REDATORA • ABRIL 12, 2023


Foto: Reprodução / Instagram @maxwell__alexandre
Você acha que a programação cultural do Rio de Janeiro se restringe somente à zona
sul da cidade? Então é hora de começar a olhar para outros cantos. E a gente te ajuda! O
recém-inaugurado Pavilhão Maxwell Alexandre é um espaço de arte que fica em São
Cristóvão, aberto ao público de terça a domingo, com entrada gratuita. Vem saber
mais!

Empty Streets
Espaço surgiu da vontade de ir além do circuito oficial
de arte
Quem dá nome ao Pavilhão, também conhecido como “capela”, é o artista Maxwell
Alexandre, nascido e criado na Rocinha. O jovem é um dos grandes nomes da nova
geração das artes visuais e já realizou exposições não só no Brasil mas também em
diferentes partes do mundo, em museus do Rio, São Paulo, França, Marrakech, Londres
e Nova York, entre outros.

No entanto, com um grande volume de produção, Maxwell sentiu a necessidade de ter


um espaço próprio, com a intenção de mostrar seu trabalho fora do circuito oficial de
arte contemporânea, “tendo em vista que os museus e as galerias têm outros interesses,
precisam atender outros artistas e estabelecer diversidade em seus programas”, como
descrito em seu site oficial.
Foto: Reprodução / Instagram @maxwell__alexandre
Pavilhão Maxwell Alexandre concentra trabalhos
ainda em desenvolvimento
Além da vontade e da necessidade de ter um espaço só seu, o artista encontrou no
Pavilhão a oportunidade de exibir seus trabalhos ainda em fase de desenvolvimento.
Assim, esse movimento é justamente o oposto do que se espera no cenário artístico
tradicional, que expõe o objeto já pronto e intocável ao público.

Então, de forma provocativa e “inacabada”, Maxwell e as obras do seu Pavilhão


convidam os visitantes a pensar e a se relacionar com a arte contemporânea não de
forma elitizada, mas de um jeito mais próximo, vulnerável e intimista.
Foto: Reprodução / Instagram @maxwell__alexandre
Galeria em São Cristóvão fica aberta ao público e tem
visitação gratuita
Por isso, vale muito a pena visitar esse espaço recém-inaugurado em São Cristóvão,
na zona norte do Rio de Janeiro. Atualmente, quem chegar ao Pavilhão Maxwell
Alexandre vai poder conferir de perto a exposição “Novo Poder: Passabilidade”.

Nela, o artista retrata a comunidade preta nos espaços consagrados de contemplação


da arte contemporânea, como galerias, museus, centros culturais e fundações.
São pinturas enormes, feitas em papel pardo (marca registrada do artista), penduradas
pelo galpão. Esta exposição fica em cartaz até junho e a galeria está aberta para
visitação de terça a domingo, com entrada gratuita!

Pavilhão Maxwell Alexandre

Passagem 1:

Novo Poder no Jazz

Nessa Passagem houve uma roda de conversa a respeito do tema Moda x Arte
Contemporânea com a estilista Angela D Brito, a designer Izabella Aurora
Suzart e a Nathalia Grilo que mediou a conversa e introduziu a imersão sonora
Novo Poder no Jazz

Nathalia Grilo abriu com um painel de conversas sobre esse estilo musical,
além de nos apresentar capas de discos, imagens, poemas e sons como forma
de firmar o olhar para os conceitos de belo dentro das culturas afro-
americanas.

A discussão também girou em torno da importância de uma leitura crítica


negra e da urgência em retornamos nossas próprias narrativas. Nathalia
também apresentou alguns vinis de seu acervo.

A imersão sonora trouxe uma proposta que deu aulas sobre história, música,
imaginação e radicalidade preta. Foi um evento muito estético, e segundo
comentado pelo Maxwell Alexandre "um evento preto de verdade, com
crianças pretas confortáveis naquele ambiente." Ainda segundo Maxwell não
houve nenhum dinheiro público, nenhuma ajuda do governo, e nenhum
investidor externo, tudo foi feito de forma independente sem nenhum tipo de
amarra, e isso foi lindo de se ver. Foi um verdadeiro sucesso, o Pavilhão ficou
lotado de pessoas, todos animados para ouvir e participar daquela empreitada.

Passagem 2:

Então, nessa segunda passagem houve a primeira exposição individual da


Mariana Honório, ela uma artista que inclusive pelo que eu vi fez residência
na Casa da Escada Colorida falada na apresentação do grupo de Terça Feira,
mas não sei se ela ainda está fazendo residência por lá, mas pelo Instagram
dela eu consegui achar alguns trabalhos dela que ela fez lá na Casa. Inclusive
notei que a cor vermelha é bastante presente no perfil dela, inclusive em uma
divulgação que ela fez a respeito de um atelier sanitário chamado "Salão
Vermelho de Artes Degeneradas", achei interessante notar isso porque na
exposição que ela fez no Pavilhão Maxwell Alexandre, todo o local da
exposição era preenchido da cor vermelha. A exposição se chama Paredes
Pontes. Essa foi uma exposição construída em apenas um mês em duas salas
situadas na parte superior do Pavilhão Maxwell Alexandre, sendo composta
majoritariamente de retratos.

MAXWELL ALEXANDRE
Christiane Arcuri - 2 de março de 2021

(Por Carolina Pereira – PPGEB-CAp-UERJ; Lorena, Valentina – turma 2D, CAp-UERJ)


Maxwell Alexandre nasceu em 1990 na cidade do Rio de Janeiro. Foi nascido e criado na favela da
Rocinha, Zona Sul da cidade.

Antes de se tornar artista visual, chegou a servir ao exército e também fora patinador de Street
dance.

Em 2016, formou-se pela PUC-Rio em Design. Seu ateliê, onde trabalha com arte, encontra-se ainda
na Rocinha.

Sua arte tem como principal linguagem a pintura, porém seus trabalhos também advêm na videoarte,
fotografia, música, instalação e performance.

Criado em berço evangélico, Maxwell Alexandre discute muito a religiosidade nos seus trabalhos
artísticos. Um de seus trabalhos mais famosos, por exemplo, é intitulado como “O Batismo de
Maxwell Alexandre” (figura 2), por ocasião de exposição homônima. Nesta performance, o artista
mergulha numa banheira com água simulando então um batismo das religiões cristãs. Segundo o
próprio artista diz numa entrevista,

Fé e obra devem caminhar juntos, uma em detrimento da outra não funciona. Dentro desse sistema
religioso me ensinaram também que a oração é um segredo pra prosperar, comunicar e receber
coisas de Deus. Quando me vi em artes precisei rever tudo isso que havia escutado e incorporado.
Ao desconstruir o evangelho que me ensinou, deixei de usar a linguagem verbal como um meio para
me conectar com Deus. Então, encontrei na pintura um caminho legítimo para agradecer, falar e
conhecer a mim mesmo. Minhas pinturas são orações, visões e profecias. Assim como em casas
pentecostais onde fiéis oram aos berros, expondo sua intimidade, minha prática artística se
apresenta ao mundo também como uma prece aberta/pública. (2018).
Figura 2

Já para sua pintura, utiliza diferentes suportes, até mesmo os mais inusitados, como lonas de piscina
(figura 3), portas de madeira, esquadrias de ferro e papéis considerados não tão “nobres” para as
Artes (figura 4).
Figura 3
Figura 4

Em suas obras, o artista retrata diferentes momentos do cotidiano das favelas cariocas, através de
figuras anônimas. Dentro de tal cotidiano, apresentam-se cenas de confronto com a polícia,
celebrações, empoderamento negro e relações comunitárias contemporâneas (figura 5). Levando à
reflexão não somente do que acontece na favela da Rocinha, mas como em todas as demais
comunidades cariocas.
Figura 5

Em 2018, participou das coletivas “Recortes da Arte Brasileira”, na Berlin Art Fair, “Crônicas
urgentes”, na Fortes D’Aloia & Gabriel (São Paulo), e “Abre alas 14”, n’A Gentil Carioca (Rio de
Janeiro), e apresentou sua primeira individual “O batismo de Maxwell Alexandre”, também n’A
Gentil. Foi neste mesmo ano que o artista integrou a premiada exposição “Histórias afro-atlânticas”,
no MASP. Foi indicado ao prêmio Pipa em 2019 e 2020, sendo finalista no último ano.

Também foi em 2019 que o artista teve uma exposição individual no Museu de Arte do Rio (MAR)
intitulada “Pardo é papel” (figuras 6, 7 e 8), na qual Maxwell Alexandre aborda temas como raça,
vida nas favelas, violência policial e desigualdade social. Nesta exposição, na qual as pinturas são
feitas sobre papel pardo, discute-se as questões sobre raça e sociedade não apenas pelos temas da
pintura como também pela matéria. Afinal, a palavra “pardo” foi por muitos anos utilizada para
apagar a negritude das pessoas negras. Por ocasião da exposição, Campos e Gradim (2018), dizem:

Porém, aqui, o pardo é ressignificado pelo artista, nos levando a outras direções. Ao produzir
autorretratos sobre papel pardo, MW (assinatura do artista) passa a perceber que estava, também,
diante de um ato político: pintar corpos negros sobre papel pardo. Os estigmas são assumidos e
revertidos. A cor da pele negra, confundida com a cor do papel, retorna como condição de
resistência, como reação: “pardo é papel”. Congregam-se, assim, arte e cultura, forma e
subjetividade. (CAMPOS, Marcelo e GRADIM, Carlos, 2018).

Figura 6
Figura 7
Figura 8

https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2019/11/maxwell-alexandre-voce-precisa-conhecer-
o-trabalho-deste-artista-carioca.html

Cabe destacar aqui uma das ações ocorridas durante a exposição: a “Descoloração Global Pré-
Carnaval” (figura 9). Tal ação ocorreu nos pilotis do MAR e descoloriu o cabelo de mais de 120
pessoas. Esta ação foi tomada como culto de ação de Graças da Igreja da Noiva, a Igreja do Reino da
Arte. Tal prática de descolorir o cabelo para o carnaval é recorrente nos subúrbios e favelas cariocas.
Figura 9

Embora ainda seja um artista jovem, Maxwell Alexandre prova, através de sua arte, grande potência
ao discutir temas acerca da identidade-representatividade hoje.

Referências

https://www.sp-arte.com/artistas/maxwell-alexandre/

Pardo é Papel
http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/008441.html

MAXWELL ALEXANDRE

Está em cartaz na galeria A Gentil Carioca, a mostra O Batismo de Maxwell Alexandre,


a primeira exposição individual de Maxwell Alexandre. O artista apresenta obras
inéditas, concebidas especialmente para a exposição, que conta com texto crítico de
Fernando Cocchiarale.

As pinturas-mãe, como foram apelidadas, são telas pintadas em acrílica, henê, graxa,
betume, pastel oleoso, e látex, em frente e verso com cores e padrões das piscinas Capri,
signo ambíguo – de status e lazer dentro das favelas, e de sarcasmo pelos mais
abastados. Personagens negros e de cabelo descolorido – numa referencia
autobiográfica ao próprio artista – se sobrepõem ao fundo azul, aparecendo em cenas
variadas de dias de praia e festas na piscina. Em meio ao lazer nas águas aparecem
imagens de batismos evangélicos, além dos agentes de segurança das praias do Rio,
bem como os militares prostrados à orla desde o começo da intervenção militar. Jovens
saltam da janela de um ônibus em direção às praias lindas e seguras da Zona Sul do Rio,
veladamente reservadas aos turistas e moradores locais.

Na galeria uma das salas é inteiramente coberta em papel pardo, um dos elementos
marcantes da obra do artista em referência ao termo “pardo” usado como um tom de
pele que por muito tempo ‘amenizou” e escondeu a negritude no Brasil. Em seu interior
indícios discursivos da infância e realidade de vida do artista: fotos, desenhos,
documentos, além de diversos objetos, todos envoltos e suspensos em pardo,
padronizados, camuflados, secretos, dissimulados e ao mesmo tempo, falsa e
estranhamente enaltecidos.

Aguardam também a série de portas e janelas de formatos e tamanhos variados, pintadas


a óleo. São imagens de evangelização e batismo inspiradas em fotos de família e cenas
da disseminação da influência e poder das igrejas pentecostais nas forças militares, na
política e nas favelas.

Do lado de fora uma piscina Capri e um tanque batismal aguardam a chegado dos
peregrinos, os preparativo para o batismo e celebração nas águas da encruzilhada em
frente à galeria.

Maxwell Alexandre
Nascido em 1990 na Rocinha, Rio de Janeiro, Maxwell Alexandre se graduou no
Departamento de Artes e Design da PUC-Rio em 2017. Em 2018 uma de suas obras
passou a fazer parte do acervo da Pinacoteca de São Paulo. No mesmo ano ele
participou da exposição coletiva Abre Alas 14 na A Gentil Carioca. Ele também
participou da exposição coletiva Carpintaria para todos, realizada em 2017 no Fortes
D’Aloia & Gabriel.

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