O documento discute a performance "Descoloração Global" do artista Maxwell Alexandre, que descoloriu seus pelos para discutir o processo comum em favelas e periferias e os estigmas associados. A escolha de realizar a performance na Rocinha, onde nasceu, e em galerias como a Gentil Carioca e no MAR levou a arte da periferia para espaços elitizados, questionando a seletividade e propagando a arte a todos.
Descrição original:
O Espaço na Arte Resistência
Trabalho escrito em PDF
Trabalho para a disciplina de História da Arte 2
Ser Decolonial
Escola de Belas Artes - Universidade Federal do Rio de Janeiro
O documento discute a performance "Descoloração Global" do artista Maxwell Alexandre, que descoloriu seus pelos para discutir o processo comum em favelas e periferias e os estigmas associados. A escolha de realizar a performance na Rocinha, onde nasceu, e em galerias como a Gentil Carioca e no MAR levou a arte da periferia para espaços elitizados, questionando a seletividade e propagando a arte a todos.
O documento discute a performance "Descoloração Global" do artista Maxwell Alexandre, que descoloriu seus pelos para discutir o processo comum em favelas e periferias e os estigmas associados. A escolha de realizar a performance na Rocinha, onde nasceu, e em galerias como a Gentil Carioca e no MAR levou a arte da periferia para espaços elitizados, questionando a seletividade e propagando a arte a todos.
DRE: 116082401 Curso: Licenciatura em Educação Artística - Artes Plásticas Disciplina: Arte no Brasil 2 Professor: Thiago Fernandes
O Espaço na Arte Resistência
A escolha de espaços específicos é de suma importância para uma parte da arte contemporânea, podendo ela ser inserida ou realizada em museus, galerias, ou, como arte pública nas ruas da cidade, no chão, em paredes, tapumes, muros e etc. Desde a arte performativa até a arte visual, a seleção desses espaços pelos artistas não é aleatória e está repleta de sentido e contexto para a realização de sua obra. O espaço tem a potência da transição, da circulação ou da privação. Serão discutidas neste trabalho a obra/performance "Descoloração Global" parte da exposição “Pardo é Papel” do artista Maxwell Alexandre, formado em Design pela PUC Rio em 2016. O processo de descolorir pelos de certas partes do corpo, barba, braços, bigode e principalmente os cabelos, é algo muito comum em homens e mulheres de periferias e favelas cariocas, onde predominam pessoas de cor, pardas e pretas. O artista Maxwell Alexandre em sua performance "Descoloração Global" parte de sua exposição “Pardo é Papel” traz a discussão desse procedimento estético que geralmente acontece no fim do ano, próximo ao réveillon e no carnaval, onde tudo "neva", e faz o antagonismo dos pelos pintados de loiro/branco em pessoas pretas/pardas, o que é um processo que aumenta a auto estima de muita gente, mas ao mesmo tempo traz consigo certos preconceitos de uma branquitude que acha isso "desconexo", por ser fora do padrão, e a segunda nomenclatura "Loiro Pivete" entrega mais um estigma. A performance de Maxwell também conta com piscinas de plástico azul Capri, muito comum em dias de calor estarem montadas em lajes e também em ruas e vielas do Rio de Janeiro e outras comunidades pelo Brasil. O processo em si é quase que um "ritual", e a palavra aqui faz todo o sentido para quem conhece o artista e sabe de seu coletivo Igreja do Reino da Arte, que deu início a projetos como este e outros. A escolha do espaço da performance é a principal discussão que tento trazer no momento, e que completa a obra em si. O artista realizou a performance na Rocinha, onde é cria, e em dois outros locais, a Galeria Gentil Carioca localizada no centro do Rio de Janeiro, e também no MAR - Museu de Arte do Rio de Janeiro, que se encontra na Praça Mauá, também no centro. Sabe-se que a presença em galerias e museus não são conquistados tão facilmente por pessoas periféricas e faveladas, e principalmente de cor, como por outros artistas de origem de classe média/branca, que nem sempre acabam levando uma arte-resistência para espaços como estes, que tentem discutir os reais valores e estigmas impregnados em nossa sociedade, e questionar a estrutura até de nosso mercado artístico, mesmo que questionem algo como arte e revolução a todo momento.
“Pardo é Papel”, no Museu de Arte do Rio. De 26 de novembro de 2019 até 24 de março de
2020. "Essa era uma oportunidade de lotar o museu de preto e favelado e levar comportamento de periferia para um lugar sagrado de afirmação de narrativas, de contemplação estética, de manutenção histórica.”, diz o artista Maxwell Alexandre em entrevista, formado em Design pela PUC Rio em 2016. Ocupar espaços que tem como visitantes e artistas expositores, curadores e toda uma rede administrativa que causa diários epistemicídos artísticos é uma inteligência e estratégia decolonial. O que Maxwell faz não é somente mostrar uma estética nada comum a outros locais mais nobres e restritos da cidade e sim levar essa provocação a locais também que são bastante seletivos sobre quais artistas e obras apresentam e vendem. Apresentar obras, performances e ocupações deste gênero é chamar pessoas da cidade que se identificam com outras cores e outros valores além dos apresentados e oferecidos corriqueiramente em ambientes elitizados, e consequentemente propagar a arte a todos, como uma resistência, dar representatividade a muitos que até hoje são calados pelas diversas expressões artísticas e educacionais.